CARTILHA: SAÚDE NA ESCOLA - UM PROCESSO EDUCATIVO … · Desejamos que esta cartilha seja um...

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Universidade Federal de Mato Grosso Grupo de Pesquisas Multiprofissionais em Educação e Tecnologias em Saúde (PEMEDUTS) Faculdade de Medicina CARTILHA: SAÚDE NA ESCOLA - UM PROCESSO EDUCATIVO PARA CONSTRUÇÃO SOCIAL DA SAÚDE CUIABÁ MT 2020

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Universidade Federal de Mato Grosso

Grupo de Pesquisas Multiprofissionais

em Educação e

Tecnologias em Saúde (PEMEDUTS)

Faculdade de Medicina

CARTILHA: SAÚDE NA ESCOLA - UM

PROCESSO EDUCATIVO PARA

CONSTRUÇÃO SOCIAL DA SAÚDE

CUIABÁ – MT

2020

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Organizadores

Prof. Dr. Neudson Johnson Martinho (Coordenador do Grupo de Pesquisas

PEMEDUTS e do Projeto “Diálogo e Práxis: Inovando práticas pedagógicas

em Educação em Saúde nas Escolas”.

Mestre em Saúde Comunitária e Doutor em Educação. Docente adjunto da

Faculdade de Medicina da UFMT.

Profª. Magali Olivi. Doutora em Educação. Docente adjunto da Faculdade de

Enfermagem da UFMT.

Diana Nunes Pavão Menezes – Enfermeira Graduada na UFMT. Hoje enfermeira

no Estado do Pará.

Richard Lopes da Silva – Enfermeiro. Funcionário do HUJM/UFMT.

Ugolina Cezária da Cruz – Assessoria Programa Escola com Saúde – Secretaria

Municipal da Educação de Cuiabá – MT.

Cuiabá- MT

2020

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Colaboradores - Profissionais do Programa Escola com Saúde da SMS

de Cuiabá – MT:

Andréia Duarte Garcia

Ana Maria de Arruda

Cleide Auxiliadora Oliveira Silva

Éderson Botelho Ramos

Elisete Auxiliadora Nunes de Souza

Esmael Pereira dos Santos

Hannah Lucia da Silva Araújo

Herondina Moreira Tavares do Couto

Izabel Cristina de Arruda

Jacqueline Jará da Silva

Joanil Botelho Ramos

Karina Borges

Léia Lima de Oliveira

Luciana Cintra Mota de Carvalho

Maria Fernanda Hom

Mariana Samiti Hayaashi

Mariany Gaiva Taques

Mariceli Brandão Silva Camargo

Marli Alexandrina Dias

Michelle Jesus do Nascimento

Nesmorena G. Preza

Patrícia Costa e Souza

Paula Vieira Muller

Rosymeyre Saldanha de Almeida

Suelen Nobre da Cruz

Vasco Vieira de Vasconcelos Neto.

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Prefácio

As práticas educativas em saúde no contexto da escola devem ser construídas junto

aos diversos atores sociais envolvidos no universo educativo (Alunos, Comunidade,

Professores, Gestores, Funcionários).

Pensar em educar para saúde no contexto escolar não é mais implementar apenas

ações burocráticas, assistenciais, tarefeiras, pontuais e isoladas. Mas, sobretudo é

construir estratégias educativas que consigam ser significativas no cotidiano da sala de

aula, sendo transversal a todo o processo de ensino – aprendizagem em um movimento

de circularidade pedagógica que promova a participação ativa e desperte a co-

responsabilidade de todos os sujeitos do universo escolar na busca da promoção da saúde

e prevenção de doenças, visando uma aprendizagem mais humana e com qualidade desde

a infância.

Considerando ser a escola um espaço privilegiado para promoção da saúde e

prevenção de agravos e doenças, elaboramos essa cartilha, a qual é produto da execução

de um Projeto de Extensão denominado “Diálogo e Práxis: Inovando práticas

pedagógicas em Educação em Saúde nas Escolas”, desenvolvido pelo Grupo de

Pesquisas Multiprofissionais em Educação e Tecnologias em Saúde (PEMEDUTS) da

Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) / campus

Cuiabá, em parceria com as Secretarias Municipais de Educação e Saúde.

