Uso de sistemas de projeção transversa de mercator em obras de ...
Cartografia Projeções Cartográficas - :: UNESP · cilíndrica equatorial conforme – Mercator...
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Cartografia
Projeções Cartográficas
Prof. João Fernando Custodio da Silva
Departamento de Cartografia
www2.fct.unesp.br/docentes/carto/JoaoFernando
Introdução Queremos representar o
mundo - de proporções quilométricas - em traços desenhados em proporções milimétricas;
Para isto, construímos cartas e mapas.
A construção de uma carta exige o estabelecimento de um método;
Este método deve obedecer à regra “a cada ponto da superfície da Terra corresponde um ponto da carta e vice-versa”.
O Processo Cartográfico
Objeto: Terra
Modelo do objeto
Esfera (plani&alti)
Elipsoide (plani&alti)
Geoide (altitudes)
Superfície de Projeção
Cone
Cilindro
Plano
Superfície de representação
Globo (esfera)
Mapa, carta (plano)
Sistemas de projeções
Diversos métodos podem ser empregados para se obter essa correspondência de pontos, constituindo os chamados "sistemas de projeções“ (SP).
SP é um conjunto de princípios e leis que garantem a unicidade da correspondência “objeto (Terra) e imagem (mapa/carta)”.
A teoria das projeções compreende o estudo dos diferentes sistemas que se fundamentam em princípios e leis matemáticas (Cartografia Matemática).
A natureza das distorções ou
deformações cartográficas A correspondência entre a
superfície da Terra e o mapa não pode ser exata(*) (perfeita) por dois motivos básicos: Uma transformação de escala
deve ocorrer: a correspondência 1/1 é fisicamente impossível e durante o processo de redução das dimensões ocorre perda de informação (generalização);
A superfície curva da Terra não se ajusta a um plano sem a introdução de alguma espécie de deformação ou distorção (esticar ou rasgar a superfície curva).
(*) exato x acurado x preciso!
Problema fundamental
O problema fundamental das projeções
cartográficas é a representação (do todo ou de
parte) da superfície (irregular) da Terra em
um plano.
A solução para este problema é a adoção de
formas geométricas regulares para
representar, em proporções menores, a
verdadeira forma da Terra.
Figuras de referência
Duas figuras geométricas regulares são adotadas, de acordo com a aplicação desejada:
um elipsóide de revolução
uma esfera
As superfícies destas formas (figuras) são as referências para os elementos da superfície terrestre a representar.
Não há solução perfeita. E daí? Para se obter a coincidência da casca de uma tangerina (curva) com
a superfície plana de uma mesa, as duas superfícies têm de ser distorcidas.
Optando-se por conservar plana a mesa e adaptando-se a casca (curva), é necessário partir, esticar e ajustar os pedaços da casca, dispondo-os na mesa (plano).
Observa-se que a figura formada sobre a mesa (imagem) representará o objeto (tangerina) com imperfeição, pois os movimentos necessários ao melhor ajuste causam torções e alongamentos, de modo que a forma e as dimensões ficam alteradas desproporcionalmente.
É uma simplificação grosseira do problema das projeções cartográficas, mas expressa claramente a impossibilidade de uma solução perfeita (projeção livre de deformações).
A solução (imperfeita) é desenvolver e usar um método que cause as menores deformações possíveis.
Aproximação, simplificação,
praticidade
Evita-se o problema da representação imperfeita, mediante a construção de representações tridimensionais do elipsóide ou da esfera, como é o caso do globo (escolar);
Entretanto, por conveniência e praticidade, o mapa construído sobre uma superfície plana resiste, pois inegavelmente o mapa plano é mais fácil de ser produzido e manuseado (mãos e máquinas).
O mapa ideal
O ideal seria construir uma carta que representasse
perfeita e rigorosamente a superfície da Terra.
Tal carta teria as seguintes propriedades:
Manutenção da verdadeira forma das áreas a serem
representadas (conformidade);
Inalterabilidade das áreas (equivalência);
Constância das relações entre as distâncias dos pontos
representados e as distâncias dos seus correspondentes
(eqüidistância).
O mapa possível As propriedades do mapa ideal seriam facilmente
conseguidas se a superfície da Terra fosse plana ou desenvolvível (no plano, sem deformações).
A solução será, portanto, construir uma carta que, sem possuir todas as condições ideais, possua aquelas que satisfaçam a determinado objetivo.
