CASOS CONFIRMADOS DE HIV NO CTA/SAE EM SANTO...

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ATUALIZA CURSOS UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO NAIANE ROCHA VAZ CASOS CONFIRMADOS DE HIV NO CTA/SAE EM SANTO ANTONIO DE JESUS/BA: DISTRIBUIÇÃO SÓCIODEMOGRÁFICA SALVADOR 2010

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ATUALIZA CURSOS UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

NAIANE ROCHA VAZ

CASOS CONFIRMADOS DE HIV NO CTA/SAE EM SANTO ANTONIO DE JESUS/BA: DISTRIBUIÇÃO

SÓCIODEMOGRÁFICA

SALVADOR 2010

NAIANE ROCHA VAZ

CASOS CONFIRMADOS DE HIV NO CTA/SAE EM SANTO ANTONIO DE JESUS/BA: DISTRIBUIÇÃO

SÓCIODEMOGRÁFICA

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Análises Clínicas, pela Universidade Castelo Branco - Atualiza Associação Cultural.

Orientador: Fernando Reis do Espírito Santo

SALVADOR 2010

.

Dedico este trabalho a todas as pessoas que tiveram comigo em toda essa jornada, principalmente aos meus Pais.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço com todo meu amor, ao Meu Deus, por me permitir chegar até aqui. Aos meus pais Marly e João. Aos meus irmãos amados Nara e Gabriel. Meus sobrinhos e a toda minha família, que sofreu as conseqüências de minha constante ausência, sem permitir que me faltassem palavras de incentivo e carinho, sempre respeitando minhas decisões e me confortando em todos os momentos. Aos colegas de turma e professores, que nessa caminhada sempre se fizeram presentes e importantes. E a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desta pesquisa.

“Tanta coisa em minha vida eu conheci e com a vida tanta coisa eu aprendi Hoje eu sei mais do que antes e eu creio em tudo o que vem de ti. Vou seguindo o meu caminho sem parar Mas, eu paro muitas vezes pra pensar e pensando no que um dia você disse Continuo a caminhar”

Roberto Carlos e Erasmo Carlos

RESUMO Este trabalho trata do vírus da imunodeficiência humana (HIV/Aids) é um agente etiológico da síndrome da imunodeficiência adquirida, que surgiu em 1981, nos Estados Unidos, a partir da constatação de que havia um numero elevado de adultos homossexuais, do sexo masculino, que apresentavam infecções consideradas raras em indivíduos imunocompetentes, como sarcoma de Kaposi e pneumonia por Pneumocytis carinii. A capacidade de infecção do HIV-1 depende de fatores que estão relacionados com parâmetros biológicos e comportamentais. Entre os fatores comportamentais mais comumente associados estão múltiplos parceiros sexuais, a prática sexual sem o uso de preservativos e o compartilhamento de seringas entre usuários de drogas injetáveis. O objetivo deste trabalho foi evidenciar o número de casos confirmados de HIV no CTA/SAE do Departamento de Vigilância à Saúde, da Secretária de Saúde de Santo Antonio de Jesus (BA), entre os anos de 2008 e 2009. Em relação ao sexo, há predominância de infecção pelo feminino, quanto a idade a maioria estão distribuída na faixa entre 31-45 anos. De acordo ao estado civil ficou evidenciado que a maioria dos casos são com as pessoas solteiras, seguido dos casados, viúvos e por separados, essa proporção não teve alteração significativa de um ano para o outro. A incidência de soros positivos aumentou consideravelmente para a cidade de Santo Antonio de Jesus de um ano para o outro, e assim também, em outras localidades em estudada. Acredita-se que cerca 11 mil brasileiros morrerão de AIDS em 2010. A estimativa é que no país cerca de 355 mil pessoas tenham HIV, porém não tem a doença diagnosticada. Menos pessoas poderiam morrer se o exame para detectar o HIV fosse feito. Os testes de HIV são gratuitos, e de acordo com Ministério da Saúde, em 2008 foram feitos 6,4 milhões desses exames no país. Em 2009, o número subiu para 7,4 milhões. Baseados nesses relatos a distribuição desses casos permite uma compreensão da distribuição e ocorrência de portadores do HIV diante de variáveis como: sexo, idade, estado civil, e município de residência no pelo Centro de Testagem e Aconselhamento/Serviço de Atendimento Especializado Viva Vida (CTA/SAE) de Santo Antonio de Jesus, Bahia. Visto os resultados encontrados nesse trabalho contrastando com o cenário nacional percebe-se que os dados representam de forma significativa a ocorrência em relação os parâmetros avaliados. Palavras-chaves: HIV, UFS, SAJ e Levantamento Epidemiológico.

ABSTRACT The ability of HIV-1 infection depends on factors related biological and behavioral parameters. Among the behavioral factors are most commonly associated with multiple sexual partners, having sex without using condoms and sharing of needles among intravenous drug users. It unusual epidemiological studies in Inner cities, and the Most of the prevention campaigns of the federal government usually vertical, Under this assumption, this study attempted answer the following questions: how many cases Confirmed HIV reported by the Centre for Testing and Counseling / Customer Service specialist Living Life (CTA / SAE) Santo Antonio de Jesus, Bahia (BA) for age, sex and marital status? What are the epidemiological trends of cases reported by CTA / SAE compared to the national epidemic picture? This work was to raise the number of confirmed cases of HIV in the CTA / SAE's Department of Health Surveillance, Secretary of Health of St. Antonio de Jesus (BA) between the years 2008 and 2009. Regarding gender, there is a predominance of female infection, the age most are distributed mostly between 31-45 years. According to marital showed that the majority of cases are to unmarried persons, followed by married, widowed and separated, this proportion had significant change from one year to another. The incidence of serum increased significantly positive for the city of Santo Antonio de Jesus from one year to another, and so, in other places in studied. It is believed that about 11 000 die of AIDS in Brazil 2010 were estimate that the country about 355 000 people have HIV, but do not have the disease diagnosed. Fewer people could die the examination was done to detect HIV. HIV tests are free, and according to the Ministry of Health in 2008 were made 6.4 million these exams in the country. In 2009, the number rose to 7.4 million. The importance of the epidemiological profile of the region under study is so that we can draw new strategies that meet more specific audiences in the study. Keywords: HIV, UFS, SAJ and epidemiological survey.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Patogênese pela infecção do HIV-1. ............................................. 17 Figura 2 Evolução da infecção pelo HIV-1 em função da contagem de

células CD4+ e carga viral. ............................................................ 18 Figura 3 Fluxograma para detecção de anticorpos anti-HIV em indivíduos

com idade acima de 18 meses. .................................................... 22 Figura 4 Algoritmo de testes rápidos para detecção de anticorpos anti-

