Caserna nº22

16
Agosto de 2012 Director: José Rachado Adjunto: António Gomes Subdirectores: Tiago Rachado, Élia Felício Grafismo: Mário Pinto Propriedade: União Desportiva de Felgar Redacção: Felgar Fundadores: Dinis Teixeira, Olinda Sá, José Rachado - 1994 CASERNA DO CIMO DO LUGAR Genealogias Felgarenses Pág. 4, 5 Viagens para “A Minha Terra” Pág. 5, 6 As Actividades da União Desportiva de Felgar Pág. 6 Jardim de Infância de Felgar Pág. 7 2012 Um Ano Amargo Pág. 10 A Festa na Minha Infância Pág. 12, 13 Farrapos de Memória Pág. 14, 15 Em destaque na reportagem fotográfica o Passeio Pedestre do Sabor CASA DA MÚSICA COM SONS DO FELGAR Nº 22

description

Jornal da Freguesia do Felgar

Transcript of Caserna nº22

Page 1: Caserna nº22

Agosto de 2012

União Desportiva de Felgar Fundada em 24 de Julho de 2000

1

Agosto de 2012

Director: José Rachado

Adjunto: António Gomes

Subdirectores: Tiago Rachado, Élia

Felício

Grafismo: Mário Pinto

Propriedade: União Desportiva de

Felgar

Redacção: Felgar

Fundadores: Dinis Teixeira, Olinda

Sá, José Rachado - 1994

CASERNA A

DO CIMO DO LUGAR

Genealogias Felgarenses Pág. 4, 5

Viagens para “A Minha Terra” Pág. 5, 6

As Actividades da União Desportiva de Felgar

Pág. 6

Jardim de Infância de Felgar Pág. 7

2012 – Um Ano Amargo Pág. 10

A Festa na Minha Infância

Pág. 12, 13

Farrapos de Memória Pág. 14, 15

Em destaque na

reportagem fotográfica o

Passeio Pedestre do

Sabor

CASA DA MÚSICA COM SONS DO FELGAR

Nº 22

Page 2: Caserna nº22

2

Sonhos

Como sabem, desde há cinco números para cá que

escrevo longe da nossa encantadora freguesia. Através

de editais, consegui sempre expressar o meu ponto de

vista, perceptível e concordante para uns, para outros,

discordante para uns terceiros, atreveria-me a

considera-lo demasiado elaborado para o

acompanharem.

No nosso concelho vivemos, hoje, dias de muita

agitação, com ênfase bem acentuada na nossa freguesia.

Se por um lado temos a Barragem do Baixo Sabor em

plena velocidade de cruzeiro, no que respeita à

construção, por outro, temos as minas de ferro a

começarem a ser uma verdadeira novela. Decerto que o

Tozé Martinho já a está a programar para os serões da

TVI. Mas não entrarei já por aí.

Começo aqui por dar ênfase a mais um feito da nossa

banda de música. Depois de em 1998 ter-se deslocado à

EXPO’98 de Lisboa fazer um Concerto, depois de ter

feito o mesmo na Feira Popular, eis que recebo a notícia

de que actuou na Casa da Música do Porto, no passado

dia 29 de Julho. Como músico, que por lá passei, fiquei

tão orgulhoso que não poderia deixar escapar este

espaço sem congratular todos os músicos e dirigentes

que nela trabalham. Numa altura em que a formação

desportiva na Freguesia deixou de existir, as escolas

pré-primárias e primárias estão prestes a fechar, surge

um exemplo de força e vontade de mostrar o que de

melhor temos. Vejo nas fotografias muita juventude,

dando o exemplo de que é possível manter uma banda,

em Trás-os-Montes, com qualidade musical, que a leva

aos melhores palcos culturais do nosso país.

A União Desportiva também se mostrou com a

organização do Convívio do Sabor, onde juntou quase

duas centenas de pessoas que puderam deslumbrar-se

com um passeio por paisagens maravilhosas. Muitas

destas paisagens ficarão debaixo de água, pelo que

eventos destes são de louvar, uma vez que associam a

prática desportiva à possibilidade de deslumbramento

das paisagens maravilhosas que caracterizam toda a

nossa região do Baixo Sabor. Por outro lado temos o

nome Felgar constantemente em jornais e revistas.

Tudo isto por causa da possibilidade da reabertura das

Minas de Ferro.

Foi no dia 21 de Outubro de 2011 que surgiu a notícia

de um mega-investimento de mil milhões de euros, por

parte da empresa Rio Tinto, na exploração de minério

de ferro. Fala-se que as quantidades de ferro foram

medidas e indicadas como sendo cerca de 552 milhões

de toneladas, tornando o local como um dos maiores

depósitos de minério de ferro da Europa. Sem dúvida

que esta seria a melhor notícia a dar a todos. No entanto

compete aos nossos dirigentes, que dizem ser o “Ferro a

Alma da Terra”, lutar para que este sonho se torne

realidade.

Leio e acompanho notícias, num dia o negócio de

milhões está praticamente concluído e os governantes

locais dizem “ver para crer”, no dia seguinte já tudo é

especulação e o negócio não avança. Nesta situação o

que avança é a voz crítica de alguns dirigentes locais,

que face à incapacidade e falta de vontade de

implementar um negócio privado que implicaria a

autossuficiência de centenas de famílias, vêm

rapidamente criticar e afirmar que estamos perante uma

“miragem das minas”.

