Cartilha Pgrs Mma

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Guia do profissional em treinamento Amostragem, preservação e caracterização físico-química e microbiológica de esgoto Esgotamento sanitário Nível 2

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  • Guia do profi ssional em treinamento

    Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica

    de esgoto

    Esgota

    mento

    sanit

    rio

    Nvel 2

  • Promoo Rede de Capacitao e Extenso Tecnolgica em Saneamento Ambiental - ReCESA

    Realizao Ncleo Sudeste de Capacitao e Extenso Tecnolgica em Saneamento Ambiental - NUCASE

    Instituies integrantes do Nucase Universidade Federal de Minas Gerais (lder) | Universidade Federal do Esprito Santo | Universidade Federal do Rio de Janeiro | Universidade Estadual de Campinas

    Financiamento Financiadora de Estudos e Projetos do Ministrio da Cincia e Tecnologia | Fundao Nacional de Sade do Ministrio da Sade | Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministrio das Cidades

    Apoio organizacional Programa de Modernizao do Setor Saneamento-PMSS

    Patrocnio FEAM/Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel

    Comit consultivo da ReCESA

    Associao Brasileira de Captao e Manejo de gua de Chuva ABCMAC Associao Brasileira de Engenharia Sanitria e Ambiental ABES Associao Brasileira de Recursos Hdricos ABRH Associao Brasileira de Resduos Slidos e Limpeza Pblica ABLP Associao das Empresas de Saneamento Bsico Estaduais AESBE Associao Nacional dos Servios Municipais de Saneamento ASSEMAE Conselho de Dirigentes dos Centros Federais de Educao Tecnolgica Concefet Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia CONFEA Federao de rgo para a Assistncia Social e Educacional FASE Federao Nacional dos Urbanitrios FNU Frum Nacional de Comits de Bacias Hidrogrficas Fncbhs Frum Nacional de Pr-Reitores de Extenso das Universidades Pblicas Brasileiras

    Forproex Frum Nacional Lixo e Cidadania L&C Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental FNSA Instituto Brasileiro de Administrao Municipal IBAM Organizao Pan-Americana de Sade OPAS Programa Nacional de Conservao de Energia Procel Rede Brasileira de Capacitao em Recursos Hdricos Cap-Net Brasil

    Comit gestor da ReCESA

    Ministrio das Cidades Ministrio da Cincia e Tecnologia Ministrio do Meio Ambiente Ministrio da Educao Ministrio da Integrao Nacional Ministrio da Sade Banco Nacional de Desenvolvimento

    Econmico Social (BNDES) Caixa Econmica Federal (CAIXA)

    Parceiros do Nucase Cedae/RJ - Companhia Estadual de guas e Esgotos do Rio de Janeiro Cesan/ES - Companhia Esprito Santense de Saneamento Comlurb/RJ - Companhia Municipal de Limpeza Urbana Copasa Companhia de Saneamento de Minas Gerais DAEE - Departamento de guas e Energia Eltrica do Estado de So Paulo DLU/Campinas - Departamento de Limpeza Urbana da Prefeitura Municipal de Campinas Fundao Rio-guas Incaper/ES - Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistncia Tcnica e Extenso Rural IPT/SP - Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo PCJ - Consrcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundia SAAE/Itabira - Sistema Autnomo de gua e Esgoto de Itabira MG. SABESP - Companhia de Saneamento Bsico do Estado de So Paulo SANASA/Campinas - Sociedade de Abastecimento de gua e Saneamento S.A. SLU/PBH - Servio de Limpeza Urbana da prefeitura de Belo Horizonte Sudecap/PBH - Superintendncia de Desenvolvimento da Capital da Prefeitura de Belo Horizonte UFOP - Universidade Federal de Ouro Preto UFSCar - Universidade Federal de So Carlos UNIVALE Universidade Vale do Rio Doce

  • Esgota

    mento

    sanit

    rio

    Nvel 2Guia do profi ssional em treinamento

    Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica

    de esgoto

  • E74 Esgotamento sanitrio :amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto : guia do profissional em treinamento : nvel 2 / Ministrio das Cidades. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (org.). Braslia : Ministrio das Cidades, 2008. 91 p.

    E74 Nota: Realizao do NUCASE Ncleo Sudeste de Capacitao e Extenso Tecnolgica em Saneamento Ambiental (Conselho Editorial Temtico: Carlos Augusto de Lemos Chernicharo; Edson Aparecido Abdul Nour; Isaac Volschan Junior e Ricardo Franci Gonalves).

    E74 1. Saneamento. 2. Sade pblica. 3. gua Aspectos ambientais. 4. gua Poluio. 5. gua Qualidade. 6. Microbiologia Manuais de laboratrio. Fsico-quimica Manuais de laboratrio. I. Brasil. Ministrio das Cidades. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental. II. Ncleo Sudeste de Capacitao e Extenso Tecnolgica em Saneamento Ambiental. CDD 628.1

    Conselho Editorial Temtico

    Carlos Augusto de Lemos Chernicharo - DESA - EE - UFMGEdson Aparecido Abdul Nour - DAS - FEC - Unicamp

    Isaac Volschan Jnior - DRHMA - POLI - UFRJRicardo Franci Gonalves - DEA - CT - UFES

    Profissionais que participaram da elaborao deste guia

    Professor Srvio Tlio CassiniConsultores Eduardo Lucas Subtil | Gloria Suzana Melndez Bastos (conteudistas)

    Lvia Cristina da Silva Lobato| Eliane Prado C. C. Santos (colaboradoras) Izabel Chiodi Freitas (validadora)

    Crditos

    Consultoria Pedaggica

    Ctedra da Unesco de Educao Distncia FAE/UFMG Juliane Correa | Sara Shirley Belo Lana

    Projeto Grfico e Diagramao Marco Severo | Rachel Barreto | Romero Ronconi

    permitida a reproduo total ou parcial desta publicao, desde que citada a fonte.

    Catalogao da Fonte : Ricardo Miranda CRB/6-1598

  • Apresentao da ReCESA

    A criao do Ministrio das Cidades no Governo do Presidente Luiz Incio Lula da Silva, em 2003, permitiu que os imensos desafios urbanos passassem a ser encarados como poltica de Estado. Nesse contexto, a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA) inaugurou um paradigma que inscreve o saneamento como poltica pblica, com dimenso urbana e ambiental, promotora de desenvolvimento e de reduo das desigualdades sociais.

    Trata-se de uma concepo de saneamento em que a tcnica e a tecnologia so colocadas a favor da prestao de um servio pblico e essencial.

    A misso da SNSA ganhou maior relevncia e efetividade com a agenda do saneamento para o quadrinio 2007-2010, haja vista a deciso do Governo Federal de destinar, dos recursos reservados ao Programa de Acelerao do Crescimento PAC, 40 bilhes de reais para investimentos em saneamento.

    Nesse novo cenrio, a SNSA conduz aes em capacitao como um dos instrumentos estratgicos para a modificao de paradigmas, o alcance de melhorias de desempenho e

    da qualidade na prestao dos servios e a integrao de polticas setoriais. O projeto de estruturao da Rede de Capacitao e Extenso Tecnolgica em Saneamento

    Ambiental ReCESA constitui importante iniciativa nessa direo.

    A ReCESA tem o propsito de reunir um conjunto de instituies e entidades com o objetivo de coordenar o desenvolvimento de propostas pedaggicas e de material didtico, bem como promover aes de intercmbio e de extenso tecnolgica que levem em considerao as peculiaridades regionais e as diferentes polticas, tcnicas e tecnologias, visando capacitar profissionais para a operao, manuteno e gesto dos sistemas de saneamento. Para a estruturao da ReCESA foram formados ncleos regionais e um comit gestor, em nvel nacional.

    Por fim, cabe destacar que o projeto ReCESA tem sido bastante desafiador para todos ns, que constitumos um grupo, predominantemente formado por profissionais da engenharia, que compreendeu a necessidade de agregar outros olhares e saberes, ainda que para isso tenha sido necessrio contornar todos os meandros do rio, antes de chegar ao seu curso principal.

    Comit gestor da ReCESA

  • O Ncleo Sudeste de Capacitao e Extenso Tecnolgica em Saneamento Ambiental

    Nucase tem por objetivo o desenvolvimento de atividades de capacitao de profissionais da rea de saneamento, nos quatro estados da regio sudeste do Brasil.

    O Nucase coordenado pela Universidade Federal de Minas Gerais UFMG, tendo como instituies co-executoras a Universidade Federal do Esprito Santo UFES, a Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ e a Universidade Estadual de Campinas Unicamp. Atendendo aos requisitos de abrangncia temtica e de capilaridade regional, as universidades que integram o Nucase tm como parceiros, em seus estados, prestadores de servios de saneamento e entidades especficas do setor.

    Coordenadores institucionais do Nucase

    A coletnea de materiais didticos produzidos pelo Nucase composta de 42 guias que sero utilizados em oficinas de capacitao para profissionais que atuam na rea do saneamento. So seis guias que versam sobre o manejo de guas pluviais urbanas, doze relacionados aos sistemas de abastecimento de gua, doze sobre sistemas de esgotamento sanitrio, nove que contemplam os resduos slidos urbanos e trs tero por objeto temas que perpassam todas as dimenses do saneamento, denominados temas transversais.

    Dentre as diversas metas estabelecidas pelo Nucase, merece destaque a produo dos Guias dos profissionais em treinamento, que serviro de apoio s oficinas de capacitao de operadores em saneamento que possuem grau de escolaridade variando do semi-alfabetizado ao terceiro grau. Os guias tm uma identidade visual e uma abordagem pedaggica que visa estabelecer um dilogo e a troca de conhecimentos entre os profissionais em treinamento e os instrutores. Para isso, foram tomados cuidados especiais com a forma de abordagem dos contedos, tipos de linguagem e recursos de interatividade.

    Equipe da central de produo de material didtico CPMD

    Nucase Os guias

  • A srie de guias relacionada ao esgotamento sanitrio resultou do trabalho coletivo que envolveu a participao de dezenas de profissionais. Os temas que compem esta srie foram definidos por meio de uma consulta a companhias de saneamento, prefeituras, servios autnomos de gua e esgoto, instituies de ensino e pesquisa e profissionais da rea, com o objetivo de se definir os temas que a comunidade tcnica e cientfica da regio Sudeste considera, no momento, os mais relevantes para o desenvolvimento do projeto Nucase.

    Os temas abordados nesta srie dedicada ao esgotamento sanitrio incluem: Qualidade da gua e controle da poluio; Operao e manuteno de

    redes coletoras de esgotos; Operao e manuteno

    de estaes elevatrias de esgotos; Processos de

    tratamento de esgotos; Operao e manuteno de

    sistemas simplificados de tratamento de esgotos;

    Amostragem, preservao e caracterizao fsico-

    qumica e microbiolgica de esgotos; Gerenciamento,

    tratamento e disposio final de lodos gerados em ETEs. Certamente h muitos outros temas importantes a serem abordados, mas considera-se que este um primeiro e importante passo para que se tenha material didtico, produzido no Brasil, destinado a profissionais da rea de saneamento que raramente tm oportunidade de receber treinamento e atualizao profissional.