HIV em indivíduos com idade acima de 18 meses. ...................... 23

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Percentual de casos de HIV, por sexo, cadastrado no CTA/SAE Viva Vida 2008 – 2009. ................................................................. 29

Gráfico 2 Número de Casos de Infecção de HIV, por faixa etária,

cadastrado no CTA/SAE Viva Vida – 2008-2009. ......................... 30 Gráfico 3 Número de Casos de Infecção de HIV, de acordo com o estado

civil dos cadastrado no CTA/SAE Viva Vida, 2008–2009. ............ 31 Gráfico 4 Número de casos de HIV acompanhados no CTA/SAE Viva Vida

de Santo Antonio de Jesus e outras localidades cadastradas no CTA/SAE Viva Vida nos anos 2008– 2009. .................................. 32

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Número de casos de HIV acompanhados no CTA/SAE Viva Vida de Santo Antonio de Jesus e demais localidades cadastradas no CTA/SAE Viva Vida 2008– 2009. .................................................. 33

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO. ............................................................................... 11

2 SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA (AIDS). ......... 14 2.1 HISTÓRICO. .................................................................................... 14 2.2 PATOGÊNESE DO HIV-1. .............................................................. 15 2.3 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL. .................................................. 20 2.4 ASPECTOS EPIDEMILOGICO DA AIDS. ....................................... 24

3 METODOLOGIA. ............................................................................ 27 3.1 TIPO DE ESTUDO. ......................................................................... 27 3.2 LOCAL DE ESTUDO. ...................................................................... 27 3.3 FONTE DE DADOS. ........................................................................ 27 3.4 COLETA DE DADOS. ..................................................................... 27 3.5 ANALISE DOS DADOS. .................................................................. 28 3.6 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS. .............. 28

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS. ........................................................... 34

REFERÊNCIAS. .............................................................................. 36

1 INTRODUÇÃO

O vírus da imunodeficiência humana (HIV/AIDS) –é um agente etiológico da

síndrome da imunodeficiência adquirida, que surgiu em 1981, nos Estados

Unidos, a partir da constatação de que havia um numero elevado de adultos

homossexuais, do sexo masculino, que apresentavam infecções consideradas

raras em indivíduos imunocompetentes, como sarcoma de Kaposi e

pneumonia por Pneumocytis carnii (OLIVEIRA,2002). Este fato fez com que os

médicos suspeitassem de uma nova doença, com probabilidade de ser de

origem infecciosa e transmissível onde se transformou rapidamente em uma

epidemia com altos índices de morbi-mortalidade. A infecção pelo HIV resulta

em uma doença crônica e progressiva, que pode levar a destruição do sistema

imunológico. Ate o momento já foram descritos dois tipos de vírus: HIV-1 e HIV-

2. O HIV-1 é um vírus com uma alta taxa de mutação. O HIV-2 é outro

retrovírus humano que é encontrado principalmente na África.

Apesar do vasto conhecimento sobre a sua fisiopatologia e seu agente

etiológico, a AIDS ainda constitui-se em uma infecção incurável. Em 2007

havia 33.245.000 portadores do vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) em

todo o mundo. Sendo que 68% dos portadores eram da África subsaariana e

12% eram do sudeste e sul da Ásia. A América Latina contribuía nesse cenário

com 5% do total de portadores do vírus HIV (OMS, 2009).

Desde o seu surgimento no mundo e no Brasil, os casos de AIDS aumentaram

exponencialmente. No Brasil, em 1990, foram notificados pela Vigilância

Epidemiológica 9.072 casos, em 2007, esse número passou para 33.689

casos, um aumento correspondente a 271% (BRASIL, 2009).

Além do aumento no número de casos, o perfil epidemiológico dos infectados

tem mudado consideravelmente. No Brasil, em 1990, do total de casos

notificados, 56% foram de indivíduos na faixa etária entre 20-34 anos e 30% de

35-49 anos. Em 2007, esse cenário mudou, com a maior prevalência dos

indivíduos na faixa etária de 35-49 anos (47%), destacando que aqueles com

idade de 50-64 anos, dobrou a proporção, 5,5% vs 12% (BRASIL, 2009).

Em relação ao sexo, em 1990, havia a predominância de pessoas do sexo

masculino infectadas, sendo que do total de infectados, 84% eram homens. Em

2007, apesar da maior prevalência ainda ser entre os homens (60%), o número

de casos encontrados em mulheres mais que dobrou, passando de 16%, em

1990, para 40% em 2007 (BRASIL, 2009).

Ao entrar no organismo humano, o HIV age no interior das células do sistema

imunológico, responsável pela defesa do corpo. As células de defesa mais

atingidas pelo vírus são os linfócitos CD4+, justamente aquelas que comandam

a reposta específica de defesa do corpo diante de agentes como vírus e

bactérias. O HIV tem a capacidade de se ligar a um componente da membrana

dos linfócitos, o CD4, e penetrar nessas células, para poder se multiplicar. O

HIV vai usar o DNA da célula para fazer cópias de si mesmo. Depois de se

multiplicar, rompe a célula e os novos vírus caem na corrente sanguínea, indo

buscar outras células para continuar sua multiplicação.

