CARVALHO, A.C.A. Alinhamento anatômico dos membros inferiores ...
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ALINE CARLA ARAÚJO CARVALHO
ALINHAMENTO ANATÔMICO DOS MEMBROS INFERIORES
E LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS EM CORREDORES:
DESCRIÇÕES, ASSOCIAÇÕES E TAXAS DE LESÃO
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO
UNICID
SÃO PAULO
2011
ALINE CARLA ARAÚJO CARVALHO
ALINHAMENTO ANATÔMICO DOS MEMBROS INFERIORES
E LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS EM CORREDORES:
DESCRIÇÕES, ASSOCIAÇÕES E TAXAS DE LESÃO
Dissertação apresentada ao
Programa de Mestrado em
Fisioterapia da Universidade Cidade
de São Paulo como requisito exigido
para a obtenção do título de Mestre
sob orientação do Prof. Dr.
Alexandre Dias Lopes.
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO
UNICID
SÃO PAULO
2011
Ficha Elaborada pela Biblioteca Prof. Lúcio de Souza. UNICID
C331a
Carvalho, Aline Carla Araújo.
Alinhamento anatômico dos membros inferiores e lesões musculoesqueléticas em corredores: descrição, associações e taxas de lesão. / Aline Carla Araújo Carvalho. --- São Paulo, 2011.
95 p.; anexos.
Bibliografia
Dissertação (Mestrado) – Universidade Cidade de São Paulo - Orientador: Prof. Dr. Alexandre Dias Lopes.
1. Traumatismo em atletas. 2. Lesões. 3. Medicina esportiva. 4. Exercícios. 5. Corrida. I. Lopes, Alexandre Dias, orient. II. Título.
CDD 615.823
ALINE CARLA ARAÚJO CARVALHO
ALINHAMENTO ANATÔMICO DOS MEMBROS INFERIORES E
LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS EM CORREDORES:
DESCRIÇÕES, ASSOCIAÇÕES E TAXAS DE LESÃO
Dissertação apresentada ao
Programa de Mestrado em
Fisioterapia da Universidade Cidade
de São Paulo como requisito exigido
para a obtenção do título de Mestre
sob orientação do Prof. Dr.
Alexandre Dias Lopes.
Área de concentração: Avaliação, Intervenção e Prevenção em Fisioterapia.
COMISSÃO EXAMINADORA: Prof.º Dr. Alexandre Dias Lopes ____________________
Universidade Cidade de São Paulo
Prof. Dr. Carlos Marcelo Pastre ____________________
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
Prof. Dr. Leonardo de Oliveira Pena Costa ____________________
Universidade Cidade de São Paulo
AGRADECIMENTOS Quero agradecer a Deus pelo amparo e força nos momentos de dificuldades e
dúvidas. A Ti devo a perseverança para superar todas as dificuldades.
A minha família e amigos que me deram o suporte e sustento para que eu não
desanimasse nos momentos de desolação e dúvidas. Amo todos vocês!
Ao professor e amigo Alexandre Lopes pelo incentivo, insistência, generosidade e
amizade. Não sei se conseguiria concluir minha missão sem o seu apoio e
dedicação. A você minha gratidão, carinho e amizade! Sou uma fã sua!
Ao amigo Luiz por toda força e apoio. Você foi um sustento, suporte e alento nas
horas difíceis. Nossa amizade foi construída em meio às adversidades! Adoro você!
Ao Centro Universitário Cesmac, a empresa da qual faço parte e que me
proporcionou a oportunidade de cursar o meu mestrado em Fisioterapia. Muito
obrigada!
RESUMO
INTRODUÇÃO: Muito se especula sobre a influência de fatores como o alinhamento
dos membros inferiores e o desenvolvimento de lesões musculoesqueléticas em
praticantes de corrida, porém poucas evidências sustentam esta hipótese. Objetivo: Descrever as características de alinhamento anatômico dos membros inferiores,
verificar a prevalência e incidência das lesões musculoesqueléticas relacionadas à
corrida, analisar as associações entre as características de alinhamento anatômico e
estas lesões, assim como descrever as principais lesões entre os corredores e as
regiões anatômicas mais acometidas. Método: Estudos transversal e de coorte
prospectivo composto por 89 corredores recreacionais que foram submetidos à
avaliação bilateral do ângulo Q, ângulo subtalar, índice do arco plantar e
discrepância de comprimento dos membros inferiores e foram acompanhados por
um período de 12 semanas. Foram realizadas análises descritivas e verificação da
associação entre as características de alinhamento anatômico dos corredores e as
lesões apresentadas. A incidência de lesões foi calculada através de análise de
sobrevivência e a associação entre possíveis fatores de risco e tempo de lesão foi
determinada através do modelo de regressão de Cox. Resultados: Participaram do
estudo corredores com idade média de 44 (DP=10) anos, sem grandes alterações
no alinhamento dos membros inferiores e que apresentaram associação entre a
discrepância de ângulos Q e o histórico de lesões musculoesqueléticas relacionadas
à corrida nos últimos 12 meses. Não houve associação entre as novas lesões
apresentadas pelos corredores e as características de alinhamento anatômico dos
membros inferiores. A prevalência de lesões musculoesqueléticas relacionadas à
corrida foi de 61,8%, a incidência das mesmas foi de 27%, sendo as tendinopatias e
as lesões musculares as lesões mais comuns e o joelho e a perna as regiões mais
acometidas. Conclusões: Foi possível identificar a associação entre a discrepância
de ângulos Q com as lesões em corredores, que apresentaram a tendinopatia e as
lesões musculares com as principais lesões e o joelho e a perna como as regiões
anatômicas mais acometidas.
PALAVRAS – CHAVES: Corrida, Lesões do Esporte, Fisioterapia, Exercício Físico.
ABSTRACT
INTRODUCTION: There has been much speculation about the influence of factors
such as upper limb alignment and the development of musculoskeletal injuries in
runners; however, there is little evidence to support this hypothesis. Objectives: To
describe the characteristics of lower limb alignment, to verify the prevalence and
incidence of running-related musculoskeletal injuries, to analyze the associations
between anatomical alignment and these injuries and to describe the main injuries
among the runners and the most affected anatomical regions. Methods: This was a
cross-sectional prospective cohort study with a twelve-week follow-up period
including 89 recreational runners who were submitted to a bilateral evaluation of the
Q angle, subtalar angle, plantar arch index and lower limb length discrepancy.
Descriptive analyses were carried out as well as investigation of the association
between the runners’ anatomical alignment and the injuries presented. The incidence
of injuries was calculated using survival analysis, and the association between
possible risk factors and the time of injury was determined with the Cox regression
model. Results: Runners with a mean age of 44 (SD=10), without severe alterations
in lower limb alignment and presenting an association between the discrepancy of Q
angle and history of running-related musculoskeletal injuries in the last 12 months
participated in the study. There was no association between the runners’ new injuries
and lower limb alignment characteristics. The prevalence of musculoskeletal injuries
from running was 61.8%, and their incidence was of 27%; the most common injuries
were tendinopathies and muscle injuries, with the legs being the most affected
region. Conclusions: an association between Q angle discrepancy and the runners’
injuries was identified; tendinopathies and muscle injuries were the main injuries, and
the knee and leg were the most affected anatomical regions.
KEYWORDS: Running, Sport Injuries, Physical Therapy, Physical Exercise.
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 51.1 CONTEXTUALIZAÇÃO 61.1.1 Apresentação dos estudos envolvidos na dissertação 9
1.2 REFERÊNCIAS 10 CAPÍTULO 2 122.1 RESUMO 142.2 INTRODUÇÃO 162.3 MATERIAL E MÉTODO 182.3.1 Desenho do estudo e participantes 18
2.3.2 Formulário 18
2.3.3 Procedimentos de Avaliação 19
2.3.3.1 Avaliação do Ângulo Q e da Discrepância entre os Ângulos Q 19
2.3.3.2 Avaliação do Ângulo Subtalar 20
2.3.3.3 Avaliação do Índice do Arco Plantar 20
2.3.3.4 Avaliação da Discrepância de Comprimento dos Membros Inferiores 21
2.3.4 Análise estatística 22
2.4 RESULTADOS 232.5 DISCUSSÃO 272.6 CONCLUSÃO 322.7 AGRADECIMENTOS 332.8 CONFLITO DE INTERESSEES 332.9 FONTE DE FINANCIAMENTO DA PESQUISA 332.10 REFERÊNCIAS
ANEXO 3437
CAPÍTULO 3 393.1 AGRADECIMENTOS 423.2 RESUMO 433.3 INTRODUÇÃO 453.4 MATERIAL E MÉTODO 46
3.4.1 Desenho do estudo e participantes 46
3.4.2 Formulário 47
3.4.3 Procedimentos de Avaliação 47
3.4.3.1 Avaliação do Ângulo Q e da Discrepância entre os Ângulos Q 47
3.4.3.2 Avaliação do Ângulo Subtalar 48
3.4.3.3 Avaliação do índice do Arco Plantar 49
3.4.3.4 Avaliação da Discrepância de Comprimento do Membros Inferiores 50
3.4.4 Análise Estatística 50
3.5 RESULTADOS 513.6 DISCUSSÃO 553.7 REFERÊNCIAS
ANEXO 5963
CAPÍTULO 4 644.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS 654.2 REFERÊNCIAS 68 MATERIAL SUPLEMENTAR 70Suplemento 1 – Avaliação do ângulo Q 71Suplemento 2 – Avaliação do ângulo subtalar 72Suplemento 3 – Avaliação do índice do arco plantar 73Suplemento 4 – Avaliação da discrepância de comprimento dos membros
Inferiores 74Suplemento 5 - Instruction for authors for preparation of manuscripts for
Physical Therapy in Sports 75Suplemento 6 - Instruction for authors for preparation of manuscripts for
Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy 87Suplemento 7 – Carta de aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) 95
5
- CAPÍTULO 1 - CONTEXTUALIZAÇÃO
6
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A corrida representa uma das modalidades de atividade física de maior
popularidade no mundo1 e com número crescente de adeptos2. Porém, pode
apresentar taxas de incidência de lesões musculoesqueléticas que pode atingir entre
19,4% e 92,4% dos seus praticantes3, 4 e taxas de prevalência destas lesões que
oscilam entre 25% e 46% entre os corredores2, 5-7.
Alguns estudos têm se preocupado em pesquisar a influência de fatores
extrínsecos, como as características de treinamento, e intrínsecos, como as
características de alinhamento anatômico dos corredores8-10 no surgimento das
lesões durante a prática da corrida, sendo que os principais fatores de risco
apontados pela literatura para essas lesões são a quilometragem semanal superior a
64 km e o histórico de lesão musculoesquelética prévia em membros inferiores3, 11.
Entre as características de alinhamento anatômico, especula-se que a
discrepância de comprimento dos membros inferiores (MMII), as alterações de
ângulo Q e a discrepância entre ângulos Q dos joelhos possam ser fatores
associados ao desenvolvimento de lesões musculoesqueléticas em corredores9, 12. A
altura do arco longitudinal medial (ALM) e a medida do ângulo subtalar também são
apontadas, em alguns estudos, como possíveis fatores que se associam com essas
lesões, contudo poucas evidências sustentam tal hipótese10, 11, 13.
Atualmente, se estima para a população brasileira uma taxa de 5% de
corredores, principalmente de rua14, o que representa aproximadamente 10 milhões
de brasileiros praticando a corrida como esporte. No entanto, no Brasil, apenas um
estudo prospectivo15 desenvolvido com 18 corredores e com período de
acompanhamento de 12 meses foi realizado até o momento. Este estudo teve como
o objetivo analisar a incidência de lesões osteomioarticulares em corredores
amadores e detectar os principais fatores extrínsecos e intrínsecos associados às
lesões encontradas. Para tanto, os pesquisadores avaliaram a amplitude articular do
tornozelo, ângulo Q e encurtamento muscular dos isquiostibiais e quadríceps, mas
não observaram como resultado nenhuma associação da ocorrência de lesões
musculoesqueléticas relacionadas à corrida.
Apesar da existência de dez estudos de coorte prospectivo9-13, 15-19 que
verificaram a associação entre as características de alinhamento anatômico com o
desenvolvimento de lesões musculoesqueléticas, existem poucas evidências sobre a
7
associação de cada tipo de alteração do alinhamento anatômico e o surgimento de
lesões. Dentre estes estudos, um16 foi desenvolvido com uma população de 532
corredores recreacionais, acompanhados por 8 semanas e encontrou associação
entre o movimento excessivo do osso navicular, avaliado em posição ortostática,
com o desenvolvimento de lesões musculoesqueléticas em corredores. Outro
estudo13, envolvendo 66 corredores recreacionais durante um período de 4 meses,
avaliou a mobilidade do osso navicular e o alinhamento do ângulo Q, avaliados a
partir da posição ortostática, e do retropé, avaliado na posição pronada, entre outras
medidas e encontrou associação, apenas, entre a mobilidade do osso navicular e o
desenvolvimento de síndrome do estresse tibial medial em corredores. Um terceiro
estudo15 foi realizado com 18 corredores recreacionais por um período de 12 meses
e avaliou entre outras medidas, o ângulo Q, a partir da posição ortostática, e a
mobilidade para dorsiflexão e flexão plantar, em posição pronada e supinada, e não
encontrou associação essas características estudadas e o surgimento de lesões
musculoesqueléticas entre os corredores.
Já dois outros estudos9,12, realizados com 23 corredores de cross-country,
durante a temporada de 1996 e que tiveram como objetivos analisar a associação
entre o ângulo Q9,12, avaliado em posição ortostática, e a discrepância de
comprimento dos MMII9, avaliada a partir da posição supinada, com as lesões em
corredores, encontraram associação apenas entre as alterações de ângulo Q e a
discrepância de ângulo Q maior que 3º com estas lesões na corrida. Um outro
estudo17 envolvendo 8 clubes de corredores de cross-country, acompanhados por
um período de 13 semanas, avaliou a associação entre a altura do osso navicular,
avaliado a partir da posição ortostática, com as lesões na corrida, e não encontrou
associação entre estas duas variáveis.
Um dos estudos10 foi realizado com 153 corredores recreacionais durante 6
meses e avaliou, entre outras características de alinhamento anatômico dos MMII, o
ângulo Q e a discrepância de comprimento dos MMII, avaliados em posição
supinada, arco longitudinal medial, avaliado em posição ortostática, e ângulo
subtalar, avaliado com o corredor posicionado em prono, contudo estabeleceu
associação apenas entre as alterações de angulação subtalar e as lesões
musculoesqueléticas relacionada à corrida.
Um estudo desenvolvido com maratonistas11 acompanhados por 32 semanas
e que avaliou as medidas de ângulo Q, alinhamento do retropé, ângulo subtalar e
8
comprimento dos MMII, encontrou associação entre as alterações de ângulo Q e a
discrepância de comprimento dos MMII com as lesões musculoesqueléticas em
corredores.
Dois estudos desenvolvidos com militares18, 19 em treinamento para a
academia militar, apresentaram como objetivo analisar a associação entre a
prescrição de tênis especial de corrida baseado na avaliação da altura do arco
longitudinal medial, realizada em ortostatismo, e as lesões musculoesqueléticas
relacionadas à corrida, e concluíram que a prescrição destes tênis especiais de
corrida, a partir da avaliação da altura do arco longitudinal medial, não reduz a
incidência de lesões nos recrutas.
Sendo assim e tomando como referência as evidências conflitantes presentes
nos estudos que se propõem a identificar as possíveis associações entre as
principais características de alinhamento anatômico com o aumento da incidência de
lesões musculoesqueléticas em corredores recreacionais, os objetivos desta
dissertação são: 1) descrever as características pessoais e de alinhamento
anatômico de corredores recreacionais; 2) determinar qual a prevalência de lesões
musculoesqueléticas presentes nos últimos 12 meses entre os corredores
participantes do estudo; 3) verificar se existe associação entre as características de
alinhamento anatômico com a história prévia de lesões musculoesqueléticas; e 4)
determinar a incidência de lesões musculoesqueléticas ocorridas durante os 3
meses de acompanhamento do estudo; 5) observar se há influência das
características de alinhamento anatômico dos membros inferiores sobre a incidência
de lesões musculoesqueléticas entre os corredores participantes.