Assim, é necessário, ao se fixar o sistema de projeção escolhido, considerar a finalidade da carta que se quer construir (manter forma, área ou distância).
Deve-se aceitar que, rigorosamente, a escala não é uniforme em todas as direções.
A metodologia viável
Geralmente, a representação cartográfica é feita
sobre uma superfície plana – o plano de
representação (PR) no qual se desenha o mapa.
O problema básico consiste em relacionar pontos
da superfície física terrestre (SFT) ao plano de
representação (PR).
Superfícies envolvidas
A realidade é a → SFT , q é a verdadeira
forma da Terra, que é →
Irregular (modelagem
matemática)
Superfície de referência
Geóide (altitudes)
Elipsóide (lat long geodes)
Esfera (lat long geográfica)
Irregular (NMM)
Regular (a, f)
Regular (raio)
Superfície de projeção
Plano
Cone
Cilindro
Figuras geométricas
regulares (2D e 3D)
Superfície de representação Plano 2D
Etapas gerais da representação:
SFT, MRT e PR Compreende as seguintes etapas:
Adoção de um modelo matemático de referência para a Terra (MRT): a esfera ou elipsóide de revolução (esferóide achatado nos pólos);
Projetar todos os elementos da superfície terrestre (SFT) sobre o modelo escolhido (MRT);
Relacionar os pontos do modelo de referência (MRT) com o plano de representação (PR), escolhendo-se um sistema de coordenadas (origem, escala, posição e orientação);
Planimetria e Altimetria Os elementos cartografáveis podem ser
tangíveis (físicos, materiais: águas, vias, edificações, cercas etc);
e convencionais (divisas político-administrativas, p. ex.; são intangíveis e invisíveis);
todos são detalhes planimétricos.
Alturas e altitudes do terreno são qualidades intrínsecas às formas do terreno. São mensuradas unidimensionalmente e representadas por
toda a extensão do mapa (por curvas de nível, por cores hipsométricas etc – capítulos seguintes neste curso).
Altimetria (H e h) e
ondulação geoidal (N) A altitude de um ponto qualquer na
SFT pode ser expressada de duas maneiras:
Ortométrica (H) – é a distância contada desde o ponto, ao longo da vertical do lugar, até a superfície do geóide, que é a superfície de referência para contagem das altitudes;
Geométrica (h) – é a distância contada desde o ponto, ao longo da perpendicular, até a superfície do elipsóide;
H = h – N (aproximada).
Ondulação geoidal no Brasil
N = h – H
-35m < N < -10m
-10m < N < +10m
+10m < N < +35m
Erro médio de N
Foram utilizadas 804
RRNN;
Erro médio padrão de
+/- 0,32m para as
áreas mais desenvol-
vidas do país.
Recapitulando... Os sistemas de coordenadas são necessários para expressar a
posição de pontos sobre uma superfície (elipsóide, esfera ou um plano).
É com base em determinados sistemas de coordenadas que descrevemos geometricamente a superfície terrestre nos levantamentos (destinados à execução de medições para a determinação da forma e dimensões da Terra).
Para o elipsóide ou esfera, usualmente empregamos um sistema de coordenadas cartesiano (OXYZ) e curvilíneo (paralelos e meridianos).
No plano, em geral, se usa um sistema de coordenadas cartesianas X e Y.
Para complementar a localização (coords lat long) de um ponto na SFT necessitamos ainda de uma terceira coordenada: a altitude.
Projeção cartográfica
É um método de se efetuar o relacionamento
matemático entre um ponto na SFT e o seu
correspondente no PR (mapa).
O método deve definir claramente o
relacionamento matemático, de tal modo que,
geralmente, o próprio método identifica a
projeção.
Classificação das PC
As projeções cartográficas são classificadas de
acordo com os tipos e as características:
( a ) Quanto ao modelo matemático;
( b ) Quanto à situação do PV;
( c ) Quanto à superfície de projeção;
( d ) Quanto à situação da superfície de projeção;
( e ) Quanto às propriedades.
(a) Quanto ao modelo matemático
Geométrica
Analítica
Convencional
Quanto ao modelo matemático:
Geométrica Geométrica
Perspectiva (exemplos adiante)
Gnomônica: PV no centro
Estereográfica: PV no MR (antípoda)
Ortográfica: PV no infinito
Pseudoperspectiva (ex.: cilíndrica equatorial estereográfica)
É uma projeção perspectiva na qual se recorre a algum artifício,
de maneira a se obter determinada propriedade.