Tal panorama epidemiológico levou a um investimento maciço do governo em

ações de prevenção e controle da AIDS, tendo em vista que o tratamento

medicamentoso dos pacientes infectados é custeado pelo governo federal,

através do Programa AIDS/DST, sendo um programa de referência mundial

dada a sua acessibilidade. Em 2008, os gastos do Ministério da Saúde com

medicamentos para a AIDS foi em torno de 1,08 bilhões de reais (BRASIL,

2009).

Observa-se que a epidemiologia da AIDS vem sofrendo mudanças ao longo

dos anos, em conformidade com as características sociodemográfica. Detalhe

que repercute inequivocamente em mudanças no direcionamento de

campanhas de prevenção e de políticas de saúde. Tal evidência aponta ainda

para a realização de

constantes levantamentos epidemiológicos, objetivando traçar uma tendência

da infecção, tendo em vista que a AIDS é uma doença dinâmica sujeita as

mudanças culturais e comportamentais das populações.

A escolha desse tema expressa vontades pessoais de conhecer e ampliar

meus conhecimentos na área, sendo assim buscando mais detalhadamente

sobre o vírus do HIV e seus casos confirmados.

Observa-se que a epidemiologia da AIDS vem sofrendo mudanças ao longo

dos anos, em conformidade com as características sociodemográfica. Detalhe

que repercute inequivocamente em mudanças no direcionamento de

campanhas de prevenção e de políticas de saúde. Tal evidência aponta ainda

para a realização de constantes levantamentos epidemiológicos, objetivando

traçar uma tendência da infecção, tendo em vista que a AIDS é uma doença

dinâmica sujeita as mudanças culturais e comportamentais das populações.

O problema da pesquisa se apresenta nos seguintes aspectos: Qual o número

de casos confirmados de HIV notificados pelo Centro de Testagem e

Aconselhamento/Serviço de Atendimento Especializado Viva Vida (CTA/SAE)

de Santo Antonio de Jesus, Bahia (BA) por idade, sexo e estado civil? Qual a

tendência epidemiológica dos casos notificados pelo CTA/SAE em comparação

ao cenário epidemiológico nacional?

Portanto, objetivo coloca-se no intuito de evidenciar o número de casos

confirmados de HIV no CTA/SAE do Departamento de Vigilância à Saúde, da

Secretária de Saúde de Santo Antonio de Jesus (BA), entre os anos de 2008 e

2009. Assim como, estabelecer uma comparação epidemiológica entre os

resultados desse estudo e o cenário nacional para o mesmo período em

destaque.

2 SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA (AIDS)

2.1 HISTÓRICO

Os primeiros relatos sobre a morte aparentemente inexplicável de pacientes

por infecções oportunistas foram publicados a partir de 1962, por médicos

europeus que trabalhavam na África. Todavia, a AIDS só foi descrita como uma

nova patologia clínica em 1981 nos Estados Unidos, a partir da constatação de

que havia um número elevado de adultos homossexuais masculinos que

apresentavam infecções consideradas raras em indivíduos imunocompetentes

(SANTOS et al., 2008).

De acordo com Gross (2005), em 1983 surgiu a primeira indicação de que

AIDS poderia ser um agente etiológico, por grupo de pesquisadores do Instituto

Pasteur, de Paris, França, pelo isolamento de um vírus. Posteriormente o

agente etiológico da AIDS foi denominado de vírus da imunodeficiência

humana (HIV), havendo dois tipos HIV-1 e HIV-2. O HIV-1 teve origem a partir

de mutações do vírus da imunodeficiência de símios (SIV), havendo a teoria de

transmissão interespécies. Quanto à origem do HIV-2, existem evidências de

que o macaco da espécie Cercocebus atys é o responsável por sua

disseminação.

Em 1986, o HIV (Human Immunodeficiency Vírus) passou a ser denominado

oficialmente em português, Vírus da Imunodeficiência Humana. Sendo também

identificado um segundo agente etiológico, o HIV-2, um retrovírus, com

características muito similares às do primeiro. Ambos apresentam de 40-60%

de homologia entre seus aminoácidos. Entre o final da década de 80 e início

da década de 90, pouco se conquistou de prático na luta contra a AIDS. Nessa

época a doença tomou proporções de pandemia, estendendo-se pelo mundo,

em particular nos países subdesenvolvidos da África Central (Uganda, Kênia,

Tanzânia, Moçambique) e do Sudeste Asiático (Tailândia, Laos, Indonésia),

além da Europa e Américas (MENESIA, 2001; EYER-SILVA, 2003).

HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), membro da família de vírus

conhecida como Retroviridae (retrovírus), classificado na subfamília dos

Lentiviridae (lentivírus). Estes vírus compartilham algumas propriedades

comuns: período de incubação prolongado antes do surgimento dos sintomas

da doença, infecção das células do sangue e do sistema nervoso e supressão

do sistema imune. A infecção humana pelo vírus HIV provoca uma moléstia

complexa denominada síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS).

Atualmente, os HIVs são classificados na família Retroviridae, devido à

presença da enzima transcriptase reversa. Através de estudos sorológicos,

foram evidenciados os dois tipos antigênicos anteriormente citados, o HIV-1 e

HIV-2. O HIV-1 é o tipo mais virulento e mais disseminado pelo mundo. Já o

HIV-2 parece ser menos patogênico e é encontrado, quase que

exclusivamente, no oeste da África. O HIV-1 apresenta nove subtipos (A, B, C,

D, F, G, H, J e K), enquanto o HIV-2 possui cinco subtipos (A-E) descritos até o

momento (SANTOS et al., 2008).

2.2 PATOGÊNESE DO HIV-1

A capacidade de infecção do HIV-1 depende de fatores que estão relacionados

com parâmetros biológicos e comportamentais. Dentre os fatores biológicos

relacionam-se a concentração da carga viral no fluido biológico, a integridade e

a vulnerabilidade da mucosa envolvida, a duração da exposição e a amostra

viral transmitida. Entre os fatores comportamentais mais comumente

associados estão múltiplos parceiros sexuais, a prática sexual sem o uso de

preservativos e o compartilhamento de seringas entre usuários de drogas

injetáveis. Os modos de transmissão ocorrem através da prática de relações

sexuais sem o uso de preservativos, do compartilhamento de seringas entre

usuários de drogas injetáveis, da transmissão vertical (transmissão do HIV-1

pela gestante para o feto pela via placentária), através da transfusão de sangue

ou produtos sanguíneos contaminados e por meio de acidentes ocupacionais

entre profissionais de saúde (acidentes com materiais perfuro cortantes e

fluídos biológicos de pacientes contaminados) (SANTOS et al., 2008).