    Coordenadores da rea temtica de esgotamento sanitrio

    Apresentao da rea temtica: Esgotamento sanitrio

  • Introduo ..................................................................................10Esgotamento sanitrio: sade pblica e ambiental ......................14 Saneamento e sade ..........................................................14 Qualidade da gua .............................................................17 Poluio das guas ............................................................19 Padres ambientais: padro de lanamento e padro de corpos dgua ...............................................................21Noes de Qumica .................................................................... 23 Conceitos bsicos ............................................................. 23 Solues ........................................................................... 29Amostragem e preservao de amostras .................................... 37 Amostragem ..................................................................... 37 Preservao das amostras ..................................................41 Procedimento em campo ................................................... 43 Monitoramento ................................................................. 44Caracterizao fsico-qumica e microbiolgica ......................... 53 Cuidado com a segurana pessoal no laboratrio .............. 53 Cuidados laboratoriais para garantir a confiabilidade das anlises ..............................................................................60 Principais anlises fsico-qumicas e microbiolgicas de esgotos ....................................................................... 65 Interpretao dos resultados ............................................. 86Encerramento ............................................................................ 87Para saber mais ......................................................................... 90

    Sumrio

  • 10 Esgotamento sanitrio - Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto - Nvel 2

    Introduo

    Caro Profissional

    Voc j deve ter conhecido algum com diarria ou talvez voc mesmo j tenha sofrido uma diarria aguda subitamente. Voc deve conhecer tambm os inmeros problemas ambientais e de sade pblica ocasionados pela falta de saneamento adequado. Deparamo-nos com a seguinte questo: O que podemos fazer para melhorar esse quadro ambiental e social?

    Todos sabem que o tratamento dos esgotos melhora as condies sanitrias locais, minimi-za a degradao ambiental, reduz os focos de poluio e contaminao, reduz os recursos apli-cados no tratamento de doenas e no tratamento de gua para abastecimento das comunidades a jusante dos pontos de lanamento. Enfim, o tratamento dos esgotos gerados nas cidades de extrema importncia para a qualidade da gua e para a sade da populao. Mas voc imagina a importncia do seu trabalho para a sociedade e para o meio ambiente?

    Para um sistema de tratamento de esgo-to ter impacto positivo no ambiente e na sade pblica preciso que o mesmo tenha um efetivo controle operacional, o qual s pode ser alcanado atravs de um adequado programa de monitoramento. Nesse contex-to, a realizao de anlises fsico-qumicas e microbiolgicas de extrema importn-cia para garantir o bom funcionamento do sistema de tratamento de esgotos. Os resul-

    tados das anlises laboratoriais iro definir as medidas a serem tomadas pelos operadores e pelos gestores para manter o sistema em bom funcionamento. Resultados inconsisten-tes podem acarretar uma opo errnea de operao, o que pode prejudicar a eficin-cia do sistema de tratamento, com impactos negativos na qualidade do curso dgua.

    Nesta oficina de capacitao, cujo tema Amostragem, Preservao e Caracterizao Fsico-Qumica e Microbiolgica de Esgoto, vamos discutir diversos assuntos relacionados ao seu trabalho, trocar experincias, esclare-cer dvidas, relembrar o que j foi esquecido, aprender coisas novas e aprender a ver os desa-fios com um olhar reelaborado. Alm disso, nessa oficina de capacitao, queremos discutir mais do que a sua rotina de trabalho, queremos discutir a importncia do seu trabalho para o meio ambiente e para a populao.

    Os principais objetivos desta oficina de capa-citao so:

    Aprimorar os seus conhecimentos em relao s tcnicas de amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgotos.Refletir sobre a correlao entre os problemas ambientais e de sade pblica com as tcnicas de amostragem, preservao, caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto.

  • Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 11

    Alcanar solues, por meio de troca de conhecimentos e experincias entre os participantes, para os problemas identificados nas tcnicas de amostragem, preservao, caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto.

    Na tentativa de melhor alcanarmos nossos objetivos, organizamos este guia em quatro conceitos-chave:

    Esgotamento Sanitrio: sade pblica e meio ambiente.Noes de qumica.Amostragem e preservao de amostras.Caracterizao fsico-qumica e microbiolgica.

    A funo deste guia orient-lo durante a oficina de capacitao, desta maneira, para cada conceito-chave so apresentados os objetivos, as atividades propostas e os assun-tos abordados.

    Voc um profissional que, certamente, j passou por muitas experincias importantes em seu trabalho e na sua casa. Apostamos que tem muito a ensinar, aprender e trocar conosco e com os seus colegas.

    A sua participao nas atividades muito importante para o desenvolvimento de uma oficina proveitosa e agradvel. No deixe de expor suas dvidas e comentrios.

    Bom proveito!

  • 12 Esgotamento sanitrio - Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto - Nvel 2

    Situao do dia a dia

    Considere que ao final do dia, voc precisou comparar os resultados das anlises de alguns dos parmetros monitorados em uma Estao de Tratamento de Esgotos com o seguinte fluxograma.

    Nossa primeira atividade ser um exerccio individual relacionado ao seu trabalho.

    Amostra

    Parmetro (mg/L)

    Amnia Alcalinidade

    Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 1 Semana 2 Semana 3Afl uente reator UASB

    43 30 32 219 213 210

    Afl uente reator UASB

    35 39 48 273 276 268

    Voc sabe o objetivo do monitoramento de estaes de tratamento de esgotos? Qual a importncia do mesmo para a qualidade da gua e para a sade pblica?

    a)

    Fonte: A

    daptado V

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  • Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 13

    Voc conhece os parmetros monitorados? O que eles significam? Qual a importncia sanitria desses parmetros?

    b)

    Os resultados das anlises foram coerentes? Justifique sua resposta.c)

    Quais fatores podem ter afetado os resultados das anlises? d)

    No final da oficina, vamos reelaborar essa questo!

  • 14 Esgotamento sanitrio - Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto - Nvel 2

    OBJETIVOS:

    - Refletir sobre a relao entre

    o trabalho do profissional da

    rea de sistema de esgotamento

    sanitrio e os problemas

    ambientais e de sade pblica.

    - Refletir sobre a situao atual

    do esgotamento sanitrio no Brasil.

    - Relembrar a importncia

    dos parmetros fsico-qumicos e microbiolgicos

    de caracterizao de esgotos.

    Nesse conceito chave, vamos discutir um pouco os impactos provo-cados pela inexistncia de servios adequados de saneamento, sobretudo o esgotamento sanitrio, na sade pblica e no meio ambiente.

    Para comear, vamos solidificar os conceitos de sade pblica e saneamento.

    Saneamento e sade

    Vamos iniciar a nossa discusso sobre saneamento e sade, atravs da leitura do fragmento de texto Reflexo do dia Mundial da gua

    Esgotamento sanitrio: sade

    pblica e ambiental

    Reflexo do Dia Mundial da gua

    Hoje, a questo da gua no se resume so-

    mente a sua escassez em vrias partes do

    mundo, mas, principalmente, ao desperdcio

    e poluio das fontes de abastecimento.

    Neste ponto especfico da poluio dos ma-

    nanciais, a falta de saneamento um fator

    agravante, tanto do ponto de vista da agres-

    so ao meio ambiente quanto de sade p-

    blica em todo o planeta.

    Sabemos que a falta de saneamento aumenta

    significativamente as doenas de veiculao h-

    dricas, tais como diarrias, o clera, a dengue

    e a esquistossomose. Para cada real investi-

    do em saneamento so economizados outros

    cinco reais em tratamentos de sade pblica.

    O Relatrio da Organizao Pan-americana de

    Sade (OPAS) aponta que o Brasil ainda apre-

    senta ndices baixos de abastecimento de gua

    potvel, coleta e tratamento de esgotos.

    Para ler e refletir

  • Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 15

    Reflita e se manifeste...

    Para voc o que sade? E saneamento?Qual a relao existente entre sade e saneamento?Qual a importncia do seu trabalho para a sade e para o meio ambiente?

    Saneamento o controle de todos os fatores do meio fsico do homem que exercem ou podem exercer efei-tos nocivos sobre o bem estar fsico, mental e social.

    Como o saneamento controla fatores que podem prejudicar o ambiente e a sade da populao? Atravs de uma srie de medidas com a finalidade de alcanar a salubridade ambiental. Dentre essas medidas, desta-cam-se: o abastecimento de gua; a coleta, tratamento e disposio final dos resduos slidos e das guas residurias; o manejo de guas pluviais. Todas essas medidas tm a finalidade de melhorar a qualidade de vida urbana e rural.

    A Organizao Mundial da Sade (OMS) fornece as seguintes definies para sade e saneamento.

    Sade o estado de completo bem estar fsico, mental e social e no apenas a ausncia de doena ou enfermidade.

    Sade Pblica a cincia e a arte de prevenir doenas, prolongar a vida e promover a sade e a efi cincia fsica e mental, atravs de esforos organizados da comunidade, no sentido de realizar o saneamento do meio e o controle de doenas infecto-contagiosas; promover a educao do indivduo baseada em princpios de higiene pessoal; organizar servios mdicos e de enfermagem para diagnstico precoce e tratamento preventivo de doenas; desenvolver a maquinaria social, de modo a assegurar, a cada indivduo da comunidade, um padro de vida adequado manuteno da sade.

  • 16 Esgotamento sanitrio - Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto - Nvel 2

    Alm desses servios bsicos, existem ainda outras atividades, na esfera do saneamento, que so essenciais para proporcionar ao homem um ambiente que lhe garanta condies adequadas para a promoo da sua sade. Essas outras atividades incluem: o controle da poluio ambiental do solo, da gua, do ar e sonora; controle de vetores; higiene dos alimentos, das residncias, dos locais de trabalho e de recreao.

    Salubridade ambiental a condio de limpeza em que vive uma determinada populao, com o potencial de evitar a disseminao de doenas.

    fcil perceber a relao existente entre os conceitos de sade e saneamento. A ausncia ou insuficincia de servios de saneamento ocasionam vrias conseqncias para a popu-lao, dentre elas:

    A ausncia de sistemas adequados de esgotamento sanitrio obriga as comunidades a conviverem com seus prprios dejetos, agravando os riscos de mortalidade devido a doenas transmissveis por veiculao hdrica ou por vetores.A ausncia de abastecimento de gua, alm de agravar igualmente as condies de sade, no possibilita os cuidados com a higiene pessoal e domstica.As formas inadequadas de disposio de lixo urbano, como lixes, cu aberto ou nos cursos dgua, afetam o ambiente, poluindo o solo, a gua, o ar, destruindo fauna e flora e prejudicando as comunidades locais que passam a conviver com agentes patognicos e vetores transmissores de doenas.A falta ou insuficincia de sistemas de drenagem urbana ocasionam as enchentes e inundaes e levam ao aparecimento de doenas como a lepstospirose.

