CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

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ALINE CARLA ARAÚJO CARVALHO ALINHAMENTO ANATÔMICO DOS MEMBROS INFERIORES E LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS EM CORREDORES: DESCRIÇÕES, ASSOCIAÇÕES E TAXAS DE LESÃO UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO UNICID SÃO PAULO 2011

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ALINE CARLA ARAÚJO CARVALHO

ALINHAMENTO ANATÔMICO DOS MEMBROS INFERIORES

E LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS EM CORREDORES:

DESCRIÇÕES, ASSOCIAÇÕES E TAXAS DE LESÃO

UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

UNICID

SÃO PAULO

2011

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ALINE CARLA ARAÚJO CARVALHO

ALINHAMENTO ANATÔMICO DOS MEMBROS INFERIORES

E LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS EM CORREDORES:

DESCRIÇÕES, ASSOCIAÇÕES E TAXAS DE LESÃO

Dissertação apresentada ao

Programa de Mestrado em

Fisioterapia da Universidade Cidade

de São Paulo como requisito exigido

para a obtenção do título de Mestre

sob orientação do Prof. Dr.

Alexandre Dias Lopes.

UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

UNICID

SÃO PAULO

2011

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Ficha Elaborada pela Biblioteca Prof. Lúcio de Souza. UNICID 

C331a

Carvalho, Aline Carla Araújo.

Alinhamento anatômico dos membros inferiores e lesões musculoesqueléticas em corredores: descrição, associações e taxas de lesão. / Aline Carla Araújo Carvalho. --- São Paulo, 2011.

95 p.; anexos.

Bibliografia

Dissertação (Mestrado) – Universidade Cidade de São Paulo - Orientador: Prof. Dr. Alexandre Dias Lopes.

1. Traumatismo em atletas. 2. Lesões. 3. Medicina esportiva. 4. Exercícios. 5. Corrida. I. Lopes, Alexandre Dias, orient. II. Título.

CDD 615.823

   

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ALINE CARLA ARAÚJO CARVALHO

ALINHAMENTO ANATÔMICO DOS MEMBROS INFERIORES E

LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS EM CORREDORES:

DESCRIÇÕES, ASSOCIAÇÕES E TAXAS DE LESÃO

Dissertação apresentada ao

Programa de Mestrado em

Fisioterapia da Universidade Cidade

de São Paulo como requisito exigido

para a obtenção do título de Mestre

sob orientação do Prof. Dr.

Alexandre Dias Lopes.

Área de concentração: Avaliação, Intervenção e Prevenção em Fisioterapia.

COMISSÃO EXAMINADORA: Prof.º Dr. Alexandre Dias Lopes ____________________

Universidade Cidade de São Paulo

Prof. Dr. Carlos Marcelo Pastre ____________________

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

Prof. Dr. Leonardo de Oliveira Pena Costa ____________________

Universidade Cidade de São Paulo

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AGRADECIMENTOS Quero agradecer a Deus pelo amparo e força nos momentos de dificuldades e

dúvidas. A Ti devo a perseverança para superar todas as dificuldades.

A minha família e amigos que me deram o suporte e sustento para que eu não

desanimasse nos momentos de desolação e dúvidas. Amo todos vocês!

Ao professor e amigo Alexandre Lopes pelo incentivo, insistência, generosidade e

amizade. Não sei se conseguiria concluir minha missão sem o seu apoio e

dedicação. A você minha gratidão, carinho e amizade! Sou uma fã sua!

Ao amigo Luiz por toda força e apoio. Você foi um sustento, suporte e alento nas

horas difíceis. Nossa amizade foi construída em meio às adversidades! Adoro você!

Ao Centro Universitário Cesmac, a empresa da qual faço parte e que me

proporcionou a oportunidade de cursar o meu mestrado em Fisioterapia. Muito

obrigada!

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RESUMO

INTRODUÇÃO: Muito se especula sobre a influência de fatores como o alinhamento

dos membros inferiores e o desenvolvimento de lesões musculoesqueléticas em

praticantes de corrida, porém poucas evidências sustentam esta hipótese. Objetivo: Descrever as características de alinhamento anatômico dos membros inferiores,

verificar a prevalência e incidência das lesões musculoesqueléticas relacionadas à

corrida, analisar as associações entre as características de alinhamento anatômico e

estas lesões, assim como descrever as principais lesões entre os corredores e as

regiões anatômicas mais acometidas. Método: Estudos transversal e de coorte

prospectivo composto por 89 corredores recreacionais que foram submetidos à

avaliação bilateral do ângulo Q, ângulo subtalar, índice do arco plantar e

discrepância de comprimento dos membros inferiores e foram acompanhados por

um período de 12 semanas. Foram realizadas análises descritivas e verificação da

associação entre as características de alinhamento anatômico dos corredores e as

lesões apresentadas. A incidência de lesões foi calculada através de análise de

sobrevivência e a associação entre possíveis fatores de risco e tempo de lesão foi

determinada através do modelo de regressão de Cox. Resultados: Participaram do

estudo corredores com idade média de 44 (DP=10) anos, sem grandes alterações

no alinhamento dos membros inferiores e que apresentaram associação entre a

discrepância de ângulos Q e o histórico de lesões musculoesqueléticas relacionadas

à corrida nos últimos 12 meses. Não houve associação entre as novas lesões

apresentadas pelos corredores e as características de alinhamento anatômico dos

membros inferiores. A prevalência de lesões musculoesqueléticas relacionadas à

corrida foi de 61,8%, a incidência das mesmas foi de 27%, sendo as tendinopatias e

as lesões musculares as lesões mais comuns e o joelho e a perna as regiões mais

acometidas. Conclusões: Foi possível identificar a associação entre a discrepância

de ângulos Q com as lesões em corredores, que apresentaram a tendinopatia e as

lesões musculares com as principais lesões e o joelho e a perna como as regiões

anatômicas mais acometidas.

PALAVRAS – CHAVES: Corrida, Lesões do Esporte, Fisioterapia, Exercício Físico.

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ABSTRACT

INTRODUCTION: There has been much speculation about the influence of factors

such as upper limb alignment and the development of musculoskeletal injuries in

runners; however, there is little evidence to support this hypothesis. Objectives: To

describe the characteristics of lower limb alignment, to verify the prevalence and

incidence of running-related musculoskeletal injuries, to analyze the associations

between anatomical alignment and these injuries and to describe the main injuries

among the runners and the most affected anatomical regions. Methods: This was a

cross-sectional prospective cohort study with a twelve-week follow-up period

including 89 recreational runners who were submitted to a bilateral evaluation of the

Q angle, subtalar angle, plantar arch index and lower limb length discrepancy.

Descriptive analyses were carried out as well as investigation of the association

between the runners’ anatomical alignment and the injuries presented. The incidence

of injuries was calculated using survival analysis, and the association between

possible risk factors and the time of injury was determined with the Cox regression

model. Results: Runners with a mean age of 44 (SD=10), without severe alterations

in lower limb alignment and presenting an association between the discrepancy of Q

angle and history of running-related musculoskeletal injuries in the last 12 months

participated in the study. There was no association between the runners’ new injuries

and lower limb alignment characteristics. The prevalence of musculoskeletal injuries

from running was 61.8%, and their incidence was of 27%; the most common injuries

were tendinopathies and muscle injuries, with the legs being the most affected

region. Conclusions: an association between Q angle discrepancy and the runners’

injuries was identified; tendinopathies and muscle injuries were the main injuries, and

the knee and leg were the most affected anatomical regions.

KEYWORDS: Running, Sport Injuries, Physical Therapy, Physical Exercise.

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 51.1 CONTEXTUALIZAÇÃO 61.1.1 Apresentação dos estudos envolvidos na dissertação 9

1.2 REFERÊNCIAS 10 CAPÍTULO 2 122.1 RESUMO 142.2 INTRODUÇÃO 162.3 MATERIAL E MÉTODO 182.3.1 Desenho do estudo e participantes 18

2.3.2 Formulário 18

2.3.3 Procedimentos de Avaliação 19

2.3.3.1 Avaliação do Ângulo Q e da Discrepância entre os Ângulos Q 19

2.3.3.2 Avaliação do Ângulo Subtalar 20

2.3.3.3 Avaliação do Índice do Arco Plantar 20

2.3.3.4 Avaliação da Discrepância de Comprimento dos Membros Inferiores 21

2.3.4 Análise estatística 22

2.4 RESULTADOS 232.5 DISCUSSÃO 272.6 CONCLUSÃO 322.7 AGRADECIMENTOS 332.8 CONFLITO DE INTERESSEES 332.9 FONTE DE FINANCIAMENTO DA PESQUISA 332.10 REFERÊNCIAS

ANEXO 3437

CAPÍTULO 3 393.1 AGRADECIMENTOS 423.2 RESUMO 433.3 INTRODUÇÃO 453.4 MATERIAL E MÉTODO 46

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3.4.1 Desenho do estudo e participantes 46

3.4.2 Formulário 47

3.4.3 Procedimentos de Avaliação 47

3.4.3.1 Avaliação do Ângulo Q e da Discrepância entre os Ângulos Q 47

3.4.3.2 Avaliação do Ângulo Subtalar 48

3.4.3.3 Avaliação do índice do Arco Plantar 49

3.4.3.4 Avaliação da Discrepância de Comprimento do Membros Inferiores 50

3.4.4 Análise Estatística 50

3.5 RESULTADOS 513.6 DISCUSSÃO 553.7 REFERÊNCIAS

ANEXO 5963

CAPÍTULO 4 644.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS 654.2 REFERÊNCIAS 68 MATERIAL SUPLEMENTAR 70Suplemento 1 – Avaliação do ângulo Q 71Suplemento 2 – Avaliação do ângulo subtalar 72Suplemento 3 – Avaliação do índice do arco plantar 73Suplemento 4 – Avaliação da discrepância de comprimento dos membros

Inferiores 74Suplemento 5 - Instruction for authors for preparation of manuscripts for

Physical Therapy in Sports 75Suplemento 6 - Instruction for authors for preparation of manuscripts for

Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy 87Suplemento 7 – Carta de aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) 95

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      5 

       

- CAPÍTULO 1 - CONTEXTUALIZAÇÃO

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      6 

       

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

A corrida representa uma das modalidades de atividade física de maior

popularidade no mundo1 e com número crescente de adeptos2. Porém, pode

apresentar taxas de incidência de lesões musculoesqueléticas que pode atingir entre

19,4% e 92,4% dos seus praticantes3, 4 e taxas de prevalência destas lesões que

oscilam entre 25% e 46% entre os corredores2, 5-7.

Alguns estudos têm se preocupado em pesquisar a influência de fatores

extrínsecos, como as características de treinamento, e intrínsecos, como as

características de alinhamento anatômico dos corredores8-10 no surgimento das

lesões durante a prática da corrida, sendo que os principais fatores de risco

apontados pela literatura para essas lesões são a quilometragem semanal superior a

64 km e o histórico de lesão musculoesquelética prévia em membros inferiores3, 11.

Entre as características de alinhamento anatômico, especula-se que a

discrepância de comprimento dos membros inferiores (MMII), as alterações de

ângulo Q e a discrepância entre ângulos Q dos joelhos possam ser fatores

associados ao desenvolvimento de lesões musculoesqueléticas em corredores9, 12. A

altura do arco longitudinal medial (ALM) e a medida do ângulo subtalar também são

apontadas, em alguns estudos, como possíveis fatores que se associam com essas

lesões, contudo poucas evidências sustentam tal hipótese10, 11, 13.

Atualmente, se estima para a população brasileira uma taxa de 5% de

corredores, principalmente de rua14, o que representa aproximadamente 10 milhões

de brasileiros praticando a corrida como esporte. No entanto, no Brasil, apenas um

estudo prospectivo15 desenvolvido com 18 corredores e com período de

acompanhamento de 12 meses foi realizado até o momento. Este estudo teve como

o objetivo analisar a incidência de lesões osteomioarticulares em corredores

amadores e detectar os principais fatores extrínsecos e intrínsecos associados às

lesões encontradas. Para tanto, os pesquisadores avaliaram a amplitude articular do

tornozelo, ângulo Q e encurtamento muscular dos isquiostibiais e quadríceps, mas

não observaram como resultado nenhuma associação da ocorrência de lesões

musculoesqueléticas relacionadas à corrida.

Apesar da existência de dez estudos de coorte prospectivo9-13, 15-19 que

verificaram a associação entre as características de alinhamento anatômico com o

desenvolvimento de lesões musculoesqueléticas, existem poucas evidências sobre a

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      7 

       

associação de cada tipo de alteração do alinhamento anatômico e o surgimento de

lesões. Dentre estes estudos, um16 foi desenvolvido com uma população de 532

corredores recreacionais, acompanhados por 8 semanas e encontrou associação

entre o movimento excessivo do osso navicular, avaliado em posição ortostática,

com o desenvolvimento de lesões musculoesqueléticas em corredores. Outro

estudo13, envolvendo 66 corredores recreacionais durante um período de 4 meses,

avaliou a mobilidade do osso navicular e o alinhamento do ângulo Q, avaliados a

partir da posição ortostática, e do retropé, avaliado na posição pronada, entre outras

medidas e encontrou associação, apenas, entre a mobilidade do osso navicular e o

desenvolvimento de síndrome do estresse tibial medial em corredores. Um terceiro

estudo15 foi realizado com 18 corredores recreacionais por um período de 12 meses

e avaliou entre outras medidas, o ângulo Q, a partir da posição ortostática, e a

mobilidade para dorsiflexão e flexão plantar, em posição pronada e supinada, e não

encontrou associação essas características estudadas e o surgimento de lesões

musculoesqueléticas entre os corredores.

Já dois outros estudos9,12, realizados com 23 corredores de cross-country,

durante a temporada de 1996 e que tiveram como objetivos analisar a associação

entre o ângulo Q9,12, avaliado em posição ortostática, e a discrepância de

comprimento dos MMII9, avaliada a partir da posição supinada, com as lesões em

corredores, encontraram associação apenas entre as alterações de ângulo Q e a

discrepância de ângulo Q maior que 3º com estas lesões na corrida. Um outro

estudo17 envolvendo 8 clubes de corredores de cross-country, acompanhados por

um período de 13 semanas, avaliou a associação entre a altura do osso navicular,

avaliado a partir da posição ortostática, com as lesões na corrida, e não encontrou

associação entre estas duas variáveis.

Um dos estudos10 foi realizado com 153 corredores recreacionais durante 6

meses e avaliou, entre outras características de alinhamento anatômico dos MMII, o

ângulo Q e a discrepância de comprimento dos MMII, avaliados em posição

supinada, arco longitudinal medial, avaliado em posição ortostática, e ângulo

subtalar, avaliado com o corredor posicionado em prono, contudo estabeleceu

associação apenas entre as alterações de angulação subtalar e as lesões

musculoesqueléticas relacionada à corrida.

Um estudo desenvolvido com maratonistas11 acompanhados por 32 semanas

e que avaliou as medidas de ângulo Q, alinhamento do retropé, ângulo subtalar e

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      8 

       

comprimento dos MMII, encontrou associação entre as alterações de ângulo Q e a

discrepância de comprimento dos MMII com as lesões musculoesqueléticas em

corredores.

Dois estudos desenvolvidos com militares18, 19 em treinamento para a

academia militar, apresentaram como objetivo analisar a associação entre a

prescrição de tênis especial de corrida baseado na avaliação da altura do arco

longitudinal medial, realizada em ortostatismo, e as lesões musculoesqueléticas

relacionadas à corrida, e concluíram que a prescrição destes tênis especiais de

corrida, a partir da avaliação da altura do arco longitudinal medial, não reduz a

incidência de lesões nos recrutas.

Sendo assim e tomando como referência as evidências conflitantes presentes

nos estudos que se propõem a identificar as possíveis associações entre as

principais características de alinhamento anatômico com o aumento da incidência de

lesões musculoesqueléticas em corredores recreacionais, os objetivos desta

dissertação são: 1) descrever as características pessoais e de alinhamento

anatômico de corredores recreacionais; 2) determinar qual a prevalência de lesões

musculoesqueléticas presentes nos últimos 12 meses entre os corredores

participantes do estudo; 3) verificar se existe associação entre as características de

alinhamento anatômico com a história prévia de lesões musculoesqueléticas; e 4)

determinar a incidência de lesões musculoesqueléticas ocorridas durante os 3

meses de acompanhamento do estudo; 5) observar se há influência das

características de alinhamento anatômico dos membros inferiores sobre a incidência

de lesões musculoesqueléticas entre os corredores participantes.