A ideia é cruzar os braços e não criar expectativas, se o

negócio avançar tudo bem, se não avançar também não

iremos forçar nem ir à luta, para fazer deste sonho de

uns, a realidade de todos.

É aqui em que tem de se saber separar o orgulho ferido

da inviabilização de uma obra, neste caso a construção

de um parque eólico, do negócio que constituiria

certamente a viabilização de todo a economia do

concelho nas próximas décadas.

No meio de tudo isto o que se sabe é que uma empresa,

de nome MTI, tem a concessão das minas até 2070 e

que estamos perante um caso tipicamente português, em

que estamos todos na expectativa. Se avançar, poucas

vozes congratularão os responsáveis, se o negócio sair

“furado” muitos esfregarão as mãos, encherão páginas

de jornais com críticas ao trabalho de quem tentou

tornar este sonho numa realidade.

Por: José Rachado

Editorial

Page 3: Caserna nº22

Agosto de 2012

União Desportiva de Felgar Fundada em 24 de Julho de 2000

3

A Banda do Felgar na Casa da Música

Fotografias enviadas por: Élia Felício

Page 4: Caserna nº22

4

Genealogias Felgarenses

Com o presente artigo, e desengane-

se quem possa pensar o contrário,

não vou dissertar sob o tema

referido em título, vou, isso sim, é

fazer uma chamada de atenção e um

pedido ou um apelo a todos os

felgarenses espalhados por tudo o

que é sitio.

Mas, previamente, devemos ter

presente a realidade dinâmica que é

o estudo do passado no que

concerne ao indivíduo e á sua

estirpe. De facto, para melhor

compreendermos a história do

Felgar e a evolução da sua

organização politica, económica e

social de cada época, temos de

socorrer-nos de várias fontes

tentando reconstruir o passado que

se deseja conhecer.

Se qualquer um de nós pretende

reviver alguma coisa que se passou

consigo recorre à imaginação para a

reconstituir, com o auxílio da

memória, das circunstâncias, dos

acontecimentos e das figuras. De

igual modo, no caso de se tentar

obter uma visão ou ideia mais

completa da vida de uma sociedade

ou das pessoas e instituições numa

época pretérita, a complexidade do

tema leva a que nos tenhamos de

socorrer de fontes auxiliares que

ajudam à interpretação e

compreensão desse viver.

Assim, o investigador é forçado a

socorrer-se, entre outros, de

diversos auxiliares que melhor o

ajudam a compreender e a

completar os conhecimentos deles

extraídos para se tentar fazer a

história de uma sociedade e de uma

dada época histórica. Aqui, o

investigador tem de, em 1º mão,

socorrer-se das ditas fontes

auxiliares, maxime, documentos

escritos [diplomática, paleografia,

filologia] do estudo do meio físico

[arqueologia, epigrafia, toponímia,

numismática] e do meio social

envolvente, aqui estudando uma

série de gerações pertencentes a

uma família, tentando compreender

a sua origem e procedência

[genealogia].

Por mero amadorismo e bairrismo,

temos andado a recolher e a

compilar elementos e dados

biográficos, elaborando árvores

genealógicas de diversas famílias

felgarenses. Nas horas gastas nestas

investigações genealógicas temos

deparado com situações

verdadeiramente interessantes da

vida social, cujo exemplo mais

marcante é o de termos constatado a

situação de haver famílias cujos

apelidos pura e simplesmente

desapareceram da antroponímia

local, [estou a lembrar-me das

famílias Castro Valente, Piconez,

Negrão, Noga, Lobão, Guerra,

Jáco…] e observar que nos ciclos

naturais da vida, por exemplo, nos

nascimentos, o registo obrigatório

do legítimo recém-nascido, figurava

a par das situações, então sempre

indesejáveis e moralmente

condenáveis, de elevado índice da

filiação natural.

Através do estudo das genealogias

felgarenses, se os elementos

biográficos mais vulgares nos

aparecem em catadupa : nome,

filiação, profissão ou ofício, data de

nascimento, casamento e óbito,

também outros fenómenos mais

laterais nos surgem e até nos

surpreendem pela sua

ocasionalidade. Estou a pensar nas

crises sociais: o elevado nº de óbitos

em 1890, a devastadora malina e a

quarentena de 1905, a pneumónica

de 1918, a elevada taxa de

mortalidade infantil, vulgo

garrotilho, mas, sobretudo, um

outro fenómeno que marcou

indelevelmente uma época : a

emigração.

Manuel Luíz Rachado e Família

(foto E.C.)

Histórias Contadas

Page 5: Caserna nº22

Agosto de 2012

União Desportiva de Felgar Fundada em 24 de Julho de 2000

5

Tudo isto são assuntos e temas

laboriosos que exigem mais

investigação, um maior cuidado e

apoio nas fontes auxiliares supra

referidas. E se sobre o meio físico

temos a sorte de estarmos agora

rodeados duma plêiade de

arqueólogos e demais classes

profissionais deveras qualificadas,

com a maior taxa de ocupação por

m2 em Portugal – barragem oblige –

os quais, com a maior competência

e conhecimentos super

profissionais, tal a profusão de

artigos, publicações cientificas e

newsletters publicados, nos vão

explicar as nossas origens,

tentaremos também contribuir,

ainda que mais modestamente, para

uma melhor compreensão do meio

social utilizando as genealogias

felgarenses.

