Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons...

41
Cartilha Online Memórias Salesianas

Transcript of Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons...

Page 1: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Cartilha Online

Memórias Salesianas

Page 2: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO - 3 Diretor de Operações Anderson Luiz Barbosa

DOM BOSCO, “A FORÇA DE UM NOME”! - 5Prof. Esp. Paulo Henrique de Almeida

“SERVIR”: MINHA PAIXÃO, MINHA VIDA! - 8Prof.ª Ms. Elizete Helena Rondini Forte

A DOCÊNCIA, MEU “MINISTÉRIO” - 11Prof. Esp. Edison Roberto Menão

DOM BOSCO, MINHA HISTÓRIA, MINHA VIDA! - 15Prof. Ms. Antônio de Jesus Santana

AQUI SOU FELIZ! - 19Colaboradora Celina Brito Ferreira Matos

UMA VIDA DEDICADA AOS JOVENS - 22Prof. Ms. Nelson Coutinho da Silva

MINHA EXPERIÊNCIA COM O UNIVERSO SALESIANO - 25Prof. Dr. Eduardo José Sartori

DE VOLTA AS ORIGENS - 30Prof. Esp. Marcelo Prata Vieira

EDUCAÇÃO SALESIANA NO ENSINO SUPERIOR - 34Um caminho a ser construído.Prof. Dr. Pe. Dílson Passos Júnior

Page 3: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Anderson Luiz Barbosa Diretor de Operações

UNISAL – Unidade de Ensino de Campinas – Campus São José

APRESENTAÇÃO

Viva Dom Bosco, pai e mestre da Juventude!

Page 4: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

É com grande alegria e entusiasmo que apresentamos esta obra. Fruto do trabalho da coletividade do UNISAL – Uni-dade de Ensino de Campinas – Campus São José – e da ETEC – Escola Técnica de Campinas – e parte integrante da cele-

bração dos 200 anos de nosso fundador e inspirador Dom Bosco!

São relatos de colaboradores – docentes etécnico – administrativos – so-bre sua experiência nesta “casa” Salesiana, que acolhe, que educa, local de convivência e aprendizado. São ótimos exemplos de educadores Salesia-nos, que vivenciam os valores e que partilham dos ideais e dos valores do UNISAL – Amorevolezza, Diálogo, Ética, Profissionalismo e Solidariedade.

Fazemos parte das IUS – Instituições de Ensino Superior Salesia-nas. Somos mais de 70 instituições presentes nas Américas, Euro-pa, Ásia e África ligadas pelos ideais de Dom Bosco. Desde o final da década de 1990 há uma preocupação da Congregação Salesiana em trabalhar as questões da Identidade da Presença Salesiana no Ensi-no Superior (IUS, Identidade das Instituições Salesianas de Educação Superior. Roma, 07.mar.2003) e das políticas para que essa identida-de seja percebida, vivenciada, implantada (IUS, Políticas para a presen-ça Salesiana na Educação Superior – 2012 - 2016. Roma, 15.mai.2013).

Agradecemos a toda a coletividade – que as palavras e relatos aqui ex-pressos sirvam de inspiração para ampliarmos ainda mais as possibilida-des da Pedagogia Salesiana na educação dos nossos jovens, vivenciada e percebida por eles.

“Com Dom Bosco e com os tempos”

Page 5: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Prof. Esp. Paulo Henrique de Almeida - Professor

ETEC - UNISAL; Membro SAE (Serviço de Apoio ao Estudante)

DOM BOSCO, “A FORÇA DE UM NOME”!

Page 6: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Minha experiência com Dom Bosco é muito anti-ga. Foi ele quem me encontrou. Minha vida foi e é trilha-da na luz de sua presença e proteção. Nasci no sul de Mi-nas Gerais, em Muzambinho, onde não há presença salesiana.

Quando eu tinha cinco anos, meus pais mudaram-se para Americana, em busca de melhores condições de vida e trabalho. Eu estudava na antiga 3ª série (4º ano) do primário em uma Escola Estadual do bairro Nova Americana quando apareceu no pátio, na hora do recreio, o saudoso salesiano Padre Eduardo Serradel. Fazia mágicas que encantava a todos. Entre uma brincadeira e outra, perguntava quem queria ser como ele, um padre que vivia em constante ale-gria, rodeado pelos jovens.

Não dei muita atenção, naquele momento. Nessa mesma época, fui mo-rar perto da escola “Dom Bosco”. Logo, eu e meus irmãos começamos a frequentar o oratório que, na época, era animado pelo também saudoso Irmão Leonel Mariano dos Santos. Ali fiz a Primeira Comunhão e passei a conhecer o ambiente salesiano.

Minha mãe conseguiu uma bolsa para eu estudar a 4ª série (atual 5º ano) no Co-légio Dom Bosco. Nesse ano o Padre Eduardo Serradel despertou em mim o de-sejo de ser como ele. Segui esse caminho por 15 anos. Foi um período de grande aprendizagem, conhecimento espiritual e fortes amizades que perduram até hoje.

Dom Bosco tornou-se um ideal e uma marca indelével em minha vida. Nesse trajeto conheci pessoas maravilhosas, que mostraram-me o quanto Dom Bos-co continua presente nas obras e ações nas casas salesianas, pelas quais passei, e não foram poucas. Olhando para trás, vejo o quanto devo a Deus por esses anos maravilhosos. A família que formei (minha esposa e três filhos) também aprendeu a amar Dom Bosco e a vivenciar a devoção à Maria Auxiliadora. Não

Page 7: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

me desliguei do carisma salesiano. Trabalhei em algumas atividades fora da educação, mas sentia sempre a necessidade de estar ligado ao carisma salesiano, trabalhando na pastoral e catequese. Por 20 anos dediquei-me ao Liceu Nossa Senhora Auxiliadora de Campinas e atualmente exerço algumas funções no UNISAL/Campus São José.

Dom Bosco faz parte integrante da minha vida há tempos. Tenho plena certeza de que ele esteve presente, conduzindo-me pelos caminhos que trilhei até aqui. Nos momentos de crises percebi sempre a sua presença.

Espero que nas comemorações do Bicentenário de seu nascimento, mais e mais pessoas façam dele um exemplo de vida e dedicação para o bem do próximo. O amor que ele dedicou a todos os que estiveram perto dele ecoa através dos tempos e vive em cada gesto de acolhimento que fazemos hoje aos outros.

Percepções salesianasO relato de experiência revela uma vida marcada pelo entusiasmo da vivência salesiana iniciado na infância. É importante destacar a can-dura nas palavras ao se referir a Dom Bosco, pai e mestre da juven-tude. Suas palavras são edificantes e motivadoras. Não é demais dizer que este texto é o espelho de uma vida. A vida do nosso amigo PauloHenrique, conhecido também como PH.