A partir destes objetivos, pretendemos contribuir para um melhor

entendimento dos fatores envolvidos com as lesões musculoesqueléticas em

corredores, auxiliando não somente a população de praticantes de corrida na

identificação de fatores predisponentes destas lesões, mas também aos treinadores

na elaboração de programas de treinamento diferenciados e beneficiará os

fisioterapeutas que compõem as equipes multidisciplinares do esporte a prestarem

melhor atenção primária à saúde, uma vez que é o profissional melhor qualificado

para desenvolver programas de prevenção de lesões, especialmente esportivas.

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      9 

       

1.1.1Apresentação dos Estudos Envolvidos na Dissertação

O capítulo 2 desta dissertação apresenta um estudo do tipo transversal que

teve os seguintes objetivos: descrever as características pessoais e de alinhamento

anatômico de uma amostra de 89 corredores recreacionais; determinar qual a

prevalência de lesões musculoesqueléticas dos últimos 12 meses entre esses

corredores; verificar se existe associação entre as características de alinhamento

anatômico com a história prévia de lesões musculoesqueléticas; e descrever as

principais lesões ocorridas e suas localizações anatômicas nesse grupo de

corredores. Este capítulo foi formatado segundo as normas da Revista Physical

Therapy in Sports e submetido a este periódico (suplemento 5). Os resultados deste

capítulo apontam para a associação entre a discrepância de ângulos Q com o

histórico de lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida, uma prevalência nos

últimos 12 meses de 61,8% de lesões entre os corredores, o joelho como a região

anatômica mais acometida por estas lesões e as lesões musculares e as

tendinopatias como aquelas mais comumente referidas pelos corredores.

O capítulo 3 trata de um estudo de coorte prospectivo cujos objetivos foram

apresentar a incidência de lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida em

uma população de corredores recreacionais, verificar as associações entre as

características de alinhamento anatômicos dos membros inferiores e o surgimento

de lesões em corredores e descrever as principais lesões ocorridas durante o

período de acompanhamento do estudo, assim como as regiões anatômicas mais

acometidas. O estudo foi conduzido com 89 corredores envolvidos nos resultados do

capítulo 2, que foram acompanhados a cada duas semanas por um período de 12

semanas através do preenchimento de um formulário online e da realização de uma

avaliação das medidas de ângulo Q, ângulo da articulação subtalar, de discrepância

de comprimento dos membros inferiores e de altura do arco longitudinal medial. Os

resultados do capítulo 3 apresentam a não associação entre as características de

alinhamento anatômico dos MMII com o surgimento de lesões musculoesqueléticas

relacionadas à corrida, uma incidência de 27% de lesões entre os corredores, ou 6

lesões por 1000 horas de exposição à corrida, a perna e o joelho como as regiões

anatômicas mais acometidas por estas lesões e as lesões musculares e as

tendinopatias como aquelas mais comumente referidas pelos corredores. Este

capítulo foi formatado segundo as normas da revista Journal of Orthopaedic & Sports

Physical Therapy (JOSPT) e submetido a este periódico (suplemento 6).

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      10 

       

1.2 REFERÊNCIAS  

1. Van Middelkoop M, Kolkman J, Van Ochten J, Bierma-Zeinstra SM, Koes BW.

Course and predicting factors of lower-extremity injuries after running a marathon.

Clin J Sport Med. 2007;17(1):25-30.

2. Pazin J, Duarte MFS, Poeta LS, Gomes MA. Corredores de rua:

características demográficas, treinamento e prevalência de lesões. Rev bras

cineantropom desempenho hum 2008;10(3):277-82.

3. Van Gent RN, Siem D, Van Middelkoop M, Van Os AG, Bierma-Zeinstra SM,

Koes BW. Incidence and determinants of lower extremity running injuries in long

distance runners: a systematic review. Br J Sports Med. 2007;41(8):469-80.

4. Van Middelkoop M, Kolkman J, Van Ochten J, Bierma-Zeinstra SM, Koes B.

Prevalence and incidence of lower extremity injuries in male marathon runners.

Scand J Med Sci Sports. 2008;18(2):140-4.

5. Lopes AD, Costa LO, Saragiotto BT, Yamato TP, Adami F, Verhagen E.

Musculoskeletal pain is prevalent among recreational runners who are about to

compete: an observational study of 1049 runners. J Physiother. 2011;57(3):179-82.

6. McKean KA, Manson NA, Stanish WD. Musculoskeletal injury in the masters

runners. Clin J Sport Med. 2006;16(2):149-54.

7. Yamato TP, Saragiotto BT, Lopes AD. Prevalência de dor em corredores de

rua no momento em que precede o inicio da prova. Cadernos de Formação RBCE.

2011;33(2): 475-482.

8. Willems TM, Witvrouw E, Delbaere K, Mahieu N, De Bourdeaudhuij I, De

Clercq D. Intrinsic risk factors for inversion ankle sprains in male subjects: a

prospective study. Am J Sports Med. 2005;33(3):415-23.

9. Rauh MJ, Koepsell TD, Rivara FP, Margherita AJ, Rice SG. Epidemiology of

musculoskeletal injuries among high school cross-country runners. Am J Epidemiol.

2006;163(2):151-9.

10. Lun V, Meeuwisse WH, Stergiou P, Stefanyshyn D. Relation between running

injury and static lower limb alignment in recreational runners. Br J Sports Med.

2004;38(5):576-80.

11. Wen DY, Puffer JC, Schmalzried TP. Injuries in runners: a prospective study of

alignment. Clin J Sport Med. 1998;8(3):187-94.

Page 17: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

      11 

       

12. Rauh MJ, Koepsell TD, Rivara FP, Rice SG, Margherita AJ. Quadriceps angle

and risk of injury among high school cross-country runners. J Orthop Sports Phys

Ther. 2007;37(12):725-33.

13. Raissi GR, Cherati AD, Mansoori KD, Razi MD. The relationship between

lower extremity alignment and Medial Tibial Stress Syndrome among non-

professional athletes. Sports Med Arthrosc Rehabil Ther Technol. 2009;1(1):11.

14. Instituto Ipsos Marplan. Esporte na vida do brasileiro. In: Dossiê Esporte, Um

estudo sobre o esporte na vida do brasileiro. 2ª Parte; 2006.

15. Pileggi P, Gualano B, Souza M, Caparbo VF, Pereira RMR, Pinto ALS, et al.

Incidência e fatores de risco de lesões osteomioarticulares em corredores: um

estudo de coorte prospectivo. Rev bras educ fís esporte. 2010;24 no.4(4):453-62.

16. Buist I, Bredeweg SW, Bessem B, van Mechelen W, Lemmink KA, Diercks RL.

Incidence and risk factors of running-related injuries during preparation for a 4-mile

recreational running event. Br J Sports Med. 2010;44(8):598-604.

17. Plisky MS, Rauh MJ, Heiderscheit B, Underwood FB, Tank RT. Medial tibial

stress syndrome in high school cross-country runners: incidence and risk factors. J

Orthop Sports Phys Ther. 2007;37(2):40-7.

18. Knapik JJ, Brosch LC, Venuto M, Swedler DI, Bullock SH, Gaines LS, et al.

Effect on injuries of assigning shoes based on foot shape in air force basic training.

Am J Prev Med. 2010;38(9):1759-67.

19. Knapik JJ, Trone DW, Swedler DI, Villasenor A, Bullock SH, Schmied E, et al.

Injury reduction effectiveness of assigning running shoes based on plantar shape in

Marine Corps basic training. Am J Sports Med. 2010;38(9):1759-67.

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      12 

       

 

 

- CAPÍTULO 2 - ASSOCIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DE ALINHAMENTO

DOS MEMBROS INFERIORES COM A HISTÓRIA PREGRESSA DE LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS EM CORREDORES

RECREACIONAIS: UM ESTUDO TRANSVERSAL

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      13 

       

ASSOCIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DE ALINHAMENTO DOS

MEMBROS INFERIORES COM A HISTÓRIA PREGRESSA DE LESÕES

MUSCULOESQUELÉTICAS EM CORREDORES RECREACIONAIS: UM ESTUDO

TRANSVERSAL

ALINE CARLA ARAÚJO CARVALHO1-3*, LUIZ CARLOS HESPANHOL JUNIOR1,2,

LEONARDO OLIVEIRA PENA COSTA1,2,4, ALEXANDRE DIAS LOPES1,2

1- Programa de Mestrado em Fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo – UNICID,

São Paulo (SP), Brasil.

2- São Paulo Running Injury Group (SPRunIG), São Paulo (SP), Brasil.

3- Centro Universitário CESMAC, Maceió (AL), Brasil.

4- Musculoskeletal Division, The George Institute for Global Health, Sydney, Australia

Autor correspondente: ALINE CARLA ARAÚJO CARVALHO*, tel (11) 2178.1563

Rua Cesário Galeno, 448/475 – São Paulo, SP – CEP: 03071-000, [email protected]

LUIZ CARLOS HESPANHOL JUNIOR

Rua Cesário Galeno, 448/475 – São Paulo, SP – CEP: 03071-000,

[email protected]

LEONARDO OLIVEIRA PENA COSTA

Rua Cesário Galeno, 448/475 – São Paulo, SP – CEP: 03071-000, [email protected]

ALEXANDRE DIAS LOPES

Rua Cesário Galeno, 448/475 – São Paulo, SP – CEP: 03071-000,

[email protected]

Page 20: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

      14 

       

2.1 RESUMO

Objetivos: Descrever as características de alinhamento anatômico dos membros

inferiores e o histórico de lesões de corredores recreacionais, a prevalência de

lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida, além de verificar a associação

entre as características de alinhamento e o histórico de lesões prévias relacionadas

à corrida nos últimos 12 meses. Desenho: Estudo transversal composto por 89

corredores recreacionais que responderam questões sobre características de

treinamento de corrida e histórico de lesões dos últimos 12 meses. Método: Os

corredores foram avaliados para as seguintes características: ângulo Q

bilateralmente, ângulo subtalar, arco longitudinal medial e discrepância de

comprimento dos membros inferiores. Foram realizadas análises descritivas das

características de alinhamento anatômico dos membros inferiores e verificação da

associação do alinhamento com histórico de lesões através do teste de Qui-

quadrado. A regressão logística univariada foi realizada para verificação da

associação entre histórico de lesões e medidas lineares de ângulo Q. Resultados:

Participaram do estudo corredores com idade média de 44,0 (DP=10,0) anos. Na

avaliação do alinhamento anatômico apenas a discrepância entre ângulos Q foi

associada com a história pregressa de lesões musculoesqueléticas (x2 = 4,95;

p=0,03). A prevalência de lesões relacionadas à corrida foi de 61,8%, sendo as

tendinopatias e as lesões musculares as principais lesões, e o joelho a região

anatômica mais acometida. Conclusão: A prevalência de lesões

musculoesqueléticas nos últimos doze meses relacionadas à corrida foi de 61,8% e

se identificou associação entre a discrepância de ângulos Q com a história

Page 21: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

      15 

       

pregressa de lesões musculoesqueléticas, sendo as tendinopatias e as lesões

musculares as principais lesões e o joelho a região mais acometida.

Palavras Chaves: Corrida, Lesões do Esporte, Fisioterapia, Exercício Físico.

Page 22: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

      16 

       

2.2 INTRODUÇÃO

A corrida representa uma das modalidades de atividade física de maior

popularidade no mundo (Van Middelkoop, Kolkman, Van Ochten, Bierma-Zeinstra, &

Koes, 2007) sendo considerada uma atividade física eficaz para o incremento da

capacidade cardiorrespiratória e melhora da composição corporal (Jakobsen, Kroner,

Schmidt, & Kjeldsen, 1994). Contudo, apresenta taxa de incidência de lesões

musculoesqueléticas que podem variar entre 19,4% e 92,4% (Van Gent et al., 2007;

Van Middelkoop, Kolkman, Van Ochten, Bierma-Zeinstra, & Koes, 2008), assim

como apresentar valores de prevalência de dor musculoesquelética prévia à

participação em uma corrida de aproximadamente 25% (Lopes et al., 2011; Yamato,

Saragiotto, & Lopes, 2011).

Alguns estudos têm se preocupado em pesquisar a influência de fatores

extrínsecos e intrínsecos dos corredores (Lun, Meeuwisse, Stergiou, & Stefanyshyn,

2004; Rauh, Koepsell, Rivara, Margherita, & Rice, 2006) no desenvolvimento das

lesões na corrida, sendo que os principais fatores de risco descritos são:

quilometragem semanal superior a 64 km e histórico de lesão musculoesquelética

prévia em membros inferiores (MMII) (Van Gent, et al., 2007; Wen, Puffer, &

Schmalzried, 1998). Entre as características de alinhamento anatômico, especula-se

que a discrepância de comprimento dos MMII e a diferença de ângulo Q entre os

joelhos possam ser fatores associados com o desenvolvimento de lesões

musculoesqueléticas em corredores (Lun, et al., 2004; Rauh, et al., 2006; Rauh,

Koepsell, Rivara, Rice, & Margherita, 2007; Wen, et al., 1998). A altura do arco

longitudinal medial (ALM) e a medida do ângulo subtalar também são apontadas

como possíveis fatores de risco de lesões em corredores, apesar das evidências não

Page 23: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

      17 

       

sustentarem tais hipóteses (Knapik, Brosch, et al., 2010; Knapik, Trone, et al., 2010;

Lun, et al., 2004; Raissi, Cherati, Mansoori, & Razi, 2009; Wen, et al., 1998). Esses

estudos realizaram avaliações em posicionamento sem aplicação de carga para

medidas de ângulo subtalar (Lun, et al., 2004), ou foram realizados com militares

(Knapik, Brosch, et al., 2010; Knapik, Trone, et al., 2010), que apresentam

características muito distintas dos corredores recreacionais.

O conhecimento das características de alinhamento anatômico de corredores

recreacionais por parte dos fisioterapeutas é de grande valia para os profissionais

que atuam na área da fisioterapia esportiva. Desta forma, os objetivos deste estudo

foram descrever as características de alinhamento anatômico dos membros

inferiores, além de verificar as associações entre as características de alinhamento

dos membros inferiores e o histórico de lesões prévias relacionadas à corrida nos

últimos 12 meses. Também foram analisadas a prevalência das lesões nos últimos

12 meses e descrição das principais lesões musculoesqueléticas pregressas.

Page 24: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

      18 

       

2.3 MATERIAIS E MÉTODOS

2.3.1 Desenho do estudo e participantes

Este estudo foi do tipo transversal, composto por 89 corredores sócios de

uma entidade promotora e organizadora de eventos de corrida na cidade de São

Paulo – SP, Brasil (CORPORE-Brasil), que responderam a um formulário online que

continha questões sobre histórico de corrida, características de treinamento e

histórico de lesões relacionadas à prática da corrida nos últimos 12 meses. Todos os

participantes foram submetidos a uma avaliação do alinhamento dos membros

inferiores, que consistiu da mensuração dos ângulos Q (Rauh, et al., 2007) e

subtalar (Eng & Pierrynowski, 1994; McPoil & Cornwall, 1996), índice do arco plantar

(Cavanagh & Rodgers, 1987; Nakhaee, Rahimi, Abaee, Rezasoltani, & Kalantari,

2008), além da mensuração da discrepância de comprimento dos membros

inferiores (Rauh, et al., 2006; Santili, Waisberg, Akkari, Fávaro, & Prado, 1998).

Participaram da pesquisa corredores com idade igual ou superior a 18 anos, que

praticavam corrida há pelo menos seis meses. Esse estudo obteve a aprovação do

Comitê de Ética da Universidade Cidade de São Paulo (Protocolo 13506583/2010 –

suplemento 7).

2.3.2 Formulários

Um formulário online auto-aplicável foi preenchido pelos corredores

participantes. O formulário apresentava três partes, sendo que a primeira parte

continha informações sobre dados pessoais; a segunda parte era composta por

perguntas sobre algumas características do treinamento, como quilometragem

semanal percorrida; e a terceira parte questionava os participantes quanto ao seu

Page 25: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

      19 

       

histórico de lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida nos últimos 12

meses (informação das lesões coletada pelo corredor através de opções de

sintomas ou diagnósticos derivado de um estudo anterior) (Alonso et al., 2009).