A partir destes objetivos, pretendemos contribuir para um melhor
entendimento dos fatores envolvidos com as lesões musculoesqueléticas em
corredores, auxiliando não somente a população de praticantes de corrida na
identificação de fatores predisponentes destas lesões, mas também aos treinadores
na elaboração de programas de treinamento diferenciados e beneficiará os
fisioterapeutas que compõem as equipes multidisciplinares do esporte a prestarem
melhor atenção primária à saúde, uma vez que é o profissional melhor qualificado
para desenvolver programas de prevenção de lesões, especialmente esportivas.
9
1.1.1Apresentação dos Estudos Envolvidos na Dissertação
O capítulo 2 desta dissertação apresenta um estudo do tipo transversal que
teve os seguintes objetivos: descrever as características pessoais e de alinhamento
anatômico de uma amostra de 89 corredores recreacionais; determinar qual a
prevalência de lesões musculoesqueléticas dos últimos 12 meses entre esses
corredores; verificar se existe associação entre as características de alinhamento
anatômico com a história prévia de lesões musculoesqueléticas; e descrever as
principais lesões ocorridas e suas localizações anatômicas nesse grupo de
corredores. Este capítulo foi formatado segundo as normas da Revista Physical
Therapy in Sports e submetido a este periódico (suplemento 5). Os resultados deste
capítulo apontam para a associação entre a discrepância de ângulos Q com o
histórico de lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida, uma prevalência nos
últimos 12 meses de 61,8% de lesões entre os corredores, o joelho como a região
anatômica mais acometida por estas lesões e as lesões musculares e as
tendinopatias como aquelas mais comumente referidas pelos corredores.
O capítulo 3 trata de um estudo de coorte prospectivo cujos objetivos foram
apresentar a incidência de lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida em
uma população de corredores recreacionais, verificar as associações entre as
características de alinhamento anatômicos dos membros inferiores e o surgimento
de lesões em corredores e descrever as principais lesões ocorridas durante o
período de acompanhamento do estudo, assim como as regiões anatômicas mais
acometidas. O estudo foi conduzido com 89 corredores envolvidos nos resultados do
capítulo 2, que foram acompanhados a cada duas semanas por um período de 12
semanas através do preenchimento de um formulário online e da realização de uma
avaliação das medidas de ângulo Q, ângulo da articulação subtalar, de discrepância
de comprimento dos membros inferiores e de altura do arco longitudinal medial. Os
resultados do capítulo 3 apresentam a não associação entre as características de
alinhamento anatômico dos MMII com o surgimento de lesões musculoesqueléticas
relacionadas à corrida, uma incidência de 27% de lesões entre os corredores, ou 6
lesões por 1000 horas de exposição à corrida, a perna e o joelho como as regiões
anatômicas mais acometidas por estas lesões e as lesões musculares e as
tendinopatias como aquelas mais comumente referidas pelos corredores. Este
capítulo foi formatado segundo as normas da revista Journal of Orthopaedic & Sports
Physical Therapy (JOSPT) e submetido a este periódico (suplemento 6).
10
1.2 REFERÊNCIAS
1. Van Middelkoop M, Kolkman J, Van Ochten J, Bierma-Zeinstra SM, Koes BW.
Course and predicting factors of lower-extremity injuries after running a marathon.
Clin J Sport Med. 2007;17(1):25-30.
2. Pazin J, Duarte MFS, Poeta LS, Gomes MA. Corredores de rua:
características demográficas, treinamento e prevalência de lesões. Rev bras
cineantropom desempenho hum 2008;10(3):277-82.
3. Van Gent RN, Siem D, Van Middelkoop M, Van Os AG, Bierma-Zeinstra SM,
Koes BW. Incidence and determinants of lower extremity running injuries in long
distance runners: a systematic review. Br J Sports Med. 2007;41(8):469-80.
4. Van Middelkoop M, Kolkman J, Van Ochten J, Bierma-Zeinstra SM, Koes B.
Prevalence and incidence of lower extremity injuries in male marathon runners.
Scand J Med Sci Sports. 2008;18(2):140-4.
5. Lopes AD, Costa LO, Saragiotto BT, Yamato TP, Adami F, Verhagen E.
Musculoskeletal pain is prevalent among recreational runners who are about to
compete: an observational study of 1049 runners. J Physiother. 2011;57(3):179-82.
6. McKean KA, Manson NA, Stanish WD. Musculoskeletal injury in the masters
runners. Clin J Sport Med. 2006;16(2):149-54.
7. Yamato TP, Saragiotto BT, Lopes AD. Prevalência de dor em corredores de
rua no momento em que precede o inicio da prova. Cadernos de Formação RBCE.
2011;33(2): 475-482.
8. Willems TM, Witvrouw E, Delbaere K, Mahieu N, De Bourdeaudhuij I, De
Clercq D. Intrinsic risk factors for inversion ankle sprains in male subjects: a
prospective study. Am J Sports Med. 2005;33(3):415-23.
9. Rauh MJ, Koepsell TD, Rivara FP, Margherita AJ, Rice SG. Epidemiology of
musculoskeletal injuries among high school cross-country runners. Am J Epidemiol.
2006;163(2):151-9.
10. Lun V, Meeuwisse WH, Stergiou P, Stefanyshyn D. Relation between running
injury and static lower limb alignment in recreational runners. Br J Sports Med.
2004;38(5):576-80.
11. Wen DY, Puffer JC, Schmalzried TP. Injuries in runners: a prospective study of
alignment. Clin J Sport Med. 1998;8(3):187-94.
11
12. Rauh MJ, Koepsell TD, Rivara FP, Rice SG, Margherita AJ. Quadriceps angle
and risk of injury among high school cross-country runners. J Orthop Sports Phys
Ther. 2007;37(12):725-33.
13. Raissi GR, Cherati AD, Mansoori KD, Razi MD. The relationship between
lower extremity alignment and Medial Tibial Stress Syndrome among non-
professional athletes. Sports Med Arthrosc Rehabil Ther Technol. 2009;1(1):11.
14. Instituto Ipsos Marplan. Esporte na vida do brasileiro. In: Dossiê Esporte, Um
estudo sobre o esporte na vida do brasileiro. 2ª Parte; 2006.
15. Pileggi P, Gualano B, Souza M, Caparbo VF, Pereira RMR, Pinto ALS, et al.
Incidência e fatores de risco de lesões osteomioarticulares em corredores: um
estudo de coorte prospectivo. Rev bras educ fís esporte. 2010;24 no.4(4):453-62.
16. Buist I, Bredeweg SW, Bessem B, van Mechelen W, Lemmink KA, Diercks RL.
Incidence and risk factors of running-related injuries during preparation for a 4-mile
recreational running event. Br J Sports Med. 2010;44(8):598-604.
17. Plisky MS, Rauh MJ, Heiderscheit B, Underwood FB, Tank RT. Medial tibial
stress syndrome in high school cross-country runners: incidence and risk factors. J
Orthop Sports Phys Ther. 2007;37(2):40-7.
18. Knapik JJ, Brosch LC, Venuto M, Swedler DI, Bullock SH, Gaines LS, et al.
Effect on injuries of assigning shoes based on foot shape in air force basic training.
Am J Prev Med. 2010;38(9):1759-67.
19. Knapik JJ, Trone DW, Swedler DI, Villasenor A, Bullock SH, Schmied E, et al.
Injury reduction effectiveness of assigning running shoes based on plantar shape in
Marine Corps basic training. Am J Sports Med. 2010;38(9):1759-67.
12
- CAPÍTULO 2 - ASSOCIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DE ALINHAMENTO
DOS MEMBROS INFERIORES COM A HISTÓRIA PREGRESSA DE LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS EM CORREDORES
RECREACIONAIS: UM ESTUDO TRANSVERSAL
13
ASSOCIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DE ALINHAMENTO DOS
MEMBROS INFERIORES COM A HISTÓRIA PREGRESSA DE LESÕES
MUSCULOESQUELÉTICAS EM CORREDORES RECREACIONAIS: UM ESTUDO
TRANSVERSAL
ALINE CARLA ARAÚJO CARVALHO1-3*, LUIZ CARLOS HESPANHOL JUNIOR1,2,
LEONARDO OLIVEIRA PENA COSTA1,2,4, ALEXANDRE DIAS LOPES1,2
1- Programa de Mestrado em Fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo – UNICID,
São Paulo (SP), Brasil.
2- São Paulo Running Injury Group (SPRunIG), São Paulo (SP), Brasil.
3- Centro Universitário CESMAC, Maceió (AL), Brasil.
4- Musculoskeletal Division, The George Institute for Global Health, Sydney, Australia
Autor correspondente: ALINE CARLA ARAÚJO CARVALHO*, tel (11) 2178.1563
Rua Cesário Galeno, 448/475 – São Paulo, SP – CEP: 03071-000, [email protected]
LUIZ CARLOS HESPANHOL JUNIOR
Rua Cesário Galeno, 448/475 – São Paulo, SP – CEP: 03071-000,
LEONARDO OLIVEIRA PENA COSTA
Rua Cesário Galeno, 448/475 – São Paulo, SP – CEP: 03071-000, [email protected]
ALEXANDRE DIAS LOPES
Rua Cesário Galeno, 448/475 – São Paulo, SP – CEP: 03071-000,
14
2.1 RESUMO
Objetivos: Descrever as características de alinhamento anatômico dos membros
inferiores e o histórico de lesões de corredores recreacionais, a prevalência de
lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida, além de verificar a associação
entre as características de alinhamento e o histórico de lesões prévias relacionadas
à corrida nos últimos 12 meses. Desenho: Estudo transversal composto por 89
corredores recreacionais que responderam questões sobre características de
treinamento de corrida e histórico de lesões dos últimos 12 meses. Método: Os
corredores foram avaliados para as seguintes características: ângulo Q
bilateralmente, ângulo subtalar, arco longitudinal medial e discrepância de
comprimento dos membros inferiores. Foram realizadas análises descritivas das
características de alinhamento anatômico dos membros inferiores e verificação da
associação do alinhamento com histórico de lesões através do teste de Qui-
quadrado. A regressão logística univariada foi realizada para verificação da
associação entre histórico de lesões e medidas lineares de ângulo Q. Resultados:
Participaram do estudo corredores com idade média de 44,0 (DP=10,0) anos. Na
avaliação do alinhamento anatômico apenas a discrepância entre ângulos Q foi
associada com a história pregressa de lesões musculoesqueléticas (x2 = 4,95;
p=0,03). A prevalência de lesões relacionadas à corrida foi de 61,8%, sendo as
tendinopatias e as lesões musculares as principais lesões, e o joelho a região
anatômica mais acometida. Conclusão: A prevalência de lesões
musculoesqueléticas nos últimos doze meses relacionadas à corrida foi de 61,8% e
se identificou associação entre a discrepância de ângulos Q com a história
15
pregressa de lesões musculoesqueléticas, sendo as tendinopatias e as lesões
musculares as principais lesões e o joelho a região mais acometida.
Palavras Chaves: Corrida, Lesões do Esporte, Fisioterapia, Exercício Físico.
16
2.2 INTRODUÇÃO
A corrida representa uma das modalidades de atividade física de maior
popularidade no mundo (Van Middelkoop, Kolkman, Van Ochten, Bierma-Zeinstra, &
Koes, 2007) sendo considerada uma atividade física eficaz para o incremento da
capacidade cardiorrespiratória e melhora da composição corporal (Jakobsen, Kroner,
Schmidt, & Kjeldsen, 1994). Contudo, apresenta taxa de incidência de lesões
musculoesqueléticas que podem variar entre 19,4% e 92,4% (Van Gent et al., 2007;
Van Middelkoop, Kolkman, Van Ochten, Bierma-Zeinstra, & Koes, 2008), assim
como apresentar valores de prevalência de dor musculoesquelética prévia à
participação em uma corrida de aproximadamente 25% (Lopes et al., 2011; Yamato,
Saragiotto, & Lopes, 2011).
Alguns estudos têm se preocupado em pesquisar a influência de fatores
extrínsecos e intrínsecos dos corredores (Lun, Meeuwisse, Stergiou, & Stefanyshyn,
2004; Rauh, Koepsell, Rivara, Margherita, & Rice, 2006) no desenvolvimento das
lesões na corrida, sendo que os principais fatores de risco descritos são:
quilometragem semanal superior a 64 km e histórico de lesão musculoesquelética
prévia em membros inferiores (MMII) (Van Gent, et al., 2007; Wen, Puffer, &
Schmalzried, 1998). Entre as características de alinhamento anatômico, especula-se
que a discrepância de comprimento dos MMII e a diferença de ângulo Q entre os
joelhos possam ser fatores associados com o desenvolvimento de lesões
musculoesqueléticas em corredores (Lun, et al., 2004; Rauh, et al., 2006; Rauh,
Koepsell, Rivara, Rice, & Margherita, 2007; Wen, et al., 1998). A altura do arco
longitudinal medial (ALM) e a medida do ângulo subtalar também são apontadas
como possíveis fatores de risco de lesões em corredores, apesar das evidências não
17
sustentarem tais hipóteses (Knapik, Brosch, et al., 2010; Knapik, Trone, et al., 2010;
Lun, et al., 2004; Raissi, Cherati, Mansoori, & Razi, 2009; Wen, et al., 1998). Esses
estudos realizaram avaliações em posicionamento sem aplicação de carga para
medidas de ângulo subtalar (Lun, et al., 2004), ou foram realizados com militares
(Knapik, Brosch, et al., 2010; Knapik, Trone, et al., 2010), que apresentam
características muito distintas dos corredores recreacionais.
O conhecimento das características de alinhamento anatômico de corredores
recreacionais por parte dos fisioterapeutas é de grande valia para os profissionais
que atuam na área da fisioterapia esportiva. Desta forma, os objetivos deste estudo
foram descrever as características de alinhamento anatômico dos membros
inferiores, além de verificar as associações entre as características de alinhamento
dos membros inferiores e o histórico de lesões prévias relacionadas à corrida nos
últimos 12 meses. Também foram analisadas a prevalência das lesões nos últimos
12 meses e descrição das principais lesões musculoesqueléticas pregressas.
18
2.3 MATERIAIS E MÉTODOS
2.3.1 Desenho do estudo e participantes
Este estudo foi do tipo transversal, composto por 89 corredores sócios de
uma entidade promotora e organizadora de eventos de corrida na cidade de São
Paulo – SP, Brasil (CORPORE-Brasil), que responderam a um formulário online que
continha questões sobre histórico de corrida, características de treinamento e
histórico de lesões relacionadas à prática da corrida nos últimos 12 meses. Todos os
participantes foram submetidos a uma avaliação do alinhamento dos membros
inferiores, que consistiu da mensuração dos ângulos Q (Rauh, et al., 2007) e
subtalar (Eng & Pierrynowski, 1994; McPoil & Cornwall, 1996), índice do arco plantar
(Cavanagh & Rodgers, 1987; Nakhaee, Rahimi, Abaee, Rezasoltani, & Kalantari,
2008), além da mensuração da discrepância de comprimento dos membros
inferiores (Rauh, et al., 2006; Santili, Waisberg, Akkari, Fávaro, & Prado, 1998).
Participaram da pesquisa corredores com idade igual ou superior a 18 anos, que
praticavam corrida há pelo menos seis meses. Esse estudo obteve a aprovação do
Comitê de Ética da Universidade Cidade de São Paulo (Protocolo 13506583/2010 –
suplemento 7).
2.3.2 Formulários
Um formulário online auto-aplicável foi preenchido pelos corredores
participantes. O formulário apresentava três partes, sendo que a primeira parte
continha informações sobre dados pessoais; a segunda parte era composta por
perguntas sobre algumas características do treinamento, como quilometragem
semanal percorrida; e a terceira parte questionava os participantes quanto ao seu
19
histórico de lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida nos últimos 12
meses (informação das lesões coletada pelo corredor através de opções de
sintomas ou diagnósticos derivado de um estudo anterior) (Alonso et al., 2009).
