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Casos de estudo do Metabolismo Urbano Leiria

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Casos de estudo do

Metabolismo Urbano

Leiria

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Versão 1.0

WP 2

Nível de disseminação

Público

Responsável pelo documento

Chalmers University of Technology

Autores

Leonardo Rosado (Chalmers University of Technology)

Divia Jimenez (Chalmers University of Technology)

Joana Bastos (Universidade de Coimbra)

Rita Garcia (Universidade de Coimbra)

Fausto Freire (Universidade de Coimbra)

Revisores -

Tradução Ana Moniz Ramos

Resumo

Este relatório foi elaborado no âmbito da WP2 “Desenvolvimento e implementação da abordagem de análise dos fluxos de materiais e metabolismo urbano para apoiar os processos de tomada de decisão” com o objetivo de apresentar e examinar os resultados do processo de definição do modelo de metabolismo urbano para Leiria, Portugal.

O relatório apresenta uma visão geral dos indicadores quantificados do fluxo de materiais, os recursos disponíveis e a estrutura de consumo de Leiria, bem como a atual e futura geração de resíduos. Examina as características do município num contexto regional e nacional. Apresenta ainda uma avaliação ambiental do consumo urbano em Leiria, com base na aplicação da avaliação do ciclo de vida aos resultados contabilizados dos fluxos de materiais. O relatório indica os produtos, materiais, atividades económicas e resíduos que são mais importantes dentro das cidades.

Palavras-chave

Modelo UMAn; indicadores da análise de fluxo de materiais (AFM); fluxo de recursos, produção industrial, consumo de produtos, composição de materiais, geração de resíduos, produtividade, avaliação do ciclo de vida (ACV).

Licença

Este trabalho está licenciado sob a licença internacional Creative Commons Attribution-No Derivatives 4.0 (CC BY-ND 4.0). Veja: https://creativecommons.org/licenses/by-nd/4.0/

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Sumário executivo Este relatório é parte da Work Package (WP) 2 “Desenvolvimento e implementação da

abordagem de metabolismo urbano e da análise dos fluxos de materiais para apoiar os

processos de tomada de decisão”. O objetivo do relatório é apresentar e examinar os

resultados do processo de modelação para Leiria em 2013, incluindo as características

detalhadas do Metabolismo Urbano.

Entre os aspetos do Metabolismo Urbano, são apresentados: os recursos disponíveis ao nível

da cidade; a produção industrial; e a estrutura de consumo. Estes aspetos foram analisados

sob a perspetiva de grupos de produtos, composições de materiais e atividades económicas

responsáveis pelo uso dos recursos; geração de resíduos para o ano em estudo; e estimativa

de produção futura de resíduos para os próximos 50 anos. É também fornecida uma avaliação

dos impactes ambientais associados ao consumo urbano em Leiria, com base nos resultados

do Metabolismo Urbano. Os principais resultados mostram que em 2013:

Os produtos minerais tiveram uma posição de destaque entre todos os tipos de fluxos,

em particular, os grupos de produtos de pedra, materiais de gesso, cimento e betão.

Artigos de madeira e alimentos preparados tiveram um volume significativo de extração,

produção e exportação, enquanto os vegetais são significativamente importados,

extraídos e consumidos.

Os consumidores mais importantes dos setores económicos foram os de fabricação,

construção e comércio.

Os resíduos urbanos foram, na sua maioria, destinados a aterros. O tratamento para

reciclagem e biológico foram bastante semelhantes.

Os resíduos industriais foram provenientes das atividades de fornecimento de energia,

recolha de resíduos e construção.

O equipamento elétrico e eletrónico irá gerar um throughput relevante de plásticos e de

metais pesados e não-ferrosos, no futuro. Outras secções de produtos serão throughputs

para materiais, incluindo os artigos de plástico, produtos minerais e químicos e produtos

de madeira e celulose.

Carne, cereais, fertilizantes, artigos de pedra e equipamentos elétricos e eletrónicos

foram particularmente significativos em termos de impactes ambientais.

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Conteúdos

1. Introdução _______________________________________________________________ 1

2. Contexto _________________________________________________________________ 1

3. Resultados UMAn __________________________________________________________ 2

3.1. Indicadores da Análise dos Fluxos de Materiais ____________________________ 2

3.1.1. Portugal _________________________________________________________ 3

3.1.2. Região Centro ____________________________________________________ 4

3.1.3. Leiria ___________________________________________________________ 5

3.1.4. Indicadores AFM e contexto geográfico _______________________________ 6

3.2. Recursos disponíveis __________________________________________________ 8

3.2.1. Região Centro ____________________________________________________ 8

3.2.2. Leiria __________________________________________________________ 11

3.3. Estrutura do consumo ________________________________________________ 13

3.3.1. Hierarquia dos produtos __________________________________________ 13

3.3.2. Composição material _____________________________________________ 15

3.3.3. Atividades económicas ___________________________________________ 16

3.4. Produção de resíduos _________________________________________________ 16

3.4.1. Resíduos municipais atuais ________________________________________ 17

3.4.2. Resíduos industriais atuais ________________________________________ 17

3.4.3. Throughput _____________________________________________________ 18

3.5. Impactes ambientais _________________________________________________ 25

4. Parâmetros de referência __________________________________________________ 27

5. Conclusões ______________________________________________________________ 29

Referências _________________________________________________________________ 31

Apêndices – Resultados em Leiria ______________________________________________ 32

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Índice de figuras

Figura 1 – Indicadores AFM em Portugal .............................................................. 4

Figura 2 – indicadores AFM na Região do Centro .................................................... 5

Figura 3 – Indicadores AFM em Leiria ................................................................. 6

Figura 4 - Inputs e outputs em Portugal, na Região do Centro e Leiria, em kt per capita ... 7

Figura 5 – Consumo de material doméstico e Valor adicionado ao stock para Portugal,

Centro e Leiria em kt per capita ...................................................................... 8

Figura 6 – Importações totais para a região Centro em kt e percentagens da origem e modo

de transporte ............................................................................................ 10

Figura 7 – Exportações totais da região Centro em kt e percentagens do destino e modo de

transporte ................................................................................................ 11

Figura 8 – 97% de importações e exportações em Leiria, em kt ................................. 12

Figura 9 – 10 principais secções com produção industrial em Leiria, em kt (2013) .......... 13

Figura 10 – Classificação do consumo de produtos em Leiria, em kt (2013) ................... 14

Figura 11 – Materiais consumidos em Leiria, em kt (2013) ....................................... 15

Figura 12 – Resíduos municipais em Leiria em kt (2013) .......................................... 17

Figura 13 –Resíduos industriais produzidos em Leiria em kt (2013) ............................. 18

Figura 14 – Primeiras 5 secções com throughput de plástico (FF4) em Leiria, em kt (2014-

2038) ...................................................................................................... 20

Figura 15 – Throughput de metais pesados não-ferrosos (MM3) em Leiria em kt (2014-2042)

............................................................................................................. 21

Figura 16 – Throughput do cimento (NM2) em Leiria em kt (2046-2063) ....................... 22

Figura 17 – Throughput da pedra (NM4) em Leiria em kt (2046-2063) .......................... 22

Figura 18 –Throughput da madeira (BM6) em Leiria em kt (2014-2063) ) ...................... 23

Figura 19 – Throughput de papel e cartão (BM7) em Leiria em kt (2014-2063) ............... 24

Figura 20 – Throughput da biomassa têxtil (BM3) em Leiria em kt (2014-2033) .............. 24

Figura 21 – Impactes ambientais do consumo per capita e contribuições relativas de seis

categorias de impacte em massa. .................................................................... 26

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Índice de tabelas

Tabela 1 – Extração doméstica na Região Centro (2013) .......................................... 9

Tabela 2 – Extração doméstica em Leiria, em kt (2013) .......................................... 11

Tabela 3 – Primeiras 5 posições do consumo por atividades económicas em Leiria em kt

(2013) ..................................................................................................... 16

Tabela 4 – Áreas prioritárias da Economia Circular da União Europeia e os materiais

associados de acordo com a nomenclatura ProdChar ............................................. 19

Tabela 5 – Indicadores AFM para Manresa, Sabadell (2008), Turim, Cremona, Albano

Laziale, Pomezia e Leiria (2013) ..................................................................... 28

Tabela 6 – Indicadores UM em Manresa, Sabadell (2008), Turim, Cremona, Albano Laziale,

Pomezia e Leiria (2013) ................................................................................ 29

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Introdução

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1. Introdução

Este relatório é uma parte da Work Package (WP) 2 “Desenvolvimento e implementação da

abordagem de análise dos fluxos de materiais e metabolismo urbano para apoiar os processos

de tomada de decisão” / Task (T) 2.3 “Definição de um conjunto de indicadores-chave para

o metabolismo urbano baseado na análise de fluxo de materiais (AFM) e na avaliação de ciclo

de vida (ACV)” e refere-se à deliverable do projeto D2.3 “Estudos de caso do metabolismo

urbano”. Apresenta os resultados para Leiria na região Centro, Portugal - uma das sete

cidades que foram objeto de estudo com quantificação e análise do metabolismo urbano.

O objetivo deste relatório é apresentar e analisar os resultados do processo modelação para

Leiria, incluindo as características detalhadas dos dados obtidos e a identificação de

semelhanças entre áreas urbanas.