E como não é trabalho para um

homem só, é claro que para melhor

estudar e divulgar as genealogias,

faço um apelo a todo o felgarense

no sentido de que, sendo possuidor

de vários documentos, registos e

fotografias dos seus antepassados,

nos faça chegar, por correio

electrónico, cópia e dados

biográficos dos mesmos para:

[email protected]

É evidente que, caso um dia se

publiquem as genealogias

felgarenses, sempre farei referência

à pessoa que me faça chegar

qualquer elemento documental dos

nossos avoengos.

Muito obrigado!

Por: Carlos Seixas

Viagens para a “Minha Terra”

Fui ao Felgar no fim-de-semana de

21 e 22 de Julho 2012. Não demorei

mais de 02 horas a fazer o trajecto!

Deliciei os meus filhos e a minha

esposa com histórias de viagens

intermináveis que fiz, quer de carro

quer de comboio, desde 1974.

A viagem começava bem cedo,

pelas 06h30 da manhã no autocarro

da UTIC (União de Transportes dos

Carvalhos), lá íamos pela N1 desde

os Carvalhos até á R. do Loureiro

no Porto. O comboio da linha do

Douro, saía ás 07h45. Já se ouvia ao

altifalante...

- Senhores passageiros, vai partir da

linha nº1 o comboio da linha do

Douro com destino a Barca D`Alva.

Efectua paragens em........., atenção

á sua saída.

Tentávamos os melhores lugares,

aqueles que nos possibilitavam ver

o Rio Douro na sua plenitude

durante mais tempo, era o início da

viagem que nos levaria ao Felgar,

aos nossos amigos e aos nossos

Pais.

Entre a estação de S. Bento e

Valongo, viajava normalmente uma

ceguinha. Dizia-se na altura que

estaria rica, fruto das esmolas. Era

frequente entrar também um

invisual com uma concertina. O

comboio ganhava vida, música e

alegria. Alegres também estávamos

nós pois íamos ao encontro dos

nossos.

Em Valongo os pregões da regueifa

eram música para os nossos

ouvidos...

Olha á regueeeeeeiiiiifaaaaa.

O som estridente ecoava pela gare.

Lá nos empoleirávamos nas janelas

para comprar a dita cuja. Bastas

vezes o comboio começava a

marcha e algumas vendedoras ainda

corriam para receber. Fanfarrões

alguns passageiros brincavam com a

situação.

O comboio, vagaroso, lá ia

serpenteando seguindo o curso do

Rio Douro fazendo parte integrante

de uma paisagem que haveria de

tornar-se património da

Humanidade.

Pouca terra, pouca terra... qual

quê... muita! Nunca mais acabava.

Entre um sono e uma ida á casa de

banho lá íamos matando o tempo. A

chegada á Régua era pura

adrenalina.

- Estação da Régua. O comboio, que

acaba de dar entrada na 1ª linha 1ª

plataforma, procede de Porto/S.

Bento e destina-se a Barca D`Alva.

Os passageiros com destino á linha

do Corgo devem mudar para a via

estreita...

O comboio parava cerca de 15

minutos, era o tempo que

precisávamos para sair, ir ao bar da

estação comprar uma sandwich e

um sumo e voltar. Sempre com o

ouvido atento ao altifalante. Se

desse tempo ainda dava para uns

Page 6: Caserna nº22

6

rebuçados de açúcar e caramelo.

E lá continuávamos, agora mais

moídos da viagem, começava a

custar estar sentados. Um pouco

mais e estávamos no Tua, hora de

despedida de alguns colegas que

mudavam de comboio com destino

a Mirandela e Bragança. O Luís

Mário, o Narciso, o Calado lá

saltavam o mais rápido possível

para apanharem lugares sentados.

Normalmente a vantagem de ser

ágil dava os seus frutos. Agora,

anos estes volvidos, de quando em

vez vou à Estação do Tua, ao

“Calça Curta” e recordo estes

momentos.

O comboio, agora, abrandava a

marcha. O estado da linha a isso

obrigava. Ferradosa, passávamos a

ter o Rio Douro á esquerda. Freixo

de Numão, quem imaginaria que

viria a ser tão visitado por turistas

que chegam de barco? Alegria,

Vesúvio.

Finalmente Pocinho! Toca a correr

para o comboio da Linha do Sabor.

Eramos muitos, do Felgar, de Duas

Igrejas, de Miranda. Estava quase.

A fome já apertava e já se comia

qualquer coisa.

Lá começávamos a subir do

Pocinho no “texas”, estava quase,

Torre de Moncorvo, Larinho,

Carvalhal, começavam as

despedidas até á volta, o Raposo, o

Amilcar, o Jorge Cordeiro, o

Morais, o Paulo e o Horácio Preto

continuavam até Vimioso e Duas

Igrejas. Finalmente o Felgar!

Cabeço a baixo até aos Barreiros, a

esta hora não havia problema, corria

para casa para encontrar os meus

Pais e o meu Irmão... e almoçar,

claro, que fominha já passava das

14h00. Para trás ficou o “texas” que

continuava a ouvir ao longe e mais

uma viagem desde o Porto. Estas,

para casa, não custavam. Agora era

aproveitar as férias o mais possível,

matar as saudades e desejar que o

dia de volta ao Porto não chegasse.

Boas Férias!!!