2.3.3 Procedimentos de avaliação
2.3.3.1 Avaliação do Ângulo Q e da Discrepância entre os Ângulos Q
O ângulo Q, ou ângulo de tração do quadríceps, foi mensurado com o
corredor trajando roupa esportiva e descalço. O corredor foi posicionado
ortostaticamente de frente para o examinador, se mantendo apoiado sobre os dois
pés, permitindo a demarcação com uma caneta especial dos seguintes pontos
anatômicos: espinhas ilíacas ântero-superiores (EIAS), centro de ambas as patelas e
as tuberosidades tibiais para a mensuração o ângulo Q (Rauh, et al., 2007). Todas
as marcações foram feitas pelo mesmo examinador. Foi traçada uma reta utilizando
fita métrica da EIAS até o centro da patela e uma segunda reta do centro da patela
até a tuberosidade tibial. O ângulo formado pela intersecção destas duas linhas
constituiu o ângulo Q, que foi medido por um goniômetro universal posicionado com
seu eixo no centro da patela (suplemento 1). Os valores entre 10° e 15° para esta
angulação foram considerados normais para ambos os sexos (Rauh, et al., 2007).
Após esta mensuração, foi verificada a diferença de angulação entre os valores
obtidos para os ângulos Q, tendo sido considerado como discrepância normal uma
variação de até 3º (Rauh, et al., 2007). A estimativa do coeficiente de correlação
intra-classe para a medida do ângulo Q já foi analisada por outros autores e
observado que apresenta boa correlação (Shultz et al., 2006).
20
2.3.3.2 Avaliação do Ângulo Subtalar
Para avaliar o ângulo subtalar, os participantes foram posicionados sobre uma
plataforma de 30 cm de altura e orientados a manter os pés paralelos e a realizar
descarga de peso simétrica entre os membros inferiores. Foram demarcadas a
tuberosidade posterior do calcâneo e um ponto sobre o tendão do calcâneo
referente a linha média entre os maléolos utilizando etiquetas adesivas. Após as
marcações foi capturada uma imagem do terço póstero-distal dos MMII utilizando
uma câmera fotográfica digital. A câmera foi posicionada sobre um tripé, disposta
posteriormente ao corredor avaliado, centralizada em relação ao participante e
nivelada em relação à plataforma. Para mensurar o ângulo subtalar foi utilizado o
software AutoCAD 2005®, que permitia ao avaliador traçar uma linha entre os dois
pontos demarcados com as etiquetas adesivas e uma segunda linha orientada
verticalmente, estando esta perpendicular (90º) em relação ao solo (suplemento 2).
A intersecção dos prolongamentos de ambas as retas resultou em um ângulo
(McPoil & Cornwall, 1996) que foi mensurado e classificado da seguinte maneira:
ângulo subtalar normal (para valores entre 0-5º), varo (valores <0) e valgo (medidas
>6º) (Eng & Pierrynowski, 1994). O ICC intra-classe para a medida do ângulo
subtalar já foi verificado por outros autores e observado que apresenta boa
correlação (McPoil & Cornwall, 1996).
2.3.3.3 Índice do Arco Plantar
Os participantes foram posicionados sobre um podoscópio com os pés
descalços e separados por uma distância que equivaleu a uma fina placa com
largura de 7,5 cm. A imagem da impressão plantar foi capturada com uma câmera
digital que foi posicionada sobre um tripé em frente ao podoscópio 1. Para analisar
21
as imagens utilizou-se o software AutoCAD 2005® para traçar três retas: uma que
foi traçada do ponto equivalente a 2ª articulação metatarsofalangeana até o ponto
equivalente na face posterior do calcâneo, sendo denominada de reta do eixo do pé;
a segunda reta foi traçada perpendicularmente ao primeiro eixo tendo como base os
pontos mais salientes do 1º e 5º metatarsos; e uma terceira reta foi traçada com
base nos pontos mais salientes do calcâneo medial e lateral, em sua porção anterior.
Após traçadas essas linhas foi possível dividir o pé em três partes (áreas): antepé,
mediopé e retropé (suplemento 3). As três áreas foram medidas pelo software citado
anteriormente. A área do médiopé foi dividida pela área total das três áreas
mensuradas, tendo como resultado o índice do arco (Nakhaee, et al., 2008) para
cada um dos pés avaliados 2, 3. O índice do arco plantar foi classificado de acordo
com os seguintes parâmetros: arco longitudinal elevado (índice ≤ 0,21), arco
longitudinal normal (índice entre 0,22 e 0,26) e arco longitudinal baixo (índice ≥ 0,26)
4. O coeficiente de correlação intra-classe para a medida da altura do arco
longitudinal medial já foi mensurada por outros autores e considerada como
apresentando boa correlação (Queen, Mall, Hardaker, & Nunley, 2007).
2.3.3.4 Avaliação da Discrepância de Comprimento dos Membros Inferiores
A avaliação da discrepância de comprimento dos MMII foi realizada com os
participantes em posição supina e orientados a manter os membros inferiores
relaxados. Foram demarcadas as seguintes referências anatômicas utilizando uma
caneta especial: EIAS e os centros dos maléolos mediais de cada membro inferior.
Utilizando uma fita métrica foi mensurado o comprimento real dos MMII, medindo o
comprimento entre a EIAS de uma hemipelve até o centro do maléolo medial
ipsilateral de ambos os MMII (suplemento 4). A discrepância de comprimento dos
22
MMII foi considerada normal quando apresentou medida inferior a 1,0 cm (Rauh, et
al., 2006; Santili, et al., 1998). A estimativa do coeficiente de correlação intra-classe
para a medida de discrepância de comprimento dos MMII já foi analisada por outros
autores e observado que apresenta bom índice de correlação (Rondon, Gonzalez,
Agreda, & Millan, 1992).
2.3.4 Análise Estatística
O tamanho da amostra foi estimado tendo como base 26% da frequência de
lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida na população de corredores
(Buist et al., 2010), com uma precisão da estimativa de 35% e um nível de
significância de 5%, sendo sugerido que 89 corredores participassem do estudo.
Foram realizadas análises descritivas das características pessoais, do
treinamento de corrida, da localização anatômica, do tipo de lesões prévias referidas
pelos corredores e das características de alinhamento anatômico dos membros
inferiores. Foi realizada a verificação da associação do alinhamento anatômico dos
MMII com histórico de lesões através do teste de Qui-quadrado. A regressão
logística univariada foi realizada para verificação da associação entre histórico de
lesões e medidas contínuas de ângulo Q. A comparação de médias de idade entre
os grupos com histórico de lesão e sem histórico de lesão foi realizado através do
teste t de Student, após a verificação da normalidade da amostra, realizada através
da análise de inspeção de histogramas. Todas as análises foram realizadas pelo
software SPSS versão 17,0 adotando-se um α = 0,05.
23
2.4 RESULTADOS
Dos 89 corredores participantes do estudo, a maioria era do sexo masculino
(77,5%, n = 69), com idade média de 44,0 (DP=10,0) anos de idade. O índice de
massa corporal (IMC) observado classificou a maioria dos corredores como saudável
e com experiência de corrida de até 5 anos, assim como relataram correr uma
quilometragem semanal entre 20 e 40 km. A descrição completa das características
pessoais e do treinamento dos participantes pode ser observada na tabela 1.
Tabela 1. Descrição e verificação da associação das características pessoais e de treinamento com o histórico de lesões prévias referidas pelos corredores.
Variável Todos
% (n=89) Com Histórico de Lesão % (n=55)
Sem Histórico de
Lesão % (n=34) p
Gênero Masculino 77,5 (69) 49,4 (44) 28,1 (25) Feminino 22,5 (20) 12,4 (11) 10,1 (9) 0,48 IMC Saudável 62,9 (56) 38,2 (34) 24,7 (22) Sobrepeso 34,8 (31) 22,5 (20) 12,4 (11) Obeso 2,2 (2) 1,1 (1) 1,1 (1) 0,88 Experiência de corrida
Até 5 anos 65,2 (58) 36,0 (32) 29,2 (26) De 5 a 15 anos 20,2 (18) 13,5 (12) 6,7 (6) Mais de 15 anos 14,6 (13) 12,4 (11) 2,3 (2) 0,13
Km / sem Até 20km 24,7 (22) 15,7 (14) 9,0 (8) De 20 a 40km 41,6 (37) 24,7 (22) 16,9 (15) De 40 a 60km 19,1 (17) 11,2 (10) 7,9 (7) Mais de 60km 14,6 (13) 10,1 (9) 4,5 (4) 0,92
O valor de p se refere ao teste de Qui-quadrado.
A tabela 2 apresenta os resultados das avaliações das características de
alinhamento anatômico, em que apenas a variável de discrepância entre ângulos Q
apresentou alteração para a maioria dos participantes sendo possível observar a
associação entre discrepância de ângulos Q categorizados (até 3º ou maior que 3º
de discrepância) e história pregressa de lesões musculoesqueléticas (x2 = 4,95;
p=0,03). Os valores das medidas de ângulo Q podem ser observados na tabela 3.
Não foi possível observar associação entre as medidas contínuas de discrepância
24
dos ângulos Q com a história pregressa de lesão musculoesquelética nos corredores
(Odds Ratio=1,14; IC 95%=0,98 a 1,32; p=0,09).
Tabela 2. Descrição e verificação da associação das características de alinhamento anatômico com o histórico de lesões prévias referidas pelos corredores.
Variável
Todos
% (n=89) Com Histórico de Lesão % (n=55)
Sem Histórico de Lesão % (n=34)
p
Arco Longitudinal Medial Esquerdo
Neutro 66,3 (59) 63,6 (35) 70,6 (24) Alto 13,5 (12) 16,4 (9) 8,8 (3) Baixo 20,2 (18) 20,0 (11) 20,6 (7) 0,59
Direito Neutro 67,4 (60) 67,3 (37) 67,6 (23) Alto 15,7 (14) 18,2 (10) 11,8 (4) Baixo 16,9 (15) 14,5 (8) 20,6 (7) 0,60
Ângulo Subtalar Esquerdo
Neutro 77,5 (69) 74,5 (41) 82,4 (28) Varo 4,5 (4) 5,5 (3) 2,9 (1) Valgo 18,0 (16) 20,0 (11) 14,7 (5) 0,67
Direito Neutro 79,8 (71) 76,4 (42) 83,5 (29) Varo 0 0 0 Valgo 20,2 (18) 23,6 (13) 14,7 (5) 0,31
Discrepância de comprimento
dos MMII Até 1cm 88,8 (79) 89,1 (49) 88,2 (30) Maior que 1cm 11,2 (10) 10,9 (6) 11,8 (4) 0,90
Discrepância entre Ângulos Q
Até 3º 47,2 (42) 38,2 (21) 61,8 (21) Maior que 3º 52,8 (47) 61,8 (34) 38,2 (13) 0,03*
O valor de p se refere ao teste de Qui-quadrado. *valor estatisticamente significante.
Tabela 3. Descrição das medidas contínuas de ângulo Q com o histórico de lesões prévias referidas pelos corredores.
Discrepância entre Ângulos Q
Todos % (n=89)
Com Histórico de Lesão % (n=55)
Sem Histórico de Lesão % (n=34)
0 7,9 (7) 5,4 (3) 11,7 (4) 1° 16,8 (15) 16,3 (9) 17,6 (6) 2° 12,3 (11) 9,1 (5) 17,6 (6) 3° 10,1 (9) 7,3 (4) 14,7(5) 4° 15,7 (14) 21,8 (12) 5,9 (2) 5° 13,5 (12) 18,2 (10) 5,9 (2) 6° 2,2 (2) 1,8 (1) 2,9 (1) 7° 6,7 (6) 3,6 (2) 5,9 (2) 8° 1,1 (1) 1,8 (1) 0 (0) 9° 4,5 (4) 1,8 (1) 5,9 (2)
10° 2,2 (2) 1,8 (1) 2,9 (1) 11° 5,6 (5) 7,3 (4) 5,9 (2) 12° 1,1 (1) 0 (0) 2,9 (1)
25
A prevalência de lesões musculoesqueléticas prévias dos últimos 12 meses
relatadas pelos participantes do estudo foi de 61,8% (n = 55), sendo as
tendinopatias e as lesões musculares (distensões, rupturas ou estiramentos
musculares) as afecções mais comumente referidas. A região anatômica com maior
ocorrência das lesões musculoesqueléticas relatadas foi o joelho, seguida pelo pé e
pernas. A descrição e a distribuição de frequência dos tipos de lesões
musculoesqueléticas, assim como das regiões anatômicas acometidas podem ser
observadas na tabela 4.
Tabela 4. Descrição do tipo e localização anatômica das lesões referidas pelos corredores. Tipo de lesão % (n) Região da lesão % (n) Tendinopatia 16,4 (9) Joelho 40,0 (22) Distensões / Ruptura Muscular / Estiramento 16,4 (9) Pé 12,7 (7) Entorse (lesão da articulação e/ou 12,7 (7) Perna 10,9 (6) ligamentos) Tornozelo 9,1 (5) Fasciite Plantar 9,1 (5) Coluna Vertebral 5,4 (3) Dor lombar / Lombalgia / Dor nas costas 1,8 (1) Coxa 9,1 (5) Lesão de Meniscos ou Cartilagem 10,9 (6) Quadril / Virilha 7,3 (3) Fratura por Estresse (sobrecarga) 3,6 (2) Tendão Aquiles Hérnia de Disco 3,6 (2) (Calcâneo) 3,6 (2) Outros 25,3 (13) Pélvis / Sacro / Nádega 1,8 (1)
Entre os participantes do estudo que apresentavam discrepância entre
ângulos Q superior a 3º, a prevalência de lesões musculoesqueléticas prévias foi de
85,4% (n = 47), sendo as lesões musculares (distensões, rupturas ou estiramentos
musculares) e as tendinopatias as afecções mais comumente referidas. A região
anatômica com maior ocorrência das lesões musculoesqueléticas relatadas foi a do
joelho, seguida pela perna, coxa e pé. A descrição e a distribuição de frequência dos
tipos de lesões musculoesqueléticas, assim como das regiões anatômicas
acometidas nos participantes que apresentavam discrepância entre ângulos Q
superior a 3º podem ser observadas na tabela 5.
26
Tabela 5. Descrição do tipo e localização anatômica das lesões referidas pelos corredores que apresentaram discrepância de ângulo Q superior a 3º. Tipo de lesão % (n = 47) Região da lesão % (n = 47) Distensões / Ruptura Muscular / Estiramento 12,8 (6) Joelho 31,9 (15) Tendinopatias 12,8 (6) Perna 8,5 (4) Entorse (lesão da articulação e/ou Coxa 6,4 (3) ligamentos) 6,4 (3) Pé 6,4 (3) Fasciite plantar 6,4 (3) Coluna lombar 4,2 (2) Lesão de Meniscos ou Cartilagem 6,4 (3) Quadril 4,2 (2) Contusão / hematoma / equimose 4,2 (2) Tendão de Aquiles 4,2 (2) Ruptura ligamentar 2,1 (1) Tornozelo 4,2 (2) Dor lombar / Lombalgia / Dor nas costas 2,1 (1) Pelve 2,1 (1) Fratura por Estresse (sobrecarga) 2,1 (1) Hérnia de disco 2,1 (1) Artrite/sinovite/bursite 2,1 (1) Outros 12,8 (6)
27
2.5 DISCUSSÃO
Foi possível identificar a associação da discrepância entre os ângulos Q dos
joelhos com a história pregressa de lesão musculoesquelética nos corredores
recreacionais que participaram do estudo (p=0,03). Dentre as características de
alinhamento anatômico dos MMII, a maioria dos corredores apresentou índice do
arco plantar e ângulo subtalar classificados como neutros para ambos os pés e
discrepâncias menores que 1 cm para a medida de comprimento real dos MMII.