O relatório começa com o contexto do modelo UMAn (Secção 2), que é a base da WP2 e que

se encontra descrito no documento D2.1 Arquitetura do Modelo e no D2.2 Guia de

metabolismo urbano. A Secção 3 apresenta uma visão geral dos resultados, concentrando-se

nos indicadores quantificados dos fluxos de materiais ao nível nacional, regional e municipal,

para além dos recursos disponíveis calculados para a região do Centro e Leiria. É também

demonstrada a estrutura de consumo dos municípios e a geração atual e futura de resíduos.

Com base nos resultados do modelo UMAn, é apresentada uma estimativa dos impactes

ambientais potenciais do ciclo de vida do consumo urbano em Leiria. A comparação entre os

indicadores do metabolismo urbano de todas as cidades estudadas no projeto é feita na

Secção 4. Finalmente, a Secção 5 apresenta conclusões sobre o metabolismo urbano de

Leiria.

2. Contexto

A estrutura do modelo UMAn baseia-se na metodologia definida pela Eurostat nas contas de

fluxos de materiais para a economia (EW-MFA) (Eurostat, 2001) e utiliza os princípios

fundamentais do modelo EW-MFA.

O modelo UMAn permite a contabilização de fluxos de materiais ao nível urbano e,

adicionalmente, explora um conjunto de bases de dados “plug-in” permitindo uma análise

mais detalhada destes fluxos, que incluem uma fase do ciclo de vida do produto, a sua

composição e vida útil (Rosado, 2012; Rosado, Niza e Ferrão, 2014). O modelo UMAn pode

ser uma ferramenta especialmente útil na análise do metabolismo urbano (Lavers,

Kalmykova, Rosado, Oliveira, & Laurenti, 2017), quando complementado com outros

métodos, como a avaliação do ciclo de vida (ACV).

Passos iniciais

A aplicação do modelo UMAn exige um volume de trabalho significativo a nível da recolha de

dados, que inclui a compilação de vinte e três conjuntos de dados ao longo de vários anos e

dimensões espaciais. Com base na metodologia descrita na D2.1 Arquitetura do modelo,

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Resultados UMAn

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foram inicialmente recolhidos cerca de 80% dos dados necessários para prosseguir com a

definição do modelo. Alguns dos conjuntos de dados não tinham a escala geográfica

adequada, ou a informação relativa ao ano, ou a desagregação necessária para desenvolver

o modelo. Noutros casos, os dados simplesmente não estavam disponíveis.

Dos dados disponíveis, o conjunto com menos necessidade de dados indiretos correspondeu

à unidade geográfica da região Centro (NUTS II), para o ano de 2013. Embora o objetivo final

fosse a modelação de Leiria, a definição da região Centro e do ano de 2013 como limites

iniciais do estudo permitiu acelerar o processo. Os dados que ainda faltavam para a região

Centro em 2013 foram recolhidos através de parâmetros da busca inicial mais amplos ou

produzidos através da aplicação de diferentes técnicas de extrapolação. Quando as

características dos dados não eram adequadas, foram utilizadas as extrapolações.

Tipicamente, as extrapolações implicam o uso de dados altamente desagregados de um ano,

área ou nomenclatura diferente do desejado, para aplicar os números aos dados agregados

do ano, área ou nomenclatura desejados. A deliverable D2.2. descreve as extrapolações

usadas.

A avaliação dos impactes ambientais associados ao consumo urbano aplica a avaliação do

ciclo de vida (ACV) aos resultados do modelo UMAn. A abordagem consiste essencialmente

em três etapas: (1) análise dos resultados do modelo UMAn e seleção de produtos

representativos; (2) definição do modelo de inventário do ciclo de vida dos produtos

representativos; e (3) quantificação dos impactes ambientais potenciais associados ao

consumo urbano global. São apresentados mais detalhes sobre a metodologia na deliverable

D2.2.

3. Resultados UMAn

3.1. Indicadores da Análise dos Fluxos de

Materiais

Esta secção apresenta os resultados correspondentes aos indicadores da Análise de Fluxos

de Materiais (AFM), que correspondem aos utilizados pelo Eurostat nas contas de fluxos de

materiais para a economia (EW-MFA). Os indicadores apresentados abaixo e que foram

descritos na deliverable D2.1 são:

Input direto de materiais (Domestic material input - DMI)

Consumo de material doméstico (Domestic material consumption - DMC)

Output doméstico processado (Domestic processes output - DPO)

Valor adicionado ao stock (Net additions to stock - NAS)

Balanço do comércio físico (Physical trade balance - PTB)

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Resultados UMAn

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Para fornecer a base desses valores, foram incluídas as quantidades brutas de extração

doméstica (Domestic extraction - DE), importações (IMP), exportações (EXP), eletricidade

importada (EL IMP) e o indicador adicional de output de material doméstico (Domestic

material output - DMO). Cada um destes indicadores foi calculado ao nível do país, região e

município, para o ano de 2013. Os dados utilizados resultam no DMC “ideal”, o que significa

que, devido a graus de erro no processo de definição do modelo, este valor difere do DMC

apresentado na secção 3.3.

3.1.1. Portugal

Os indicadores AFM para Portugal foram retirados da base de dados da Eurostat (Eurostat

Database RAMON, 2019); os valores de DMO e NAS foram calculados utilizando o DPO.

Em Portugal (Figura 1), a maior parte do input de material doméstico (DMI) provém da

extração doméstica (DE). O valor da DE é maior do que o dobro das importações, o que indica

que Portugal é altamente dependente dos seus recursos. Segundo o Eurostat, os materiais

mais extraídos e consumidos são os minerais não metálicos, especialmente areia e cascalho.

A extração e o consumo de minerais não-metálicos apresentam valores de cerca de 8,75 kt

per capita. Por outro lado, metade das importações consiste em 2,48 kt per capita de

combustíveis fósseis, ou seja, petróleo bruto, condensado e líquidos de gás natural.

Quanto ao output doméstico processado (DPO), as saídas para a natureza (por exemplo,

emissões atmosféricas, resíduos urbanos e industriais) são quase duas vezes os recursos

exportados. O que é exportado é basicamente quantidades iguais de biomassa, materiais de

energia fóssil e minerais não-metálicos. Enquanto as importações foram principalmente

matérias-primas, as exportações foram dominadas por produtos acabados.

O consumo per capita de 13,95 kt, associado a 10,5 milhões de habitantes.

Todos os indicadores podem ser vistos na Figura 1, bem como no Apêndice 1.1.1.

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Resultados UMAn

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Figura 1 – Indicadores AFM em Portugal

onde DE – extração doméstica, IMP – importações, EXP – exportações, DMI – Input direto de materiais, PTB – Balanço físico de comércio, DPO – Output doméstico processado, DMO – Output direto de materiais, DMC –

Consumo doméstico de materiais e NAS – Valor adicionado ao stock (2013)

3.1.2. Região Centro

Os indicadores de AFM para a região Centro são calculados de acordo com os resultados do

modelo UMAn, bem como os dados brutos dos gabinetes estatísticos da região.

Para o Centro (Figura 2), cerca de 50% do DMI é fornecido por outras regiões e países. A

importação de eletricidade produzida a partir de combustíveis fósseis também está incluída

no DMI, embora contribua numa pequena escala. A partir do DPO, pode ver-se que no Centro,

ao contrário de Portugal como um todo, o volume de exportações é superior ao de resíduos.

O consumo doméstico de materiais é de 9,84 kt per capita, e 59% fica armazenado na região.

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Resultados UMAn

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Figura 2 – indicadores AFM na Região do Centro

onde DE – extração doméstica, IMP – importações, EL IMP – eletricidade importada, EXP – exportações, DMI – Input direto de materiais, PTB – Balanço físico de comércio, DPO – Output doméstico processado, DMO – Output

direto de materiais, DMC – Consumo doméstico de materiais e NAS – Valor adicionado ao stock (2013)

As secções 3.2. Recursos Disponíveis, 3.3. Estrutura de consumo e 3.4. Produção de

resíduos deste relatório apresentam em detalhe os produtos e materiais que contribuem

para os indicadores na Figura 2, e as estimativas da origem e do destino dos fluxos de

materiais. Os valores completos também podem ser vistos no Apêndice 1.1.1.

3.1.3. Leiria

Os indicadores de AFM para Leiria foram calculados usando não só dados obtidos através do

modelo e dados brutos de estatísticas municipais, mas também através de adaptações dos

dados da região Centro.

Estima-se que, em 2013, a população de Leiria fosse de 125 977 habitantes. Para o município

(Figura 3), a extração de recursos é significativamente maior do que a importação;

constituindo 13,79 dos 21,90 kt per capita de input de material.

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Resultados UMAn

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As exportações e o output processado contribuem quase com o mesmo valor para o DMO em

Leiria. Os principais responsáveis pelo DPO são as emissões de CO2 e os resíduos industriais,

que provêm predominantemente da indústria e das atividades de transporte. Os resíduos

urbanos representam 10% do DPO (cerca de 50 kt), e enquanto a maior parte dos resíduos

industriais é recuperada, os resíduos urbanos são tipicamente enviados para aterros.