    Nesse contexto, observa-se que os servios de saneamento so fundamentais para a sade pblica.

    Voc sabia que em nosso pas...

    Menos da metade dos municpios possuem coleta de esgoto?Dos municpios que possuem coleta de esgoto sanitrio, apenas um pouco mais de 1/3 tratam o esgoto sanitrio? O restante no possui nenhum tipo de tratamento para o esgoto produzido.

  • Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 17

    Qualidade da gua

    Para entender mais sobre as questes que envolvem a qualidade da gua vamos trabalhar inicialmente o conceito de bacia hidrogrfica.

    Reflita e se manifeste...

    O que uma bacia hidrogrfica?Observando a figura a seguir, reflita sobre como a bacia hidrogrfica influencia a qualidade de um manancial?Ainda observando a figura, relacione problemas no sistema de esgo-tamento sanitrio com problemas no sistema de abastecimento de gua, gerenciamento de resduos slidos e drenagem urbana.

    Bacia Hidrogrfica uma rea natural cujos limites so definidos pelos pontos mais altos do relevo (divisores de gua ou espiges dos montes ou montanhas) e dentro da qual a gua das chuvas drenada superficialmente por um curso dgua principal at sua sada da bacia, no local mais baixo do relevo, ou seja, na foz do curso dgua.

    Fonte: A

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  • 18 Esgotamento sanitrio - Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto - Nvel 2

    Mas, afinal, o que determina a qualidade da gua dos mananciais? Como acabamos de ver, as condi-es naturais e o uso e ocupao do solo de uma bacia hidrogrfica so fatores determinantes.

    As condies naturais, como tipo de relevo, solo e vegetao influem no escoamento super-ficial, na infiltrao resultante das chuvas e na deposio de slidos, com conseqncias diretas na qualidade da gua.

    A seu turno, o uso e a ocupao antrpica da regio da bacia hidro-grfica, tais como a urbanizao, com a conseqente gerao de esgoto sanitrio e resduos slidos, e a agricultura, com a utilizao de agrotxicos, introduzem substncias prejudiciais qualidade das guas dos mananciais.

    Antrpico: rela-tivo ao do homem sobre a natureza.

    A ocupao de uma bacia hidrogrfica precisa ser sempre planejada, sendo necessrio avaliar a influncia das formas de uso e ocupao do solo sobre os cursos dgua, destinar os esgotos e os resduos adequadamente, evitar o uso de agrotxicos em plantaes prxi-mas a cursos dgua. O no planejamento da ocupao da bacia hidrogrfica pode trazer diversas conseqncias para o meio ambiente e para a sade pblica.

    A importncia das bacias hidrogrficas para a garantia do desenvolvimento e da qualidade de vida das populaes to grande que, modernamente, o planejamento governamental e a atuao das comunidades tendem a ser feitos por bacias hidrogrficas.

    importante ressaltar que o planejamento do uso e ocupao do solo e o manejo dos recur-sos hdricos devem ser realizados no mbito da bacia hidrogrfica, seguindo o conceito de desenvolvimento sustentvel.

    Vamos percorrer a bacia hidrogrfica virtual!

    Vimos que o manejo adequado do solo e dos recursos hdricos essencial para a preservao da qualidade da gua. Contudo, para garantir os principais requisitos de qualidade da gua em razo dos seus usos previstos, necessrio conhecer as principais fontes de poluio das guas e as suas conseqncias.

    Desenvolvimento sustentvel o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da gerao atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras geraes, ou seja, no esgotar os recursos para o futuro.

  • Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 19

    Poluio das guas

    Contaminao a presena, de seres patognicos, que provocam doenas, ou substncias, em concen-trao nociva ao ser humano.

    Poluio das guas a adio de substncias que alteram a natureza do curso dgua, prejudicando os usos que dele so feitos, a sade, a segurana e o bem-estar da populao.

    Reflita e se manifeste...

    Para voc, o que poluio? E contaminao?

    As fontes de poluio so vrias, podendo ter origem natural ou serem resultado das atividades humanas. As principais fontes de poluio das guas so: efluentes domsticos e industriais, resduos slidos, carreamento de slidos, pesticidas fertilizantes e detergentes.

    Poluio das guas

    A poluio das guas originada de diferentes fontes, mas certo que todas trazem conseqncias negati-vas para o meio ambiente e para a qualidade de vida das pessoas. As principais conseqncias da poluio das guas so: impactos sobre a qualidade de vida da populao, veiculao de doenas, prejuzos aos usos da gua, agravamento dos problemas de escassez da gua, elevao do custo do tratamento de gua, desequilbrios ecolgicos e degradao da paisagem.

  • 20 Esgotamento sanitrio - Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto - Nvel 2

    Dentre as fontes de poluio das guas, os esgotos so os principais responsveis pela degradao da qualidade dos cursos dgua.

    O principal problema de poluio dos cursos dgua no Brasil a reduo do teor de oxignio dissolvido (OD), devido atividade dos microrganismos aerbios na degradao da matria orgnica, introduzida pelo lanamento de esgotos.

    As guas residurias contm agentes etiolgicos de vrios tipos de doenas (febre tifide e paratifide, diarrias infecciosas, amebase, ascaridase, esquistossomose, entre outras). Dessa forma, se lanados no ambiente, podem favorecer a perpetuao dos ciclos biolgicos dos agentes patognicos de doenas de veiculao hdrica.

    Agente etiolgico o agente causador ou responsvel pela origem de uma doena. So chamados tambm de agente patognico. Podem ser vrus, bactrias, fungos, protozorios e helmintos.

    Os esgotos tambm so ricos em nutrientes (nitro-gnio e fsforo), os quais so fontes de alimentao para diversos organismos aquticos, como as plan-tas e os microrganismos heterotrficos. O excesso de nutrientes pode levar a um crescimento excessivo das plantas aquticas ocasionando a eutrofizao dos cursos dgua.

    Vamos completar o quadro a seguir, com as fontes e os efeitos poluidores dos principais

    poluentes presentes nos esgotos, e os seus respectivos parmetros de caracterizao.

    PoluentesParmetros de caracterizao

    Fontes Consequncias

    Slidos em suspensoSlidos fl utuantesMatria orgnica biodegradvelPatognicosNutrientesCompostos no biodegradveisMetais pesados

  • Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 21

    Quais so os parmetros de caracterizao de esgoto adotados pela ETE na qual voc trabalha?

    Voc tiraria ou colocaria outro(s) parmetro(s)?

    Aps relembrarmos alguns pontos sobre a poluio das guas, poderemos atuar com maior responsabilidade na rotina laboratorial, contribuindo para um bom funcionamento do sistema de tratamento, bem como para a minimizao de impactos sobre o abastecimento de gua de outras comunidades e para a preservao da bacia hidrogrfica.

    Mas, como garantir a qualidade da gua ao longo do corpo receptor aps o ponto de lanamento de um despejo? Para isso existe uma legislao ambiental especfica, associada qualidade das guas, embasada nos seus usos previstos, que distingue os padres de lanamento e de corpo receptor, os quais sero discutidos a seguir.

    Padres ambientais: padro de lanamento e padro de corpos dgua

    Voc j sabe que os requisitos de qualidade da gua definem, de maneira conceitual, a qualidade desejada para uma gua em funo do seu uso previsto. Todavia, esses requisitos no especificam quais os parmetros de qualidade da gua devem ser observados e quais os valores desses parmetros para cada uso previsto da gua.

    Para contemplar essa necessidade, so estabelecidos os padres de qualidade, embasados por suporte legal. So de especial interesse os padres para corpos dgua e os padres de lanamento, preconizados pelo Ministrio de Meio Ambiente e legislaes estaduais.

    No Brasil, a lei que dispe sobre a classificao dos corpos dgua divide as guas doces em diferentes classes, em funo dos usos predominantes.

    Uso da guaclasse

    especial 1 2 3 4

    Abastecimento domstico X X X XPreservao do equilbrio natural das comunidades aquticas XRecreao de contato primrio X XProteo das comunidades aquticas X XIrrigao X X XPesca X XDessedentao de animais XNavegao XHarmonia paisagstica X

    Fonte

    : re

    solu

    o

    CON

    AM

    A n

    3

    57,

    de

    17/

    03/

    20

    05.

  • Para cada uma dessas classes, a qualidade a ser mantida no corpo dgua determinada por duas vias, pelos padres de lanamento de efluentes e pelos padres de corpos dgua.

    Parmetro UnidadePadro para corpo dgua

    1 2 3 4

    DBOmg/L

    3 5 10OD 6 5 4 2Coliformes termotolerantes org/100mL 200 1000 2500

    Fonte: resoluo CONAMA n 357, de 17/03/2005.

    Os padres de lanamento de efluentes so balizados pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente CONAMA, por meio da Resoluo n 357. Essa Resoluo estabelece que os rgos ambientais (federal, estaduais e municipais) devero estabelecer a carga poluidora mxima para o lanamento de poluentes nos corpos receptores, de modo a no comprometer as metas estabelecidas pelo enquadramento para o corpo dgua.

    Permite-se o lanamento dos efluentes nos cursos d`gua desde que os padres do corpo receptor e de lanamento de efluentes sejam atendidos. Caso o efluente no satisfaa os padres de lanamento, mas satisfaa os padres do corpo receptor, o rgo ambiental poder autorizar lanamentos com valores acima dos padres de lanamento, acompanhado de estudos ambientais que garantam o uso preponderante da classe em questo.

    Como voc avalia a legislao? Com base em seu trabalho, voc considera os valores previstos

    por lei exeqveis no cotidiano de uma ETE?

    Nesse conceito chave discutimos: a relao entre saneamento e sade pblica, a relao entre qualidade da gua e planejamento do uso e ocupao do solo em uma bacia, sobre os prin-cipais poluentes encontrados nos esgotos e sobre alguns aspectos de legislao ambiental. No prximo conceito chave, vamos relembrar algumas noes de qumica que sero teis na discusso dos vrios aspectos relacionados a amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgotos, tema principal da nossa oficina de capacitao.

    Principais padres de qualidade da gua

    22 Esgotamento sanitrio - Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto - Nvel 2

  • Noes de Qumica OBJETIVOS:- Discutir os conhecimentos prvios de Qu-mica e reformular os conceitos bsicos.

    - Reformular e ampliar as formas de expressar e calcular solues.

    - Reforar a importncia de se entender as especificaes dos produtos.

    Os profissionais responsveis pelas anlises fsico-qumicas e micro-biolgicas de esgotos podem realizar diversas atividades, tais como: preparar o material necessrio para a coleta de amostras, preparar solues e vidrarias para a realizao das anlises e avaliar os resul-tados obtidos nas anlises.

    Alguns conceitos bsicos de Qumica so importantes para a reali-zao dessas atividades, por exemplo, na interpretao correta das especificaes contidas nos produtos utilizados para o preparo de solues, que fornecem as caractersticas do produto, sua composi-o e teor de pureza. A interpretao incorreta dessas especificaes pode ocasionar erros no preparo das solues e, conseqentemente, a erros de anlise e de interpretao.

