Cartilha Frutas Nativas Região Sul

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    BIODIVERSIDADE PELA BOCA

    Plantas Alimentcias No Convencionais

    (PANCs)Parte 2 Frutas Nativas

    INTRODUO

    Estima-se que existam cerca de 50 mil plantas alimentcias no mundo, sendo pelomenos 10 mil no Brasil, e destas cerca de 3 mil espcies de frutas alimentcias

    ocorram em nosso Pas. Porm, a falta de divulgao de sua existncia correspondea uma forma de reduzir a oferta de alternativas de alimento populao, por meio depoucas espcies, consideradas mais produtivas, geralmente exticas.

    Temos no Rio Grande do Sul cerca de 150 espcies de plantas nativas com frutasalimentcias. o caso da pitangueira, da jaboticabeira, do araazeiro, da guabirobeira,do butiazeiro, da cerejeira-do-mato, da juara (produz polpa igual a do de aa), etc.Estas plantas requerem pouco trato praticamente dispensamo uso de insumosqumicos. Possuem vitaminas, antioxidantes e outras caractersticasimportantssimas para a sade humana e animal, dando maior resist~encia sdoenas. So, por isso, consideradas alimentos funcionais. O agronegcio, emrgeral, considera tudo isso sem valor, pois seno no cumpre sua funo de vender

    tambm vitaminas artificiais e remdios para a populao. Alguns poucos enriquecemcom a apologia do uso de plantas baseadas na biohomogeneizao da agriculturabrasileira e mundial. A agricultura convencional, por meio dos detentores doscultivares, patentes e insumos, desprezam a agrobiodiversidade e a agriculturafamiliar. Tambm zombam da falsa baixa produo das frutas nativas e daagricultura ecolgica. A sanha pelo lucro rpido faz com que a pesquisa e odesenvolvimento de alimentos de nossas culturas no Brasil faz com que os esforossejam demandados para contemplar o grande mercado de exportao, o que traz onegligenciamento deliberado de nossa biodiversidade.

    Na dcada de 1940, Frederico Hoehne, ex-diretor do Jardim Botnico de So Pauloe um grande botnico autodidata, foi um dos que mais publicou sobre a importnciada flora brasileira, e foi o grande promotor de nossas frutas nativas. Este tema, apesarde longe das polticas pblicas, essencial para o desenvolvimento e para asustentabilidade, a soberania e a qualidade de vida dos agricultores e do povobrasileiro em geral.

    Os sistemas Agroflorestais e o pequeno agricultor poderiam ser fortalecidos com odomnio pblico de nossos recursos naturais e com a ruptura deste sistema, comuma aliana forte com a Natureza, onde as frutas e hortalias nativas eespontneas (PANCs) fossem elemento-chave para a Soberania Alimentar.

    Tenhamos autoestima ecolgica e comuni tria, celebrando nossa verdadeirariqueza, representadapela sociobiodiversidade com razes da agricultura

    familiar camponesa!

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    Palmeira Juara, Palmiteiro, RipaNome cientfico: Euterpe edulisFamlia Arecaceae

    Caractersticas Gerais: Palmeira ornamental de cauleestreito, reto e alongado, com altura entre 7 e 18 m.Folhas penadas, pecolo curto. Pinas estreitas ealongadas dispostas em um plano. Flores amarelasreunidas em longas inflorescncias amarelas, cobertaspor uma espdice. Fruto esfrico, de cor roxa ou negro-vinceo, de 1,5 a 2 cm de dimetro. O amadurecimentoocorre entre maio e novembro. Uma palmeira pode

    produzir at 10.000 sementes em um ano. A semeadura feita em sacos plsticos com terra adubada e com boadrenagem. durante a primavera. Geralmente, asplntulas emergem no inicio do vero.

    O palmiteiro ocorre no subosque das matastropicais midas do sudeste do Brasil. No Rio Grandedo Sul ocorre entre Torres e Santa Cruz do Sul, emaltitudes de 5- 600 m.

    Utilidades: Seu palmito muito procurado econsumido nas regio sul e sudeste do Brasil. Deve ser

    plantada em locais semi-sombreados. espcieornamental desde pequenas mudas em vaso deinteriores at quando adulta em jardins. A casca dofruto fornece matria tintorial para tingimento detecidos. Atualmente o fruto tem uso para a polpa dejuara (melhor do que a do aa), o que est rendendoenormes dividendos para a agricultura familiar.

    O caule pode ser utilizado emconstrues rsticas, da provindo onome ripa.Produo e cultivo: Um quilogramapossui cerca de 770 frutos. A viabilidade de cerca de 3 meses (LORENZI, 1992).No necessrio despolpar as sementesdos frutos. A semente deve ser embebida

    em gua durante 24 horas antes dasemeadura. Deve ser utilizado substratode serragem ou matria orgnica nassementeiras, podendo-se ter bom xitoem caixas de madeira. A germinao demorada, ocorrendo de 30 a 120 dias,com viabilidade acima de 70 %.

