Caso Dos Criminosos Arrependidos
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CASO DOS CRIMINOSOS ARREPENDIDOS
Iniciar a cena com o espírito em um canto, amedrontado, mas ao mesmo tempo com a
cara amarrada, absorto pelo mal. Deverá estar com a camiseta ensanguentada e segurar um
punhal. Neste momento, vários espíritos irão rodear o criminoso, proferindo frases de ódio e
julgamento, no papel dos assassinados por ele. Deverão fazer movimentação semelhante aos
dos espíritos trevosos do No descerrar do véu.
ESPÍRITO 1: Agora está entre nós! Achou que estaria livre após a morte?
ESPÍRITO 2: Sofrerás como nos fez sofrer! Como fez a nossa família sofrer!
ESPÍRITO 3: Já conheces o inferno meu amigo? Pois iremos lhe apresentar!
Corta para o centro do palco, onde haverá a reunião mediúnica e a primeira tentativa
de evocação.
DIALOGADOR: Solicitando a permissão dos coordenadores espirituais desta reunião, que
sempre nos amparam e auxiliam nos trabalhos de interlocução com o plano dos
desencarnados, evocamos a presença, caso possível, do senhor Danton, para que nos
esclareça sobre sua passagem e os acontecimentos observados em sua residência.
O espírito vem com se fosse puxado, arrastado. Se coloca ao lado do médium fica por alguns
segundos e o faz rasgar papéis, bater na mesa e, então, volta para seu canto. Como não se faz
possível a comunicação do espírito, o guia do médium se pronuncia:
GUIA DO MÉDIUM: O espírito que tentas evocar é um da pior espécie, verdadeiro monstro:
fizemo-lo comparecer, mas a despeito de tudo quanto lhe dissemos não foi possível obrigá-lo
a escrever. Ele tem o seu livre-arbítrio, do qual o infeliz tem feito triste uso.
(No caso de referência no livro o espírito é brutão, fica estranho iniciar um cena
colocando ele tipo “vítima” e depois chamando ele de monstro ou tira “o
monstro” ou muda o início, como a peça é calcada majoritariamente nesse caso
eu acho que ficaria retratar ele sem remorso nenhum no início, os espíritos
próximos dele devem temê-lo. O sujeito era tão odiento que conseguiu dar um
tapa na cara de um encarnado. Ai depois da primeira sessão que ele não quer
falar, rasga papel joga longe a caneta, mostra a galera orando por ele e um
remorsozinho batendo em seu coração. Depois disso os espíritos que tinham
raiva dele vêm uma brecha para começar a atormentá-lo, nesse momento cabe a
atuação dos “obsessores”. Depois disso mostra ele na sessão já falando mais de
boa.)
DIALOGADOR: Este Espírito é passível de melhora?
GUIA DO MÉDIUM: Por que não? Pois não o são todos, este como os outros? É possível,
entretanto, que haja nisso dificuldades, porém a permuta do bem pelo mal acabará por
sensibilizá-lo. Orai em primeiro lugar, e, se o evocardes daqui a um mês, vereis a
transformação operada. Apesar da sua inferioridade, a prece pode sensibilizá-lo e, tão logo
haja uma abertura, todas as vossas boas aspirações o encherão de esperança e ele virá vos
falar.
DIALOGADOR: Muito obrigado pelos edificantes esclarecimentos meu irmão, vamos
começar o nosso esforço para auxiliar esse companheiro agora mesmo.
O médium e sua equipe começam a proferir a prece em voz baixa, enquanto o
mendigo dá melhores explicações ao caso, utilizando as falas de São Luís, etc, enfocando
novamente no poder da prece.
LIVRO LEÓN DENIS TEM UM BOM TRECHO SOBRE A PRECE (QUANDO A PEDRA
CAI NA ÁGUA...)
Falar que o sofrimento é mais longo por conta da ausência do sono, etc.
Falar que após algum tempo, o espírito fora evocado de novo, e continuar a cena.
DIALOGADOR: Solicitando a permissão dos coordenadores espirituais desta reunião, que
sempre nos amparam e auxiliam nos trabalhos de interlocução com o plano dos
desencarnados, evocamos a presença, novamente e caso possível, do senhor Danton, para que
nos esclareça sobre sua passagem e os acontecimentos observados em sua residência.
O Guia do Médium deve ir buscar DANTON para a comunicação, afastando os espíritos que
o perturbam, etc. Estes se postaram em algum ponto próximo a mesa da reunião, aguardando
DANTON. As primeiras falas de DANTON e do médium devem ser realizadas em conjunto,
depois DANTON se afasta e começar a falar sozinho, fazendo a interpretação dos
sentimentos do personagem. Ao final, retorna novamente a falar ao mesmo tempo do médium
para encerrar a cena.