Por: Luis Guimarães

As Actividades da União Desportiva de Felgar

No período Primaveril as

actividades da União Desportiva

de Felgar quedaram-se pela

realização da segunda edição do

Convívio Rio Sabor. Depois do

sucesso que caracterizou a primeira

edição, muito grande era a

perspectiva, trazendo gente de

várias partes do Distrito.

O evento que contou com a

presença de cerca de duas

centenas de participantes,

dividiu-se por duas frentes.

A actividade que juntou maior

número de participantes foi o

passeio pedestre. Teve início

junto à sede da União Desportiva

de Felgar, no Bairro do Pombal e

percorreu mais de 9 Km até

terminar na margem direita do

Rio Sabor, onde em paralelo

decorria o torneio de pesca

desportiva.

A passagem no Santuário de

Nossa Senhora do Amparo

constituiu o primeiro atractivo do

dia. Seguiu-se a descida para

Fonte Nogueira, local de

histórias infindáveis.

Saídos da povoação, eis que

chega a parte descendente do

percurso, por entre oliveiras,

amendoeiras, carrascos e outras

belezas florística, chega a hora

de cruzar o Ribeiro dos Moinhos,

local de onde resultaram

magnificas fotografias com o

atravessar do ribeiro por parte

dos participantes, aproveitando

alguns para refrescar as pernas e

os pés..

Um local fresco convidativo ao

primeiro abastecimento do dia.

Energias repostas, seguiu-se

caminho rumo ao contacto visual

com o Rio Sabor e com a encosta

da Pendura, ponto magnífico

para captação de imagens para

mais tarde recordar. Dali foi

acompanhar a descida do rio até

ao pontão, onde se tirou a

fotografia de grupo, antes da

junção com os participantes a

prova de pesca desportiva, para

um convívio.

Um porco no espeto, esperava os

participantes, acompanhado com

um caldo-verde revitalizante, um

espaço agradável e uma tarde

onde até o bom tempo serviu de

atractivo aos participantes.

Por: José Rachado

Histórias Contadas

Histórias Contadas

Page 7: Caserna nº22

Agosto de 2012

União Desportiva de Felgar Fundada em 24 de Julho de 2000

7

Jardim de Infância de Felgar

No âmbito do projeto dos Jardins-de-infância do

Agrupamento de Escolas de Torre de Moncorvo, “Os

Animais são os nossos amigos”, os alunos do Jardim-de-

infância do Felgar, sob a orientação da sua educadora,

Dulce Corvo, elaboraram frases sobre diversos animais e

construíram uma quinta com os seus animais. Neste

número apresentam-se as fotografias deste trabalho com

as transcrições das frases proferidas pelas “nossas”

crianças.

“Numa Quinta muito grande há muitos animais, é difícil

escolher de qual eu gosto mais.”

“O cão é meu amigo, vai comigo a todo o lado.”

“O patinho amarelo, gosta de brincar no lago.”

“A vaquinha dá-nos leitinho, tem o corpo todo

malhadinho.”

“A ovelhinha dá-nos a lã para fazermos a camisola para a

mamã.”

“Lá no estábulo o burro e o cavalo, acordam com o cantar

do galo.”

“Porquinho rosadinho, às vezes é mealheiro, aqui na

quinta serve para o fumeiro.”

“Os ovos dá-nos a dona cá-cá-rá-cá.”

“Ora digam lá se eu não tenho razão, escolher um animal

é uma grande indecisão.”

Informação de: Célia Ferreira

Page 8: Caserna nº22

8

Dia de Passeio…

Reportagem Fotográfica

Page 9: Caserna nº22

Agosto de 2012

União Desportiva de Felgar Fundada em 24 de Julho de 2000

9

… Pescaria e Convívio

Fotografias de Manuel Pinto

Page 10: Caserna nº22

10

2012 – Um Ano Amargo

O interior está num processo de

desertificação. Todos os sabem. A

questão demográfica não pode

mais ser ignorada.

Antiga Escola Primária

Apresentam-nos planos, estudos,

propósitos e intenções para

contrariar esta tendência. Tudo

embrulhado em discursos feitos de

palavras bem

medidas, procurando sossegar as

almas mais inquietas.

Mas a realidade dos números fala

mais alto e a inquietação aumenta.

Inquietação que um dia levará à

indignação e desta à contestação.

Mas talvez já seja tarde demais.

Espanta-me a placidez

generalizada. Surpreende-me a

ausência de agitação. Indigna-me o

silêncio e a inércia dos instalados,

à espera que a desgraça passe ao

lado.

Mas não passa.

Faltam alunos, desaparecem

professores, abalam famílias para o

litoral apinhado. Mingam os

negócios, fecham os comércios.

Abandona-se a produção associado

ao setor primário – “dá prejuízo,

não há escala” – dizem.

E o processo de litoralização

continua de forma, aparentemente,

irreversível.

Vêm estas palavras a propósito de

um acontecimento que marcará,

pela negativa, a história de Felgar.

Neste ano de 2012 o Ministério da

Educação e Ciência manda

encerrar a Escola do 1º Ciclo do

Ensino Básico. Usemos a

terminologia antiga: fecharam a

Escola Primária!

Escola Primária

Fecha a do Felgar, encerra a do

Carvalhal. Não resta agora uma

Escola Primária a funcionar nas

aldeias. Todas as crianças em

idade escolar passarão a ser

deslocadas para a sede do

Concelho.