Page 8: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Prof.ª Ms. Elizete Helena Rondini Forte

Professora ETEC – UNISAL, Membro SAE (Serviço de

Apoio ao Estudante)

“SERVIR”: MINHA PAIXÃO, MINHA VIDA!

Page 9: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Cheguei aqui na Escola São José em meados de 1990. Tinha 48 anos e ensinava Língua Portuguesa e Inglês Técnico para duas classes do Curso de Tecnologia em Instrumentação e Controle e Eletrônica.

Na casa de Dom Bosco, desde o início, senti-me deslumbrada por ele e por toda sua causa, identificando-me com a justiça e lealdade que se espalhavam pelo ar. Acreditava que era muita santidade para alcançar e aproximar-me. Queria continuar vivendo experiências que eu achava maravilhosas e que me “completavam”. Eu tinha o apoio da família salesiana que me acolheu com todo o carinho próprio do carisma salesiano. As luzes do Espírito Santo me iluminavam e só faziam ressaltar a beleza que eu já conhecia e respeitava, mas não me en-tregava por inteiro. Resplandeciam aos meus olhos o amor que Dom Bosco sentiu por Jesus, sua entrega total aos jovens pobres, a vida de Madre Maz-zarello, de Domingos Sávio, de São Francisco de Sales, tudo aquilo que eu já conhecia e não sabia dar a real importância, aflorou como um incêndio que me consumiu, definitivamente, colaborando para minha conversão e desejo de aprimorar comportamentos e modo de viver.

Em 30 de outubro de 2011, fiz a promessa a Dom Bosco em uma celebração festiva junto a seis salesianos cooperadores, em Americana, no Colégio Dom Bosco. Assinei os votos do compromisso de Salesiana Cooperadora de Dom Bosco, que significa para mim, minha vida consagrada a sua obra, e como gra-tidão a Deus pelo dom de ensinar.

A vocação de professora sempre foi tudo que mais respeitei nessa vida e agra-deço a Deus todos os dias por esta dádiva.

As possibilidades de continuar, cotidianamente, aprendendo e de amar as coi-sas de Deus foram crescendo, e consequentemente, meu amor e respeito aos mandamentos do Santo Evangelho, que eu não conhecia. Os milagres de Jesus, explícitos no Evangelho de Matheus, fizeram-me chorar e me fazem chorar até hoje, quando os leio e releio.

Page 10: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Em agosto de 2015, fez dois anos que recebi a Investidura para Ministra Ex-traordinária da Eucaristia, (MEC), na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, em Campinas. Para mim, servir o altar de Jesus ainda representa o que de melhor aconteceu em minha vida inteira. O acolhimento do padre Ademar Pereira a quem eu não conhecia, representou desde a formação que nos foi dada por ele, um bálsamo da revelação do amor de Deus para com os semelhantes.

Só posso dar Graças ao Senhor, todos os dias, até o final de meus dias por ter proporcionado a mim, seu bondoso perdão e infinita misericórdia, trazendo-me para esta casa acolhedora que tirou as vendas dos meus olhos.

Apaixonada por Jesus, tenho uma profunda e explícita gratidão aos salesianos e pretendo trabalhar pela evangelização, pela educação salesiana, enquanto existir, fazendo a vontade do Pai, amando, dividindo meu tempo, minha vida e acolhendo os jovens que de mim se aproximam e esperam o modelo do bem.

Não é somente para pagar todas as bênçãos que o Senhor derramou sobre minha vida, nem para cumprir com todas as obrigações que meus votos de pertença como Salesiana Cooperadora de Dom Bosco exigem de mim, mas também busco, conscientemente, meu desenvolvimento espiritual, minha transformação a cada dia, porque desejo ficar perto de Jesus e porque não posso mais viver sem Seu amor.

Tudo isso agradeço a esta casa salesiana acolhedora que me ofereceu opor-tunidades de aprendizagem e espaço para viver de acordo com o Projeto de vida apostólica (PVA).

Percepções salesianasO relato de experiência mostra-nos a sutileza de um amor vivido em meio a inúmeros desafios, descobertas e incompreensões. Somos chamados a servir. A Deus, por meio de Dom Bosco, toda honra e glória. Tenhamos a coragem de amar e correspondermos a Deus, às inúmeras graças recebidas ao longo de nossa vida.

Page 11: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Prof. Esp. Edison Roberto MenãoProfessor ETEC - UNISAL

A DOCÊNCIA, MEU “MINISTÉRIO”

Page 12: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Tanto a educação proposta por Dom Bosco quanto a fundação da Congregação Salesiana, poderiam ser abordadas em diferentes as-pectos, visto que tem uma riqueza educacional marcada pela Razão, Religião e Amorevoleza.

Como ex-aluno salesiano e, hoje, como educador salesiano, destaco dois as-pectos que me marcaram muito: a alegria da convivência em seus diferen-tes momentos, quer sejam festas, confraternizações ou simplesmente a ami-zade entre amigos; e a transmissão do conhecimento através da interação professor x aluno numa dimensão que transcende essa tradicional relação.

Ao se dedicar aos jovens, Dom Bosco promovia um ambiente que predomina-va a alegria, possibilitando um convívio saudável, amigável, despojado de inte-resses e de intriga, capaz de produzir os frutos que ele interiormente almejava.

Tal ambiente, continua sendo uma marca, no qual todo aluno que passa por uma casa salesiana, seja por um curto ou longo período, carrega por toda a sua vida; isto constato por experiência pessoal e por relatos de muitos outros.

Foram muitos momentos positivos em que vivenciei experiências neste am-biente educativo. Destaco dois grandes momentos: o torneio de futsal nos fes-tejos da inauguração da quadra da ETEC, em que nosso time derrotou o “ar-quirrival” - Liceu Nossa Senhora Auxiliadora, na final de um campeonato, e se sagrou campeão para satisfação do então diretor na época, padre Juvenal Zonta.

As comemorações do dia das mães em que, geralmente aos sábados à noite, era realizado um espetáculo teatral homenageando-as, com vários números musicais, humorísticos, poesias, jograis etc. Esse espetáculo teatral (expressão muito uti-lizada pelo querido Irmão. Alcides Venturi) se repetia no encerramento do ano, como uma espécie de ação de graças e com a presença de familiares, premiava os alunos que se sobressaíram ao longo do período letivo com medalhas e presentes.

Page 13: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Inicialmente, esses momentos eram vivenciados intensamente com a re-dação dos números humorísticos, escolha do “elenco”, ensaios, con-fecção de figurinos, criação e montagem do cenário etc. Posterior-mente, a satisfação de ver a reação das famílias diante dos seus filhos artistas atuando, cantando, declamando, ou simplesmente se divertindo. Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino........Bons tempos!

Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu-cativa de Dom Bosco transcende o método tradicional de ensino, uma vez que tal prática gera aproximação entre os sujeitos da aprendizagem.