    Neste momento, vamos relembrar um pouco sobre tomos, molculas, ctions, nions, soluto, solvente e outros conceitos. No se preocupe se voc no se lembrar de alguns destes nomes, vamos recordar o significado de todos eles ao longo deste conceito chave.

    Conceitos bsicos

    Voc lembra o conceito de elemento qumico?

    Elemento qumico uma substncia que no pode ser decomposta em algo simples por uma reao qumica. Cada elemento recebe um nome e um smbolo. Voc pode observ-los na tabela peridica.

    Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 23

  • 24 Esgotamento sanitrio - Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto - Nvel 2

  • Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 25

    O profissional responsvel por anlises laboratoriais costuma utilizar diferentes tipos de cidos para baixar o pH, como por exemplo, o cido clordrico, cuja frmula HCl. Observe que ele composto por um tomo de hidrognio e outro de cloro.

    Voc se lembra o que tomo? O tomo a menor parte da matria que caracteriza um elemento qumico. Ele constitudo por prtons, nutrons e eltrons. A quantidade de prtons (que possuem carga positiva) igual quantidade de eltrons (que possuem carga negativa). Observe, na tabela, que as partculas constituintes do tomo possuem cargas eltricas e massas.

    Partculas Localizao Carga eltrica Massa

    Prtons ncleo Positiva ( + ) 1Nutrons ncleo zero (0) 1 + 1/1.840Eltrons eletrosfera ou orbital negativa (-) 1/1.840

    O nmero de prtons existentes no ncleo do tomo, tambm chamado de nmero atmico, representado pela letra Z.

    soma das quantidades de prtons e de nutrons existentes no ncleo do tomo d-se o nome de nmero de massa, o qual representado pela letra A.

    Utilizando a tabela peridica, vamos achar qual o nmero atmico e a massa atmica do nitrognio e do sdio.

    Os eltrons giram em torno do ncleo do tomo em locais diversos, que recebem o nome de orbitais, e se localizam em camadas formadas por nveis, que por sua vez so formados por subnveis. O nvel representado pela letra n e o subnvel representado pelas letras s, p, d, f, g h e i. O nmero mximo de eltrons em cada camada 2 n2.

    Na prxima tabela apresentam-se as diversas camadas que os eltrons de um tomo podem ocupar. No se preocupe em decor-la, basta consult-la quando voc precisar.

  • 26 Esgotamento sanitrio - Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto - Nvel 2

    Camada Nvel (n) Nmero de eltrons = 2 n2 Subnvel

    K 1 2 12 = 2 sL 2 2 22 = 4 s pM 3 2 32 = 18 s p dN 4 2 42 = 32 s p d fO 5 2 52 = 50 s p d f gP 6 2 62 = 72 s p d f g hQ 7 2 72 = 98 s p d f g h i

    Se essas informaes so novas para voc e parecem confusas, um exemplo pode ajudar a esclarecer algumas dvidas.

    Vamos juntos distribuir os eltrons do Sdio (Na) para entendermos melhor.

    Anteriormente vimos que o nmero de prtons (nme-ro atmico) do Sdio (Na) igual a 11. Como o nmero de prtons igual ao nmero de eltrons, o Na tem 11 eltrons. A distribuio nas camadas pode ser feita seguindo-se as setas do diagrama de Pauling.

    Camada SubnvelK 1s L 2s 2pM 3s

    1s

    2s

    3s

    4s

    5s

    6s

    7s

    2p

    3p

    4p

    5p

    6p

    3d

    4d

    5d

    4f

    5f

    6d

    Vamos somar os nmeros de eltrons colocados nos subnveis, para conferir!

    =

    A ltima camada de um tomo chamada de camada de valncia. No exemplo, a camada de valncia a M, que possui apenas um eltron no subnvel s.

    Um tomo considerado estvel, quando tem, na ltima camada, oito eltrons. A nica exceo a camada K que possui apenas dois eltrons.

  • Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 27

    Quando o tomo no estvel, pode ganhar ou perder eltrons, ou seja, tem capacidade de ionizar. Quando um tomo perde eltrons, ele se torna um on positivo, pois o nmero de prtons fica maior do que o nmero de eltrons. O on positivo chamado de ction. J quando um tomo ganha eltrons, ele se torna um on negativo e o nmero de prtons fica menor do que o nmero de eltrons. O on negativo chamado de nion.

    Vamos entender melhor! O Clcio (Ca) possui 20 prtons e 20 eltrons (confira na tabela peridica). Quando o Ca perde 2 eltrons, torna-se um ction Ca2+ e passa a ter quantos eltrons?

    A propriedade pela qual um tomo apresenta maior ou menor tendncia de atrair eltrons para si chamada de eletronegatividade. Um tomo pode adquirir estabilidade pela unio com outros tomos, formando assim diversas substncias, que podem ser simples e compostas.

    Sustncia simples formada por tomos de um mesmo elemento.Substncia composta formada por tomos de elementos diferentes em propores especficas.

    Vamos pensar juntos! Voc se lembra do nome de algumas substncias simples ou compostas?

    A combinao de um elemento qumico com outro para formar uma substncia pode acon-tecer por meio de ligaes qumicas que podem ser covalentes, inicas ou metlicas.

    Nas ligaes covalentes, os tomos se associam e h um compartilhamento de eltrons. O Cloro, por exemplo, possui sete eltrons na ltima camada. Quando o Cloro combina com outro Cloro, que tambm possui sete eltrons na ltima camada, ele compartilha um eltron, ficando estvel.

  • 28 Esgotamento sanitrio - Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto - Nvel 2

    Nas ligaes inicas, ou seja, formadas por ons, o ction e o nion tm cargas de sinais contrrios e se associam por atrao eletrosttica. O Sdio, por exemplo, tem um eltron na ltima camada e o Cloro tem sete. Quando os dois se combinam, formando o Cloreto de Sdio (Na+Cl- ), o Sdio cede um eltron para o Cloro, tornando-se um ction e o Cloro recebe o eltron do Sdio, tornando-se um nion.

    Nas ligaes metlicas, os metais podem se unir entre si ou a outros elementos e formar ligas metlicas.

    As substncias formadas por meio de ligaes qumicas podem se transformar em outras substncias atravs de reaes qumicas. Diversas substncias qumicas utilizadas em anlises de laboratrio, quando misturadas com outras, podem reagir, liberando calor e substncias txicas.

    No laboratrio comum utilizarem-se cidos e bases para alterar o valor do pH durante algumas anlises.

    Voc se lembra o que cido e o que base?

    cidos so substncias que, dissolvidas em gua, se ionizam, liberando, na forma de ctions, ons H+.Bases so substncias que, dissolvidas em gua, sofrem dissociao inica, liberando, na forma de nions, ons OH-.

    Vamos pensar juntos! Voc se lembra do nome de alguns cidos ou bases?

    A formao de cidos e bases ocorre por meio de reaes qumicas. Sempre que se fala de reaes qumicas comum ouvir falar sobre nmero de oxidao ou Nox.

  • Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 29

    Voc sabe o que Nox? Voc acha importante, na especificao de uma soluo haver o

    Nox? Por qu?

    Nox o nmero que designa a carga eltrica de um tomo em funo da eletro-negatividade entre ele e o tomo ao qual se ligar, ou seja, est associado perda ou ganho de eltrons por um tomo numa ligao qumica.

    Vimos que o tomo pode adquirir estabilidade por meio da unio com outros tomos, forman-do diversas substncias, que, por sua vez, podem reagir e transformar em outras substncias. Vamos falar agora sobre soluo e as diversas medidas utilizadas em sua quantificao.

    Solues

    Quando se prepara uma soluo para fazer uma determinada anlise, importante ter em mos as especificaes dos produtos que sero utilizados, pois se o teor de pureza de uma substncia varia, a quantidade necessria da substncia no preparo de uma soluo, tambm ir variar.

    Vamos relembrar alguns conceitos que iro contribuir para o entendimento das especificaes dos produtos qumicos, como, tambm, vo auxiliar voc no preparo de uma soluo. No se preocupe em decorar. Em caso de dvida, consulte o guia.

    Soluto o produto que ser dissolvido.Solvente o meio onde o produto ser dissolvido.

    Para trabalhar com solues, utilizam-se medidas em porcentagem e em concentrao conforme ser apresentado a seguir.

    Medidas em porcentagem

    Porcentagem em peso

    Indica a massa em gramas do soluto contida em cada 100 gramas de soluo.

    Vamos fazer o exemplo explicativo, para entender melhor!

  • 30 Esgotamento sanitrio - Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto - Nvel 2

    Se voc dissolver 50g de hidrxido de sdio (NaOH) (soluto) em 200g de gua (H20) (solvente), qual ser a porcentagem em peso do soluto?

    Resolvendo:

    Para obter a massa da soluo final (H20 + NaOH), soma-se a massa do soluto (50g) com a massa do solvente (200g), obtendo-se, assim, uma massa total de 250g.

    Para saber a porcentagem em peso de soluto, deve-se fazer uma regra de trs para achar esse valor.

    Como a medida de porcentagem em peso indica a massa de soluto em 100g de soluo, tem-se em 250g de soluo final, 50g de soluto e em 100g de soluo, um valor que ser chamado de X.

    250g 50g100g Xg

    250 X = 100 50X = 5000/250X = 20g

    Ento:

    Resumindo, neste caso tem-se 20g de soluto para 100g de soluo, ou seja, 20%.

    Porcentagem em volume

    Indica a massa em gramas do soluto contida em cada 100 mililitros de soluo.

    Vamos fazer o exemplo explicativo, para entender melhor!

    Se voc dissolver 50g de hidrxido de sdio (NaOH) (soluto) em gua (H20) (solvente) para obter 200mL de soluo, qual ser a porcentagem em massa do soluto por volume da soluo?

    Resolvendo:

    Para saber a porcentagem de soluto, deve-se fazer uma regra de trs.

    Como a medida de porcentagem em volume indica a massa de soluto em 100 mL de solu-o, tem-se em 200mL da soluo final, 50g de soluto e em 100mL de soluo, um valor que ser chamado de X.

  • Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 31

    Ento: 200ml 50g100ml Xg

    200 X = 100 50X = 5.000/200X = 25g

    Resumindo, neste caso tem-se 25g de soluto para 100mL de soluo, ou seja, 25%.

    Medidas em concentrao

    Concentrao em gramas por litro (g/L)

    Indica a massa em gramas de soluto contida em cada litro de soluo.

    Vamos fazer o exemplo explicativo, para entender melhor!

    Se voc dissolver 50g de Hidrxido de sdio (NaOH) (soluto) em 200mL de gua (solvente), qual ser a concentrao da soluo?

    Resolvendo:

    Para saber a concentrao da soluo, deve-se dividir a massa do soluto (50g) pelo volume da soluo em litros.

