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Cascavel, 24 de abril de 2020 - Ano XXIV - Nº 2.244- R$ 3,00

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Cascavel amassou a curva

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Do final de março para o início de abril, Cascavel quase dobrou o número de infectados pelo coro-navírus. A seta do gráfico apontou na vertical, para cima. A situação estaria saindo do controle? Os números começaram a de-crescer na segunda sema-na de abril. Se estabiliza-ram na segunda quinzena do mês com menos de um caso novo por dia e aden-traram a reta final de abril com um contagiado a cada 48 ou 72 horas.

Cascavel achatou a curva. Certamente o isolamento social rigo-roso das primeiras semanas, incluindo inusi-tados bloqueios no aeroporto, terminal rodo-viário e nas principais vias de acesso tiveram um papel nisso. Ou não ? Ou exageramos na dose, não era preciso isso tudo?

Haverá uma ótima oportunidade para respostas agora, quando a flexibilização do isolamento atingiu seu ápice, liberando sho-pping e até cultos religiosos. A questão é: as medidas de reabertura são sustentáveis?

O município permanece com o incon-veniente título de campeão paranaense em número de infectados per capita. Porém, na estimativa mais otimista, projetava-se ao

Município veio de 23 casos por semana para apenas três; verdadeiro teste virá na próxima semana, quando será possível aferir o resultado da flexibilização do isolamento

n De um pico de 23 casos confirmados no início de abril, o municí-pio veio para três casos semanais

menos 90 casos no presente estágio. Ficou aquém do melhor cenário. São 68 registrados até a última quarta-feira, destes, 85% estão curados. A saúde pública lida ainda com cin-co casos graves (pacientes em terapia inten-siva) e registra três óbitos.

Parece uma situação confortável, seme-lhante a de municípios de mesmo porte que parecem menos vulneráveis se comparados ao drama das metrópoles. A armadilha que pode vir embutida aqui está na subnotifica-ção. Não há testes. Ninguém sabe ao certo quantos assintomáticos temos nem mesmo quantos dos mais de 400 casos suspeitos sem exame estão com a Covid-19. A prefeitura re-cebeu 1,5 mil testes rápidos. A cota será insu-

ficiente até mesmo para os profissionais da saúde, segmento alvo deste pri-meiro momento. O vírus é um inimigo ardiloso e invisível, segue um ciclo próprio que sempre o co-loca 14 dias na frente das estatísticas disponíveis. Ou seja, teremos o real impacto das medidas de flexibilização somente na próxima semana.

Na última entrevista coletiva, o prefei-to Leonaldo Paranhos deu a entender que simpatiza com um “abre e fecha”. Se a seta apontar para cima, ele poderá sugerir a estratégia de abrir uma semana e fechar to-talmente a outra, alternando flexibilização com “lacração”.

De toda a forma, o achatamento da curva ampliou o tempo necessário para montar a estrutura de atendimento. E nossa realidade parece muito distante da capital paulista, de Manaus, Rio de Janeiro, Fortaleza e Belém.

Em tempo: Mais de 40 profissionais de saúde de Cascavel foram submetidos ao teste rápido. Nenhum deles testou positivo. Saúde!

Casos confirmados por data de NOTIFICAÇÃO por semana

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UMAS & OUTRAS

24 de abril de 2020

E agora, telespectadores?

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Para os assinantes médicos Jair Crestani, Lisias Tome, Carlos Puppi, Bastos, André Kamchen, Carneiro, Dalvo, Ebrahim, Fá-bio Souza, Francisco Souza, José Luiz, José Fernando, Júlio Mizuta, Kendi Akut-so, Nagibi, Orival, Reno, Trigo, Rui, Júlio Zanini, Gionei, Menolli, Hamud, Juliana Viana, Selma Myazaki, Marisa Bárbara e todos os profissionais de saúde!

Aquele abraço

45 3038-2255nutricard.com.brO seu cartão de benefícios.