2.3.3 Procedimentos de avaliação

2.3.3.1 Avaliação do Ângulo Q e da Discrepância entre os Ângulos Q

O ângulo Q, ou ângulo de tração do quadríceps, foi mensurado com o

corredor trajando roupa esportiva e descalço. O corredor foi posicionado

ortostaticamente de frente para o examinador, se mantendo apoiado sobre os dois

pés, permitindo a demarcação com uma caneta especial dos seguintes pontos

anatômicos: espinhas ilíacas ântero-superiores (EIAS), centro de ambas as patelas e

as tuberosidades tibiais para a mensuração o ângulo Q (Rauh, et al., 2007). Todas

as marcações foram feitas pelo mesmo examinador. Foi traçada uma reta utilizando

fita métrica da EIAS até o centro da patela e uma segunda reta do centro da patela

até a tuberosidade tibial. O ângulo formado pela intersecção destas duas linhas

constituiu o ângulo Q, que foi medido por um goniômetro universal posicionado com

seu eixo no centro da patela (suplemento 1). Os valores entre 10° e 15° para esta

angulação foram considerados normais para ambos os sexos (Rauh, et al., 2007).

Após esta mensuração, foi verificada a diferença de angulação entre os valores

obtidos para os ângulos Q, tendo sido considerado como discrepância normal uma

variação de até 3º (Rauh, et al., 2007). A estimativa do coeficiente de correlação

intra-classe para a medida do ângulo Q já foi analisada por outros autores e

observado que apresenta boa correlação (Shultz et al., 2006).

Page 26: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

      20 

       

2.3.3.2 Avaliação do Ângulo Subtalar

Para avaliar o ângulo subtalar, os participantes foram posicionados sobre uma

plataforma de 30 cm de altura e orientados a manter os pés paralelos e a realizar

descarga de peso simétrica entre os membros inferiores. Foram demarcadas a

tuberosidade posterior do calcâneo e um ponto sobre o tendão do calcâneo

referente a linha média entre os maléolos utilizando etiquetas adesivas. Após as

marcações foi capturada uma imagem do terço póstero-distal dos MMII utilizando

uma câmera fotográfica digital. A câmera foi posicionada sobre um tripé, disposta

posteriormente ao corredor avaliado, centralizada em relação ao participante e

nivelada em relação à plataforma. Para mensurar o ângulo subtalar foi utilizado o

software AutoCAD 2005®, que permitia ao avaliador traçar uma linha entre os dois

pontos demarcados com as etiquetas adesivas e uma segunda linha orientada

verticalmente, estando esta perpendicular (90º) em relação ao solo (suplemento 2).

A intersecção dos prolongamentos de ambas as retas resultou em um ângulo

(McPoil & Cornwall, 1996) que foi mensurado e classificado da seguinte maneira:

ângulo subtalar normal (para valores entre 0-5º), varo (valores <0) e valgo (medidas

>6º) (Eng & Pierrynowski, 1994). O ICC intra-classe para a medida do ângulo

subtalar já foi verificado por outros autores e observado que apresenta boa

correlação (McPoil & Cornwall, 1996).

2.3.3.3 Índice do Arco Plantar

Os participantes foram posicionados sobre um podoscópio com os pés

descalços e separados por uma distância que equivaleu a uma fina placa com

largura de 7,5 cm. A imagem da impressão plantar foi capturada com uma câmera

digital que foi posicionada sobre um tripé em frente ao podoscópio 1. Para analisar

Page 27: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

      21 

       

as imagens utilizou-se o software AutoCAD 2005® para traçar três retas: uma que

foi traçada do ponto equivalente a 2ª articulação metatarsofalangeana até o ponto

equivalente na face posterior do calcâneo, sendo denominada de reta do eixo do pé;

a segunda reta foi traçada perpendicularmente ao primeiro eixo tendo como base os

pontos mais salientes do 1º e 5º metatarsos; e uma terceira reta foi traçada com

base nos pontos mais salientes do calcâneo medial e lateral, em sua porção anterior.

Após traçadas essas linhas foi possível dividir o pé em três partes (áreas): antepé,

mediopé e retropé (suplemento 3). As três áreas foram medidas pelo software citado

anteriormente. A área do médiopé foi dividida pela área total das três áreas

mensuradas, tendo como resultado o índice do arco (Nakhaee, et al., 2008) para

cada um dos pés avaliados 2, 3. O índice do arco plantar foi classificado de acordo

com os seguintes parâmetros: arco longitudinal elevado (índice ≤ 0,21), arco

longitudinal normal (índice entre 0,22 e 0,26) e arco longitudinal baixo (índice ≥ 0,26)

4. O coeficiente de correlação intra-classe para a medida da altura do arco

longitudinal medial já foi mensurada por outros autores e considerada como

apresentando boa correlação (Queen, Mall, Hardaker, & Nunley, 2007).

2.3.3.4 Avaliação da Discrepância de Comprimento dos Membros Inferiores

A avaliação da discrepância de comprimento dos MMII foi realizada com os

participantes em posição supina e orientados a manter os membros inferiores

relaxados. Foram demarcadas as seguintes referências anatômicas utilizando uma

caneta especial: EIAS e os centros dos maléolos mediais de cada membro inferior.

Utilizando uma fita métrica foi mensurado o comprimento real dos MMII, medindo o

comprimento entre a EIAS de uma hemipelve até o centro do maléolo medial

ipsilateral de ambos os MMII (suplemento 4). A discrepância de comprimento dos

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      22 

       

MMII foi considerada normal quando apresentou medida inferior a 1,0 cm (Rauh, et

al., 2006; Santili, et al., 1998). A estimativa do coeficiente de correlação intra-classe

para a medida de discrepância de comprimento dos MMII já foi analisada por outros

autores e observado que apresenta bom índice de correlação (Rondon, Gonzalez,

Agreda, & Millan, 1992).

2.3.4 Análise Estatística

O tamanho da amostra foi estimado tendo como base 26% da frequência de

lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida na população de corredores

(Buist et al., 2010), com uma precisão da estimativa de 35% e um nível de

significância de 5%, sendo sugerido que 89 corredores participassem do estudo.

Foram realizadas análises descritivas das características pessoais, do

treinamento de corrida, da localização anatômica, do tipo de lesões prévias referidas

pelos corredores e das características de alinhamento anatômico dos membros

inferiores. Foi realizada a verificação da associação do alinhamento anatômico dos

MMII com histórico de lesões através do teste de Qui-quadrado. A regressão

logística univariada foi realizada para verificação da associação entre histórico de

lesões e medidas contínuas de ângulo Q. A comparação de médias de idade entre

os grupos com histórico de lesão e sem histórico de lesão foi realizado através do

teste t de Student, após a verificação da normalidade da amostra, realizada através

da análise de inspeção de histogramas. Todas as análises foram realizadas pelo

software SPSS versão 17,0 adotando-se um α = 0,05.

Page 29: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

      23 

       

2.4 RESULTADOS

Dos 89 corredores participantes do estudo, a maioria era do sexo masculino

(77,5%, n = 69), com idade média de 44,0 (DP=10,0) anos de idade. O índice de

massa corporal (IMC) observado classificou a maioria dos corredores como saudável

e com experiência de corrida de até 5 anos, assim como relataram correr uma

quilometragem semanal entre 20 e 40 km. A descrição completa das características

pessoais e do treinamento dos participantes pode ser observada na tabela 1.

Tabela 1. Descrição e verificação da associação das características pessoais e de treinamento com o histórico de lesões prévias referidas pelos corredores.

Variável Todos

% (n=89) Com Histórico de Lesão % (n=55)

Sem Histórico de

Lesão % (n=34) p

Gênero Masculino 77,5 (69) 49,4 (44) 28,1 (25) Feminino 22,5 (20) 12,4 (11) 10,1 (9) 0,48 IMC Saudável 62,9 (56) 38,2 (34) 24,7 (22) Sobrepeso 34,8 (31) 22,5 (20) 12,4 (11) Obeso 2,2 (2) 1,1 (1) 1,1 (1) 0,88 Experiência de corrida

Até 5 anos 65,2 (58) 36,0 (32) 29,2 (26) De 5 a 15 anos 20,2 (18) 13,5 (12) 6,7 (6) Mais de 15 anos 14,6 (13) 12,4 (11) 2,3 (2) 0,13

Km / sem Até 20km 24,7 (22) 15,7 (14) 9,0 (8) De 20 a 40km 41,6 (37) 24,7 (22) 16,9 (15) De 40 a 60km 19,1 (17) 11,2 (10) 7,9 (7) Mais de 60km 14,6 (13) 10,1 (9) 4,5 (4) 0,92

O valor de p se refere ao teste de Qui-quadrado.

A tabela 2 apresenta os resultados das avaliações das características de

alinhamento anatômico, em que apenas a variável de discrepância entre ângulos Q

apresentou alteração para a maioria dos participantes sendo possível observar a

associação entre discrepância de ângulos Q categorizados (até 3º ou maior que 3º

de discrepância) e história pregressa de lesões musculoesqueléticas (x2 = 4,95;

p=0,03). Os valores das medidas de ângulo Q podem ser observados na tabela 3.

Não foi possível observar associação entre as medidas contínuas de discrepância

Page 30: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

      24 

       

dos ângulos Q com a história pregressa de lesão musculoesquelética nos corredores

(Odds Ratio=1,14; IC 95%=0,98 a 1,32; p=0,09).

Tabela 2. Descrição e verificação da associação das características de alinhamento anatômico com o histórico de lesões prévias referidas pelos corredores.

Variável

Todos

% (n=89) Com Histórico de Lesão % (n=55)

Sem Histórico de Lesão % (n=34)

p

Arco Longitudinal Medial Esquerdo

Neutro 66,3 (59) 63,6 (35) 70,6 (24) Alto 13,5 (12) 16,4 (9) 8,8 (3) Baixo 20,2 (18) 20,0 (11) 20,6 (7) 0,59

Direito Neutro 67,4 (60) 67,3 (37) 67,6 (23) Alto 15,7 (14) 18,2 (10) 11,8 (4) Baixo 16,9 (15) 14,5 (8) 20,6 (7) 0,60

Ângulo Subtalar Esquerdo

Neutro 77,5 (69) 74,5 (41) 82,4 (28) Varo 4,5 (4) 5,5 (3) 2,9 (1) Valgo 18,0 (16) 20,0 (11) 14,7 (5) 0,67

Direito Neutro 79,8 (71) 76,4 (42) 83,5 (29) Varo 0 0 0 Valgo 20,2 (18) 23,6 (13) 14,7 (5) 0,31

Discrepância de comprimento

dos MMII Até 1cm 88,8 (79) 89,1 (49) 88,2 (30) Maior que 1cm 11,2 (10) 10,9 (6) 11,8 (4) 0,90

Discrepância entre Ângulos Q

Até 3º 47,2 (42) 38,2 (21) 61,8 (21) Maior que 3º 52,8 (47) 61,8 (34) 38,2 (13) 0,03*

O valor de p se refere ao teste de Qui-quadrado. *valor estatisticamente significante.

Tabela 3. Descrição das medidas contínuas de ângulo Q com o histórico de lesões prévias referidas pelos corredores.

Discrepância entre Ângulos Q

Todos % (n=89)

Com Histórico de Lesão % (n=55)

Sem Histórico de Lesão % (n=34)

0 7,9 (7) 5,4 (3) 11,7 (4) 1° 16,8 (15) 16,3 (9) 17,6 (6) 2° 12,3 (11) 9,1 (5) 17,6 (6) 3° 10,1 (9) 7,3 (4) 14,7(5) 4° 15,7 (14) 21,8 (12) 5,9 (2) 5° 13,5 (12) 18,2 (10) 5,9 (2) 6° 2,2 (2) 1,8 (1) 2,9 (1) 7° 6,7 (6) 3,6 (2) 5,9 (2) 8° 1,1 (1) 1,8 (1) 0 (0) 9° 4,5 (4) 1,8 (1) 5,9 (2)

10° 2,2 (2) 1,8 (1) 2,9 (1) 11° 5,6 (5) 7,3 (4) 5,9 (2) 12° 1,1 (1) 0 (0) 2,9 (1)

Page 31: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

      25 

       

A prevalência de lesões musculoesqueléticas prévias dos últimos 12 meses

relatadas pelos participantes do estudo foi de 61,8% (n = 55), sendo as

tendinopatias e as lesões musculares (distensões, rupturas ou estiramentos

musculares) as afecções mais comumente referidas. A região anatômica com maior

ocorrência das lesões musculoesqueléticas relatadas foi o joelho, seguida pelo pé e

pernas. A descrição e a distribuição de frequência dos tipos de lesões

musculoesqueléticas, assim como das regiões anatômicas acometidas podem ser

observadas na tabela 4.

Tabela 4. Descrição do tipo e localização anatômica das lesões referidas pelos corredores. Tipo de lesão % (n) Região da lesão % (n) Tendinopatia 16,4 (9) Joelho 40,0 (22) Distensões / Ruptura Muscular / Estiramento 16,4 (9) Pé 12,7 (7) Entorse (lesão da articulação e/ou 12,7 (7) Perna 10,9 (6) ligamentos) Tornozelo 9,1 (5) Fasciite Plantar 9,1 (5) Coluna Vertebral 5,4 (3) Dor lombar / Lombalgia / Dor nas costas 1,8 (1) Coxa 9,1 (5) Lesão de Meniscos ou Cartilagem 10,9 (6) Quadril / Virilha 7,3 (3) Fratura por Estresse (sobrecarga) 3,6 (2) Tendão Aquiles Hérnia de Disco 3,6 (2) (Calcâneo) 3,6 (2) Outros 25,3 (13) Pélvis / Sacro / Nádega 1,8 (1)

Entre os participantes do estudo que apresentavam discrepância entre

ângulos Q superior a 3º, a prevalência de lesões musculoesqueléticas prévias foi de

85,4% (n = 47), sendo as lesões musculares (distensões, rupturas ou estiramentos

musculares) e as tendinopatias as afecções mais comumente referidas. A região

anatômica com maior ocorrência das lesões musculoesqueléticas relatadas foi a do

joelho, seguida pela perna, coxa e pé. A descrição e a distribuição de frequência dos

tipos de lesões musculoesqueléticas, assim como das regiões anatômicas

acometidas nos participantes que apresentavam discrepância entre ângulos Q

superior a 3º podem ser observadas na tabela 5.

Page 32: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

      26 

       

Tabela 5. Descrição do tipo e localização anatômica das lesões referidas pelos corredores que apresentaram discrepância de ângulo Q superior a 3º. Tipo de lesão % (n = 47) Região da lesão % (n = 47) Distensões / Ruptura Muscular / Estiramento 12,8 (6) Joelho 31,9 (15) Tendinopatias 12,8 (6) Perna 8,5 (4) Entorse (lesão da articulação e/ou Coxa 6,4 (3) ligamentos) 6,4 (3) Pé 6,4 (3) Fasciite plantar 6,4 (3) Coluna lombar 4,2 (2) Lesão de Meniscos ou Cartilagem 6,4 (3) Quadril 4,2 (2) Contusão / hematoma / equimose 4,2 (2) Tendão de Aquiles 4,2 (2) Ruptura ligamentar 2,1 (1) Tornozelo 4,2 (2) Dor lombar / Lombalgia / Dor nas costas 2,1 (1) Pelve 2,1 (1) Fratura por Estresse (sobrecarga) 2,1 (1) Hérnia de disco 2,1 (1) Artrite/sinovite/bursite 2,1 (1) Outros 12,8 (6)

Page 33: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

      27 

       

2.5 DISCUSSÃO

Foi possível identificar a associação da discrepância entre os ângulos Q dos

joelhos com a história pregressa de lesão musculoesquelética nos corredores

recreacionais que participaram do estudo (p=0,03). Dentre as características de

alinhamento anatômico dos MMII, a maioria dos corredores apresentou índice do

arco plantar e ângulo subtalar classificados como neutros para ambos os pés e

discrepâncias menores que 1 cm para a medida de comprimento real dos MMII.

Porém, em mais da metade do total de corredores que participaram do estudo foi

observado discrepância maior que 3º para as medidas dos ângulos Q entre os

joelhos. A prevalência de lesão musculoesquelética nos últimos 12 meses foi de

61,8%, assim como a prevalência de lesão musculoesquelética prévia do estudo

para os corredores com discrepância entre ângulos Q foi de 85,4%. As lesões

musculoesqueléticas predominantes foram as tendinopatias e lesões musculares e a

região do corpo mais acometida foi o joelho. As características dos corredores

participantes desse estudo no que se refere à faixa etária, experiência de corrida e

quilometragem semanal percorrida foram ligeiramente diferentes de outros estudos

que tiveram um delineamento semelhante (Lun, et al., 2004; Pazin, Duarte, Poeta, &

Gomes, 2008), e que também se preocuparam em verificar a associação de

características de treino e/ou de alinhamento dos membros inferiores com as lesões

na corrida.