    Ento: 50g 200mlxg 1.000ml

    200 X = 50 1.000X = 50.000/200X = 250g

    Resumindo, neste caso tem-se 250g de soluto para 1L de soluo.

    Antes de falarmos de concentrao expressa em molaridade, vamos discutir o que massa molecular e massa molar de um material.

    Massa molecular a soma das massas atmicas de cada elemento que a compe.

    Vamos fazer o exemplo explicativo, para entender melhor!

  • Qual a massa molecular da gua (H2O)?

    Consultando a tabela peridica, acharemos a massa molecular de cada elemento. A massa atmica do H = 1. Como so dois tomos de H, teremos: 2 1 = 2.A massa atmica do O = 16.A massa molecular da gua ser: 2 + 16 = 18.

    Massa molar a massa de um material por unidade de quantidade de matria, cuja unidade g/mol.

    Mol a quantidade de matria de um sistema que contm tantas entidades elementares (tomos, molculas, ons, prtons, eltrons, etc.) quantos so os tomos contidos em 12g de Carbono 12.

    Por meio de experimentos, concluiu-se que a massa de 6,02 x 1023 unidades de massa atmica (u) equivale a um grama.

    A massa de 12g de Carbono 12 contm 6,02 x 1023 tomos. Logo, 1 mol a quantidade de matria de um sistema que contm 6,02 x 1023 entidades elementares.

    Vamos fazer o exemplo explicativo, para entender melhor!

    Qual a massa de 1 mol de tomo de Ferro?

    Consultando a tabela peridica, tem-se que a massa de um tomo de Ferro igual a 56u.Logo, a massa 6,02 x 1023 tomos de ferro ser 6,02 x 1023 x 56u.

    Como 6,02 x 1023 u = 1g, tem-se: 1g x 56 = 56g

    Resumindo, a massa de 1 mol de tomos de Ferro igual a 56g.

    32 Esgotamento sanitrio - Operao e manuteno de sistemas simpli cados de tratamento de esgotos - Nvel 2

  • Concentrao expressa em molaridade (M)

    Representa o nmero de moles de soluto em 1L de soluo. Uma soluo X molar aquela que contm x moles de soluto por 1L de soluo.

    M = m/(PM V)

    onde:

    M = molaridade (M)m = massa do soluto (g)PM = massa molecular (g)V = volume da soluo (L)

    Concentrao expressa em normalidade (N)

    Representa o nmero de equivalente-grama (eq-g) do soluto contido em um litro de soluo.

    Uma soluo 1 normal (1N) aquela que contm 1 equivalente-grama de soluto em 1 litro da soluo, ou seja:

    N = n eq./ V(L)

    onde:

    N = normalidaden eq. = nmero de equivalente grama (g)V = volume (L)

    N = v x M

    onde:

    N = normalidadev = nmero de oxidaoM = Molaridade

    ou

    Equivalente-grama igual ao quociente entre o tomo-grama e a valncia do elemento.

    E = A/v

    onde:

    E = equivalente grama (g)A = tomo-grama (g)v = valncia do elemento

    Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 33

  • 34 Esgotamento sanitrio - Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto - Nvel 2

    Frao molar de um componente (fm)

    o nmero de moles deste componente dividido pela soma de nmero de moles de todos os componentes da soluo. A concentrao pode ser expressa pela relao entre o nmero de moles de soluto e o nmero de moles da soluo.

    fm = n1/(n1+n2)

    onde:

    n1= nmero de moles de soluton2= nmero de moles do solvente

    No se esquea que n = m/PM, ou seja, nmero de moles de um componente (n) a sua massa (m) dividida pela massa molecular (PM).

    A frao molar no tem unidade e a soma das fraes molares de todos os componentes de uma soluo igual a 1.

    Vamos fazer o exemplo explicativo, para entender melhor!

    Uma soluo contm 196g de H2SO4 em 144g de gua. Quais as fraes molares dos compo-nentes da soluo?

    O peso molecular do H2SO4 98g e da gua 18g.n H2SO4 = 196/98 = 2 moles de H2SO4n H2O = 144/18 = 8 moles de H2Ofm H2SO4 = 2/(8 +2) = 0,2fm H2O = 8/(8+2) = 0,8soma = 0,2 + 0,8 = 1

    Quando se prepara uma soluo em que se est utilizando a concentrao expressa em normalidade, deve-se verificar a valncia na especificao do produto que est sendo utilizado.

  • Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 35

    Ttulo (T)

    O ttulo de uma soluo a razo entre a massa de soluto (m1) e a massa da soluo (m = m1 + m2), ambas as medidas na mesma unidade.

    T = m1 / (m1 + m2)

    Pode-se conhecer a porcentagem em massa de soluto na soluo, multiplicando o ttulo por 100, ou seja, P = 100 T.

    Por exemplo:Para T = 0,2P = 100 0,2P = 20%, ou seja, a soluo apresenta 20% em massa de soluto e o restante em massa de solvente (80%).

    H ainda situaes em que, para se calcular uma soluo, h necessidade de se saber a densidade da soluo. Voc se lembra o que densidade?

    Densidade (d)

    A densidade ou massa especfica de uma substncia a sua massa dividida pelo seu volume. Pode ser medida, por exemplo, em gramas por centmetros cbicos (g/cm3) ou em gramas por mililitro (g/mL).

    d = m/V

    onde:

    m = masssa V = volume

    Segundo a Unio Internacional de Qumica Pura e Aplicada - IUPAC, as expresses concentrao em molar ou molaridade no so recomendadas. Sugere-se usar as expresses concentrao e frao em mol para no ocasionar dvidas. Isso deve-se ao fato de que, muitas vezes, o fornecedor do produto deixa de informar alguns dados da soluo, gerando dvidas no profissional, o que pode ocasionar erros durante o preparo das solues. Comentou-se anteriormente sobre molaridade e normalidade, porque ainda h muitas orientaes, quanto ao preparo de solues, nestas concentraes.

  • Depois de revermos alguns conceitos de qumica, vamos interpretar as especificaes de um produto usualmente utilizado no preparo de solues.

    Agora que relembramos alguns conceitos bsicos de qumica e os clculos para preparar uma soluo, podemos discutir sobre a realizao de anlises laboratoriais, mas antes vamos falar de aspectos relacionados a amostragem e preservao de amostras de esgotos. Esses aspectos so de fundamental importncia entre outros para a obteno de resultados confiveis nas anlises laboratoriais.

    36 Esgotamento sanitrio - Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto - Nvel 2

  • Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 37

    Amostragem e preservao

    de amostras

    OBJETIVOS:

    - Refletir sobre a importncia da adequada amostragem e preservao das amostras para a qualidade dos resultados das anlises.

    - Reforar a importncia dos cuidados que devemos ter antes, durante e aps o procedi-mento de coleta de amostras.

    - Discutir sobre programa de monitoramento.

    Nesse conceito chave, discutiremos as maneiras de coletar e preservar amostras de esgoto para diferentes anlises laboratoriais. Voc vai perceber que cuidados simples so essenciais para a obteno de resultados confiveis.

    Discutiremos, tambm, o monitoramento de uma ETE, que tem como objetivo demonstrar a situao da qualidade do esgoto antes e depois de seu tratamento, verificar a eficincia do sistema de tratamento e o atendimento aos limites impostos pela legislao.

    Amostragem

    Vamos iniciar a nossa discusso sobre amostragem a partir das questes apresentadas a seguir.

    Reflita e se manifeste...

    Qual a funo da amostragem? A amostragem pode influenciar a qualidade de uma anlise?

    importante ressaltar que se a amostra coletada no for realmente representativa, a qualidade do mtodo analtico de nada valer para o resultado final.

    A amostragem pretende reproduzir a proporo e a concentrao dos constituintes do esgoto no local que est sendo monitorado. Sendo

    A amostragem consiste na coleta de uma pequena poro do material a ser analisado em volume suficiente e representativo para a realizao das anlises propostas.

  • 38 Esgotamento sanitrio - Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto - Nvel 2

    assim, o manuseio da amostra deve ser feito de maneira adequada, de forma que ela no sofra mudanas significativas em sua composio at o momento da realizao das anlises.

    Tipos de amostras

    Reflita e se manifeste...

    Voc sabe a diferena entre amostra simples e composta? O que voc esperaria dos resultados de anlises provenientes de amos-tragem simples ou composta realizadas em um mesmo momento? Porque em alguns casos recomenda-se a amostragem simples e no a composta?

    Amostras simples so coletadas de um nico local em um curto perodo de tempo (geralmente segundos ou minutos). Esse tipo de amostra apenas indica a composio do material analisado em um dado horrio e local de coleta.

    Amostras compostas so obtidas da combinao de vrias amostras simples, coletadas sucessivamente, em um perodo de tempo regular. Todas as amos-tras so bem homogeneizadas e retira-se, ento, a quantidade de amostra, j composta, necessria para as anlises.

    A seguir so apresentadas as principais vantagens e desvantagens das amostras compostas.

    Vantagens Desvantagens

    Reduo de custo de anlises de um grande nmero de amostras.Maior representatividade da amostra.Aumento do tamanho amostral, quando as quantidades de testes so limitadas.

    Perda da relao entre a anlise e uma amostra individual.Possvel diluio da amostra para limites no detectveis por anlises.Aumento do potencial de interferncias analticas.Aumento da possibilidade de interaes analticas.

    No se deve coletar amostras compostas para anlises microbiolgicas, pois pode ocorrer alguma interferncia durante a coleta. A coleta de amostra para anlise microbiolgica deve ser realizada sempre antes da coleta de qualquer outra coleta, a fim de se evitar contaminao do local de amostragem com frascos ou amostradores no estreis.

  • Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 39

    Mtodos de amostragem

    Reflita e se manifeste...

    Quais mtodos de amostragem so comumente utilizados em seu local de trabalho?

    Os mtodos mais utilizados na amostragem so o manual e o automatizado.

    Amostragem manual: A coleta manual envolve o mnimo de equipamento, mas pode ser bastante trabalhosa e despender um tempo elevado para ser empregado em programas de monitoramento em larga escala. Esse tipo de amostragem requer treino de trabalho de campo e freqentemente necessria para alguns tipos de anlise, como leos e graxas.

    Amostragem automatizada: A coleta automtica realizada por equipamento programado para coletar determinada quantidade de amostra, em uma dada freqncia, em um intervalo de tempo, geralmente de 24h. O amostrador automtico programado de acordo com a necessidade da amostragem. Deve-se ter cuidado com a quantidade de amostra a coletar e com o tamanho dos frascos de coleta, para no transbordar o contedo ou faltar amostra em cada frasco.

    Independentemente do mtodo, o responsvel pela amostragem dever saber com clareza os procedimentos corretos para coleta, de forma a evitar erros durante sua realizao. Alm disso, ele deve ter em mente que a amostra coletada fornecer resultados que serviro para dar informao e at tomar decises.

    Preparo dos recipientes de amostragem

    Os recipientes utilizados para colocar as amostras podem ser de materiais diferentes. Sua escolha depender do parmetro da amostra que ser analisado.