Em face a nossa impotên-cia diante do histérico império global dos caixões e corpos, nos resta poucas alternativas. Qual delas é sua preferida?

a) Copiar e colar da Vene-zuela, transmitindo a Voz do Bra-sil no lugar do Jornal Nacional...

b) Inspirar-se na China e obrigar o Bonner a encerrar a edição do dia com a imagem fofa do nascimento de um ursinho panda no zoo de Nova York.

c) Desligar a TV e dar likes

no perfil do tiozão do zap-zap. d) Informar-se pela astro-

logia e pela teoria da terra plana; fazer arminha com a mão para espantar o virus e ingerir doses cavalares de cloroquina.

e) Cassar a concessão da família Marinho e concedê-la para o “terrivelmente evangéli-co” bispo Edir Macedo.

Solidariedadel A Copacol realizou, on-

tem, a doação de 4 mil kits de luvas descartáveis e camisas plás-ticas impermeáveis, além de uma tonelada de carne de frango para o Hospital Universitário do Oeste do Paraná.l A rede Beal/Festval doou

mil cestas básicas com 19 itens para famílias de baixa renda em Cascavel. São 22 toneladas de alimentos. Uma parte das cestas vai para diaristas dispensadas pela crise da pandemia e taxis-tas idosos afastados das corridas.l O Super Muffato tam-

bém anunciou, hoje, a doação de 3 mil cestas para o Provopar.

Ela falou “Estou parecendo

esposa de caminhoneiro”.

(Fabíola Paranhos, sobre a prolongada ausência do mari-do, que se mudou para o Paço

um mês atrás. A propósito, o prefeito está à vontade na

nova morada. Na última quar-ta-feira, perto das 17 h, ele foi visto de chinelos e camiseta básica no “gabinete-leito”.)

TRANSPOESTE - Devido à pandemia, o Sindicato das Em-presas de Transporte de Cargas do Paraná - Sintropar, organiza-dor da Transpoeste, resolveu adiar o evento para o segundo semestre de 2020.  A feira es-tava agendada para os dias 20 a 22 de maio.

Pensata“Só quem está gritando é a Casa Grande. Arrumou

o quarto dela, a despensa está cheia. Tem seu próprio hospital. Lamenta muito o que está acontecendo, mas quer saber quando o engenho vai voltar a funcionar”.

(Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde)

pitoco@pitoco.com.br l 0324 de abril de 2020

ANÁLISE

Da cidade proibidaà cidade permitida

5 de junho de 1989. O “re-belde desconhecido” entra em frente a uma coluna de tanques, na avenida que dá acesso à Praça da Paz Celestial, n, em Pequim. Quase 31 anos depois, um en-fermeiro americano posiciona-se em frente a uma carreata convo-cada para pôr fim ao isolamento social em Denver, a cidade per-mitida. Que ligações é possível produzir a partir dos fatos?

Nunca se soube o nome do rapaz chinês. Ele sumiu. Há

Enfermeiro que parou carreata com o próprio corpo remete para a “imagem que mudou o mundo”, em Pequim

Jairo Eduardo - editor do Pitoco

versões conflitantes sobre seu paradeiro. Versões vão desde o fuzilamento do rebelde, 14 dias após desafiar os tanques, até um exílio salvador em Taiwan.

A China está presente tam-bém na cena de Denver. Uma mulher vestida com uma camisa em motivos da bandeira ameri-cana (o equivalente aqui no Bra-sil a camiseta da impoluta CBF), grita com o enfermeiro:

- “Vá para a China se você

quiser comunismo. Vá para a China”.

O enfermeiro manteve-se em silêncio. Vestindo uniforme médico turquesa e uma máscara N95, permaneceu ali, bloquean-do o tráfego no meio da estrada.

Na cabeça do chinês dos tan-ques, seu gesto poderia parar um massacre. Aos olhos do en-fermeiro americano, também. A mulher que grita da camionete deve ter seus motivos, suas con-vicções.