Após a infecção pelo vírus, a sua propagação ocorre nos tecidos linfóides.

Nesta fase, a resposta imune à agressão causada pelo agente viral é normal.

Devido à heterogeneidade genética que engloba a população de HIV e as

células que funcionam como reservatórios para o vírus, os anticorpos

neutralizantes não são capazes de eliminar todas as partículas virais e, em

seguida, ocorre uma replicação persistentes no corpo, o sistema imunológico a

tentar combater a infecção. Há uma ativação crônica imune, em que novas

partículas virais são produzidas e mais células do sistema imune são liberadas

na circulação, na tentativa de eliminar esses vírus.

A AIDS não se manifesta da mesma forma em todas as pessoas. Mas os

sintomas iniciais geralmente são semelhantes e comuns a outras doenças. Os

mais freqüentes são gripe persistente, perda de peso, diminuição da força

física, febre intermitente (a pessoa fica febril e melhora, e febril novamente com

muita freqüência), dores musculares, suores noturnos, diarréia. Como muitas

pessoas passam anos sem apresentar sintoma algum, faça o teste sempre que

passar por uma situação de risco. O indicado é esperar, pelo menos, um mês

após essa possível exposição ao vírus. Esse é o tempo que o organismo leva

para produzir anticorpos suficientes que possam ser detectados nos testes de

laboratório.

Como os vírus são capazes de destruir as células, dessa forma ocorre a

liberação de citosinas que induz a expressão de moléculas, chamadas CD4+, e

que funcionam como co-receptores para o vírus na superfície de linfócitos,

possibilitando o aumento da população viral em vários ciclos. Normalmente há

necessidade de vários anos para até o sistema imunológico do indivíduo entre

em colapso. Nas Figuras 1 e 2 estão relacionada o mecanismo de patogênese

da infecção pelo HIV e a evolução da infecção em função da carga viral e da

contagem de células CD4+ (SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOFIA,

2003).

Destruição dos tecidos linfóides

SIDA

Ativação crônica do sistema imunológico

Aumento da replicação viral

Liberação de citocinas

Infecção primária

Disseminação Viral

Tecido linfóide

Resposta imunológica parcial

Replicação viral persistente

Sequestro do vírus no tecido linfóide

Figura 1: Patogênese pela infecção do HIV-1

Fonte: Santos et al., 2008.

Figura 2: Evolução da infecção pelo HIV-1 em função da contagem de células

CD4+ e carga viral.

Fonte: Santos et al., 2008.

As manifestações clínicas variam conforme o período da infecção. Na fase

aguda, em torno de duas a quatro semanas do início da infecção, as

manifestações clínicas variam desde um quadro de gripe até sintomas

semelhantes àqueles causados pelo vírus da mononucleose infecciosa Além

dos sintomas gerais como febre, linfadenopatia, faringite, mialgia, artralgia,

exantema, cefaléia, hepatoesplenomegalia, perda de peso, náusea e vômito,

os pacientes podem apresentar candidíase oral, neuropatia periférica,

meningoencefalite e síndrome de Guillain-Barr (BRASIL, 2005).

Posterior à aguda da infecção a classificação é realizada de acordo com as

manifestações clínicas e a contagem de células CD4 + dos pacientes, assim

denominada como fase assintomática, sintomática inicial, fase tardia.Na

sintomáticos e assintomáticos intermediários, raramente é manifestado algum

sinal. Há pacientes que podem ter uma linfadenopatia generalizada persistente,

locais não-inguinal. Embora essa fase chame-se de replicação viral

assintomática ocorre de forma contínua e gradual enfraquecimento do sistema

imunológico, com a transmissão do vírus.

Na fase sintomática inicial, os sintomas podem variar e inclui febre, sudorese

noturna, cefaléia, mal-estar, fadiga, diarréia e perda de peso. Linfadenopatia

persistente generalizada pode estar pre Linfadenopatia sente e várias

condições dermatológicas podem ocorrer como: herpes zoster, herpes simples

recorrente, leucoplasia pilosa oral, dermatite seborrêica, infecções bacterianas

como tuberculose e foliculite. A fase sintomática intermediária caracteriza-se

pela contagem de células que se situam entre 200 e 500 células CD4+/ mm3 e

pelos mesmos sintomas da fase anterior, que podem piorar nesse estágio.

Além disso, pode ocorrer candidíase oral ou genital, sinusite, bronquite e

pneumonia (BRASIL, 2005).

Os pacientes na fase tardia da doença apresentam contagens entre 50 e 200

células CD4+/mm3 e tendo um grande risco de contrair pneumonia por

Pneumocystis jiroveci (P carinii), criptosporidíase, encefalite por Toxoplasma

gondii e candidíase esofágica. E com menos de 50 células CD4+/mm3 os

indivíduos estão na fase avançada da doença, nessa etapa pode acontecer

todas as manifestações clínicas e tem um elevado risco de surgimento de

citomegalovirose disseminada, o sarcoma de Kaposi que se manifesta na pele

e trato gastrointestinal, linfoma não-Hodgkin e infecção por microbactérias

atípicas.

Segundo Vernosesi; Focaccia (2005), a contagem de LT-CD4+ e a

determinação da carga viral são referenciais importantes no monitoramento da

infecção, indicam o momento ideal para o início do tratamento anti-retroviral e a

instituição da quimio-profilaxia de infecções oportunistas. Normalmente a

linfadenopatia generalizada persistente, definida pela presença de hipertrofia

em duas ou mais cadeias ganglionares extra-inguinais durante no mínimo de 3

a 6 meses, sem causa visível. A maior parte dos portadores de HIV não

apresenta manifestações clínicas de doença, a evolução da AIDS é muito

variável, geralmente, são assintomáticos durante longo período, e independe

do mecanismo pelo qual a infecção foi adquirida.

