Caso Clínico

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Caso Clínico Caso Clínico Fernando Bisinoto Maluf Coordenação: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde - ESCS

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Caso Clínico. Fernando Bisinoto Maluf Coordenação: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde - ESCS. História Clínica (02/04/06). Identificação: A.J.P.S., sexo masculino, 4 anos e 5 meses, natural de Brasília DF, procedente de São Sebastião DF Motivo da internação: - PowerPoint PPT Presentation

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Caso ClínicoCaso Clínico

Fernando Bisinoto Maluf

Coordenação: Elisa de Carvalho

Escola Superior de Ciências da Saúde - ESCS

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História Clínica História Clínica (02/04/06)(02/04/06)

Identificação:Identificação:

A.J.P.S., sexo masculino, 4 anos e 5 meses, natural A.J.P.S., sexo masculino, 4 anos e 5 meses, natural de Brasília DF, procedente de São Sebastião DFde Brasília DF, procedente de São Sebastião DF

Motivo da internação:Motivo da internação:

“ “ Diarréia e vômitos há 1 dia”Diarréia e vômitos há 1 dia”

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História Clínica História Clínica (02/04/06)(02/04/06)

HDA:HDA:

Mãe refere que a criança vinha bem, até que há um dia iniciou quadro súbito de vômitos, em moderada a grande quantidade, associado 3 episódios de diarréia líquida, com presença de muco, sem sangue, sem pus. Refere ainda dor abdominal associada ao quadro. Nega febre ou alterações na diurese. Com esses sintomas, procurou o PS do HRAS, onde permanece internado até o momento.

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História Clínica História Clínica (02/04/06)(02/04/06)

Antecedentes Pessoais:Antecedentes Pessoais:

- Parto cesárea, a termo, sem intercorrências- Parto cesárea, a termo, sem intercorrências

- Chorou ao nascer, alta hospitalar com 48h- Chorou ao nascer, alta hospitalar com 48h

- Aleitamento materno até o 2º mês de vida- Aleitamento materno até o 2º mês de vida

- DNPM normal - DNPM normal

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História Clínica História Clínica (02/04/06)(02/04/06)

Antecedentes Patológicos:Antecedentes Patológicos:

- Bronquite desde os 2 meses de idade, sendo última - Bronquite desde os 2 meses de idade, sendo última crise há 8 dias, tratando com beta agonista crise há 8 dias, tratando com beta agonista inalatório e corticóide oral.inalatório e corticóide oral.

- 1 internação prévia há 1 ano por crise de bronquite- 1 internação prévia há 1 ano por crise de bronquite

- Hepatite A aos 2 anos de idade- Hepatite A aos 2 anos de idade

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História Clínica História Clínica (02/04/06)(02/04/06)

Antecedentes FamiliaresAntecedentes Familiares

- Pai, 50 anos, tuberculose tratada há vários anos- Pai, 50 anos, tuberculose tratada há vários anos

- Irmão, 7 anos, asmático- Irmão, 7 anos, asmático

Antecedentes Sócio-Econômicos:Antecedentes Sócio-Econômicos:

- Criança passa a semana inteira na creche.- Criança passa a semana inteira na creche.

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Exame Físico Exame Físico (02/04/06)(02/04/06)

Ectoscopia: REG, abatido, hidratado, hipocorado Ectoscopia: REG, abatido, hidratado, hipocorado (2+/4+), anictérico, acianótico, febril (38,5ºC), (2+/4+), anictérico, acianótico, febril (38,5ºC), taquipnéicotaquipnéico

AP: MV rude, sem ruídos adventícios. FR:36ipmAP: MV rude, sem ruídos adventícios. FR:36ipm

ACV: RCR, 2T, BNF, c/ sopro sistólico (+/4+) em ACV: RCR, 2T, BNF, c/ sopro sistólico (+/4+) em foco tricúspide. FC: 120bpmfoco tricúspide. FC: 120bpm

Abdome: Flácido, RHA (+), traube livre, indolor, s/ Abdome: Flácido, RHA (+), traube livre, indolor, s/ VMGVMG

Extremidades: Perfundidas, s/ edema ou cianoseExtremidades: Perfundidas, s/ edema ou cianose

Neurológico: Sem sinais de irritação meníngeaNeurológico: Sem sinais de irritação meníngea

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CondutaConduta Solicitado: Hemograma + Eletrólitos + BioquímicaSolicitado: Hemograma + Eletrólitos + Bioquímica