Figura 3 – Indicadores AFM em Leiria

onde DE – extração doméstica, IMP – importações, EL IMP –eletricidade importada, EXP – exportações, DMI – Input direto de materiais, PTB – Balanço físico de comércio, DPO – Output doméstico processado, DMO – Output

direto de materiais, DMC – Consumo doméstico de materiais e NAS – Valor adicionado ao stock (2013)

Todos os valores usados para o cálculo dos indicadores de AFM são detalhados no Apêndice

1.1.2. As seguintes secções deste relatório apresentam mais informações sobre importações,

exportações, consumo e resíduos.

3.1.4. Indicadores AFM e contexto geográfico

Este subcapítulo compara os valores per capita dos principais indicadores de AMF nas

unidades geográficas.

A Figura 4 mostra que Portugal e Leiria dependem muito mais de recursos locais, enquanto

as importações têm predominância ao nível regional. As importações necessárias em Leiria,

no entanto, são bastante substanciais, assim como aquelas entre Portugal e a região Centro.

Quanto aos outputs, a tendência é a mesma: mais significativa no Centro e perdendo a

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Resultados UMAn

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importância primeiro para Leiria e depois a nível nacional. Os maiores outputs para a

natureza correspondem ao nível nacional, com pouca diferença para Leiria, deixando o

Centro com a menor produção per capita.

Figura 4 - Inputs e outputs em Portugal, na Região do Centro e Leiria, em kt per capita

onde IMP – importações, DE – extração doméstica, EXP – exportações e DPO – output doméstico processado (2013)

A Figura 5 mostra a tendência para o consumo doméstico de material, onde se pode ver que

o Centro tem o menor consumo, e Leiria o mais alto. A quantidade de materiais per capita

que ficam em stock segue a mesma tendência. A relação entre o stock e o consumo é

bastante semelhante entre todas as áreas, passando de 72% para Leiria para 57% para

Portugal.

5,11

9,95

7,88

12,61

9,64

13,79

-3,77

-10,00

-5,24

-6,02

-4,01

-4,66

PORTUGAL CENTRO LEIRIA

tons

per

capit

a

IMP DE EXP DPO

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Resultados UMAn

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Figura 5 – Consumo de material doméstico e Valor adicionado ao stock para Portugal, Centro e Leiria em kt per capita

onde DMC – Consumo de material doméstico e NAS - Valor adicionado ao stock (2013)

3.2. Recursos disponíveis

Os resultados dos recursos disponíveis baseiam-se nas importações, exportações e extração

doméstica dentro da área urbana analisada, classificados de acordo com as secções da

Nomenclatura Combinada (CN) para 2013. De seguida, são assinalados os recursos disponíveis

na Região Centro e Leiria, incluindo os grupos de produtos (CN 2 dígitos) mais abundante nas

secções apresentadas. A composição material das secções é também sumarizada, de acordo

com a nomenclatura do ProdChar descrita em D2.1. Esta secção inclui ainda os resultados

da origem, destino e modo de transporte das importações e exportações para o Centro. Estes

resultados são usados para descrever as características dos fluxos em Leiria. Adicionalmente

foram incluídas as estimativas de produção industrial para Leiria. Recomenda-se a leitura

desta secção em conjunto com o Apêndice 1.2, uma vez que as secções e grupos CN são

frequentemente indicados pelos códigos ou abreviaturas.

3.2.1. Região Centro

No Centro (Tabela 1), a extração doméstica (DE) é dominada pelos produtos minerais no

grupo de sal, enxofre, pedra, gesso, cal e cimento. A composição material desta secção

indica que os mais importantes são pedra, cimento e areia, por esta ordem. Outra

quantidade representativa corresponde aos produtos vegetais como cereais e sementes,

frutas, grãos, plantas industriais ou medicinais, palha e forragem, nozes, frutas cítricas

e cascas, o que explica a elevada presença da biomassa agrícola. A madeira também é um

material importante nas extrações. Os produtos de origem animal são menos significativos.

13,95

9,84

16,66

7,93

5,83

11,99

PORTUGAL CENTRO LEIRIA

tons

per

capit

a

DMC NAS

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Resultados UMAn

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SECÇÃO CN2013

NOME DA SECÇÃO CN2013 EXTRAÇÃO DOMÉSTICA

(kt)

V Produtos minerais 16 343,40

II Produtos vegetais 3 517,71

IX Madeira, carvão vegetal e obras de madeira; cortiça e suas

obras; obras de espartaria ou de cestaria 2 087,50

I Animais vivos e produtos do reino animal 40,47

IV Produtos das indústrias alimentares; bebidas, líquidos alcoólicos

e vinagres; tabaco e seus sucedâneos manufaturados 0,11

Tabela 1 – Extração doméstica na Região Centro (2013)

A Figura 6 apresenta as cinco secções com maior volume de importações, junto com a

categoria de “Outros”, que soma as restantes 16 secções. Os produtos mais pesados que

entram na região Centro incluem os grupos 25 - sal, enxofre, pedra, materiais de gesso,

cal e cimento e 27 - combustíveis e óleos minerais e substâncias betuminosas, sendo o

primeiro extensamente extraído. Os principais materiais para o grupo 25 são de pedra e

cimento, e para o grupo 27 são os combustíveis. Os produtos hortícolas mais colhidos

também são significativamente importados, embora a importação do grupo 10 - cereais seja

mais significativa do que a sua extração. A madeira e artigos de madeira são

significativamente importados, quase na mesma quantidade que são extraídos. A secção VI

é dominada pelo betão pronto, seguido por fertilizantes. Finalmente, a secção de metais é

dominada por produtos em ferro e aço. Note-se que na categoria “outros”, a segunda secção

com mais importações, refere-se a produtos das indústrias alimentares, pastas de madeira

e artigos de pedra, gesso e cimento, que também estão ligados aos produtos mais

importados. Relativamente à fase em que se encontram os produtos, há uma quantidade

semelhante de produtos pré-processados e acabados importados, e uma porção muito menor

em matérias-primas.

A figura também ilustra a origem das importações, indicando se entram na região Centro a

partir de outra região portuguesa, ou internacionalmente, através de um de quatro meios

de transporte. Relativamente ao transporte nacional, não é desagregado por meio de

transporte utilizado. A Figura 6 evidencia que a maioria das importações para a região Centro

provêm de outras regiões de Portugal, enquanto as importações internacionais são

maioritariamente marítimas e rodoviárias, com especial destaque para as importações

internacionais de madeira. Tendo em conta as infraestruturas existentes na região Centro,

assume-se que não é utilizado o transporte aéreo.

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Resultados UMAn

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Figura 6 – Importações totais para a região Centro em kt e percentagens da origem e modo de transporte

onde NAT – nacional, INT – internacional (2013)

Para as exportações de produtos minerais (Figura 7), o grupo 25 torna-se ainda mais

importante do que o 27, provavelmente devido à extração local de minerais de construção.

Muitas das principais secções importadas aparecem como tal nas exportações, apesar da

exclusão dos metais. Grupo 23 - forragens para animais são as exportações mais substanciais

nos produtos das indústrias alimentares. Os materiais mais comuns nestes produtos são

pedra, biomassa agrícola, madeira, areia, cimento e argila, embora agora mais de metade

seja considerada um produto acabado. A categoria “outros” é composta maioritariamente

de artigos de madeira, betão pronto e metais comuns.

Os produtos exportados da região Centro vão provavelmente para outras regiões de Portugal,

em grandes quantidades - a região serve a maior parte do país. As exceções estão ligadas às

exportações internacionais de madeira e papel e produtos cerâmicos e de vidro.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

MINERAL PRODUCTS OTHER VEGETA BLE

PRODUCTS

WOOD AND ARTICLES

OF WOOD; WOOD CHARCOAL; CORK

AND ART ICLES OF CORK; AND OTHERS

PRODUCTS O F THE

CHEMICAL OR ALL IED INDUSTRIES

BASE METALS AND

ART ICLES OF BASE METAL

- - - - - -

V OTHER I I IX V I XV

NAT

ROAD INT

RAIL INT

AIR INT

WATER INT

7 543 757 5 450 629 3 642 258 2 364 914 2 291 027 1 802 563

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Resultados UMAn

UW_ROADMAP_LEIRIA_PT_final - 11 -

Figura 7 – Exportações totais da região Centro em kt e percentagens do destino e modo de transporte

onde NAT – nacional, INT – internacional (2013)

3.2.2. Leiria

A extração doméstica (DE) em Leiria ocorre de forma semelhante à da região Centro: para

ambas as áreas, a extração mineral é de cerca de 75% do total. A madeira é responsável por

cerca de 15%. As semelhanças estendem-se aos grupos que são mais significativos dentro das

secções partilhadas. As diferenças em Leiria são a ausência de animais vivos criados e uma

maior importância da extração de madeira, ver

Tabela 2. No que diz respeito aos materiais, cerca de 150 kt do total de 170 correspondem

a pedra, cimento, madeira e areia. Os materiais de biomassa agrícola e argila surgem

depois.