Isto dá que pensar. Ver a nossa

terra definhar, o Cimo do Lugar

cada vez mais vazio, as ruas

desertas e as casas vazias é triste.

A quase ausência da algazarra

típica das crianças cria um silêncio

pesado, quase doloroso.

Alunos da Escola Primária do Felgar, Turma

Feminina de 1931-32

Em fotografias de 1931-32

contam-se 65 rapazes e semelhante

número de meninas, o que daria o

número simpático de 130 alunos.

Alunos da Escola Primária do Felgar, Turma

Masculina de 1931-32

Já em fotografias datadas de 1946

contam-se 110 crianças a

frequentar a Escola Primária de

Felgar: 50 rapazes e 55 meninas.

Alunos da Escola Primária do Felgar, Turma

Masculina de 1946-47.

Hoje, a escolaridade é obrigatória.

O Concelho TODO tem apenas

184 alunos inscritos no 1º Ciclo do

Ensino Básico (a antiga Escola

Primária), assim distribuídos:

1º Ano – 47 alunos.

2º Ano – 45 alunos.

3º Ano – 41 alunos.

4º Ano – 51 alunos.

Não é com o encerramento de

serviços que a desertificação se

combate. A escola é mais do que

um local onde se aprende. A

Escola é um símbolo de uma terra!

Por: A. Manuel Teixeira

Opinião

Page 11: Caserna nº22

Agosto de 2012

União Desportiva de Felgar Fundada em 24 de Julho de 2000

11

O que fez Notícia

No Correio do Minho, no último mês de Fevereiro,

veio noticiada uma exposição na cidade de Barcelos

com referência à, olaria do Felgar.

A Sala Gótica dos Paços do Concelho acolheu, a partir

de 1 de fevereiro, uma exposição de louça preta, louça

vermelha fosca, louça vidrada e miniaturas, intitulada

“Olaria do Norte de Portugal: uma panorâmica”,

referente à olaria portuguesa produzida entre o último

quartel do século XIX e a primeira metade do século

XX.

As peças expostas encontram-se em depósito no Museu

de Olaria desde 1998.

Estão expostas peças de Prado, Parada de Gatim,

Barcelos e Guimarães (Braga); Bisalhães, Vilar de

Nantes e Selhariz (Vila Real); Calvelhe, Pinela,

Bragança, Bemposta, Mirandela e Felgar (Bragança);

Gondar e Gôve (Porto); Fazamões (Viseu).

A exposição é complementada por uma descrição dos

tipos de louça, caracterização e respectivos métodos

de produção. A maior parte das fotografias desta

exposição são da autoria de Santos Júnior e pertencem

ao arquivo fotográfico da Biblioteca Municipal de

Torre de Moncorvo.

No Jornal Nordeste, no passado mês de Janeiro,

podemos ler uma notícia relacionada com os achados

arqueológicos em Silhades (no periódico vem referido

como Cilhades).

Ainda não há uma solução para os achados de

Cilhades, um antigo povoado em Felgar (Torre de

Moncorvo), que será submerso pela barragem do

Baixo Sabor, e que tem sido alvo de investigação por

parte dos arqueólogos responsáveis por acompanhar

os trabalhos de construção da barragem.

De acordo com Filipe Santos, arqueólogo responsável

por aquele sítio, tem havido cada vez mais curiosos a

visitar o local das escavações, em busca de tesouros

escondidos, o que tem causado constrangimentos.

“Com as notícias que têm saído na comunicação

social, há pessoas que pensam que vão encontrar um

bezerro em ouro aqui enterrado. Não é nada disso.

Mesmo as moedas encontradas [cinco] não têm grande

valor comercial”, frisou aos jornalistas.

Para já, sabe-se é que as descobertas terão de ser

acondicionadas num local próprio para o efeito, que

evite a degradação das peças metálicas (pontas de

lanças, adornos de vestuário, ferramentas agrícolas) e

vestígios ósseos (sobretudo esqueletos).

Em Tempo de Festa Foi no passado dia 4 de Agosto que a União Desportiva

de Felgar organizou o torneio de paintball. Apesar do

pouco movimento de emigrantes que ainda se fazia

sentir por essa altura, o torneio contou com a

participação de 4 equipas constituída por 3 elementos

cada.

As equipas defrontaram-se A (Alexandre Pando, Bruno

Martins e Ruben Leal) Vs B (António Gomes, Carlos

Seixas e Luis Bento) e C (Dinis Teixeira, Luis Canadas

e Rui Abrunhosa) Vs D (Jorge Abrunhosa, Tiago

Teixeira e Ruben André), sendo eliminadas a equipa B

(2-0) e equipa D (2-0) sendo os jogos ganhos á melhor

de 3. Seguiu-se o jogo de 3º e 4º lugar entre as

eliminadas onde a equipa D saiu vencedora (2-1). A

meia-final disputou-se entre as equipas A e C sendo um

jogo bastante renhido e bem disputado onde a sorte

sorriu a equipa A tendo ganho por 2-1.

Conhecidos os vencedores deste torneio eis que chega

a hora de convívio com um jantar no polidesportivo

onde reino a boa disposição apesar da classificação não

agradar a todos.

Por: António Gomes

Page 12: Caserna nº22

12

A Festa da Minha Infância Nas últimas semanas o

sentimento é o mesmo de

sempre. Nesta altura do

ano, algo me pede para

preparar a bagagem e

abalar para o Felgar.