Prescrito:Prescrito:

- HV fase de manutenção (Holliday + 20%)- HV fase de manutenção (Holliday + 20%)

Hemograma: EletrólitosLeu: 11.300 (70/01/27/01/01) Na: 130Hb: 10,8 K: 4,0Ht: 32,8 Cl: 98Plaq: 130.000BioquímicaUréia: 13Creatinina: 0,4TGO/TGP: 27/12Glicemia: 84

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EvoluçãoEvolução

Criança evoluiu com rápida melhora do estado Criança evoluiu com rápida melhora do estado geral, sem febre e com melhora dos vômitos e da geral, sem febre e com melhora dos vômitos e da diarréia, recebendo alta no segundo dia de diarréia, recebendo alta no segundo dia de internação hospitalar.internação hospitalar.

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Diarréia AgudaDiarréia Aguda

Fernando Bisinoto Maluf

Coordenação: Elisa de Carvalho

Escola Superior de Ciências da Saúde - ESCS

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DefiniçãoDefiniçãoDiarréia pode ser definida como a eliminação de Diarréia pode ser definida como a eliminação de

fezes amolecidas, de consistência líquida, fezes amolecidas, de consistência líquida, geralmente acompanhada de:geralmente acompanhada de:

Aumento do número de Aumento do número de

evacuações diárias evacuações diárias

(4,5-20 evacuações/dia).(4,5-20 evacuações/dia).

Aumento da massa fecal Aumento da massa fecal (acima de 200mg/dia(acima de 200mg/dia

ou 10ml/kg/diaou 10ml/kg/dia))

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ClassificaçãoClassificação

Quanto ao tempo de evolução:Quanto ao tempo de evolução:

- Diarréia aguda: até 14 dias;- Diarréia aguda: até 14 dias;

- Diarréia persistente: 14 dias a 4 semanas;- Diarréia persistente: 14 dias a 4 semanas;

- Diarréia crônica: mais de 4 semanas de evolução;- Diarréia crônica: mais de 4 semanas de evolução;

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EpidemiologiaEpidemiologia

Maior problema mundial de saúde na criança.Maior problema mundial de saúde na criança.

Mortalidade alta: 3 milhões de mortes/ano de Mortalidade alta: 3 milhões de mortes/ano de acordo com a ONU.acordo com a ONU.

Média de 3 episódios de diarréia/ano/criança em Média de 3 episódios de diarréia/ano/criança em crianças menores de 5 anos, nos países em crianças menores de 5 anos, nos países em desenvolvimento.desenvolvimento.

No Brasil, estima-se que as crianças tenham em No Brasil, estima-se que as crianças tenham em média 50 dias de diarréia por anomédia 50 dias de diarréia por ano

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Fatores de RiscoFatores de Risco

Menores 1 anoMenores 1 ano EscolaridadeEscolaridadedos paisdos pais DesnutriçãoDesnutrição

Nível SócioNível SócioEconômicoEconômico

Falta deFalta deSaneamentoSaneamento

HabitaçãoHabitaçãoPrecáriaPrecária

Acesso aosAcesso aosserviços de saúdeserviços de saúde

Lactente, com menos de 1 Lactente, com menos de 1 ano de idade, com curto ano de idade, com curto

tempo de aleitamento materno tempo de aleitamento materno exclusivo, algum grau de exclusivo, algum grau de desnutrição e vivendo em desnutrição e vivendo em

condições ambientais condições ambientais desfavoráveisdesfavoráveis

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EtiologiaEtiologia A gastroenterite infecciosa é a causa mais comum, A gastroenterite infecciosa é a causa mais comum,

cuja transmissão se dá por via oro-fecal cuja transmissão se dá por via oro-fecal interpessoal.interpessoal.

Diversos patógenos virais, bacterianos ou até Diversos patógenos virais, bacterianos ou até protozoários são responsáveis.protozoários são responsáveis.

O Rotavírus e a E. coli O Rotavírus e a E. coli agentes mais comumente agentes mais comumente envolvidos (mais de 50% dos casos).envolvidos (mais de 50% dos casos).

Nas diarréias agudas não-infecciosas entram o uso Nas diarréias agudas não-infecciosas entram o uso de medicamentos (ATB, AINEs, laxativos), de medicamentos (ATB, AINEs, laxativos), retocolite ulcerativa, alergia alimentar.retocolite ulcerativa, alergia alimentar.