As análises do índice do arco plantar e do ângulo subtalar apresentaram

predominância de medidas dentro das faixas de normalidade adotadas nesse

estudo, evidenciando distribuição muito semelhante entre o grupo com histórico de

lesão e aquele sem história de lesão prévia, apesar de outros estudos terem

Page 34: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

      28 

       

encontrado predomínio de alterações do tipo de pé e do ângulo subtalar em

corredores (Lee, Hertel, & Lee, 2010; Lun, et al., 2004). Não foi observada a

associação entre o histórico de lesão e as características de alinhamento da

articulação subtalar e do índice do arco plantar entre os participantes desse estudo,

o que corrobora os resultados de outros estudos (Lun, et al., 2004; Nakhaee, et al.,

2008; Pileggi et al., 2010; Raissi, et al., 2009).

A não associação entre o histórico de lesão e as características de

alinhamento da subtalar e do índice do arco plantar observada nesse estudo

contradiz uma das premissas que a indústria de calçados esportivos constantemente

emprega, afirmando que existe a necessidade de se controlar eventuais alterações

de alinhamento e posicionamento do pé como forma de prevenção de lesões,

estimulando grande parte dos corredores a adquirirem um “tênis com características

especiais para a corrida”. A utilização de tênis de corrida já foi motivo de uma

revisão sistemática (Richards, Magin, & Callister, 2009), que demonstrou que a

prescrição de calçado especial para corredores não era baseada em evidência

científica até o momento da publicação do estudo. Após a publicação desta revisão

sistemática, alguns estudos (Knapik, Brosch, et al., 2010; Knapik, Trone, et al., 2010)

foram realizados com o objetivo de verificar se a prescrição de calçado baseado na

avaliação do arco longitudinal medial seria eficaz na prevenção das lesões

musculoesqueléticas em militares. Esses estudos encontraram que a utilização

desses calçados tem pouca influência no surgimento de lesões, não sendo indicado

utilizá-los para prevenir lesões musculoesqueléticas. Assim, entende-se a

necessidade urgente da realização de estudos que tenham como objetivo analisar a

eficácia do “tênis especial de corrida” na prevenção de lesão em corredores

recreacionais, apesar da indústria de calçado estar há mais de três décadas apenas

Page 35: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

      29 

       

preocupada em anunciar possíveis efeitos dos calçados especiais, sem se

preocupar em divulgar para a comunidade científica estudos prospectivos que

verificam a eficácia do calçado para prevenção de lesão musculoesquelética.

Quanto à discrepância entre os ângulos Q, foi possível observar a associação

entre diferenças de angulação maiores que 3º e o histórico de lesões prévias

relacionadas à prática da corrida. Resultados semelhantes foram observados em um

estudo de coorte prospectivo com corredores de cross-country, que verificou a

associação da alteração do ângulo do quadríceps com o surgimento de lesões

musculoesqueléticas (Rauh, et al., 2007). Acredita-se que a relação entre essa

variável e a ocorrência de lesões musculoesqueléticas encontradas nesse estudo se

deva ao fato de que a assimetria entre as angulações dos joelhos, assim como

também o simples desalinhamento em valgo dos mesmos possa alterar o

deslizamento patelar no sulco troclear e produzir níveis significativos de sobrecarga

nas estruturas dos MMII durante a corrida, podendo provocar lesões (Rauh, et al.,

2006; Rauh, et al., 2007). Além disso, tal associação encontrada por ter ocorrido

devido ao fato de se ter realizado essa medição na posição ortostática, que segundo

alguns autores (Livingston & Mandigo, 1999; Woodland & Francis, 1992) leva a um

aumento do ângulo Q, quando comparado com a medição na posição supina.

Contudo, entende-se que esse posicionamento em ortostase se mostra mais

relevante para este tipo de amostra, que pratica sua atividade com carga axial. A

respeito da discrepância de ângulos Q, quando analisada através de suas medidas

contínuas, foi observado que praticamente metade dos corredores apresentou

discrepância superior a três graus, não se identificando associação dessa variável

com o histórico de lesão prévia.

Page 36: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

      30 

       

Dentre as principais lesões relatadas entre os participantes deste estudo, se

destacaram as tendinopatias e as lesões musculares, fato que corrobora os dados

encontrados em um estudo retrospectivo realizado com corredores (McKean,

Manson, & Stanish, 2006). O joelho, pé e perna foram as regiões mais acometidas,

assim como observado em outros estudos (Buist et al., 2008; Taunton et al., 2002).

A corrida, assim como qualquer esporte ou atividade física quando praticada em

demasia, pode favorecer ao desenvolvimento de lesões por sobrecarga, já que é

comum os atletas manterem a intensidade e até mesmo o volume de treino, mesmo

durante a ocorrência de dor, queixa ou lesão musculoesquelética (Lopes, et al.,

2011). Essas mesmas características de lesões relatadas e região anatômica mais

acometida pelas lesões musculoesqueléticas também foram encontradas entre os

corredores com discrepância de ângulos Q superior a 3º, e entende-se que estas

frequências possam ser decorrentes da sobrecarga local aplicada sobre os tecidos

moles que compõem o complexo articular do joelho.

Sugere-se que sejam realizados estudos de acompanhamento prospectivo

para verificar a influência do alinhamento anatômico com o surgimento de lesões

musculoesqueléticas em corredores. Diante do aumento expressivo de praticantes

de corrida, tem se observado cada vez mais fisioterapeutas compondo as equipes

de treinamento de corrida, ou assessorias de corridas, como também são chamadas.

Os resultados desse estudo auxiliarão fisioterapeutas e treinadores a elucidarem

algumas dúvidas sobre a associação entre alterações do alinhamento anatômico

com a história de lesões pregressas em corredores.

Este estudo apresentou algumas limitações, pois utilizou um delineamento

transversal, cujos dados do formulário auto-aplicável relacionados à história de lesão

pregressa na corrida se referia a informações retrospectivas, permitindo associações

Page 37: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

      31 

       

apenas de caráter exploratório. Outra limitação se deve ao fato que as avaliações do

índice do arco e ângulo subtalar foram realizadas de maneira estática. Porém, os

métodos de avaliação de alinhamento anatômico utilizados neste estudo

representam a avaliação clínica que é realizada habitualmente por fisioterapeutas e

outros profissionais da área da saúde, visto ser uma avaliação de baixo custo e de

fácil execução. Ainda sobre essas medidas de alinhamento anatômico, o ângulo Q

foi mensurado orientando-se o corredor a se posicionar de forma confortável, sem

estabelecer seu posicionamento plantar, fato que pode ter influenciado os valores

encontrados para esta variável do estudo.

Page 38: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

      32 

       

2.6 CONCLUSÃO

Foi possível identificar a associação da discrepância entre os ângulos Q com

a história pregressa de lesões musculoesqueléticas nos últimos 12 meses em

corredores recreacionais. A prevalência de lesões musculoesqueléticas nos últimos

12 meses relacionadas à corrida foi de 61,8% e de corredores com discrepância

entre ângulos Q superior a 3º foi de 85,4%, sendo as tendinopatias e as lesões

musculares as lesões mais comumente referidas, e o joelho a região anatômica mais

acometida.

Page 39: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

      33 

       

2.7 AGRADECIMENTOS

Agradecemos a CORPORE, entidade organizadora de eventos de corrida,

que nos auxiliou no recrutamento dos corredores participantes do estudo, assim

como aos integrantes do São Paulo Running Injury Group (SPRunIG), em especial

aos colegas Bruno Tirotti Saragiotto e Tiê Parma Yamato, pelo importante auxílio

nesse estudo. Agradecemos, também ao Centro Universitário Cesmac pelo apoio

durante a execução desta pesquisa.

2.8 CONFLITO DE INTERESSES

Declaramos que o presente manuscrito encontra-se isento de conflitos de

interesses.

2.9 FONTE DE FINANCIAMENTO DA PESQUISA

Declaramos que o presente manuscrito não obteve financiamento para a

execução de sua pesquisa.

Page 40: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

      34 

       

2.10 REFERÊNCIAS

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Page 43: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

37 

 

ANEXO 1

FORMULÁRIO DE REGISTRO DA ROTINA DE TREINAMENTO

Parte I - Dados Pessoais 1. Qual a sua idade? _____anos

2. Qual o seu peso aproximado? ____kg

3. Qual a sua estatura? _____m

4. Há quanto tempo você pratica corrida? _____ano(s)

Parte II - Histórico de Corrida 1. Qual é a metragem (km) semanal média: _________km/semana

Parte III – Histórico de Lesões

1. Já teve (NO PASSADO) alguma(s) lesão(ões) musculoesquelética(s)

relacionada(s) à prática da corrida, localizada no membro inferior e/ou na coluna?

( ) sim, apenas uma lesão

( ) sim, duas lesões

( ) sim, três lesões

( ) não

Caso tenha tido mais de três lesões, favor descrever as três lesões mais graves 1.1 Descrição da lesão musculoesquelética

1 concussão (independente da perda de consciência) 11 contusão / hematoma / equimose 2 fratura (traumática) 12 tendinopatia 3 fratura por estresse (sobrecarga) 13 artrite / sinovite / bursite 4 outras lesões ósseas 14 fascite / lesão aponeurótica 5 luxação, subluxação 15 pinçamento/ impacto 6 ruptura tendinosa 16 laceração / abrasão / lesão pele 7 ruptura ligamentar 17 avulsão dental / fratura dental 8 entorse (lesão da articulação e/ou ligamentos) 18 lesão nervosa / lesão medular 9 lesão de meniscos ou cartilagem 19 câimbra ou espasmos 10 distensões / ruptura muscular / estiramento 20 outros

Page 44: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

38 

 

1.2 Região do corpo lesionada

Cabeça e Tronco Membro Superior Membro Inferior

1 face (incluindo olhos, orelha e nariz)

11 ombro / clavícula 21 quadril

2 cabeça 12 a/p braço (anterior/posterior) 22 região inguinal 3 pescoço / coluna cervical 13 a/p cotovelo (anterior/posterior) 23 a/p coxa (anterior/posterior) 4 coluna torácica 13 m/l cotovelo (medial/lateral) 24 a/p joelho (anterior/posterior) 5 esterno / costelas 14 a/p antebraço

(anterior/posterior) 24 m/l joelho (medial/lateral)

6 coluna lombar 15 a/p punho (anterior/posterior) 25 a/p perna (anterior/posterior) 7 abdômen 16 a/p mão (anterior/posterior) 26 tendão calcâneo 8 pelve / sacro / nádega 17 a/p dedos (anterior/posterior) 27 m/l tornozelo (medial/lateral) 18 a/p polegar (anterior/posterior) 28 a/p pé/dedos (anterior/posterior)

Page 45: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

39 

 

-CAPÍTULO 3-

INCIDÊNCIA E ASSOCIAÇÃO ENTRE ALINHAMENTO ANATÔMICO

DOS MEMBROS INFERIORES E LESÕES

MUSCULOESQUELÉTICAS EM CORREDORES RECREACIONAIS:

UM ESTUDO DE COORTE PROSPECTIVO

Page 46: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

40 

 

Associação entre Alinhamento Anatômico dos Membros Inferiores e a Incidência de

Lesões Musculoesqueléticas em Corredores Recreacionais: Um Estudo de Coorte

Prospectivo

Aline Carla Araújo Carvalho, PT, Ms1,2

Luiz Carlos Hespanhol Junior, PT, Ms1,2

Leonardo Oliveira Pena Costa, PT, PhD1,2,3

Alexandre Dias Lopes, PT, PhD1,2

1 Programa de Mestrado em Fisioterapia, Universidade Cidade de São Paulo -

UNICID, São Paulo, Brasil, 2 São Paulo Running Injury Group (SPRunIG), São Paulo, Brazil. 3 Senior Research Fellow, Musculoskeletal Division, The George Institute for Global

Health, Sydney, Australia.

Afirmamos que não possuímos bolsa de financiamento de pesquisa ou envolvimento

com qualquer organização que tenha interesse financeiro direto sobre os resultados

apresentados neste artigo e afirmamos que não apresentamos nenhum conflito de

interesse quanto aos resultados aqui apresentados.

O projeto de pesquisa deste estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa

da Universidade Cidade de São Paulo.

Endereço de correspondência para Aline Carla Araújo Carvalho, Universidade

Cidade de São Paulo, Rua Cesário Galeno, 448, São Paulo/SP, CEP 03971-000,

Brasil.

E-mail: [email protected] / [email protected]

Page 47: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

41 

     

 

Associação entre Alinhamento Anatômico dos Membros Inferiores e a

Incidência de Lesões Musculoesqueléticas em Corredores Recreacionais:

Estudo de Coorte Prospectivo

Afirmamos que não possuímos bolsa de financiamento de pesquisa ou envolvimento

com qualquer organização que tenha interesse financeiro direto sobre os resultados

apresentados neste artigo e afirmamos que não apresentamos nenhum conflito de

interesse quanto aos resultados aqui apresentados.

Page 48: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

42 

     

 

3.1 AGRADECIMENTOS

Agradecemos a CORPORE, entidade organizadora de eventos de corrida, que nos

auxiliou no recrutamento dos corredores participantes do estudo, assim como aos

integrantes do São Paulo Running Injury Group (SPRunIG), em especial aos colegas

Bruno Tirotti Saragiotto e Tiê Parma Yamato, pelo importante auxílio nesse estudo.

Agradecemos também ao Centro Universitário Cesmac, pelo apoio durante a

execução desta pesquisa.

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43 

     

 

3.2 RESUMO

Desenho do estudo: Estudo de coorte prospectivo.

Objetivos: Descrever a incidência de lesões musculoesqueléticas relacionadas à

corrida em um grupo de corredores recreacionais ocorridas num período de 12

semanas, verificar a associação entre as características de alinhamento dos

membros inferiores e a incidência de lesões musculoesqueléticas relacionadas à

corrida e descrever a principiais lesões desenvolvidas durante o período de

acompanhamento, assim como as regiões anatômicas mais acometidas.

Contexto: O alinhamento anatômico dos membros inferiores em corredores tem

sido objeto de estudos em que se especula sobre sua influência no surgimento de

lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida. Essa informação é importante

para os profissionais de saúde que trabalham com esporte e para os fisioterapeutas

que atuam na prevenção de lesões esportivas.

Métodos: Estudo de coorte prospectivo composto por 89 corredores recreacionais

que foram submetidos à avaliação bilateral do ângulo Q, ângulo subtalar, índice do

arco plantar e discrepância de comprimento dos membros inferiores. Esses

corredores responderam, a cada duas semanas, questões sobre suas características

de treinamento de corrida e sobre eventuais lesões em cada período. Análises

descritivas das características de alinhamento anatômico dos membros inferiores

foram realizadas. A incidência de lesões musculoesqueléticas foi calculada através

de análise de sobrevivência. A verificação da associação entre o alinhamento dos

membros inferiores com tempo decorrido até a lesão foi calculada através de

modelos de regressão de Cox.

Resultados: A partir dos resultados dos modelos de regressão de Cox, nenhuma

variável de alinhamento anatômico apresentou alteração entre os participantes e

Page 50: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

44 

     

 

nem se associou com as lesões relacionadas à corrida, assim como as

características de treinamento também não se associaram ao desenvolvimento de

lesões na corrida. A incidência de lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida

foi de 27%, sendo as lesões musculares e as tendinopatias as principais lesões, e a

perna e o joelho as regiões anatômicas mais acometidas.

Conclusões: A incidência de lesões foi de 27% e não foi verificada associações

entre as características de alinhamento anatômico com as lesões na corrida. As

lesões musculares e as tendinopatias foram as principais lesões apresentadas pelos

corredores e a perna e o joelho as regiões anatômicas mais acometidas.

Palavras-Chaves: Corrida, Lesões do Esporte, Fisioterapia, Exercício Físico.

Page 51: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

45 

     

 

3.3 INTRODUÇÃO

A corrida se caracteriza como uma atividade física que pode ser realizada em

diversos lugares e que proporciona aos seus praticantes vários benefícios à saúde1.

A incidência de lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida (LMRC) tem sido

objeto de diversos estudos2-12 que se preocuparam em investigar quais são os

principais fatores associados ao desenvolvimento de lesões.