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    Butia-da-praia - Butia capitata.-

    (Famlia Arecaceae)-

    Palmeira tpica das formaes campestres do RS; seus

    frutos so bastante conhecidos e consumidos, assimcomo outras espcies do mesmo gnero que ocorremno estado. Alta produtividade de frutos nos meses defevereiro e maro, quando um indivduo emitediversos cachos. O uso em pes, bolos, sorvetes egelias tambm ocorre, como em licores, muitoapreciados e comuns em estabelecimentos de beira de- estrada. Alm das polpas dos frutos, so consumidasas amndoas, ricas em leos (+ de 55% do peso daamndoa). Polpa dos frutos rica em carotenides, prvitamina A, vitamina C e protenas. No estado de

    Minas Gerais utilizado na merenda escolar.

    Jo-de-capote - Physalis spp.(Famlia Solanaceae)Originria da Amaznica e dos Andes, possuivariedades cultivadas na Amrica, Europa e sia.. uma planta arbustiva, com folhas aveludadas etriangulares, que pode chegar aos dois metros dealtura. uma planta rstica, que exige poucoscuidados, e que at agora no apresentou doenasignificativa. Desenvolve-se bem em regies quentes,de clima tropical e subtropical, mas tolera bem o frio.Tanto que o municpio de Carazinho, no Rio Grande doSul, est se tornando um plo produtor, com o plantioplanejado de 40 mil plantas. O plantio pode ser feitodurante o ano todo. Antes de plantar, aconselhvelrealizar anlise de solo, que deve ser preparado comrecomendaes para tomate. Os melhores solos so osareno-argilosos e pouco cidos.Inicia a produo de frutos a partir do 4 a 5 ms eestende a produo por um perodo de at 6 meses sefor submetida a um bom trato cultural.

    As frutas podem chegar a pesar de 4 a 9 gramas porunidade com dimetro de 1 a 2 centmetros.

    Cada planta pode produzir de 2 a 4quilos de fruto. Bastante rstica e de fcil

    manejo pode-se introduzir at 6.000plantas por hectare.

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    Bananinha do mato, banana de bugre-Bromeliaantiacantha -(Bromeliaceae)-

    Espcie de bromlia nativa do RS, bastante ligada culturagacha pelos usos medicinais dos frutos no tratamento dedoenas do trato respiratrio como bronquites, gripe,resfriados e em licores. Suas folhas variam do verde aovermelho conferindo um potencial ornamental, cuidando-sea presena de espinhos bastante fortes. Os frutos, ricos emclcio, podem ser consumida in natura, apresentando sabordoce e cido. As sementes tm alta germinao emsementeiras e as plantas so bastantes resistentes.Os cachos so bastante exuberantes, amarelos quandomaduros, contrastando com as folhas e se reproduzvegetativamente de forma espontnea.

    AraPsidium cattleianum- (MYRTACEAE)

    Espcie de luz plena, preferindo solos muito midos deplancies junto a lagoas.O fruto uma baga arredondada, de cor amarela ouavermelhada, quando maduro, sendo levemente cido emuito saboroso. A frutificao acontece entre fevereiro eabril. As sementes so disseminadas pelas aves e fauna emgeral.Flores muito procuradas pelas abelhas. Frutfera para a

    fauna em geral e para o homem. Seus frutos, que tem 5 vezesmais vitamina C do que a laranja, podem ser consumidosnaturalmente ou em forma de compotas, gelias, sorvetes edoces em pasta (araazadas).Produo e cultivo: Cada fruto possui entre 15 e 30sementes pequenas e duras. As sementes podem serarmazenadas por um ano. A germinao ocorre entre 20 e 30dias. Seu crescimento moderado, podendo atingir meiometro no primeiro ano.

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    Goiabeira serrana -Acca sellowiana Fam. MyrtaceaeEspcie amplamente consumida e comercializadano Uruguai, onde foram desenvolvidas variedades

    melhoradas com a casca lisa ou rugosa. Existemvariedades desenvolvidas tambm na NovaZelndia e outras partes do mundo. No RioGrande do Sul, onde nativa, raro encontrarfrutos venda em mercados, e quando seencontra, geralmente so oriundos de plantassilvestres; estes mais cidos e suscetveis ovoposio de moscas que resultam em frutosbichados. Esta espcie mais um exemplo derecursos vegetais nativos do Brasil negligenciados

    quanto a estudos de viabilidade econmica empomares e sistemas agroflorestais. Frutos ricos empotssio e com expressivas quantidades devitaminaC.Sete capotes- Campomanesia guazumifoliaFam. Myrtaceae

    Espcie pouco cultivada, que perde as folhas noinverno (caduciflia) e ocorre naturalmente emdiversas formaes vegetais brasileiras desde o RS

    Serra da Mantiqueira, geralmente em baixafreqncia. Frutos maduros de maro a maio,consumidos in natura, ou utilizados na elaboraode gelias; so carnosos, saborosos e aromticos,com potenciais similares aos da Goiabeira Serranapara indstria de sucos, sorvetes, gelias, bebidase outros derivados e tambm polpa concentrada econgelada. O sete capotes outra fruta nativa doRS que tem sido comercializado com sucesso em

    feiras ecolgicas de Porto Alegre, como suco,merecendo estudos de cultivo e melhoramento.