2.3 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

Os testes laboratoriais para detecção da infecção pelo HIV são realizados com

os objetivos de identificar indivíduos com a infecção, identificar portadores e

confirmar o diagnóstico de AIDS. Os testes comumente realizados para a

detecção da infecção pelo HIV podem ser divididos em quatro tipos: detecção

de anticorpos, detecção de antígenos, cultura viral e amplificação da carga viral

(BRASIL, 2008).

O exame de sangue é a forma mais comum de diagnosticar o HIV. Estes testes

para detecção de anticorpos para o vírus que o corpo cria na tentativa de

combater o vírus. Pessoas expostas ao vírus devem fazer o teste

imediatamente, embora possa levar o corpo em qualquer lugar de seis

semanas a um ano para desenvolver anticorpos contra o vírus. É crucial

detectar o vírus em fase inicial, pois juntamente com o médico poderá se

desenvolver um plano de tratamento evitando maiores complicações. Além

disto, poderá evitar a transmissão para outras pessoas.

O diagnóstico da infecção pelo HIV no Brasil em

indivíduos com idade acima de dois anos é baseado na

detecção de anticorpos, de acordo com a Portaria Nº

59/GM/MS, de 29 de janeiro de 2003 (disponível na

página www.aids.gov.br). Alternativamente, para a

identificação da infecção pelo HIV em crianças nascidas

de mães soropositivas, utilizam-se testes para

quantificação da carga viral do HIV-1, em função da

transferência passiva de anticorpos da mãe para o bebê,

que pode ocasionar resultados falso-positivos nos testes

para detecção de anticorpos. Os testes para detectar

anticorpos anti-HIV podem ser classificados como:

ensaios de triagem: desenvolvidos para detectar todos os

indivíduos infectados; ou ensaios confirmatórios:

desenvolvidos para identificar os indivíduos que não estão

infectados, mas têm resultados reativos nos ensaios de

triagem (BRASIL, 2008, p.17.).

O teste de ELISA é um ensaio imunoenzimático (ElA) utilizado para avaliação

do nível de anticorpos do indivíduo em testes de triagem. É usado para

detectar a infecção pelo HIV. Se um teste de ELISA é positivo, o teste de

Western Blot é geralmente administrado para confirmar o diagnóstico. Porém

se um teste de ELISA é negativo, deve ser testado novamente em 1-3 meses.

Esse teste é bastante sensível na infecção pelo HIV crônica, devido aos

anticorpos não serem produzidos imediatamente após a infecção, O

diagnóstico laboratorial da AIDS segue uma seqüência de três etapas De

acordo Brasil (2008), a 1ª etapa ocorre a triagem sorológica para o HIV por

meio de um ElA. Na etapa seguinte ocorre a confirmação sorológica por um

segundo ElA para o HIV-1, mais um teste de imunofluorescência indireta para o

HIV-1 ou immunoblot para HIV. Na 3ª etapa realiza-se a triagem com a

confirmação sorológica pelo teste de Western blotting (Western blot) para o

HIV-1 para as amostras negativas, indeterminadas ou inconclusivas nas etapas

anteriores. A Figura 3 mostra de forma esquemática o processo de triagem de

pacientes suspeitos de infecção

Figura 3: Fluxograma para detecção de anticorpos anti-HIV em indivíduos com

idade acima de 18 meses.

Fonte: Ministério da Saúde, 2008.

Porém, mais recentemente testes rápidos para diagnóstico da infecção pelo

HIV estão sendo desenvolvidos, com o objetivo de abreviar o tempo até a

definição do diagnóstico. Os testes rápidos são de fácil execução, não

requerem equipamentos ou mão-de-obra especializada e podem ser

NEGATIVO POSITIVO

AMOSTRA NEGATIVA

PARA O HIV

AMOSTRA POSITIVA

PARA O HIV

COLETAR AMOSTRA APÓS 30 DIAS E REPETIR TODO O ALGORITMO

POSITIVO/NEGATIVO

TESTE 1 + TESTE 2

NEGATIVO/POSITIVONEGATIVO/NEGATIVO

AMOSTRA NEGATIVA

PARA O HIV

TESTE 3

POSITIVO/POSITIVO

AMOSTRA POSITIVA

PARA O HIV

executados em poucas etapas, em um tempo inferior a 20 minutos (BRASIL,

2008).

Esse tipo de diagnóstico consiste na realização de três testes. Inicialmente são

realizados o teste 1 (T1) e teste 2 (T2), em paralelo, para toda e qualquer

amostra coletada. Se os dois testes iniciais apresentarem resultados positivos,

a amostra será considerada positiva para o HIV. Da mesma forma, se os dois

testes apresentarem resultados negativos, a amostra será considerada

negativa para o HIV. Um terceiro teste (T3), será utilizado somente quando os

testes iniciais (T1 e T2) apresentarem resultados discordantes, sendo que o T3

definirá o resultado da amostra (Figura 4) (BRASIL, 2008).

Figura 4: Algoritmo de testes rápidos para detecção de anticorpos anti-HIV em

indivíduos com idade acima de 18 meses.

Fonte: Ministério da Saúde, 2008.

2.4 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA AIDS

Vários pesquisadores tem traçado o perfil epidemiológico de infectados pelo

HIV em períodos de tempo específicos, a fim de detectar variações de

incidência e mortalidade em função de parâmetros demográficos, sociais e

comportamentais. Essa investida possibilita o direcionamento de políticas e

ações de prevenção para grupo e faixa etária especificas, com o objetivo de

reduzir a incidência e mortalidade pela infecção (MARTINS, et al., 2008).

Múltiplos estudos têm mostrado que o perfil epidemiológico dos pacientes

portadores do HIV tem mudado consideravelmente ao longo dos anos.