Porém, em mais da metade do total de corredores que participaram do estudo foi
observado discrepância maior que 3º para as medidas dos ângulos Q entre os
joelhos. A prevalência de lesão musculoesquelética nos últimos 12 meses foi de
61,8%, assim como a prevalência de lesão musculoesquelética prévia do estudo
para os corredores com discrepância entre ângulos Q foi de 85,4%. As lesões
musculoesqueléticas predominantes foram as tendinopatias e lesões musculares e a
região do corpo mais acometida foi o joelho. As características dos corredores
participantes desse estudo no que se refere à faixa etária, experiência de corrida e
quilometragem semanal percorrida foram ligeiramente diferentes de outros estudos
que tiveram um delineamento semelhante (Lun, et al., 2004; Pazin, Duarte, Poeta, &
Gomes, 2008), e que também se preocuparam em verificar a associação de
características de treino e/ou de alinhamento dos membros inferiores com as lesões
na corrida.
As análises do índice do arco plantar e do ângulo subtalar apresentaram
predominância de medidas dentro das faixas de normalidade adotadas nesse
estudo, evidenciando distribuição muito semelhante entre o grupo com histórico de
lesão e aquele sem história de lesão prévia, apesar de outros estudos terem
28
encontrado predomínio de alterações do tipo de pé e do ângulo subtalar em
corredores (Lee, Hertel, & Lee, 2010; Lun, et al., 2004). Não foi observada a
associação entre o histórico de lesão e as características de alinhamento da
articulação subtalar e do índice do arco plantar entre os participantes desse estudo,
o que corrobora os resultados de outros estudos (Lun, et al., 2004; Nakhaee, et al.,
2008; Pileggi et al., 2010; Raissi, et al., 2009).
A não associação entre o histórico de lesão e as características de
alinhamento da subtalar e do índice do arco plantar observada nesse estudo
contradiz uma das premissas que a indústria de calçados esportivos constantemente
emprega, afirmando que existe a necessidade de se controlar eventuais alterações
de alinhamento e posicionamento do pé como forma de prevenção de lesões,
estimulando grande parte dos corredores a adquirirem um “tênis com características
especiais para a corrida”. A utilização de tênis de corrida já foi motivo de uma
revisão sistemática (Richards, Magin, & Callister, 2009), que demonstrou que a
prescrição de calçado especial para corredores não era baseada em evidência
científica até o momento da publicação do estudo. Após a publicação desta revisão
sistemática, alguns estudos (Knapik, Brosch, et al., 2010; Knapik, Trone, et al., 2010)
foram realizados com o objetivo de verificar se a prescrição de calçado baseado na
avaliação do arco longitudinal medial seria eficaz na prevenção das lesões
musculoesqueléticas em militares. Esses estudos encontraram que a utilização
desses calçados tem pouca influência no surgimento de lesões, não sendo indicado
utilizá-los para prevenir lesões musculoesqueléticas. Assim, entende-se a
necessidade urgente da realização de estudos que tenham como objetivo analisar a
eficácia do “tênis especial de corrida” na prevenção de lesão em corredores
recreacionais, apesar da indústria de calçado estar há mais de três décadas apenas
29
preocupada em anunciar possíveis efeitos dos calçados especiais, sem se
preocupar em divulgar para a comunidade científica estudos prospectivos que
verificam a eficácia do calçado para prevenção de lesão musculoesquelética.
Quanto à discrepância entre os ângulos Q, foi possível observar a associação
entre diferenças de angulação maiores que 3º e o histórico de lesões prévias
relacionadas à prática da corrida. Resultados semelhantes foram observados em um
estudo de coorte prospectivo com corredores de cross-country, que verificou a
associação da alteração do ângulo do quadríceps com o surgimento de lesões
musculoesqueléticas (Rauh, et al., 2007). Acredita-se que a relação entre essa
variável e a ocorrência de lesões musculoesqueléticas encontradas nesse estudo se
deva ao fato de que a assimetria entre as angulações dos joelhos, assim como
também o simples desalinhamento em valgo dos mesmos possa alterar o
deslizamento patelar no sulco troclear e produzir níveis significativos de sobrecarga
nas estruturas dos MMII durante a corrida, podendo provocar lesões (Rauh, et al.,
2006; Rauh, et al., 2007). Além disso, tal associação encontrada por ter ocorrido
devido ao fato de se ter realizado essa medição na posição ortostática, que segundo
alguns autores (Livingston & Mandigo, 1999; Woodland & Francis, 1992) leva a um
aumento do ângulo Q, quando comparado com a medição na posição supina.
Contudo, entende-se que esse posicionamento em ortostase se mostra mais
relevante para este tipo de amostra, que pratica sua atividade com carga axial. A
respeito da discrepância de ângulos Q, quando analisada através de suas medidas
contínuas, foi observado que praticamente metade dos corredores apresentou
discrepância superior a três graus, não se identificando associação dessa variável
com o histórico de lesão prévia.
30
Dentre as principais lesões relatadas entre os participantes deste estudo, se
destacaram as tendinopatias e as lesões musculares, fato que corrobora os dados
encontrados em um estudo retrospectivo realizado com corredores (McKean,
Manson, & Stanish, 2006). O joelho, pé e perna foram as regiões mais acometidas,
assim como observado em outros estudos (Buist et al., 2008; Taunton et al., 2002).
A corrida, assim como qualquer esporte ou atividade física quando praticada em
demasia, pode favorecer ao desenvolvimento de lesões por sobrecarga, já que é
comum os atletas manterem a intensidade e até mesmo o volume de treino, mesmo
durante a ocorrência de dor, queixa ou lesão musculoesquelética (Lopes, et al.,
2011). Essas mesmas características de lesões relatadas e região anatômica mais
acometida pelas lesões musculoesqueléticas também foram encontradas entre os
corredores com discrepância de ângulos Q superior a 3º, e entende-se que estas
frequências possam ser decorrentes da sobrecarga local aplicada sobre os tecidos
moles que compõem o complexo articular do joelho.
Sugere-se que sejam realizados estudos de acompanhamento prospectivo
para verificar a influência do alinhamento anatômico com o surgimento de lesões
musculoesqueléticas em corredores. Diante do aumento expressivo de praticantes
de corrida, tem se observado cada vez mais fisioterapeutas compondo as equipes
de treinamento de corrida, ou assessorias de corridas, como também são chamadas.
Os resultados desse estudo auxiliarão fisioterapeutas e treinadores a elucidarem
algumas dúvidas sobre a associação entre alterações do alinhamento anatômico
com a história de lesões pregressas em corredores.
Este estudo apresentou algumas limitações, pois utilizou um delineamento
transversal, cujos dados do formulário auto-aplicável relacionados à história de lesão
pregressa na corrida se referia a informações retrospectivas, permitindo associações
31
apenas de caráter exploratório. Outra limitação se deve ao fato que as avaliações do
índice do arco e ângulo subtalar foram realizadas de maneira estática. Porém, os
métodos de avaliação de alinhamento anatômico utilizados neste estudo
representam a avaliação clínica que é realizada habitualmente por fisioterapeutas e
outros profissionais da área da saúde, visto ser uma avaliação de baixo custo e de
fácil execução. Ainda sobre essas medidas de alinhamento anatômico, o ângulo Q
foi mensurado orientando-se o corredor a se posicionar de forma confortável, sem
estabelecer seu posicionamento plantar, fato que pode ter influenciado os valores
encontrados para esta variável do estudo.
32
2.6 CONCLUSÃO
Foi possível identificar a associação da discrepância entre os ângulos Q com
a história pregressa de lesões musculoesqueléticas nos últimos 12 meses em
corredores recreacionais. A prevalência de lesões musculoesqueléticas nos últimos
12 meses relacionadas à corrida foi de 61,8% e de corredores com discrepância
entre ângulos Q superior a 3º foi de 85,4%, sendo as tendinopatias e as lesões
musculares as lesões mais comumente referidas, e o joelho a região anatômica mais
acometida.
33
2.7 AGRADECIMENTOS
Agradecemos a CORPORE, entidade organizadora de eventos de corrida,
que nos auxiliou no recrutamento dos corredores participantes do estudo, assim
como aos integrantes do São Paulo Running Injury Group (SPRunIG), em especial
aos colegas Bruno Tirotti Saragiotto e Tiê Parma Yamato, pelo importante auxílio
nesse estudo. Agradecemos, também ao Centro Universitário Cesmac pelo apoio
durante a execução desta pesquisa.
2.8 CONFLITO DE INTERESSES
Declaramos que o presente manuscrito encontra-se isento de conflitos de
interesses.
2.9 FONTE DE FINANCIAMENTO DA PESQUISA
Declaramos que o presente manuscrito não obteve financiamento para a
execução de sua pesquisa.
34
2.10 REFERÊNCIAS
Alonso, J. M., Junge, A., Renstrom, P., Engebretsen, L., Mountjoy, M., & Dvorak, J.
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37
ANEXO 1
FORMULÁRIO DE REGISTRO DA ROTINA DE TREINAMENTO
Parte I - Dados Pessoais 1. Qual a sua idade? _____anos
2. Qual o seu peso aproximado? ____kg
3. Qual a sua estatura? _____m
4. Há quanto tempo você pratica corrida? _____ano(s)
Parte II - Histórico de Corrida 1. Qual é a metragem (km) semanal média: _________km/semana
Parte III – Histórico de Lesões
1. Já teve (NO PASSADO) alguma(s) lesão(ões) musculoesquelética(s)
relacionada(s) à prática da corrida, localizada no membro inferior e/ou na coluna?
( ) sim, apenas uma lesão
( ) sim, duas lesões
( ) sim, três lesões
( ) não
Caso tenha tido mais de três lesões, favor descrever as três lesões mais graves 1.1 Descrição da lesão musculoesquelética
1 concussão (independente da perda de consciência) 11 contusão / hematoma / equimose 2 fratura (traumática) 12 tendinopatia 3 fratura por estresse (sobrecarga) 13 artrite / sinovite / bursite 4 outras lesões ósseas 14 fascite / lesão aponeurótica 5 luxação, subluxação 15 pinçamento/ impacto 6 ruptura tendinosa 16 laceração / abrasão / lesão pele 7 ruptura ligamentar 17 avulsão dental / fratura dental 8 entorse (lesão da articulação e/ou ligamentos) 18 lesão nervosa / lesão medular 9 lesão de meniscos ou cartilagem 19 câimbra ou espasmos 10 distensões / ruptura muscular / estiramento 20 outros
38
1.2 Região do corpo lesionada
Cabeça e Tronco Membro Superior Membro Inferior
1 face (incluindo olhos, orelha e nariz)
11 ombro / clavícula 21 quadril
2 cabeça 12 a/p braço (anterior/posterior) 22 região inguinal 3 pescoço / coluna cervical 13 a/p cotovelo (anterior/posterior) 23 a/p coxa (anterior/posterior) 4 coluna torácica 13 m/l cotovelo (medial/lateral) 24 a/p joelho (anterior/posterior) 5 esterno / costelas 14 a/p antebraço
(anterior/posterior) 24 m/l joelho (medial/lateral)
6 coluna lombar 15 a/p punho (anterior/posterior) 25 a/p perna (anterior/posterior) 7 abdômen 16 a/p mão (anterior/posterior) 26 tendão calcâneo 8 pelve / sacro / nádega 17 a/p dedos (anterior/posterior) 27 m/l tornozelo (medial/lateral) 18 a/p polegar (anterior/posterior) 28 a/p pé/dedos (anterior/posterior)
39
-CAPÍTULO 3-
INCIDÊNCIA E ASSOCIAÇÃO ENTRE ALINHAMENTO ANATÔMICO
DOS MEMBROS INFERIORES E LESÕES
MUSCULOESQUELÉTICAS EM CORREDORES RECREACIONAIS:
UM ESTUDO DE COORTE PROSPECTIVO
40
Associação entre Alinhamento Anatômico dos Membros Inferiores e a Incidência de
Lesões Musculoesqueléticas em Corredores Recreacionais: Um Estudo de Coorte
Prospectivo
Aline Carla Araújo Carvalho, PT, Ms1,2
Luiz Carlos Hespanhol Junior, PT, Ms1,2
Leonardo Oliveira Pena Costa, PT, PhD1,2,3
Alexandre Dias Lopes, PT, PhD1,2
1 Programa de Mestrado em Fisioterapia, Universidade Cidade de São Paulo -
UNICID, São Paulo, Brasil, 2 São Paulo Running Injury Group (SPRunIG), São Paulo, Brazil. 3 Senior Research Fellow, Musculoskeletal Division, The George Institute for Global
Health, Sydney, Australia.
Afirmamos que não possuímos bolsa de financiamento de pesquisa ou envolvimento
com qualquer organização que tenha interesse financeiro direto sobre os resultados
apresentados neste artigo e afirmamos que não apresentamos nenhum conflito de
interesse quanto aos resultados aqui apresentados.
O projeto de pesquisa deste estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da Universidade Cidade de São Paulo.
Endereço de correspondência para Aline Carla Araújo Carvalho, Universidade
Cidade de São Paulo, Rua Cesário Galeno, 448, São Paulo/SP, CEP 03971-000,
Brasil.
E-mail: [email protected] / [email protected]
41
Associação entre Alinhamento Anatômico dos Membros Inferiores e a
Incidência de Lesões Musculoesqueléticas em Corredores Recreacionais:
Estudo de Coorte Prospectivo
Afirmamos que não possuímos bolsa de financiamento de pesquisa ou envolvimento
com qualquer organização que tenha interesse financeiro direto sobre os resultados
apresentados neste artigo e afirmamos que não apresentamos nenhum conflito de
interesse quanto aos resultados aqui apresentados.
42
3.1 AGRADECIMENTOS
Agradecemos a CORPORE, entidade organizadora de eventos de corrida, que nos
auxiliou no recrutamento dos corredores participantes do estudo, assim como aos
integrantes do São Paulo Running Injury Group (SPRunIG), em especial aos colegas
Bruno Tirotti Saragiotto e Tiê Parma Yamato, pelo importante auxílio nesse estudo.
Agradecemos também ao Centro Universitário Cesmac, pelo apoio durante a
execução desta pesquisa.
43
3.2 RESUMO
Desenho do estudo: Estudo de coorte prospectivo.
Objetivos: Descrever a incidência de lesões musculoesqueléticas relacionadas à
corrida em um grupo de corredores recreacionais ocorridas num período de 12
semanas, verificar a associação entre as características de alinhamento dos
membros inferiores e a incidência de lesões musculoesqueléticas relacionadas à
corrida e descrever a principiais lesões desenvolvidas durante o período de
acompanhamento, assim como as regiões anatômicas mais acometidas.
Contexto: O alinhamento anatômico dos membros inferiores em corredores tem
sido objeto de estudos em que se especula sobre sua influência no surgimento de
lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida. Essa informação é importante
para os profissionais de saúde que trabalham com esporte e para os fisioterapeutas
que atuam na prevenção de lesões esportivas.
Métodos: Estudo de coorte prospectivo composto por 89 corredores recreacionais
que foram submetidos à avaliação bilateral do ângulo Q, ângulo subtalar, índice do
arco plantar e discrepância de comprimento dos membros inferiores. Esses
corredores responderam, a cada duas semanas, questões sobre suas características
de treinamento de corrida e sobre eventuais lesões em cada período. Análises
descritivas das características de alinhamento anatômico dos membros inferiores
foram realizadas. A incidência de lesões musculoesqueléticas foi calculada através
de análise de sobrevivência. A verificação da associação entre o alinhamento dos
membros inferiores com tempo decorrido até a lesão foi calculada através de
modelos de regressão de Cox.
Resultados: A partir dos resultados dos modelos de regressão de Cox, nenhuma
variável de alinhamento anatômico apresentou alteração entre os participantes e
44
nem se associou com as lesões relacionadas à corrida, assim como as
características de treinamento também não se associaram ao desenvolvimento de
lesões na corrida. A incidência de lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida
foi de 27%, sendo as lesões musculares e as tendinopatias as principais lesões, e a
perna e o joelho as regiões anatômicas mais acometidas.