Objetivamos com esta cartilha socializar experiências exitosas desenvolvidas em

duas escolas municipais de Cuiabá - MT, desvelando metodologias ativas utilizadas que

facilitam a abordagem de temáticas junto com as crianças e adolescentes, podendo ser

reprodutiva em por professores de escolas ou creches, educadores sociais ou profissionais

de saúde em atividade na ambiência escolar ou outros equipamentos sociais.

Sob o ponto de vista social e profissional, acreditamos que esta produção educativa

reveste-se de significativa relevância, considerando que poderá contribuir para mudanças

à médio e longo prazo no contexto da saúde dos escolares da cidade de Cuiabá – MT,

quiçá em outras cidades do Estado de Mato Grosso ou em outros locais do Brasil

despertando novos olhares sobre potenciais práticas nesta bela missão que é educar em

saúde, de modo específico as nossas crianças e adolescentes, esperança da nossa nação.

Desejamos que esta cartilha seja um estímulo para que outras atividades e projetos

similares sejam desenvolvidos, tendo em vista que nenhum conhecimento é acabado,

porque sendo o mundo é inacabado, todos nós estamos sempre em um constante devir –

a - ser.

Prof. Neudson Johnson Martinho

Doutor em Educação/UFMT

Docente da Faculdade de Medicina/UFMT

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Apresentação

Esta cartilha vem legitimar uma frase do educador Paulo Freire, quando o mesmo

dizia que “ apesar das dificuldades, a mudança é possível de acontecer”. Frente a todos

os obstáculos financeiros, políticos, técnicos, o projeto de extensão “Saúde na Escola” foi

desenvolvido e dele nasce esta cartilha, fruto das ações implementadas junto aos

escolares, acreditando que a médio e longo prazo poderão ocorrer mudanças no universo

destas escolas e de todos os atores sociais nelas envolvidos (alunos, famílias, professores

e gestão escolar).

Apresentá-la é uma honra e um prazer, tendo em vista a intencionalidade que a

permeia: Auxiliar a equipe de profissionais da saúde que atuam no Programa Escola com

Saúde (PES) do município de Cuiabá, socializando novas abordagens ativas de Educação

em Saúde.

Com a proposta de realizar atividades educativas atrativas aos alunos das escolas

municipais de ensino fundamental, o coordenador do projeto junto com os participantes

selecionaram sete (07) dinâmicas que foram utilizadas dentre várias outras nos encontros

com a equipe de profissionais do PES, escolares e professores.

As dinâmicas subsidiaram as rodas de conversas realizadas nas escolas por

estudantes da UFMT membros do Grupo de Pesquisas PEMEDUTS, sob orientação do

coordenador do referido projeto. Elas demonstram como abordar de forma lúdica os

assuntos sobre saúde na ambiência escolar, possibilitando uma participação dialógica e

ativa de todos no processo educativo (crianças, adolescentes, professores, gestores

escolares).

A materialização do projeto de extensão sobre saúde na escola nesta cartilha,

contribui no fortalecimento das ações possibilitadoras para o desenvolvimento integral do

escolar (criança, adolescente e jovem/adulto), proporcionando aos docentes saberes e

fazeres viabilizadores da articulação da educação com a saúde, um binômio inseparável

e imprescindível para o enfrentamento das vulnerabilidades biopsicossociais que podem

comprometer o processo de ensino-aprendizagem dos escolares.

Aproveitamos para agradecer a todos aqueles que confiaram em nosso trabalho,

principalmente as equipes de saúde do Programa Escola com Saúde da Secretaria de

Saúde do Município de Cuiabá e convido a todos para uma gostosa leitura deste material

didático, pequeno em tamanho, porém, enorme em sentido pedagógico e existencial, fruto

de vivências repletas de significâncias (sentidos).

Profª. Magali Olivi

Doutora em Educação

Docente da Faculdade de Enfermagem/UFMT

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Introdução

Revelando um pouco sobre o Programa Saúde na Escola (PSE)

da Prefeitura de Cuiabá – MT

Educação e Saúde nas escolas é um binômio que vem sendo discutido

e apontada como urgente e necessária desde ao final do século XVIII. Seu marco histórico

se deu em 1779 na Alemanha, com uma publicação do médico Johann Peter Frank. Ele

publicou um guia intitulado System Einer Vollstãndigen Medicinischen, no qual

enfatizava importância da saúde escolar em todo o mundo e dava subsídios para

elaboração de programas voltados para implementação desta, visando a educação e saúde

para os escolares (FIGUEIREDO et al, 2010).