Variações de incidência na idade, grupo de risco e sexo tem sido

constantemente demonstradas. Os estudiosos alegam que a AIDS está

passando por um processo de envelhecimento, pauperização, interiorização,

feminização e heterossexualização.

Em relação à idade, estudos recentes têm demonstrado um aumento da

incidência de casos notificados de AIDS em pessoas acima de 30 anos e uma

diminuição daquelas com idade entre 18 e 29 anos. Santos et al. (2002) com a

análise dos casos notificados de AIDS do Estado de São Paulo no período de

1980 a 2001 evidenciou essa tendência de envelhecimento em ambos os

sexos, sendo que com as mulheres o número de casos a cada 100.000, para

mulheres com 40 a 49 anos aumentou de 4,4 em 1990 para 23,63 em 1998.

Tendência também evidenciada em outros estudos (BRITO et al., 2001;

BASSICHETO et al., 2004; GABRIEL et al., 2005).

Na primeira década da infecção havia a predominância de casos notificados

entre indivíduos de alta escolaridade e nível social. Todavia com o passar dos

anos essa tendência inverteu-se, havendo atualmente predomínio e notificação

de casos de AIDS em pessoas de baixa escolaridade. Bassichetto et. al (2004),

analisaram os casos de AIDS notificados na rede municipal de São Paulo entre

os anos de 2000 e 2001 verificaram que 53,2% dos casos notificados

ocorreram em pessoas que não possuíam o segundo grau completo. Outros

autores também verificaram esse perfil de incidência em seus estudos (BRITO

et al., 2001; FONSECA et al., 2002; SANTOS et al., 2002; RODRIGUES-

JÚNIOR; CASTILHO, 2004; GABRIEL et al., 2005;).

A feminização é outra tendência da epidemia observada ao longo dos anos.

Em 1990, do total de casos de AIDS notificados no Brasil, 84% eram homens.

Em 2007, apesar da maior prevalência ainda ser entre os homens, o número

de casos entre mulheres mais que dobrou, representando aproximadamente

40% dos casos notificados (BRASIL, 2009a). Mudança epidemiológica também

notada por outros pesquisadores (BRITO et al., 2001; FONSECA et al., 2002;

SANTOS et al., 2002; BASSICHETO et al., 2004; RODRIGUES-JÚNIOR;

CASTILHO, 2004;GABRIEL et al., 2005;).

No início da epidemia, os casos notificados de AIDS eram predominantemente

entre homossexuais e bissexuais, porém com o passar dos anos, em

decorrência de várias mudanças no comportamento sexual dos indivíduos

heterossexuais, como a multiplicidade de parceiros, levou a uma maior

predominância de casos notificados nesse grupo de indivíduos. Em 1990, 24%

e 30% dos casos notificados foram entre homossexuais e usuários de drogas

injetáveis, respectivamente. Já em 2007, houve uma mudança nesse

panorama, sendo que a maioria dos casos notificados (30%) foram entre

heterossexuais e apenas 6% e 3% dos casos foram entre homossexuais e

usuários de drogas injetáveis, simultaneamente (BRASIL, 2009a).

O número de casos de AIDS entre pacientes idosos tem aumentado

significativamente no Brasil, levando a investigações epidemiológicas com esse

grupo específico de indivíduos. ARAÚJO et. al. (2007) com a análise dos casos

de AIDS notificados em um centro de referência em Fortaleza/CE acurou que a

maioria dos infectados idosos estavam na faixa etária de 60 a 69 anos (77,5%)

e possuíam baixa escolaridade (44,5%), além do que a quase totalidade

adquiriu o vírus através da prática sexual (POTTES et al., 2007).

Apesar do aumento contínuo dos casos de AIDS, a partir do final da década de

90, particularmente no Brasil, a mortalidade tem diminuído. Tal fato deve-se ao

Brasil possuir um programa nacional que realiza a distribuição gratuita de

medicamentos para pacientes infectados, sendo um dos poucos países não-

desenvolvidos a oferecer esse tipo de serviço. No Estado de São Paulo o

coeficiente de mortalidade começou a cair progressivamente a partir de 1996,

caindo para, aproximadamente, 46% até 1999 (SANTOS et al., 2002). Entre as

mulheres, no Brasil, o coeficiente de mortalidade também reduziu

expressivamente no período de 1996 a 2005, com exceção daquelas na faixa

etária entre 40 a 49 anos (PEREIRA et al., 2008).

Percebe-se pelos estudos enumerados que o perfil epidemiológico dos

pacientes infectados pelo HIV no Brasil sofreu variações bruscas desde o inicio

da epidemia. Isso repercute na imprescindibilidade contínua da realização de

estudos epidemiológicos, a fim de estabelecer tendências sociais,

demográficas e comportamentais da epidemia do HIV, com o objetivo

direcionar mudanças e atualizações nas atuais políticas de prevenção e

combate.

3 METODOLOGIA

3.1 TIPO DE ESTUDO

O estudo consistiu numa pesquisa documental a partir de dados primários.

Lakatos e Marconi (2005) relatam que a característica da pesquisa documental

é que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não,

construindo o que se denomina de fontes primárias.

3.2 LOCAL DE ESTUDO

O presente estudo foi realizado no Centro de Testagem e Aconselhamento e

no Serviço de Atendimento Especializado Viva Vida (CTA/SAE) do

Departamento de Vigilância à Saúde do município de Santo Antonio de Jesus.

O CTA/SAE é um programa de prevenção que tem como objetivos a detecção

precoce da infecção do HIV naqueles indivíduos que se percebem como

vulneráveis e promover a garantia de acesso a uma abordagem educativa e

preventiva para toda a população através do oferecimento de um serviço

multiprofissional.

3.3 FONTE DE DADOS

Realizou-se a consulta de todas as fichas epidemiológicas de pacientes com

teste confirmatório para o HIV entre os anos de 2008 a 2009. As fichas foram

consultadas no CTA/SAE, após prévia autorização pelo órgão competente.