Essa nova visão de Dom Bosco propõe que a figura do professor não se res-trinja às paredes da sala de aula e sim “invada” o pátio, lugar de convivência, proximidade, diálogo, confiança, aconselhamento, capacidade de favorecer não somente o aprendizado como também a própria socialização do aluno.

Nesse sentido, a figura do professor ultrapassa o simples ato de transmitir conhecimentos, tornando-o um educador que pode ser comparado à figura paterna ou materna, estabelecendo uma relação de família que acolhe, ouve, aconselha, mostra caminhos.

O próprio Dom Bosco buscou o auxílio de sua mãe Margarida, formando um ambiente familiar, com um “pai” e uma “mãe”, que supriam as carências afetivas e forneciam as condições necessárias ao desenvolvimento de seus jovens, já que muitos eram órfãos devido aos graves problemas históricos e sociais da época.

Essa convivência dentro e fora da sala de aula promove uma educação mais abrangente, além do conhecimento formal/técnico o educando é conduzido a desenvolver atitudes morais, éticas, religiosas para uma convivência saudável na sociedade.

Estou convicto que, aqui, na escola Salesiana SÃO JOSÉ / ETEC / UNISAL, esse modelo está enraizado, incutido em boa parte dos professores, pois são ex-alunos que conheceram, vivenciaram e hoje o colocam em prática.

Page 14: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Mesmo os professores que não são ex-alunos salesianos, o conhecimento da proposta salesiana, a simples convivência cotidiana, o ambiente diferenciado os contagiam e criam a identidade que faz diferença na educação do jovem.

Em certa ocasião, ouvi de um médio empresário de Campinas: notava que, alguns de seus funcionários, formados na escola salesiana, além do conheci-mento técnico, possuíam atitudes e valores como ética, respeito, solidariedade dentre outros, que os diferenciavam dos demais. Eram pessoas que sabiam conviver, relacionar-se com os parceiros e, por isso, preferia contratá-los, visto que o ambiente tornava-se mais agradável, amistoso, saudável, diferente.

Fato semelhante ocorreu numa empresa em que eu trabalhava junto com mais três amigos, ex-alunos salesianos. Numa das reuniões que participamos, o ge-rente de Recursos Humanos nos confidenciou que a equipe de gestão estava muito satisfeita com a postura profissional por nós adotada, pautada na ética.

Tal relacionamento, dizia ele, tem algo especial que supera a simples amizade, compromisso com o trabalho e conhecimento técnico. De fato, estudar, tra-balhar ou simplesmente frequentar uma casa salesiana deixa na pessoa uma marca indelével quer queira ou não, pois o ambiente contagia, educa, forma, cria laços que perduram por toda a vida. Isso tudo devido ao grande espírito revolucionário e empreendedor de um jovem padre sonhador, com visão mui-to além de sua época, chamado Dom Bosco. Percepções salesianasNa casa salesiana é importante que todos os seus membros, gestão, pedagó-gico e administrativo, reconheçam o alinhamento humano, cristão, católico e salesiano presente nos currículos, ações e forma de conceber a alegria coti-diana. O texto apresenta inúmeras ocasiões de realização humana. Um relato digno de ser compartilhado. Validar a história vivida é reconhecer a grandeza de Deus em cada um de nós. Educar e evangelizar como Dom Bosco é tornar presente um trabalho eficaz.

Page 15: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Prof. Ms. Antônio de Jesus Santana Professor ETEC - UNISAL

DOM BOSCO, MINHA HISTÓRIA, MINHA VIDA!

Page 16: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Minha história com Dom Bosco começou de uma forma pitoresca, marcada de início por desapontamento e curiosidade.

Sou da cidade de Álvares Florence, no estado de São Paulo, na dio-cese de São José do Rio Preto. Desde minha adolescência, sempre muito atu-ante nos movimentos paroquiais, era como “braço direito” do vigário. Sendo músico, animador juvenil e, com o exercício de catequista, o padre Mario (não me lembro o sobrenome) me inscreveu num encontro diocesano de cateque-se e anúncio vocacional, em Rio Preto. Neste Encontro de Lideranças Paro-quiais refletimos as várias vocações e serviços abertos à juventude na Igreja.

Feliz e com a certeza do chamado divino, abasteci-me na fé e no entusiasmo pelo Reino de Deus. No espaço físico central do encontro, havia uma loja de artigos religiosos e resolvi comprar santinhos para presentear as crianças da catequese, do crisma e também para distribuir nos terços em família. Comprei várias cartelas com decalques de santos e santas de nossa igreja que testemu-nharam o amor de Deus no tempo e espaço em que viveram.

Os desenhos decalques eram bem feitos, coloridos e atraentes, no entanto não constava o nome do santo ou da santa na etiqueta, mas agradava a surpre-sa àqueles que a recebiam e gerava curiosidade sobre quem era o personagem e o que fizera na constituição de sua santidade. Os que recebiam o presente gostavam e um por um dos santinhos iam sendo desvendados por alguém do grupo, ou mesmo por mim, pois conhecia a maioria deles por ter tido acesso à leitura de um livro da vida dos santos.

Nos diversos encontros em que distribui os santinhos, um deles era desco-nhecido e ninguém nem sequer o tinha visto antes. Cada um que o recebia pedia para trocá-lo por não saber quem era e nem o que fizera em sua vida e santidade. Este decalque foi ficando em minhas mãos, e por fim, acabaram-se todos os outros e ele ficou comigo, fato que me instigou, mas não consegui descobrir quem era. Nem mesmo o pároco o reconhecera. Anos mais tar-de, ao mudar do interior para a capital paulista, visitei o mosteiro São João Gualberto, em Pirituba, procurei pelo abade e me coloquei à disposição para a catequese ou o canto. Dom Manoel me acolheu com muito carinho e disse

Page 17: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

que minhas características pessoais e vocacionais condiziam mais com os sale-sianos do que com os monges beneditinos, e me encaminhou para a Inspetoria, no Liceu Coração de Jesus.

Pediu-me que procurasse pelo então padre Irineu Danelon, hoje bispo de Lins. Ao entrar no pátio do Liceu, à primeira vista, agigantou-se uma branca estátua e me perturbou, pois era exatamente a do enigmático e desconhecido santi-nho dos decalques.

Já a seus pés, envolvi-me com seu olhar e o seu sorriso, ainda que moldados pelo cimento, atravessara minha alma, depositando nela um encantamento mis-to de surpresa e agradável sensação de acolhimento, daqueles que se cunham apenas, entre velhos amigos! Tendo sido apresentado ao recomendado padre Irineu Danelon, perguntei-lhe quem era o santo do pátio, e ele contou-me deveras que era Dom Bosco, o santo dos jovens. É lógico que nem dá para tra-duzir e nem descrever aqui, a minha primeira impressão dada à apresentação do pai e mestre da juventude!