No Brasil, o Presidente da República na época – Sr. Luiz Inácio Lula da

Silva, assinou o Decreto nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007, o qual instituiu o Programa

Saúde na Escola (PSE), objetivando dentre outras coisas promover a saúde e a cultura da

paz, reforçando a prevenção de agravos à saúde, bem como fortalecer a relação entre as

redes públicas de saúde e de educação (BRASIL, 2007).

Em Cuiabá-MT, a prefeitura através do Decreto Nº 4.684 de 20 de junho

de 2008, implanta o PSE, fazendo uma parceria entre a Secretaria Municipal da Saúde e

a Secretaria Municipal da Educação, visando contribuir para promoção da saúde e

formação integral dos escolares da rede Municipal de Educação (CUIABÁ, 2008).

O PSE tem como objetivos:

Reforçar a prevenção de agravos à Saúde;

Fortalecer a intersetorialidade entre as redes públicas municipais de saúde

e educação;

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Promover a cultura da prevenção e promoção à saúde no âmbito escolar;

Reduzir as vulnerabilidades, no campo da saúde, que compromete o pleno

desenvolvimento escolar.

As principais ações realizadas são:

Avaliação antropométrica;

Avaliação da acuidade visual;

Avaliação da saúde bucal e orientações sobre escovação;

Encaminhamento para consulta nas unidades básicas de saúde da área de

abrangência da residência do aluno quando houver necessidade;

Avaliação e orientação nutricional, e encaminhamento quando a

necessidade de acompanhamento;

Promoção da alimentação saudável, através de atividades de educação em

saúde voltada para os pais /responsáveis, crianças e adolescentes, com

objetivo de mudança nos hábitos alimentares da família;

Avaliação e encaminhamentos oftalmológicos, além da entrega do

primeiro óculos pela secretaria de educação quando necessário; Avaliação

e acompanhamento psicológico;

Avaliação e orientação psicossocial, e encaminhamentos às redes de

proteção social, quando houver necessidade;

Educação em saúde no âmbito da prevenção do uso de drogas, as mais

diversas formas de violência, promoção da alimentação saudável,

promoção da saúde sexual e reprodutiva, promoção da cultura da paz e

direitos humanos, saúde mental, práticas corporais e atividade física, saúde

ambiental, prevenção de acidentes, etc.

Em 2019 o PSE de Cuiabá foi realizado em 57 unidades de ensino, sendo 4

escolas estaduais.

No período de 2016 à 2018 o Grupo de Pesquisas PEMEDUTS

desenvolveu o Extensão Projeto “Diálogo e Práxis: Inovando práticas pedagógicas em

Educação em Saúde nas Escolas” em escolas municipais de Cuiabá, sendo ao todo três

(03) escolas contempladas: EMEB Maria Lucila da Silva Barros, EMEB Prof. Zeferino

Leite de Oliveira e a EMEB Maximiano Arcanjo.

Este projeto teve como objetivo geral realizar atividades de Educação

em Saúde nas Escolas abordando as diversas dimensões do existir humano com gestores,

professores e funcionários da escola, visando contribuir com estes atores sociais na

implementação de metodologias ativas na arte de educar em saúde na escola, subsidiado

no conceito ampliado de saúde, o qual transcende apenas a abordagem biologicista.

Teve também como objetivo, identificar quais as melhores estratégias de

abordagens na escola sobre educação em saúde a partir das percepções das próprias

crianças e adolescentes.

As metodologias utilizadas foram subsidiadas na pedagogia freireana, sendo

realizadas rodas de conversas com temas geradores permeadas com dinâmicas

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estimuladoras para participação ativa, contextualizadas as temas, sempre primando pela

dialogicidade no processo de ensino-aprendizagem e buscando compreender o processo

educativo a partir dos espaços de fala e escuta ativa.

Após a realização das rodas de conversas, eram realizados diálogos

avaliativos no sentido de apreender como os participantes se sentiram na roda e quanto

ao tema dialogado, se foi positivo, se teve algum impacto para eles (seja positivo ou

negativo). As falas apreendidas nas rodas foram sistematizadas, consolidadas e

analisadas, extraindo elementos narrativos que fossem termômetros quanto ao processo

educativo realizado. A partir dos resultados implícitos nessas narrativas dos participantes

(professores, gestores escolares, crianças e adolescentes) fomos estimulados a

elaborarmos essa cartilha, como forma de socializar as principais dinâmicas apontadas

como muito exitosas na execução do projeto.