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EtiologiaEtiologiaVirais Bacterianas Parasitoses Toxinas

Rotavírus E.coli enteropatogênica Giardia lamblia S. aureus

Adenovírus entérico E.coli enterotoxigênica Cryptosporidium B. cereus

Astrovírus E.coli enteroagregativa Strongyloides

Calicivírus (Norwalk) Vibrio cholerae Trichuris trichiura

CMV E.coli enteroinvasiva Amoeba

E.coli entero-hemorrágica

Campylobacter jejuni

Clostridium difficile

Yersinia enterocolítica

Shigella

Salmonella

  Aeromonas    

Em vermelho: podem causar disenteria. Grifados: produtoras de toxinas

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PatogênesePatogênese Desequilíbrio entre absorção e secreção de água e Desequilíbrio entre absorção e secreção de água e

eletrólitos no lúmen intestinaleletrólitos no lúmen intestinal Absorção:Absorção: Ocorre nas células epiteliais maduras na Ocorre nas células epiteliais maduras na

parte superior do vilo intestinal.parte superior do vilo intestinal. Secreção:Secreção: Ocorre nas células epiteliais Ocorre nas células epiteliais

indiferenciadas das criptas.indiferenciadas das criptas.

** Normalmente, a capacidade absortiva dos Normalmente, a capacidade absortiva dos enterócitos maduros excede quantitativamente a enterócitos maduros excede quantitativamente a atividade secretora nas criptas.atividade secretora nas criptas.

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PatogênesePatogêneseInvasão dos enterócitos maduros pelos patógenosInvasão dos enterócitos maduros pelos patógenos

Destruição de grande nº de enterócitosDestruição de grande nº de enterócitos

Reepitelização rápida com enterócitos indiferenciadosReepitelização rápida com enterócitos indiferenciados

Ruptura das funções absortivasRuptura das funções absortivasReabsorção inadequada de água, eletrólitos e nutrientesReabsorção inadequada de água, eletrólitos e nutrientes

DIARRÉIA OSMÓTICADIARRÉIA OSMÓTICA

Nutrientes c/ força osmótica agindo no lúmen intestinalNutrientes c/ força osmótica agindo no lúmen intestinal

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PatogênesePatogênesePatógenos aderem/invadem epitélio intestinalPatógenos aderem/invadem epitélio intestinal

Produção de enterotoxinasProdução de enterotoxinas

Ativação de mediadores que atuam nos canais de íonsAtivação de mediadores que atuam nos canais de íons

Inibição do influxo de NaClInibição do influxo de NaClLiberação de ânionsLiberação de ânions

DIARRÉIA SECRETORADIARRÉIA SECRETORA

Aumento da secreção intestinalAumento da secreção intestinal

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PatogênesePatogênesePatógenos aderem/invadem epitélio intestinalPatógenos aderem/invadem epitélio intestinal

Reação inflamatória aguda intensaReação inflamatória aguda intensacom citoquinas e mediadores inflamatórioscom citoquinas e mediadores inflamatórios

DIARRÉIA EXSUDATIVADIARRÉIA EXSUDATIVA

Liberação de sangue, pus, muco Liberação de sangue, pus, muco

Ruptura da integridade da mucosaRuptura da integridade da mucosa

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PatogênesePatogênese Mecanismos de virulência dos microorganismos:Mecanismos de virulência dos microorganismos: Adesividade:Adesividade: adesão à mucosa intestinal por meio adesão à mucosa intestinal por meio

de adesinas secretadas pelas fímbriasde adesinas secretadas pelas fímbrias Invasividade:Invasividade: capacidade de invadir a mucosa e capacidade de invadir a mucosa e

multiplicar-se nas células epiteliais ou atingir a multiplicar-se nas células epiteliais ou atingir a lâmina próprialâmina própria

Toxigênese:Toxigênese:

Enterotoxinas Enterotoxinas secreção exagerada de sais e água secreção exagerada de sais e água

Citotoxinas Citotoxinas lesam a célula e causam necrose do lesam a célula e causam necrose do tecidotecido

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Quadro ClínicoQuadro Clínico Em geral a diarréia aguda é benigna e autolimitada, Em geral a diarréia aguda é benigna e autolimitada,

com resolução dentro de poucos dias.com resolução dentro de poucos dias.