Porém, ainda é preciso

esperar até que as férias

comecem!

Quando era miúdo, tal

como agora, o Felgar

sentia-se em casa todo o

ano, até porque as viagens

eram frequentes, mas

quando chegava a Festa

era especial e chegado o

Verão, era tempo de

começar a preparar a

viagem.

A Teresa Canária discutia

sempre com o Augusto

Pardal, porque havia

sempre muitos sacos, nem

sei de onde vinha tanta

coisa. Isto claro, para

além do farnel, porque ir a

restaurantes era coisa

proibida! Às vezes

também viajava com os

meus pais, mas por regra,

eles juntavam-se a nós

mais tarde.

Chegado o dia da partida,

era levantar cedo e ir para

o Martim Moniz apanhar

a carreira, naquela altura

não havia direito a viagem

de carro. A carreira

levava-nos pelo país

profundo, pois na altura

só havia auto-estrada até

Carregado e dali para

cima, resumidamente, era

parar no Alto da Morcela

para o pequeno-almoço,

entrar em Coimbra para

apanhar mais passageiros,

subir o Luso, passar por

Celorico da Beira e o

mais difícil estava a

chegar. Era o dia inteiro a

viajar!

Chegados a Foz Côa,

começavam-se a ver as

primeiras curvas a

caminho do Pocinho, não

sei quantas eram, mas

hoje parecem-me muitas

menos (e ainda não estou

a pensar no novo IP2)!

A ponte sobre o Douro

era estreita (nos dias de

hoje está interditada) e se

a entrada era fácil, do lado

norte era mais

complicado, pois a saída

não era em frente, era em

cotovelo, o que obrigava a

várias manobras. Muitas

vezes havia uma escala na

Mêda e trocava-se para

uma carreira mais

pequena. Tenho pena que

tanta gente se esqueça tão

depressa de como as

coisas eram e não dêem

valor ao que temos hoje!

Mas a jornada continuava

e ainda nos esperavam

mais curvas, estas as

particularmente mais

difíceis e enfim chegados

Moncorvo.

Depois de um pulinho até

ao Felgar, lá ficava a

Teresa feliz por sentir

novamente as pedras da

sua Calçada e a Leonídia

Rosinha feliz por ver o

neto.

Os primeiros dias eram

para as arrumações e

matar as saudades. Em

casa da minha avó

Leonídia havia sempre

bom salpicão e chouriça.

Chegava sempre antes dos

meus primos, às vezes

pouco sobrava para eles!

Ainda faltava muito para

a Festa, mas havia sempre

muita coisa para fazer, a

maior parte das pessoas

ainda não repartia as

férias por outros sítios e

quando entrava Agosto a

animação já era grande.

Cada vez ia chegando

mais gente e os dias

passavam-se quase

sempre fora de casa,

muitas vezes a ajudar a

pôr os postes com os

enfeites das ruas e da

estrada para o Santuário.

Pelo meio haviam as idas

à Vila, a feira de ano no

13 de Agosto e longas

caminhadas e pedaladas

de bicicleta entre o Prado

e o Carvalhal, o Cabeço e

a Serrinha, o Ribeiro dos

Moinhos e o Rio e até

Vale Ferreiros. Muitas e

Lembranças

Cima: Albertina, Delfim Pardal, Teresa Canária, Leonídia Rosinha

Baixo: Antoninho e Acácio Rosinha

Cima: Albertina, Delfim Pardal, Teresa Canária, Leonídia Rosinha

Baixo: Antoninho e Acácio Rosinha

Page 13: Caserna nº22

Agosto de 2012

União Desportiva de Felgar Fundada em 24 de Julho de 2000

13

deliciosas estórias

contadas pelo meu avô

tive oportunidade de

escutar, lembrando os

tempos em ia a pé para

trabalhar no Ferrominas,

ou apanhar peixes no rio.

Também aprendi coisas

sobre o campo e não

foram poucas as vezes em

que ia ajudar quando

alguém precisava. Claro

que eram os meus avós

que controlavam tudo!

Mas hoje quero ficar

apenas pelas diversões.

Muitas vezes ficava até

Setembro e para além da

vindima, o velho Peugeot

do pai do Victor Laranja

levava-nos às Festas do

Larinho, Felgueiras,

Picões ou do Santo, mas

daqui não passo. Já não

era assim tão novo e estas

memórias só podem ser

contadas daqui a muitos

anos.

Haviam as noites do Vale

e o quino, onde a cada dia

que passava era mais

complicado comprar um

cartão, as pessoas talvez

saíssem menos para

discotecas e outros

passatempos. E lá se

passavam longas horas a

ouvir falar do “pilinhas” e

da “feira de Moncorvo”,

até que alguém gritava

“alto”.

Após várias noites de

quino, os esperados

carrinhos de choque

chegavam e a Festa era

outra. Pelo menos

enquanto havia dinheiro

para as fichas. Às vezes

também se tinha sorte,

quando encontrava

alguma caída.

No sábado tínhamos as

provas desportivas com o

tiro aos pratos de manhã e

o futebol à tarde. Nalguns

anos, também havia

atletismo e jogos

tradicionais, dos quais

ainda guardo algumas

taças!

Chegado o Domingo, era

momento de vestir as

melhores roupas e de

preparar os assados e os

bolos.