SECÇÃO CN2013

NOME DA SECÇÃO CN2013 EXTRAÇÃO DOMÉSTICA

(kt)

V Produtos minerais 1 373 358,40

IX Madeira, carvão vegetal e obras de madeira; cortiça e suas obras; obras de espartaria ou de cestaria

251 272,34

II Produtos vegetais 112 317,63

IV Produtos das indústrias alimentares; bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres; tabaco e seus sucedâneos manufaturados

4,16

Tabela 2 – Extração doméstica em Leiria, em kt (2013)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

OTHER MINERAL PRODUCTS ART ICLES OF ST ONE,

PLASTER, CEMENT, ASBESTOS, M IC A OR

S IM ILAR MATERIALS; CERAMIC PRODUCTS;

GLASS AND GLASSWARE

PULP O F WOOD OR

OF OTHER F IBROU S CELLULO S IC

MATERIAL; RECOVERED (WASTE

AND SCRAP) PAPER OR P APERBOARD ;

PAPER AND PAPERBOARD AND

ART ICLES THEREOF

PREPARED

FOODSTUFFS; BEVERAGES, SP IR ITS

AND V INEGAR; TOBACCO AND

MANUFACTURED TOBACCO

SUBSTITUTES

VEGETA BLE

PRODUCTS

- - - - - -

OTHER V XI I I X IV I I

NAT

WATER INT

AIR INT

ROAD INT

RAIL INT

6 512 649 6 039 281 3 605 356 2 989 659 2 069 036 1 998 645 ton

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Resultados UMAn

UW_ROADMAP_LEIRIA_PT_final - 12 -

A Figura 8 ilustra as 10 secções que representam mais de 97% das importações e exportações

em Leiria. Os minerais lideram as importações (nomeadamente os grupos 27 e 25) e as

exportações (apenas o grupo 25). Os vegetais importados incluem principalmente cereais.

Os minerais exportados incluem o grupo 25, e os produtos das indústrias alimentares inclui

o grupo 23 relativo à forragem para animal. A madeira, como grupo 44, tem níveis similares

de importação e exportação.

Figura 8 – 97% de importações e exportações em Leiria, em kt

onde IMP – Importações e EXP - Exportações (2013)

A composição material das importações mostra que o cimento é um dos tipos de materiais

mais importados e, no que diz respeito à biomassa, a biomassa agrícola é o material mais

importante. Combustíveis e metais ferrosos e siderúrgicos também são importados em

quantidades significativas. A divisão entre produtos acabados, pré-processados e matérias-

primas importadas segue a tendência da região Centro - dois terços do que é exportado são

produtos acabados.

Com base nos resultados da região Centro, pode presumir-se que as principais secções

importadas tenham origem em fontes nacionais e internacionais em quantidades

comparáveis, embora os produtos de madeira também possam vir de outros países. É

provável que a fração internacional tenha sido transportada por meio rodoviário. As

exportações internacionais de produtos de papel e produtos de vidro são significativas,

enquanto as restantes categorias são principalmente transportadas para outras regiões em

Portugal.

A Figura 9 apresenta as 10 secções mais produzidas em Leiria. O grupo mais produzido é o

25 para a secção mineral, o betão pronto para as indústrias químicas ou conexas, e a

forragem para animais, cereais e bebidas, bebidas alcoólicas e vinagre para a secção de

géneros alimentares. A produção principal corresponde às exportações principais.

-

100 000

200 000

300 000

400 000

500 000

600 000

700 000

800 000

900 000

MINERAL

PRODUCTS

VEGETABLE

PRODUCTS

PREPARED

FOODSTUFFS;

BEVERAGES, SPIR ITS AND

VINEGAR; TOBACCO AND

MANUFACTURED

TOBACCO SUBSTITUTES

PRODUCTS OF

THE CHEMICAL

OR ALLIED INDUSTRIES

PULP OF WOOD

OR OF OTHER

FIBROUS CELLULOSIC

MATERIAL; RECOV ERED

(WASTE AND

SCRAP) PAPER OR

PAPERBOARD; PAPER AND

PAPERBOARD

AND ARTICLES THEREOF

WOOD AND

ARTICLES OF

WOOD; WOOD CHARCOAL;

CORK AND ARTICLES OF

CORK;

MANUFACTURES OF STRAW, OF

ESPARTO OR OF OTHER

PLAITING

MATERIALS; BASKETWA RE

AND

WICKERWORK

BASE METALS

AND ARTICLES

OF BASE METAL

LIVE ANIMALS;

ANIMAL

PRODUCTS

ARTICLES OF

STONE,

PLASTER, CEMENT,

ASBESTOS, MICA OR S IMILAR

MATERIALS;

CERAMIC PRODUCTS;

GLASS AND GLASSWARE

PLASTICS AND

ARTICLES

THEREOF ; RUBBER AND

ARTICLES THEREOF

- - - - - - - - - -

V I I IV VI X IX XV I X I I I V I I

TON

IMP

EXP

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Resultados UMAn

UW_ROADMAP_LEIRIA_PT_final - 13 -

Figura 9 – As 10 principais secções com produção industrial em Leiria, em kt (2013)

O capítulo 3.3. Estrutura do consumo apresenta mais informação sobre as atividades

económicas que distribuem estes produtos.

3.3. Estrutura do consumo

O consumo indica a quantidade de materiais utilizados nos municípios, associados aos

recursos disponíveis. Esta secção descreve o consumo total de cerca de 2 milhões de

toneladas em Leiria, em termos de secções e grupos de produtos, composição do material e

utilização por atividades económicas na área urbana. Note que os resultados nas secções

3.3.1 e 3.3.3 incluem a fração líquida dos produtos.

Tal como na secção anterior, recomenda-se que esta secção seja acompanhada com o

Apêndice 1.3.

3.3.1. Hierarquia dos produtos

A Figura 10 apresenta as classificações das secções de produtos mais consumidas e os grupos

de produtos mais consumidos nas secções. A secção também cobre alguns dos produtos

dentro dos grupos (CN 4 dígitos) e a composição material das secções; e compara os valores

de consumo com os recursos disponíveis. Além disso, esta secção distingue o consumo dos

grupos entre a população (consumidor final) e/ou as atividades económicas na área.

1 751 303,54

715 291,54 657 609,22

278 519,73 255 973,90

99 391,91 57 333,35 34 524,94 11 538,07 10 331,71

MINERAL

PRODUCTS

PRODUCTS OF

THE CHEMICAL OR

ALLIED INDUSTRIES

PREPARED

FOODSTUFFS;

BEVERAGES, SPIR ITS AND

VINEGAR; TOBACCO AND

MANUFACTURED

TOBACCO SUBSTITUTES

ARTICLES OF

STONE, PLASTER,

CEMEN T, ASBESTOS, M ICA

OR S IMILAR MATERIALS;

CERAMIC

PRODUCTS; GLASS AND GLASSWARE

WOOD AND

ARTICLES OF

WOOD; WOOD CHARCOAL; CORK

AND ARTICLES OF CORK;

MANUFACTURES

OF STRAW, OF ESPARTO OR OF

OTHER PLAITING MATERIALS;

BASKETWARE AND

WICKERWORK

PLASTICS AND

ARTICLES

THEREOF ; RUBBER AND

ARTICLES THEREOF

BASE METALS AND

ARTICLES OF

BASE METAL

PULP OF WOOD

OR OF OTHER

FIBROUS CELLULOSIC

MATERIAL; RECOVERED

(WASTE AND

SCRAP) PAPER OR PAPERBOARD;

PAPER AND PAPERBOA RD AND

ARTICLES

THEREOF

VEGETABLE

PRODUCTS

MACHINERY AND

MECHANICAL

APPLIANCES; ELECTRI CAL

EQUIPMENT; PARTS THEREOF;

SOUND

RECORDERS AND REPRODUCERS,

TELEVIS ION IMAGE AND

SOUND

RECORDERS AND REPRODUCERS,

AND PARTS AND

ACCESSORIES OF SUCH ARTICLES

- - - - - - - - - -

V VI IV XI I I IX VI I XV X I I XVI

TO

N

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Resultados UMAn

UW_ROADMAP_LEIRIA_PT_final - 14 -

Figura 10 – Classificação do consumo de produtos em Leiria, em kt (2013)

No grupo 38, que pertence à secção química, o consumo de um produto é dominante: 95%

do consumo é de aglutinantes preparados para moldes ou para núcleos de fundição, ou

seja, betão pronto. Como os restantes grupos na secção têm valores de consumo muito

inferiores, o betão é responsável por praticamente todo o consumo da secção VI.

Relativamente à composição material, tanto a pedra como a areia são fundamentais dentro

da secção, uma vez que são parte integrante do betão. Quando se compara o consumo de

produtos químicos com os recursos disponíveis no município, verifica-se que são consumidos

mais produtos químicos do que os importados para Leiria. Os 3 principais grupos na secção

química são usados, em vários níveis, pela indústria química. No entanto, o principal

utilizador do grupo 38 é o setor da construção.

Na secção II, há outro produto cujo consumo domina o seu grupo. É o caso dos cereais, com

um consumo de cerca de 225.558 kt das 270.578 kt consumidas no grupo 10. O material mais

consumido no setor é a biomassa agrícola, como era expectável. Ao comparar o consumo da

secção com os recursos disponíveis, o consumo é menor do que o importado. No entanto, a

transformação de produtos vegetais em alimentos é elevada.