Os fatores associados às lesões musculoesqueléticas em corredores mais

comumente citados na literatura são o alto volume de treinamento semanal (superior

a 64 km/sem) e a existência de histórico de lesões prévias 6, 13, 14. Outros potenciais

fatores também foram investigados, destacando-se principalmente as características

de alinhamento anatômico dos membros inferiores (MMII)3-6, 8-12, 15, dentre as quais a

discrepância de comprimento dos MMII, o ângulo Q e a discrepância de ângulo Q

têm sido apresentadas como prováveis fatores associados ao desenvolvimento

dessas lesões em populações de maratonistas6, corredores recreacionais5 e

corredores de cross-country3, 4.

O conhecimento das características de alinhamento anatômico de corredores

recreacionais por parte dos fisioterapeutas é de grande valia para os profissionais

que atuam na área da fisioterapia esportiva, assim como de outros profissionais

envolvidos com a prática da corrida,. Diante das evidências conflitantes sobre a

influência do alinhamento anatômico no desenvolvimento de lesões e a escassez de

estudos envolvendo corredores recreacionais, este estudo teve como objetivo

verificar a associação entre as características de alinhamento dos MMII e a

incidência de LMRC, descrevendo quais as principais lesões desenvolvidas durante

o período de acompanhamento.

Page 52: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

46 

     

 

3.4 MATERIAIS E MÉTODOS

3.4.1 Desenho do estudo e participantes

Este estudo de coorte prospectivo teve a participação de 89 corredores

recreacionais que responderam a cada 14 dias questões relacionadas aos hábitos

de treinamento de corrida através de formulários online por um período de 12

semanas. Todos os participantes foram submetidos a uma avaliação bilateral do

ângulo Q do joelho, ângulo subtalar do tornozelo, índice do arco plantar e

mensuração da discrepância do comprimento dos MMII.

Foram incluídos neste estudo corredores com idade igual ou superior a 18

anos, que praticavam corrida há pelo menos seis meses. Foram excluídos os

corredores que referiram estar com alguma lesão musculoesquelética (músculo,

tendão, articulação, ligamento e/ou osso) no início do período do acompanhamento

da pesquisa. A definição para LMRC adotada nesse estudo foi a seguinte: “qualquer

dor de origem musculoesquelética, que estivesse relacionada à prática da corrida e

que tenha sido severa o suficiente para impedir o corredor de realizar pelo menos

um treino de corrida”2, 14, 16, 17.

Os corredores foram convidados a participar do estudo através do envio de

email aos sócios corredores cadastrados em uma entidade organizadora de eventos

de corrida da cidade de São Paulo (CORPORE). Os corredores que responderam o

convite e que contemplavam os critérios de inclusão e de exclusão foram incluídos.

Esse estudo obteve a aprovação do Comitê de Ética da Universidade Cidade de São

Paulo (Protocolo 13506583/2010).

Page 53: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

47 

     

 

3.4.2 Formulário Online de Acompanhamento

A coleta de dados foi composta por um formulário de acompanhamento que

continha informações sobre o volume de treinamento de corrida e o surgimento de

uma nova LMRC sofrida no período de acompanhamento em questão, além da

intensidade da dor que essa lesão estava provocando, que foi avaliada pela escala

numérica de dor (END) composta por 10 pontos (1-10). A descrição da lesão

musculoesquelética sofrida e a localização anatômica da mesma foram auto-

reportadas18 (Anexo 1). O formulário de acompanhamento foi enviado para os

corredores a cada 14 dias, via email, durante todo o período do estudo (12

semanas). No início de cada período bissemanal foi enviado um email aos

corredores, com a finalidade de comunicar sobre o início do novo período de

acompanhamento bissemanal que se iniciava, além de lembrar os participantes da

necessidade do preenchimento do formulário referente ao período em questão.

Quando os formulários não eram preenchidos, um novo email era enviado

relembrando a necessidade de seu preenchimento, porém em oito casos apenas foi

necessário contatar os participantes por telefone ou carta.

3.4.3 Procedimentos de avaliação

3.4.3.1 Avaliação do Ângulo Q e da Discrepância entre os Ângulos Q

O ângulo Q do joelho foi mensurado com o participante trajando roupa

esportiva e descalço. O corredor foi posicionado em posição ortostática apoiado

sobre os dois pés de frente para o examinador. Foram realizadas demarcações por

meio de caneta nos seguintes pontos anatômicos: espinhas ilíacas ântero-superiores

(EIAS), no centro de ambas as patelas e nas tuberosidades tibiais4. Foi traçada uma

reta da EIAS até o centro da patela, e uma segunda reta do centro da patela até a

Page 54: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

48 

     

 

tuberosidade tibial. O ângulo formado pela intersecção destas duas linhas constituiu

o ângulo Q do joelho, que foi mensurado através de goniômetro posicionado com

seu eixo no centro da patela. Os valores entre 10° e 15° para esta angulação foram

considerados normais para ambos os gêneros4. Também foi verificada a diferença

de angulação entre os valores obtidos para os ângulos Q, tendo sido considerado

como discrepância normal uma variação de até 3º 4. Todas as marcações foram

feitas pelo mesmo examinador. O coeficiente de correlação intra-classe para a

medida de ângulo Q já foi verificada por outros autores, que observaram que a

mesma apresenta uma boa correlação19.

3.4.3.2 Avaliação do Ângulo Subtalar

Para avaliar o ângulo subtalar, os participantes foram posicionados sobre uma

plataforma de 30 cm de altura e orientados a manter os pés paralelos, realizando

descarga de peso simétrica entre os membros inferiores. A tuberosidade posterior do

calcâneo e um ponto sobre o tendão do calcâneo referente a linha média entre os

maléolos foram demarcadas utilizando-se etiquetas adesivas. Após as marcações foi

tirada uma foto do terço póstero-distal dos MMII. A câmera foi posicionada sobre um

tripé centralizado atrás do participante. Para mensurar o ângulo subtalar foi utilizado

um software de análise de imagens (AutoCAD 2005®, Autodesk Inc., USA), que

permitiu ao avaliador traçar uma linha entre os dois pontos demarcados com as

etiquetas adesivas, assim como traçar uma segunda linha orientada verticalmente e

perpendicular ao solo. Com a intersecção dos prolongamentos de ambas as retas se

formou um ângulo20, que foi mensurado e classificado: ângulo subtalar normal (para

valores entre 0-5º), varo (valores <0º) e valgo (medidas >6º)21. O ICC intra-classe

Page 55: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

49 

     

 

para a medida do ângulo subtalar já foi analisada por outros autores, que

observaram que a mesma apresenta bom índice de correlação20.

3.4.3.3 Índice do Arco Plantar

Para avaliar o índice do arco plantar os participantes foram posicionados

sobre um podoscópio com os pés descalços e separados por uma distância de

aproximadamente 7,5 cm, permitindo uma padronização do posicionamento dos

participantes22. A imagem da impressão plantar foi adquirida com uma câmera digital

que foi posicionada sobre um tripé em frente ao podoscópio. Para analisar as

imagens foi utilizado um software de análise de imagens (AutoCAD 2005®,

Autodesk, Inc., USA). Inicialmente foram traçadas três retas, uma que foi traçada do

ponto equivalente a 2ª articulação metatarsofalangeana até o ponto equivalente na

face posterior do calcâneo, sendo denominada de reta do eixo do pé; a segunda reta

foi traçada perpendicularmente ao primeiro eixo tendo como base os pontos mais

salientes do 1º e 5º metatarsos; e uma terceira reta foi traçada com base nos pontos

mais salientes do calcâneo medial e lateral, em sua porção anterior. Após traçada

essas linhas foi possível dividir o pé em três partes (áreas): antepé, mediopé e

retropé. As três áreas foram medidas pelo software citado anteriormente. A área do

médiopé foi dividida pela área total das três áreas mensuradas, tendo como

resultado o índice do arco plantar para cada um dos pés avaliados23, 24 . O índice do

arco plantar foi classificado de acordo com os seguintes parâmetros: arco

longitudinal elevado (índice ≤ 0,21), arco longitudinal normal (índice entre 0,22 e

0,26) e arco longitudinal baixo (índice ≥ 0,26)25. O ICC intra-classe para a medida do

índice do arco plantar, foi descrita por alguns autores como tendo boa correlação23.

Page 56: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

50 

     

 

3.4.3.4 Avaliação da Discrepância de Comprimento dos Membros Inferiores

A avaliação da discrepância de comprimento dos MMII foi realizada com os

participantes em posição supina, solicitando aos participantes que mantivesse os a

musculatura dos membros inferiores relaxada. A EIAS e os centros dos maléolos

mediais de cada membro inferior foram demarcados utilizando uma caneta. Com

uma fita métrica foi mensurado o comprimento real dos MMII. A discrepância de

comprimento dos MMII foi considerada normal quando apresentou medida inferior ou

igual a 1,0 cm3, 26. A estimativa do ICC intra-classe para a medida de discrepância

de comprimento dos MMII já foi apresentada por outros autores como apresentando

bom índice de correlação27.

3.4.4 Análise Estatística

O cálculo amostral foi realizado com base na incidência de 26% de LMRC

descrita em um estudo realizado com população e tempo de acompanhamento

semelhantes15. A precisão de estimativa de lesão foi de 35% e o nível de

significância adotado neste estudo foi de 5%, o que sugeriu 89 corredores para

compor a amostra do estudo.

A estatística descritiva foi utilizada para apresentar as características dos

participantes, sendo descritas por meio dos valores de média e desvio padrão

(dados paramétricos), mediana e intervalo interquartil (dados não paramétricos) e

porcentagem de corredores (variáveis categóricas). A incidência de LMRC por 1000

horas de exposição foi calculada utilizando-se o tempo médio de exposição dos

corredores desde o início do estudo até o momento da ocorrência da lesão

(corredores lesionados), ou então, até o término do período de acompanhamento do

estudo (12 semanas) para os corredores que não sofreram lesão. Foi realizada a

Page 57: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

51 

     

 

análise de sobrevivência pelo método de Kaplan-Meier para averiguar o tempo até

um novo evento de LMRC, foi possível determinar a incidência de LMRC para cada

período de acompanhamento. Para determinar as possíveis associações entre as

características analisadas e as LMRC foi realizada inicialmente uma análise de

regressão univariada de Cox. As variáveis que apresentaram um p≤0,20 na

regressão univariada de Cox foram selecionadas para serem incluídas no modelo de

regressão multivariado de Cox. Os resultados da análise de regressão de Cox foram

expressos em Hazard Ratios (HR) com seus respectivos intervalos de confiança a

95%. Todas as análises foram realizadas pelo software SPSS versão 17.0.

3.5 RESULTADOS

Participaram desse estudo 89 corredores que responderam ao formulário de

acompanhamento da rotina de treinamento e foram submetidos às avaliações de

alinhamento do membro inferior. A maioria dos participantes foi do gênero

masculino, com proporção de 76,4% (n=68) de homens e 23,6% (n=21) de

mulheres. A idade média dos participantes foi de 44,0 (DP=10,0) anos. O índice de

massa corporal (IMC) observado em 62,9% dos corredores foi de até 25 kg/m2 e a

mediana da experiência de corrida predominante entre os participantes do estudo foi

de 4,0 (IQ=4,5) anos. O volume de treinamento semanal apresentou uma mediana

de 35,0 (IQ=15,0) km/sem.

Os resultados das avaliações das características de alinhamento anatômico

mostraram predominância de corredores com arco plantar alterado e com medidas

de ângulo subtalar, discrepância de comprimento dos MMII, ângulos Q e

discrepância de ângulos Q dentro das faixas de normalidade adotadas nesse

estudo. Não foram observadas associações entre as medidas de alinhamento

Page 58: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

52 

     

 

anatômico dos MMII e as LMRC após realizada a análise de regressão de Cox

(tabela 1). A descrição completa das características pessoais, treinamento de corrida

e alinhamento anatômico dos MMII dos participantes deste estudo pode ser

observada na tabela 1. De acordo com a regressão multivariada de Cox nenhuma

das características avaliadas associou-se com as LMRC entre os corredores. Os

resultados da análise do modelo de regressão multivariada de Cox estão

apresentados na tabela 2.

Page 59: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

53 

       

Tabela 1. Descrição das características pessoais, treinamento de corrida e alinhamento anatômico dos MMII.

Variável Todos (n=89)

Com Lesão (n=24)

Sem Lesão (n=65)

HR

IC (95%)

p

Gênero* Masculino 76,4 (68,0) 87,5 (21,0) 72,3 (47,0) 1 - - Feminino 23,6 (21,0) 12,5 (3,0) 27,7 (18,0) 2,3 0,69 a 7,74 0,17

Idade (anos) 44 (10,0) 44 (9) 45 (11) 1,0 0,96 a 1,03 0,77 IMC (%)

Até 25 kg/m2 62,9 (56,0) 58,3 (14,0) 64,6 (42,0) 1 - - > que 25 kg/m2 37,1 (33,0) 41,7 (10,0) 35,4 (23,0) 0,8 0,34 a 1,75 0,54

Experiência de corrida (anos)†* 4,0 (4,5) 7,0 (13,0) 4,0 (4,0) 1,0 0,99 a 1,06 0,20 Volume de treino/sem (km/sem)† 35,0 (15,0) 38,0 (39,0) 35,0 (27,0) 1,0 0,99 a 1,02 0,70 Arco longitudinal medial‡

Sem alteração 47,2 (42) 45,8 (11) 47,7 (31) 1 - - Com alteração 52,8 (47) 54,1 (13) 52,3 (34) 0,9 0,42 a 2,11 0,89

Ângulo subtalar (o) Direito 4,0 (3,1) 3,4 (4,1) 4,1 (2,7) 0,9 0,80 a 1,07 0,33 Esquerdo 3,5 (3,0) 3,0 (2,6) 3,7 (3,2) 0,9 0,82 a 1,08 0,41 Ângulo Q (o) Direito 10,9 (5,8) 10,7 (5,7) 11,0 (5,8) 1,0 0,93 a 1,06 0,86 Esquerdo 11,5 (5,6) 11,2 (6,4) 11,7 (5,3) 1,0 0,92 a 1,07 0,85 Discrepância de ângulo Q† (o) 3,0 (2,0) 3,5 (3,0) 3,0 (4,0) 1,0 0,90 a 1,15 0,80 Discrepância de comprimento dos MMII† (cm) 0,5 (0,5) 1,0 (1,0) 0,5 (1,0) 1,5 0,77 a 3,15 0,22 * diferença considerada para que a variável entrasse no modelo de regressão multivariada de Cox. † os dados contínuos que apresentaram distribuição não - paramétrica estão expressos em mediana e intervalo interquartil. ‡ medida do arco longitudinal medial está categorizada em “sem alteração” (índice entre 0,22 e 0,26) e “com alteração” (índices inferiores a 0,21 ou superiores a 0,26). Os dados categóricos estão expressos em porcentagem e número de corredores. Os dados contínuos que apresentaram distribuição paramétrica estão expressos em valores de média e desvio padrão. Associações entre as variáveis estudadas e a incidência de LMRC foram realizadas através da regressão univariada de Cox.

 

Page 60: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

54 

   

Tabela 2. Análise do modelo de regressão multivariada de Cox para os participantes do estudo. HR IC (95%) P Gênero

Masculino 1 - - Feminino 2,25 0,67 a 7,54 0,19

Experiência de corrida 1,02 0,98 a 1,06 0,23

A incidência de LMRC durante as 12 semanas do estudo foi de 27,0% (n=24),

ou 6 lesões por 1000 horas de exposição à corrida. A análise de sobrevivência pelo

método de Kaplan-Meier (figura 1) mostrou que entre os 89 corredores participantes

do estudo, 8 corredores (9,0%) desenvolveram LMRC no primeiro período de

acompanhamento, 4 no segundo (4,9%), 2 corredores se lesionaram no terceiro

período (2,6%), 1 no quarto período (1,3%), 5 no quinto período (6,7%) e 4

corredores desenvolveram LMRC no sexto período de acompanhamento (5,8%).

Figura 1. Gráfico demonstrativo da curva de sobrevivência dos corredores do estudo. LMRC: lesão musculoesquelética relacionada à corrida.

 

Page 61: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

55 

   

Entre as lesões musculoesqueléticas apresentadas pelos corredores, as

tendinopatias (14,3%, n=6), as lesões musculares (14,3%, n=6) foram as lesões

mais comumente referidas. A perna (26,2%, n=12), o joelho (21,4%, n=10) e o pé

(16,7%, n=7) foram as regiões anatômicas com maior ocorrência das lesões

relacionadas à corrida. A descrição e a distribuição de frequência dos tipos de lesões

musculoesqueléticas, assim como das regiões anatômicas acometidas podem ser

melhor observadas na tabela 3.