Conclusões: A incidência de lesões foi de 27% e não foi verificada associações
entre as características de alinhamento anatômico com as lesões na corrida. As
lesões musculares e as tendinopatias foram as principais lesões apresentadas pelos
corredores e a perna e o joelho as regiões anatômicas mais acometidas.
Palavras-Chaves: Corrida, Lesões do Esporte, Fisioterapia, Exercício Físico.
45
3.3 INTRODUÇÃO
A corrida se caracteriza como uma atividade física que pode ser realizada em
diversos lugares e que proporciona aos seus praticantes vários benefícios à saúde1.
A incidência de lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida (LMRC) tem sido
objeto de diversos estudos2-12 que se preocuparam em investigar quais são os
principais fatores associados ao desenvolvimento de lesões.
Os fatores associados às lesões musculoesqueléticas em corredores mais
comumente citados na literatura são o alto volume de treinamento semanal (superior
a 64 km/sem) e a existência de histórico de lesões prévias 6, 13, 14. Outros potenciais
fatores também foram investigados, destacando-se principalmente as características
de alinhamento anatômico dos membros inferiores (MMII)3-6, 8-12, 15, dentre as quais a
discrepância de comprimento dos MMII, o ângulo Q e a discrepância de ângulo Q
têm sido apresentadas como prováveis fatores associados ao desenvolvimento
dessas lesões em populações de maratonistas6, corredores recreacionais5 e
corredores de cross-country3, 4.
O conhecimento das características de alinhamento anatômico de corredores
recreacionais por parte dos fisioterapeutas é de grande valia para os profissionais
que atuam na área da fisioterapia esportiva, assim como de outros profissionais
envolvidos com a prática da corrida,. Diante das evidências conflitantes sobre a
influência do alinhamento anatômico no desenvolvimento de lesões e a escassez de
estudos envolvendo corredores recreacionais, este estudo teve como objetivo
verificar a associação entre as características de alinhamento dos MMII e a
incidência de LMRC, descrevendo quais as principais lesões desenvolvidas durante
o período de acompanhamento.
46
3.4 MATERIAIS E MÉTODOS
3.4.1 Desenho do estudo e participantes
Este estudo de coorte prospectivo teve a participação de 89 corredores
recreacionais que responderam a cada 14 dias questões relacionadas aos hábitos
de treinamento de corrida através de formulários online por um período de 12
semanas. Todos os participantes foram submetidos a uma avaliação bilateral do
ângulo Q do joelho, ângulo subtalar do tornozelo, índice do arco plantar e
mensuração da discrepância do comprimento dos MMII.
Foram incluídos neste estudo corredores com idade igual ou superior a 18
anos, que praticavam corrida há pelo menos seis meses. Foram excluídos os
corredores que referiram estar com alguma lesão musculoesquelética (músculo,
tendão, articulação, ligamento e/ou osso) no início do período do acompanhamento
da pesquisa. A definição para LMRC adotada nesse estudo foi a seguinte: “qualquer
dor de origem musculoesquelética, que estivesse relacionada à prática da corrida e
que tenha sido severa o suficiente para impedir o corredor de realizar pelo menos
um treino de corrida”2, 14, 16, 17.
Os corredores foram convidados a participar do estudo através do envio de
email aos sócios corredores cadastrados em uma entidade organizadora de eventos
de corrida da cidade de São Paulo (CORPORE). Os corredores que responderam o
convite e que contemplavam os critérios de inclusão e de exclusão foram incluídos.
Esse estudo obteve a aprovação do Comitê de Ética da Universidade Cidade de São
Paulo (Protocolo 13506583/2010).
47
3.4.2 Formulário Online de Acompanhamento
A coleta de dados foi composta por um formulário de acompanhamento que
continha informações sobre o volume de treinamento de corrida e o surgimento de
uma nova LMRC sofrida no período de acompanhamento em questão, além da
intensidade da dor que essa lesão estava provocando, que foi avaliada pela escala
numérica de dor (END) composta por 10 pontos (1-10). A descrição da lesão
musculoesquelética sofrida e a localização anatômica da mesma foram auto-
reportadas18 (Anexo 1). O formulário de acompanhamento foi enviado para os
corredores a cada 14 dias, via email, durante todo o período do estudo (12
semanas). No início de cada período bissemanal foi enviado um email aos
corredores, com a finalidade de comunicar sobre o início do novo período de
acompanhamento bissemanal que se iniciava, além de lembrar os participantes da
necessidade do preenchimento do formulário referente ao período em questão.
Quando os formulários não eram preenchidos, um novo email era enviado
relembrando a necessidade de seu preenchimento, porém em oito casos apenas foi
necessário contatar os participantes por telefone ou carta.
3.4.3 Procedimentos de avaliação
3.4.3.1 Avaliação do Ângulo Q e da Discrepância entre os Ângulos Q
O ângulo Q do joelho foi mensurado com o participante trajando roupa
esportiva e descalço. O corredor foi posicionado em posição ortostática apoiado
sobre os dois pés de frente para o examinador. Foram realizadas demarcações por
meio de caneta nos seguintes pontos anatômicos: espinhas ilíacas ântero-superiores
(EIAS), no centro de ambas as patelas e nas tuberosidades tibiais4. Foi traçada uma
reta da EIAS até o centro da patela, e uma segunda reta do centro da patela até a
48
tuberosidade tibial. O ângulo formado pela intersecção destas duas linhas constituiu
o ângulo Q do joelho, que foi mensurado através de goniômetro posicionado com
seu eixo no centro da patela. Os valores entre 10° e 15° para esta angulação foram
considerados normais para ambos os gêneros4. Também foi verificada a diferença
de angulação entre os valores obtidos para os ângulos Q, tendo sido considerado
como discrepância normal uma variação de até 3º 4. Todas as marcações foram
feitas pelo mesmo examinador. O coeficiente de correlação intra-classe para a
medida de ângulo Q já foi verificada por outros autores, que observaram que a
mesma apresenta uma boa correlação19.
3.4.3.2 Avaliação do Ângulo Subtalar
Para avaliar o ângulo subtalar, os participantes foram posicionados sobre uma
plataforma de 30 cm de altura e orientados a manter os pés paralelos, realizando
descarga de peso simétrica entre os membros inferiores. A tuberosidade posterior do
calcâneo e um ponto sobre o tendão do calcâneo referente a linha média entre os
maléolos foram demarcadas utilizando-se etiquetas adesivas. Após as marcações foi
tirada uma foto do terço póstero-distal dos MMII. A câmera foi posicionada sobre um
tripé centralizado atrás do participante. Para mensurar o ângulo subtalar foi utilizado
um software de análise de imagens (AutoCAD 2005®, Autodesk Inc., USA), que
permitiu ao avaliador traçar uma linha entre os dois pontos demarcados com as
etiquetas adesivas, assim como traçar uma segunda linha orientada verticalmente e
perpendicular ao solo. Com a intersecção dos prolongamentos de ambas as retas se
formou um ângulo20, que foi mensurado e classificado: ângulo subtalar normal (para
valores entre 0-5º), varo (valores <0º) e valgo (medidas >6º)21. O ICC intra-classe
49
para a medida do ângulo subtalar já foi analisada por outros autores, que
observaram que a mesma apresenta bom índice de correlação20.
3.4.3.3 Índice do Arco Plantar
Para avaliar o índice do arco plantar os participantes foram posicionados
sobre um podoscópio com os pés descalços e separados por uma distância de
aproximadamente 7,5 cm, permitindo uma padronização do posicionamento dos
participantes22. A imagem da impressão plantar foi adquirida com uma câmera digital
que foi posicionada sobre um tripé em frente ao podoscópio. Para analisar as
imagens foi utilizado um software de análise de imagens (AutoCAD 2005®,
Autodesk, Inc., USA). Inicialmente foram traçadas três retas, uma que foi traçada do
ponto equivalente a 2ª articulação metatarsofalangeana até o ponto equivalente na
face posterior do calcâneo, sendo denominada de reta do eixo do pé; a segunda reta
foi traçada perpendicularmente ao primeiro eixo tendo como base os pontos mais
salientes do 1º e 5º metatarsos; e uma terceira reta foi traçada com base nos pontos
mais salientes do calcâneo medial e lateral, em sua porção anterior. Após traçada
essas linhas foi possível dividir o pé em três partes (áreas): antepé, mediopé e
retropé. As três áreas foram medidas pelo software citado anteriormente. A área do
médiopé foi dividida pela área total das três áreas mensuradas, tendo como
resultado o índice do arco plantar para cada um dos pés avaliados23, 24 . O índice do
arco plantar foi classificado de acordo com os seguintes parâmetros: arco
longitudinal elevado (índice ≤ 0,21), arco longitudinal normal (índice entre 0,22 e
0,26) e arco longitudinal baixo (índice ≥ 0,26)25. O ICC intra-classe para a medida do
índice do arco plantar, foi descrita por alguns autores como tendo boa correlação23.
50
3.4.3.4 Avaliação da Discrepância de Comprimento dos Membros Inferiores
A avaliação da discrepância de comprimento dos MMII foi realizada com os
participantes em posição supina, solicitando aos participantes que mantivesse os a
musculatura dos membros inferiores relaxada. A EIAS e os centros dos maléolos
mediais de cada membro inferior foram demarcados utilizando uma caneta. Com
uma fita métrica foi mensurado o comprimento real dos MMII. A discrepância de
comprimento dos MMII foi considerada normal quando apresentou medida inferior ou
igual a 1,0 cm3, 26. A estimativa do ICC intra-classe para a medida de discrepância
de comprimento dos MMII já foi apresentada por outros autores como apresentando
bom índice de correlação27.
3.4.4 Análise Estatística
O cálculo amostral foi realizado com base na incidência de 26% de LMRC
descrita em um estudo realizado com população e tempo de acompanhamento
semelhantes15. A precisão de estimativa de lesão foi de 35% e o nível de
significância adotado neste estudo foi de 5%, o que sugeriu 89 corredores para
compor a amostra do estudo.
A estatística descritiva foi utilizada para apresentar as características dos
participantes, sendo descritas por meio dos valores de média e desvio padrão
(dados paramétricos), mediana e intervalo interquartil (dados não paramétricos) e
porcentagem de corredores (variáveis categóricas). A incidência de LMRC por 1000
horas de exposição foi calculada utilizando-se o tempo médio de exposição dos
corredores desde o início do estudo até o momento da ocorrência da lesão
(corredores lesionados), ou então, até o término do período de acompanhamento do
estudo (12 semanas) para os corredores que não sofreram lesão. Foi realizada a
51
análise de sobrevivência pelo método de Kaplan-Meier para averiguar o tempo até
um novo evento de LMRC, foi possível determinar a incidência de LMRC para cada
período de acompanhamento. Para determinar as possíveis associações entre as
características analisadas e as LMRC foi realizada inicialmente uma análise de
regressão univariada de Cox. As variáveis que apresentaram um p≤0,20 na
regressão univariada de Cox foram selecionadas para serem incluídas no modelo de
regressão multivariado de Cox. Os resultados da análise de regressão de Cox foram
expressos em Hazard Ratios (HR) com seus respectivos intervalos de confiança a
95%. Todas as análises foram realizadas pelo software SPSS versão 17.0.
3.5 RESULTADOS
Participaram desse estudo 89 corredores que responderam ao formulário de
acompanhamento da rotina de treinamento e foram submetidos às avaliações de
alinhamento do membro inferior. A maioria dos participantes foi do gênero
masculino, com proporção de 76,4% (n=68) de homens e 23,6% (n=21) de
mulheres. A idade média dos participantes foi de 44,0 (DP=10,0) anos. O índice de
massa corporal (IMC) observado em 62,9% dos corredores foi de até 25 kg/m2 e a
mediana da experiência de corrida predominante entre os participantes do estudo foi
de 4,0 (IQ=4,5) anos. O volume de treinamento semanal apresentou uma mediana
de 35,0 (IQ=15,0) km/sem.
Os resultados das avaliações das características de alinhamento anatômico
mostraram predominância de corredores com arco plantar alterado e com medidas
de ângulo subtalar, discrepância de comprimento dos MMII, ângulos Q e
discrepância de ângulos Q dentro das faixas de normalidade adotadas nesse
estudo. Não foram observadas associações entre as medidas de alinhamento
52
anatômico dos MMII e as LMRC após realizada a análise de regressão de Cox
(tabela 1). A descrição completa das características pessoais, treinamento de corrida
e alinhamento anatômico dos MMII dos participantes deste estudo pode ser
observada na tabela 1. De acordo com a regressão multivariada de Cox nenhuma
das características avaliadas associou-se com as LMRC entre os corredores. Os
resultados da análise do modelo de regressão multivariada de Cox estão
apresentados na tabela 2.
53
Tabela 1. Descrição das características pessoais, treinamento de corrida e alinhamento anatômico dos MMII.
Variável Todos (n=89)
Com Lesão (n=24)
Sem Lesão (n=65)
HR
IC (95%)
p
Gênero* Masculino 76,4 (68,0) 87,5 (21,0) 72,3 (47,0) 1 - - Feminino 23,6 (21,0) 12,5 (3,0) 27,7 (18,0) 2,3 0,69 a 7,74 0,17
Idade (anos) 44 (10,0) 44 (9) 45 (11) 1,0 0,96 a 1,03 0,77 IMC (%)
Até 25 kg/m2 62,9 (56,0) 58,3 (14,0) 64,6 (42,0) 1 - - > que 25 kg/m2 37,1 (33,0) 41,7 (10,0) 35,4 (23,0) 0,8 0,34 a 1,75 0,54
Experiência de corrida (anos)†* 4,0 (4,5) 7,0 (13,0) 4,0 (4,0) 1,0 0,99 a 1,06 0,20 Volume de treino/sem (km/sem)† 35,0 (15,0) 38,0 (39,0) 35,0 (27,0) 1,0 0,99 a 1,02 0,70 Arco longitudinal medial‡
Sem alteração 47,2 (42) 45,8 (11) 47,7 (31) 1 - - Com alteração 52,8 (47) 54,1 (13) 52,3 (34) 0,9 0,42 a 2,11 0,89
Ângulo subtalar (o) Direito 4,0 (3,1) 3,4 (4,1) 4,1 (2,7) 0,9 0,80 a 1,07 0,33 Esquerdo 3,5 (3,0) 3,0 (2,6) 3,7 (3,2) 0,9 0,82 a 1,08 0,41 Ângulo Q (o) Direito 10,9 (5,8) 10,7 (5,7) 11,0 (5,8) 1,0 0,93 a 1,06 0,86 Esquerdo 11,5 (5,6) 11,2 (6,4) 11,7 (5,3) 1,0 0,92 a 1,07 0,85 Discrepância de ângulo Q† (o) 3,0 (2,0) 3,5 (3,0) 3,0 (4,0) 1,0 0,90 a 1,15 0,80 Discrepância de comprimento dos MMII† (cm) 0,5 (0,5) 1,0 (1,0) 0,5 (1,0) 1,5 0,77 a 3,15 0,22 * diferença considerada para que a variável entrasse no modelo de regressão multivariada de Cox. † os dados contínuos que apresentaram distribuição não - paramétrica estão expressos em mediana e intervalo interquartil. ‡ medida do arco longitudinal medial está categorizada em “sem alteração” (índice entre 0,22 e 0,26) e “com alteração” (índices inferiores a 0,21 ou superiores a 0,26). Os dados categóricos estão expressos em porcentagem e número de corredores. Os dados contínuos que apresentaram distribuição paramétrica estão expressos em valores de média e desvio padrão. Associações entre as variáveis estudadas e a incidência de LMRC foram realizadas através da regressão univariada de Cox.