Na secção mineral, os materiais com maior contribuição são combustíveis e pedras. O

consumo de produtos minerais é inferior a metade dos valores importados, enquanto o

consumo do grupo principal, combustíveis minerais (27), é quase dois terços das

importações. Uma área de uso comum para toda a secção é a produção e distribuição de

energia elétrica e gás. As atividades de construção também são comuns no grupo 27; e o

comércio grossista também é um importante consumidor para os combustíveis,

presumivelmente como produtos finais.

Para além dos apresentados na figura, algumas secções importantes são produtos das

indústrias alimentares; bebidas (IV) e obras de pedra, gesso, cimento, produtos

cerâmicos e vidro (XIII). É importante sublinhar que as secções V e XIII contêm apenas 3

VI - Produtos das indústrias químicas ou conexas

829 802,24 kt

38 - Produtos diversos das indústrias químicas

785 773,19 kt

31 - Fertilizantes

33 345,23 kt

34 - Sabões, preparações para lavagem, preparações

lubrificantes, ceras artificiais e ceras preparadas, velas, massas

ou pastas para modelar

4 988,42 kt

II - Produtos vegetais

270 578,64 kt

10 - Cereais

225 584,55 kt

12 - Sementes e frutos oleaginosos; sementes e frutos diversos; plantas industriais e medicinais; palhas e forragens

17 030,57 kt

8 - Frutas frescas e frutas de casca rija; cascas de citrinos e de

melões16 901,11 kt

V - Produtos minerais

263 994,38 kt

27 - Combustíveis minerais, óleos minerais e produtos da

sua destilação; matérias betuminosas; ceras minerais

138 985,80 kt

25 - Sal; enxofre; terras e pedras; gesso, cal e cimento

125 006,70 kt

26 - Minérios, escórias e cinzas

1,89 kt

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Resultados UMAn

UW_ROADMAP_LEIRIA_PT_final - 15 -

grupos de produtos cada, o que significa que todos os seus grupos estão incluídos na parte

superior. Alguns grupos de produtos importantes que não aparecem no topo são o grupo 69,

produtos cerâmicos; grupo 68, artigos de pedra; e 48, produtos de papel. A hierarquia

das secções e dos grupos consumidos em Leiria pode ser visto em detalhe no Apêndice 1.3.1.

3.3.2. Composição material

Esta secção mostra a composição material geral dos produtos consumidos em Leiria. Os

resultados seguem a classificação ProdChar, divididos em 6 grupos de materiais e 28 tipos

de material. A classificação foi apresentada na deliverable D2.1 na secção “3.3.1 Bases de

dados plug-ins”. O último material, O2 - Líquidos, foi excluído dos resultados.

Dos materiais consumidos em Leiria (Figura 11), a pedra (NM4) é a que apresenta o maior

consumo, seguida da biomassa agrícola (BM1) e da areia (NM1). Como estes materiais são

muito mais comuns do que os restantes, os grupos de materiais que os contêm são também

os mais importantes, isto é, minerais não metálicos e biomassa. No grupo dos combustíveis,

os combustíveis mais comuns são os com baixo teor de cinzas (FF1), enquanto nos minerais

metálicos são o ferro, aço, ligas metálicas e metais ferrosos (MM1). Finalmente, para

químicos e fertilizantes, o valor mais elevado corresponde a fertilizantes e pesticidas (CF3).

Figura 11 – Materiais consumidos em Leiria, em kt (2013)

Os valores apresentados estão também no Apêndice 1.3.2.

0 200 000 400 000 600 000 800 000 1 000 000 1 200 000 1 400 000 1 600 000 1 800 000 2 000 000

Leiria Consumption

FF1 - LOW ASH FUELS FF2 - HIGH ASH FUELS FF3 - LUBRICANTS AND OILS AND SOLVENTS FF4 - PLASTICS AND RUBBERS MM1 - IRON, STEEL ALLOYING METALS, AND FERROUS METALS MM2 - LIGHT METALS MM3 - NONFERROUS HEAVY METALS MM4 - SPECIAL METALS MM5 - NUCLEAR FUELS MM6 - PRECIOUS METALS NM1 - SAND NM2 - CEMENT NM3 - CLAY NM4 - STONE NM5 - OTHER (FIBERS, SALT, OR INORGANIC PARTS OF ANIMALS) BM1 - AGRICULTURAL BIOMASS BM2 - ANIMAL BIOMASS BM3 - TEXTILE BIOMASS BM4 - OILS AND FATS BM5 - SUGARS BM6 - WOOD AND FUELS BM7 - PAPER AND BOARD BM8 - NONSPECIFIED BIOMASS CF1 - ALCOHOLS CF2 - CHEMICALS AND PHARMACEUTICALS CF3 - FERTILIZERS AND PESTICIDES O1 - NONSPECIFIED

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Resultados UMAn

UW_ROADMAP_LEIRIA_PT_final - 16 -

3.3.3. Atividades económicas

O consumo em Leiria desagregado por atividade económica é apresentado seguindo a

Classificação Estatística de Atividades Económicas na Comunidade Europeia (NACE). A

nomenclatura é normalmente apresentada por secção e por nível com 2 dígitos da NACE,

mas algumas agregações referem-se ao nível com 3 dígitos.

O consumo não inclui os consumidores finais, em particular o setor residencial. É também

apresentada alguma informação sobre os produtos (CN de 8 dígitos) mais consumidos por

atividade económica.

O setor industrial lidera em Leiria, seguido pela construção e comércio, como demonstrado

na

Tabela 3. O elevado consumo destas atividades deve-se provavelmente à utilização direta

das secções e grupos de produtos mais consumidos, conforme subcapítulo 3.3.1.

SECÇÃO NACE RÓTULO NACE CONSUMO (kt)

C Fabricação 756 990,06

F Construção 535 933,32

G Comércio por grosso e a retalho; Reparação de veículos automóveis, motociclos 488 364,15

A Agricultura, criação de animais, caça e silvicultura 28 896,66

B Minas e pedreiras 24 916,28

Tabela 3 – Primeiras 5 posições do consumo por atividades económicas em Leiria em kt (2013)

As atividades de fabricação que consomem a maioria dos produtos são a fabricação de

minerais não-metálicos, em particular a fabricação de betão, mas também produtos

cerâmicos e de vidro. Quando se trata de consumo no setor da construção, este diz

tipicamente respeito ao consumo para a construção de edifícios residenciais e não

residenciais, seguido pela construção de estradas. O setor de comércio é principalmente

responsável pelo consumo de forragem para animal, produtos alimentares e combustíveis.

Em quarto lugar, o comércio de bens domésticos continua a ser significativo, atingindo cerca

de 20 kt.

O Apêndice 1.3.3. apresenta o consumo total para todas as atividades económicas.

3.4. Produção de resíduos

Este capítulo apresenta os resíduos produzidos em Leiria em 2013, e estima como o consumo

de 2013 evoluirá para resíduos durante os próximos 50 anos. Os resíduos para 2013 estão

divididos em resíduos de atividade económica e resíduos municipais, e os resíduos futuros,

ou capacidade de throughput, são classificados por materiais e secções CN.

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Resultados UMAn

UW_ROADMAP_LEIRIA_PT_final - 17 -

3.4.1. Resíduos municipais atuais

A Figura 12 ilustra os resíduos municipais de Leiria em 2013, incluindo as partes destinadas

a aterros e atividades de valorização (reciclagem e tratamento mecânico biológico).

Figura 12 – Resíduos municipais em Leiria em kt (2013)

onde Landfill – Deposição em aterro; Valorization – Recuperação ou reciclagem; Recycling – Reciclagem; Biological mechanical treatment – Tratamento biológico mecânico

A produção municipal de resíduos per capita em Leiria é de 0,40 kt. Em 2013, o município

não utilizou a incineração como tratamento dos resíduos, tendo utilizado a deposição em

aterros sanitários.

Estes valores também podem ser vistos nos apêndices dos indicadores da AFM: 1.1.2. para

Leiria.

3.4.2. Resíduos industriais atuais

Idealmente, os “resíduos atuais” deveriam referir-se aos resíduos gerados em 2013 em Leiria.

No entanto, e devido à falta de dados, não foi possível calcular os resíduos por atividades

económicas na dimensão espacial desejada. Para fornecer uma aproximação, os valores

apresentados foram extrapolados a partir dos valores reportados para a região do Centro de

acordo com número de empregados em Leiria. Os resíduos de construção e demolição (C&D)

foram excluídos dos valores abaixo e dos cálculos de AFM previamente mostrados. Esta

exclusão deveu-se ao facto dos resíduos de provenientes da C&D estarem frequentemente

relacionados com consumos já passados, por ex: resíduos de betão da demolição de um

edifício de 50 anos. Contudo, foi incluída no apêndice uma aproximação de resíduos de C&D

para ter uma ideia das dimensões.

O montante total de resíduos indicado como resíduos industriais é de cerca de 160 kt. A

Figura 13 mostra as atividades económicas que mais produzem resíduos em Leiria. É possível

observar que a construção, o comércio grossista, as indústrias siderúrgicas e metalúrgicas e

as indústrias extrativas são os maiores produtores de resíduos. É provável que algumas das

LANDFILL

40 079,00

RECYCLING

4 923,00

BIOLOGICAL MECHANICAL

TREATMENT

5 036,00

VALORIZATION

9 959,00

ton

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Resultados UMAn

UW_ROADMAP_LEIRIA_PT_final - 18 -

atividades económicas com maior consumo (apresentadas no capítulo anterior) estejam

também entre os principais produtores de resíduos, mas em quantidades significativamente

inferiores às duas principais atividades geradoras de resíduos.