Tabela 3. Descrição do tipo e localização anatômica das lesões apresentadas pelos corredores. Tipo de Lesão % (n) Região da Lesão % (n)

Lesões Musculares 14,3 (6) Perna 26,2 (12) Tendinopatia 14,3 (6) Joelho 21,4 (10) Dor Lombar / Lombalgia / Dor nas Costas 9,5 (4) Pé 16,7 (7) Contusão / Hematoma / Equimose 4,8 (2) Coluna Vertebral 14,3 (6) Cãimbra / Espasmo Muscular 2,4 (1) Coxa 9,5 (4) Laceração / Abrasão / Lesão de pele 2,4 (1) Tornozelo 7,1 (4) Artrite / Sinovite / Bursite 2,4 (1) Tendão de Aquiles (calcâneo) 4,8 (2) Lesão de Meniscos ou Cartilagem 4,8 (2) Pélvis / Sacro / Nádega - Fratura por Estresse (sobrecarga) 4,8 (2) Quadril - Luxação / Subluxação 11,9 (5) Outros 28,6 (12)

3.6 DISCUSSÃO Não foi observada associação entre as características de alinhamento

anatômico dos MMII e as características de treinamento de corrida com as LMRC

dos corredores recreacionais que participaram deste estudo. A incidência de lesão

musculoesquelética relacionada à corrida foi de 27,0%, ou 6 lesões por 1000 horas

de exposição á corrida. A maioria dos corredores se lesionou durante o primeiro

período de acompanhamento, sendo as tendinopatias e as lesões musculares as

lesões musculoesqueléticas predominantes, e a perna e o joelho as regiões

corporais mais acometidas por essas lesões.

 

Page 62: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

56 

   

 

A não associação das características de alinhamento anatômico dos MMII

mensuradas com o surgimento de lesões musculoesqueléticas observada nesse

estudo pode ser decorrente do curto período de acompanhamento dessa pesquisa,

o qual pode ter sido insuficiente para o registro de algumas lesões que poderiam

revelar associação com algumas das características de alinhamento anatômico dos

corredores, assim como da ausência de uma proposta de intervenção durante o

desenvolvimento deste estudo. Além disso, os estudos que encontraram associação

entre o alinhamento anatômico dos MMII (ângulo Q, discrepância de ângulo Q,

discrepância de comprimento dos MMII e ângulo subtalar) foram realizados com

maratonistas, acompanhados por um período de 32 semanas6 e com corredores de

cross-country3, 4 acompanhados durante uma temporada de provas de atletismo,

porém que apresentam características de treinamento distintas dos corredores

recreacionais. Da mesma forma, as evidências a respeito da associação entre as

alterações do ângulo subtalar e lesões em corredores estão apresentadas em

estudos com maratonistas6 e com corredores recreacionais5, 11, que realizaram

avaliações em situação de ausência de carga sobre os MMII, fato que não reproduz

a situação de lesões na corrida; e os estudos que evidenciaram a não associação

entre alteração da altura do arco longitudinal medial e lesões musculoesqueléticas9,

10 foram desenvolvidos em populações de militares, que apresentam características

distintas daquelas apresentadas por corredores recreacionais.

Dentre as principais lesões relatadas entre os participantes deste estudo se

destacaram as tendinopatias e as lesões musculares, assim como descrito em

outros estudos com corredores28, 29e entende-se que a corrida, assim como qualquer

esporte ou atividade física quando desempenhada em excesso pode favorecer o

surgimento de lesões por sobrecarga, especialmente nos MMII que contém os

Page 63: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

57 

   

 

grandes grupos musculares envolvidos com a mecânica da corrida e que são muito

solicitados durante a prática da corrida.

As taxas de tendinopatia encontradas neste estudo colocaram esta lesão

como a mais frequente entre os corredores estudados, achado que está de acordo

com a literatura. Porém, as lesões musculares também foram relatas como um dos

principais tipos de lesão. Isso pode ter ocorrido devido à definição de lesão

musculoesquelética utilizada neste estudo, que adotou para caracterizar como lesão

qualquer dor de origem musculoesquelética que impedisse o corredor de realizar um

treino de corrida. A presença da dor muscular tardia, que é freqüente durante um

processo de treinamento físico32, foi considerada uma lesão neste estudo caso o

corredor perdesse um treino de corrida, e isso pode ter aumentado a incidência das

lesões musculares entre os seus participantes.

Dentre as regiões anatômicas mais acometidas pelas lesões

musculoesqueléticas, se destacaram a perna, o joelho e o pé, assim como reportado

por outros autores33, 34, o que pode ser decorrente da presença, nestas áreas, dos

grandes grupos musculares envolvidos diretamente com a mecânica da corrida, bem

como altas forças de impacto sobre os membros inferiores no momento da corrida38.

Diante do aumento expressivo do número de praticantes de corrida, observa-

se o aumento da quantidade de fisioterapeutas que trabalham com equipes de

treinamento de corrida (assessorias de corridas). Os resultados desse estudo

auxiliarão fisioterapeutas e treinadores a elucidarem algumas dúvidas sobre a

associação entre alterações do alinhamento anatômico e o surgimento de lesões

musculoesqueléticas em corredores. .

Algumas limitações podem ser observadas nesse estudo, como o curto

período de acompanhamento, o que pode não ter sido suficiente para identificar

Page 64: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

58 

   

 

associações entre as características de alinhamento anatômico e o surgimento de

LMRC entre os corredores. Outra limitação se deve ao fato de que as avaliações do

índice do arco do pé e ângulo subtalar foram realizados estaticamente, porém

entendemos que os métodos de avaliação de alinhamento anatômico utilizados

neste estudo representam a avaliação clínica que é realizada habitualmente por

fisioterapeutas e outros profissionais da área da saúde no dia-a-dia, pois se trata de

avaliações de baixo custo, boa reprodutibilidade e fácil execução.

Como conclusão desse estudo, não foi possível identificar a associação do

alinhamento anatômico dos MMII com o desenvolvimento de lesões

musculoesqueléticas nos corredores recreacionais. A incidência de lesões

musculoesqueléticas relacionadas à corrida foi de 27%, sendo as tendinopatias e as

lesões musculares as lesões mais comumente referidas, e a perna e o joelho as

regiões anatômicas mais acometidas.

Page 65: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

59 

   

 

3.7 REFERÊNCIAS

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Page 69: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

63 

   

3.8 ANEXO 1

ACOMPANHAMENTO DA ROTINA DE TREINAMENTO

*TODAS as perguntas a seguir são referentes às duas últimas semanas (14 dias).

1- Qual foi a metragem total nas últimas duas semanas? _______________km

2- Apresentou alguma lesão musculoesquelética nas últimas duas semanas?

_____ Não _____ Sim

(Responda as questões 2.A, 2.B e 2.C apenas se respondeu SIM na questão 2)

2.A- Qual foi a intensidade da dor?

2.B- Descrição da lesão musculoesquelética _____________________________

1 concussão (independente da perda de consciência) 11 contusão / hematoma / equimose 2 fratura (traumática) 12 tendinopatia 3 fratura por estresse (sobrecarga) 13 artrite / sinovite / bursite 4 outras lesões ósseas 14 fascite / lesão aponeurótica 5 luxação, subluxação 15 pinçamento/ impacto 6 ruptura tendinosa 16 laceração / abrasão / lesão pele 7 ruptura ligamentar 17 avulsão dental / fratura dental 8 entorse (lesão da articulação e/ou ligamentos) 18 lesão nervosa / lesão medular 9 lesão de meniscos ou cartilagem 19 câimbra ou espasmos 10 distensões / ruptura muscular / estiramento 20 outros

2.C- Região do corpo lesionada

_____________________________________________

Cabeça e Tronco Membro Superior Membro Inferior

1 face (incluindo olhos, orelha e nariz) 11 ombro / clavícula 21 quadril 2 cabeça 12 a/p braço (anterior/posterior) 22 região inguinal 3 pescoço / coluna cervical 13 a/p cotovelo (anterior/posterior) 23 a/p coxa (anterior/posterior) 4 coluna torácica 13 m/l cotovelo (medial/lateral) 24 a/p joelho (anterior/posterior) 5 esterno / costelas 14 a/p ante-braço (anterior/posterior) 24 m/l joelho (medial/lateral) 6 coluna lombar 15 a/p punho (anterior/posterior) 25 a/p perna (anterior/posterior) 7 abdômen 16 a/p mão (anterior/posterior) 26 tendão calcâneo 8 pelve / sacro / nádega 17 a/p dedos (anterior/posterior) 27 m/l tornozelo (medial/lateral) 18 a/p polegar (anterior/posterior) 28 a/p pé/dedos (anterior/posterior)

 

 

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64 

   

 

- CAPÍTULO 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Page 71: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

65 

   

 

4.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Baseado nos dados apresentados nesta dissertação, observamos que o

capítulo 2 apresentou a prevalência de lesões musculoesqueléticas relacionadas à

corrida (LMRC) nos últimos 12 meses de 61,8%, o que representa a maioria dos

corredores apresentando lesão no último ano e contradiz os dados de alguns

estudos que apresentaram uma prevalência de LMRC com taxas entre 25%1, 2 e

46%3, 4. O capítulo 3, por sua vez, apresentou a incidência de LMRC com uma taxa

de 27%, reforçando as informações de alguns estudos que apresentam uma

incidência geral de lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida (LMRC) com

valores entre 19,4% e 92,4%5, 6. Estes dados podem ser considerados preocupantes

para os corredores e que merecem atenção por parte dos profissionais de saúde

que se dedicam à prevenção de lesões na corrida, evidenciando a necessidade de

implantação de estratégias de prevenção dessas lesões.

Entre as características de alinhamento anatômico dos MMII, o capítulo 2

apresentou a discrepância entre ângulos Q (com os dados categorizados) como a

característica de alinhamento anatômico que se associou com a história pregressa

de lesões musculoesqueléticas entre os corredores, corroborando os resultados de

alguns autores7 que também encontraram associação desta variável de alinhamento

dos MMII com lesões em corredores cross-country. O capítulo 3, por sua vez,

apresentou que nenhuma das características de alinhamento avaliadas se associou

com as LMRC apresentadas pelos corredores participantes durante as 12 semanas

de acompanhamento propostas no estudo, o que contradiz alguns dados apontados

pela literatura, os quais apresentam a discrepância de comprimento dos membros

inferiores (MMII)8, as alterações de ângulo Q7, 9 e a discrepância entre ângulos Q7

como fatores de risco de lesões musculoesqueléticas em corredores, mas, em

contrapartida, também corrobora outros autores10, 11 que não encontraram

associações entre as alterações de alinhamento anatômico estudadas e as lesões

musculoesqueléticas relacionadas à corrida. Tal achado pode ser decorrente do

limitado período de acompanhamento deste estudo, o qual pode ter sido insuficiente

para o registro de algumas lesões que poderiam revelar associação com algum

desses fatores (alinhamento anatômico) classificados como não modificáveis12, 13, o

que sugere a necessidade de desenvolvimento de estudo com acompanhamento

Page 72: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

66 

   

 

mais longo, a fim de mensurar e avaliar com mais exatidão a influência destas

características anatômicas sobre as lesões relacionadas à corrida.

As tendinopatias são frequentemente reportadas7, 10, 12 como um dos tipos de

lesão mais referidos entre os corredores, fato que corrobora os resultados

encontrados nos capítulos 2 e 3 desta dissertação que verificaram a prevalência e

incidência de lesões musculoesqueléticas dos seus participantes e encontrou as

tendinopatias como o tipo de lesão mais frequente entre os corredores junto com as

lesões musculares. Embora estes achados se contraponham ao que é descrito pela

literatura, que expõem que as tendinopatias são mais incidentes que as lesões

musculares, a proporção de lesão muscular encontrada pode ser explicada pela

definição de LMRC utilizada neste estudo, pois se o corredor apresentasse uma dor

muscular tardia e reportasse que esta foi a causa dele ter deixado de realizar pelo

menos um treino de corrida, esta era classificada como lesão muscular, fato que

pode ter superestimado a incidência de lesões musculares nos participantes deste

estudo.

Outro achado desta dissertação, e apresentado no capítulo 2, foi que o joelho

se apresentou como a região anatômica mais acometida pelas LMRC, o que

corrobora os dados de vários outros estudos que indicam o joelho como a região

anatômica mais acometida entre os corredores3, 5, 12, 14-16. Já o capítulo 3 apresentou

a perna seguida do joelho como as regiões anatômicas mais acometidas pelas

lesões na corrida, provavelmente devido as lesões musculares terem sido uma das

principais lesões encontradas neste estudo e alguns dos principais grupos

musculares envolvidos com a execução da corrida estarem localizados na perna,

como também devido às forças de impacto incidentes sobre os membros inferiores

no momento da corrida. Essas mesmas características de lesões relatadas e região

anatômica mais acometida pelas lesões musculoesqueléticas também foram

encontradas entre os corredores com discrepância de ângulos Q superior a 3º

(capítulo 2), e entendemos que estas frequências possam ser decorrentes da

sobrecarga local aplicada sobre os tecidos moles que compõem o complexo articular

do joelho.

De acordo com as informações apresentadas por esta dissertação, bem como

nos estudos que abordam as lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida7-10,

12, entende-se a necessidade de estudos de acompanhamento mais longo e que

Page 73: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

67 

   

 

tenham por objetivo esclarecer qual a influência das características de alinhamento

anatômico dos membros inferiores sobre as lesões em corredores e que utilizem

medidas de avaliação que padronizem características como posicionamento plantar

para a avaliação do ângulo Q, uma vez que mudanças deste posicionamento podem

influenciar o resultado final.

Também fica exposta a necessidade do estabelecimento de uma definição

padronizada para as lesões musculoesqueléticas da corrida, a fim de possibilitar

análises comparativas entre as taxas de incidência e prevalência de lesões em

corredores. Outra necessidade urgente na literatura atual, após o esclarecimento

sobre qual a influência das características de alinhamento anatômico dos membros

inferiores sobre as LMRC, é a avaliação da influência da utilização dos “tênis

especiais de corrida” sobre o surgimento de lesões musculoesqueléticas

relacionadas à corrida, com o objetivo de esclarecer a real eficácia destes

dispositivos na prevenção destas lesões, visto que até o momento não há evidências

que suportem a utilização desses calçados para evitar lesões em corredores17, 18.

Por fim, sugerimos também a realização de estudos controlados aleatorizados que

proponham estratégias de prevenção e meçam o efeito destas intervenções

propostas, visto que até o momento da conclusão desta dissertação não foi

identificada nenhuma estratégia eficaz e com alto nível de evidência para a

prevenção dessas lesões18.

Dessa forma e diante do aumento expressivo do número de praticantes de

corrida, e da quantidade de fisioterapeutas que trabalham com assessorias de

corridas, entendemos que o conhecimento das características de alinhamento

anatômico de corredores recreacionais por parte dos fisioterapeutas é de grande

valia para os profissionais que atuam na área da fisioterapia esportiva, visto que os

resultados desse estudo auxiliarão fisioterapeutas e treinadores a elucidarem

algumas dúvidas sobre a associação entre alterações do alinhamento anatômico e o

surgimento de lesões musculoesqueléticas em corredores recreacionais sendo que

os fisioterapeutas são considerados um dos principais profissionais que atuam na

promoção da atividade física19, 20.

Page 74: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

68 

   

 

4.2 REFERÊNCIAS 1. Yamato TP, Saragiotto BT, Lopes AD. Prevalência de dor em corredores de

rua no momento em que precede o inicio da prova. Revista Brasileira de Ciências do

Esporte. 2011;33(2).

2. Lopes AD, Costa LO, Saragiotto BT, Yamato TP, Adami F, Verhagen E.

Musculoskeletal pain is prevalent among recreational runners who are about to

compete: an observational study of 1049 runners. J Physiother. 2011;57(3):179-82.

3. McKean KA, Manson NA, Stanish WD. Musculoskeletal injury in the masters

runners. Clin J Sport Med. 2006;16(2):149-54.

4. Pazin J, Duarte MFS, Poeta LS, Gomes MA. Corredores de rua:

características demográficas, treinamento e prevalência de lesões. Rev bras

cineantropom desempenho hum 2008;10(3):277-82.

5. Van Gent RN, Siem D, Van Middelkoop M, Van Os AG, Bierma-Zeinstra SM,

Koes BW. Incidence and determinants of lower extremity running injuries in long

distance runners: a systematic review. Br J Sports Med. 2007;41(8):469-80.