Queremos enfatizar que dentre os temas geradores abordados, dialogamos nas

rodas sobre: Dislexia, dislalia, disfemia, sexualidade, drogadicção, família e outras

temáticas sugeridas pelos professores e gestores escolares. As abordagens dinâmicas

desses temas foi no sentido de viabilizar aos participantes conhecimentos sobre as

sintomatologias aparentes e possíveis causas dos transtornos supracitados, todos

dialogados numa linguagem simples e acessível a todos.

Nesse contexto, dentre as várias aprendizagens foi ressaltado que nem todos

esses problemas (Dislexia, dislalia, disfemia) percebidos nos escolares são de origem

neurológica, psicológica ou psiquiátrica. Alguns podem ter origem nutricional, ou

bioquímica, como um desequilíbrio hidroeletrolítico. Outro tema gerador bastante

enfatizado foi sobre a polissemia relacionada às concepções de família, a relação do adoecimento

familiar com da sociedade e como isso afeta os escolares no processo de ensino-aprendizagem.

A execução do projeto supracitado foi permeada de significâncias

(sentidos), tanto para os facilitadores (coordenador e acadêmicos da UFMT envolvidos),

quanto para o público alvo, sendo a construção do conhecimento uma circularidade de

ações onde quem ensinava aprendia e quem aprendia ensinava.

A educação e a saúde são complementares e interdependentes. Ambas

estão imbricadas na existência humana, quer seja na educação formal (Bancária), quer

seja na educação apreendida no cotidiano de vida e vivências (a educação popular).

Porém, uma não suplanta a outra, devendo haver um intercambiamento entre ambas e

nesse processo a saúde verdadeiramente é construída, porque esta construção é sobretudo

social.

Agora convidamos a todos, para numa leitura simples e gostosa conhecerem

como é possível fazer saúde na escola transcendendo ao modelo puramente biologicista

(sobre doenças), mas, com abordagens que envolvem afeto, emoção, o lúdico e a alegria

de aprender e ensinar.

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Desvelando novas possibilidades de Educar em Saúde, partejando o

conhecimento sobre educação e saúde

Dinâmica 1: Mapeamento Semântico

Esta dinâmica objetiva estimular a participação dos sujeitos (escolares,

professores e comunidade), levando-os a construírem o conhecimento a partir de uma

ideia central. Partindo do princípio de que em cada pessoa existe um saber em latência.

Objetivo da Dinâmica: Construir conhecimentos à partir dos saberes

prévios e vivências dos educandos.

Como operacionalizar:

1. Selecionar um tema gerador, colocando num circulo.

2. O educador/facilitador organiza o grupo em círculo,

3. Pedir para cada membro do grupo uma palavra relacionada ao tema gerador

4. O educador/facilitador vai escrevendo as palavras ao redor do circulo com o

tema gerador

5. Solicita ao grupo que construa uma frase/texto/conceito sobre o tema gerador

utilizando todas as palavras citadas pelos mesmos

6. Ao final o educador/facilitador faz uma analogia entre o texto construído pelo

grupo e o que a literatura traz sobre o tema refletido, enfatizando que todas as

pessoas possuem conhecimentos em latência sobre as diversas dimensões do

saber fazer humano.

Sentido da dinâmica: Processo de educação em saúde se dá no espaço

dialógico e dinâmico cujo conhecimento deve ser construído e legitimado pelas

experiências vividas pelos sujeitos que participam do processo.

Esta dinâmica pode ser utilizada para discussão de qualquer temática

relacionada à educação em saúde na escola, entretanto, aconselha-se sua utilização com

crianças que tenham a capacidade de formar frases. No caso de adulto, ela pode ser usada

inclusive com analfabetos onde o educador/facilitador irá escrever a frase/ conceito/texto

junto com os mesmos.

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Possibilitando a expressão da dúvida e do saber

Dinâmica 2: Semáforo

Essa dinâmica proporciona ao sujeito expressar sua dúvida sem se identificar,

colocando quais assuntos ele tem coragem de expressar e os que não tem por timidez ou

medo.

Objetivo da Dinâmica: Levar os participantes a expressarem suas dúvidas

de forma leve e sem medo de pré-julgamentos.