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    PITANGUEIRA - Eugenia uniflora

    Famlia Myrtaceae

    Espcie pioneira, de muita luz, preferindo solos

    midos, ocorrendo tambm em solos mais secos earenosos.No Brasil ocorre desde MG at o Rio Grande do

    Sul, por quase todas as regies, preferindo a borda dasmatas.As flores so melferas. O ch caseiro, obtido a partir dafervura das folhas, til no tratamento de lcera, gota,reumatismo, hipertenso e diarria, como antitrmico,devido presena do alcalide derivado da quinina.Espcie muito ornamental com boa resistncia scondies urbanas, podendo ser utilizada como cerca-

    viva. Poderia ser mais utilizada na arborizao de ruase caladas, por suas razes serem adequadas a essemeio. Seus frutos so muito saborosos, podendo serusados na alimentao de sunos, galinceos e avifaunasilvestre. Recomendada para a recuperao deecossistemas degradados, em reflorestamentosheterogneos, e em beira de rios e quebra-ventos deinteresse apcola.Produo e cultivo: A semeadura deve ser realizadalogo aps a colheita, no tolerando um dessecamentoacentuado.

    Guabiroba Campomanesia xanthocarpaFam. Myrtaceae

    Frutos tradicionalmente utilizados na elaborao delicores e consumidos in natura, possuem ndiceselevados de clcio. Hoje a produo e comercializaode sucos integrais de guabiroba tem tido sucesso nasfeiras ecolgicas de Porto Alegre. A madeira bastanteresistente, sendo utilizada para taboados em geral,cabo de ferramentas e instrumentos musicais. Muitoornamental, proporciona boa sombra. Facilmentepropagada por sementes, e muito apreciada pela faunaem geral, uma espcie bastante freqente em diversasformaes vegetais desde Minas Gerais e Mato Grossodo Sul at o Rio Grande do Sul. A queima da madeiradas guabirobeiras exala aroma agradvel, motivo peloqual utilizado para sapecar e secar ramos de erva-mate. As flores so melferas e infuso das folhas usada para problemas do aparelho urinrio.

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    Cerejeira - do mato- Eugenia involucrataFam. Myrtaceae

    Espcie rstica, muito ornamental que proporciona boasombra. Os frutos so doces, suculentos e muitosaborosos, consumidos amplamente pela fauna,inclusive humana.Possui atividade antioxidante. Tronco fornece madeiraresistente e elstica, boa para confeco de cabos demachado e de outras ferramentas. Aceita bem a podade conduo, uma vez que apresenta boa cicatrizaoquando da eliminao de ramos.

    Chal-chal Allophylus edulis SAPINDACEAE

    Arvoreta nativa de quase todas regies doBrasil, inclusive RS. A partir de outubro j soencontrados frutos maduros, com o pidezembro amadurecem os frutos, no raro emabundncia, poca ideal para semeadura. Assementes so de fcil germinao emsementeiras com terra preta, desde que asemeadura ocorra logo aps os frutosdespolpados. Estes so amplamenteconsumidos e dispersados pela fauna, motivopelo qual muito encontrada em terrenos

    baldios ou junto a cercas. Utilizada naarborizao urbana do municpio de PortoAlegre, possui tronco que ao se desprenderemplacas exibe colorao avermelhada bastanteatraente. Os frutos so consumidos in natura,gelias e licores, bastante apreciados.

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    CARNEIRO, A. M.. Espcies ruderais com potencial alimentcio em quatro municpios do Rio Grande

    do Sul, Brasil. Tese de Doutorado. UFRGS. 2004.HOEHNE, F. C. Frutas Indgenas. Secretaria Agricultura, Indstria e Comrcio - Instituto de

    Botnica, So Paulo, 1946. 88p.

    KINUPP, Valdely F. & BARROS, I. B. I. 2007. Riqueza de Plantas Alimentcias No-Convencionais naRegio Metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Biocincias, v.5, supl. 1, p. 63-65.

    RAPOPORT, E. Malezas comestibles: hay yuyos y yuyosCienciaHoy, v. 9. N. 49, nov-dec, 1998.

    SANCHOTENTE, M. C. C. Frutferas nativas teis fauna na arborizao urbana. 2 ed. PortoAlegre, Sagra. 1989. 306 p.