Fezes de consistência diminuída/líquidas, com Fezes de consistência diminuída/líquidas, com aumento na freqüência, perda de água e de aumento na freqüência, perda de água e de eletrólitos nas fezes, e volume fecal aumentado.eletrólitos nas fezes, e volume fecal aumentado.

A apresentação clínica da diarréia aguda infecciosa A apresentação clínica da diarréia aguda infecciosa varia de acordo com o patógeno.varia de acordo com o patógeno.

Page 23: Caso Clínico

Ação Patogênica Localização Agente Quadro ClínicoEfeito Citopático direto Intestino delgado Rotavírus Diarréia aquosa, s/ pus, s/ sangue

proximal Adenovírus Vômitos e febre

Norwalk Desidratação moderada a grave

ECEP Má-absorção de lactose freqüente

Giárdia

Enterotoxigenicidade Intestino delgado Vibrio Cholerae Diarréia aquosa, s/ pus, s/ sangue

ECET Desconforto abdominal

ECEAg Pode haver febre ou vômitos

Cryptosporidium Evolução usualmente leve

Invasiva Íleo distal e Cólon Salmonella Disenteria c/ evacuações frequënte

Shigella Dor à evacuação

Yersinia Cólicas, febre

ECEI Desidratação variável

Amoeba Leucocitose, neutrofilia e desvio à E

Campylobacter

Citotoxicidade Cólon Clostridium Disenteria + cólicas + febre

ECEH Desidratação variável    Shigella  

Page 24: Caso Clínico

E. coliE. coli Bacilo Gram negativo da família EnterobacteriaceaeBacilo Gram negativo da família Enterobacteriaceae

Seis categorias:Seis categorias:

- ECEPatogênica- ECEPatogênica

- ECEToxigênica- ECEToxigênica

- ECEInvasiva- ECEInvasiva

- ECEHemorrágica- ECEHemorrágica

- ECEAgregativa- ECEAgregativa

- EC Difusamente aderente- EC Difusamente aderente

Page 25: Caso Clínico

E. coliE. coli Transmissão pela ingesta de água contaminadaTransmissão pela ingesta de água contaminada

Enteropatogenicidade Enteropatogenicidade capacidade de aderir à capacidade de aderir à superfície mucosasuperfície mucosa

ECET:ECET:- Mais comum (25% das diarréias nos países em - Mais comum (25% das diarréias nos países em desenvolvimento)desenvolvimento)- Quadro Clínico: Diarréia aquosa, explosiva + dor - Quadro Clínico: Diarréia aquosa, explosiva + dor abdominal + febre, durando ± 5 diasabdominal + febre, durando ± 5 dias- Não há invasão da mucosa (a bactéria apenas - Não há invasão da mucosa (a bactéria apenas adere ao epitélio e produz toxinasadere ao epitélio e produz toxinas

Page 26: Caso Clínico

E. coliE. coli ECEH:ECEH:

- Coloniza principalmente cólon e íleo distal- Coloniza principalmente cólon e íleo distal

- Quadro clínico começa com diarréia aquosa que - Quadro clínico começa com diarréia aquosa que evolui para diarréia + sangue + febre + dor abdominalevolui para diarréia + sangue + febre + dor abdominal

- Dura em média 4 dias- Dura em média 4 dias

- Complicações: prolapso retal, intussuscepção, colite- Complicações: prolapso retal, intussuscepção, colite

ECEAg ECEAg → extremamente relacionada à evolução → extremamente relacionada à evolução para diarréia persistentepara diarréia persistente

Page 27: Caso Clínico

RotavírusRotavírus Presente em quase de 40% das crianças com Presente em quase de 40% das crianças com

diarréia aguda, nos países em desenvolvimentodiarréia aguda, nos países em desenvolvimento

Ocorre principalmente em < 5 anos (pico entre 6-24 Ocorre principalmente em < 5 anos (pico entre 6-24 meses)meses)

Altamente contagioso – via oro-fecalAltamente contagioso – via oro-fecal

Quadro Clínico: Início com vômitos Quadro Clínico: Início com vômitos → diarréia → diarréia (aquosa, < 10 episodios/dia) + febre(aquosa, < 10 episodios/dia) + febre

Duração média de 8 dias.Duração média de 8 dias.