  • 40 Esgotamento sanitrio - Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto - Nvel 2

    Reflita e se manifeste...

    Cite alguns parmetros analisados no local em que voc traba-lha e qual o tipo de recipiente adotado para a coleta da respectiva amostra?Quais cuidados voc toma no preparo dos recipientes para coleta de amostras?

    Todos os materiais (equipamentos de amostragem e recipientes de coleta) que sero utilizados durante a coleta devem estar limpos, de forma a evitar qualquer tipo de contaminao.

    Recomenda-se o uso de recipientes de vidro para todos os compostos orgnicos volteis e semivolteis, leo e graxa e outros, pois algumas substncias podem ser adsorvidas na parede do recipiente, se ele for de pls-tico; e substncias do prprio frasco podem contaminar a amostra.

    Deve-se evitar utilizar materiais de limpeza que contenham, em sua formulao, os agentes a serem investigados nas anlises, por exemplo, detergente em frascos de coleta destina-dos anlise de surfactantes e fosfato. Os frascos destinados a anlise de fosfato devem ser lavados com detergente isento de fosfato e os frascos destinados a anlises de leos e graxas devem ser imersos em detergentes alcalinos a quente. Caso haja necessidade de uma limpeza adicional para realizar determinada anlise, podem-se enxaguar os frascos com soluo de cido sulfocrmico (35 mL de soluo saturada de cido sulfocrmico em 1 L de cido sulfrico esta soluo pode ser reutilizada at mudar de colorao).

    Salienta-se que frascos para armazenar amostras para anlises de coliformes devem ser esterilizados em autoclave.

    importante ressaltar que o tipo de recipiente usado para coletar e armazenar a amostra e a limpeza do mesmo de extrema importncia para a confiabilidade dos resultados das anlises.

    J discutimos a importncia da amostragem, os tipos de amostras e os mtodos de amostragem, vamos abordar agora a preservao das amostras.

  • Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 41

    Preservao das amostras

    A preservao da amostra uma etapa importante que procura minimizar o potencial de volatilizao ou biodegradao no perodo entre a coleta e a anlise.

    Os mtodos de preservao so relativamente limitados e pretendem, geralmente, retardar a ao biolgica, a hidrlise de compostos qumicos e reduzir a volatilidade dos constituintes da amostra.

    Hidrlise: reao de decomposio ou alterao de uma substncia pela gua.

    Voltil: que vaporiza a presso e temperatura ambientes.

    Reflita e se manifeste...

    Como realizada a preservao de amostras de alguns parmetros que voc costuma analisar no seu local de trabalho?O que pode ocorrer quando as amostras no so armazenadas corretamente?

    A maneira como as amostras so armazenadas afetam mais algumas anlises do que outras. Muitos compostos orgnicos so sensveis a mudanas de pH e de temperatura, resultando na alterao das concentraes aps o armazenamento. Para se evitar possveis mudanas nas propriedades da amostra que podem ocorrer em curto perodo de tempo, parmetros como temperatura, gases dissolvidos, pH e alcalinidade devem ser analisados imediatamente aps a coleta de amostras, evitando assim, distores nos resultados.

    Para minimizar o potencial de volatilizao ou biodegradao das amostras at que a anlise seja realizada, imediatamente aps a coleta, as amostras devem ser acondicionadas e refri-geradas em caixas de isopor com gelo (exceto as amostras destinadas medio de OD). Caso no seja possvel analisar as amostras assim que elas chegarem ao laboratrio, necessrio armazen-las preferencialmente na temperatura de 4C.

  • 42 Esgotamento sanitrio - Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto - Nvel 2

    importante ressaltar que quanto mais curto o perodo de tempo entre a coleta e a anlise da amostra, maior a confiabilidade dos resultados, pois nenhum mtodo de preservao inteiramente satisfatrio.

    As substncias qumicas para preservao das amostras devem ser utilizadas apenas quando elas no interferirem na anlise. Procure sempre coloc-las dentro do recipiente de amostra-gem antes da coleta, pois dessa maneira, toda a amostra ser preservada aps a coleta.

    Reflita e se manifeste...

    Voc sabe o que significa fazer a ambientalizao da amostra e qual a importncia desse procedimento? Voc realiza esse procedimento? Como?

    Quando no houver nenhum conservante dentro do recipiente, deve-se fazer a ambienta-lizao da amostra, que consiste em coletar um pouco do contedo que ser amostrado e enxaguar o recipiente, para s depois colocar a amostra no recipiente.

    Sugere-se que se colete sempre um volume de amostra maior, para casos em que seja neces-srio repetir alguma anlise. Dependendo da anlise a ser realizada, o recipiente deve ser totalmente preenchido com amostra (maioria das determinaes de compostos orgnicos) ou deve-se deixar um espao para aerao e mistura (anlises microbiolgicas e inorg-nicas). Se o frasco j possuir conservante, deve-se ter cuidado para no ench-lo demais com amostra, seno pode-se perder ou diluir o conservante, o que poderia comprometer a eficincia da preservao da amostra.

    Vamos discutir alguns importantes procedimentos em campo que precisam ser adotados na coleta de amostras.

  • Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 43

    Procedimento em campo

    Reflita e se manifeste...

    Quais so os cuidados adotados em seu trabalho durante o proce-dimento de coleta?

    Durante o trabalho de campo, o profissional deve anotar, em um caderno de registro, todas as condies do ambiente. As condies atmosfricas, problemas no sistema e outros fatos rotineiros podem, futuramente, explicar resultados.

    As medidas obtidas em campo (pH, temperatura, oxignio dissolvido etc.) devem ser medidas em alquotas de amostras diferentes das destinadas para anlises laboratoriais, evitando-se assim a contaminao da amostra.

    Para o preparo do material necessrio para a coleta o tcnico deve observar os seguintes itens:Conferir se o nmero de recipientes suficiente para o nmero de amostras que sero coletadas.Calibrar todos os equipamentos que sero utilizados.O reagente ou soluo que ser utilizado para preservao ou fixao da amostra deve estar dentro do prazo de validade e ser transportado na posio vertical, para no derramar ou quebrar.Verificar se h gelo suficiente para manter a amostra preservada at chegar ao laboratrio.Selecionar os frascos adequados para o armazenamento das amostras.Levar bolsa de primeiros socorros devidamente identificada.Levar reagentes neutralizantes das solues de preservao e fixao em caso de derramamento.Identificar os recipientes das amostras com etiquetas apropriadas.Levar um caderno de registros e anotar o maior nmero possvel de dados sobre a coleta.

    J aps a coleta, devem-se ter os seguintes cuidados com as amostras:Selar as amostras de forma que elas no sejam abertas sem autorizao, antes da anlise.Preencher o livro de campo com todas as informaes pertinentes amostra, como propsito da amostra ou parmetro a ser analisado, local de coleta, data, hora, nome e endereo do contato no campo e outros dados importantes.Ter sempre algum no laboratrio para receber as amostras coletadas.

  • 44 Esgotamento sanitrio - Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto - Nvel 2

    O que voc acha que deveria ser escrito na etiqueta de identificao das amostras?

    Vamos juntos elaborar uma etiqueta de identificao das amostras!

    Uma das principais questes a ser considerada na coleta de amostras consiste na utilizao correta dos Equipamentos de Proteo Individual (EPI), como botas, luvas e jalecos.

    Outra questo que merece cuidado o transporte das amostras. Essas devem ser acondi-cionadas em caixa de isopor, em frascos bem vedados para evitar vazamento, e levadas em outra parte do veculo (bagageiro). Se os frascos forem de vidro, deve ser utilizada alguma proteo contra impactos. Como alguns reagentes de preservao possuem carter cido ou bsico aconselha-se, tambm, ateno redobrada ao manipular esses reagentes.

    Discutidos a amostragem e a preservao de amostras. Agora, vamos tratar do monitora-mento dos sistemas de tratamento de esgotos.

    Monitoramento

    O efetivo controle operacional de qualquer sistema de tratamento de esgotos s poder ser alcan-ado atravs da implementao de um adequado programa de monitoramento do sistema.

    Esse programa de monitoramento deve ser amplo o suficiente para incluir todos os aspectos relevantes operao do sistema de tratamento, sem perder de vista, no entanto, a realidade local e a disponibilidade de recursos humanos e materiais.

    Nesse contexto, a realizao de anlises fsico-qumicas e microbiolgicas, em conjunto com o levantamento de uma srie de informaes relativas ao funcionamento do sistema, de extrema importncia para o bom funcionamento dos sistemas de tratamento de esgotos.

  • Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 45

    Atividade em grupo...

    Descrever o programa de monitoramento do local em que voc trabalha, considerando os seguintes aspectos:

    Parmetros monitorados.Mtodos analticos.Seleo dos pontos de amostragem.Tipos de amostras.Freqncia de amostragem.Mtodos de coleta das amostras.Mtodo de preservao das amostras.Mtodos de controle de qualidade dos dados obtidos.

  • 46 Esgotamento sanitrio - Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto - Nvel 2

    Para avaliao ao longo do tempo do impacto do lanamento dos esgotos e do atendimento legislao, devem ser efetuadas, no mnimo, as amostragens listadas a seguir.

    ETE

    EFLUENTE

    AFLUENTE

    MONTANTE

    CORPO DGUA

    JUSANTE

    AmostraPonto de amostragem

    Objetivo comentrio

    Esgotos

    Afl uente ETE

    Verifi cao do atendimento ao padro de lanamento, com relao ao quesito de efi cincia mnima de remoo de poluentes.Dados para controle operacional.

    Efl uente ETE

    Verifi cao do atendimento ao padro de lanamento, com relao aos limites de concentrao permitidos pela legislao.Dados para controle operacional.

    Curso dgua receptor

    Montante do lanamento

    Conhecimento das caractersticas do corpo dgua sem o lanamento dos esgotos.Avaliao da alterao provocada pelo lanamento dos esgotos.

    Jusante do lanamento

    Verifi cao do atendimento ao padro de qualidade do corpo dgua.Avaliao da alterao provocada pelo lanamento dos esgotos.A amostra dever ser representativa das condies de mistura esgoto-rio.Poder haver mais de um ponto de amostragem a jusante, de forma a avaliar o impacto em uma maior distncia do lanamento.

    Diversos rgos ambientais estabelecem um programa de automonitoramento onde de responsabilidade do empreendedor a amostragem, a anlise e o relato da eficincia da ETE. Cada rgo ambiental solicita os parmetros, a freqncia de amostragem e a periodicidade

  • Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 47

    de relatrios. Assim, ocorre uma parceria entre o empreendedor e o rgo ambiental, onde ambos trabalham em prol do meio ambiente.

    Apresentamos sugestes de monitoramento para algumas unidades de sistema de trata-mento de esgoto.