Com vários dias de

antecedência já se havia

comprado do melhor que

se podia e a minha avó já

tinha começado a

negociar ardorosamente

um lugar no forno.

Depois da alvorada, da

arruada das bandas, da

missa e do almoço,

começava a procissão,

onde se participava com

maior ou menor presença

(em baixo, eu e a minha

avó Teresa, talvez em

1981).

À noite, o grande arraial,

com carrosseis e bailarico

até de madrugada, que

muitas vezes terminava

com uma arruada de

gaitas pelas ruas.

Chegada a segunda de

manhã tudo parecia

mudar, até o clima.

Muitas vezes há uma

trovoada no Domingo da

Festa, mas a partir da

segunda tudo me parecia e

parece diferente, o calor

vai encolhendo, os dias

ficam mais doces e o

vento faz-se sentir de

outra maneira.

Começavam as abaladas,

as avós que ficam viam os

seus netos a acenar e em

breve partiria eu também.

Era o pior dia de todos,

entrar na carreira para ver

a Terra ficar para trás,

puxava sempre uma

lágrima. Nesta altura a

partida era sempre

especial, não sei porquê

era sempre diferente das

outras.

Depois de mais um dia de

viagem, lembro-me de ver

a tristeza dos meus avós

quando a carreira se

aproximava de Lisboa.

Ainda hoje, sinto o

mesmo, por isso prefiro

viajar de noite, seja em

que altura do ano for, só

para não ver e atenuar

aquela triste recordação.

Mas como diz o ditado,

“Rei morto, Rei posto”,

terminada a Festa de um

ano é preciso começar a

pensar na do próximo!

Por: Nuno Cardoso

Page 14: Caserna nº22

14

Farrapos de Memória

Olaria do Felgar 1943

Recordando o Ti António Rebouta, de alcunha o Ti

António Roberto.

Na tessitura da vida, sendo o "poeta um fingidor" houve

mãos robustas e robertas que, para além do pão que o

diabo amassou, fingiram barros misturados tal como

tecedeiras fizeram, de orelos gastos, colcha nova e

padeiras levedaram farinhas, a fingir que dormiam em

cobertores de papa multicores. São exemplo de mãos

sábias a Tecedeira Elsa Praça, a forneira e queijeira

Maria, minha mãe, e o último Louceiro, razão de ser

destes dizeres.

O Ti António Louceiro dava novas vidas e formas a

barros amassados que seriam seu sustento e saciadores

de sedes de aristocratas e de povoléu de muitos suores

sofridos nas travessias de muitas e minguadas vidas.

Nas encruzilhadas dos Quatro Caminhos, assinalado pelo

Cruzeiro, vizinho e símbolo de cenas quase bíblicas que

no vídeo do Lelo podemos ver uma Maria cristã e

louceira seguidora de antepassado burro de Jericó. É uma

tríade: O Louceiro, sua companheira e o animal burro, o

mais resistente a caminhos quase desertos e pedregosos

como os arenosos das Chãs apontados por aquele

símbolo bíblico.

Que meditações e que caminhos da existência não terão

tido o Ti Roberto que desde os treze anos deu

continuidade a trabalhos de pai, avós, sendo estes

seguidores daqueles humanos de Ur da Grande Meso

potâmea?

Quantas vezes não terá ouvido o Último Louceiro do

Felgar a afirmação: " e da costela de Adão se fez Eva" e

tu que foste feito à imagem de Deus foste lembra-te que

serás pó!

Da argila, triturada, crivada e amassada também se faz a

vida de um homem! E que caminhos e que noites mal

dormidas, em pardieiros a léguas de distância, não terão

sido o sal da vida, em perigos suspeitos e outros bem

reais. Todos os cuidados eram poucos para não desfazer

em cacos o sustento desfeito contra paredes de caminhos

estreitos, por onde talhão mais gordo não caberia.

Para o Ti Roberto o barro não tinha segredos, embora

fizesse bilha de segredo e de encher pelo cú que deixava

garotos e crescidos perplexos, por pensarem ser marosca

ou por pensarem que " bilha" assim é de desconfiar. Mas

não! Era autêntica e um regalo admirá-la.

Era a arte de sentado, em movimento, que O Louceiro

balanceava a roda, estribada em patim, com pé

balanceador em sincronia com mão certeira, amassadora

e apetrechada com as tabuinhas de madeira e com a

alpernata de carneiro que iria ajudar na modelagem da

cantarinha.

Do Só até à Boca vê-se crescer corpo maior que é o

Bojo. A primeira, tal como o cigarro sai nervosa, como

ele disse ao Assis Pacheco, (que este escriba apenas viu

com sacos repletos de livros e na companhia do Afonso

Praça), nos idos de 86/87,em rua vizinha da sede

nacional do PRD, do Ramalho Eanes.

Das muitas visitas que o honraram e de que fazia gala,

mas sem prosápia, nunca regateou esforçadas simpatias e

generosidade na oferta de obra pedagógica e acabada de

modelar.

Era assim, consequência dos triplos esforços, por

caminhos em que apenas os cascos de burro resistente e

vontade necessitada do casal Rebouta, que

se amanhavam vidas daquelas que o diabo amassou para

alimentar O Sebastião e a Cândida e seus netos..

Nos anos setenta do século passado O Ti António ainda

História

Page 15: Caserna nº22

Agosto de 2012

União Desportiva de Felgar Fundada em 24 de Julho de 2000

15

fazia uma pececas para vender ao povo.