O tom de cada palavra e o brilho do olhar do padre Irineu ecoara desde aí nos recônditos de minha memória e de meu amor admirativo a este novo amigo, que quis Deus, no auge de minha jovialidade, colocar-me nas trilhas das vere-das salesianas....

Estabeleceu-se adrede as nossas histórias, o elo que religaria, para sempre, meu amor ao santo. Desde então, compreendo porque ele é considerado o santo do pátio; por ser acolhedor aos que chegam, por ser amigo dos que aí se encontram. Tanto por ser presença aos que se interagem, quanto por ser re-ferência aos que o procuram. Por ser ponto de encontro aos que o buscam, e por ser dádivas aos que se congratulam. Por ser amigo dos que se doam, e por ser prevenção aos que se furtam. Assistir, valorizar, inspirar, escutar e educar, mais que verbos de ação, são ações de santidade no Verbo.

Aquela estátua me lembrará para sempre que o pátio é o lugar que pulsa o coração da educação. Que além do seu grande amor pela juventude, era um

Page 18: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

apaixonado por Deus e capaz de reconhecê-lo nos jovens. Fez sua, a vontade e o sonho de Deus, para tantos outros, nestes duzentos anos. Simbolicamente, a estátua continua comunicando sua intuição e percepção, e que o caminho mais adequado para levar as crianças e os jovens à segurança em Deus, é o caminho da educação.

Tornou sua história uma asa abrigadora de tantas outras histórias semelhantes. Com os rastros dos próprios pés trilhou um caminho de santidade para si, para os salesianos e para os educadores salesianos, ancorando-se na capacida-de de reconhecer Deus presente nos jovens, nos seus sonhos, na sua ânsia de felicidade.

Duzentos anos de Dom Bosco, equivale a duzentos anos de Deus na juventu-de à maneira carismática de Dom Bosco e da Família Salesiana. Dois séculos da juventude em Deus sob a égide da educação salesiana. Em Dom Bosco, reside como a essência de um perfume, minha concepção de acolhimento, amor edu-cativo, presença significativa. Para mim, ver Dom Bosco exige transcendência no olhar, exige mirar. Exige delongar, enxergar, abstrair cada uma das ações e concepções que moviam suas atitudes.

Ver Dom Bosco é um exercício de compreensão do significado do carisma, dom de Deus, exclusivo a um ser humano para que deste, muitíssimos outros possam reconhecê-Lo em suas ações. Deus nele. Em outras palavras, Deus nele para os outros e por meio dele. Ele em tantos outros por meio de Deus. Como pessoa, Dom Bosco foi capaz de se destacar no meio da “multidão”, atraiu atenção e causou boa impressão naturalmente, criando um grande lega-do por meio de sua presença, de seu testemunho e exemplo a ser seguido. Em consequência disso, tornou-se, e ainda se torna muito querido. Uma realidade que facilmente se lê a todo instante, bastando estar atentos às situações, como a que aconteceu em sala de aula, durante atividades do projeto Bicentenário:

- Vamos falar de Dom Bosco. Motivou o educador.- Falar de Dom Bosco, de novo? Esconjurou de má vontade uma aluna. - Falar de Dom Bosco sim, e graças a Deus, pois cada vez mais me apaixono

Page 19: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

por ele! Retrucou livremente a colega!

O carisma resultante das qualidades de sua personalidade, o destacou, e ainda destaca, como uma criatura a exercer, espontaneamente, atitudes de liderança, bondade e exemplo, contagiando a todos os que lhes são próximos e acima de tudo, em todas as formas de proximidades.

Pouco entendia eu que, nos liames dos primeiros acontecimentos, o santinho do decalque me escolhera, imprimindo para sempre em minha espiritualidade, minha fé, meu profissionalismo as razões últimas e mais profundas de minha vida. Viva Dom Bosco 200 anos!

Percepções salesianasNossa vida é um retrato construído pela junção de acontecimentos, ações e experiências não pensadas por nós. O relato de experiência demonstra a ale-gria do acaso, o conforto existencial e espiritual, fruto da certeza da manifesta-ção de Deus em inúmeros momentos. Dom Bosco, pai e mestre da juventude continua a nos encantar com o seu jeito amável de ser. Como dito no texto: Viva Dom Bosco!

Page 20: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Celina Brito Ferreira MatosSecretaria de Relacionamento

Empresa – Escola - UNISAL

AQUI SOU FELIZ!

Page 21: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Tudo começou em 1984. Um convite inesperado, capaz de transformar a vida de uma menina de um bairro simples de Campinas, convite este, feito pela Ir. Mirian Morotti – FMA.

Assim começou a minha história com os “Salesianos da ESSJ”, precisamente no mês de outubro do ano de 1984. Iniciei minhas atividades profissionais na Escola, não sabia e muito menos fazia ideia de quantos aprendizados, oportunidades e mudanças aconteceriam em minha vida desde então.

No primeiro instante, ao chegar à ESSJ, a grandiosidade e a beleza do ambiente chamaram minha atenção. Foi impactante e, depois, o que marcou para sempre e ficará guardado nas boas lembranças, foi a acolhida das pessoas e dos Salesianos que aqui estavam. Era a diferença de sentir-me bem-vinda! Razão pela qual, até hoje, trago comigo, em meu trabalho a importância de receber bem as pessoas, acolhê-las, fazê-las sentirem-se importantes. Isso fez e faz toda a diferença, quer seja no ambiente profissional ou pessoal.

Trazia em minha mochila, sonhos, desejos ainda não conhecidos, medos, insegu-rança, mas tinha presente a boa vontade e um curso de datilografia que meus pais pagaram com muito sacrifício.

Iniciei as atividades no CPDB – Centro Profissional Dom Bosco, como auxiliar de Serviço Social. Um time memorável envolto de salesianos e leigos que, sem citar nomes para não correr o risco de deixar alguém injustamente de fora, tra-balhava por um objetivo comum: “Amor ao próximo”, não era trabalho e sim, lições de vida.

Histórias divertidíssimas como por ex.: O salesiano irmão Godoy mostrou um projeto no qual ele tinha a intenção de construir uma bicicleta voadora, e eu, atentamente, via, ouvia e ficava admirada com tudo.

Pe. Jan Dec andava com um pêndulo nas mãos, e dizia que através de um simplesgesto do pêndulo sobre as mãos do interessado ele descobria quantos filhos te-ria. Quem tinha interesse era só se aproximar. Era divertido e um tanto quanto curioso.

Page 22: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Momentos de convivência no meio dos alunos do CPDB, durante os Bons Dias e Boas tardes, jogos de tamancobol (alguém se lembra?). Os retiros espi-rituais com as turmas de alunos e muitos outros momentos de formação, nos quais ouvíamos histórias de Dom Bosco, Mamãe Margarida, “Nossa Senhora Auxiliadora traz a cada pessoa que nesta casa entra”, São José, São Domingos Sávio e muitas outras. Foram muito importantes para o fortalecimento da minha Fé. Convivência com o salesiano irmão Alcides Venturi, grande mestre; quantas lições de solidariedade, simplicidade, incentivador dos dons artísticos e gestos concretos de Salesianidade.