54
Tabela 2. Análise do modelo de regressão multivariada de Cox para os participantes do estudo. HR IC (95%) P Gênero
Masculino 1 - - Feminino 2,25 0,67 a 7,54 0,19
Experiência de corrida 1,02 0,98 a 1,06 0,23
A incidência de LMRC durante as 12 semanas do estudo foi de 27,0% (n=24),
ou 6 lesões por 1000 horas de exposição à corrida. A análise de sobrevivência pelo
método de Kaplan-Meier (figura 1) mostrou que entre os 89 corredores participantes
do estudo, 8 corredores (9,0%) desenvolveram LMRC no primeiro período de
acompanhamento, 4 no segundo (4,9%), 2 corredores se lesionaram no terceiro
período (2,6%), 1 no quarto período (1,3%), 5 no quinto período (6,7%) e 4
corredores desenvolveram LMRC no sexto período de acompanhamento (5,8%).
Figura 1. Gráfico demonstrativo da curva de sobrevivência dos corredores do estudo. LMRC: lesão musculoesquelética relacionada à corrida.
55
Entre as lesões musculoesqueléticas apresentadas pelos corredores, as
tendinopatias (14,3%, n=6), as lesões musculares (14,3%, n=6) foram as lesões
mais comumente referidas. A perna (26,2%, n=12), o joelho (21,4%, n=10) e o pé
(16,7%, n=7) foram as regiões anatômicas com maior ocorrência das lesões
relacionadas à corrida. A descrição e a distribuição de frequência dos tipos de lesões
musculoesqueléticas, assim como das regiões anatômicas acometidas podem ser
melhor observadas na tabela 3.
Tabela 3. Descrição do tipo e localização anatômica das lesões apresentadas pelos corredores. Tipo de Lesão % (n) Região da Lesão % (n)
Lesões Musculares 14,3 (6) Perna 26,2 (12) Tendinopatia 14,3 (6) Joelho 21,4 (10) Dor Lombar / Lombalgia / Dor nas Costas 9,5 (4) Pé 16,7 (7) Contusão / Hematoma / Equimose 4,8 (2) Coluna Vertebral 14,3 (6) Cãimbra / Espasmo Muscular 2,4 (1) Coxa 9,5 (4) Laceração / Abrasão / Lesão de pele 2,4 (1) Tornozelo 7,1 (4) Artrite / Sinovite / Bursite 2,4 (1) Tendão de Aquiles (calcâneo) 4,8 (2) Lesão de Meniscos ou Cartilagem 4,8 (2) Pélvis / Sacro / Nádega - Fratura por Estresse (sobrecarga) 4,8 (2) Quadril - Luxação / Subluxação 11,9 (5) Outros 28,6 (12)
3.6 DISCUSSÃO Não foi observada associação entre as características de alinhamento
anatômico dos MMII e as características de treinamento de corrida com as LMRC
dos corredores recreacionais que participaram deste estudo. A incidência de lesão
musculoesquelética relacionada à corrida foi de 27,0%, ou 6 lesões por 1000 horas
de exposição á corrida. A maioria dos corredores se lesionou durante o primeiro
período de acompanhamento, sendo as tendinopatias e as lesões musculares as
lesões musculoesqueléticas predominantes, e a perna e o joelho as regiões
corporais mais acometidas por essas lesões.
56
A não associação das características de alinhamento anatômico dos MMII
mensuradas com o surgimento de lesões musculoesqueléticas observada nesse
estudo pode ser decorrente do curto período de acompanhamento dessa pesquisa,
o qual pode ter sido insuficiente para o registro de algumas lesões que poderiam
revelar associação com algumas das características de alinhamento anatômico dos
corredores, assim como da ausência de uma proposta de intervenção durante o
desenvolvimento deste estudo. Além disso, os estudos que encontraram associação
entre o alinhamento anatômico dos MMII (ângulo Q, discrepância de ângulo Q,
discrepância de comprimento dos MMII e ângulo subtalar) foram realizados com
maratonistas, acompanhados por um período de 32 semanas6 e com corredores de
cross-country3, 4 acompanhados durante uma temporada de provas de atletismo,
porém que apresentam características de treinamento distintas dos corredores
recreacionais. Da mesma forma, as evidências a respeito da associação entre as
alterações do ângulo subtalar e lesões em corredores estão apresentadas em
estudos com maratonistas6 e com corredores recreacionais5, 11, que realizaram
avaliações em situação de ausência de carga sobre os MMII, fato que não reproduz
a situação de lesões na corrida; e os estudos que evidenciaram a não associação
entre alteração da altura do arco longitudinal medial e lesões musculoesqueléticas9,
10 foram desenvolvidos em populações de militares, que apresentam características
distintas daquelas apresentadas por corredores recreacionais.
Dentre as principais lesões relatadas entre os participantes deste estudo se
destacaram as tendinopatias e as lesões musculares, assim como descrito em
outros estudos com corredores28, 29e entende-se que a corrida, assim como qualquer
esporte ou atividade física quando desempenhada em excesso pode favorecer o
surgimento de lesões por sobrecarga, especialmente nos MMII que contém os
57
grandes grupos musculares envolvidos com a mecânica da corrida e que são muito
solicitados durante a prática da corrida.
As taxas de tendinopatia encontradas neste estudo colocaram esta lesão
como a mais frequente entre os corredores estudados, achado que está de acordo
com a literatura. Porém, as lesões musculares também foram relatas como um dos
principais tipos de lesão. Isso pode ter ocorrido devido à definição de lesão
musculoesquelética utilizada neste estudo, que adotou para caracterizar como lesão
qualquer dor de origem musculoesquelética que impedisse o corredor de realizar um
treino de corrida. A presença da dor muscular tardia, que é freqüente durante um
processo de treinamento físico32, foi considerada uma lesão neste estudo caso o
corredor perdesse um treino de corrida, e isso pode ter aumentado a incidência das
lesões musculares entre os seus participantes.
Dentre as regiões anatômicas mais acometidas pelas lesões
musculoesqueléticas, se destacaram a perna, o joelho e o pé, assim como reportado
por outros autores33, 34, o que pode ser decorrente da presença, nestas áreas, dos
grandes grupos musculares envolvidos diretamente com a mecânica da corrida, bem
como altas forças de impacto sobre os membros inferiores no momento da corrida38.
Diante do aumento expressivo do número de praticantes de corrida, observa-
se o aumento da quantidade de fisioterapeutas que trabalham com equipes de
treinamento de corrida (assessorias de corridas). Os resultados desse estudo
auxiliarão fisioterapeutas e treinadores a elucidarem algumas dúvidas sobre a
associação entre alterações do alinhamento anatômico e o surgimento de lesões
musculoesqueléticas em corredores. .
Algumas limitações podem ser observadas nesse estudo, como o curto
período de acompanhamento, o que pode não ter sido suficiente para identificar
58
associações entre as características de alinhamento anatômico e o surgimento de
LMRC entre os corredores. Outra limitação se deve ao fato de que as avaliações do
índice do arco do pé e ângulo subtalar foram realizados estaticamente, porém
entendemos que os métodos de avaliação de alinhamento anatômico utilizados
neste estudo representam a avaliação clínica que é realizada habitualmente por
fisioterapeutas e outros profissionais da área da saúde no dia-a-dia, pois se trata de
avaliações de baixo custo, boa reprodutibilidade e fácil execução.
Como conclusão desse estudo, não foi possível identificar a associação do
alinhamento anatômico dos MMII com o desenvolvimento de lesões
musculoesqueléticas nos corredores recreacionais. A incidência de lesões
musculoesqueléticas relacionadas à corrida foi de 27%, sendo as tendinopatias e as
lesões musculares as lesões mais comumente referidas, e a perna e o joelho as
regiões anatômicas mais acometidas.
59
3.7 REFERÊNCIAS
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of running-related injuries in novice runners enrolled in a systematic training program:
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32. Desgorces FD, Senegas X, Garcia J, Decker L, Noirez P. Methods to quantify
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63
3.8 ANEXO 1
ACOMPANHAMENTO DA ROTINA DE TREINAMENTO
*TODAS as perguntas a seguir são referentes às duas últimas semanas (14 dias).
1- Qual foi a metragem total nas últimas duas semanas? _______________km
2- Apresentou alguma lesão musculoesquelética nas últimas duas semanas?
_____ Não _____ Sim
(Responda as questões 2.A, 2.B e 2.C apenas se respondeu SIM na questão 2)
2.A- Qual foi a intensidade da dor?
2.B- Descrição da lesão musculoesquelética _____________________________
1 concussão (independente da perda de consciência) 11 contusão / hematoma / equimose 2 fratura (traumática) 12 tendinopatia 3 fratura por estresse (sobrecarga) 13 artrite / sinovite / bursite 4 outras lesões ósseas 14 fascite / lesão aponeurótica 5 luxação, subluxação 15 pinçamento/ impacto 6 ruptura tendinosa 16 laceração / abrasão / lesão pele 7 ruptura ligamentar 17 avulsão dental / fratura dental 8 entorse (lesão da articulação e/ou ligamentos) 18 lesão nervosa / lesão medular 9 lesão de meniscos ou cartilagem 19 câimbra ou espasmos 10 distensões / ruptura muscular / estiramento 20 outros
2.C- Região do corpo lesionada
_____________________________________________
Cabeça e Tronco Membro Superior Membro Inferior
1 face (incluindo olhos, orelha e nariz) 11 ombro / clavícula 21 quadril 2 cabeça 12 a/p braço (anterior/posterior) 22 região inguinal 3 pescoço / coluna cervical 13 a/p cotovelo (anterior/posterior) 23 a/p coxa (anterior/posterior) 4 coluna torácica 13 m/l cotovelo (medial/lateral) 24 a/p joelho (anterior/posterior) 5 esterno / costelas 14 a/p ante-braço (anterior/posterior) 24 m/l joelho (medial/lateral) 6 coluna lombar 15 a/p punho (anterior/posterior) 25 a/p perna (anterior/posterior) 7 abdômen 16 a/p mão (anterior/posterior) 26 tendão calcâneo 8 pelve / sacro / nádega 17 a/p dedos (anterior/posterior) 27 m/l tornozelo (medial/lateral) 18 a/p polegar (anterior/posterior) 28 a/p pé/dedos (anterior/posterior)
64
- CAPÍTULO 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
65
4.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Baseado nos dados apresentados nesta dissertação, observamos que o
capítulo 2 apresentou a prevalência de lesões musculoesqueléticas relacionadas à
corrida (LMRC) nos últimos 12 meses de 61,8%, o que representa a maioria dos
corredores apresentando lesão no último ano e contradiz os dados de alguns
estudos que apresentaram uma prevalência de LMRC com taxas entre 25%1, 2 e
46%3, 4. O capítulo 3, por sua vez, apresentou a incidência de LMRC com uma taxa
de 27%, reforçando as informações de alguns estudos que apresentam uma
incidência geral de lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida (LMRC) com
valores entre 19,4% e 92,4%5, 6. Estes dados podem ser considerados preocupantes
para os corredores e que merecem atenção por parte dos profissionais de saúde
que se dedicam à prevenção de lesões na corrida, evidenciando a necessidade de
implantação de estratégias de prevenção dessas lesões.
Entre as características de alinhamento anatômico dos MMII, o capítulo 2
apresentou a discrepância entre ângulos Q (com os dados categorizados) como a
característica de alinhamento anatômico que se associou com a história pregressa
de lesões musculoesqueléticas entre os corredores, corroborando os resultados de
alguns autores7 que também encontraram associação desta variável de alinhamento
dos MMII com lesões em corredores cross-country. O capítulo 3, por sua vez,
apresentou que nenhuma das características de alinhamento avaliadas se associou
com as LMRC apresentadas pelos corredores participantes durante as 12 semanas
de acompanhamento propostas no estudo, o que contradiz alguns dados apontados
pela literatura, os quais apresentam a discrepância de comprimento dos membros
inferiores (MMII)8, as alterações de ângulo Q7, 9 e a discrepância entre ângulos Q7
como fatores de risco de lesões musculoesqueléticas em corredores, mas, em
contrapartida, também corrobora outros autores10, 11 que não encontraram
associações entre as alterações de alinhamento anatômico estudadas e as lesões
musculoesqueléticas relacionadas à corrida. Tal achado pode ser decorrente do
limitado período de acompanhamento deste estudo, o qual pode ter sido insuficiente
para o registro de algumas lesões que poderiam revelar associação com algum
desses fatores (alinhamento anatômico) classificados como não modificáveis12, 13, o
que sugere a necessidade de desenvolvimento de estudo com acompanhamento
66
mais longo, a fim de mensurar e avaliar com mais exatidão a influência destas
características anatômicas sobre as lesões relacionadas à corrida.
As tendinopatias são frequentemente reportadas7, 10, 12 como um dos tipos de
lesão mais referidos entre os corredores, fato que corrobora os resultados
encontrados nos capítulos 2 e 3 desta dissertação que verificaram a prevalência e
incidência de lesões musculoesqueléticas dos seus participantes e encontrou as
tendinopatias como o tipo de lesão mais frequente entre os corredores junto com as
lesões musculares. Embora estes achados se contraponham ao que é descrito pela
literatura, que expõem que as tendinopatias são mais incidentes que as lesões
musculares, a proporção de lesão muscular encontrada pode ser explicada pela
definição de LMRC utilizada neste estudo, pois se o corredor apresentasse uma dor
muscular tardia e reportasse que esta foi a causa dele ter deixado de realizar pelo
menos um treino de corrida, esta era classificada como lesão muscular, fato que
pode ter superestimado a incidência de lesões musculares nos participantes deste
estudo.
Outro achado desta dissertação, e apresentado no capítulo 2, foi que o joelho
se apresentou como a região anatômica mais acometida pelas LMRC, o que
corrobora os dados de vários outros estudos que indicam o joelho como a região
anatômica mais acometida entre os corredores3, 5, 12, 14-16. Já o capítulo 3 apresentou
a perna seguida do joelho como as regiões anatômicas mais acometidas pelas
lesões na corrida, provavelmente devido as lesões musculares terem sido uma das
principais lesões encontradas neste estudo e alguns dos principais grupos
musculares envolvidos com a execução da corrida estarem localizados na perna,
como também devido às forças de impacto incidentes sobre os membros inferiores
no momento da corrida. Essas mesmas características de lesões relatadas e região
anatômica mais acometida pelas lesões musculoesqueléticas também foram
encontradas entre os corredores com discrepância de ângulos Q superior a 3º
(capítulo 2), e entendemos que estas frequências possam ser decorrentes da
sobrecarga local aplicada sobre os tecidos moles que compõem o complexo articular
do joelho.
De acordo com as informações apresentadas por esta dissertação, bem como
nos estudos que abordam as lesões musculoesqueléticas relacionadas à corrida7-10,
12, entende-se a necessidade de estudos de acompanhamento mais longo e que
67
tenham por objetivo esclarecer qual a influência das características de alinhamento
anatômico dos membros inferiores sobre as lesões em corredores e que utilizem
medidas de avaliação que padronizem características como posicionamento plantar
para a avaliação do ângulo Q, uma vez que mudanças deste posicionamento podem
influenciar o resultado final.
Também fica exposta a necessidade do estabelecimento de uma definição
padronizada para as lesões musculoesqueléticas da corrida, a fim de possibilitar
análises comparativas entre as taxas de incidência e prevalência de lesões em
corredores. Outra necessidade urgente na literatura atual, após o esclarecimento
sobre qual a influência das características de alinhamento anatômico dos membros
inferiores sobre as LMRC, é a avaliação da influência da utilização dos “tênis
especiais de corrida” sobre o surgimento de lesões musculoesqueléticas
relacionadas à corrida, com o objetivo de esclarecer a real eficácia destes
dispositivos na prevenção destas lesões, visto que até o momento não há evidências
que suportem a utilização desses calçados para evitar lesões em corredores17, 18.
Por fim, sugerimos também a realização de estudos controlados aleatorizados que
proponham estratégias de prevenção e meçam o efeito destas intervenções
propostas, visto que até o momento da conclusão desta dissertação não foi
identificada nenhuma estratégia eficaz e com alto nível de evidência para a
prevenção dessas lesões18.