Material: cartolina vermelha, amarela e verde e papel para confeccionar

tarjetas. Tesoura, canetas piloto coloridas e fita adesiva.

Preparo do material: desenhar e recortar grandes círculos nas cartolinas: um

verde, vermelho e amarelo. Recortar tarjetas retangulares. Colar os círculos no chão com

a fita adesiva.

Como operacionalizar:

1. O educador/facilitador seleciona o tema gerador

2. Organizar o grupo em circulo

3. Entregar 3 tarjetas para cada membro do grupo enfatizando que não precisa se

identificar nas mesmas.

4. Explicar como se deve proceder: cada membro do grupo deverá escrever em

uma tarjeta o que tem medo ou vergonha de expressar em público sobre o tema

gerador e colocar abaixo do círculo vermelho. Em outra tarjeta escrever uma

dúvida ou algo que o deixe inseguro em expressar sobre o tema, colocando

abaixo do círculo amarelo. Na última tarjeta escrever o que se sente a vontade

em perguntar ou expressar sobre o tema, colocando abaixo do circulo verde.

5. O educador/facilitador começa um debate com o grupo com base das tarjetas

do circulo vermelho estimulando a participação de todos sobre cada assunto

abordado e assim, se procede ate chegar nas tarjetas verdes.

Sentido da dinâmica: Trabalhar assuntos que para alguns seria difícil abordar por

questões de medo e/ou pré-conceitos dos participantes. Possibilita também desvelar que

muitas vezes os questionamentos são semelhantes em pessoas com experiências

diferentes. Essa dinâmica possibilita trabalhar qualquer tema de cunho mais polêmico:

sexualidade, educação sexual, drogas, violência doméstica, homossexualidade entre

outros. Entretanto só pode ser aplicada com pessoas que saibam ler e escrever.

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Se conhecendo e se deixando conhecer pelo o outro

Dinâmica nº 3 – Se desvelando pela imagem

Essa dinâmica busca trabalhar a comunicação interpessoal e intrapessoal

através de imagens que os sujeitos selecionam e a contextualizam a sua pessoa, situação

vivenciada ou visão de mundo.

Objetivo: Proporcionar uma comunicação que possibilite o auto -

conhecimento e o deixar-se conhecer pelo o outro.

Faixa etária: 1º 2º e 3º ano

Quantidade: Até 20 alunos.

Como operacionalizar:

1- O educador/facilitador seleciona imagens aleatórias (recortes de revistas) e as

espalhadas no meio da sala;

2- Solicita ao grupo que caminhe em círculo ao redor do cesto com as figuras,

observando-as;

3- Depois dar um comando para que cada membro escolha uma figura e a leve

consigo, voltando aos seus respectivos lugares;

4- Fala um tema gerador (vida, família, fale sobre você, o que pensa da escola, o

que imagina sobre o mundo e etc.);

5- Em seguida pede a cada um que relacione a imagem escolhida com o tema

gerador (Determinado um tempo 2 minutos para cada fala);

6- O facilitador vai anotando no quadro branco as palavras chaves captadas em

cada fala

7- No final o facilitador elabora frases com as palavras chaves sobre a temática

proposta e desenvolve um diálogo sobre a mesma.

Sentido da dinâmica: Proporcionar o auto - conhecimento e o deixar-se conhecer pelo

outro, de forma leve, assim como, desenvolver temáticas de forma participativa e ativa

entre os membros.

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Dinâmica nº 4 – Ligue as figuras, conectando os saberes.

Essa dinâmica é muito útil para se trabalhar com crianças, levando-as a

participação ativa e reflexiva ao mesmo tempo.

Objetivo: Estimular o raciocínio através da visualização, mostrando o que se

deve fazer em situações de higienização e alimentação.

Faixa etária: 1º 2º e 3º ano

Quantidade: Até 25 alunos

Material utilizado: 2 papéis cartões, Figuras coloridas impressas, Barbante colorido, 5

clips, Cola branca, Tesoura, Fita larga (durex), Caneta piloto preto, Papel EVA colorido.