Geralmente precedido por IVAS (40% dos casos)Geralmente precedido por IVAS (40% dos casos)

Page 28: Caso Clínico

ComplicaçõesComplicações DesidrataçãoDesidratação Distúrbios hidroeletrolíticosDistúrbios hidroeletrolíticos Desnutrição:Desnutrição: decorrente da inapetência e vômitos, decorrente da inapetência e vômitos,

mau aproveitamento dos alimentos e catabolismo mau aproveitamento dos alimentos e catabolismo aumentadoaumentado

Diarréia Persistente:Diarréia Persistente: Ocorre em até 20% das Ocorre em até 20% das diarréias agudas, onde encontra-se anormalidades diarréias agudas, onde encontra-se anormalidades da borda em escova, da permeabilidade intestinal e da borda em escova, da permeabilidade intestinal e da flora bacteriana e até atrofia vilositária.da flora bacteriana e até atrofia vilositária.

Principais patógenosPrincipais patógenos• ECEPECEP• ECEAgECEAg• ShigellaShigella• Flora múltiplaFlora múltipla

Page 29: Caso Clínico

DIAGNÓSTICO CLÍNICO DA DESIDRATAÇÃODIAGNÓSTICO CLÍNICO DA DESIDRATAÇÃO

   HidratadoHidratado Desidratação leve/moderadaDesidratação leve/moderada Desidratação graveDesidratação grave

Estado geralEstado geral AtivoAtivo irritabilidadeirritabilidade prostrado, hiporreativoprostrado, hiporreativo

OlhosOlhos normaisnormais enoftalmiaenoftalmia enoftalmia pronunciadaenoftalmia pronunciada

MucosasMucosas úmidasúmidas umidade reduzidaumidade reduzida secassecas

Turgor da peleTurgor da pele normalnormal alteradoalterado muito alteradomuito alterado

LágrimasLágrimas presentespresentes diminuídas / ausentesdiminuídas / ausentes ausentesausentes

FontanelaFontanela planaplana deprimidadeprimida muito deprimidamuito deprimida

SedeSede normalnormal evidenteevidente IntensaIntensa

PulsosPulsos cheioscheios finosfinos finos, difíceis de palparfinos, difíceis de palpar

Perfusão periféricaPerfusão periférica < 3 segundos< 3 segundos 3 a 6 segundos3 a 6 segundos > 10 segundos> 10 segundos

DiureseDiurese normalnormal reduzidareduzida ausenteausente

DéficitDéficit de líquido de líquido < 3% do peso< 3% do peso 3 a 10% do peso3 a 10% do peso > 10% do peso> 10% do peso

DESIDRATAÇÃOHIPERTÔNICA•Sede intensa

•Mucosas muito secas•Irritabilidade

•Oligúria acentuada•Hipertonia

•Menos sinais de desidratação

DESIDRATAÇÃOHIPOTÔNICA•Pouca sede

•Mucosas menos secas•Diurese presente

•Hipotonia•Mais sinais de Desidratação

(turgor, fontanela)

Page 30: Caso Clínico

DiagnósticoDiagnóstico AnamneseAnamnese Início do quadro, características das fezes, Início do quadro, características das fezes,

tolerância à hidratação oral, outros sintomas tolerância à hidratação oral, outros sintomas associados (vômitos, febre dor, distensão associados (vômitos, febre dor, distensão abdominal ou perda de peso)abdominal ou perda de peso)

Sinais de infecção e antecedentes de parasitosesSinais de infecção e antecedentes de parasitoses Dieta atual e pregressaDieta atual e pregressa Histórico de alergias, intolerância ou medicamentosHistórico de alergias, intolerância ou medicamentos Condições sociais e sanitáriasCondições sociais e sanitárias Outros casos de diarréia em casa, creche, colégioOutros casos de diarréia em casa, creche, colégio

• VolumeVolume• FreqüênciaFreqüência• ConsistênciaConsistência• Restos alimentaresRestos alimentares• SangueSangue• MucoMuco

Page 31: Caso Clínico

DiagnósticoDiagnóstico Exame FísicoExame Físico Peso e estaturaPeso e estatura Estado geralEstado geral Sinais de desidratação – mucosas secas, oligúria, Sinais de desidratação – mucosas secas, oligúria,

alterações ortostáticas da FC e PAalterações ortostáticas da FC e PA Estado nutricionalEstado nutricional Sinais de toxemiaSinais de toxemia

Page 32: Caso Clínico

DiagnósticoDiagnóstico Exames ComplementaresExames Complementares Exame de fezesExame de fezes

Pesquisa de elementos anormaisPesquisa de elementos anormaisParasitológicoParasitológicoCoproculturaCoproculturapH fecalpH fecalPesquisa de vírusPesquisa de vírus

HC, eletrólitos, hemocultura e gasometria: casos HC, eletrólitos, hemocultura e gasometria: casos mais graves, com repercussão sistêmica.mais graves, com repercussão sistêmica.