Qual será o lugar destes per-sonagens na história? Espera-se que não seja a lata de lixo, pois

teriam que entrar na fila. De mo-mento, latas, containers e aterros sanitários inteiros estão lotados de “líderes” políticos e seus se-guidores da linha “The Walking Dead”, os apóstolos da morte.

Em tempo: As poucas fo-tos do “rebelde desconhecido” - tiradas por correspondentes estrangeiros que esconderam os filmes e os tiraram da China clandestinamente - receberam muitos prêmios. A revista Time pôs o rebelde na lista das 100 pessoas mais influentes do sécu-lo. E a “Life” incluiu a foto dele desafiando os tanques entre as 100 fotografias que mudaram o mundo.

Pequim, 1989

Denver, 2020

24 de abril de 2020 04 l pitoco@pitoco.com.br

IFPR de Cascavel é responsável por munir Corpo de Bombeiros no combate ao Covid-19

CORONAVÍRUS

O coronavírus já produziu 200 mil mortes em todo o mundo e se aproxima dos 3 mil óbitos no Brasil. O que fazer para comba-ter a doença? Ligar para o Cor-po de Bombeiros? Infelizmente eles não vão poder te ajudar, o responsável para combater este vírus somos nós mesmos.

Inclusive, os militares do Corpo de Bombeiros são algumas das pessoas mais vulneráveis ao vírus. Os métodos para combater a doença já estamos cansados de saber: evitar contato, evitar sair de casa, uso de máscaras e higie-ne das mãos.

Foi pensando na sanitização das mãos que o Instituto Federal do Paraná e o Corpo de Bom-beiros de Cascavel fizeram uma

Munição em gel

Lucas Monteiro - estagiário parceria: “Nós tínhamos todos os insumos necessários para fazer o álcool em gel, menos o álcool 70. O Corpo de Bombeiros recebeu uma doação deste insumo, mas não podia transformar em álco-ol em gel”, relata Marcio Luiz Modolo, professor de Química do IFPR. Foi unindo o útil ao agradável que todos saíram ga-nhando.

A produção acontece no pró-prio Campus do IFPR, na região Norte de Cascavel, e foi levada a termo por uma equipe bem afi-nizada. “Somos dois professores, um aluno e um técnico em quí-mica”, relata Marcio. No total, 80 litros de álcool em gel foram produzidos em duas tardes de trabalho e já estão sendo utili-zados pelos militares.

Marcio destacou que a von-

tade do Instituto era produzir mais, porém a instituição está com falta de um dos insumos “O carbopol está em falta em vários lugares, a procura é grande no mundo todo e precisamos dele para conseguirmos produzir mais”.

Contradições? Por conta da produção do álcool em gel, um produto inflamável, o 4º Grupamento do Corpo de Bombeiros de Cascavel po-derá controlar mais incêndios na região, de forma segura e sa-nitizada.

n Laboratório do IFPR em Cascavel: álcool em gel para bombeiros

pitoco@pitoco.com.br l 0524 de abril de 2020

ENSINO SUPERIOR

Lições na telinha

Com o propósito de preservar a saúde de alunos, professores, colaboradores e toda a comuni-dade acadêmica, o Centro Uni-versitário de Cascavel - Univel passou a ter aulas online em tempo real devido à emergência global desencadeada pelo novo coronavírus (Covid-19).

A mudança busca garantir o cumprimento do calendário acadêmico para que não seja necessária reposição de aulas no futuro, oportunizando aos acadê-micos a continuidade dos seus estudos. “Estamos comprometi-dos com a segurança e a saúde de nossos alunos, professores, cola-boradores e visitantes. Em meio à turbulência dessa mudança, estamos trabalhando para tornar essa transição a mais organizada possível sob as circunstâncias e por isso pedimos a colaboração de todos durante esta fase”, diz o Pró-Reitor Administrativo da Univel, Lucas Silva.