Estrutura da dinâmica: Cole os dois papéis cartões com durex na frente e verso, em um

lado cole as figuras do que é incorreto e do outro as corretas, procure imagens que fazem

parte do cotidiano vivido por eles. Use o papel EVA para fazer bordas nas figuras da

esquerda, e caneta piloto preta para contornar as figuras da direita. Use um pedaço de

barbante para usar como “linha” que ligue uma figura a outra, meça a distância que será

necessário e corte, amarre cada barbante em um clipe, faça furos pequenos à frente de

cada figura tanto do lado esquerdo, quanto do lado direito. Passe a ponta do barbante sem

o clips no furo à esquerda e cole com fita larga atrás. No lado direito, corte pequenos

pedaço de barbante e amarre as duas pontas, passe pelo furo e cole com a fita larga as

pontas para não soltarem.

Operacionalização da dinâmica: O cartaz foi colocado no quadro negro

com fita larga (durex), ao dar início nos apresentamos e citamos os temas que seriam

abordados e foi explicado como funciona a dinâmica. Desta forma apontávamos uma

imagem como por exemplo a figura do cascão (personagem da turma da Mônica) era

direcionado a eles a seguinte pergunta: “O que significa esta imagem? ”e os alunos

respondiam: “não tomar banho”, “está fedido”, e logo em seguida questionávamos “Que

figura deste lado (direito) combina com o cascão? ” Os alunos apontavam a imagem do

homem tomando banho, desta forma aconteceu com todas as imagens até o término. Mas

entre os ligamentos das imagens, era dado orientações relacionado ao assunto. A dinâmica

durava em torno de 20 minutos e ao final os alunos eram parabenizados por terem

acertados todas os ligamentos e também pelo comportamento.

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Dinâmica nº 5 – Memorizando ações anti – bulling

Essa dinâmica possibilita as crianças e adolescentes se expressarem sobre

bulling de forma ativa e ao mesmo tempo que narram sobre o assunto, internalizam

valores e aprendizagens quanto a necessidade de evitar comportamentos que causem esse

tipo de violência.

Objetivo: Orientar os alunos, estimulando a memorização de ações que não

devem ser realizadas, relacionadas ao Bulling.

Faixa etária: 3º e 4º ano

Quantidade: Até 24 alunos

Material utilizado: 2 Cartolinas na cor de sua preferência, 1 Canetão Piloto, 8 Frases:

Não bater, não humilhar, não colocar apelido, não roubar, não discriminar, não ameaçar,

não falar mal e não assediar, Tesoura

Estrutura da dinâmica: Escreva 4 frases em uma cartolina com letras bem visíveis,

maiores e recorte em tiras do tamanho que ficou as frases

Operacionalização da dinâmica: Ao chegarmos na sala de aula,

explicávamos como será a dinâmica para os alunos. Lemos as frases em voz alta e clara,

mostrando as frases para que todos os alunos conseguissem ver, e dizendo para

memorizarem o máximo possível das frases mostradas. Depois de mostrar e falar todas

as frases perguntamos quais foram as frases. A dinâmica deve ser conduzida a partir do

desempenho dos alunos, caso não lembrem de todas as frases, falamos a frases. E assim

é realizada uma reflexão sobre o assunto bulling através das frases.

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Dinâmica nº 6 – Transformando dúvidas em conhecimentos

Essa dinâmica é muito bem aceita por criança e adolescentes, por possibilitar

aos mesmos expressarem dúvidas que muitas vezes oralmente não teriam coragem de

fazer.

Objetivo: Recolher as dúvidas que as crianças têm em relação à saúde em

geral.

Faixa etária: 5º e 6º ano.

Quantidade: Até 30 alunos

Material utilizado: 30 tiras de folha sulfite, 30 envelopes pequenos e coloridos, 1 caixa

colorida

Operacionalização da dinâmica: Entregue uma tira do papel branco para

cada criança, e peça que ela escreva sua dúvida sobre qualquer assunto relacionado a

saúde. Entregue o envelope para cada criança que terminar de escrever sua dúvida e

colocar dentro, e depois vai passando com a caixa para elas guardarem dentro da mesma.

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Dinâmica nº 7 - Jogo da memória gigante.

Essa dinâmica viabiliza o despertar da consciência crítica das crianças e

adolescentes através do raciocínio lógico e diálogo.

Objetivo: Estimular o despertar da consciência crítica da criança e

adolescente quanto as ações necessárias para a promoção da saúde e prevenção de

doenças. Podendo ser utilizada para abordar temas como: Higienização corporal e bucal,

higiene dos alimentos, dengue e outros.