Figura 13 – Resíduos industriais produzidos em Leiria em kt (2013)

No Apêndice 1.4.1., relativo a Leiria, pode encontrar todos os valores para os resíduos por

atividades económicas, classificado por atividade de produção e por tipo de resíduos.

3.4.3. Throughput

O throughput indica o desperdício expectável de um produto num período de 50 anos após

o seu consumo. Para estimar o throughput ilustrado nas figuras que se seguem, foi aplicada

uma nova abordagem ao método explicado na deliverable D2.1, secção 3.3.2. Neste caso, o

throughput foi combinado com os dados da ProdChar, para isolar os materiais de interesse

em cada secção do produto. Isto significa que o throughput ilustrado não é para o consumo

total das secções, mas para cada porção de um material específico, por ex: o throughput

para o conteúdo de plástico (material) dentro de aparelhos elétricos (secção de produto).

As áreas prioritárias da União Europeia no contexto da economia circular (European

Comission, 2015) serviram como guia para selecionar os materiais utilizados nos cálculos. A

Tabela 4 indica as áreas prioritárias e os materiais ProdChar associados. Alguns materiais,

como combustíveis associados a matérias-primas críticas, produtos de base biológica, e

biomassas diferentes associadas ao desperdício de alimentos, foram excluídos uma vez que

o fim da sua vida útil termina no primeiro ano. Para estes casos, os valores de consumo no

capítulo anterior já fornecem as informações desejadas. Outra exclusão é o grupo de

produtos químicos, já que a classificação ProdChar não permite isolar aqueles que têm uma

base bio. Finalmente, algumas das matérias-primas críticas não podem ser analisadas devido

a incertezas elevadas nas extrapolações do modelo UMAn, uma vez que materiais como o

antimónio estarão presentes em produtos em quantidades muito baixas em comparação com

o peso total do produto.

34 424,98

28 964,20

18 647,43

17 013,90

12 237,70 11 432,10

10 493,25

CONSTRUCTION WHOLESALE OF SCRAP

AND WASTE PRODUCTS

METALLURGY;

MANUFACTURE OF BAS IC

IRON, STEEL, FERRO-ALLOYS AND METAL

PRODUCTS

EXTRACTIVE INDUSTRIES PAPER INDUSTRIES ,

GRAPHIC ARTS AND

REPRODUCTION OF RECORDED MEDIA

CHEMICAL INDUSTRIES,

PHARMACEUTICALS,

RUBBER AND PLAST ICS

SERVICES (EXCEPT

WHOLESALE TRADE OF

SCRAP AND WASTE PRODUCTS)

ton

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Resultados UMAn

UW_ROADMAP_LEIRIA_PT_final - 19 -

Da mesma forma, o throughput do 1º ano dos materiais escolhidos também foi excluído. Isto

porque se assume que estas quantidades de resíduos já devem fazer parte dos resíduos

relatados nos subcapítulos 3.4.1. e 3.4.2. Existem muitas secções de produtos para as quais

uma grande parte (ou o total) dos resíduos ocorre durante o primeiro ano.

ÁREAS PRIORITÁRIAS DA ECONOMIA CIRCULAR MATERIAIS PRODCHAR

Plástico Plástico (FF4)

Desperdício alimentar -

Matérias-primas estratégicas Metais pesados não-ferrosos (MM3)

Construção e demolição Cimento (NM2) Pedra (NM4)

Biomassa e produtos derivados de biomassa Biomassa têxtil (BM3) Madeira (BM6) Papel e cartão (BM7)

Tabela 4 – Áreas prioritárias da Economia Circular da União Europeia e os materiais associados de acordo com a nomenclatura ProdChar

As figuras nesta secção ilustram a produtividade das secções CN com o conteúdo mais

elevado de cada material prioritário. O período de tempo foi escolhido de acordo com o

período em que o resíduo relevante é expectável. Como os padrões de produtividade são

diferenciados apenas pelo valor de consumo de cada produto (a expectativa de vida e as

composições de material são constantes), o consumo semelhante entre os municípios levará

a produtividades semelhantes. Nestes casos, a produtividade foi combinada no mesmo

gráfico. O subcapítulo também menciona alguns dos principais grupos de produtos (CN de 2

dígitos) nas secções do produto.

Plástico

A Figura 14 ilustra o throughput do material FF4 para a cidade de Leiria. A maior parte do

plástico consumido no município em 2013 terá sido potencialmente recuperado até 2033. A

geração de resíduos de produtos plásticos (secção VII) e equipamentos mecânicos,

elétricos e eletrónicos (secção XVI) distribui-se por um tempo mais alargado do que

noutras secções. No ano em curso, 2019, devem ocorrer quantidades significativas de

resíduos de máquinas, bem como os primeiros picos das secções VII e XX.

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Resultados UMAn

UW_ROADMAP_LEIRIA_PT_final - 20 -

Figura 14 – Primeiras 5 secções com throughput de plástico (FF4) em Leiria, em kt (2014-2038)

Resíduos alimentares

Resíduos alimentares referem-se a vários materiais de biomassa como BM1 - biomassa

agrícola, BM2 - Biomassa animal e BM5 - Açúcares, e estes materiais são mais abundantes

nas secções I - produtos animais, II - produtos vegetais, III - gorduras e IV – produtos da

indústria alimentar, bebidas, vinagre e tabaco. Quase todos os resíduos alimentares são

produzidos durante o primeiro ano, com exceção dos animais vivos.

Matérias primas críticas

Estes materiais são frequentemente relacionados com os REEE, mas estão presentes numa

série de produtos em várias atividades económicas. Alguns exemplos de matérias-primas

críticas são os metais antimónio e crómio (European Comission, 2014). A Figura 15 ilustra as

secções com maior consumo de metais pesados não-ferrosos (MM3) em Leiria. É expectável

que a maior parte dos resíduos ocorra entre 5 a 25 anos após o consumo.

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Resultados UMAn

UW_ROADMAP_LEIRIA_PT_final - 21 -

Figura 15 – Throughput de metais pesados não-ferrosos (MM3) em Leiria em kt (2014-2042)

Para metais pesados não-ferrosos, alguns grupos de produtos com elevado throughput são

por exemplo o 84 e 85 - produtos elétricos. Também o grupo 90 - Instrumentos e aparelhos

de óptica, fotografia e cinematografia, medida, verificação e precisão; instrumentos e

aparelhos médico-cirúrgicos, está entre os grupos do topo.

Construção e demolição

A Figura 16 apresenta a produtividade para o cimento (NM2). O throughput para a pedra

(NM4) é ilustrado na Figura 17. Para ambos os materiais, o throughput é significativo após

34 anos.

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Resultados UMAn

UW_ROADMAP_LEIRIA_PT_final - 22 -

Figura 16 – Throughput do cimento (NM2) em Leiria em kt (2046-2063)

O throughput do cimento foi dominado pelos produtos químicos e minerais, ainda que em

quantidades diferentes. Os artigos de pedra, gesso e cimento e produtos minerais em

Leiria têm um throughput muito semelhante.

Figura 17 – Throughput da pedra (NM4) em Leiria em kt (2046-2063)

-

5 000,00

10 000,00

15 000,00

20 000,00

25 000,00

30 000,00

35 000,00

30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50

ton

Year

VI - PRODUCTS OF THE CHEMICAL OR ALLIED INDUSTRIES

XIII - ARTICLES OF STONE, PLASTER, CEMENT, ASBESTOS, MICA OR SIMILAR MATERIALS; CERAMIC PRODUCTS; GLASS AND GLASSWARE

V - MINERAL PRODUCTS

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Resultados UMAn

UW_ROADMAP_LEIRIA_PT_final - 23 -

A pedra também não tem throughput antes do ano 33, o que significa que a pedra consumida

em 2013 só pode ser recuperada a partir de 2046. O throughput da pedra na secção de

artigos de pedra é muito maior quando comparado com o dos produtos químicos. Os grupos

que produzem mais throughput de pedra em Leiria são 38, 68 e 25.

Biomassa e produtos derivados de biomassa

Figura 18 apresenta a produtividade dos materiais de madeira (BM6) para a secção com

maior consumo em Leiria.

Figura 18 –Throughput da madeira (BM6) em Leiria em kt (2014-2063) )

Alguns grupos de produtos importantes no que diz respeito ao throughput da BM6 são o 44

- artigos de madeira, 45 - artigos de cortiça e 94 - móveis. A particularidade do throughput

da madeira é que podemos esperar algum nível de recuperação ao longo de 50 anos.

O throughput do papel e cartão (BM7), para Leiria, é mostrado na Figura 19. O throughput

acontece principalmente nos primeiros cinco anos e depois nos anos 7 a 18 com ocorrência

de picos por volta dos 3 e 12 anos.

Os grupos importantes em Leiria são 94 - Móveis; mobiliário médico-cirúrgico, lâmpadas,

placas indicadoras e construções pré-fabricados na secção XX e, como era expectável,

grupos 48 - artigos em papel e cartão e 49 - Livros, jornais, gravuras e outros produtos

das indústrias gráficas na secção X.

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Resultados UMAn

UW_ROADMAP_LEIRIA_PT_final - 24 -

Figura 19 – Throughput de papel e cartão (BM7) em Leiria em kt (2014-2063)

O throughput da biomassa têxtil (BM3), em Leiria, encontra-se representado na Figura 20.

A secção têxtil tem o throughput mais elevado.

Figura 20 – Throughput da biomassa têxtil (BM3) em Leiria em kt (2014-2033)

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Resultados UMAn

UW_ROADMAP_LEIRIA_PT_final - 25 -

Os grupos de produtos que contribuem para o throughput em Leiria são 61, 62 e 63, que

se referem a roupas e artigos têxteis. Os têxteis também aparecem no grupo 94, como

parte do mobiliário.

Os resultados de throughput convencionais, isto é, o throughput independente do tipo de

material, são apresentados no Apêndice 1.4.2. para Leiria.

3.5. Impactes ambientais

A figura 21 apresenta os resultados de seis categorias de impacte (juntamente com a massa) per capita e a contribuição relativa de grupos de produtos representativos, que contribuem para esses impactes, no nível CN-2. Os impactes do consumo urbano ao longo de um ano (2013) foram estimados em termos de: energia primária não renovável (ENR), gases com efeito de estufa (GEE) (IPCC, 2013), eutrofização da água doce (EAD), eutrofização marinha (EM), acidificação (AC) e eutrofização terrestre (ET). Os modelos e fatores de caracterização utilizados são descritos na deliverable D2.2.

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Resultados UMAn

UW_ROADMAP_LEIRIA_PT_final - 26 -

Figura 21 – Impactes ambientais do consumo per capita e contribuições relativas de seis categorias de impacte em massa.

onde ENR – Energia não renovável, GEE – IGases com efeito de estufa; EAD – Eutrofização da água doce; EM – Eutrofização marinha; AC – Acidificação; e

ET – Eutrofização terrestre

Como mencionado, o consumo em massa foi dominado pelo betão (CN38), contribuindo com

mais de 50%; e os cereais (CN10), artigos de pedra (CN68) e sal, enxofre e pedra (CN25)

também têm contribuições significativas (14, 12 e 7%, respetivamente).

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Parâmetros de referência

UW_ROADMAP_LEIRIA_PT_final - 27 -

Os resultados das seis categorias de impacte ambiental são heterogéneos. Embora a

eutrofização da água doce (EAD) e a eutrofização marinha (EM) tenham grupos de produtos

dominantes (representando mais de 50% dos impactes), os resultados de outros indicadores

mostram tipicamente entre 4 a 6 grupos de produtos significativos (representando cerca de

10% ou mais do total de impactes ambientais cada um). Vários grupos de produtos são

significativos na maioria dos impactes ambientais considerados: carne, cereais, fertilizantes,

artigos de pedra e equipamentos elétricos são significativos em pelo menos 3 das 6 categorias

de impacte ambiental. Estes grupos de produtos devem ser analisados com maior detalhe,

para apoiar políticas que possam efetivamente reduzir os impactes ambientais globais do

consumo.

A energia não renovável (ENR) e as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) estão

fortemente correlacionadas. Apesar de não haver dominância, existem vários grupos de

produtos significativos, nomeadamente cereais (10-11%), combustíveis minerais (9-20%),

fertilizantes (11-18%), artigos de pedra (12-14%) e equipamentos (9-11%). A eutrofização de

água doce (EAD) e a eutrofização marinha (EM) foram dominadas pela maquinaria elétrica e

fertilizantes, com 53 e 51% dos resultados globais, respetivamente. Na acidificação (AC) e

eutrofização terrestre (ET), os grupos de produtos mais significativos foram carne (14-19%),

cereais (21-26%), fertilizantes (14%), artigos de pedra (13-14%) e maquinaria elétrica (6-

12%). Para a formulação de políticas que focam uma questão ambiental específica, estes

resultados fornecem a gama de produtos significativos que devem ser abordados. Por

exemplo, para políticas com o objetivo da redução de emissões de gases com efeito de

estufa, os decisores devem concentrar-se na redução do consumo e nas potenciais

oportunidades de melhoria ao longo do ciclo de vida dos produtos de carne, cereais,

combustíveis minerais, têxteis, ferro e aço, pedra e gesso; equipamentos elétricos e

eletrónicos.

Embora a avaliação tenha sido bastante abrangente, alguns componentes ou setores de

consumo foram excluídos e devem ser vistos no futuro, para uma aplicação mais efetiva na

tomada de decisões. Por exemplo, foram excluídos os impactes ambientais associados aos

serviços (por exemplo, correios e telecomunicações, finanças e seguros) e às viagens aéreas

dos habitantes de Leiria, uma vez que não estavam expressos nos fluxos de materiais.

4. Parâmetros de referência

Este capítulo faz uma comparação entre as características de todas as cidades que foram

modeladas no projeto UrbanWINS, nomeadamente: Manresa e Sabadell na Catalunha,

Espanha; as cidades italianas de Turim, Piemonte, Cremona, Lombardia, e Albano Laziale e

Pomezia, no Lácio; e Leiria na região Centro, Portugal. Os aspetos comparados, per capita,

são os dez indicadores de AFM apresentados no capítulo 3.1 e os oito indicadores de

metabolismo urbano (MU) descritos em D2.1 (Rosado et al., 2016). Os indicadores do MU

baseiam-se nos indicadores da AFM da secção 3.1. e sobre a produção industrial das cidades

na secção 3.2.

Os indicadores AFM encontram-se na

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Parâmetros de referência

UW_ROADMAP_LEIRIA_PT_final - 28 -

INDICADOR AFM (KT PER CAPITA)

ESPANHA ITÁLIA PORTUGAL

MANRESA SABADELL TORINO CREMONA ALBANO LAZIALE

POMEZIA LEIRIA

Importações 9,57 6,52 6,01 12,39 3,30 18,06 7,88

Extração doméstica 1,89 0,05 4,51 14,18 0,23 1,00 13,79

Exportações 4,00 2,20 4,32 11,08 0,83 8,97 5,24

Eletricidade importada 2,22 1,94 0,05 0,76 0,22 0,01 0,23

Input de material doméstico

13,67 8,51 10,56 27,32 3,74 19,08 21,50

Output de material doméstico

7,26 4,58 7,13 15,35 2,91 15,93 10,94

Output doméstico processado

3,25 2,38 2,81 4,27 2,09 6,97 4,66

Consumo material doméstico

9,67 6,31 6,24 16,24 2,91 10,11 16,66

Valor adicionado ao stock

6,42 3,93 3,43 11,97 0,83 3,15 11,99

Balanço físico do comércio

5,57 4,32 1,68 1,31 2,47 9,10 2,64

Stock/ DMC Total 66% 62% 55 % 74 % 28 % 31 % 72%

Tabela 5, e os indicadores UM na

INDICADOR MU (Kt PER CAPITA)

ESPANHA ITÁLIA PORTUGAL

MANRESA SABADELL TORINO CREMONA ALBANO LAZIALE

POMEZIA LEIRIA

Necessidades totais de materiais

13,67 8,51 10,56 27,32 3,74 19,08 21,50

Necessidades de consumo finais

9,67 6,31 6,24 16,24 2,91 10,11 16,66

Acumulação de materiais

6,42 3,93 3,43 11,97 0,83 3,15 11,99

Eficiência MU (t/t) 7 % 5 % 10 %/8 %* 9 % 13 %/ 12 %* 7 % 6 %

Existência de diversos processos nas áreas urbanas

7,19 1,61 9,87 26,38 2,42 17,77 44,67

Apoio dado a outra área 4,00 2,20 4,32 11,08 0,83 8,97 5,24

Dependência de outros sistemas (t/t)

70 % 77 % 57 % 45 % 88 % 95 % 36 %

em sistemas nacionais (t/t)

33 % 32 % 49 % 40 % 73 % 70 % 59 %

em sistemas internacionais (t/t)

38 % 46 % 9 % 6 % 18 % 26 % 10 %

Autonomia de uma área urbana

1,36 2,33 -1,70 -9,91 1,86 5,96 -8,09

Pressão no ambiente (outputs)

3,25 2,38 2,81 4,27 2,09 6,97 4,66

Tabela 6. A tabela compara áreas com diversas denominações geográficas (a maioria são

municípios, mas duas cidades italianas são consideradas províncias), populações e em

diferentes anos (excecionalmente, as cidades espanholas foram modeladas para o ano de

2008,).