Dessa forma e diante do aumento expressivo do número de praticantes de
corrida, e da quantidade de fisioterapeutas que trabalham com assessorias de
corridas, entendemos que o conhecimento das características de alinhamento
anatômico de corredores recreacionais por parte dos fisioterapeutas é de grande
valia para os profissionais que atuam na área da fisioterapia esportiva, visto que os
resultados desse estudo auxiliarão fisioterapeutas e treinadores a elucidarem
algumas dúvidas sobre a associação entre alterações do alinhamento anatômico e o
surgimento de lesões musculoesqueléticas em corredores recreacionais sendo que
os fisioterapeutas são considerados um dos principais profissionais que atuam na
promoção da atividade física19, 20.
68
4.2 REFERÊNCIAS 1. Yamato TP, Saragiotto BT, Lopes AD. Prevalência de dor em corredores de
rua no momento em que precede o inicio da prova. Revista Brasileira de Ciências do
Esporte. 2011;33(2).
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compete: an observational study of 1049 runners. J Physiother. 2011;57(3):179-82.
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7. Rauh MJ, Koepsell TD, Rivara FP, Rice SG, Margherita AJ. Quadriceps angle
and risk of injury among high school cross-country runners. J Orthop Sports Phys
Ther. 2007;37(12):725-33.
8. Wen DY, Puffer JC, Schmalzried TP. Injuries in runners: a prospective study of
alignment. Clin J Sport Med. 1998;8(3):187-94.
9. Rauh MJ, Koepsell TD, Rivara FP, Margherita AJ, Rice SG. Epidemiology of
musculoskeletal injuries among high school cross-country runners. Am J Epidemiol.
2006;163(2):151-9.
10. Pileggi P, Gualano B, Souza M, Caparbo VF, Pereira RMR, Pinto ALS, et al.
Incidência e fatores de risco de lesões osteomioarticulares em corredores: um
estudo de coorte prospectivo. Rev bras educ fís esporte. 2010;24 no.4(4):453-62.
11. Raissi GR, Cherati AD, Mansoori KD, Razi MD. The relationship between
lower extremity alignment and Medial Tibial Stress Syndrome among non-
professional athletes. Sports Med Arthrosc Rehabil Ther Technol. 2009;1(1):11.
69
12. Lun V, Meeuwisse WH, Stergiou P, Stefanyshyn D. Relation between running
injury and static lower limb alignment in recreational runners. Br J Sports Med.
2004;38(5):576-80.
13. Willems TM, Witvrouw E, Delbaere K, Mahieu N, De Bourdeaudhuij I, De
Clercq D. Intrinsic risk factors for inversion ankle sprains in male subjects: a
prospective study. Am J Sports Med. 2005;33(3):415-23.
14. Fallon KE. Musculoskeletal injuries in the ultramarathon: the 1990 Westfield
Sydney to Melbourne run. Br J Sports Med. 1996;30(4):319-23.
15. Taunton JE, Ryan MB, Clement DB, McKenzie DC, Lloyd-Smith DR, Zumbo
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2002;36(2):95-101.
16. Buist I, Bredeweg SW, van Mechelen W, Lemmink KA, Pepping GJ, Diercks
RL. No effect of a graded training program on the number of running-related injuries
in novice runners: a randomized controlled trial. Am J Sports Med. 2008;36(1):33-9.
17. Richards CE, Magin PJ, Callister R. Is your prescription of distance running
shoes evidence-based? Br J Sports Med. 2009;43(3):159-62.
18. Yeung SS, Yeung EW, Gillespie LD. Interventions for preventing lower limb
soft-tissue running injuries. Cochrane Database Syst Rev. 2011;(7):CD001256.
19. Verhagen E, Engbers L. The physical therapist's role in physical activity
promotion. Br J Sports Med. 2009;43(2):99-101.
20. Shirley D, van der Ploeg HP, Bauman AE. Physical activity promotion in the
physical therapy setting: perspectives from practitioners and students. Phys Ther.
2010;90(9):1311-22.
70
- MATERIAL SUPLEMENTAR-
71
Suplemento 1 Avaliação do Ângulo Q
Método de avaliação:
O corredor foi posicionado ortostaticamente de frente para o examinador, se
mantendo apoiado sobre os dois pés, permitindo a demarcação dos seguintes
pontos anatômicos: espinhas ilíacas ântero-superiores, centro de ambas as patelas
e as tuberosidades tibiais para a mensuração o ângulo Q. A partir das demarcações
anatômicas, foi traçada uma reta utilizando fita métrica da EIAS até o centro da
patela e uma segunda reta do centro da patela até a tuberosidade tibial. O ângulo
formado pela intersecção destas duas linhas constituiu o ângulo Q, que foi medido
por um goniômetro universal posicionado com seu eixo no centro da patela.
72
Suplemento 2 Avaliação do Ângulo Subtalar
Método de avaliação:
Para avaliar o ângulo subtalar, os indivíduos foram posicionados sobre uma
plataforma de 30 cm de altura e orientados a manter os pés paralelos e a realizar
descarga de peso simétrica entre os membros inferiores. Foram demarcadas a
tuberosidade posterior do calcâneo e um ponto sobre o tendão do calcâneo
referente a linha média entre os maléolos utilizando-se etiquetas adesivas. Após as
marcações foi capturada uma imagem do terço póstero-distal dos MMII utilizando
uma câmera fotográfica digital.
Para mensurar o ângulo subtalar foi utilizado o software AutoCAD 2005®, que
permitia ao avaliador traçar uma linha entre os dois pontos demarcados com as
etiquetas adesivas e uma segunda linha orientada verticalmente, estando esta
perpendicular (90º) em relação ao solo. A intersecção dos prolongamentos de
ambas as retas resultou no ângulo subtalar.
73
Suplemento 3 Avaliação do índice do Arco Plantar
Método de Avaliação:
Os indivíduos foram posicionados sobre um podoscópio com os pés
descalços e separados por uma distância que equivaleu à largura de uma fina placa
de 7,5 cm. A imagem da impressão plantar foi capturada com uma câmera digital.
Para analisar as imagens utilizou-se o software AutoCAD 2005®, através do qual se
traçou três retas: uma que foi traçada do ponto equivalente a 2ª articulação
metatarsofalangeana até o ponto equivalente na face posterior do calcâneo, sendo
denominada de reta do eixo do pé; a segunda reta foi traçada perpendicularmente
ao primeiro eixo tendo como base os pontos mais salientes do 1º e 5º metatarsos; e
uma terceira reta foi traçada com base nos pontos mais salientes do calcâneo medial
e lateral, em sua porção anterior.
Após traçada essas linhas foi possível dividir o pé em três partes (áreas):
antepé, mediopé e retropé. As três áreas foram medidas pelo software citado
anteriormente. A área do médiopé foi dividida pela área total das três áreas
mensuradas, tendo como resultado o Índice do Arco para cada um dos pés
avaliados.
74
Suplemento 4 Avaliação da Discrepância de Comprimento dos Membros Inferiores
Método de Avaliação:
A avaliação da discrepância de comprimento dos MMII foi realizada com os
indivíduos em posição supina e orientados a manter os membros inferiores
relaxados. Foram demarcadas as seguintes referências anatômicas utilizando uma
caneta especial: EIAS e os centros dos maléolos mediais de cada membro inferior.
Utilizando uma fita métrica foi mensurado o comprimento real dos MMII,
medindo o comprimento entre a EIAS de uma hemipelve até o centro do maléolo
medial ipsilateral de ambos os MMII.
75
Suplemento 5
Instruction for authors for preparation of manuscripts for Physical Therapy in Sports
The editor, Zoe Hudson, PhD, welcomes the submission of articles for
publication in the journal.
Submission to this journal proceeds totally online. Use the following guidelines
to prepare your article via http://ees.elsevier.com/yptsp you will be guided stepwise
through the creation and uploading of the various files. The system automatically
converts source files to a single Adobe Acrobat PDF version of the article, which is
used in the peer-review process. Please note that even though manuscript source
files are converted to PDF at submission for the review process, these source files
are needed for further processing after acceptance. All correspondence, including
notification of the Editor's decision and requests for revision, takes place by e-mail
and via the Author's homepage, removing the need for a hard-copy paper trail.
The above represents a very brief outline of this form of submission. It can be
advantageous to print this "Guide for Authors" section from the site for reference in
the subsequent stages of article preparation.
Submission of an article implies that the work described has not been
published previously (except in the form of an abstract or as part of a published
lecture or academic thesis), that it is not under consideration for publication
elsewhere, that its publication is approved by all authors and tacitly or explicitly by the
responsible authorities where the work was carried out, and that, if accepted, it will
not be published elsewhere in the same form, in English or in any other language,
without the written consent of the Publisher.
Manuscripts reporting the results of studies involving human participants will
only be accepted for publication if it is made clear within the text that 'appropriate
ethical approval had been granted prior to the commencement of the study'.
Photographs of human participants are acceptable if the authors have received
appropriate permission for publication of the photographs, or taken appropriate
measures to disguise the individual's identity.
76
TYPES OF PAPERS
Original Research: Provide a full length account of original research and will not
normally exceed 4000 words.
Review Papers: Provide an in-depth and up to date critical review of a related topic
and will not normally exceed 4000 words.
Case Studies: A case report providing clinical findings, management and outcome
with reference to related literature.
Masterclasses: Usually a commissioned piece by an expert in their field. If you would
like to submit a non-commissioned article, please check with the editorial office
beforehand.
Clinical Approaches: These include clinical approaches or opinions which may be
novel or practiced with minimal evidence available in the literature.
Professional Issues: An occasional series which aims to highlight changes in
guidelines or other professional issues.
Research Without Tears: An occasional series dedicated to the process of research.
Authorship All authors should have made substantial contributions to all of the following:
(1) the conception and design of the study, or acquisition of data, or anaylsis and
interpretation of data, (2) drafting the article or revising it critically for important
intellectual content, (3) final approval of the version to be submitted.
Changes to authorship
This policy concerns the addition, deletion, or rearrangement of author names
in the authorship of accepted manuscripts: Before the accepted manuscript is published in an online issue: Requests to
add or remove an author, or to rearrange the author names, must be sent to the
Journal Manager from the corresponding author of the accepted manuscript and
must include: (a) the reason the name should be added or removed, or the author
names rearranged and (b) written confirmation (e-mail, fax, letter) from all authors
that they agree with the addition, removal or rearrangement. In the case of addition or
removal of authors, this includes confirmation from the author being added or
removed. Requests that are not sent by the corresponding author will be forwarded
77
by the Journal Manager to the corresponding author, who must follow the procedure
as described above. Note that: (1) Journal Managers will inform the Journal Editors of
any such requests and (2) publication of the accepted manuscript in an online issue
is suspended until authorship has been agreed.
After the accepted manuscript is published in an online issue: Any requests to
add, delete, or rearrange author names in an article published in an online issue will
follow the same policies as noted above and result in a corrigendum.
Acknowledgements All contributors who do not meet the criteria for authorship as defined above
should be listed in an acknowledgements section. Examples of those who might be
acknowledged include a person who provided purely technical help, writing
assistance, or a department chair who provided only general support. Authors should
disclose whether they had any writing assistance and identify the entity that paid for
this assistance.
Conflict of interest
At the end of the text, under a subheading "Conflict of interest statement" all
authors must disclose any financial and personal relationships with other people or
organizations that could inappropriately influence (bias) their work. Examples of
potential conflicts of interest include employment, consultancies, stock ownership,
honoraria, paid expert testimony, patent applications/registrations, and grants or
other funding.
Role of the funding source All sources of funding should be declared at the end of the text. Authors
should declare the role of study sponsors, if any, in the study design, in the collection,
analysis and interpretation of data; in writing of the manuscript; and in the decision to
submit the manuscript for publication. If the study sponsors had no such involvement,
the authors should so state.
78
PRESENTATION OF MANUSCRIPTS
Authors are required to submit manuscripts according to the requirements of
the Instructions to Authors. Please note that papers not formatted in this manner will
be returned to the author for amendment before entering into the editorial and peer
review process. In particular please take care to follow the instructions for the
formatting of references.
Reviewer suggestion
Please supply the names of two potential reviewers for your manuscript.
Please provide their full name, position and e-mail address. Please do not suggest
reviewers from your own institution, previous or current collaborators. Please note,
the final choice of reviewers is that of the Editor and the journal reserves the right not
to use reviewers which have been suggested by the authors.
Your article should be typed on A4 paper, double-spaced with margins of at
least 3cm. Number all pages consecutively beginning with the title page. Papers
should be set out as follows, with each section beginning on a separate sheet:
Title page
Provide the following data on the title page (in the order given).
Title. Concise and informative. Titles are often used in information-retrieval systems.
Avoid abbreviations and formulae where possible. Author names and affiliations. Present the authors' affiliation addresses (where the
actual work was done) below the names. Indicate all affiliations with a lower-case
superscript letter immediately after the author's name and in front of the appropriate
address. Provide the full postal address of each affiliation, including the country
name, and, if available, the e-mail address of each author.
Corresponding author. Clearly indicate who is willing to handle correspondence at all
stages of refereeing and publication, also post-publication. Ensure that telephone
and fax numbers (with country and area code) are provided in addition to the e-mail
address and the complete postal address.
Present/permanent address. If an author has moved since the work described in the
article was done, or was visiting at the time, a 'Present address' (or 'Permanent
address') may be indicated as a footnote to that author's name. The address at which
79
the author actually did the work must be retained as the main, affiliation address.
Superscript Arabic numerals are used for such footnotes.
Abstract
An abstract of your manuscript, summarizing the content in no more than 200
words, should be provided. Abstracts should follow a structured format. For empirical
studies, this will usually involve these headings: Objectives, Design, Setting,
Participants, Main Outcome Measures, Results, Conclusions. For other types of
study, contributors may adapt this format, but should retain the idea of structure and
headings.
Keywords
Include three or four keywords. The purpose of these is to increase the likely
accessibility of your paper to potential readers searching the literature. Therefore,
ensure keywords are descriptive of the study. Refer to a recognised thesaurus of
keywords (e.g. CINAHL, MEDLINE) wherever possible.
Text
Headings should be appropriate to the nature of the paper. The use of
headings enhances readability. Three categories of headings should be used:
•major headings should be typed in capital letters in the centre of the page and
underlined;
•secondary headings should be typed in lower case (with an initial capital letter) at
the left-hand margin and underlined; and
•minor headings should be typed in lower case and italicized.
Do not use 'he', 'his' etc. where the sex of the person is unknown; say 'the
participant', etc. Avoid inelegant alternatives such as 'he/she'. Avoid sexist language.
•Any acknowledgements should be included at the end of the text.
References
Authors are responsible for verifying the accuracy and completeness of
references. Citations in the text should follow the referencing style used by the
American Psychological Association. You are referred to the Publication Manual of
80
the American Psychological Association, Fifth Edition, ISBN 1-55798-790-4, copies of
which may be ordered from
http://www.apa.org/books/4200061.html or APA Order Dept., P.O.B. 2710,
Hyattsville, MD 20784, USA or APA, 3 Henrietta Street, London, WC3E 8LU, UK.
Details concerning this referencing style can also be found
at http://linguistics.byu.edu/faculty/henrichsenl/apa/apa01.html.
Text
Single author (Graham, 2001)
Two authors (Geyer & Braff, 1999)
Three to six authors (Lehman, Stohr, & Feldon, 2000) for the first citation and
(Lehman et al., 2000) for subsequent citations.
More than six authors (Karper et al., 1996)
Separate references in the text in parentheses by using a semi-colon.
List
References should be arranged first alphabetically and then further sorted
chronologically if necessary. More than one reference from the same author(s) in the
same year must be identified by the letters "a", "b", "c" etc., placed after the year of
publication.
Reference to a journal publication:
Shelbourne, K.D., & Trumper, R.V. (1997). Preventing anterior knee pain after
anterior cruciate ligament reconstruction. American Journal of Sports Medicine, 25,
41-47.
Reference to a book:
Magee, D.J. (1997). Orthopaedic physical assessment. (3rd ed.). Philadelphia:
Saunders.
81
Reference to a chapter in an edited book:
Hudson, Z., & Brown, A. (2003). Athletes with disability. In: G. S. Kolt, & L. Snyder-
Mackler (Eds.), Physical therapies in sport and exercise(pp. 521-304). Edinburgh:
Churchill Livingstone.