    Parmetro Unidade

    Freqncia de monitoramento

    afl uente gradeamentoCaixa de

    areiaMedidor Parshall

    Efl uente preliminar

    Vazo (L/s) diriaSlidos (L/d) diriaAreia (L/d) diriaTemperatura C diriapH diria

    Slidos sedimentveis (mL/L) diria diria

    Tratamento preliminar

    Fonte: Chernicharo 2007

  • Local Parmetro Freqncia

    Esgoto bruto

    DBO semanalDQO semanalSS semanalSSV semanalNTK semanalpH diriaAlcalinidade semanalE. coli semanal

    Efl uente primrioDBO semanalDQO semanalSS semanal

    Reator

    Temperatura diria

    OD diria ou contnua

    SS diria ou contnua

    SSV semanalNitrato semanalIVL diria

    Lodo de retorno SS diria

    Efl uente fi nal

    DBO semanalDQO semanalSS semanalSSV semanalNTK semanalAmnia semanalNitrito semanalNitrato semanalpH diriaColiformes semanal

    Fonte: Chernicharo 2007

    Lodos ativados (fase lquida)

    48 Esgotamento sanitrio - Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto - Nvel 2

  • Local Parmetros Freqncia

    Esgoto bruto

    Vazo diriaTemperatura do lquido diriapH diriaSlidos sedimentveis diriaDBO semanalDQO semanalE. coli semanalSS semanalSSV semanalNitrognio orgnico mensalAmnia mensalFsforo mensalsulfato mensalsulfeto mensalAlcalinidade mensalleos e graxas mensal

    Lagoa facultativaTemperatura diriaDQO semanalSS semanal

    Lagoa aeradaTemperatura diriapH diriaOD diria

    Efl uente fi nal

    Vazo diriaTemperatura do lquido diriapH diriaSlidos sedimentveis diriaDBO semanalDQO semanalDQO / DBO fi ltrada semanalE. coli semanalSS semanalSSV semanalNitrognio orgnico mensalAmnia mensalNitrato mensalFsforo mensalsulfato mensalsulfeto mensalleos e graxas mensal

    Lagoas de estabilizao

    Fonte: Adaptado Von Sperling (2002)

    Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 49

  • 50 Esgotamento sanitrio - Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto - Nvel 2

    Parmetro Unidade

    Freqncia de monitoramento

    Afl uenteUASB

    Separadortrifsico

    Mantade lodo

    Efl uenteUASB

    Slidos sedimentveis mL/L diria diria

    SST mg/L semanal semanalDQO total mg/L semanal semanalDBO total mg/L quinzenal quinzenalProduo de biogs m3/d diriaE. coli NMP/100 mL quinzenal quinzenal

    Ovos de helmintos Ovo/L quinzenal quinzenal

    Temperatura C diria diriapH diria diriaAlcalinidade mg/L semanal SemanalAGV mg/L semanal semanal

    Composio do biogs % CO2 mensal

    ST mg/L semanalSTV mg/L semanalAME gDQO/gSV.d mensalEstabilidade do lodo gDQO/gSV.d mensalIVL (diludo) mL/g mensal

    Fonte: Chernicharo 2007

    Reatores anaerbios de fluxo ascendente e manta de lodo

    Voc concorda com os pontos de amostragem e os parmetros analisados para os sistemas

    de tratamento apresentados? Voc acha que a freqncia de monitoramento apresentada

    adequada?

    O quadro ao lado sintetiza as recomendaes do Standard Methods for analisys of water and wastewater para coleta de amostras considerando os parmetros mais comuns para anlises de esgotos, o recipiente, o volume de amostra necessrio para as anlises, o tipo de amostragem, a forma de conservao, bem como o perodo admissvel entre a coleta e a anlise.

  • Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 51

    Parmetros RecipienteVolume deamostra

    Tipo deamostragem

    ConservaoPerodoentre coletae anlise

    Observaes

    Alcalinidade Plsticoou vidro 200 Simples Refrigerar 24 horas

    Reduzir ao mximo a exposio ao ar. Encher totalmente o frasco com a amostra

    DBO Plstico ou vidro 1000Simples oucomposta Refrigerar 6 horas

    Carbonoorgnicototal

    Plstico ou vidro 100

    Simples oucomposta

    Analisar imediatamente;ou refrigerar e adicionarHCl, H3PO4, ou H2SO4no pH

  • 52 Esgotamento sanitrio - Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto - Nvel 2

    Parmetros RecipienteVolume deamostra

    Tipo deamostragem

    ConservaoPerodoentre coletae anlise

    Observaes

    pH Plstico ou vidro 50 SimplesAnalisar imediatamente 0,25 horas

    Usualmente medido em campo

    Fosfato Vidro lavado com HNO3 100 SimplesPara fosfato dissolvido,fi ltrar imediatamente;refrigerar

    48 horas

    FsforoTotal

    Plstico ou vidro 100

    Simples oucomposta

    Adicionar H2SO4no pH

  • Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 53

    Caracterizao fsico-qumica

    e microbiolgica

    OBJETIVOS:

    - Reforar coletivamente os cuidados com a segurana pesso-al no laboratrio.

    - Refletir sobre a conduta durante os procedimentos laboratoriais e as possveis fontes de erro nas anlises.

    - Relembrar os princpios das anlises fsico-qumicas e microbiolgicas do esgoto.

    - Discutir e inter-pretar os resulta-dos das anlises laboratoriais.

    Nesse conceito chave vamos discutir as principais anlises realizadas para a caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgotos.

    Antes de iniciar as discusses sobre anlises laboratoriais, necess-rio termos conscincia de cuidados bsicos que devem ser tomados para garantir a segurana pessoal nos laboratrios e para a confia-bilidade dos resultados das anlises.

    Cuidado com a segurana pessoal no laboratrio

    Reflita e se manifeste...

    Voc j ouviu falar o termo biossegurana? O que ele significa?

    Termos como segurana no trabalho, risco, toxicidade, acidentes, preveno de acidentes e equipamentos de segurana so muito empregados quando se trata de segurana em laboratrios.

    Voc sabe o significado desses termos?

    Segurana no trabalho o conjunto de medidas tcnicas, adminis-trativas, educacionais, mdicas e psicolgicas que so empregadas para prevenir acidentes, quer eliminando condies inseguras do ambiente, quer instruindo ou convencendo pessoas na implantao de prticas preventivas.

    Risco o perigo a que determinado indivduo est exposto ao entrar em contato com um agente txico ou certa situao perigosa.

  • 54 Esgotamento sanitrio - Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto - Nvel 2

    Voc conhece o mapa de risco do laboratrio em que voc trabalha?

    Mapa de Risco uma representao grfica de um conjunto de fatores presentes nos locais de trabalho, capazes de acarretar prejuzos sade dos trabalhadores: acidentes e doenas de trabalho. Tais fatores tm origem nos diversos elementos do processo de traba-lho (materiais, equipamentos, instalaes, suprimentos e espaos de trabalho) e a forma e organizao do trabalho (arranjo fsico, ritmo de trabalho, mtodo de trabalho, postura de trabalho, jornada de trabalho, turnos de trabalho, treinamento etc.)

    Voc sabe os riscos de contaminao que existe em sua rotina de coleta e anlises de amos-

    tras de esgoto? Voc sabe a quantos e a quais agentes perigosos voc est exposto durante

    um procedimento de coleta e anlises de amostras de esgoto?

    As amostras de esgoto podem conter diversos tipos de contaminantes potencialmente prejudiciais sade humana. Antes de iniciar qualquer rotina laboratorial, essencial que os laboratoristas e seus auxiliares recebam vacinas especiais para proteo em relao s doenas de veiculao hdrica potencialmente presentes nas amostras. As vacinas especiais so, principalmente, para: febre tifide, ttano e hepatite A. Assim, se houver contato direto acidental entre o laboratorista e a amostra, ser minimizada o potencial de desenvolvimento de doenas por esse motivo.

    Toxicidade qualquer efeito nocivo que advm da interao de uma substncia qumica com o organismo.

    Acidentes so todas as ocorrncias no programadas, estranhas ao andamento normal do trabalho, das quais podero resultar danos fsicos ou funcionais e danos materiais e econmicos Instituio.

    Preveno de acidentes o ato de se por em prtica as regras e medidas de segurana, de maneira a se evitar a ocorrncia de acidentes.

    Simbologia das CoresNo mapa de risco, os riscos so representados e indicados por crculos coloridos de trs tamanhos diferentes, a saber:

    Risco Qumico Leve Risco Mecnico Leve

    Risco Qumico Mdio Risco Mecnico Mdio

    Risco Qumico Elevado Risco Mecnico Elevado

    Risco Biolgico Leve Risco Ergonmico Leve Risco Fsico Leve

    Risco Biolgico Mdio Risco Ergonmico Mdio Risco Fsico Mdio

    Risco Biolgico Elevado Risco Ergonmico Elevado Risco Fsico Elevado

  • Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 55

    Equipamentos de segurana so os instrumentos que tm por finalidade evitar ou amenizar riscos de acidentes. Os equipamentos de segurana individuais (EPI) mais usados para a preveno da integridade fsica do indiv-duo so: culos de proteo, mscaras, luvas, aventais, botas de borracha etc. Existem tambm equipamentos tais como capelas de fluxo laminar e exausto, chuvei-ros de emergncia e lava olhos, extintores de incndio, recipientes para rejeitos, recipientes especiais para trans-porte de material contaminado e blindagens plsticas que protegem a coletividade (EPC).

    Reflita e se manifeste...

    Algum j sofreu ou presenciou acidente em laboratrio? Como proce-deu nesse caso? O uso de EPI ou EPC poderia ter evitado o acidente?

    Em caso de situaes de emergncia as primeiras atitudes a serem tomadas so: manter-se calmo, avisar ao responsvel pelo laboratrio e pedir ajuda.

    Procure no mover a vtima do local, exceto em casos de fumaa, fogo ou outras condies adversas.

    Em laboratrios comum ocorrerem ferimentos. Antes de fazer o curativo, lavar as mos com gua e sabo; lavar a parte atingida com gua e sabo, removendo do local do feri-mento toda e qualquer sujeira; e cobrir o ferimento com pano limpo ou gaze esterilizada e esparadrapo. Em caso de jorrar sangue, faa compresso no local por 10 minutos e v ao pronto-socorro.

    Em caso de queimadura qumica, o local deve ser lavado imediata-mente (chuveiros de emergncia) com gua corrente, sem esfregar com fora, at que no haja mais resduos. Esse procedimento deve levar, pelo menos, 15 minutos. Remova as roupas encharcadas de produtos qumicos. Se necessrio, corte-as para que possam sair mais depressa. Lave a regio com bastante gua corrente. Se a quan-tidade de agente qumico for excessiva, procure um pronto-socorro imediatamente.

  • 56 Esgotamento sanitrio - Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto - Nvel 2

    Se o produto qumico atingir os olhos, abra delicadamente as plpebras para que a gua se espalhe por baixo delas e sobre o globo ocular. Faa este procedimento por, pelo menos, 20 minutos. Em seguida, cubra-os com uma gaze e procure um pronto-socorro imediatamente.

    Atividade em grupo...

    Vamos associar medidas de boa prtica laboratorial com suas respec-tivas conseqncias.