3.4 COLETA DE DADOS

Os dados foram coletados no mês de janeiro de 2010. Buscou-se as seguintes

variáveis durante a coleta dos dados: sexo, idade, estado civil e município de

residência. Os dados foram transcritos para uma planilha eletrônica do

Microsoft Office 2007.

3.5 ANÁLISE DOS DADOS

52% 53%48% 47%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2008 2009

Feminino Masculino

Após tabulação, realizou-se a distribuição da freqüência dos casos confirmados

de HIV por idade, sexo, estado civil e município de residência. Os resultados

foram comparados com o cenário nacional no mesmo período em questão, a

fim de verificar discrepâncias de perfil epidemiológico. Essa segunda etapa da

pesquisa foi realizada através do acesso ao banco de dados do Sistema Único

de Saúde, no endereço eletrônico www.aids.gov.br.

3.6 APRESENTACAO E DISCURSSAO DOS RESULTADOS

Quanto à proporção de sexo dos casos de HVI do levantamento realizado

pode-se observar no gráfico 1, que no ano de 2008, 46% dos homens são

portadores de HIV para 54% das mulheres e no período de 2009, que há mais

mulheres portadoras do HVI que homens, correspondendo respectivamente,

47% e 53%. Segundo Annan (2002), a AIDS tem aumentado significativamente

entre as mulheres, e afirma que cerca de 60% dos infectados com HIV-1 são

mulheres. Vasconcelos; Galvão (2004) justifica esses valores, afirmando que

do ponto de vista biológico, e por razões anatômicas, as mulheres são mais

suscetíveis que os homens à transmissão do HIV. Dessa forma, por apresentar

grande superfície de mucosa vaginal que se expõe ao sêmen, o qual, por sua

vez, contém maior concentração de vírus que o fluido vaginal, a mulher duplica

o risco de contrair o vírus quando comparada ao homem.

Gráfico 1. Percentual de casos de HIV, por sexo, cadastrado no CTA/SAE Viva

Vida 2008 – 2009.

Fonte: CTA/SAE Viva Vida – 2009.

De acordo com Brasil (2009), em relação ao sexo, no ano de 1990, houve

predominância de pessoas do sexo masculino infectado (84%). Porém em

2007, a maior prevalência continuou entre os homens (60%), mas, em contra

partida o número de casos encontrados em mulheres aumentou

exageradamente, passando de 16%, em 1990, para 40% em 2007.

Os resultados encontrados de cadastrados no CTA/SAE Viva Vida, por faixa

etária, durante o ano de 2008-2009, foi que a maioria estão distribuídos entre

31-45 anos, reduzindo esses valores quando estão com idades entre 01 a 15

anos e superior a 60 anos, como visto no gráfico 2. Segundo Gross (2005), os

idosos estão se infectando mais na faixa etária prévia aos 60, assim como o

diagnóstico também é feito ao redor dos 60 anos, isso porque a atividade

sexual desses indivíduos com adventos de medicamentos já supera a faixa e

comprova em estudo que eles não usam preservativos. Vale ressaltar que com

o aumento da expectativa de vida dos pacientes soropositivos, na última

década, o número de idosos com HIV tende a aumentar nos próximos dez

anos.

Para os valores de crianças 01 a 15 anos a infecção é justificada em geral por

decorrência de ausência do pré-natal, dos cuidados antecipados dos pais. Pois,

atualmente já existem tratamentos que evita essa transmissão. Porém, as

2 3

19

33

19

40

913

3 5

0

10

20

30

40

50

2008 2009

Ano

Núm

ero d

e Cas

os

de

Infe

cção

de

HIV

01 a 15 16 a 30 31 a 45 46 a 60 Acima de 60

taxas são altas observadas a faixa etária de 16 a 40 anos. O Ministério da

Saúde (2010), afirma que as faixas etárias 16 a 25 e 26 a 40 anos as que

respondem pelo crescimento de incidência correspondem à maior parte das

pessoas que têm relações eventuais quer solteiras ou em relações estáveis.

Este efeito se faz sentir com maior intensidade para os homens nestes grupos

etários.

Gráfico 2. Número de Casos de Infecção de HIV, por faixa etária, cadastrado

no CTA/SAE Viva Vida – 2008-2009.

Fonte: CTA/SAE Viva Vida – 2009.

Em 1990, no Brasil o total de casos notificados, 56% foram de indivíduos na

faixa etária entre 20-34 anos e 30% de 35-49 anos. No ano de 2007, esse

panorama se transformou, com a maior prevalência dos indivíduos na faixa

etária de 35-49 anos (47%), sem esquecer que aqueles com idade de 50-64

anos, dobrou a proporção, 5,5% vs 12% (BRASIL, 2009).

Os resultados obtidos no levantamento de dados de acordo ao estado civil dos

pacientes infectados pelo HIV no período de 2008-2009 estão apresentados no

gráfico 3, onde torna-se claro que a maioria dos casos são com as pessoas

solteiras, seguido dos casados, viúvos e por separados, essa proporção não

teve alteração significativa de um ano para o outro.

Uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde (2010), responde a esses

resultados, considerando que o estado conjugal é um grande preditor quanto à

50% 51%

37% 38%

7% 6%6% 5%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2008 2009

Solteiro

Casado

Viúvo

Separado

exposição ao HIV/AIDS, como mostra o contraste entre os 46,7% e os 87,5%

de expostos entre solteiros e casados, respectivamente. A grande proporção

de indivíduos casados ou unidos classificados como expostos, 87,5%, deve-se

ao fato de que em sua grande maioria (81,9%) possuem apenas um parceiro e

não usam camisinha. Entre os solteiros este percentual é de apenas 18,9%.

Todavia, quanto ao grau de exposição, 16% dos solteiros encontram-se, com

um alto grau, e entre os casados ou unidos este percentual é de 2,5%.

Considera ainda que, os indivíduos casados ou em união consensual estão

mais expostos, devido não usa camisinha nestas relações estáveis. Assim, em

qualquer modelo deste tipo, o estado conjugal surge como a mais importante

das variáveis para a segmentação.

Gráfico 3. Número de Casos de Infecção de HIV, de acordo com o estado civil

dos cadastrado no CTA/SAE Viva Vida, 2008–2009.