Os alunos de graduação pre-sencial passam a ter aulas online em tempo real através da plata-forma AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem), onde podem estudar de casa, enviar dúvidas, comentários e interagir virtu-almente com os professores e colegas. As aulas online em tem-po real são uma novidade para alunos e professores, que estão utilizando a tecnologia para dar continuidade no processo de en-sino e aprendizado.

n Campus da Univel antes da epidemia e o acadêmico de Engenharia, Luis Eduardo, acompanhando aula em casa

A mudança para aulas online na Univel foi adotada como medida de precaução ao novo coronavírus

“Várias ações foram realiza-das: estruturamos o AVA com uma disposição didática que atendesse a todos os envolvi-dos nesse processo; criamos um plano de capacitação para todos os professores, para que fosse garantida a qualidade de apren-dizagem prezada pela Univel; e estamos acompanhando e dan-do suporte para professores e alunos durante o tempo que for necessário. Está sendo fantásti-co, pois a equipe tem se dedicado e mostrado adepta da utilização da tecnologia a favor da educação neste momento em que estamos passando”, diz a Coordenadora Pedagógica do Núcleo de Educa-ção à Distância, Flávia Adada.

Para a acadêmica do 9º perí-odo de Direito, Isabela Ferrari Berti, a aula online está sendo positiva. “O sistema flui, os pro-fessores dão aula com calma para que possamos compreender bem a matéria e as dúvidas são tiradas por meio do chat. Estamos indo bem”, conclui Isabela. (Fonte: Núcleo de Comunicação da Univel)

Rodr

igo

Viei

ra

24 de abril de 2020 06 l pitoco@pitoco.com.br

Quatro estações. O nome foi inspirado nas belas

obras do compositor italiano An-tonio Vivaldi. Ele compôs con-certos para cada estação do ano.

Então, pensei em criar algo voltado à fotografia que mos-trasse as estações em nossa re-alidade.

As imagens foram produzidas nas quatro estações do ano e re-tratam o ciclo do ipê roxo, árvore presente na Avenida Brasil, nas proximidades da Praça Itália.

Percebi que a árvore mudava suas características conforme a passagem das estações. As fotos foram feitas no mesmo local.

ENSAIO

A primeira foto que fiz mostra as folhas amareladas. Foi tirada nas últimas semanas do verão. A imagem das árvores secas, obser-vamos nos meses frios e foi foto-grafada no outono.

A florada é interessante, pois acontece durante a passagem de estações, sendo o auge registrado no inverno.

E após os meses de frio, ob-servamos todas as folhas surgin-do verdinhas novamente, entre o inverno e primavera. Vida que segue!

A imagem foi muito aprecia-da pelos amigos e fiquei impres-sionado com as dimensões que

ela tomou, em meus perfis das redes sociais:mais de 1.200 cur-tidas, 450 compartilhamentos e 150 comentários.

A ideia é transformar as ima-gens em impressões, em quadros para decoração e outras lem-branças, como um jogo de pos-tais, jogo da memória e canecas coloridas. As quatro estações também serão a capa do calen-dário 2021.

Tenho retratado outras árvo-res da cidade, como as paineiras e cerejeiras... elas também têm suas peculiaridades em cada estação!

Figurinos do ipê roxoCaprichosamente, o repórter fotográfico Julio Szymanski postou-se exatamente no mesmo local em quatro estações diferentes do ano para obter as imagens reproduzidas nesta composição fotográfica. A referência é o ipê, árvore símbolo de Cascavel, mutante como a vida, que aqui troca o figurino a cada 90 dias. Nas linhas ao lado, o artista da fotografia descreve os detalhes da imagem mais compartilhada da cidade neste ano:

Trocando camisasSe todos os rios são doces, de onde o mar tira o sal?Como sabem as estações do ano que devem trocar de camisa?Por que são tão lentas no inverno e tão agitadas depois?E como as raízes sabem que devem alçar-se até a luz e saudar o ar com tantas flores e cores? l Pablo Neruda

l Julio Szymanski - fotógrafo