INDICADOR AFM (KT PER CAPITA)

ESPANHA ITÁLIA PORTUGAL

MANRESA SABADELL TORINO CREMONA ALBANO LAZIALE

POMEZIA LEIRIA

Importações 9,57 6,52 6,01 12,39 3,30 18,06 7,88

Extração doméstica 1,89 0,05 4,51 14,18 0,23 1,00 13,79

Exportações 4,00 2,20 4,32 11,08 0,83 8,97 5,24

Eletricidade importada 2,22 1,94 0,05 0,76 0,22 0,01 0,23

Input de material doméstico

13,67 8,51 10,56 27,32 3,74 19,08 21,50

Output de material doméstico

7,26 4,58 7,13 15,35 2,91 15,93 10,94

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Parâmetros de referência

UW_ROADMAP_LEIRIA_PT_final - 29 -

Output doméstico processado

3,25 2,38 2,81 4,27 2,09 6,97 4,66

Consumo material doméstico

9,67 6,31 6,24 16,24 2,91 10,11 16,66

Valor adicionado ao stock

6,42 3,93 3,43 11,97 0,83 3,15 11,99

Balanço físico do comércio

5,57 4,32 1,68 1,31 2,47 9,10 2,64

Stock/ DMC Total 66% 62% 55 % 74 % 28 % 31 % 72%

Tabela 5 – Indicadores AFM para Manresa, Sabadell (2008), Turim, Cremona, Albano Laziale, Pomezia e Leiria (2013)

Ao comparar os indicadores de AFM, as cidades exibem tendências consistentes. Por

exemplo, Albano Laziale tem os indicadores de AFM mais baixos per capita da maioria das

áreas, exceto na eletricidade importada (a mais baixa corresponde a Pomezia) e o balanço

físico do comércio (a mais baixa corresponde a Cremona). Pelo contrário, os valores mais

elevados dos indicadores de AFM tendem a estar presentes em Cremona ou em Leiria; exceto

uma vez mais pela eletricidade importada e pelo balanço físico do comércio. Pomezia segue

logo atrás em termos de indicadores mais elevados, mas o seu perfil é mais diversificado,

uma vez que também apresenta alguns valores baixos, p. ex extração doméstica e valor

adicionado ao stock. Manresa tem valores médios durante todo o evento, e os de Sabadell

e Turim são mais baixos, mas ainda assim acima dos de Albano Laziale.

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Conclusões

UW_ROADMAP_LEIRIA_PT_final - 30 -

INDICADOR MU (Kt PER CAPITA)

ESPANHA ITÁLIA PORTUGAL

MANRESA SABADELL TORINO CREMONA ALBANO LAZIALE

POMEZIA LEIRIA

Necessidades totais de materiais

13,67 8,51 10,56 27,32 3,74 19,08 21,50

Necessidades de consumo finais

9,67 6,31 6,24 16,24 2,91 10,11 16,66

Acumulação de materiais

6,42 3,93 3,43 11,97 0,83 3,15 11,99

Eficiência MU (t/t) 7 % 5 % 10 %/8 %* 9 % 13 %/ 12 %* 7 % 6 %

Existência de diversos processos nas áreas urbanas

7,19 1,61 9,87 26,38 2,42 17,77 44,67

Apoio dado a outra área 4,00 2,20 4,32 11,08 0,83 8,97 5,24

Dependência de outros sistemas (t/t)

70 % 77 % 57 % 45 % 88 % 95 % 36 %

em sistemas nacionais (t/t)

33 % 32 % 49 % 40 % 73 % 70 % 59 %

em sistemas internacionais (t/t)

38 % 46 % 9 % 6 % 18 % 26 % 10 %

Autonomia de uma área urbana

1,36 2,33 -1,70 -9,91 1,86 5,96 -8,09

Pressão no ambiente (outputs)

3,25 2,38 2,81 4,27 2,09 6,97 4,66

Tabela 6 – Indicadores UM em Manresa, Sabadell (2008), Turim, Cremona, Albano Laziale, Pomezia e Leiria (2013)

Notas: * Eficiência do MU incluindo/excluindo incineração.

Os indicadores do MU seguem tendências similares por área. É de sublinhar que Albano

Laziale apresenta o maior nível de eficiência, o que é uma indicação relativamente à

quantidade de resíduos que é tratada para ser recuperada. Pode explicar as necessidades

de consumo final notavelmente baixas (Rosado et al., 2016). Leiria apresenta os valores

mais elevados na diversidade de processos indicando uma extração doméstica próspera e

produção industrial na área implicando uma baixa dependência de outros sistemas. A

partir dos dados disponíveis conclui-se que as cidades espanholas são as mais dependentes

dos sistemas internacionais, mas importa referir que as cidades italianas careciam de

informações sobre as importações. As áreas mais autónomas são Cremona e Leiria, devido

às suas extrações domésticas acima da média. Finalmente, Turim tem valores médios a

baixos em todos os aspetos.

5. Conclusões

Este relatório pretende mostrar os resultados obtidos a partir da definição do modelo do

metabolismo urbano de Leiria, na região Centro, Portugal; para o ano de 2013. O objetivo

deste trabalho foi analisar os resultados e identificar seus destaques, bem como integrá-los

no contexto regional e nacional.

Ao longo do relatório, foram apresentados: indicadores quantitativos dos fluxos de materiais

ao nível nacional, regional e municipal; os recursos disponíveis ao nível regional e municipal;

produção industrial ao nível municipal; estrutura de consumo ao nível municipal e através

das perspetivas de desagregação de produtos, composição de materiais e atividades

económicas de consumo; e a geração de resíduos do ano do modelo e a estimada para os

próximos 50 anos. Destes resultados podemos retirar as seguintes conclusões:

Page 37: Casos de estudo do Metabolismo Urbano - UrbanWINS€¦ · de tomada de decisão” / Task (T) 2.3 “Definição de um conjunto de indicadores-chave para o metabolismo urbano baseado

Conclusões

UW_ROADMAP_LEIRIA_PT_final - 31 -

Leiria é menos dependente de recursos externos do que a região Centro, mas mais

do que Portugal. De tudo, Leiria é a área com mais inputs per capita, enquanto a

região Centro tem outputs mais elevados per capita. As taxas de stock per capita em

comparação com consumo são bastante semelhantes em todas as áreas.

As secções CN de produtos minerais e produtos químicos são as mais importantes para

diferentes tipos de fluxos, consumo e produção industrial para Leiria, bem como para

fluxos e consumo na região Centro. Estes referem-se aos grupos de produtos de sal,

enxofre, terras e pedras, gesso, cal e cimento; e betão.

Outras secções importantes são os produtos das indústrias alimentares e artigos de

madeira em termos de extração, exportação e produção, e produtos vegetais em

termos de inputs e consumo.

Por todos os resultados, os minerais não metálicos como pedra e biomassa, em

particular a biomassa agrícola, são centrais para a composição do material.

Os setores de fabricação, construção e economia comercial são consumidores

importantes entre os setores económicos. A fabricação de betão e cerâmica e vidro

estão entre os maiores consumidores, seguida pela construção de edifícios

residenciais e não residenciais e estradas.

Os resíduos industriais têm origem nas atividades de fornecimento de energia,

recolha de resíduos e construção. Os resíduos municipais são na sua maioria

destinados a aterros, enquanto a reciclagem e o tratamento biológico apresentavam

frações semelhantes.

Algumas secções de produtos estavam entre as principais fontes de vários materiais

prioritários. Por exemplo, os equipamentos elétricos e eletrónicos produziram uma

quantidade relevante de metais pesados não-ferrosos e plásticos. Outras secções de

produtos são fonte de produtividade para um material previsível, como artigos de

plástico, produtos minerais e químicos e produtos de madeira e celulose. Cada

material prioritário tem diferentes tempos de vida em que se tornou relevante.

O consumo de várias categorias de produtos mostra um impacto significativo no ciclo

de vida em várias categorias de impacto ambiental: carne, cereais, fertilizantes,

artigos de pedra e equipamentos elétricos.

Tendo uma visão geral do metabolismo da cidade de Leiria e seus potenciais impactes

ambientais, recomenda-se a realização de mais estudos, com foco nos produtos, atividades

económicas e resíduos que foram identificados como fundamentais para cada área, obtendo

assim mais detalhes para a elaboração de políticas apropriadas e eficazes.

Page 38: Casos de estudo do Metabolismo Urbano - UrbanWINS€¦ · de tomada de decisão” / Task (T) 2.3 “Definição de um conjunto de indicadores-chave para o metabolismo urbano baseado

Referências

UW_ROADMAP_LEIRIA_PT_final - 32 -

Referências

European Comission, 2015. Closing the loop - An EU action plan for the Circular Economy. [Online] Available at: https://eur-lex.europa.eu/legal-content/EN/TXT/HTML/?uri=CELEX:52015DC0614&from=EN

Eurostat Database RAMON, 2019. [Online] Available at: http://appsso.eurostat.ec.europa.eu/nui/show.do?dataset=env_ac_mfa&lang=en

Eurostat, 2001. Economy-wide material flow accounts and derived indicators. [Online] Available at: https://doi.org/ISBN 92-894-0459-0

Lavers, A., Kalmykova, Y., Rosado, L., Oliveira, F., & Laurenti, R. (2017). Selecting representative products for quantifying environmental impacts of consumption in urban areas. Journal of Cleaner Production, 162, 34-44.

Rosado, L., 2012. A standard model for urban metabolism. Instituto Superior Tecnico.

Rosado, L., Niza, S. and Ferrão, P., 2014. A Material Flow Accounting Case Study of the Lisbon Metropolitan Area using the Urban Metabolism Analyst Model. Journal of Industrial Ecology, 18(1), p. 84–101.

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Apêndices – Resultados em Leiria

UW_ROADMAP_LEIRIA_PT_final - 33 -

Apêndices –

Resultados em Leiria

Os apêndices estão disponíveis no documento original (D2.3), em inglês, em:

https://www.urbanwins.eu/deliverables/

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