Citing and listing of Web references. As a minimum, the full URL should be given.
Any further information, if known (Author names, dates, reference to a source
publication, etc.), should also be given. Web references can be listed separately
(e.g., after the reference list) under a different heading if desired, or can be included
in the reference list; in square brackets in line with the text.
Tables, Illustrations and Figures
A detailed guide on electronic artwork is available on our
website: http://www.elsevier.com/authors.
Preparation of supplementary data. Elsevier now accepts electronic
supplementary material (e-components) to support and enhance your scientific
research. Supplementary files offer the Author additional possibilities to publish
supporting applications, movies, animation sequences, high-resolution images,
background datasets, sound clips and more. Supplementary files supplied will be
published online alongside the electronic version of your article in Elsevier Web
products, including ScienceDirect: http://www.sciencedirect.com. In order to
ensure that your submitted material is directly usable, please ensure that data is
provided in one of our recommended file formats. Authors should submit the material
in electronic format together with the article and supply a concise and descriptive
caption for each file. For more detailed instructions please visit our artwork instruction
pages at: http://www.elsevier.com/authors
Illustrations and tables that have appeared elsewhere must be accompanied by
written permission to reproduce them from the original publishers. This is necessary
even if you are an author of the borrowed material. Borrowed material should be
acknowledged in the captions in the exact wording required by the copyright holder. If
not specified, use this style: Reproduced by kind permission of (publishers) from
82
(reference).' Identifiable clinical photographs must be accompanied by written
permission from the patient.
Ethics Work on human beings that is submitted to Physical Therapy in Sport should
comply with the principles laid down in the declaration of Helsinki; Recommendations
guiding physicians in biomedical research involving human subjects. Adopted by the
18th World Medical Assembly, Helsinki, Finland, June 1964, amended by the 29th
World Medical Assembly, Tokyo, Japan, October 1975, the 35th World Medical
Assembly, Venice, Italy, October 1983, and the 41st World Medical Assembly, Hong
Kong, September 1989. The manuscript should contain a statement that has been
approved by the appropriate ethical committees related to the institution(s) in which it
was performed and that subjects gave informed consent to the work. Studies
involving experiments with animals must state that their care was in accordance with
institution guidelines. Patients' and volunteers' names, initials, and hospital numbers
should not be used.
In a case report, the subject's written consent should be provided. It is the
author's responsibility to ensure all appropriate consents have been obtained.
PATIENT ANONYMITY
Studies on patients or volunteers require ethics committee approval and
informed consent which should be documented in your paper. Patients have a right
to privacy. Therefore identifying information, including patients images, names,
initials, or hospital numbers, should not be included in videos, recordings, written
descriptions, photographs, and pedigrees unless the information is essential for
scientific purposes and you have obtained written informed consent for publication in
print and electronic form from the patient (or parent, guardian or next of kin where
applicable). If such consent is made subject to any conditions, Elsevier must be
made aware of all such conditions. Written consents must be provided to Elsevier on
request. Even where consent has been given, identifying details should be omitted if
they are not essential. If identifying characteristics are altered to protect anonymity,
such as in genetic pedigrees, authors should provide assurance that alterations do
not distort scientific meaning and editors should so note. If such consent has not
83
been obtained, personal details of patients included in any part of the paper and in
any supplementary materials (including all illustrations and videos) must be removed
before submission.
COPYRIGHT
Upon acceptance of an article, authors will be asked to sign a "Journal
Publishing Agreement'' (for more information on this and copyright
see http://www.elsevier.com/copyright). Acceptance of the agreement will ensure the
widest possible dissemination of information. An e-mail (or letter) will be sent to the
corresponding author confirming receipt of the manuscript together with a 'Journal
Publishing Agreement' form or a link to the online version of this agreement. If
excerpts from other copyrighted works are included, the author(s) must obtain written
permission from the copyright owners and credit the source(s) in the article. Elsevier
has preprinted forms for use by authors in these cases: contact Elsevier's Rights
Department, Philadelphia, PA, USA: phone (+1) 215 239 3804, fax (+1) 215 239
3805, e-mail [email protected]. Requests may also be completed
online via the Elsevier homepage (http://www.elsevier.com/locate/permissions).
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research colleagues, for the personal use by such colleagues (but not commercially
or systematically, e.g., via an e-mail list or list server) •post a pre-print version of the
article on Internet websites including electronic pre-print servers, and to retain
84
indefinitely such version on such servers or sites
•post a revised personal version of the final text of the article (to reflect changes
made in the peer review and editing process) on your personal or institutional website
or server, with a link to the journal homepage (on http://www.elsevier.com)
•present the article at a meeting or conference and to distribute copies of the article
to the delegates attending such a meeting
•for your employer, if the article is a 'work for hire', made within the scope of your
employment, your employer may use all or part of the information in the article for
other intra-company use (e.g., training)
•retain patent and trademark rights and rights to any processes or procedure
described in the article
•include the article in full or in part in a thesis or dissertation (provided that this is not
to be published commercially)
•use the article or any part thereof in a printed compilation of your works, such as
collected writings or lecture notes (subsequent to publication of your article in the
journal)
•prepare other derivative works, to extend the article into book-length form, or to
otherwise re-use portions or excerpts in other works, with full acknowledgement of its
original publication in the journal
PROOFS
One set of page proofs in PDF format will be sent by e-mail to the
corresponding author (if we do not have an e-mail address then paper proofs will be
sent by post). Elsevier now sends PDF proofs which can be annotated; for this you
will need to download Adobe Reader version 7 available free
from http://www.adobe.com/products/acrobat/readstep2.html. Instructions on how
to annotate PDF files will accompany the proofs. The exact system requirements are
given at the Adobe
http://www.adobe.com/products/acrobat/acrrsystemreqs.html#70win. If you do not
wish to use the PDF annotations function, you may list the corrections (including
replies to the Query Form) and return to Elsevier in an e-mail. Please list your
corrections quoting line number. If, for any reason, this is not possible, then mark the
corrections and any other comments (including replies to the Query Form) on a
85
printout of your proof and return by fax, or scan the pages and e-mail, or by post.
Please use this proof only for checking the typesetting, editing, completeness and
correctness of the text, tables and figures. Significant changes to the article as
accepted for publication will only be considered at this stage with permission from the
Editor. We will do everything possible to get your article published quickly and
accurately. Therefore, it is important to ensure that all of your corrections are sent
back to us in one communication: please check carefully before replying, as inclusion
of any subsequent corrections cannot be guaranteed. Proofreading is solely your
responsibility. Note that Elsevier may proceed with the publication of your article if no
response is received.
OFFPRINTS
The corresponding author, at no cost, will be provided with a PDF file of the
article via e-mail. The PDF file is a watermarked version of the published article and
includes a cover sheet with the journal cover image and a disclaimer outlining the
terms and conditions of use. Additional paper offprints can be ordered by the authors.
An order form with prices will be sent to the corresponding author. For further
information please consult http://www.elsevier.com/authors.
Submission Checklist
It is hoped that this list will be useful during the final checking of an article prior
to sending it to the journal's Editor for review. Please consult this Guide for Authors
for further details of any item.
Ensure that the following items are present:
• One Author designated as corresponding Author:
• E-mail address
• Full postal address
• Telephone and fax numbers
• All necessary fields have been uploaded
• Keywords
• All figure captions
• All tables (including title, description, footnotes)
86
At the end of the paper, but before the references, please provide three statements:
• Ethical Approval: The organisation providing ethical approval and ethics protocol
reference number where appropriate.
• Funding: any sources of funding should be stated.
• Conflict of Interest: Disclosed conflicts will be published if they are believed to be
important to readers in judging the manuscript. If there are no conflicts of interest,
authors should state that there are none.
Further considerations • Manuscript has been "spellchecked"
• References are in the correct format for this journal
• All references mentioned in the Reference list are cited in the text, and vice versa
• Permission has been obtained for use of copyrighted material from other sources
(including the Web)
87
Suplemento 6
Instruction for authors for preparation of manuscripts for Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy
The following is a guide to the way in which the JOSPT formats articles in MS Word.
The closer an author can approximate the below formatting, the easier it is for the
JOSPT to prepare the article for the printer.
I. Title Page: Arial 12 pt, single space, no indent, 1 return separating the following
sections (Appendix 1)
A. Title
1. Title case
a. All prepositions, conjunctions, and articles under 4 letters lowercase
b. Do not capitalize second part of hyphenated compound if it is a prefix or
suffix
B. Author names
1. Title case
2. Period after initials
3. Commas separating degrees
4. "PT" first in list of degrees
5. Superscript number referring to affiliation footnote
C. Affiliations
1. Title case
2. Order: superscript number, position, institution, city, state (2-letter
abbreviation), period
D. Study information
1. Disclaimer, IRB approval, notice of author title changes after completion of
study, etc
E. Correspondence information
1. Author address and email
II. Abstract: Arial 12 pt, double-space, no indent (Appendix 2)
A. No section title
B. Structured abstract: section headings in title case, bold, and separated by a
colon at the start of each paragraph
88
C. JOSPT publication reference at the end of the last paragraph in italics
eg, J Orthop Sports Phys Ther 2004;34(4):xxx-xxx.
D. Key words
1. Key words in lower case, list in alphabetical order
2. Whole section in italics
III. Introduction: Arial 12, .5" indent, double space (Appendix 3)
IV. Section Headings (Appendix 4)
A. Level 1 heading, Arial 12 pt, bold, no indent, uppercase, double-space
B. Level 2, Arial 12 pt, bold, no indent, title case, double-space
C. Level 3, Arial 12 pt, italic, run into paragraph, title case, double-space
V. References (Appendix 5)
A. Journals
Author. Title of journal. Publication. year;vol(no):pp-pp.
B. Books Authors. Title of Book. City, State: Publisher; year.
C. Organization as author and publisher
Organization. Title of organization. City, State: Publisher; year.
D. Book chapter
Authors. Title of book chapter. In: Editor(s), ed(s). Book Title. City, State:
Publisher; year:pp-pp.
E. Master's or doctoral thesis
Author. Title of Thesis [dissertation]. City, State: University or Institution; year.
F. Published abstract of a paper presented at a conference
Authors. Title of abstract [abstract]. In: Editor(s), ed(s). Conference Title, City,
State/Country. City, State/Country: Publisher or Sponsoring Institution;
year.
G. Universal Resource Locator (URL)
Publisher. Title of the URL. Available at: http://address.of.the.URL.htm.
Accessed Month day, year.
89
VI. Tables (Appendix 5)
A. Table designator (eg, "TABLE 1.") bold, all caps and separated by a period
B. Table caption sentence case following designator
C. Font: Arial 12 pt, normal
D. Borders on top, bottom and under column headings
E. Column headings centered
F. Text left aligned with a .25-inch hanging indent
G. Numbers decimal aligned
H. Abbreviations placed before the footnotes, punctuated as follows:
Abbreviations: AB1, abbreviation 1; AB2, abbreviation 2; etc.
I. Footnote symbols in the following order: * † ‡ § ║ # ** †† ‡‡
VII. Figures (Appendix 5)
A. Figure designator (eg, "FIGURE 1.") bold, all caps and separated by a period
B. Graphs and/or charts
1. Make data available either by clicking the chart or by providing spreadsheet
C. Photos
1. At least 300 dpi resolution
90
APPENDIX 1
Decision Making for a Painful Hip: A Case Requiring Referral
Captain David A. Browder, DPT, MS, OCS1
Richard E. Erhard, PT, DC2
1 Staff Physical Therapist, 959th Medical Operations Squadron, Wilford Hall Medical
Center, Lackland AFB, TX.
2 Associate Professor, University of Pittsburgh, School of Health and Rehabilitation
Sciences, Department of Physical Therapy, Pittsburgh, PA.
This case was seen at the University of Pittsburgh Medical Center, Center for Sports
Medicine, Physical Therapy Department, Pittsburgh, PA. At the time of the case,
Capt Browder was completing a manual therapy fellowship under the mentorship of
Dr Erhard. The opinions or assertions contained herein are the private views of the
authors and are not to be construed as official or as reflecting the views of the US Air
Force or Department of Defense.
Address correspondence to Capt David A. Browder, 3604 Augusta Glade, San
Antonio, TX 78154. E-mail: [email protected]
91
APPENDIX 2
Study Design: Resident's case problem.
Background: The purpose of this resident's case problem is to describe a 39-year-
old female patient with insidious onset of hip pain. This patient had discrete findings
on subjective and physical examination that prompted referral for further imaging
studies of the left hip and pelvis. Despite having seen multiple providers, no imaging
of the involved hip or pelvis had been performed. A prolonged duration of symptoms,
severe gait disturbance with an associated Trendelenburg sign, difficulty sleeping,
and an empty end feel with passive range of motion increased concern that a
pathological process might be present.
Diagnosis: Imaging studies revealed a large destructive soft-tissue tumor later found
to be non-Hodgkin's Lymphoma.
Discussion: It is incumbent upon physical therapists to be aware of the potential for
severe pathological conditions that mimic musculoskeletal complaints to exist and
understand how to identify patients for whom further testing and/or referral may be
appropriate. Existing guidelines for low back pain may assist with decision making in
the absence of specific guidelines for when to request imaging in patients with
nontraumatic hip and pelvis pain. Proficiency in screening for conditions not
amenable to physical therapy treatment or that require consultation to other health
care professionals is essential to physical therapy practice. J Orthop Sports Phys
Ther 2005;11:xxx-xxx.
Key-Words: cancer, pelvis, physical therapy, radiology, screening
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APPENDIX 3
Proficiency in screening for conditions not amenable to physical therapy
treatment or that require consultation with other health care professionals is essential
to physical therapy practice. In addition to the history and physical examination,
imaging and laboratory testing are frequently useful for this purpose. Extensive
attention has been given to the question of when imaging studies should be ordered
for patients with low back pain.8,17,18 However, guidance is less clear for patients
whose primary complaint is nontraumatic hip and pelvis pain, despite reports of
delayed diagnosis of pelvic malignancies,10,29,31,33 high incidence of radiological
findings in first-time medical
encounters for hip pain,5 and difficulty making definitive diagnoses in this region from
examination alone.
While conditions such as degenerative joint disease of the hip and trochanteric
bursitis are common and appropriate for physical therapy management, similar
symptoms may occur in more serious conditions such as femoral neck stress
fractures,15 gluteus medius tendon tears,4 metastatic tumors,10,21,28 and lesions of the
acetabular labrum or cartilage.24 The expanded differential diagnosis of hip pain also
includes other conditions such as an iliopsoas abscess, avascular necrosis, pelvic
inflammatory disease, Crohn's disease, femoral hernia, Reiter's syndrome, and sickle
cell anemia.13
93
APPENDIX 4
FIRST-LEVEL HEADING Second-Level Heading
Third-Level Heading The patient was in some distress and exhibited significant
anxiety with any movement of her left lower extremity. She appeared fatigued but
otherwise healthy. The patient was observed transitioning from sit to stand with
difficulty. She used the arms of her chair and avoided pushing off with the left lower
extremity. In static standing she avoided bearing weight on the left lower extremity by
standing with the left knee flexed and bearing most of her weight on the right lower
extremity. Her gait appeared very labored, with obvious disturbance of gait, but she
denied using any assistive devices. Upon closer visual observation it was noted that
she appeared to have a shortened stride length on the left side, accompanied by a
severe right pelvic drop and compensatory trunk lean to the left during the left stance
phase, commonly referred to as a Trendelenburg limp.27
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APPENDIX 5 TABLE 5. Subset of test items from physical examination, associated alignment or movement impairment assessed and reliability statistics.25
Abbreviations: L, left; R, right. * Reliability coefficients from a group of 5 clinicians trained in examination procedures and operational definitions.25
† Indicates an impairment of alignment. All others are impairments of movement. ‡ Indicates impairment can occur with either or both lower extremities. FIGURE 1. Sudden, stop-directional change while running.
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Suplemento 7 Carta de Aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP)