Castanheiro

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Castanheiro Classificação botânica / características Castanheiro é uma angiospérmica dicotiledónea Família - Fagaceae (família a que pertencem os carvalhos); Género – Castanea; Espécie - Castanea sativa Miller, o comum castanheiro. Árvore de folha caduca, de grande porte, pode atingir 20-30 metros de altura, de copa semi-esférica, ligeiramente alongada, sendo uma das árvores mais imponentes dos nossos ecossistemas florestais. O tronco é espesso, liso nos primeiros 10-15 anos, fendilhando de seguida, criando linhas que, com o envelhecimento, fazem o tronco parecer torcido. As folhas são lanceoladas (em forma de bico de lanças) e dentadas (margem com pequenos dentes), verdes e brilhantes, estando dispostas nos ramos de forma alternada. Podem chegar a ter 20 cm de comprimento e mais de 5 cm de largura, embora a sua dimensão seja variável. Entre Maio e Junho os amentilhos (cachos de flores amarelas) formam-se junto ao pé das folhas, dando à árvore um aspecto característico. A polinização ocorre pelo vento e por insectos. O fruto de forma cónica mais ou menos achatada desenvolve-se dentro de um invólucro espinhoso, o ouriço. Cada ouriço pode ter até três castanhas. Os ouriços abrem a partir de Outubro, libertando as castanhas. Clube da Floresta - FLORIJOVEM

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  • Castanheiro

    Classificao botnica / caractersticas Castanheiro uma angiosprmica dicotilednea

    Famlia - Fagaceae (famlia a que pertencem os carvalhos);

    Gnero Castanea;

    Espcie - Castanea sativa Miller, o comum castanheiro.

    rvore de folha caduca, de grande porte, pode atingir 20-30

    metros de altura, de copa semi-esfrica, ligeiramente

    alongada, sendo uma das rvores mais imponentes dos

    nossos ecossistemas florestais.

    O tronco espesso, liso nos primeiros 10-15 anos,

    fendilhando de seguida, criando linhas que, com o

    envelhecimento, fazem o tronco parecer torcido.

    As folhas so lanceoladas (em forma de bico de lanas) e dentadas (margem com

    pequenos dentes), verdes e brilhantes, estando dispostas nos ramos de forma alternada.

    Podem chegar a ter 20 cm de comprimento e mais de 5 cm de largura, embora a sua

    dimenso seja varivel.

    Entre Maio e Junho os amentilhos (cachos de flores amarelas) formam-se junto ao p das

    folhas, dando rvore um aspecto caracterstico. A polinizao ocorre pelo vento e por

    insectos.

    O fruto de forma cnica mais ou menos

    achatada desenvolve-se dentro de um

    invlucro espinhoso, o ourio.

    Cada ourio pode ter at trs castanhas.

    Os ourios abrem a partir de Outubro,

    libertando as castanhas.

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  • Clima

    Prefere climas sub-atlnticos, sem temperaturas inferiores aos 15 negativos, entre os 400

    a 1000 metros de altitude em solos ligeiramente cidos. No entanto adapta-se a diversos

    tipos de estaes, razo pela qual pode ser encontrado em muitas regies com climas to

    diferentes. Prefere zonas ensolaradas e depois de estabelecida tem alguma resistncia

    secura.

    Na Europa este castanheiro ocorre principalmente a Sul (Portugal, Espanha, Frana, Itlia

    e Grcia) podendo tambm ser encontrado mais a Norte (Reino Unido e Alemanha).

    O castanheiro no ecossistema Pode aparecer em povoamentos monoespecficos (soutos ou castinais, dependendo do

    objectivo da produo, fruto ou madeira, respectivamente), ou juntamente com carvalhos,

    como o carvalho negral, Quercus pyrenaica ou com o carvalho-roble, Quercus robur,

    embora esta espcie no ocorra, em dimenso significativa, em formaes naturais no

    nosso pas. A vegetao herbcea cresce espontaneamente por debaixo da copa dos

    castanheiros, contribuindo desta forma para o fomento da biodiversidade. Devido

    produo da castanha, fruto comestvel, so muitos os vertebrados que as procuram,

    como o coelho (Oryctolagus cuniculus), o javali (Sus scrofa), pequenos mamferos e os

    cervdeos, entre outros.

    Para alm da castanha e da madeira, produtos directos, os castanheiros podem ainda

    produzir outras mais valias, indirectas, como a biodiversidade, j referida, e potenciar o

    crescimento de cogumelos e ervas aromticas. So diversas as espcies de cogumelos

    que podem crescer sob-coberto, alguns dos quais em simbiose com a rvore.

    Apesar de normalmente atingir os 30 metros, existem alguns registos de castanheiros

    monumentais em Portugal, principalmente nos distritos da Guarda, Viseu e Bragana.

    Alguns destes exemplares chegam a ter troncos com 10 metros de circunferncia, com

    copas gigantescas e, claro, com algumas centenas de anos de idade. Como reza a

    tradio popular acerca dos castanheiros, 300 anos a crescer, 300 a viver e 300 a morrer.

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  • Utilizao dos seus produtos

    O castanheiro uma das rvores mais apreciadas no nosso pas, sendo explorado quer

    pela castanha, quer pela qualidade da madeira, sendo nalgumas zonas essencial para a

    economia das comunidades rurais. A seleco das melhores espcies, das melhores

    variedades e das melhores rvores foi feita atravs de geraes sucessivas, escolhendo

    as que melhores castanhas produziam e as que davam melhor madeira.

    A madeira apresenta uma boa densidade, bastante apreciada para mobilirio, tanoaria e

    cestaria, embora possa fendilhar quando seca.

    A castanha bastante apreciada na gastronomia nacional. Pode ser confeccionada desde

    assada, frita ou cozida, e pode fazer parte de um sem nmero de pratos.

    Castanheiros para produo de

    frutos, castanhas - souto

    Castanheiros para produo de

    madeira castinal

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  • Pragas e doenas do Castanheiro

    Lagarta da Castanha Cydia splendana Hb.da C

    Castanhas com furos de gorgulho.

    Sintomas e sinaisQueda prematura das castanhas. As castanhas ficam moles, com fungos, apresentando

    uma impresso transversal na base, sulcos salientes.

    Biologia e comportamento do insecto Ataca exclusivamente o Castanheiro. O insecto alimenta-se de castanha, provocando a

    sua destruio e queda. Afecta a produo de fruto e a regenerao do castanheiro.

    Os factores de predisposio esto associados presena da praga e a ataques de

    outras pragas dos frutos, como o caso do Gorgulho da castanha. Pelo que os ataques de

    lagarta da castanha podem ocorrer com maior incidncia aps um ataque de gorgulho da

    castanha.

    Tem uma gerao anual, iniciando o voo dos adultos em Agosto Setembro. Os ovos so

    colocados nas folhas e as larvas penetram no fruto alimentando-se do seu interior, saindo

    quando completam o seu desenvolvimento, por um pequeno orifcio lateral (pode ocorrer

    j aps a colheita, nos locais de armazenamento da castanha).

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  • Preveno e meios de controlo Medidas preventivas:

    Poda e limpeza das rvores e da vegetao rasteira existente sob os castanheiros, para facilitar a eliminao de castanha cada;

    Eliminao da castanha cada no solo; Colheita dos ourios que permaneceram aps varejamento.

    Meios de controlo:

    Lavouras que exponham as larvas e pupas aos rigores do clima (a utilizar com precauo);

    Utilizao dos insecticidas recomendados para o bichado da fruta (ma e pra) em Agosto/Setembro.

    Gorgulho da castanha Curculio elephas Gyll.

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  • Sintomas e sinais Frutos escurecidos com uma cicatriz junto ao orifcio de postura ou com orifcio circular de

    sada das larvas;

    Larva em forma de C, branca com a cabea acastanhada. Adulto acastanhado a

    acinzentado (6 a 10mm) com forma tpica de gorgulho, com peas bocais projectadas e

    muito compridas (rostro).

    Biologia e comportamento do insecto Insecto que se alimenta dos frutos, provocando a sua destruio e afectando a

    regenerao natural das espcies. Aumenta a tendncia para o apodrecimento dos frutos.

    No caso da Azinheira e do Castanheiro pode inviabilizar a produo.

    Ataca diversas folhosas, em particular o castanheiro o sobreiro a azinheira o carvalho

    negral e o carvalho portugus. A predisposio aos ataques maior em plantas em

    stress, sendo favorveis os anos secos e quentes. Os ataques so mais intensos em

    anos de baixa produo aps anos de grande abundncia.

    Os adultos necessitam de um perodo de alimentao antes de iniciarem a reproduo

    (pasto de maturao) durante o qual se alimentam dos gomos e base dos frutos novos. A

    fmea pe cerca de 20 ovos, em orifcios que faz com o rostro. Regra geral coloca

    apenas um ovo em cada fruto, podendo por vezes colocar 2 ou excepcionalmente 3. As

    larvas alimentam-se da polpa, o que leva queda do fruto. Quando completam o

    desenvolvimento, saem do fruto e enterram-se no solo (10-15 cm de profundidade) para

    passar o Inverno e transformar-se em adulto (pupao).

    Preveno e meios de controlo Medidas preventivas:

    Limpeza da vegetao rasteira para facilitar a apanha dos frutos cados;

    Remoo dos frutos cados no solo e lavouras superficiais.

    Meios de Controlo:

    Gradagem do solo por debaixo das rvores para expor as larvas ao sol (a utilizar com

    precauo);

    Nos montados, o pastoreio com porco de montanheira contribui para o controlo da praga;

    A manuteno de castanha mergulhada em gua durante 10 dias, provoca a mortalidade

    das larvas sem afectar a capacidade germinativa.

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  • A gradagem do terreno, realizada com o objectivo de expor as larvas ao sol, deve ser

    realizada com muita precauo, pois no caso de ser mal feita, corremos o risco de ferir as

    rvores e as razes favorecendo a disseminao de algumas pragas e doenas que de

    espalham pelas razes.