Fatos marcantes:Mal sabia datilografar (hoje usamos o termo “digitar”), fazer arquivos e agen-das, primeiro contato profissional e um gesto do Pe. Vicente de Paulo Moretti Guedes, meu primeiro Diretor nesta casa; ficou marcado em minha memória. Tínhamos, aqui na escola, muitas máquinas de datilografar da marca Olivetti manual e, várias vezes, o Pe. Guedes ensinou-me, como um verdadeiro pai faz com sua filha, na sala dele, elaborar arquivos de correspondências, como catalogar dados importantes e endereços de pessoas. Ele explicava, fazia, dava exemplos. Quantos erros e quanta paciência vindos de um Diretor. Hoje eu sei e compreendo perfeitamente as lições dele. Aprendi que é preciso acreditar no jovem, amá-lo e dar-lhe oportunidades para que nunca desista, e fazer como Dom Bosco ensinou: “Basta que sejais jovens para que eu vos ame profunda-mente”. Padre Guedes, como carinhosamente é chamado, reside atualmente na Casa Inspetorial. Visita das Relíquias de Dom Bosco na Escola Salesiana São José, no dia 16 dezembro de 2009, momento sublime.

Realizações: A chance de estudar, fazer muitos amigos, conhecer meu amado esposo Reinal-do Matos, aqui nasceu minha família. Pude oferecer um excelente e qualificado estudo aos meus filhos, desde o infantil, numa Instituição que tem como filoso-fia valores imprescindíveis para a formação integral do ser humano: “Formar bons cristãos e honestos cidadãos”.

Page 23: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Situações que emocionam:A Coroação de Nossa Senhora Auxiliadora. Passam os anos, mas a emoção toca como se fosse a primeira vez, difícil conter as lágrimas.

Momento Nostalgia: Sentar nos bancos do corredor do prédio central da ESSJ e admirar a belíssima paisagem, formada pelas árvores, capela, imagem de Dom Bosco e apreciar o movimento de pessoas que vão e vêm a todo instante.

Observar a figura de Dom Bosco para quem, desde muito cedo, teve a chance de conhecer e viver a Filosofia Salesiana, de casa que acolhe, que encaminha para a vida, de alegrias, de momentos de convivência e do despertar para a espiritualidade, torna-se muito próxima e temos a certeza da presença cons-tante deste grande pai. Agradecimentos:A Dom Bosco, pai e mestre da Juventude, fundador da Congregação Salesiana, que, mesmo com as dificuldades da época, acreditou em seu SONHO, tornan-do possível o sonho de tantos outros jovens e a família Salesiana, presença no Brasil e no mundo.

Viva o Bicentenário de Dom Bosco! Percepções salesianasO texto é desenvolvido de forma didática, demonstrando o afeto e gratidão pela história vivida. Este relato de vida e experiências proporciona o ânimo e encanto para nos integrarmos cada vez mais à espiritualidade salesiana, uma vez que sua medida de servir a Deus é amar a juventude sem medida. Ideia presente em inúmeros momentos neste texto e em outros depoimentos.

Page 24: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Prof. Ms. Nelson Coutinho da Silva

Professor do UNISAL E ETEC

UMA VIDA DEDICADA AOS JOVENS

Page 25: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Minha caminhada junto aos salesianos começou há 26 anos, quando fui agraciado com uma bolsa de estudo para cursar mecânica geral no Centro Profissional Dom Bosco, obra social mantida pela Escola Salesiana São José, uma das tantas obras salesianas espalhadas pelo

mundo. Desde então, testemunho as maravilhas que a educação salesiana tem feito na vida de muitas pessoas, inclusive na minha.

Seu fundador Dom Bosco, um santo que lutou, incansavelmente, pela con-versão dos jovens e pela dignidade de cada um deles perante os desafios do mundo, numa época dominada pelos avanços da industrialização e, consequen-temente, da exploração, Dom Bosco foi aquele santo que soube transmitir a fé católica sem descontos, falando contra as injustiças, mas sem se deixar levar por ideologias materialistas contrárias ao verdadeiro ensinamento de Cristo.

Entre os diversos salesianos que tive o prazer de conhecer, um se destacou pela semelhança com Dom Bosco na sua forma de lidar com os jovens, e por-que não dizer, pela sua santidade. Falo de um homem cheio de fé e do Espírito Santo chamado Irmão Alcides Venture, carinhosamente conhecido por Cidão.

Com as várias possibilidades que temos de informações rápidas e a facilidade de cursos, faculdades e universidades, hoje vemos homens cheios de conhe-cimentos humanos, cheios de bens, cheios de diplomas e cheios de compro-missos, mas poucos homens vivem na plenitude do Espírito. Poucos conhecem o que significa ser cheios de fé. Cada dia que passa, olhamos ao nosso redor e vemos a escassez de homens que têm uma vida cheia de graça e poder. Há muitos que estão cheios de mágoas, mas poucos estão cheios de amor e perdão. A vida do “Cidão” constitui-se para nós não apenas um exemplo, mas também um desafio. Precisamos de homens que sejam santos em seu proce-der. Que sejam firmes e constantes na Palavra do Senhor, mas que ao mesmo tempo tenham corações quebrantados, a ponto de perdoarem até mesmo os seus algozes (acusadores).

Page 26: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

A sabedoria expressa nas falas do “Cidão”, além de seu refinado conhecimen-to intelectual e sua eloquência, eram sempre fundamentadas na pedagogia de Dom Bosco e experiências pessoais adquiridas durante décadas dedicadas à formação dos jovens. Isso tornava suas palavras sábias e irresistíveis. Seus ensinamentos e conselhos aos jovens eram duros quando necessários, mas, na maioria das vezes, tão oportunos e carinhosos que eram capazes de con-quistar facilmente sua admiração e respeito. Irmão Alcides se fazia presente em meio dos jovens, nas mensagens durante os “Bons dias e boas tardes”, nos momentos de recreações, como nos intervalos e sábados esportivos e duran-te as aulas de oficinas, onde estava sempre ocupado com seus projetos cria-tivos e inovadores. Sua partida para a eternidade deixou um vazio irreversível em nossa escola. Seus costumes, gestos, palavras e sorrisos verdadeiros, ainda vivem em nossas lembranças. A nós, que com ele convivemos, resta a alegria de poder ter compartilhado momentos ao lado de uma pessoa tão especial, mas também o sentimento de perda, pois sabemos o quanto o mundo está carente de pessoas como ele, nos dias de hoje. Nosso papel é não permitir que seu legado seja esquecido e que sua memória seja preservada, seja transmitindo seus ensinamentos ou contando sua história.

Percepções SalesianasUma homenagem a um grande salesiano, “Cidão”. Ao Irmão Alcides Venturi, o respeito e todo esforço para manter sua lembrança e história de zelo, trabalho e dedicação à Escola Salesiana São José. Um texto de agradecimento à vida. Prova de que estar e pertencer a esta coletividade acadêmica, UNISAL e ETEC é dar passos para viver salesianamente.

Page 27: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Prof. Dr. Eduardo José SartoriProfessor do UNISAL

e coordenador de curso

MINHA EXPERIÊNCIA COM O UNIVERSO SALESIANO

Page 28: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Não me chamo Eduardo “José” por simples opção de nome. O “José” de meu nome carrega a força e glória do nosso amado São José, pai de Jesus, em função de meu complicado histórico de nascimento.

No dia 19 de março de 1969, minha mãe deu entrada no hospital em trabalho de parto, em situação bastante delicada. Por volta de vinte e uma hora, infor-maram aos meus pais que “a criança havia morrido e que fariam a retirada no início do dia seguinte”.

Minha mãe, então, orou fervorosamente a São José, principalmente por estar em seu Dia de comemoração, para que não permitisse que a informação pas-sada fosse verdadeira.

Eis que no dia 20 de março de 1969, foi confirmada a intervenção de nosso querido São José e aqui estou eu, aos meus 46 anos de idade. E essa história não está aqui por acaso...

Muito cedo, aos seis anos, tive a graça de iniciar os estudos e minha vida cristã no colégio salesiano Externato São João, onde cursei o pré-primário e primei-ro ano. A força da pedagogia e acolhida salesiana é extremamente marcante, pois lembro-me detalhadamente de cada ensinamento passado, da alegria das festas, da força e incentivo dados pelo exemplo de vida de Dom Bosco, do “Bom Dia” com o Pe. Geraldo, da coroação de Nossa Senhora Auxiliadora, da diversão no pátio, de São Domingo Sávio, meu querido intercessor até hoje, mesmo tendo estudado apenas dois anos naquela escola, hoje obra social. Aliás, carrego comigo (em minha carteira, sim!) até hoje as duas medalhas de prata que recebi no final de cada um dos dois anos que passei no Externato São João.

Por motivos de mudança residencial, acabei não continuando no Externato São João, mas Deus sempre nos conduz de forma clara e precisa. Fomos residir próximo ao seminário da Congregação dos Sagrados Estigmas, do então beato

Page 29: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Gaspar Bertoni, hoje São Gaspar Bertoni. Como sua própria história, São Gas-par Bertoni era contemporâneo de Dom Bosco (Verona, 1777-1853) e sentiu as mesmas dificuldades em ver seu pais, Itália, perdida em conflitos, tal qual vivenciou nosso querido e amado Dom Bosco.

São Gaspar Bertoni era chamado de “apóstolo dos jovens”, em razão das con-dições precárias em que estes se encontravam naquela época. Passei pratica-mente duas décadas em contato direto com os Estigmatinos, onde tive grande parte de minha formação espiritual e pessoal. Coincidência? Mesma época, mesmos conflitos de preocupação com os jovens. Para Deus não existem coincidências, apenas caminhos de preparação.

Hoje entendo toda minha trajetória, tendo retornado desde 2011 para uma instituição salesiana, que essencialmente é voltada para os jovens e, não por acaso, chama-se “São José”. Tudo quanto vivenciei e aprendi em minha vida, sempre me remeteu ao trabalho com os jovens, e está gravado em minha alma, o que me faz trabalhar cada dia com mais amor e paixão em tudo o que faço. Eu confesso que já atuei, profissionalmente, em diversas organizações, mas, do fundo de meu coração, somente vim me realizar plenamente a partir de 2011, quando fui admitido no UNISAL, São José. Nunca senti tanto acolhimento e familiaridade com tudo o que minha alma sempre almejou. E, voltando ao iní-cio deste texto, só tenho uma expressão: obrigado aos Salesianos, obrigado ao meu querido e amado São José. Levo-o no nome, no coração e em minha vida.

Percepções SalesianasO texto traz luzes de otimismo e esperança no trabalho juvenil, fruto de uma história vivida no “berço” salesiano. De forma poética e romanceada, suas pa-lavras ecoam de sua alma a nossos ouvidos. Ler seu texto é um motivo a mais para nos convencermos de que o trabalho salesiano é acompanhado de perto pelos nossos patronos salesianos, em especial, São José, patrono de nossa co-munidade educativa.

Page 30: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Prof. Esp. Marcelo Prata VieiraProfessor UNISAL – ETEC

DE VOLTA AS ORIGENS AOS JOVENS

Page 31: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Lembro-me como se fosse ontem, as imagens, os sentimentos, as palavras e com apenas cinco anos de idade podia ter umas poucas reflexões da vida entre o certo e o errado, o que era bom pra mim ou simplesmente o começo de uma vida (1976).

Meu pai construiu na época um supermercado no Parque Taquaral, “Supermer-cado Prata” muito conhecido naquela época. Eu estava lá todos os dias, adora-va estar junto com as pessoas, olhar as mercadorias e até ir junto ao CEASA para comprar frutas e verduras.

Naquela época, o meio de locomoção da família era uma perua Kombi. Meu pai sempre me levava para dar uma volta; e o trajeto era circular pela Escola Salesiana São José (ESSJ) e pela Lagoa do Taquaral.

A escola me encantava com suas árvores e o prédio imponente que parecia um castelo. Dizia ao meu pai que gostaria de estudar nesta escola. Aos seis anos meu pai me matriculou no pré-primário, na Escola Salesiana São José.

Lembro-me do primeiro dia de aula. Minha mãe me levou para a escola bem cedinho e disse que voltaria à tarde para me buscar. Nunca tinha ficado sozi-nho em nenhum lugar sem a presença de meu pai ou de minha mãe. Deu-me vontade de chorar, como todas as crianças pela primeira vez em seu primeiro dia de escola.

Logo comecei a olhar as crianças ao meu redor, as correrias e as brincadeiras, já esquecia a sensação de tristeza e só sentia a alegria e o prazer de estar na-quele lugar encantado. Naquele ano, aprendi muitas coisas: desenhar, pintar e as primeiras letras do alfabeto.

Participei da minha primeira peça de teatro. Naquela época de um lado do corredor azul era a casa dos salesianos e do outro lado havia o teatro que parecia um lugar mágico; o palco e as cadeiras, aquele cheirinho de madeira e um grande piano que ficava no canto.

Page 32: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Expressar e atuar naquele palco me fez sentir que poderia ir muito mais além disso! Foi uma grande experiência! O que mais eu gostava eram as festas, as celebrações, tradição salesiana. Participei do primeiro campeonato de pipas, mas como nunca tinha feito uma, tive que aprender a fazer com os amigos, mas não poderia perder o concurso de maneira alguma. Algumas imagens e acontecimentos nunca mais esqueci.

No campeonato de pipas teve uma que me surpreendeu e me fez pensar que nossas invenções são limites da nossa imaginação e criação. Uma grande pipa de uns dois metros feito de lona e bambu era empinada por uma corda e sus-pendia um rapaz bem magrinho a uns dois metros do chão, ou seja o rapaz estava literalmente voando, aquilo era incrível! Nas celebrações festivas e nos ensaios as músicas chegavam ao coração!

Minha experiência com o futebol fora nestes campos, e como cena de filme de comédia não pode faltar. Lembro-me que após selecionados os jogadores, pensei em não fazer feio e quando finalmente a bola chegou no meu pé saí dri-blando todo mundo e marquei um gol, todos correram e pensei ‘vão me saldar pelo gol feito’, mas foi então que percebi que estavam com raiva de mim pois tinha acabado de fazer um gol contra!

Também colocaram a gente no campo e não explicaram como eram as regras! Bem, pensei comigo ‘gol contra ou não, fiz um gol, pronto e acabou’.

Convivência nos pátios:O padre Antônio Balestero na época era um bom “patiador”. Gostava de con-versar com as crianças. Certa vez sentei ao seu lado e percebi que estava com dedos mecânicos no lugar dos originais. Perguntei o que era aquilo e com muito cuidado me explicou o ocorrido. Tivera soltado um rojão segurando-o diretamente e o mesmo explodiu na sua mão perdendo dois dedos. Explicou-me também que tudo o que a gente faz na vida sem pensar pode resultar em sérias consequências. Levei isto como uma lição e embora tenha soltado mui-tas bombinhas na minha infância nunca peguei um rojão na mão, valeu como

Page 33: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

experiência.

Na sala de aula:Tudo o que o aluno pode ouvir, sentir e captar, será usado no processo de aprendizagem. Uso muito das minhas experiências, hoje, com os alunos em sala de aula. Lembro-me como se fosse hoje do cheirinho e do perfume da professora que passava no corredor. O cheiro do guache para as pinturas e das massinhas para fazer artes. Até a música pode ser usada como elemento catalizador no processo de aprendizagem em sala de aula.

Pensamento futuro:Nesta época existia o internato e as oficinas. Sempre que podiam, levavam a gente para conhecer o espaço, as máquinas, o trabalho realizado pelos alunos do Centro Profissional Dom Bosco (CPDB) e sempre recepcionado por um senhor que adorava explicar como tudo funcionava - o Irmão Alcides Venturi, que na época, eu jamais poderia imaginar que um dia estaria ao seu lado, ensi-nando os alunos nesta grande empreitada.

Existia também uma máquina de sorvete, é isso mesmo; talvez quase ninguém se lembra deste pedaço da história, mas assim como era a grande fábrica de chocolate no filme: fantástica a sensação de poder tomar um sorvete feito na escola pelas Irmãs do internato. Aquele gostinho de leite com Nescau que só sentimos quando vamos passear na casa da vovó que no lanche da tarde ou no café da manhã nos oferecia.

Aquilo que nos define no futuro:No primeiro ano do primário eu já estava quase alfabetizado. Lembro-me e guardo até hoje o livro que me alfabetizou. Todas os dias a professora passava uma folha do livro de páginas avulsas contando uma história de uma família e um cachorro como era o dia a dia da família, os irmãos, os feriados, o passeio no zoológico. Era como uma novela, capítulo por capítulo que só terminou no final do ano e a cada história, um trabalho em sala de aula com reflexão e ditado, foi assim que aprendi a ler e escrever.

Page 34: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Esta motivação, o desejo e a curiosidade de ver o que será na próxima histó-ria é o que professoras devem deixar nos alunos: o gostinho e a surpresa da página seguinte, o que vamos aprender de novidade etc.

Escolhendo o futuro: Eu morava algumas quadras da escola e sempre voltávamos sozinhos cami-nhando; não tinha muito movimento, e do portão da Escola Técnica de Campi-nas (ETEC) até a padaria Bambini não existia nem mesmo rua, na verdade era uma ruazinha de terra que fazia parte da fazenda Santa Elisa.

Fazendo o contorno da calçada pelo lado de fora, olhando as grades, observava os alunos da ETEC operando os equipamentos elétricos que naquela época, era o curso de eletrônica. Aquilo me fascinava e tinha quase que por intuição que aquele seria o meu futuro profissional.

Por problemas financeiros meu pai trancou a minha matricula e acabei estu-dando na escola do estado. Voltei para o colégio São José aos doze anos para ser escoteiro e o chefe do grupo era o padre Jan Dec que contava muitas histórias. Aprendi muitas coisas, como montar barracas, acampar, fazer fogo, cozinhar para sobrevivência, primeiros socorros, entre outras modalidades. As reuniões dos escoteiros eram debaixo das grandes árvores de eucalip-tos onde, hoje, está sendo construído o prédio da Educação Infantil; quantos acampamentos e quantas recordações guardo deste local.

Acabei estudando e me formando em Americana no Instituto Dom Bosco como Técnico Eletrônico trabalhando em algumas empresas da região, apren-dendo e me especializando nesta profissão. Mais tarde, cursei engenharia neste mesmo local, convivendo e vivenciando minha formação profissional, cívica e religiosa com os salesianos e voltei para o colégio São José Campinas para ensinar jovens nos cursos profissionalizantes, técnicos e nas engenharias, re-alizando, enfim, meu grande sonho naquele mesmo lugar e da maneira como tudo começou.

Page 35: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Nestes quase vinte anos como professor ao lado de pessoas de muita estima como Sr. Alcides Venturi e Padre João Dec, tenho muitas histórias para contar com alunos, professores e salesianos nos projetos realizados, não só nos pro-jetos de ciência expostos para a comunidade, mas também nas experiências de vida de cada um que fizeram parte da nossa escola. Mas esta seria uma outra história para ser contada.

Percepções salesianasO texto do professor Marcelo remonta a sua origem de aluno salesiano. Brin-da o leitor com elementos de sua vivência nos ambientes salesianos, até o momento como professor na unidade de ensino salesiana, Centro Profissional Dom Bosco (CPDB), Escola Técnica de Campinas (ETEC) e Centro Univer-sitário Salesiano de São Paulo (UNISAL). Seu relato de experiência e vivência é um convite para nos tornarmos mais salesianos em nossos trabalhos e na maneira de viver.

Page 36: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Prof. Dr. Pe. Dílson Passos JúniorUNISAL – Unidade de Ensino de

Campinas – Campus São JoséETEC – Escola Técnica de Campinas

EDUCAÇÃO SALESIANA NO ENSINO SUPERIORUm caminho a ser construído

Page 37: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

A ação salesiana junto ao Ensino Superior não estava contemplada no início da Congregação. Pretendia-se então, oferecer assistência religiosa, moral e so-cial aos jovens nas periferias sociais. As primeiras incursões no Ensino Supe-rior não foram bem vistas por boa parte dos salesianos, entendendo-a alguns como infidelidade aos ideais do fundador. Uns poucos pioneiros tiveram que se confrontar com sistemática rejeição e até hostilização por parte de muitos salesianos.