    Ao Reao

    1: Conhecer o Mapa de Riscos do seu local de trabalho ( ): Proteger-se individual e coletivamente em caso de acidente

    2: No fumar. ( ): Evitar a inalao de vapores prejudiciais sade

    3: No se alimentar. No mascar chiclete e no ingerir lquidos nos laboratrios.

    ( ): No atingir voc mesmo ou outras pessoas com vapores ou respingos de reagentes

    4: No armazenar substncias qumicas incompatveis no mesmo local.

    ( ): No contaminar todo o reagente do frasco, evitan-do desperdcio e prejuzo para a qualidade da anlise

    5: No abrir qualquer recipiente antes de reconhecer seu contedo pelo rtulo. Conhecer os smbolos ( ): Evitar falta de socorro em caso de acidente

    6: No tirar rtulo de reagentes. ( ): Evitar contaminaes de objetos pessoais

    7: No tentar identifi car um produto qumico pelo odor nem pelo sabor ( ): Evitar reaes ou exploses indesejadas

    8: No retornar reagentes aos frascos de origem; usar pequenas quantidades para evitar desperdcio

    ( ): Aumentar a vida til do equipamento e minimizar possibilidade de acidentes

    9: No adicionar gua aos cidos, mas sim os cidos gua

    ( ): Utilizar reagentes identifi cados e dentro do prazo de validade infl uencia a qualidade da anlise

    10: No direcionar a abertura de frascos para voc mesmo ou para outros

    ( ): Evitar a quebra de vidraria e conseqentes ferimentos

    11: Os ps devem estar protegidos com sapatos fechados; no trabalhar de sandlias ou chinelos no laboratrio

    ( ): Evitar a exposio a agentes txicos ou explosivos sem a proteo adequada. H reagentes que so altamente txicos, embora no emitam odor

    12: No abandonar seu experimento, sem identifi c-lo, principalmente noite, e encarregar uma pessoa qualifi cada para seu acompanhamento

    ( ): Evitar riscos de acidentes no laboratrio durante a ausncia da equipe de trabalho

    13: No se distrair, durante o trabalho no laboratrio, com conversas, jogos ou ouvindo msica alta, principalmente com fones de ouvido

    ( ): Melhorar a qualidade da anlise laboratorial, evitando a prpria contaminao e a de outras pessoas

  • Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 57

    Ao Reao

    14: Evitar trabalhar sozinho no laboratrio; avise Portaria quando trabalhar tarde da noite ou nos fi nais de semana, para que os vigias visitem periodicamente o local

    ( ): Evitar ingesto de partculas contaminadas e a disseminao de alimento para artrpodes ou outros animais

    15: Informar sempre seus colegas quando for efetuar uma experincia potencialmente perigosa

    ( ): Agilizar a disponibilidade de socorro em caso de acidente

    16: Aprender a usar corretamente os EPI e EPC (equipamentos de proteo individual e coletiva) disponveis no laboratrio: luvas, mscaras, culos, aventais, sapatos, capacetes, capelas, blindagens

    ( ): Minimizar impactos ao sistema de tratamento de esgoto, ao ambiente e sade pblica

    17: Utilizar a capela de exausto sempre que efetuar uma reao ou manipular reagentes que liberam vapores

    ( ): Evitar inalao de agentes txicos e intoxicao via oral

    18: Conhecer o funcionamento dos equipamentos, antes de oper-los

    ( ): Evitar contaminao da amostra e contaminao prpria

    19: Lubrifi car os tubos de vidro, termmetros etc. antes de inseri-los em rolhas e mangueiras

    ( ): Evitar exposio dos ps a eventuais derramamentos ou respingos de amostras com agente patognico ou reagentes corrosivos

    20: Manter uma lista atualizada de telefones de emergncia em locais visveis no laboratrio

    ( ): Evitar erros no procedimento das anlises e evitar acidentes

    21: Seguir as instrues do laboratrio para descartar os resduos das substncias qumicas e agentes biolgicos; informe-se dos procedimentos junto s Comisses pertinentes

    ( ): Favorecer medidas de ateno para solicitar auxlio em caso de acidentes

    22: Se tiver cabelos longos, leve-os presos ao realizar qualquer experincia no laboratrio

    ( ): Saber os riscos a que voc se expe em sua rotina

    23: Evitar colocar na bancada de laboratrio, bolsas, agasalhos ou qualquer material estranho ao trabalho. Tenha sempre no laboratrio um lugar apropriado para pertences pessoais

    ( ): Evitar reao altamente exotrmica com potencial explosivo

    24: Verifi car, ao encerrar suas atividades, se no foi esquecido aparelhos ligados (bombas, motores, mantas, chapas, gases, banho-maria, etc.) e reagentes ou resduos em condies de risco

    ( ): Evitar que seu experimento seja descartado e evitar a desorganizao do ambiente de trabalho

    25: Manter o laboratrio limpo e em ordem ( ): No contaminar amostras com fumaa e evitar exploses

    26: Lavar as mos, antes e aps o experimento ( uma medida simples e extremamente importante para evitar acidentes)

    ( ): Facilitar a organizao da rotina de trabalho

  • 58 Esgotamento sanitrio - Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto - Nvel 2

    Voc acha que foi citada alguma medida de segurana desnecessria? Voc utiliza alguma

    outra medida de segurana e boas prticas laboratoriais? Quais?

    Smbolos de risco

    Uma das medidas de boas prticas laboratoriais, trabalhadas na atividade anterior, fazia referncia necessidade de se conhecer os significados dos smbolos de risco, que aparecem no rtulo dos produtos qumicos.

    Voc sabe quais so esses smbolos e para que servem?

    Smbolo Classifi cao e Precauo Exemplos

    Classifi cao:

    Precauo:

    Classifi cao:

    Precauo:

    Classifi cao:

    Precauo:

    Classifi cao:

    Precauo:

  • Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 59

    Smbolo Classifi cao e Precauo Exemplos

    Classifi cao:

    Precauo:

    Classifi cao:

    Precauo:

    Classifi cao:

    Precauo:

    Disposio dos resduos de laboratrio

    Outra questo levantada na atividade em grupo anterior foi a disposio adequada dos resduos gerados em laboratrio.

    O laboratrio onde voc trabalha d destino adequado para os resduos gerados?

    O primeiro procedimento para eliminar de forma adequada os resduos de laboratrio, conhecer as principais caractersticas do produto ou subproduto a ser eliminado. Os res-duos de laboratrio devem ser identificados, acondicionados em recipientes apropriados e ter destinao adequada. A forma de destinao final varia conforme as caractersticas de cada resduo.

  • 60 Esgotamento sanitrio - Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto - Nvel 2

    A Norma Brasileira (NBR 7500) da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) trata dos smbolos de risco e manuseio para o transporte e armazenamento de materiais.

    Vamos tratar de alguns detalhes simples que podem influenciar as anlises laboratoriais e a veracidade do resultado encontrado.

    Cuidados laboratoriais para garantir a confiabilidade das anlises

    Durante o preparo de solues e execuo das anlises, podem ocorrer falhas que prejudi-cam os resultados finais. Algumas delas fogem do controle do tcnico de laboratrio, como o comportamento qumico ou fsico no desejado dos reagentes, reaes que so muito lentas, reaes que no se completam e instabilidade de alguns reagentes. J outras falhas esto diretamente ligadas ateno e ao cuidado do responsvel pela execuo de anlises.

    Reflita e se manifeste...

    Quais so os erros mais comuns em sua rotina de laboratrio? A que voc atribui os principais erros que acontecem? Quais so as medidas que voc toma para que os resultados das anlises sejam plenamente confiveis?

    A seguir apresentamos alguns cuidados relacionados limpeza das vidrarias, preparo das solues, medio correta do volume do reagente necessrio para provocar a mudana de cor do indicador que acusa o final da reao e calibrao dos equipamentos utilizados, de forma a garantir o sucesso das anlises.

    Limpeza de vidrarias

    Uma medida bastante simples, que pode auxiliar a obteno de uma melhor qualidade das anlises, o cuidado com a limpeza das vidrarias a serem utilizadas durante o procedimento.

    Toda a vidraria utilizada para a realizao das anlises deve ser lavada com detergente apropriado e enxaguada em gua corrente. Vidrarias mal enxaguadas podem contaminar a amostra e alterar

  • Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 61

    o valor que seria ento encontrado. Aps lavar os materiais, deixe escorrer a gua e depois coloque na estufa a 104 C para secar.

    Alm disto, dependendo do parmetro que ser analisado, devem-se ter alguns cuidados especiais com o material que ser utilizado, como: enxaguar com gua deionizada; usar cido ntrico 1:1 ou soluo sulfocrmica 3%, ou cido clordrico 1:1, para remover resduos das vidrarias de substncia que no foram retiradas durante a lavagem com detergente e/ou resduos do prprio detergente. Nesse caso, deve-se encher o frasco de cido, deixar um tempo e depois esvazi-lo. Sempre que se usar o cido ou soluo para a limpeza das vidrarias deve-se enxaguar com gua deionizada.

    A seguir so apresentadas vidrarias que so usadas em laboratrio. Correlacione a vidraria com o nome correspondente.

    (1) Erlenmeyer(2) Kitazato(3) Funil de separao(4) Funil de Bchner

    (5) Prato de Petri(6) Bequer(7) Pipeta graduada(8) Tubos de ensaios

    (9) Funil(10) Cpsula de porcelana(11) Balo volumtrico(12) Bureta

    (13) Pisseta(14) Proveta

  • 62 Esgotamento sanitrio - Amostragem, preservao e caracterizao fsico-qumica e microbiolgica de esgoto - Nvel 2

    Agora que voc j identificou as vidrarias, comente em quais anlises elas so utilizadas e qual a funo delas.

    Preparo de soluo

    Ao se preparar solues deve-se tomar bastante cuidado. Erros de clculos de concentrao, bem como pesagem de soluto sem o rigor analtico (nmero de casas decimais) exigido por cada mtodo, podem levar a alteraes da densidade e da concentrao das solues preparadas, aumentando a chance de erro nas anlises.

    Quais cuidados voc toma ao preparar uma soluo?

    Alguns cuidados devem ser tomados durante a pesagem, como: a temperatura do objeto a ser pesado deve ser prxima temperatura da balana; cada passo na pesagem deve ser realizado com calma, considerando-se uma necessidade de tempo para a balana entrar em equilbrio; o objeto deve ser pesado no centro da balana para evitar erros; as janelas da balana devem estar fechadas durante a pesagem.

    Outro ponto que merece ateno a posio do menisco. As leituras dos volumes devem ser realizadas, considerando-se a posio do menisco inferior marca do volume na vidra-ria, quando a soluo for incolor, e posio do menisco superior, quando a soluo for colorida.

    Pequenos erros de medio do menisco podem acumular-se durante a anlise, o que tambm aumenta a chance de comprometimento da qualidade do resultado a ser obtido.

    A preparao da gua que ser utilizada para diluio dos re