6. Van Middelkoop M, Kolkman J, Van Ochten J, Bierma-Zeinstra SM, Koes B.

Prevalence and incidence of lower extremity injuries in male marathon runners.

Scand J Med Sci Sports. 2008;18(2):140-4.

7. Rauh MJ, Koepsell TD, Rivara FP, Rice SG, Margherita AJ. Quadriceps angle

and risk of injury among high school cross-country runners. J Orthop Sports Phys

Ther. 2007;37(12):725-33.

8. Wen DY, Puffer JC, Schmalzried TP. Injuries in runners: a prospective study of

alignment. Clin J Sport Med. 1998;8(3):187-94.

9. Rauh MJ, Koepsell TD, Rivara FP, Margherita AJ, Rice SG. Epidemiology of

musculoskeletal injuries among high school cross-country runners. Am J Epidemiol.

2006;163(2):151-9.

10. Pileggi P, Gualano B, Souza M, Caparbo VF, Pereira RMR, Pinto ALS, et al.

Incidência e fatores de risco de lesões osteomioarticulares em corredores: um

estudo de coorte prospectivo. Rev bras educ fís esporte. 2010;24 no.4(4):453-62.

11. Raissi GR, Cherati AD, Mansoori KD, Razi MD. The relationship between

lower extremity alignment and Medial Tibial Stress Syndrome among non-

professional athletes. Sports Med Arthrosc Rehabil Ther Technol. 2009;1(1):11.

Page 75: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

69 

   

 

12. Lun V, Meeuwisse WH, Stergiou P, Stefanyshyn D. Relation between running

injury and static lower limb alignment in recreational runners. Br J Sports Med.

2004;38(5):576-80.

13. Willems TM, Witvrouw E, Delbaere K, Mahieu N, De Bourdeaudhuij I, De

Clercq D. Intrinsic risk factors for inversion ankle sprains in male subjects: a

prospective study. Am J Sports Med. 2005;33(3):415-23.

14. Fallon KE. Musculoskeletal injuries in the ultramarathon: the 1990 Westfield

Sydney to Melbourne run. Br J Sports Med. 1996;30(4):319-23.

15. Taunton JE, Ryan MB, Clement DB, McKenzie DC, Lloyd-Smith DR, Zumbo

BD. A retrospective case-control analysis of 2002 running injuries. Br J Sports Med.

2002;36(2):95-101.

16. Buist I, Bredeweg SW, van Mechelen W, Lemmink KA, Pepping GJ, Diercks

RL. No effect of a graded training program on the number of running-related injuries

in novice runners: a randomized controlled trial. Am J Sports Med. 2008;36(1):33-9.

17. Richards CE, Magin PJ, Callister R. Is your prescription of distance running

shoes evidence-based? Br J Sports Med. 2009;43(3):159-62.

18. Yeung SS, Yeung EW, Gillespie LD. Interventions for preventing lower limb

soft-tissue running injuries. Cochrane Database Syst Rev. 2011;(7):CD001256.

19. Verhagen E, Engbers L. The physical therapist's role in physical activity

promotion. Br J Sports Med. 2009;43(2):99-101.

20. Shirley D, van der Ploeg HP, Bauman AE. Physical activity promotion in the

physical therapy setting: perspectives from practitioners and students. Phys Ther.

2010;90(9):1311-22.

Page 76: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

70 

   

 

- MATERIAL SUPLEMENTAR-

Page 77: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

71 

   

Suplemento 1 Avaliação do Ângulo Q

Método de avaliação:

O corredor foi posicionado ortostaticamente de frente para o examinador, se

mantendo apoiado sobre os dois pés, permitindo a demarcação dos seguintes

pontos anatômicos: espinhas ilíacas ântero-superiores, centro de ambas as patelas

e as tuberosidades tibiais para a mensuração o ângulo Q. A partir das demarcações

anatômicas, foi traçada uma reta utilizando fita métrica da EIAS até o centro da

patela e uma segunda reta do centro da patela até a tuberosidade tibial. O ângulo

formado pela intersecção destas duas linhas constituiu o ângulo Q, que foi medido

por um goniômetro universal posicionado com seu eixo no centro da patela.

 

 

 

 

 

 

 

Page 78: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

72 

   

Suplemento 2 Avaliação do Ângulo Subtalar

Método de avaliação:

Para avaliar o ângulo subtalar, os indivíduos foram posicionados sobre uma

plataforma de 30 cm de altura e orientados a manter os pés paralelos e a realizar

descarga de peso simétrica entre os membros inferiores. Foram demarcadas a

tuberosidade posterior do calcâneo e um ponto sobre o tendão do calcâneo

referente a linha média entre os maléolos utilizando-se etiquetas adesivas. Após as

marcações foi capturada uma imagem do terço póstero-distal dos MMII utilizando

uma câmera fotográfica digital.

Para mensurar o ângulo subtalar foi utilizado o software AutoCAD 2005®, que

permitia ao avaliador traçar uma linha entre os dois pontos demarcados com as

etiquetas adesivas e uma segunda linha orientada verticalmente, estando esta

perpendicular (90º) em relação ao solo. A intersecção dos prolongamentos de

ambas as retas resultou no ângulo subtalar.

 

Page 79: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

73 

   

Suplemento 3 Avaliação do índice do Arco Plantar

Método de Avaliação:

Os indivíduos foram posicionados sobre um podoscópio com os pés

descalços e separados por uma distância que equivaleu à largura de uma fina placa

de 7,5 cm. A imagem da impressão plantar foi capturada com uma câmera digital.

Para analisar as imagens utilizou-se o software AutoCAD 2005®, através do qual se

traçou três retas: uma que foi traçada do ponto equivalente a 2ª articulação

metatarsofalangeana até o ponto equivalente na face posterior do calcâneo, sendo

denominada de reta do eixo do pé; a segunda reta foi traçada perpendicularmente

ao primeiro eixo tendo como base os pontos mais salientes do 1º e 5º metatarsos; e

uma terceira reta foi traçada com base nos pontos mais salientes do calcâneo medial

e lateral, em sua porção anterior.

Após traçada essas linhas foi possível dividir o pé em três partes (áreas):

antepé, mediopé e retropé. As três áreas foram medidas pelo software citado

anteriormente. A área do médiopé foi dividida pela área total das três áreas

mensuradas, tendo como resultado o Índice do Arco para cada um dos pés

avaliados.

 

Page 80: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

74 

   

Suplemento 4 Avaliação da Discrepância de Comprimento dos Membros Inferiores

Método de Avaliação:

A avaliação da discrepância de comprimento dos MMII foi realizada com os

indivíduos em posição supina e orientados a manter os membros inferiores

relaxados. Foram demarcadas as seguintes referências anatômicas utilizando uma

caneta especial: EIAS e os centros dos maléolos mediais de cada membro inferior.

Utilizando uma fita métrica foi mensurado o comprimento real dos MMII,

medindo o comprimento entre a EIAS de uma hemipelve até o centro do maléolo

medial ipsilateral de ambos os MMII.

 

 

 

 

 

 

 

 

Page 81: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

75 

   

Suplemento 5

Instruction for authors for preparation of manuscripts for Physical Therapy in Sports

The editor, Zoe Hudson, PhD, welcomes the submission of articles for

publication in the journal.

Submission to this journal proceeds totally online. Use the following guidelines

to prepare your article via http://ees.elsevier.com/yptsp you will be guided stepwise

through the creation and uploading of the various files. The system automatically

converts source files to a single Adobe Acrobat PDF version of the article, which is

used in the peer-review process. Please note that even though manuscript source

files are converted to PDF at submission for the review process, these source files

are needed for further processing after acceptance. All correspondence, including

notification of the Editor's decision and requests for revision, takes place by e-mail

and via the Author's homepage, removing the need for a hard-copy paper trail.

The above represents a very brief outline of this form of submission. It can be

advantageous to print this "Guide for Authors" section from the site for reference in

the subsequent stages of article preparation.

Submission of an article implies that the work described has not been

published previously (except in the form of an abstract or as part of a published

lecture or academic thesis), that it is not under consideration for publication

elsewhere, that its publication is approved by all authors and tacitly or explicitly by the

responsible authorities where the work was carried out, and that, if accepted, it will

not be published elsewhere in the same form, in English or in any other language,

without the written consent of the Publisher.

Manuscripts reporting the results of studies involving human participants will

only be accepted for publication if it is made clear within the text that 'appropriate

ethical approval had been granted prior to the commencement of the study'.

Photographs of human participants are acceptable if the authors have received

appropriate permission for publication of the photographs, or taken appropriate

measures to disguise the individual's identity.

 

Page 82: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

76 

   

 

TYPES OF PAPERS

Original Research: Provide a full length account of original research and will not

normally exceed 4000 words.

Review Papers: Provide an in-depth and up to date critical review of a related topic

and will not normally exceed 4000 words.

Case Studies: A case report providing clinical findings, management and outcome

with reference to related literature.

Masterclasses: Usually a commissioned piece by an expert in their field. If you would

like to submit a non-commissioned article, please check with the editorial office

beforehand.

Clinical Approaches: These include clinical approaches or opinions which may be

novel or practiced with minimal evidence available in the literature.

Professional Issues: An occasional series which aims to highlight changes in

guidelines or other professional issues.

Research Without Tears: An occasional series dedicated to the process of research.

Authorship All authors should have made substantial contributions to all of the following:

(1) the conception and design of the study, or acquisition of data, or anaylsis and

interpretation of data, (2) drafting the article or revising it critically for important

intellectual content, (3) final approval of the version to be submitted.

Changes to authorship

This policy concerns the addition, deletion, or rearrangement of author names

in the authorship of accepted manuscripts: Before the accepted manuscript is published in an online issue: Requests to

add or remove an author, or to rearrange the author names, must be sent to the

Journal Manager from the corresponding author of the accepted manuscript and

must include: (a) the reason the name should be added or removed, or the author

names rearranged and (b) written confirmation (e-mail, fax, letter) from all authors

that they agree with the addition, removal or rearrangement. In the case of addition or

removal of authors, this includes confirmation from the author being added or

removed. Requests that are not sent by the corresponding author will be forwarded

Page 83: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

77 

   

 

by the Journal Manager to the corresponding author, who must follow the procedure

as described above. Note that: (1) Journal Managers will inform the Journal Editors of

any such requests and (2) publication of the accepted manuscript in an online issue

is suspended until authorship has been agreed.

After the accepted manuscript is published in an online issue: Any requests to

add, delete, or rearrange author names in an article published in an online issue will

follow the same policies as noted above and result in a corrigendum.

Acknowledgements All contributors who do not meet the criteria for authorship as defined above

should be listed in an acknowledgements section. Examples of those who might be

acknowledged include a person who provided purely technical help, writing

assistance, or a department chair who provided only general support. Authors should

disclose whether they had any writing assistance and identify the entity that paid for

this assistance.

Conflict of interest

At the end of the text, under a subheading "Conflict of interest statement" all

authors must disclose any financial and personal relationships with other people or

organizations that could inappropriately influence (bias) their work. Examples of

potential conflicts of interest include employment, consultancies, stock ownership,

honoraria, paid expert testimony, patent applications/registrations, and grants or

other funding.

Role of the funding source All sources of funding should be declared at the end of the text. Authors

should declare the role of study sponsors, if any, in the study design, in the collection,

analysis and interpretation of data; in writing of the manuscript; and in the decision to

submit the manuscript for publication. If the study sponsors had no such involvement,

the authors should so state.

Page 84: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

78 

   

 

PRESENTATION OF MANUSCRIPTS

Authors are required to submit manuscripts according to the requirements of

the Instructions to Authors. Please note that papers not formatted in this manner will

be returned to the author for amendment before entering into the editorial and peer

review process. In particular please take care to follow the instructions for the

formatting of references.

Reviewer suggestion

Please supply the names of two potential reviewers for your manuscript.

Please provide their full name, position and e-mail address. Please do not suggest

reviewers from your own institution, previous or current collaborators. Please note,

the final choice of reviewers is that of the Editor and the journal reserves the right not

to use reviewers which have been suggested by the authors.

Your article should be typed on A4 paper, double-spaced with margins of at

least 3cm. Number all pages consecutively beginning with the title page. Papers

should be set out as follows, with each section beginning on a separate sheet:

Title page

Provide the following data on the title page (in the order given).

Title. Concise and informative. Titles are often used in information-retrieval systems.

Avoid abbreviations and formulae where possible. Author names and affiliations. Present the authors' affiliation addresses (where the

actual work was done) below the names. Indicate all affiliations with a lower-case

superscript letter immediately after the author's name and in front of the appropriate

address. Provide the full postal address of each affiliation, including the country

name, and, if available, the e-mail address of each author.

Corresponding author. Clearly indicate who is willing to handle correspondence at all

stages of refereeing and publication, also post-publication. Ensure that telephone

and fax numbers (with country and area code) are provided in addition to the e-mail

address and the complete postal address.

Present/permanent address. If an author has moved since the work described in the

article was done, or was visiting at the time, a 'Present address' (or 'Permanent

address') may be indicated as a footnote to that author's name. The address at which

Page 85: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

79 

   

 

the author actually did the work must be retained as the main, affiliation address.

Superscript Arabic numerals are used for such footnotes.

Abstract

An abstract of your manuscript, summarizing the content in no more than 200

words, should be provided. Abstracts should follow a structured format. For empirical

studies, this will usually involve these headings: Objectives, Design, Setting,

Participants, Main Outcome Measures, Results, Conclusions. For other types of

study, contributors may adapt this format, but should retain the idea of structure and

headings.

Keywords

Include three or four keywords. The purpose of these is to increase the likely

accessibility of your paper to potential readers searching the literature. Therefore,

ensure keywords are descriptive of the study. Refer to a recognised thesaurus of

keywords (e.g. CINAHL, MEDLINE) wherever possible.

Text

Headings should be appropriate to the nature of the paper. The use of

headings enhances readability. Three categories of headings should be used:

•major headings should be typed in capital letters in the centre of the page and

underlined;

•secondary headings should be typed in lower case (with an initial capital letter) at

the left-hand margin and underlined; and

•minor headings should be typed in lower case and italicized.

Do not use 'he', 'his' etc. where the sex of the person is unknown; say 'the

participant', etc. Avoid inelegant alternatives such as 'he/she'. Avoid sexist language.

•Any acknowledgements should be included at the end of the text.

References

Authors are responsible for verifying the accuracy and completeness of

references. Citations in the text should follow the referencing style used by the

American Psychological Association. You are referred to the Publication Manual of

Page 86: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

80 

   

the American Psychological Association, Fifth Edition, ISBN 1-55798-790-4, copies of

which may be ordered from

http://www.apa.org/books/4200061.html or APA Order Dept., P.O.B. 2710,

Hyattsville, MD 20784, USA or APA, 3 Henrietta Street, London, WC3E 8LU, UK.

Details concerning this referencing style can also be found

at http://linguistics.byu.edu/faculty/henrichsenl/apa/apa01.html.

Text

Single author (Graham, 2001)

Two authors (Geyer & Braff, 1999)

Three to six authors (Lehman, Stohr, & Feldon, 2000) for the first citation and

(Lehman et al., 2000) for subsequent citations.

More than six authors (Karper et al., 1996)

Separate references in the text in parentheses by using a semi-colon.

List

References should be arranged first alphabetically and then further sorted

chronologically if necessary. More than one reference from the same author(s) in the

same year must be identified by the letters "a", "b", "c" etc., placed after the year of

publication.

Reference to a journal publication:

Shelbourne, K.D., & Trumper, R.V. (1997). Preventing anterior knee pain after

anterior cruciate ligament reconstruction. American Journal of Sports Medicine, 25,

41-47.

Reference to a book:

Magee, D.J. (1997). Orthopaedic physical assessment. (3rd ed.). Philadelphia:

Saunders.

 

Page 87: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

81 

   

Reference to a chapter in an edited book:

Hudson, Z., & Brown, A. (2003). Athletes with disability. In: G. S. Kolt, & L. Snyder-

Mackler (Eds.), Physical therapies in sport and exercise(pp. 521-304). Edinburgh:

Churchill Livingstone.

Citing and listing of Web references. As a minimum, the full URL should be given.

Any further information, if known (Author names, dates, reference to a source

publication, etc.), should also be given. Web references can be listed separately

(e.g., after the reference list) under a different heading if desired, or can be included

in the reference list; in square brackets in line with the text.