Outro problema se colocou: boa parte dos que atuaram no Ensino Superior no seu início fizeram, em muitos casos, uma simples transposição de práticas educacionais salesianas engendradas para adolescentes, promovendo-se uma educação, substanciosamente rica, inadequada porém, para jovens mais amadu-recidos que se sentiam infantilizados.

O tempo passou. A congregação amadureceu e entendeu que o Ensino Supe-rior era também objeto da educação salesiana, entendendo que Dom Bosco sempre respondera aos desafios de cada tempo, quaisquer que fossem. O mote, com Dom Bosco e com os tempos, deu sustentação a este novo espaço de educação, entendendo que muitos jovens das classes populares aos poucos iam tendo acesso ao Ensino Superior. Entendeu-se que os princípios educa-cionais praticados por Dom Bosco, não estavam confinados a uma faixa etária restrita.

Três elementos fundamentam a Educação Salesiana, enquanto destacam as di-mensões pessoal, espiritual e social do educando.

O século XIX é marcado por significativas correntes de educadores que pro-curaram repensar a educação tradicional. Os ideais do Iluminismo, do Positi-vismo e da Revolução Francesa não eram estranhos e tão pouco ignorados por teóricos duma educação humanista que se desenvolvia então. João Bosco, ao eleger a RAZÃO como primeiro elemento do seu sistema educativo, re-conhece o primado da autonomia crítica dos educandos que deveriam ser respeitados como capazes de opções. Vislumbra-se ainda no seu pensamento o influxo do pensamento aristotélico que punha na racionalidade o distintivo maior que faz o ser humano chegar à plenitude de seu ser.

Page 38: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Este século não rejeita tão pouco a dimensão espiritual do homem. Ainda que as críticas à dimensão Institucional da Igreja sejam acirradas, sobretudo na luta contra o papado no movimento político denominado de Risorgimento que pretendia a unificação da Península Itálica e que tinha como grande obstáculo os territórios papais, os teóricos da educação deste período, tanto de matriz católica como protestante, acentuam a importância da espiritualidade como elemento constitutivo do ser humano. Quando a RELIGIÃO é proposta como segundo elemento deste sistema educativo não é uma proposição que soe estranha no seu tempo.

Finalmente a BONDADE responde pela dimensão social e afetiva do ser huma-no. Muitas escolas de educação estão neste século rompendo com o modelo autoritário e distante dos educadores. A dimensão do afeto entre educadores e educandos começa a ser proposta como contraponto à antiga educação que distanciava o docente do discente.

Razão, Religião e Bondade são os “ingredientes” da Educação Salesiana, sendo seus agentes não só os educadores, mas também os jovens. Bosco concebe um novo modelo de educação. Seus educadores devem conviver ombro a ombro com os educandos, fazendo-se amar e amando tudo o que os jovens amam. Essa interação entre educadores e educandos não é técnica e nem formal. Re-presenta antes um sadio envolvimento afetivo onde o educador que deve ser percebido como pai, amigo, companheiro... A figura do educador salesiano é o centro deste processo, personificando em sua vida os princípios e valores des-ta educação. No pensamento de João Bosco seu sistema educativo não seria objeto de erudição, mas de vida, atitudes e posturas.

O segundo agente deste processo é o próprio jovem que se autoconstrói com a ajuda de seus educadores, tornando-se protagonista, não só da própria educação, mas também de seus pares. O educando não é receptáculo da edu-cação e nem tão pouco ator coadjuvante dela. Dotado de razão, auxiliado por seus educadores, é agente da sua própria construção intelectual e moral como pessoa e cidadão.

Page 39: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

João Bosco jamais quis que seu sistema educacional, denominado por ele de Sistema preventivo, fosse institucionalizado ou patrimônio duma Agência de educação. O educador salesiano não é um técnico que domina procedimen-tos educacionais.

Nessa pedagogia ele se envolve com o educando fazendo de sua vida o sentido de sua existência. A educação salesiana passa longe dum processo informativo de princípios e valores. Ela se constrói com e na vida. O relacionamento do educador com seus educandos não termina ao final do curso, mas ao contrá-rio se prolonga pela vida inteira do educador e do aluno num clima de familia-ridade. Assim como os laços de sangue tornam os membros de um clã respon-sáveis por seus consanguíneos, Dom Bosco entendia que sua educação gerava entre educadores e educandos uma consanguinidade espiritual. O educador salesiano teria atingido seu escopo educacional quando tivesse associado à sua vida à vida do educando.

Esses critérios educacionais se aplicam da mesma forma para os jovens do Ensino Superior, porque transcendem a transmissão do saber, ao atingir o jo-vem universitário na sua dimensão mais profunda como pessoa. Para o Ensino Superior não existe um catálogo ou fórmulas prontas que nos ensinem a agir salesianamente. Os caminhos podem ser os mais variados e o uso de técnicas serem fruto da criatividade dos educadores. A chave é entender que a Educa-ção é obra do coração e que o educador deve se fazer amar.

O ambiente do Ensino superior estará iluminado pelos princípios e critérios educacionais de Dom Bosco quando se construir um ambiente de família, onde educadores e educandos se queiram bem, cultivando os valores da Razão, se busque no Transcendente o significado de suas vidas, construindo relaciona-mentos permeados pela bondade.

Esses critérios da Educação Salesiana, se efetivam, deixam de ser apenas enun-ciados para se tornar vida. A educação salesiana é, em síntese, um estilo de vida e uma visão de mundo que impactará positivamente a vida do aluno do Ensino Superior. Por toda sua vida...

Page 40: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Percepções salesianasO autor apresentou alguns conceitos da educação salesiana relaciona-os ao âmbito universitário com destreza e profundidade. Um texto digno de ser lido, pela quali-dade e relevância que traz a instituição salesiana como um todo. O Ensino Superior Salesiano é um real espaço e lugar da espiritualidade salesiana. A educação salesiana, deve, entretanto, ser compreendida em suas características e peculiaridades acadê-micas.

Page 41: Cartilha Online Memórias Salesianas · Quanto aos jogos, treino, treino e mais treino.....Bons tempos! Quanto ao aspecto da relação professor x aluno, entendo que a proposta edu

Organização:Equipe Pastoral UNISAL e ETEC

Prof.ª Esp. Lenir Moreira ValérioProf. Ms. Rodrigo Tarcha Amaral de Souza

CréditosRevisão textual e ortográfica:

Prof.ª Ms. Elizete Helena Rondini Forte

Edição e diagramação:Departamento de Comunicação

e Marketing UNISALSilmara Santana de França

Apoio:Marketing UNISAL e ETEC

Tatyana Di GiornoJuliana Dalmolin Germano