Lembremo-lo, revendo requeijoeiras, de bordos alguns

esfacelados que minha mãe lhe encomendou para do

soro aproveitar sustento acrescentado em coalhada alva e

a deixar escorrer seus restos em francela inclinada.

Parafraseando Guerra Junqueiro," a madeira acompanha

o homem desde o berço ao caixão" diremos que para o

último Louceiro a argila "muito forte" mistura-se a do

Rio com a do Cabeço que é vermelha", transformando-

os, assim em sangue na guelra do Louceiro, tal como

para o Último Moleiro a " água era o sangue do

moínho"...

Do barro, da água e da argila trabalhada se renova a vida

e o sustento de gerações quer do rincâo felgarense quer

do seu primos alentejanos ou de Barcelos.

De temperamento nervoso mas diplomata e inteligente, o

Ti Roberto fazia asadas, talhões, alguidares, uns mais

vidrados que outros e potes onde se poderiam guardar

salpicões, queijos e azeitonas. E se fosse para guardar

mel então era de lhe chamar um grande doce! Era bem

capaz de fazer pífaros, assadores de castanhas e de

sardinhas e cinzeiros para aparar muitas cinzas que ele

produziu com seus cigarros. Habilidade não lhe faltava

ao TI António.

Mais uma recordação para acalmar. Revejo-o, ao mesmo

tempo que ouço o meu velhote dizer que água em

cântara de barro é mais fresca destapada ainda que de

Verão, sentado à sombra de Tília, fronteira aos Correios,

como se "segredasse ou fingisse", notícias em tempo de

Otelices, discorrendo sobre os caminhos que a

Revolução dos Cravos levava.

De relance o revejo com seus passos domingeiros, algo

tardegos, em direcção ao Lar, onde o burro companheiro

e a crivadeira Maria o esperavam com as berças um

pouco frias.

Antes de abrir o cancelo da vinha talvez ainda se

sentasse na base do Cruzeiro, seu vizinho, e desse por si

a pensar que formas a vida tomará e como estará seu

herdeiro no Larinho.

- Oh mulher deixa lá estive com os amigos lá na Taverna

do Escondidinho e depois fiquei ali a ver os rapazes a

jogar à bola.

-Pois mas a ceia já está fria e o lume já só é um borralho

mal dá para a aquecer.

-Ainda te lembras Maria quando nos conhecemos e nem

cinco escudos tínhamos para nos casar!

- Não te zangues, pois de barro e de aguadeiro temos tido

uma vida farta e esmagada. Por isso dias não são dias e o

convívio com os companheiros lá na Taverna do

Francisco Camilo (O Escondidinho )dão outra alma a um

homem. E que esteja Em Paz O Último Louceiro do

Felgar.

Por: Artur Salgado

01.01.1735 – Seguindo “um costume antiquíssimo”,

procedeu-se na praça pública da vila de Moncorvo à

arrematação das rendas municipais e que eram as

seguintes: forno de Maçores – arrematado por 50 000

réis/ano; Urros – 81 000; Açoreira – 55 000; Felgueiras

– 61 000;ºC. Mouro – 12 600; Larinho – 35 000; Vila,

rua Detrás – 46 000; Vila – Seixo – 20 000 Vila –

Corredoura – 13 000; Souto da Velha – 20 000; Felgar

– 115 000;ºC. Boa – 14 800. Renda dos Verdes – 39

000; Renda da Barca do Pocinho – 361 000; Sisa dos

correntes – 37 000. Concerto do relógio – 4 000.

Outras rendas e arrematações tinham lugar em outras

alturas do ano.

01.01.1905 – Repetição das eleições municipais na

mesa de voto de Carviçais onde também votavam os

eleitores de Larinho, Felgar, Souto da Velha, Mós e

Felgueiras, em virtude da anulação do acto eleitoral de

10 de Outubro de 1904. Também estas eleições

começaram da pior maneira, com o abade Tavares a

esconder a chave da igreja matriz, local que fora

destinado para a instalação da mesa de voto. Por isso,

mais uma vez seria anulada a eleição e muitas

peripécias se sucederam.

01.01.1952 – Lançamento do jornal “A Torre” pelo

ilustre empresário Moncorvense Manuel de Sousa

Moreira e cujo primeiro director foi o grande

jornalista Armando Fonseca, natural de Urros, que no

colégio Campos Monteiro ganhou a alcunha de

“Gerúndio” e, no último quartel do século passado, foi

director do Jornal Notícias, do Porto. A saudosa

“Torre” onde também colaborei, publicou-se até 1975.

Ironia do destino: foi preciso vir a Liberdade de Abril

para ela morrer!

Page 16: Caserna nº22

16

Horizontais: 1- Cabelo comprido

(inv); 2- Designação de qualquer

objecto; 3- Ovelha; 4- Pessoa que

só lhe dá pró mal; 5- Intrujão; 6- O

mesmo que mesuras ou

pantomineiro (inv); 7- Alguém que

é aldrabão, mentiroso.

Verticais: 1- Primeira parte que se

corta do pão; 2- Recipiente; 3-

Chateado, zangado; 4- Mercearia,

comércio; 5- Feijão-frade; 6- Partir,

paralisar; 7- Meias; 8- Alguém que

é vadio.

SUDOKU

Palavras Cruzadas (Dialeto Transmontano)

Passatempos

Soluções do último número