    Doena da Tinta Em Portugal a Doena da Tinta, cujo nome se deve cor negra que a rvore adquire por

    baixo da casca quando atacada, conhecida desde o sculo XIX e constitui uma das

    maiores ameaas cultura do castanheiro, tendo-se verificado em diversas regies a

    destruio em massa de extensas reas de souto.

    A doena est associada a dois fungos pertencentes classe oomicetas, famlia

    Phytophthoraceae e ao gnero Phylophlhora (Phytophthora cinnamomi (Rands) e

    Phytophthora cambivora (Petri) Buisman). So semi-parasitas que vivem em forma

    saprfita na matria orgnica do solo, ou como parasitas na planta.

    A propagao faz-se atravs da gua de rega, da chuva, do transporte de terra e de

    material vegetativo infectado. Solos com m drenagem, baixo teor de matria orgnica,

    pobres em nutrientes e com exposies sudoeste, oeste e sul, se os declives forem

    superiores a 8-10%, so algumas das condies favorveis para o desenvolvimento do

    fungo. As razes com leses provocadas por cortes constituem portas de entrada para o

    fungo.

    O fungo afecta o sistema radicular, limitando ou impedindo gradualmente a circulao da

    seiva. Os sintomas manifestam-se inicialmente na parte superior da copa a partir da

    extremidade dos ramos onde se observam cloroses e emurchecimento das folhas. A

    florao fraca e a frutificao muito afectada, os frutos caem antes de amadurecerem.

    Na zona afectada, aps remoo da casca, o lenho mostra-se necrtico, constituindo uma

    mancha de cor violcea escura, em forma de cunha. A partir da base pode observar-se a

    emisso de rebentos que morrem passados alguns anos, mantendo-se seca toda a copa.

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  • Preveno e meios de controlo Os meios disponveis no so ainda capazes de responder, de uma forma eficaz, s

    necessidades do combate doena.

    As tcnicas culturais parecem ser aquelas que de alguma forma contribuem para a

    limitao da doena. Por exemplo, os povoamentos conduzidos em talhadia aparentam

    ser menos afectados por esta praga.

    Medidas preventivas: melhorar o estado nutricional dos soutos e a estrutura edfica; evitar danos e corte de razes; plantar em terrenos com boa drenagem para no se induzir a asfixia radicular; evitar a utilizao de material vegetativo infectado e de origem desconhecida;

    proceder escovagem e desinfeco prvia dos instrumentos agrcolas.

    As medidas repressivas compreendem aces a diversos nveis, incluindo o combate

    biolgico e gentico:

    a queima de material vegetativo infectado; a eliminao das rvores infectadas, quando o nvel de infeco elevado e a

    replantao alguns anos aps;

    a solarizao das partes afectadas; a micorrizao; a recolha de cogumelos se efectue com uma faca e no por arranque, deixando-se

    no solo alguns cogumelos no abertos;

    evitar a plantao de hbridos em zonas tradicionais de produo; a plantao de clones que sejam resistentes doena criados em viveiro. (O

    Centro Nacional de Sementes Florestais (CENASEF) desenvolve desde 1998

    trabalho nesta rea).

    Cancro do Castanheiro O Cancro do Castanheiro provocado por um fungo designado Endothia parasitica And &

    And. A espcie Castanea dentata foi praticamente aniquilada por esta praga que,

    segundo dados de 1987, ter destrudo cerca de 3,6 milhes de hectares de castanheiro

    nos Estados Unidos da Amrica. A doena que est presente na Europa h vrias

    dcadas foi detectada pela primeira vez, em Portugal, em 1989, na regio de Trs-os-

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  • Montes. A zona de Padrela foi a mais afectada, verificando-se que a variedade Judia

    apresenta maior sensibilidade doena. No territrio da TFT o cancro do castanheiro

    afectou com maior intensidade a zona de Parada.

    A principal fonte de propagao da doena a circulao de lenho sem ritidoma (casca).

    O cancro do castanheiro s detectado a partir do terceiro ou quarto ano aps a

    plantao, muito virulento e ataca a parte area da rvore de forma rpida e irreversvel.

    Detecta-se pelo desenvolvimento de necroses castanho-avermelhadas no tronco e pela

    permanncia das folhas e ourios mortos nos ramos secos da rvore para alm do

    perodo normal, entre outros sintomas de observao minuciosa.

    Preveno e meios de controlo A irradicao da doena baseia-se em tcnicas de enxertia e poda, recomendando-se:

    a desinfeco com lixvia dos instrumentos a utilizar; o corte dos ramos donde se retiraram garfos para efectuar enxertias; a pincelagem de toda a zona de enxertia com um fungicida; a raspagem da casca da zona do cancro at ao tecido so; o corte dos ramos 20 cm abaixo da zona do cancro e desinfeco com um

    fungicida;

    a queima das cascas e das pernadas cortadas no prprio local; corte das rvores exertadas infectadas 15 a 20 cm acima da superfcie do solo e

    enxertia no ano seguinte sobre a nova rebentao;

    arranque das rvores enxertadas e sua destruio (queima) no prprio local.

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