Faixa etária: 3º e 4º ano

Quantidade: Até 21 alunos

Material utilizado: 2 papéis cartões na cor azul,2 papéis cartões nas cores azul escuro e

laranja, 9 Figuras repetidas, Tesoura, Cola branca, Cola para isopor, Régua, Fita larga.

Estrutura da dinâmica: Cole 2 papéis cartões azul com a fita larga atrás e na frente para

ficar firme, cole as figuras usando cola branca, recorte um retângulo o suficiente para

cobrir cada figura adicionando dois dedos a mais para dobrar e faça como molde para

recortar o restante. Faça o alfabeto da letra A até ao R utilizando parte do papel cartão

que sobrar. Dobre o papel recortado aproximadamente da largura de um dedo, sendo que

nesta parte passe a cola para isopor e cole acima da imagem e assim sucessivamente.

Após isso cole as letras em cima de cada plaquinha, se quiser enfeitar mais, pode usar de

sua criatividade ou o material que tiver disponível. Pronto, assim seu jogo da memória

gigante esta finalizado, faça bom aproveito.

Operacionalização da dinâmica: Cole o cartaz na parece ou quadro negro

com durex, escolha um aluno e peça para ele escolher duas letras do cartaz, abra as

imagens e veja se ele encontrou as duas imagens iguais, escolha outros alunos até todas

imagens serem encontradas, a cada momento que as imagens iguais forem encontradas,

pergunte as crianças o que significa e dialogue sobre o tema.

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Considerações Finais

Educar requer abertura ao outro (educando), diálogo e conexão com a vida

em suas multidimensões existenciais. A vida é um contínuo de aprendizagens, saberes

e fazeres, uma arte sempre em construção, a qual pode ter as experiências vividas

representadas e expressas em diversos modos (falas, gestos, imagens, música e silêncio),

sendo no contexto de vida e de sentidos atribuídos as experiências vividas que se

constrói a verdadeira educação significativa.

Nesse sentido, Educar em Saúde sempre deve ser precedido pelo diálogo, em

espaços de fala e escuta ativa, onde as narrativas de vida se transformem em

conhecimentos repletos de significâncias (sentidos), desta forma deixando de ser algo

apenas abstrato (Teoria) e se transformando em vida vivida e possibilidades de novas

experiências.

Trabalhar com crianças e adolescentes é sobretudo uma arte, um envolver-

se, um mergulhar no mundo intersubjetivo e imaginário, onde as visões de mundo se

entrelaçam numa circularidade afetiva, sincera e com esperanças em novas possibilidades

de ser, viver e contribuir para uma sociedade e um mundo melhor. Com elas e suas

visões simples de viver e amar, podemos (re) aprender e reaprender nossas práticas

docentes e educacionais.

Educação e saúde se constroem no mundo relacional (Intra e interpessoal),

portanto, são dimensões permeadas por valores, crenças e afetividade.

Esperamos que esta cartilha contribua com os educadores e profissionais da

saúde quanto a arte de educar em saúde na ambiência escolar, reafirmando que esse

binômio (Saúde e Educação) são interdependentes e complementares, condições sine qua

non para existência humana.

Agradecemos mais uma vez a todos os participantes desse projeto: A Pró-

Reitoria de Extensão da UFMT; a Secretaria Municipal da Saúde e da Educação de

Cuiabá pela parceria.

“Quem ensina, aprende. Quem aprende, ensina. ” (Paulo Freire).

Fonte: Desenhos feitos pelas crianças que participaram das rodas de conversas. 2017.

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REFERÊNCIAS

BORGES, G. L. Dinâmicas de grupo – redescobrindo valores. 10ª edição. Petrópolis-

RJ: Ed. Vozes, 2008.

BRASIL. DECRETO Nº 6.286, DE 5 DE DEZEMBRO DE 2007.Institui o Programa

Saúde na Escola - PSE e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa

do Brasil, Poder Executivo, Brasília-DF, 2007.

________. PORTARIA No - 1.861, DE 4 DE SETEMBRO DE 2008. Diário Oficial da

República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília-DF, Nº 185, quarta-feira, 24

de setembro de 2008.

________. PORTARIA INTERMINISTERIAL No - 2.929, DE 4 DE DEZEMBRO DE

2008. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília-DF,

Nº 237, sexta-feira, 5 de dezembro de 2008.

________. PORTARIA INTERMINISTERIAL No 3.682, DE 25 DE NOVEMBRO DE

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