Page 33: Caso Clínico

TratamentoTratamento Para diarréia aguda leve (desidratação leve):Para diarréia aguda leve (desidratação leve):

- Uso de SRO para corrigir a desidratação, num - Uso de SRO para corrigir a desidratação, num período de 3-4hperíodo de 3-4h

- Realimentação precoce com dieta normal (ou - Realimentação precoce com dieta normal (ou fracionada), logo após 4h de reidrataçãofracionada), logo após 4h de reidratação

- SRO após cada episódio diarréico- SRO após cada episódio diarréico

- Não é necessário o uso de antibióticos ou de - Não é necessário o uso de antibióticos ou de qualquer outro medicamentoqualquer outro medicamento

SSoro de oro de RReidratação eidratação OOralral • 3,5g de NaCl3,5g de NaCl• 2,9g de Citrato de Na2,9g de Citrato de Na• 1,5g de KCl1,5g de KCl• 20,0g de glicose20,0g de glicose• 90mOsm/l de Na90mOsm/l de Na• Reposição:Reposição: - 30 ml/kg/h em 4 horas- 30 ml/kg/h em 4 horas - 10ml/kg após após- 10ml/kg após após cada evacuaçãocada evacuação* 1 envelope : 1 Litro* 1 envelope : 1 LitroO TRATAMENTO É DOMICILIAR, A MENOS QUE HAJAO TRATAMENTO É DOMICILIAR, A MENOS QUE HAJA

INDICAÇÃO DE INTERNAÇÃO HOSPITALARINDICAÇÃO DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR

Page 34: Caso Clínico

TratamentoTratamento

Indicações para Internação Hospitalar:Indicações para Internação Hospitalar:

- Perdas hídricas superiores a 5 % do peso- Perdas hídricas superiores a 5 % do peso

- Dificuldade para TRO em domicílio- Dificuldade para TRO em domicílio

- Persistência da diarréia e vômitos apesar da TRO- Persistência da diarréia e vômitos apesar da TRO

- Lactente < 2 meses com diarréia e vômitos- Lactente < 2 meses com diarréia e vômitos

- Desnutrição- Desnutrição

Page 35: Caso Clínico

TratamentoTratamento

Indicações para Hidratação Endovenosa:Indicações para Hidratação Endovenosa:

- Desidratação grave ( > 10% do peso)- Desidratação grave ( > 10% do peso)

- Fracasso na TRO- Fracasso na TRO

- Perdas intensas e persistentes- Perdas intensas e persistentes

- Distúrbio hidroeletrolítico- Distúrbio hidroeletrolítico

- Choque hipovolêmico- Choque hipovolêmico

Page 36: Caso Clínico

TratamentoTratamento Hidratação Endovenosa (desidratação grave):Hidratação Endovenosa (desidratação grave):

FASE RÁPIDA - 50ml/kg em 1h (SF 0,9% : SG 5% = 1:1)FASE RÁPIDA - 50ml/kg em 1h (SF 0,9% : SG 5% = 1:1)

Reavaliar desidratação em 1 horaReavaliar desidratação em 1 hora

Não melhorouNão melhorou MelhorouMelhorou

Continuar HV comContinuar HV com25ml/kg e reavaliar25ml/kg e reavaliar

FASE DE FASE DE MANUTENÇÃOMANUTENÇÃO

Page 37: Caso Clínico

TratamentoTratamento Fase de Manutenção:Fase de Manutenção: repor perdas de acordo com repor perdas de acordo com

fórmula de Holliday-Segar:fórmula de Holliday-Segar:

- Até 10kg ............................................... 100ml/kg/dia- Até 10kg ............................................... 100ml/kg/dia

- Até 20kg ................................ 1000ml + 50ml/kg/dia- Até 20kg ................................ 1000ml + 50ml/kg/dia

- > 20 kg .................................. 1.500ml + 20ml/kg/dia- > 20 kg .................................. 1.500ml + 20ml/kg/dia

Fazer todo o volume em SG 5% e adicionar Fazer todo o volume em SG 5% e adicionar eletrólitos no seguinte percentual sobre o volume:eletrólitos no seguinte percentual sobre o volume:

- Sódio: 3% (em mEq)- Sódio: 3% (em mEq)

- Potássio: 2% (em mEq)- Potássio: 2% (em mEq)

NaCl 20% - 1ml = 3.4mEqNaCl 20% - 1ml = 3.4mEq

KCl 10% - 1ml = 1,34mEqKCl 10% - 1ml = 1,34mEq

Page 38: Caso Clínico

TratamentoTratamento

A fase de manutenção se estabelece quando, após a A fase de manutenção se estabelece quando, após a

fase rápida, a desidratação desaparece e fase rápida, a desidratação desaparece e uma boa uma boa

diurese se estabelecediurese se estabelece

Durante a fase de manutenção pode ser necessário Durante a fase de manutenção pode ser necessário

ajustar a solução se houver desequilíbrio de ajustar a solução se houver desequilíbrio de

eletrólitos, especialmente do sódioeletrólitos, especialmente do sódio

Pode-se ajustar a fase de manutenção de acordo Pode-se ajustar a fase de manutenção de acordo

com a desidratação (Ex: Holliday + 20% ou 70% com a desidratação (Ex: Holliday + 20% ou 70%

do Holliday)do Holliday)

Page 39: Caso Clínico

TratamentoTratamento

O uso de antimicrobianos deve ser avaliado O uso de antimicrobianos deve ser avaliado

somente nos casos mais graves de diarréia somente nos casos mais graves de diarréia

invasiva, com febre alta, queda no estado geral, em invasiva, com febre alta, queda no estado geral, em

desnutridos graves, RNs e lactentes pequenos e nos desnutridos graves, RNs e lactentes pequenos e nos

imunodeprimidos. Patógenos passíveis de tto com imunodeprimidos. Patógenos passíveis de tto com

ATB: ATB: Vibrio cholera, Shigella, Campylobacter, ECEI Vibrio cholera, Shigella, Campylobacter, ECEI

e e Giardia.Giardia.

Deve-se evitar o uso de inibidores do peristaltismo Deve-se evitar o uso de inibidores do peristaltismo

e normalmente não é necessário uso de probióticos.e normalmente não é necessário uso de probióticos.

Page 40: Caso Clínico

Vacina para Diarréia?Vacina para Diarréia?

Objetivo: Tentar diminuir o número de Objetivo: Tentar diminuir o número de

hospitalizações e reduzir a morbidade e a hospitalizações e reduzir a morbidade e a

mortalidade pelo mortalidade pelo Rotavírus.Rotavírus.

Década de 80 Década de 80 → resultados desastrosos (provocou → resultados desastrosos (provocou

vários casos de invaginação intestinalvários casos de invaginação intestinal

2006 → nova vacina, com vírus atenuado de 2006 → nova vacina, com vírus atenuado de

apenas 1 sorotipo (mas confere imunidade para apenas 1 sorotipo (mas confere imunidade para

outros sorotipos)outros sorotipos)

Page 41: Caso Clínico

Vacina para Diarréia?Vacina para Diarréia?

Esquema Vacinal:Esquema Vacinal:

- 1ª Dose aos 2 meses (máx de 3 meses)- 1ª Dose aos 2 meses (máx de 3 meses)

- 2ª Dose aos 4 meses (máx de 5 meses)- 2ª Dose aos 4 meses (máx de 5 meses)

Por que utilizar primeiramente em países em Por que utilizar primeiramente em países em

desenvolvimento (Brasil)?desenvolvimento (Brasil)?

Page 42: Caso Clínico

Lembrar...Lembrar...

Identificar rapidamente o estado de desidratação da Identificar rapidamente o estado de desidratação da

criança e instituir terapêutica adequada (VO ou EV)criança e instituir terapêutica adequada (VO ou EV)

(independe do agente etiológio)(independe do agente etiológio)

Internar ou não internarInternar ou não internar

Procurar impedir a progressão para diarréia Procurar impedir a progressão para diarréia

persistente, a qual ocorre em mais de 20% dos casospersistente, a qual ocorre em mais de 20% dos casos

Identificar os fatores de risco envolvidos e atuar Identificar os fatores de risco envolvidos e atuar

também na prevenção de novos episódiostambém na prevenção de novos episódiosEvitar o ciclo desnutrição-diarréia-desnutrição

intimamente ligado à mortalidade da diarréia

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