DIALOGADOR: Por que não pudestes falar da primeira vez que vos evocamos?
DANTON: Porque não queria.
DIALOGADOR: Mas por que?
DANTON: Ignorância e embrutecimento. Além disso, estava preso no lugar onde jaz meu
corpo. Não considerava injustas as barbaridades que cometera ainda em vida, mas desde o
primeiro contato que tive com vocês, os demônios de ódio e rancor a palpitar em meu peito,
vêm sendo substituídos pela culpa e ressentimento.
DIALOGADOR: Pode agora deixar aquele recinto, local de sua execução?
DANTON: Apenas quando sou trazido por eles, pois acreditam que posso melhorar-me com
esses diálogos.
DIALOGADOR: Sentis algum alívio?
DANTON: Começo a ter esperança.
DIALOGADOR: Compreendeis melhor, agora, vossa situação?
DANTON: Ela é tão extraordinária que ainda não posso compreendê-la. Acho que estou
louco. Acho não, tenho certeza! Vejo meu corpo de um lado e a cabeça de outro. Porém, me
encontro naquele lugar qualquer, que me amedronta e oprime. Por favor, me tirem de lá! (Eu
voto pra esse lance da cabeça ai rodar) Ao menos agora dou-me de minha própria falta de
lucidez, vejo o quão devedor sou, estou fortemente ligado àqueles para os quais outrora
representei um algoz e eles não existam em me perseguirem. Minha maior desolação é ter
consciência do débito para com sujeitos pelos quais a simples lembrança não me desperta
ainda desperta rancor.
DIALOGADOR: Você agora encontra-se conosco Danton. Poderia ter a bondade de nos
descrever como te encontravas antes deste momento?
DANTON: Não podes imaginar nada parecido com aquilo... Quer dizer, com isto! As minhas
vítimas estão por toda parte, elas me perseguem. Ficam como abutres no lugar onde jaz meu
corpo. Me mostram repetidamente seus ferimentos, me abominam, me perturbam. E o
sangue? Estou sempre submerso em um mar de sangue. E o cheiro do sangue! Não sentis?
Ele está impregnado em minha alma. Acreditava que depois da morte tudo estaria terminado,
mas não! Quando me julgava aniquilado apareci ali, em meio à cadáveres! E meus pés
atolados no sangue! Meu sangue, sangue das minhas vítimas! Inclusive, elas estão aqui, por
toda parte! Apenas aguardam-me, ali, para se apossar de mim novamente.
DIALOGADOR: Mas Danton, liberte-se deste entorpecimento. Tu já bem sabes onde estás e
o porquê de teus sofrimentos.
DANTON: É verdade meu amigo, posso dizer que o arrependimento tocou meu coração. Mas
tenha certeza que tuas preces abriram o caminho. No entanto, ainda não consigo me
desvencilhar deles.
Posso dizer que meus sentimentos mais espúrios começaram a ceder espaço para o
arrependimento, também não ignoro vosso auxílio como causa. No entanto, ainda não
consigo me desvencilhar deles.
DIALOGADOR: Não os tema. Implorai a proteção de Deus e dos benfeitores que lhe
trouxeram aqui. Vamos pedir ambos, eu lhe auxiliarei.
DANTON: Já queres me deixar? Não, fica comigo, não consigo lidar com eles na situação
em que me encontro, vão reapossar-se de mim. Eu te peço, fica, fica!
DIALOGADOR: Danton, estaremos orando por ti, mas tu deves buscar as forças de teu
próprio ser e lembrar sempre de Deus, para que este também vos auxilie. Não se preocupe,
acharás o caminho.
DANTON: Me esforçarei ao máximo e tenha certeza que, assim que puder, vos auxiliarei a
tirar das trevas todos aqueles que se encontram como eu. Apesar de reconhecer que em mim
ainda existe rancor, Ninguém deve permanecer nesse sofrimento desmedido. que tortura a
alma, antes do corpo.
GUIA DO MÉDIUM: Este infeliz que vos falou já se encontra bem melhor, não te entristeça.
O arrependimento sincero já lhe tocou o coração e, se ainda está preso às suas vítimas, é
pelos vestígios de culpa que o acompanham por entender todo o mal que praticou. Não
tardará muito e voltarás para vos ajudar a socorrer outros que se encontram em situação
semelhante. Continua com tuas orações, que é o melhor que podes fazer.
Volta a fazer a prece em voz baixa enquanto retiram-se e o mendigo dá prosseguimento.