Fonte: CTA/SAE Viva Vida – 2009.

A distribuição dos casos por ano e localidade de ocorrência pode ser

observada no gráfico 4. A incidência de soros positivos aumenta

consideravelmente do ano de 2008 para 2009 tanto para a cidade de Santo

Antonio de Jesus quanto em outras localidades, ressaltando que o serviço tem

grande abrangência uma vez que os valores encontrados tem entre regiões

estão bem similares.

29

44

23

46

0

10

20

30

40

50

2008 2009Ano

Núm

ero d

e Cas

o d

e HIV

SAJ

Outras

Gráfico 4. Número de casos de HIV acompanhados no CTA/SAE Viva Vida de

Santo Antonio de Jesus e outras localidades cadastradas no CTA/SAE Viva

Vida nos anos 2008– 2009.

Fonte: CTA/SAE Viva Vida – 2009.

O CTA/SAE Viva Vida, além de Santo Antonio de Jesus atende outros 17

municípios. Na tabela 1, estão apresentados os números de soros positivos

que são acompanhados por este centro, de acordo com o município de

residências, no período de 2008-2009. Acredita-se que o aumento de

cadastrados tanto de um ano para outro e de municípios que não haviam

realizado o acompanhamento deve-se a ações educativas e a divulgação

realizada. Excetuando Santo Antonio de Jesus, Valença apresenta um maior

número de casos quando comparado com os demais municípios.

Tabela 1. Número de casos de HIV acompanhados no CTA/SAE Viva Vida

Santo Antonio de Jesus e demais localidades cadastradas no CTA/SAE Viva

Vida 2008–2009.

HIV 2008 HIV 2009 SAJ 29 46 Amargosa 4 5

Aratuípe 1 1 Catro Alves 1 3 Cruz das Almas 2 4 Jaguripe 2 2 Mutuípe 2 2 Nazaré 1 3 Salinas das Margaridas 1 1 Valença 6 17 Varzedo 2 1 Laje 0 2 Sapeaçú 0 1 São miguel das Matas 0 1 Governador Mangabeira 0 1 Cairu 0 1 Jequiriça 0 1 Miniz Ferreira 0 1 Elísio Merado 0 1 TOTAL 51 94 Fonte: Resultados da pesquisa da autora.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A distribuição sociodemográfica dos casos apresentados neste estudo permite

uma compreensão da distribuição e ocorrência de portadores do HIV diante de

variáveis como: sexo, idade, estado civil, e município de residência no pelo

Centro de Testagem e Aconselhamento/Serviço de Atendimento Especializado

Viva Vida (CTA/SAE) de Santo Antonio de Jesus, Bahia. Visto os resultados

encontrados nesse trabalho contrastando com o cenário nacional percebe-se

que os dados representam de forma significativa a ocorrência em relação os

parâmetros avaliados.

O número de casos confirmados de HIV no CTA/SAE do Departamento de

Vigilância à Saúde, da Secretária de Saúde de Santo Antonio de Jesus (BA),

entre os anos de 2008 e 2009 aumentaram consideravelmente, mesmo assim,

considera-se pequenos valores, acredita-se que os pacientes não tem coragem

de procurar o serviço de saúde em buscas deste resultados. A CTA recebe,

sob sigilo, a todo cidadão com dúvidas em relação ao seu status sorológico.

Entre Janeiro de 2008 a fevereiro de 2009, o Centro fez 2664 atendimentos e

cadastrou 56 pacientes de HIV/AIDS, além de oferecer acompanhamento da

equipe de profissionais de saúde.

Acredita-se a partir desta pesquisa cerca 11 mil brasileiros morrerão de AIDS

em 2010. a estimativa é que no país cerca de 355 mil pessoas tenham HIV,

porém não tem a doença diagnosticada. Menos pessoas poderiam morreriam

se o exame para detectar HIV fosse feito. Os testes de HIV são gratuitos, e de

acordo com Ministério da Saúde, em 2008 foram feitos 6,4 milhões desses

exames no país. Em 2009, o número subiu para 7,4 milhões.

A feminilidade tem sido uma tendência visível ao longo dos anos, de 1990 até

2007, mesmo ainda com maior prevalência entre os homens, o número de

casos entre mulheres foi mais que o dobro, aproximadamente 40% dos casos

notificados, e na região de estudo está bem evidenciado que os casos entre

mulheres superam o número para o homem. A faixa etária e o estado civil dos

números de casos encontrado no cenário nacional são convergentes ao

observado nesta pesquisa, onde a maioria está distribuída entre 31-45 anos,

diminuindo com idades entre 01 a 15 anos e superior a 60 anos, e pesquisa

tem identificado o crescimento acentuado para essa ultima faixa, acredita-se

que a atividade sexual desses indivíduos aumentou com a chegada de

medicamentos e também o não usam preservativos.

Quanto ao município de residência, tem evoluído consideravelmente o número

de casos, mas, o CTA/SAE não tem sua meta de cadastramento ainda

atingida, porém, está evolução pressupõe-se que foi motivada pela ação

educativa e políticas nacionais, oferecendo subsídios para os portadores de

Vírus da Imunodeficiência Humana na região ter acesso aos serviços de

exames e tratamento.

Com este estudo é possível que ainda existam muitos casos de crianças HIV

positivo que poderiam está sendo evitados se as mulheres durante a gestação

tivessem tido o acesso aos cuidados de um pré-natal. E a necessidade do

reforço às práticas de sexo seguro (uso de preservativos e redução do número

de parceiros) além de orientação quanto à exposição do sangue

potencialmente contaminado (compartilhamento de seringas) são ações que

tem sido responsabilidades dos centros e serviços de atendimento que pode

promover além, do trabalho preventivo-educativo dos acometidos pelo vírus,

mas a todos que podem ser potencialmente infectado por este, ou seja,

qualquer individuo. A importância de conhecer o perfil epidemiológico da região

em estudo é para que se possa traçar novas estratégias que atendam de forma

mais específica o público em estudo.

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