Quanto ao modelo matemático:
Analítica
Analítica
Simples ou regulares
cilíndrica equatorial conforme – Mercator
equidistante azimutal
Modificadas ou irregulares (equivalente de
Bonne)
Quanto ao modelo matemático:
Convencional
Convencional (Mollweide)
São as que se baseiam em princípios arbitrários,
puramente convencionais, em função dos quais se
estabelecem suas expressões matemáticas.
Projeções perspectivas:
quanto à situação do PV ( b )
estereográfica
Pseudo-perspectiva
Cilíndrica equatorial
estereográfica – PV
percorre o Equador
situando-se no
antimeridiano do ponto
a projetar.
Projeções analíticas
São aquelas que não
têm sentido
geométrico, em
conseqüência das leis
matemáticas
introduzidas, visando-
se conseguir
determinadas
propriedades.
Projeções convencionais
São as que se baseiam
em princípios
arbitrários, puramente
convencionais, em
função dos quais se
estabelecem suas
expressões
matemáticas.
Projeção de Mollweide.
Superfícies desenvolvíveis:
cone e cilindro
( c ) Quanto à superfície de projeção
Planas ou azimutais
(zenitais):
vértice do cone
pertence ao plano;
Desenvolvível:
Cônicas: serve de base
para as demais;
Cilíndricas: vértice do
cone está no infinito.
( d ) Quanto à situação da superfície de projeção
PV ou eixo;
Contato.
( d ) Quanto à situação da superfície de projeção
(PV ou eixo)
Planas (azimutais)
Polar
Equatorial ou meridiana
Horizontal ou oblíqua
Por desenvolvimento (cônicas e cilíndricas)
Normal ou equatorial
Transversal ou meridiana
Horizontal ou oblíqua
Planas, cônicas e cilíndricas Planas
Polar
Equatorial
Oblíqua
Cônicas
Normal
Transversa
Oblíqua
Cilíndrica
Equatorial
Transversa
Oblíqua
( d ) Quanto ao tipo de contato entre as superfícies de
projeção e de referência
Tangentes Secantes
( e ) Quanto às propriedades
Equidistantes (conservam as distâncias)
Meridianas (meridianos), transversais (paralelos), azimutais (ortodrômicas: círculos máximos)
Equivalentes (conservam as áreas)
Conformes (conservam as formas, os ângulos)
Afiláticas (não conservam nenhuma das propriedades anteriores)
Esfera-modelo
“e.m.” é uma esfera desenhada na escala da
projeção e que serve como construção auxiliar
para a obtenção das projeções geométricas;
Considera-se portanto a Terra esférica;
O raio da “e.m.” é o raio da Terra dividido
pelo módulo da escala (r = R/E);
É uma abordagem mais simples para iniciar
os estudos das projeções cartográficas.
Coeficiente de deformação (CD)
É a razão entre uma determinada grandeza na
projeção e a sua homóloga na “e.m.”;
CD = ab / a’b’ ; E = AB / a’b’
ab: dimensão na carta;
a’b’ = dimensão na “e.m.” = AB / E;
AB: dimensão na SFT;
ab = a’b’ CD = (AB CD) / E
Resumo
Um ponto na SFT e um ponto no PR.
Sistema de projeção (SP).
Natureza da deformação.
Representação e figuras de referência.
Mapa ideal e mapa possível (aproximado).
SFT => MRT => SP => PR (planim. e altimetria).
Projeções cartográficas e classificações.
Esfera-modelo (e.m.).
Coeficiente de deformação (CD).
Conclusão
A Cartografia evoluiu mesmo com a limitação intrínseca de oferecer uma representação apenas aproximada da superfície terrestre.
Entretanto, o desenvolvimento científico e tecnológico criou condições para que o grau de aproximação tenha chegado a um nível de aceitação para as necessidades humanas.
Por isso, o seu valor foi reconhecido no passado e atualmente é uma ferramenta científica e tecnológica prática e indispensável para a tomada de decisão em um grande variedade de áreas de interesse da sociedade humana.
Até a próxima aula
Continuação do estudo das projeções
cartográficas e o Sistema UTM
Prof. João Fernando