Tables, Illustrations and Figures

A detailed guide on electronic artwork is available on our

website: http://www.elsevier.com/authors.

Preparation of supplementary data. Elsevier now accepts electronic

supplementary material (e-components) to support and enhance your scientific

research. Supplementary files offer the Author additional possibilities to publish

supporting applications, movies, animation sequences, high-resolution images,

background datasets, sound clips and more. Supplementary files supplied will be

published online alongside the electronic version of your article in Elsevier Web

products, including ScienceDirect: http://www.sciencedirect.com. In order to

ensure that your submitted material is directly usable, please ensure that data is

provided in one of our recommended file formats. Authors should submit the material

in electronic format together with the article and supply a concise and descriptive

caption for each file. For more detailed instructions please visit our artwork instruction

pages at: http://www.elsevier.com/authors 

Illustrations and tables that have appeared elsewhere must be accompanied by

written permission to reproduce them from the original publishers. This is necessary

even if you are an author of the borrowed material. Borrowed material should be

acknowledged in the captions in the exact wording required by the copyright holder. If

not specified, use this style: Reproduced by kind permission of (publishers) from

 

Page 88: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

82 

   

 

(reference).' Identifiable clinical photographs must be accompanied by written

permission from the patient.

Ethics Work on human beings that is submitted to Physical Therapy in Sport should

comply with the principles laid down in the declaration of Helsinki; Recommendations

guiding physicians in biomedical research involving human subjects. Adopted by the

18th World Medical Assembly, Helsinki, Finland, June 1964, amended by the 29th

World Medical Assembly, Tokyo, Japan, October 1975, the 35th World Medical

Assembly, Venice, Italy, October 1983, and the 41st World Medical Assembly, Hong

Kong, September 1989. The manuscript should contain a statement that has been

approved by the appropriate ethical committees related to the institution(s) in which it

was performed and that subjects gave informed consent to the work. Studies

involving experiments with animals must state that their care was in accordance with

institution guidelines. Patients' and volunteers' names, initials, and hospital numbers

should not be used.

In a case report, the subject's written consent should be provided. It is the

author's responsibility to ensure all appropriate consents have been obtained.

PATIENT ANONYMITY

Studies on patients or volunteers require ethics committee approval and

informed consent which should be documented in your paper. Patients have a right

to privacy. Therefore identifying information, including patients images, names,

initials, or hospital numbers, should not be included in videos, recordings, written

descriptions, photographs, and pedigrees unless the information is essential for

scientific purposes and you have obtained written informed consent for publication in

print and electronic form from the patient (or parent, guardian or next of kin where

applicable). If such consent is made subject to any conditions, Elsevier must be

made aware of all such conditions. Written consents must be provided to Elsevier on

request. Even where consent has been given, identifying details should be omitted if

they are not essential. If identifying characteristics are altered to protect anonymity,

such as in genetic pedigrees, authors should provide assurance that alterations do

not distort scientific meaning and editors should so note. If such consent has not

Page 89: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

83 

   

 

been obtained, personal details of patients included in any part of the paper and in

any supplementary materials (including all illustrations and videos) must be removed

before submission.

COPYRIGHT

Upon acceptance of an article, authors will be asked to sign a "Journal

Publishing Agreement'' (for more information on this and copyright

see http://www.elsevier.com/copyright). Acceptance of the agreement will ensure the

widest possible dissemination of information. An e-mail (or letter) will be sent to the

corresponding author confirming receipt of the manuscript together with a 'Journal

Publishing Agreement' form or a link to the online version of this agreement. If

excerpts from other copyrighted works are included, the author(s) must obtain written

permission from the copyright owners and credit the source(s) in the article. Elsevier

has preprinted forms for use by authors in these cases: contact Elsevier's Rights

Department, Philadelphia, PA, USA: phone (+1) 215 239 3804, fax (+1) 215 239

3805, e-mail [email protected]. Requests may also be completed

online via the Elsevier homepage (http://www.elsevier.com/locate/permissions).

Funding body agreements and policies Elsevier has established agreements and developed policies to allow authors

whose articles appear in journals published by Elsevier, to comply with potential

manuscript archiving requirements as specified as conditions of their grant awards.

To learn more about existing agreements and policies please

visit http://www.elsevier.com/fundingbodies

Authors' rights As an author you (or your employer or institution) may do the following:

•make copies (print or electronic) of the article for your own personal use, including

for your own classroom teaching use

•make copies and distribute such copies (including through e-mail) of the article to

research colleagues, for the personal use by such colleagues (but not commercially

or systematically, e.g., via an e-mail list or list server) •post a pre-print version of the

article on Internet websites including electronic pre-print servers, and to retain

Page 90: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

84 

   

indefinitely such version on such servers or sites

•post a revised personal version of the final text of the article (to reflect changes

made in the peer review and editing process) on your personal or institutional website

or server, with a link to the journal homepage (on http://www.elsevier.com)

•present the article at a meeting or conference and to distribute copies of the article

to the delegates attending such a meeting

•for your employer, if the article is a 'work for hire', made within the scope of your

employment, your employer may use all or part of the information in the article for

other intra-company use (e.g., training)

•retain patent and trademark rights and rights to any processes or procedure

described in the article

•include the article in full or in part in a thesis or dissertation (provided that this is not

to be published commercially)

•use the article or any part thereof in a printed compilation of your works, such as

collected writings or lecture notes (subsequent to publication of your article in the

journal)

•prepare other derivative works, to extend the article into book-length form, or to

otherwise re-use portions or excerpts in other works, with full acknowledgement of its

original publication in the journal

PROOFS

One set of page proofs in PDF format will be sent by e-mail to the

corresponding author (if we do not have an e-mail address then paper proofs will be

sent by post). Elsevier now sends PDF proofs which can be annotated; for this you

will need to download Adobe Reader version 7 available free

from http://www.adobe.com/products/acrobat/readstep2.html. Instructions on how

to annotate PDF files will accompany the proofs. The exact system requirements are

given at the Adobe

http://www.adobe.com/products/acrobat/acrrsystemreqs.html#70win. If you do not

wish to use the PDF annotations function, you may list the corrections (including

replies to the Query Form) and return to Elsevier in an e-mail. Please list your

corrections quoting line number. If, for any reason, this is not possible, then mark the

corrections and any other comments (including replies to the Query Form) on a

 

Page 91: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

85 

   

 

printout of your proof and return by fax, or scan the pages and e-mail, or by post.

Please use this proof only for checking the typesetting, editing, completeness and

correctness of the text, tables and figures. Significant changes to the article as

accepted for publication will only be considered at this stage with permission from the

Editor. We will do everything possible to get your article published quickly and

accurately. Therefore, it is important to ensure that all of your corrections are sent

back to us in one communication: please check carefully before replying, as inclusion

of any subsequent corrections cannot be guaranteed. Proofreading is solely your

responsibility. Note that Elsevier may proceed with the publication of your article if no

response is received.

OFFPRINTS

The corresponding author, at no cost, will be provided with a PDF file of the

article via e-mail. The PDF file is a watermarked version of the published article and

includes a cover sheet with the journal cover image and a disclaimer outlining the

terms and conditions of use. Additional paper offprints can be ordered by the authors.

An order form with prices will be sent to the corresponding author. For further

information please consult http://www.elsevier.com/authors.

Submission Checklist

It is hoped that this list will be useful during the final checking of an article prior

to sending it to the journal's Editor for review. Please consult this Guide for Authors

for further details of any item.

Ensure that the following items are present:

• One Author designated as corresponding Author:

• E-mail address

• Full postal address

• Telephone and fax numbers

• All necessary fields have been uploaded

• Keywords

• All figure captions

• All tables (including title, description, footnotes)

Page 92: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

86 

   

 

At the end of the paper, but before the references, please provide three statements:

• Ethical Approval: The organisation providing ethical approval and ethics protocol

reference number where appropriate.

• Funding: any sources of funding should be stated.

• Conflict of Interest: Disclosed conflicts will be published if they are believed to be

important to readers in judging the manuscript. If there are no conflicts of interest,

authors should state that there are none.

Further considerations • Manuscript has been "spellchecked"

• References are in the correct format for this journal

• All references mentioned in the Reference list are cited in the text, and vice versa

• Permission has been obtained for use of copyrighted material from other sources

(including the Web)

 

 

Page 93: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

87 

   

 

Suplemento 6

Instruction for authors for preparation of manuscripts for Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy 

The following is a guide to the way in which the JOSPT formats articles in MS Word.

The closer an author can approximate the below formatting, the easier it is for the

JOSPT to prepare the article for the printer.

I. Title Page: Arial 12 pt, single space, no indent, 1 return separating the following

sections (Appendix 1)

A. Title

1. Title case

a. All prepositions, conjunctions, and articles under 4 letters lowercase

b. Do not capitalize second part of hyphenated compound if it is a prefix or

suffix

B. Author names

1. Title case

2. Period after initials

3. Commas separating degrees

4. "PT" first in list of degrees

5. Superscript number referring to affiliation footnote

C. Affiliations

1. Title case

2. Order: superscript number, position, institution, city, state (2-letter

abbreviation), period

D. Study information

1. Disclaimer, IRB approval, notice of author title changes after completion of

study, etc

E. Correspondence information

1. Author address and email

II. Abstract: Arial 12 pt, double-space, no indent (Appendix 2)

A. No section title

B. Structured abstract: section headings in title case, bold, and separated by a

colon at the start of each paragraph

Page 94: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

88 

   

 

C. JOSPT publication reference at the end of the last paragraph in italics

eg, J Orthop Sports Phys Ther 2004;34(4):xxx-xxx.

D. Key words

1. Key words in lower case, list in alphabetical order

2. Whole section in italics

III. Introduction: Arial 12, .5" indent, double space (Appendix 3)

IV. Section Headings (Appendix 4)

A. Level 1 heading, Arial 12 pt, bold, no indent, uppercase, double-space

B. Level 2, Arial 12 pt, bold, no indent, title case, double-space

C. Level 3, Arial 12 pt, italic, run into paragraph, title case, double-space

V. References (Appendix 5)

A. Journals

Author. Title of journal. Publication. year;vol(no):pp-pp.

B. Books Authors. Title of Book. City, State: Publisher; year.

C. Organization as author and publisher

Organization. Title of organization. City, State: Publisher; year.

D. Book chapter

Authors. Title of book chapter. In: Editor(s), ed(s). Book Title. City, State:

Publisher; year:pp-pp.

E. Master's or doctoral thesis

Author. Title of Thesis [dissertation]. City, State: University or Institution; year.

F. Published abstract of a paper presented at a conference

Authors. Title of abstract [abstract]. In: Editor(s), ed(s). Conference Title, City,

State/Country. City, State/Country: Publisher or Sponsoring Institution;

year.

G. Universal Resource Locator (URL)

Publisher. Title of the URL. Available at: http://address.of.the.URL.htm.

Accessed Month day, year.

Page 95: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

89 

   

 

VI. Tables (Appendix 5)

A. Table designator (eg, "TABLE 1.") bold, all caps and separated by a period

B. Table caption sentence case following designator

C. Font: Arial 12 pt, normal

D. Borders on top, bottom and under column headings

E. Column headings centered

F. Text left aligned with a .25-inch hanging indent

G. Numbers decimal aligned

H. Abbreviations placed before the footnotes, punctuated as follows:

Abbreviations: AB1, abbreviation 1; AB2, abbreviation 2; etc.

I. Footnote symbols in the following order: * † ‡ § ║ # ** †† ‡‡

VII. Figures (Appendix 5)

A. Figure designator (eg, "FIGURE 1.") bold, all caps and separated by a period

B. Graphs and/or charts

1. Make data available either by clicking the chart or by providing spreadsheet

C. Photos

1. At least 300 dpi resolution

Page 96: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

90 

   

 

APPENDIX 1

Decision Making for a Painful Hip: A Case Requiring Referral

Captain David A. Browder, DPT, MS, OCS1

Richard E. Erhard, PT, DC2

1 Staff Physical Therapist, 959th Medical Operations Squadron, Wilford Hall Medical

Center, Lackland AFB, TX.

2 Associate Professor, University of Pittsburgh, School of Health and Rehabilitation

Sciences, Department of Physical Therapy, Pittsburgh, PA.

This case was seen at the University of Pittsburgh Medical Center, Center for Sports

Medicine, Physical Therapy Department, Pittsburgh, PA. At the time of the case,

Capt Browder was completing a manual therapy fellowship under the mentorship of

Dr Erhard. The opinions or assertions contained herein are the private views of the

authors and are not to be construed as official or as reflecting the views of the US Air

Force or Department of Defense.

Address correspondence to Capt David A. Browder, 3604 Augusta Glade, San

Antonio, TX 78154. E-mail: [email protected]

Page 97: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

91 

   

 

APPENDIX 2

Study Design: Resident's case problem.

Background: The purpose of this resident's case problem is to describe a 39-year-

old female patient with insidious onset of hip pain. This patient had discrete findings

on subjective and physical examination that prompted referral for further imaging

studies of the left hip and pelvis. Despite having seen multiple providers, no imaging

of the involved hip or pelvis had been performed. A prolonged duration of symptoms,

severe gait disturbance with an associated Trendelenburg sign, difficulty sleeping,

and an empty end feel with passive range of motion increased concern that a

pathological process might be present.

Diagnosis: Imaging studies revealed a large destructive soft-tissue tumor later found

to be non-Hodgkin's Lymphoma.

Discussion: It is incumbent upon physical therapists to be aware of the potential for

severe pathological conditions that mimic musculoskeletal complaints to exist and

understand how to identify patients for whom further testing and/or referral may be

appropriate. Existing guidelines for low back pain may assist with decision making in

the absence of specific guidelines for when to request imaging in patients with

nontraumatic hip and pelvis pain. Proficiency in screening for conditions not

amenable to physical therapy treatment or that require consultation to other health

care professionals is essential to physical therapy practice. J Orthop Sports Phys

Ther 2005;11:xxx-xxx.

Key-Words: cancer, pelvis, physical therapy, radiology, screening

Page 98: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

92 

   

 

APPENDIX 3

Proficiency in screening for conditions not amenable to physical therapy

treatment or that require consultation with other health care professionals is essential

to physical therapy practice. In addition to the history and physical examination,

imaging and laboratory testing are frequently useful for this purpose. Extensive

attention has been given to the question of when imaging studies should be ordered

for patients with low back pain.8,17,18 However, guidance is less clear for patients

whose primary complaint is nontraumatic hip and pelvis pain, despite reports of

delayed diagnosis of pelvic malignancies,10,29,31,33 high incidence of radiological

findings in first-time medical

encounters for hip pain,5 and difficulty making definitive diagnoses in this region from

examination alone.

While conditions such as degenerative joint disease of the hip and trochanteric

bursitis are common and appropriate for physical therapy management, similar

symptoms may occur in more serious conditions such as femoral neck stress

fractures,15 gluteus medius tendon tears,4 metastatic tumors,10,21,28 and lesions of the

acetabular labrum or cartilage.24 The expanded differential diagnosis of hip pain also

includes other conditions such as an iliopsoas abscess, avascular necrosis, pelvic

inflammatory disease, Crohn's disease, femoral hernia, Reiter's syndrome, and sickle

cell anemia.13

Page 99: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

93 

   

 

APPENDIX 4

FIRST-LEVEL HEADING Second-Level Heading

Third-Level Heading The patient was in some distress and exhibited significant

anxiety with any movement of her left lower extremity. She appeared fatigued but

otherwise healthy. The patient was observed transitioning from sit to stand with

difficulty. She used the arms of her chair and avoided pushing off with the left lower

extremity. In static standing she avoided bearing weight on the left lower extremity by

standing with the left knee flexed and bearing most of her weight on the right lower

extremity. Her gait appeared very labored, with obvious disturbance of gait, but she

denied using any assistive devices. Upon closer visual observation it was noted that

she appeared to have a shortened stride length on the left side, accompanied by a

severe right pelvic drop and compensatory trunk lean to the left during the left stance

phase, commonly referred to as a Trendelenburg limp.27

Page 100: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

94 

   

APPENDIX 5 TABLE 5. Subset of test items from physical examination, associated alignment or movement impairment assessed and reliability statistics.25

Abbreviations: L, left; R, right. * Reliability coefficients from a group of 5 clinicians trained in examination procedures and operational definitions.25

† Indicates an impairment of alignment. All others are impairments of movement. ‡ Indicates impairment can occur with either or both lower extremities. FIGURE 1. Sudden, stop-directional change while running.

 

 

 

Page 101: CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...

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Suplemento 7 Carta de Aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP)