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04 - Editorial: Paulo Rocha06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14- Internacional30- Dossier Cuidar em Saúde32 - Entrevista: Paulo Macedo Padre José Manuel Pereira de Almeira

54 - Multimédia56 - Estante58 - Vaticano II60 - Agenda62 - Por estes dias65 - YouCat66 - Programação Religiosa67 - Minuto Positivo68 - Liturgia70 - Pastoral da Saúde72 - Família74 - Ano da Vida Consagrada78 - Fundação AIS80 - Lusofonias

Foto da capa: D.R.Foto da contracapa: Agência ECCLESIA

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,.Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Dia daUniversidadeCatólica comolhar no futuro[ver+]

Combater a«chaga» dosabusos sexuais[ver+]

Cuidar em saúde:Entrevista aPaulo Macedo[ver+]

Miguel Oliveira Panão | FernandoSampaio | Fernando d'OliveiraBenita Ferreira | MargaridaGonçalves Neto Fernando CassolaMarques |Bento Oliveira | ManuelBarbosa |Paulo Aido Tony Neves

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Jornalinho

Paulo Rocha Agência ECCLESIA

“Jornalinho” não é um nome de qualquer órgãode comunicação social, que conheça, nem oqualificativo de um projeto editorial da nossapraça. Trata-se de um apelido popularmenteatribuído a uma pessoa de uma aldeia que me émuito próxima, em virtude de cumprir comoninguém o “passa a palavra” de qualquer dito oufeito. De facto, quando acontece o inesperado ouchega alguém de fora ou de novo rapidamente anotícia se espalha por toda a região, com maisou menos rigor, a partir da capacidade devalorizar um ou outro aspeto. Mas a comunicaçãoacontece e normalmente com a verdade quederiva do desconto naturalmente feito por quemescuta, pois conhece bem o meio de divulgaçãoda mensagem.Qualquer meio de comunicação social atua comoeste “Jornalinho”: Amplifica o novo, o inesperadoou o aspeto de um acontecimento que possagerar mais surpresa. Mas com uma diferença: Osrecetores absolutizam facilmente o que se lê, vêou ouve porque é dito – e bem - por um poder, oda comunicação social, sem incluir na valorizaçãoda mensagem o modo de funcionamento do meioque a suporta. Em causa não está a afirmaçãode que pelos media não passam verdades. Porcerto que sim, sendo apenas necessário reuniras várias transmissões da verdade paraconseguir uma aproximação à verdade de umacontecimento. O que depende do recetor, nãode meio de

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comunicação, que se move emferramentas e gramáticas próprias.Elas comparam-se sempre ao“Jornalinho”, à comunicaçãointerpessoal que naturalmente fixaum aspeto, valoriza outro e podetambém esquecer algunsfundamentais.O ambiente da existência e dasociabilidade acontece atual eespontaneamente com os media – emuito bem -, com incidênciaspermanentes em factos tãodistantes como uma epidemia ouuma descoberta científica, o pobreno abrigo de uma porta ou agitaçãode qualquer bolsa, o infelizfalecimento num serviço de urgênciaou o custo de tratamentos que dãovida. Tudo preenche a ágoramediática em que habitamos,emissores e recetores, hoje cadavez mais em alternância constante.Nestas circunstâncias e numa alturaem que Portugal e a Europaredefinem o futuro próximo, afirme-se o valor imprescindível dos media,nomeadamente quando denunciam(alguns) episódios que afetam adignidade da pessoa humana.

Em democracia, cada“ator” tem um papelespecífico. Os mediatambém. E não é, porcerto, servir depropaganda nem derefúgio a qualquer umdos outros. Depois, e em prol da mesmadignidade, que não seinstrumentalize a comunicaçãosocial na procura, analise edefinição de programas de atuaçãonos diferentes setores dasociedade. Porque a lógicamediática não recria o ambiente de“laboratório” necessário para pensare definir estratégias de vivência emsociedade na saúde, na educação,na economia, na política, nareligião… Em todos o setores doconviver entre pessoas.Em democracia, cada “ator” tem umpapel específico. Os media também.E não é, por certo, servir depropaganda nem de refúgio aqualquer um dos outros.

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- «São tantos e tais os problemasacumulados, em todos os sectoresda vida da Igreja que, ou muito meengano ou o Papa Francisco anda apreparar, passo a passo, umConcílio Ecuménico, cuidando paraque não lhe aconteça o mesmo queao Vaticano II.» (Frei BentoDomingues, In: Jornal «Público», dia01 fevereiro 2015) - «Se temos o melhor jogador domundo, o melhor treinador, o melhorárbitro – infelizmente, retirado hádias – e o melhor agente do mundo,porque não poderemos ter umportuguês como presidente daFIFA?» (Alexandre Pais, In: Jornal«Record», dia 02 de fevereiro 2015)

- «Enquanto houver democraciasnacionais, não sairemos disto. Oseleitores dos países fazem escolhaspolíticas, a economia tem de seadaptar» (Luciano Amaral, In: Jornal«Correio da Manhã», dia 02 defevereiro 2015). - «Sonho muitas vezes com umaescola diferente. Uma escola básicae secundária que contribuísse paraa descoberta e desenvolvimento dejovens alegres, amáveis e cominteresse no mundo à sua volta»(Daniel Sampaio, In: P2, dia 01fevereiro 2015)

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Católica em festa com olhar nofuturoA Universidade Católica Portuguesa(UCP) assinalou este domingo o seudia nacional, uma celebraçãoantecedida pela distinção docardeal Gianfranco Ravasi,presidente do Conselho Pontifícioda Cultura, com o grau de doutor‘honoris causa’.O patriarca de Lisboa e magnochanceler da UCP, D. ManuelClemente, considerou que estadistinção reconhece a “carreiraexemplar” do cardeal italiano. Aentrega das insígnias decorreudurante uma sessão académica emLisboa.O padre Tolentino Mendonça,padrinho do novo doutor, elogiou a“sapiente forma” com que o cardealitaliano procura olhar a Igreja e omundo, bem como a sua produçãoliterária, em particular o comentárioao livro bíblico dos Salmos. O vice-reitor da UCP recordou que o atual‘ministro da Cultura’ do Vaticano foium “interlocutor chave da culturamilanesa”, onde se destacou pelo“magistério da amizade” comcrentes e não-crentes e a “paixãopelo diálogo”, antes de ser chamadopor Bento XVI para a Cúria Romana.Nascido em 1942, D. GianfrancoRavasi foi ordenado padre em 1966

na Arquidiocese de Milão, tendo sidonomeado nos anos seguintesprefeito da Biblioteca Ambrosiana,professor de exegese bíblica naFaculdade de Teologia da ItáliaSetentrional e membro da PontifíciaComissão Bíblica. Recebeu aordenação episcopal em 2007 e foicriado cardeal por Bento XVI, a 20de novembro de 2010.O cardeal Gianfranco Ravasi falou àAgência ECCLESIA e sustentou quea Europa precisa de um Cristianismoforte para travar o avanço dofundamentalismo.“Temos no ADN do Cristianismo acapacidade de estabelecer pontes,que é o exato oposto dofundamentalismo, que levanta ummuro, isola-se. Em substância, háuma forma de medo quando alguémse isola e prefere o confronto”,referiu em Lisboa,

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onde foi agraciado com o grau dedoutor ‘honoris causa’ pelaUniversidade Católica Portuguesa.O ‘ministro da Cultura’ do Vaticanodiz que este é um desafioparticularmente premente nummomento em que se debate arelação entre liberdade deexpressão e o respeito pelasreligiões, após os atentados deParis.“Conheço um pouco da línguaárabe, da cultura, da literatura demarca muçulmana. O grande risco,a grande dificuldade de um certoIslão de hoje é o confronto damodernidade, o

confronto com o mundo queé diferente, que não está apenascircunscrito ao interior do própriooásis”, assinalou.Neste sentido, observou opresidente do CPC, é necessárioreafirmar a própria identidade faceao outro. “Nós somos cinzentos. OCristianismo europeu já não é capazdo diálogo, não só porque tem medomas também porque não tem osseus próprios valores, não temconfiança em si mesmo, nagrandeza da mensagem e daherança cristã”, advertiu.

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IPSS são fundamentais paraPortugal

O primeiro-ministro portuguêsesteve em Fátima com os órgãossociais da Confederação Nacionaldas Instituições de Solidariedade(CNIS), onde defendeu que foinecessário “muito trabalho” e “muitacriatividade” para preservar a“coesão social, durante a criseeconómica.Para o padre Lino Maia, que hoje foieleito para um novo mandato comopresidente da CNIS, é necessáriofazer da “erradicação da pobreza”um “desígnio nacional”. “Nãopodemos estar à mercê devoluntarismo e medidas pontuais.Temos de caminhar para umasociedade com mais igualdade ecom oportunidades para todos”,comentou.Já o ministro da Solidariedade eSegurança Social disse à Agência Ecclesia que a rede social das IPSSfoi “imprescindível” para garantir a

“coesão social”. “Em Portugal, nosúltimos três anos, passamos pormomentos muito difíceis e se foipossível manter a coesão socialdeve-se muito à capacidade dasinstituições sociais que conseguirammanter o trabalho vivo e efetivo”,destacou Pedro Mota Soares.A CNIS representa cerca de 2800IPSS, empregam mais de 200 miltrabalhadores e significam, emconjunto, mais de 70 por cento dasrespostas sociais em Portugal.

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Alunos de EMRC ajudaramfamílias carenciadasUm projeto solidário promovido poralunos e professores de EducaçãoMoral e Religiosa Católica em VilaPouca de Aguiar, em Vila Real,permitiu reunir três toneladas dealimentos para famílias carenciadasda região. Em declaraçõesconcedidas à Agência ECCLESIA, oprofessor João Paulo Lopes, um doscoordenadores desta ação, explicaque tudo partiu de uma campanhanatalícia intitulada “Ajude-nos aAjudar”, promovida por estudantesdo 10.º ao 12.º do Agrupamento deEscolas de Vila Pouca de Aguiar.A ideia foi “sensibilizar os miúdospara o valor da partilha” e para aimportância da solidariedadetambém no espaço escolar, uma vezque os sacos de alimentos foramdistribuídos a famílias de alunosmais desfavorecidos.Um “trabalho em parceria”, queenvolveu os diretores de turma, aComissão de Proteção de Criançase Jovens, o Gabinete de Apoio aoAluno, o Centro Social de NossaSenhora do Extremo e assuperfícies comerciais locais ondefoi feita a recolha dos bens.O professor João Paulo Lopesdestaca o espirito fraterno quemarcou o

projeto, a adesão das pessoas que“enchiam os carros com ofertas” e“o brilho nos olhos” dos mais novos,contentes por poderem ajudar.Realça ainda a oportunidade queesta atividade proporcionou paradar asas, fora da sala de aula, aosvalores que são transmitidos nadisciplina de EMRC, que tem"bastante adesão na região”.“Posso dizer que só no que dizrespeito ao 12.º ano, no nossoagrupamento, estão inscritos 86 porcento dos alunos existentes”,salienta o docente.Outra iniciativa recente que permitiutestemunhar o espirito cristão nomeio da comunidade foi uma “Óperasolidária” que foi a cena nocineteatro de Vila Pouca de Aguiar eque teve como atores e figurantes“alunos, pais e professores”.Num espetáculo que abrangeu todaa história da salvação, desdeAbraão até Jesus Cristo, “a ideiacentral foi dizer que Deus tem umprojeto de felicidade para todos”.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

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Aveiro: Diocese lança proposta de caminhada para a Quaresma e Páscoa

Atualização do clero das Dioceses do Sul

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Papa assume compromisso decombater «chaga» dos abusossexuaisO Papa Francisco afirmou hoje quea Igreja Católica tem de fazer todosos possíveis para erradicar a“chaga” dos abusos sexuais sobremenores, numa carta enviada àsConferências Episcopais e institutosreligiosos de todo o mundo. “Épreciso continuar a fazer todos ospossíveis para erradicar da Igreja achaga dos abusos sexuais sobremenores e abrir um caminho dereconciliação e de cura em favordos que foram abusados”, refere amissiva, divulgada esta manhã peloVaticano.Francisco rejeita que, nestassituações, haja "prioridade" paraoutro tipo de considerações, comopor exemplo "o desejo de evitar oescândalo". "Não há absolutamentenenhum lugar no ministério[sacerdotal] para os que abusam demenores”, defende.O Papa explica os objetivos da novaComissão Pontifícia para a Tutelados Menores, que visa “melhorar asnormas e procedimentos” nestesetor, com a ajuda de“personalidades altamentequalificadas e conhecidas pelo seucompromisso neste campo”.Francisco recorda que em julhode 2014 se encontrou com algumasvítimas de abusos por parte de

sacerdotes, uma “oportunidade paraser testemunha direta e comovidada intensidade dos seus sofrimentose da solidez da sua fé”.Segundo o Papa, esta comissão“pode ser um instrumento novo,válido e

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eficaz” para promover o

compromisso da Igreja Católica, atodos os níveis, na concretizaçãodas “ações necessárias paragarantir a proteção dos menores edos adultos vulneráveis, dandorespostas de justiça e misericórdia”.Francisco anuncia que os membrosdeste organismo, que representamdioceses “de todo o mundo”, se vãoreunir em Roma, pela primeira vez,“dentro de poucos dias”. "As famíliastêm de saber que a Igreja nãopoupa qualquer esforço paraproteger os seus filhos", assinala.O Papa pede aos bispos esuperiores religiosos uma"colaboração plena e atenta" com acomissão pontifícia, para "reparar asinjustiças do passado e ser semprefiéis à tarefa de proteger os que sãoos prediletos de Jesus".A carta sublinha que em dezembrodo último ano foram nomeados os novos membros da ComissãoPontifícia para a Tutela de Menores,agora com 16 responsáveis, metadedos quais mulheres. O organismo épresidido pelo cardeal Sean PatrickO’Malley, dos Estados Unidos daAmérica, que tem como secretário otambém norte-americanomonsenhor Robert Oliver.

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D. Oscar Romero, mártirO postulador da causa decanonização D. Oscar Romero,antigo arcebispo de El Salvadormorto a tiro em 1980, disse noVaticano que o prelado foi um“mártir” da Igreja, em nome “dosmais pobres”. “Romero éverdadeiramente um mártir da Igrejado Vaticano II, uma Igreja que é mãede todos, particularmente dos maispobres”, afirmou D. Vincenzo Paglia,atual presidente do ConselhoPontifício da Família (Santa Sé), emconferência de imprensa.O Papa Francisco autorizou estaterça-feira a publicação do decretoque reconhece o martírio de D.Oscar Romero, decisão que abrecaminho à beatificação doarcebispo, assassinado quandocelebrava Missa em São Salvador.

O postulador da causa decanonização revelou aos jornalistasque a decisão sobre o martíriomereceu um juízo “unânime” dacomissão teológica e da comissãodos cardeais que analisaram o caso.D. Vincenzo Paglia recordou quevários padres tinham sidoassassinados durante o conflito emEl Salvado e que, em relação aoarcebispo, “havia um clima deperseguição contra um pastor que,seguindo a inspiração evangélica,escolheu viver no meio dos pobrespara os defender da opressão”.“Não havia motivos ideológicos”,assinalou, rejeitando que D. OscarRomero servisse um pensamento“pseudomarxista”. “Romero foi mortoporque escolheu a perspetiva” daIgreja Católica, precisou, “atenta àpaz, à justiça e à verdadeevangélica”.

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Uma luz contra o tráfico de pessoas

O Vaticano vai promover estedomingo o primeiro dia internacionalde “oração e reflexão” contra otráfico de pessoas, com o mote‘Acende uma luz contra o tráfico’. Ainiciativa vai celebrar-se no dia dafesta litúrgica de Santa JosefinaBakhita, uma antiga escravasudanesa que abraçou a vidaconsagrada após ser libertada eque foi canonizada em 2000, peloPapa João Paulo II.Esta jornada internacional épromovida é promovida pelasuniões internacionais de superioresgerais dos institutos religiososmasculinos e femininos, com o apoiode vários organismos da CúriaRomana.O presidente do Conselho PontifícioJustiça e Paz, cardeal PeterTurkson, disse aos jornalistas que“milhões de pessoas, crianças,mulheres e homens de todas asidades, são privados da liberdade eobrigados a viver em condiçõessemelhantes à escravatura”. “OPapa convida-nos a reconhecer queestamos perante um fenómenoglobal”, acrescentou.Este dia internacional contra o

tráfico quer ser uma mobilização deconsciencialização e oração a nívelglobal, com vigílias em vários paísesque vão culminar com a oraçãodo ângelus na Praça de São Pedro,sob a presidência de Francisco.A conferência de imprensa contoucom o testemunho da irmã ValeriaGandini, para quem é “precisoencontrar-se com as vítimas” paraentender “o que significa o tráfico deseres humanos. Também estevepresente a responsável por ‘TalithaKum’, a Rede Internacional da VidaConsagrada contra o tráfico, irmãGabriella Bottani, que falou dasiniciativas programadas para opróximo domingo, incluindo umaMissa em sufrágio pelas vítimas,presidida pelo cardeal João Braz deAviz, prefeito da Congregação paraos Institutos de Vida Consagrada eSociedades de Vida Apostólica(Santa Sé).Simbolicamente, o Vaticano convidaa acender uma vela online pelo fimdo tráfico, em www.a-light-against-human-trafficking.info..

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

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Francisco aponta caminho de esperança à Grécia

Apelo do Papa pela paz na Ucrânia

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Uma semana, um ano… uma vida

Henrique Matos Agência ECCLESIA

Terminou por estes dias a semana da VidaConsagrada. Em causa, o ser e o agir dequantos um dia se sentiram tocados e tiveram acoragem de responder ao apelo com a própriavida. Opção vocacional, impulso que transformouvidas comuns num projeto de entrega aopróximo, à Igreja.Os consagrados são homens e mulheres decarne e osso, carregados de fragilidades eimperfeições mas que, conscientes da suacondição, quiseram entregar à humanidade decada tempo, um Evangelho traduzido emsituações concretas de vida. Vemo-los nocuidado dos mais pobres, no combate àindignidade, na denúncia de injustiças ourecolhidos no silêncio da vida contemplativa.Chegaram às periferias ainda antes de Francisconos convidar a partir para elas e assumematitudes alinhadas com a ousadia e a coragemdos fundadores. Os que um dia tiveram aintuição e começaram o caminho que arrastariamuitos mais.Hoje, o mundo, desiludido com propostas ocas evãs, busca sinais, modelos de vida… quer genteautêntica e que acredite profundamente naquiloque faz. Os consagrados, ou seja, freiras efrades, irmãos e irmãs, leigos ou religiosos deInstitutos ou Congregações, são gente comummas com a particularidade da alegria. Riem ealegram-se não pela posse mas pela doação.Homens e mulheres que amam o mundo mascom a esperança em algo que o transcende. Oseu desafio é do tamanho do planeta e, tal comonos primeiros tempos da Igreja, protagonizaramos primeiros fenómenos de globalização.Encontramos missionários de

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Trás-os-Montes na Etiópia, freirasindianas a trabalhar em Setúbal oupadres africanos em paróquiasportuguesas. Um Evangelhouniversal, que transcendefronteiras, culturas ou civilizações.Uma missão que envolve muitasvidas e histórias pessoais com oúnico propósito de levar essa águaverdadeira que Jesus propunha àSamaritana.Os consagrados sentem quepertencem a alguém e a alguns…são de Deus, na medida em que seentregam ao próximo. Encarnam emsi, a condição do outro, a suacircunstância de vida. Isto, conferematuridade espiritual e dá aquele“calo” que não se ensina nos livrosde teologia. A vida consagrada nãoé uma missão humanitária, vai maisfundo, é uma relação dereciprocidade. A pobreza e afragilidade do outro

reclamam a presença daqueleque, por opção vocacional ali seencontra. Mas o que se aproxima dopobre, sabe que só assim se tornamais próximo de Deus. Esta é aquestão, uma Igreja que se edificacom gestos e atitudes de entrega edoação, não com belos discursos ouintenções, não pela aparência maspelo que se é.“Toma cuidado com a tua vida, poispara alguns poderá ser o únicoEvangelho que conhecem…” Aexpressão será de S. Francisco deAssis e adquire um sentido especialnesta ocasião. Homens e mulheresque são, para tantos, o rostoconhecido da Igreja, a imagem vivado Evangelho. Foi para eles asemana que findou, é-lhes dedicadotodo este ano por vontade do PapaFrancisco, mas a consagração nãocabe numa semana nem num ano,compromete a vida toda.

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Mais do que um problema moral

São cada vez mais os rumores deque o Papa Francisco irá lançar emmarço, ... junho, ou pelo menosdurante 2015, uma encíclicadedicada às questões ambientais.Muitos esperam que esta seja umverdadeiro ponto de viragem nocombate às alterações climáticasatravés de um maioraprofundamento da relação entreecologia humana e a ambiental. Notwitter da imagem vemos umachamada de atenção do Papa paraa questão ambiental como umaquestão moral. Já São João Paulo IIna sua mensagem pelo dia mundialda paz a 1 de janeiro de 1990, faziaessa mesma ligação. A questão quecoloco é se esta dimensão moral ésuficiente para tomarmos maiorconsciência da questão ecológica.Tenho dúvidas. Explico-me.O ser humano é natureza, mastranscenda-a. Porquê? Porque élivre, criativo e possui a consciênciade, como imagem de Deus, serchamado à comunhão com Deus;na

reciprocidade homem-mulher, serchamado à comunhão com osoutros seres humanos; e naconfiança que Deus se lhe faz dacriação, ser chamado à comunhãocom o cosmos. A dimensão moral deque fala o Papa estáparticularmente ligada a este últimoaspeto da nossa vocação àcomunhão com o cosmos.O modelo de relacionamento entre oser humano e a natureza maisfalado refere-se ao conceito desermos "administradores"(stewardship) e creio que foi umpasso muito importante para sair doconceito de "possuidor", mas sou daopinião que pode ser uma visãoainda limitada deste "confiar acriação" ao ser humano. O modelode administrador expressa umarelação funcional entre o homem e anatureza, logo, evidencia oproblema moral da crise ecológicaporque tem a ver com aquilo que ohomem faz, e como o faz. Porém,recordo o excelente documento

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da comissão teológica internacional"Comunhão e Serviço", onde aquelapalavra "serviço" quer dizer muito (eque estranhamente na traduçãoinglesa se traduziupor stewardship... go figure).Estar ao serviço que dizer muitomais do que simplesmenteadministrar. A ideia de serviço estámais associada a uma dimensão danossa existência que procura, nasações mais simples, dar um sentidoe significado que as eleve a Deus.Pensemos na Eucaristia onde, deforma simples, mas profundamentemisteriosa, o pão

e o vinho se elevam a Deus e setransfiguram no seu corpo, sangue,alma e divindade. Nesta dimensãoem que nos reconhecemos como"seres litúrgicos", o problema dacrise ecológica é mais do que moral,mas torna-se antes, existencial.Enquanto que destruir a naturezacom as nossas ações é imoral epouco ético, ao nível existencial, aodestruir a natureza deixamossimplesmente de ser ... humanos.Quais as implicações? Bom, isso ficapara depois ...

Miguel Oliveira Panão

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A Igreja Católica celebra há 23 anos o Dia Mundial do Doente,no dia 11 de fevereiro, para manifestar a sua proximidade aquem sofre e deixar uma palavra de esperança e sentido,recordando a importância das relações humanas e o valor decada vida.O Semanário ECCLESIA apresenta, neste dossier, umaentrevista com o Ministro da Saúde, que fala sobre os temasda atualidade neste setor e sobre a importância da mensagemdo Papa, que apela a uma “sabedoria do coração”. Hátambém espaço para depoimentos e testemunhos de quem,em nome da Igreja, dedica o seu tempo ao cuidado dosdoentes, nas mais variadas circunstâncias.

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O retrato da saúde emPortugal O Papa Francisco afirma que uma sociedade se pode avaliar pelaforma como se relaciona com os seus doentes: tempo, carinho,palavras de conforto, mas também recursos humanos e materiais. Ementrevista à Agência ECCLESIA, o ministro português da Saúde, PauloMacedo, aborda estes desafios e comenta as recentes polémicas dosetor, considerando que o país vai deixar a crise com um ServiçoNacional de Saúde melhor.

Entrevista conduzida por Lígia Silveira Agência ECCLESIA (AE) - Na suamensagem para o Dia Mundial doDoente, o Papa Francisco deixa umdesafio em relação ao tempo gastojunto de cada uma destas pessoas.Que importância tem o tempo paraos cuidados de saúde?Paulo Macedo (PM) - A mensagemdo Papa Francisco é de factobastante tocante. A questão querefere é do tempo e a do estar aoserviço. Quem está nos cuidados desaúde está sempre, de uma maneiramais direta e mais clara, ao serviçodos outros.Nós na sociedade trabalhamos comoutros, em equipas, somosinterdependentes, trabalhamos emrede, mas na saúde esse facto émuito mais líquido: o tempo que aspessoas têm com as outras tem umvalor muito claro e concreto.

Desde logo, médicos e enfermeirosque tratam esta adversidade que éa doença, são pessoas queessencialmente gastam o seu tempoa combater a adversidade - é umtempo árduo, todos os dias lidamcom essa adversidade, ou pelomenos procuram preveni-la. É umtempo com um benefício mais diretopara o doente e para a própriapessoa.Os profissionais de saúde, atravésdo seu esforço, veem muitorapidamente o impacto direto dotempo que gastaram na formação,na sua aprendizagem, do tempo quededicam àquele doente. Há aquiesta noção de tempo de muitaqualidade, com reflexo muitoconcreto. Os profissionais de saúdetêm um reflexo muito claro do seutrabalho. 26

AE - A humanização da saúdepassa também por aí?PM - A humanização da saúdedeveria ser quase um pleonasmo,porque a saúde é feita por pessoase para a pessoa. Temos de apostarem concretizar esta humanização deforma mais visível, próxima eintensa.Aqui, também, entra o tempo deoutro tipo de pessoas, que são oscuidadores: temos os profissionaisde saúde e o seu papel, que éfundamental e é reconhecido muitojustamente pela sociedadeportuguesa como um valoracrescentado, designadamente emtempos de crise, mais difíceis, mastambém temos outras pessoas quenão são tão reconhecidas, oscuidadores informais nas casas, osvoluntários, bem como aquilo que éuma verdadeira rede de cuidadoaos mais necessitados que existeem muitas comunidades.Uma das necessidades apontadaspelo estudo da Fundação CalousteGulbenkian (Um Futuro para aSaúde — todos temos um papel adesempenhar) para asustentabilidade do SistemaNacional de Saúde é precisamentehaver um alargamento, umreconhecimento desta rede decuidadores informais, porque há um

conjunto de problemas que seconsegue resolver em termosde proximidade, da comunidade:não só as pessoas ficam mais bemtratadas como também se evitamsoluções de hospitais, que a própriapessoa não deseja.

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AE - Esta proximidade é, de algumaforma, um investimento noscuidados primários?PM - O papel do voluntariado temmaior expressão na área doshospitais, da doença aguda, e noscuidados informais dentro daprópria comunidade. Os cuidadosna comunidade têm de seralargados.Há também um papel muitoimportante na área dos cuidadospaliativos - estamos por estes dias aduplicar o número de camas narede de cuidados paliativos, de 150para 300 camas, onde temos umanecessidade crescente – e este éum dos vértices de três eixos: umarede de camas, uma rede decuidados na comunidade e tambémuma rede de cuidados intra-hospitalares. Esta presença na áreados paliativos é essencial, dá umaatenção e qualidade que não éindiferente às pessoas. AE - Como é que avalia o trabalhoque a Igreja Católica desenvolveneste setor?PM - O trabalho de diversasorganizações ligadas à Igreja naparte da saúde mental éfundamental: é fundamental emtermos da quantidade de doentesque são

tratados nestas instituições; éfundamental a qualidade e aevolução que estas instituiçõessouberam ter.Há muitas décadas, as instituiçõesde saúde mental eram verdadeirosasilos, sem visão de abertura, domínimo de institucionalizaçãopossível, de tentativas de inserçãona sociedade - tudo isso estavaausente. No setor público esteprogresso fez-se e felizmentetambém nas instituições ligadas àIgreja estas mesmas preocupaçõesestão presentes.Quer em termos de qualidade deinfraestruturas, quer em termos deresposta em quantidade - porque éimportante ter instituições quepossam tratar uma parte significativadas necessidade - e também naadaptação em termos clínicos detodo o conceito novo que há dereinserção destas pessoas, tudoisso nos parece positivo.Estamos a fazer novos acordos,porque esta é uma área queprecisamos de cobrir melhor, mastambém temos exemplos muitopositivos na área dos cuidadoscontinuados, com diversasinstituições ligadas às Misericórdias,com um papel absolutamentefundamental em termos da suadispersão pelo país,

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da possibilidade de oferta de apoiode qualidade e com um conjunto devalências que apresentamatividades terapêuticas eocupacionais que são potenciadas edão outra dimensão aos cuidadoscontinuados que desejamos.Nos últimos três anos e meioabrimos mais de 1500 camas decuidados

continuados e asmisericórdias sabem gerir este tipode unidades de forma eficiente, deforma próxima com a comunidade.Neste momento, beneficiamos deuma maior clareza na relação entreMisericórdias e Estado, com acordostransparentes, escritos, através dalegislação que produzimos em 2014.

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AE - Foram apresentadas váriasmedidas no contexto dos problemasque surgiram nas urgências doshospitais públicos. Qual é ocaminho que gostaria de seguirpara serenar os ânimos?PM - A saúde é, talvez a par doemprego, a maior preocupação daspessoas. Numa situação de crise,em que houve um aumento dedesemprego - que felizmente está adiminuir -, em que existiu umdecréscimo do rendimento

das pessoas - que felizmente está aaumentar -, todos nós temos muitomais dúvidas, precisamos de maissegurança. A saúde é umfator fundamental para cada um, damesma maneira que é fator dedisputa política, no sentido em quesabemos que atrai as atenções.Nas medidas que foram anunciadashá uma premissa: temosnecessidade de contratar maismédicos de Medicina Geral eFamiliar no país. O Serviço Nacionalde Saúde precisa destes médicos,porque não temos médicos defamília para todas as pessoas.Não basta dizer o chavão de que oscuidados primários são muito

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importantes, é preciso materializaresta ideia, contratando maismédicos para servir um maiornúmero de pessoas. Recrutamostodos os médicos de Medicina Gerale Familiar que estão disponíveis nomercado, porque temos estedesiderato, aqui não há nenhumarestrição financeira, o Estado temdisponibilizado os meios para podercontratar todos os que estãodisponíveis.Até agora, não foi possível ter estesmédicos em quantidade suficientepara responder às necessidades.Logo, temos de tomar medidaspara, durante um períodotemporário e extraordinário,conseguir dar às pessoas o acessoao seu médico de outras formas.Hoje temos muito mais médicos aacabar a sua especialidade do quehá quatro anos e contratamos todosos estudantes de Medicina queacabam o seu curso - é o únicocaso em que isso acontece, emPortugal, para qualquer profissão.Nós temos vindo a contratar umnúmero crescente de médicos quedepois terminarão a suaespecialidade.

Até lá, temos de contratar outro tipode médicos, nomeadamente os quese reformaram. Pela primeira vez,também, vamos estabelecerbenefícios para médicos dedeterminadas especialidades, paraque se possam estabelecer emregiões carenciadas.Por último, a possibilidade deaumentar a isenção das taxasmoderadoras para todos os jovensdos 12 para os 18 anos inclui-senum conjunto de medidas diretas eindiretas que temos de equacionar,em termos globais, para levar a umaumento da natalidade. Temosclaramente um problema, penso quehoje há uma consciencialização dasociedade portuguesa, e é precisoque tipo de medidas tomar para queas pessoas tenham estabilidade,previsibilidade relativamente aosseus encargos, e às possibilidadesde acompanhamento dos filhos.Felizmente, em 2014 tivemos ummaior número nascimento do queem 2013, mas muito insuficientepara aquilo de que precisamos.

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AE - Como equilibrar a atenção aosdoentes, em termos de tempo, deacompanhamento, sabendo que oscuidados em saúde são diferentesnum centro urbano e numalocalidade do interior?PM - Obviamente que aa pessoasdos centros urbanos têm maispossibilidade de acesso às grandesinstituições, a um conjunto maior demédicos, até porque há aí umaconcentração maior. Mas eu diriaque, nos cuidados primários,designadamente nas unidades desaúde familiar, temos excelentesexemplos no interior, onde aqualidade não fica nada atrásdaquilo que se passa nas cidades.Aliás, há até uma maior proximidadee conhecimento real da pessoa e dasua família como um todo. É maisfácil o contacto com uma populaçãomais fixa do que com umapopulação mais mutável, sujeitas aimigrações e oscilações, como nasgrandes cidades. AE - Alguns acusam o Estado deuma gestão demasiado racional,ausente e distante do ser humanoque sofre…PM - Há um esforço no sentido deapetrechar de recursos o Serviço

Nacional de Saúde. Não podemos éperder de vista a sustentabilidadedo SNS, porque ele é essencial paraas pessoas. É instrumento decoesão, essencial para os maisvulneráveis que durante estes anosde maior crise tiveram um ServiçoNacional de Saúde a responder-lhes. E tiveram os medicamentosmais baratos.Foi essencial haver um conjuntomaior de pessoas que estavamisentas de taxas moderadoras, comotambém foi essencial as pessoasterem uma baixa muito significativade medicamentos: se não fosse abaixa de preço dos medicamentos,haveria um maior número depessoas que durante esta crise nãoconseguiria ter acesso aos mesmos.Nós tivemos uma política deliberadapara uma melhor sustentabilidadedo SNS para os próximos anos,pensamos que está maissustentável para o futuro, e aomesmo tempo conseguimos isentarmais pessoas de taxas moderadorase aumentar o número demedicamentos que as pessoaspodem comprar de forma maisacessível.

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AE - Certamente não ficaráindiferente às manifestações deprotesto…PM - Há um sentimento em Portugalem que as pessoas não percebemcomo é que chegamos até aqui. Aspessoas tinham o seu trabalho, asua casa, a sua vida… têmdificuldade em conformar-se quandoveem que o rendimento diminuiu,que há mais desempregados.Eu percebo muito claramente essedescontentamento. A situação que

herdamos para mim não émotivo de qualquer contentamento,a única coisa que nos anima a todosé o andarmos para a frente, ver quehá uma evolução num conjuntomuito alargado de indicadores comoo emprego, a sustentabilidade doSNS, mas que de maneira nenhumaachemos que está tudo bem porqueos problemas são reais e afetamnegativamente determinantes desaúde que nos preocupam.

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AE - A legislatura está a chegar aofim. Como avalia estes anos à frentedo Ministério da Saúde e o trabalhodo Governo neste setor?PM - A minha motivação para estarnestas funções - como toda a gentesabe, não exercia cargos políticos -é poder contribuir para uma missãoque é bastante nobre e que temsido um privilegio: fazer com que oServiço Nacional de Saúde sejasustentável e fique para daqui amuitos anos e continue, nomomento em que teve o maiordesafio da sua vida, bem como queo Sistema de Saúde portuguêstenha os maiores progressospossíveis.Felizmente, todos os principaisindicadores de saúde melhoraram -relativos à taxa de mortalidadeinfantil, às mortalidades prematuras,onde há ganhos sistemáticos. Nomeio da crise, conseguimos diminuiro número de novos casos detuberculose, embora a criseindicasse um comportamentoprecisamente oposto; temos menoscasos de Sida, a esperança de vidatem aumentado todos os anos. Esteconjunto de indicadores, esta maiorsustentabilidade dá-nos um alentopelo trabalho que tem sido feito,

com os responsáveis pela área desaúde, com os profissionais desaúde, que nos levam a ver o quetem de ser feito ainda, conscientesde que há problemas, mas quetambém há muito que corre bem eque no Serviço Nacional de Saúdeatendemos sete milhões depessoas.Eu não lido com oscilações deopinião pública. Quem tem essesproblemas está em casa ou trabalhapara os jornais. A área da saúde éfundamental para as pessoas e,portanto, querem que haja umamelhoria concreta. Penso que omaior elogio que podem fazer aoGoverno é avaliá-lo, na política desaúde como noutras, como se asituação fosse normal: a situação étotalmente anormal, de uma criseque herdamos, sem qualquerparalelo com o passado.Nós temos sempre de ouvir aspessoas e nesta área todos seexprimem: os destinatários, osdiferentes interlocutores cujosrendimentos foram afetados. Nãoestamos arrependidos das opçõesque fizemos.Os custos são sempre doscontribuintes, quem paga a saúdetoda são os portugueses: não hádinheiro do Governo, mas doscontribuintes.

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O Serviço Nacional de Saúde vaificar mais sólido, não há duvida, oshospitais deixaram de estar emfalência técnica, temos maismédicos do que em 2010, temosmelhores indicadores de saúde, hámelhor investigação e maiorvisibilidade para essa investigação,fruto de um trabalho feito durantemuitos anos. Temos um conjunto demaior sofisticação dos nossosprofissionais: os enfermeiros sãoreconhecidos internacionalmente,os médicos

mantém esse reconhecimento. Etemos também infraestruturas quenão tínhamos: conseguimoscompletar a rede de centros dereabilitação. Neste período temosunidades que conseguimosfortalecer, abriu-se um grandeHospital de seis em seis meses. Éeste Governo que vai deixar asbases de uma rede de cuidadospaliativos, que fortalece a rede decuidados continuados. São aspetosessenciais no fortalecimento doServiço Nacional de Saúde.

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A sabedoria do coração e a gestão na saúde

Pessoas são mais importantesdo que os números O coordenador Nacional da Pastoral da Saúde comentou a mensagemdo Papa para o Dia Mundial do Doente que tem como tema ‘Sapientiacordis’ [sabedoria do coração] e assinala-se no próximo dia 11 defevereiro de 2015. Na mensagem dedicada aos doentes, aosdiversos e inúmeros profissionais de saúde e aos cuidadores,Francisco divide esta sabedoria em quatro pontos.O padre José Manuel Pereira de Almeida explica que este género desabedoria “não se ensina”, só se tem quando existe proximidade e ooutro é “tratado como irmão” e destaca que na tradição bíblica“opõe-se aos saberes abstratos e asséticos”.

Entrevista realizada por Sónia Neves Agência Ecclesia (AE) – Amensagem do Papa Francisco parao Dia Mundial do Doente estáinserida na temática da “sabedoriado coração” [Sapientia cordis].Como sacerdote esta é umaexpressão bonita para o DiaMundial do Doente?Padre José Manuel Pereira deAlmeida (JMPA) – Se é. A Sabedoriado coração na tradição bíblica éexatamente aquela que se opõe aossaberes abstratos e asséticos, éuma sabedoria que só se temquando nos aproximamos do outro eo trata

como irmão. E, por isso, o Papasublinha tanto o sair ao encontro e acategoria encontro acaba por ser acategoria chave interpretativa detantos dos seus discursos ouatitudes. Felizmente temos um Papaque através dos meios decomunicação social fala porpalavras mas também por gestos eestamos muito sensíveis todos, paralá das fronteiras da Igreja, que estePapa tem esta capacidade. Não é sódele, tantos outros Papas desteséculo passado o fizeram assim masele de uma forma especial.

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AE – É uma sabedoria que seaprende?JMPA – É, seguramente, mas é umtipo de sabedoria que não seensina. Aprende-se mas não seensinará no sentido que o saberensina-se e está nos livros, estasabedoria aprende-se com osmestres, aprende-se seguindooutros que o fazem, a partir das

experiências de particularsignificado de encontro interpessoalde cada um. Por isso, se calharquem mais é quem tem maisexperiência, quem vai mais à frenteou quem correu o risco de nãocalcular a sua segurança e selançar, sem nenhum tipo decondicionantes, sem garantias, aoserviço dos outros.

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AE – Na mensagem para o 23.º DiaMundial do Doente, o Papa divide asabedoria do coração em quatrograndes pontos. O primeiro é serviro irmão que está doente, o prestarassistência.JMPA – O Papa primeiro dirige asua mensagem aos doentes maslogo a seguir àqueles queacompanham os doentes e essespontos são fundamentalmente paranós todos que podemosacompanhar de uma forma maisdireta ou indireta os doentes, queros profissionais de saúde –médicos, enfermeiros,fisioterapeutas, assistentes sociais –e também aqueles que cuidam dosdoentes porque os apoiam de umaforma mais genérica porque semeles os doentes não poderiam viverporque estão em situação dedependência.Servir os doentes passa por todosestes leques, desde as atitudeseminentemente técnicas, àquelasque são fundamentalmentehumanas e de proximidade quetambém têm de ter um saber técnicoporque senão magoamos aspessoas, não fazemos bem, nãotemos força para, portanto tambémhá uma aprendizagem a essepropósito, claro. Servir o outro

requer esta atitude de liberdadeinterior, de estar para o outro e nãoporque ganho alguma coisa comisso e, por outro lado, acompetência para o servir bemporque servir mal não interessa. AE – Servir é uma palavra que caiumuito em desuso?JMPA – Sim, na área da saúde nemtanto porque os serviços continuama chamar-se serviços, mas depoisas atitudes que às vezes se têm evivem nos serviços pode acontecerque em vez de servirmos os outrosnos sirvamos da situação ou na piordas hipóteses dos outros. E, entreservir outros ou servir-se dosoutros, é a oposição maior. AE – Nesta linha do serviço está osegundo ponto que o Papa refereque é estar com o irmão doente.Este é um tempo gasto oudispensado ou um tempo ganho?JMPA – Ou mesmo perdido porquesó ficamos com o que damos, o queguardamos para nós, esse é quenão se tem. O tempo é fundamentale neste momento a situação dotempo talvez seja o recursoescasso, o recurso mais escassodos serviços

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de saúde. Os médicos têm asconsultas, por exemplo na área demedicina geral e familiar ou dasmedicinas de especialidade nohospital, determinadas em tempo,os números passaram a ser maisimportantes do que as pessoas naárea da gestão e isso é dramático.Não sei nada de gestão e por issonão sei como se pode fazer de outramaneira mas sei que assim é quenão se pode fazer. Deixou-se depoder

ver os doentes, observar, daratenção, dar ouvido, dar escutaporque no meio do relato dosdoentes acerca de si próprios, já osmédicos têm que fatalmenteinterromper porque têm que incluirdeterminados dados no computador,de determinada maneira. Às vezes,nem sequer podem olhar para osdoentes porque estão a olhar paraum monitor e os doentes sentemisso.

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AE – Os doentes muitas vezes ficamcom essa impressão quando saemdas consultas: “Ele nem olhou paramim, não me fez uma pergunta.”Falta aqui o tempo para estar?JMPA – Diria que nas nossascondições atuais tem faltado cadavez mais. Eu não sou clínico enunca fiz

clínica a não ser nos internatosiniciais mas vi fazer muito boaclinica, como agora se continua afazer, mas de uma forma maisgeneralizada do que é possívelagora, dadas as circunstâncias. Eisso acho que tínhamos de arrepiarcaminho.

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AE – Na mensagem existe ainda avertente dos voluntários. Esses dãoo tempo que as pessoas precisam?JMPA – E, portanto, valorizar muitoa presença dos voluntários, dosvisitadores, que vão a casa ouestão no hospital a ajudar em tantascoisas. Depois do Hospital de SantaMaria (Lisboa) de uma forma inicial,a minha maior experiência direta foino Instituto Português de Oncologia(Lisboa) durante décadas e percebibem qual era o papel da LigaPortuguesa Contra o Cancro na suaescola de voluntariado. Participeirecentemente no primeiro encontronacional de voluntariado da LigaPortuguesa Contra o Cancro e vê-se, olhos nos olhos, o que é que emtermos de experiência, ao longo deanos e anos, essas pessoas atravésde meios muito simples conseguemdar de si acolhendo, acompanhandoe vivendo para os outros. AE – Numa doença em que o tempotem tanto significado…JMPA – Claro, o tempo é umsegredo que temos. É umacontradição, fazemos coisas muitomais depressa e cada vez temosmenos tempo, o que é umcontrassenso.

AE – O Papa fala no terceiro pontoda questão do sair de si, que járeferiu. “Sair de si para estar com odoente” e Francisco trilha umcaminho que é de santidade?JPA – Se calhar é mesmo aproposta que Jesus nos apresentana sua história de vida que é essaideia que quem vive uma vidafechada para si, julgando que aganha, perde-a. Só quem arrisca asua vida, entregar a vida no fundo,dar um tempo em que o tempo éescasso. Dar atenção, um sorriso, amão, esperança, ânimo, tudo isto édar vida ou dar a vida. Só quemarrisca dar a vida é que a ganha nosentido que é viver na perspetivacristã com Jesus e como Jesussobre a terra e isto é o caminho dasantidade, da vida eterna, aqui eagora.AE – O Papa neste ponto refere umcaso concreto no sentido de umapessoa que durante algum tempoencarrega-se de um doente…JMPA – Que habitualmente sechama “cuidador”, que é um termoum bocadinho esquisito como“utente” ou “cliente”. Nós fomoseducados na altura em que dosdoentes eram chamados doentes ea pessoa do doente é muitoimportante enquanto tal.

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AE – Queria chamar a atenção paraa sensibilidade do Papa para estarealidade e de a colocar namensagem.JMPA – É muito importante porque oPapa não é alguém que vem deexperiência de gabinete, à parte dasua formação tem uma experiênciade pastor em concreto numadiocese (Buenos Aires, Argentina) econtinua a desenvolver as mesmaslinhas que na América Latina eramsignificativas

para muitos episcopados no qual elese incluía. AE – No último ponto desta“sabedoria do coração” Franciscoalerta para ser solidário sem julgar.Quando se fala em estar com odoente pode pensar-se numaatitude de evangelização ouproselitismo.JMPA – Ou categorizar pondoetiquetas - “este tem isto”, o outro

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“tem aquilo” - e isto pode ajudar ou desajudar-nos a perceber a pessoae a acolher sem condições,incondicionalmente. AE – A caridade é precisamente oponto-chave?JMPA – Exatamente, e está nocentro, no coração da mensagemdo Papa e da atitude diante dodoente. AE – Nesta realidade, a mensagempara este 23.º Dia Mundial doDoente

- «Sapientia cordis [sabedoriado coração], acaba por ser umalerta para os profissionais desaúde, para aqueles que cuidamdos doentes?JMPA – Eu creio que as mensagensdos Papas nos dias mundiais dodoente são um caminho que nostem ajudado a todos a dar atençãoàs pessoas que estão doentes e àsituação geral da saúde. Ou seja,umas mensagens porque acentuammais o carácter social, outrasporque assentam particularmenteno

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encontro interpessoal, pessoa, nãodigo indivíduo. Uma pessoa ésempre relação, há sempre umatendencial compreensão socialdestas questões.Estas sucessivas mensagens dosPapas são, de facto, oportunidadepara todos nós, também para osdoentes, compreenderem a situaçãohumana em que nos encontramosporque uma situação de doençacontinua a ser humana. Umasituação de quem ajuda, de quemacompanha os doentes é tambémde relação humana.

AE – Com o avanço da tecnologia,com as redes sociais, perde-sehumanização, existem valores queficam pelo caminho?JMPA – Mesmo em termos dosestudos nas universidades, porexemplo, quando fiz o curso demedicina, nos anos 70, estudava-seobviamente a dor mas não houveuma palavra, só sobre o sofrimentopor causa da deontologia. Aocontrário, as escolas deenfermagem desenvolveram muitomais esta dimensão e introduzirammuito

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mais cedo toda a reflexão sobre aética do cuidado que é atéfeminista, hoje tem a suaespecificidade.Foi a partir da fundação das últimasfaculdade de medicina em Portugalque se procurou, à maneiraamericana e do norte da Europa,introduzir disciplinas de humanidadeno curso de medicina e, porexemplo, não deixar para umrudimento as questões de ética-médico ou bioética, de dar espaçoàs histórias das ideias em medicinae suponho que durante algumtempo isso fez caminho. Agora, nãotenho informação precisa mas temoque, em algumas escolas, a

prevalência seja dada à gestão quetambém é muito importante saberquanto custa um medicamente enão receitar medicamentosincomportáveis mesmo para ohospital do Serviço Nacional deSaúde, não posso dizer quero omelhor para o meu doente e ignorara situação social do resto daspessoas e do país.As pessoas são mais importantesque os números e quando seintroduz questões de gestão eeconomia no curso de medicina quenão seja à custa da reflexãohumanista mais de fundo e maisgeral.

16 - Pastoral da Saúde: Entrevista ao padre Fernando Sampaio

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Em defesa dos direitos dos doentesO Papa Francisco denuncia na suamensagem para o Dia Mundial doDoente de 2015 a “grande mentira”que confunde o direito a viver com achamada ‘qualidade de vida’. “Quegrande mentira se esconde por trásde certas expressões que insistemmuito sobre a «qualidade da vida»para fazer crer que as vidasgravemente afetadas pela doençanão mereceriam ser vividas”,escreve.O 23.º Dia Mundial do Doente vaicelebrar-se a 11 de fevereiro de2015, com o tema «Sapientia cordis[sabedoria do coração]. “Eu era osolhos do cego e servia de pés parao coxo” (Job 29, 15)»Segundo o Papa, a experiência dosofrimento pode tornar-se “lugarprivilegiado da transmissão dagraça e fonte para adquirir efortalecer a «sapientia cordis»”,mesmo quando a doença, a solidãoe a incapacidade “levam a melhor”.“Sabedoria do coração é servir oirmão” e “sair de si ao encontro doirmão”, sublinha Francisco,recordando os cristãos que dãotestemunho com “a sua vidaradicada numa fé genuína” e aspessoas que “permanecem juntodos

doentes que precisam deassistência contínua, de ajuda parase lavar, vestir e alimentar”.“Sabedoria do coração é estar como irmão. O tempo gasto junto dodoente é um tempo santo”,acrescenta.A mensagem realça o valor doacompanhamento, “muitas vezessilencioso”, que leva a dedicartempo aos doentes, os quais sesentem assim “mais amados econfortados”. “Às vezes, o nossomundo esquece o valor especial quetem o tempo gasto à cabeceira dodoente, porque, obcecados pelarapidez, pelo frenesim do fazer e doproduzir, se esquece da dimensãoda gratuidade, do prestar cuidados,do encarregar-se do outro”, lamentao Papa.O texto reafirma a “absolutaprioridade da ‘saída de si própriopara o irmão’”, como um dos doismandamentos principais que“fundamentam toda a norma moral”.Na sua reflexão sobre a ‘sabedoriado coração’, Francisco defende anecessidade de “ser solidário com oirmão, sem o julgar” e pede “tempopara cuidar dos doentes e tempopara os visitar”.

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“A verdadeira caridade é partilhaque não julga, que não tem apretensão de converter o outro”,prossegue.O Papa observa que “também aspessoas imersas no mistério dosofrimento e da dor” se podemtornar “testemunhas vivas duma féque permite abraçar o própriosofrimento”.A mensagem para o Dia Mundial do

Doente de 2015 conclui-se com umaoração de Francisco à VirgemMaria: “Ó Maria, Sede da Sabedoria,intercedei como nossa Mãe portodos os doentes e quantos cuidamdeles. Fazei que possamos, noserviço ao próximo sofredor eatravés da própria experiência dosofrimento, acolher e fazer crescerem nós a verdadeira sabedoria docoração”.

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Solicitar Assistência Espiritualnos Hospitais: um exercício sa cidadania crenteAs doenças não são castigos deDeus por causa do pecado, nemexistem porque Deus as tolera oupermite. Fazem parte da condiçãohumana e revelam que o nossocorpo é frágil e vulnerável, quesomos mortais. Dão conta do nossodever de cuidar do corpo e dasaúde, própria e dos outros, decuidar da natureza.As doenças e sofrimento severos,porém, não atingem apenas ocorpo, mas ferem também a alma eé aí que reside o problema dosofrimento. A pessoa sente-seabalada por fortes vendavais deemoções negativas; sente posto emcausa o desejo de vida plena;experimenta a irrupção de fortessentimentos de culpa até aíignorados; e vê-se confrontada emagoada com interrogações sobrea vida e o seu sentido, sobre abondade de Deus e a suaexistência, perguntas para as quaisnão vê resposta. À dor física junta-se a dor psíquica, existencial eespiritual. Para a dor física epsíquica há medicinas ou terapias.E para a dor existencial

e espiritual, a que terapêuticasrecorrer?A assistência espiritual e religiosasnos Hospitais torna-se, portanto,uma emergência para muitosdoentes. É vivida como umaparticular fonte de conforto, bem-estar, paz, saúde. A tradição daIgreja e a experiência dosprofissionais assim o afirmam e aliteratura científica recentecomprova-o. Na verdade, a vidaespiritual fomenta a reconciliaçãoconsigo, com os outros e com Deus,abre para o sentido da vida eimpulsiona a procura de Deus,respostas que vão de encontro àsnecessidades do doente, deencontro às suas interrogações. Porisso quem nega ou impede aassistência espiritual e religiosa éinsensível, violento, antidemocrático,insensato e desumano. O Decreto-lei 253/2009, que a regula nosHospitais do Serviço Nacional deSaúde, reconhece-a não só como«uma necessidade essencial, comefeitos relevantes na relação com osofrimento e a doença»,

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particularmente no sofrimentosevero, mas também como um«fator de qualidade» ao nível doscuidados prestados.Dizer que a assistência espiritual ereligiosa nos hospitais é um bempara o conforto do doente já era ummotivo mais que suficiente para asua existência, mas ela é sobretudoum direito do doente, reconhece oDecreto-lei. Deve, por isso, existirnos Hospitais e funcionar de formaorganizada e regular, sem

impedimentos, a fim de satisfazer asnecessidades espirituais e religiosasdos utentes que a solicitem de formaadequada e atempada, segundo asua vontade e de acordo com aliberdade de consciência, religião eculto. Todos os doentes, seja qualfor a sua religião, têm direito acuidados espirituais e religiosos,segundo a sua vontade; a seremassistidos a qualquer hora, semprejuízo dos cuidados de saúde edo bem-estar dos outros doentes; averem respeitadas as suasconvicções

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e a não serem incomodados oupressionados por quem quer queseja para assistência que nãodesejam; a ter literatura e objetosreligiosa consigo, e a veremrespeitadas as suas convicções; aserem informado sobre aassistência espiritual e religiosa e aparticiparem em atos de culto.Em conclusão, a hospitalização não

constitui um impedimento à práticareligiosa (nem isso faria sentido),mas o doente crente devemanifestar-se sem medo ouvergonha. Deve pedir a assistênciaespiritual e religiosa aos enfermeirosou outros profissionais e seencontrar alguma obstruçãoindevida deve reclamar. Solicitar aassistência é um bem não apenas

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para si próprio, mas também aafirmação de um ato consciente elivre na defesa dos seus direitos ena defesa da cidadania crente nopresente e no futuro. Solicitar aassistência não é só um direitolegal, é também um mandato doSenhor e por isso um dever docristão doente, diz S. Tiago (cf Tg 5,14), para que se realiza nele omistério de comunhão no amor deDeus, fonte de vida e de saúde.

Por último: se a vida espiritual éfonte de bem-estar e conforto e se,como dá conta a literatura, previne asaúdee influencia a recuperação,tornando-a mais rápida, se tem umefeito placebo isso não significaráque tem influência positiva noscustos de saúde? Então porquê amá vontade e os obstáculos? Queinteresses estão por detrás?

Padre Fernando Sampaio

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A Importância do acompanhamentoEspiritual e religioso em contextode saúde mentalO diálogo entre a espiritualidade e amedicina, entre a fé e a ciência, temvindo a acentuar-se nas últimasdécadas. Por um lado, tal situaçãodeve-se a um crescendoreconhecimento dos direitos dosdoentes - defendidos econsagrados na lei -, e, por outrolado, a um novo paradigma na áreada Saúde: o do atendimento integraldo ser humano, considerando-otambém na sua dimensão espiritual,relacional e social.A assistência espiritual e religiosaem meio hospitalar pretende,precisamente, aportar-se como umapoio na complexidade do percursoda pessoa doente para que esta,mesmo fazendo a experiênciasempre delicada de qualquerdoença e por mais limitativa que elaseja, possa redescobrir-se como umcentro fundamental da existênciahumana e encontrar aquilo queconstitui um verdadeiro sentidopara vida, restituindo-a, também, àexperiência fundamental da suaintegração ou reintegraçãocomunitária – local

próprio e meio natural da pessoa -,em contraponto com a periferiaexistencial ou com a marginalizaçãosocial.Sob o ponto de vista da concepçãocristã-católica da pessoa humana,este é também um desafioparticularmente importante para oacompanhamento espiritual ereligioso em contexto de psiquiatriae saúde mental. Junto daqueles quemais facilmente são deixados namargem e votados aoesquecimento.Sem desejar nem querer praticarqualquer tipo de proselitismos, esteé um desafio de humanizaçãogenuina que busca recolocar toda apessoa no espaço social e deafectos que é o seu espaço própriopor direito incondicional, e torná-laprotagonista da sua história. "Eu vim para que todos tenhamvida, e a tenham em abundância"(Jo 10.10).Com estas palavras, Jesus fala-nosdo seu Plano de Salvação e deLibertação, extensivo a todas aspessoas, desconsiderando mesmoqualquer

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tipo de condicionante. A Vida plenaé, então, possível em todas ascircunstâncias, porquanto não setrata aqui de produção, mas sim,simplesmente de vida e dosentido de viver.A experiência humana de Deus,feita na pessoa de Jesus, e quedeve ser o “leitmotiv” da assistênciaespiritual e religiosa hospitalar,torna-o mais próximo da experiênciadas limitações humanasespecialmente vividas em situaçãode doença – de falta de SaúdeMental.

Experimentar-se humano é,portanto, a mais profundaexperiência compartilhada com umDeus que se fez humano, que éamor e misericórdia.A imagem de Deus ternura emisericórdia é fundamental para umgrande processo de perdoar-se ecrescer interiormente de forma aque haja um pressuposto bastanteforte para uma verdadeirareintegração social a partir da fé –da fé cristã.A reintegração social provocada porCristo é a reintegração plena dos

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marginalizados da sociedade: opobre, o doente, a mulhersamaritana, as crianças... O queestá à margem deve vir para o meio:“Ele disse ao homem da mãoressequida: Levanta-te e vempara o meio” (Mc 3,3).Vem para o meio! Estar no meio éestar integrado no grupo social.Jesus é apelativo, não condiciona,simplesmente convida. Vem para omeio! Chama-se para o meio quemé aceite no grupo.Nisto reside a grandeza e adistinção da reintegração socialcristã. Nisto tem de residir também aacção da Assistência Espiritual eReligiosa em contexto depsiquiatria: capacitar a pessoa deuma verdadeira vontade e de umautêntico sentido de vida paraque o portador de quaquer doençamental assuma, ele próprio, o seupapel de protagonista da sua vida eda sua história.Provavelmente, uma das maisgraves doenças, no tempo deJesus, terá sido a apatia perante avida. O sentido de reintegraçãosocial, promovido através doacompanhamento espiritual ereligioso, deve orientar-se demodo a buscar que a pessoa

doente experimenteautênticamente a relação comum Deus acolhedor e dinâmico,que ama e capacita para o amor.A imagem de Deus que propiciarelações humanas harmoniosasentre as pessoas portadoras dedoença mental e as suas redessociais é, então, aquela que opróprio Cristo nos apresenta. Éaquela que a assistência espiritual ereligiosa deve promover.Ele acolhe e salva a todos e nãoquer outra coisa senão a felicidadede cada ser humano.Trata-se de um Deus do amor e doperdão capaz de levar doentes efamiliares a um longo processo dereconciliação com a história da vida.O perdão liberta e torna capaz parao protagonismo, para a identificaçãode um sentido pleno de vida nãocondicionado a qualquer tipo delimitação.A experiência do amor de Deus éfundamental para a aceitação daprópria condição, para odesenvolvimento de habilidadespara o protagonismo em relação àvida e à configuração da vidapessoal e social.A reintegração social, bandeira das

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novas filosofias e das novaspolíticas de saúde mental, requeruma nova relação com oTranscendente. A valorizaçãopessoal não pode conflitualizar coma imagem de Deus. A fé em Deusnão pode levar à passividade, àconformidade com uma situaçãoque pode e deve ser mudada. É preciso reconhecer as habilidadese

possibilidades, à luz da fé, numDeus que acolhe a todos por igual eque quer que todos sejam felizesatravés da auto-realização nodesdobramento de habilidadespessoais.

Fernando d’Oliveira(Assistente Espiritual

da Casa de Saúde do Telhal)

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Presença da Igreja em AmbienteHospitalar – Experiência deVoluntariado PastoralIniciei há alguns anos a minhacolaboração como voluntária emCapelania hospitalar, experiênciaque é difícil de qualificar, mas queresumiria dizendo que é umvoluntariado difícil e exigente,necessário e profundamenteenriquecedor.Difícil, desde logo, porqueindividualmente, e como sociedade,fugimos normalmente de tudo o queenvolve doença, crise, debilidade,derrota e, mais ainda, morte.Necessário porque complementa otrabalho dos Assistentes Espirituaispermitindo tornar presente asolicitude da Igreja a um maiornúmero de doentes e,profundamente enriquecedorporque, superadas algumas dasdificuldades iniciais conseguem-seencontros em profundidade com osdoentes, familiares e profissionais,que nos enriquecem e fazemcrescer como pessoas e,principalmente, crescer na fé.A pessoa na condição de doentenecessita de cuidados, não só aonível físico, mas em todas as suas

dimensões entre as quais adimensão espiritual. Em contexto desaúde, se esta dimensão não foratendida, a par da dimensão física,psicológica e social, não estará aser prestado um cuidado integral aodoente. Fruto da minha experiência,ao longo destes anos devoluntariado, posso testemunhar aenorme importância de que sereveste para o doente podercontinuar a viver a fé no Hospital:participar na celebração daEucaristia quando a sua condição opermite, receber a SagradaComunhão na enfermaria, fazer umtempo de oração. É frequente vivermomentos de grande alegriatransmitida pelos doentes que ficamfelizes, e extremamente confortados,quando se apercebem que podemter acesso a assistência espiritual ereligiosa, aos sacramentos,nomeadamente a SagradaComunhão; ouvem-se expressõescomo: “Que bom! Jesus veio atémim”; “estava tão triste a pensar queia ficar sem comunhão, já basta nãopoder ir à missa, é tão importantereceber Jesus, é uma grande força”.De facto, há que

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ter em conta que o doente ao serhospitalizado vê-se numa situaçãoem que todas as suas rotinas sãoalteradas, as suas referências,redes de apoio e grupos depertença desaparecem - entre elasa sua comunidade paroquial na qualdeixam de poder participar - justamente em momentos de maiorvulnerabilidade. Por isso é tãoimportante que a comunidade e aIgreja se façam presentes junto dosdoentes e lhes possibilitem exercero seu direito a ser atendidos nassuas necessidades espirituais, umadas quais é a de

expressar sentimentos e vivênciasreligiosas. Não poderia deixar dereferir que, ao longo destes anos,me têm enriquecido e edificadotestemunhos extraordinários dedoentes que vivem essa particularcondição iluminada pela fé, comaceitação (mas não renúncia ouentrega passiva) dando sentidopleno à sua vida mesmo, eespecialmente, quando esta seaproxima do fim.

Benita Ferreira,Voluntária na Capelania

do Hospital de Santa Maria

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A assistência espiritualnos cuidados de saúdeSou médica Psiquiatra. A maiorparte do meu trabalho é comdoentes com dependência do Alcoolinternados numa Unidade deAlcoologia. Não por acaso, aUnidade foi baptizada com um nomecheio de sentido: Novo Rumo. Aclínica está integrada no Instituto S.João de Deus, que assume comoprincipal carisma, a Hospitalidade.Que quer isto dizer? Que acolhemosquem chega. Que olhamos apessoa, antes e para além dadoença. Que a desafiamos a(re)descobrir um sentido para avida. Que lhe propomos um caminhodiferente, mais livre, mais pleno,mais com os outros.É na busca de um sentido para avida, que o homem se realiza.Não é fácil esta procura. Muitos dosdoentes que entram em programa,nunca reflectiram estas questões.Com frequência ouvimos aexpressão…. “bebo/consumo paraencher a cabeça” “tenho medo dovazio” “sinto angústia”…Que vazios são estes? Queprocuram estes doentes e nãoencontram?Todo um caminho a fazer de novo.Sem o amortecedor dassubstâncias,

sem o alcool que anestesia, fazesquecer, mata a cabeça e mata ador.Como aprender a lidar com asadversidades da vida e doquotidiano?Como aceitar a própria condiçãohumana, feita de capacidades e defragilidades?Na Unidade em que trabalho,estamos a aprofundar todas estasquestões.A abstinência de substânciaspressupõe a capacidade e amotivação para mudar. Essamudança é mais por dentro do quepor fora.E para lá chegar é precisoresponder às perguntas essenciaisdo ser humano.Quem sou eu? O que é a minhavida? Porque vivo? Que propósitos?Que objectivos?É em torno da procura destasrespostas que se pode desenvolvera dimensão da Espiritualidade.Como Viktor Frankl escrevia, aespiritualidade é a essência danossa humanidade.Os cuidados de saúde maishabituais, destinam-se à prevençãoe tratamento de doenças. Temosuma panóplia de tratamentosmedicamentosos e cirúrgicos, deexames

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complementares de diagnóstico, decuidados de enfermagem. Umamétrica de avaliações, indicadores eresultados.De certa maneira, numa primeirafase, esta resposta corresponde àexpectativa do doente e da suafamília. Mas responde à pessoatoda? Os estudos sobre a Espiritualidadetêm tido grande desenvolvimento.Hoje sabemos como é umadimensão necessária nos cuidadosde saúde e no acompanhamento dapessoa doente, trazendo bonsresultados para evolução clínica. Aassistência espiritual e osprofissionais de saúde devem terem conta o bem estar maisprofundo, mais íntimo e mais

transcendente dos doentes quecuidam. Como acompanhamosverdadeiramente o sofrimento de umdoente? Que relaçãoestabelecemos com ele? Comoacompanhamos o medo, a culpa, asolidão, a esperança e adesesperança, o silêncio, afelicidade, o final de vida, asperguntas, a questão de Deus ou daeternidade?Como nos sentimos quandoacompanhamos e cuidamos nestaproximidade? A espiritualidade é adimensão onde se colocam todasestas perguntas. E se procuram asrespostas.

Margarida Gonçalves NetoPsiquiatra, Casa de Saúde do Telhal

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Dia Mundial das ComunicaçõesSociais(2ª parte)Na continuidade do artigo dapassada semana, iremos apresentaros restantes títulos das mensagenspara o Dia Mundial dasComunicações Sociais, que secelebra no domingo que antecede oPentecostes. 21ª - «Comunicações sociais epromoção da justiça e da paz» - 31de Maio de 1987 - papa João PauloII22ª - «Comunicações sociais epromoção da solidariedade efraternidade entre os homens e ospovos» - 15 de Maio de 1988 - papaJoão Paulo II23ª - «A religião nos mass media» -7 de Maio de 1989 - papa JoãoPaulo II24ª - «A mensagem cristã na culturainformática atual» - 27 de Maio de1990 - papa João Paulo II25ª - «Os meios de comunicaçãopara a unidade e o progresso dafamília humana» - 12 de Maio de1991 - papa João Paulo II26ª - «A proclamação da mensagemde Cristo nos meios decomunicação» - 31 de Maio de 1992- papa João Paulo II27ª - «Videocassete e audiocassetena formação da cultura e daconsciência» - 23 de Maio de 1993 -papa João Paulo II

28ª - «Televisão e família: critériospara saber ver» - 15 de Maio de1994 - papa João Paulo II29ª - «Cinema, veículo de cultura eproposta de valores» - 28 de Maiode 1995 - papa João Paulo II30ª - «Os mass-media: areópagomoderno para a promoção damulher na sociedade» - 19 de Maiode 1996 - papa João Paulo II31ª - «Comunicar o Evangelho deCristo: Caminho, Verdade e Vida» -11 de Maio de 1997 - papa JoãoPaulo II32ª - «Sustentados pelo Espírito,comunicar a esperança» - 24 deMaio de 1998 - papa João Paulo II33ª - «Mass media: presença amigaao lado de quem procura o Pai» - 16de Maio de 1999 - papa João PauloII34ª - «Proclamar Cristo nos meiosde comunicação social no alvorecerdo Novo Milénio» - 4 de Junho de2000 - papa João Paulo II35ª - «Anunciai-o do cimo dostelhados: o Evangelho na era dacomunicação global» - 27 de Maiode 2001 - papa João Paulo II36ª - «Internet: um novo forum paraa proclamação do Evangelho» - 12de Maio de 2002 - papa João PauloII

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37ª - «Os meios de comunicaçãosocial ao serviço da paz autêntica, àluz da Pacem in terris» - 1 de Junhode 2003 - papa João Paulo II38ª - «Os mass media na família: umrisco e uma riqueza» - 23 de Maiode 2004 - papa João Paulo II39ª - «Os meios de comunicação: aoserviço da compreensão entre ospovos» - 8 de Maio de 2005 - papaJoão Paulo II40ª - «A mídia: rede decomunicação, comunhão ecooperação» - 28 de Maio de 2006 -papa Bento XVI41ª - «As crianças e os meios decomunicação social: um desafiopara a educação» - 20 de Maio de2007 - papa Bento XVI42ª - «Os meios de comunicaçãosocial: na encruzilhada entreprotagonismo e serviço. Buscar averdade para partilhá-la» - 4 deMaio de 2008 - papa Bento XVI43ª - «Novas tecnologias, novasrelações. Promover uma cultura de

respeito, de diálogo, de amizade» -24 de Maio de 2009 - papa BentoXVI44ª - «O sacerdote e a pastoral nomundo digital: os novos media aoserviço da Palavra» - 16 de Maio de2010 - papa Bento XVI45ª - «Verdade, anúncio eautenticidade de vida, na eradigital» - 5 de Junho de 2011 - papaBento XVI46ª - «Silêncio e palavra: caminhode evangelização» - 20 de Maio de2012 - papa Bento XVI47ª - «Redes sociais: portais deverdade e de fé; novos espaços deevangelização» - 12 de Maio de2013 - papa Bento XVI48ª - «Comunicação ao serviço deuma autêntica cultura do encontro»- 1 de Junho de 2014 - papaFrancisco49ª - «Comunicar a família: ambienteprivilegiado do encontro nagratuidade do amor” - 17 de Maio de2015 - papa Francisco

Fernando Cassola Marques

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«Superar o Muro»O livro ‘Superar o muro’ que recordao abraço entre o Papa Francisco, olíder islâmico Omar Abboud e orabino Abraham Skorka no Murodas

Lamentações, Jerusalém, vai chegaràs livrarias portuguesas a 13 defevereiro. “O gesto diante do muro émotivo para abordar muitos temasque

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ligam os três intervenientes.Contudo, há dois que urgeminegavelmente: a paz no MédioOriente e o diálogo inter-religiososentre os crentes da grande famíliaabraâmica”, assinala a PaulinasEditora.Um comunicado enviado à AgênciaECCLESIA explica que o livro‘Superar o muro - Diálogo entre ummuçulmano, um rabino e um cristão’é sobre um “gesto profético,espontâneo e genuíno” que foimotivo para uma conversa com doisdos intervenientes, o lídermuçulmano e o rabino.A Paulinas Editora revela que é orabino Abraham Skorka quedesvenda o sentido do momentopúblico que se passou emJerusalém: «Eu dizia-lhe [aBergoglio] que o seu programa

era o do profeta, não o do político.Ele concordava. Nunca mudou deatitude, nunca abandonou o seuléxico».A obra do padre António Spadaro,da Companhia de Jesus (Jesuíta),para além da sua introdução, contacom as entrevistas a Omar Abboude Abraham Skorka, e algunsdiscursos do Papa Francisco naperegrinação à Terra Santa. O também diretor da revista ‘LaCiviltà Cattolica’ no final do livro fazum “breve relato” da visita-peregrinação do Papa Francisco edo posterior encontro de oraçãopela paz com os presidentes deIsrael e da Palestina, no Vaticano.

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II Concílio do Vaticano: Os rasgospastorais de D. Florentino deAndrade e Silva

Durante o período conciliar (1962-1965), a diocesedo Porto teve como administrador apostólico D.Florentino de Andrade e Silva porque o bispo titular,D. António Ferreira Gomes, estava exilado. Apesarde não se conhecer nenhuma intervenção na aulaconciliar, D. Florentino de Andrade viveuprofundamente o II Concílio do Vaticano e aplicou-ona diocese duriense. Participou em todas assessões desta assembleia convocada pelo PapaJoão XXIII.Nascido a 09 de abril de 1915, o prelado natural deSanta Maria da Feira foi ordenado padre a 31 deoutubro de 1937 e no último dia do ano de 1954 foinomeado bispo titular de Heliossebaste e auxiliar dadiocese do Porto. Recebeu a ordenação episcopala 27 de março de 1955, na Sé do Porto. Devido aoexílio de D. António Ferreira Gomes foi nomeado,pela Santa Sé, administrador apostólico destamesma diocese, cargo que desempenhou de 08 deoutubro de 1959 a 30 de junho de 1969. Depois doregresso glorioso de D. António F. Gomes, oprelado foi nomeado (01 de julho de 1972) bispo daDiocese do Algarve, cargo que desempenhou até1977.Durante o seu múnus na diocese portuense, D.Florentino de Andrade “empenhou-sedecididamente na extensão do seu espírito e naaplicação concreta à diocese do Porto” (Cf. AntónioTeixeira Fernandes, In: «Para a História da Diocesedo Porto – Dom Florentino de Andrade e Silva –Obras e movimentos, escritos pastorais (1959-1969), pág 109). Para além de publicar uma cartapastoral sobre o concílio,

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o administrador apostólico reuniu“toda a documentação que nomesmo concílio foi produzida edistribuída entre os padresconciliares” (Obra citadaanteriormente).Esse entusiasmo teve reflexos napastoral da diocese e parapromover e coordenar a açãolitúrgica naquele território eclesial,em obediência ao nº 45 daConstituição Conciliar da SagradaLiturgia e ao nº 47 da respetivainstrução, D. Florentino de Andradee Silva confere “existência canónicaà Comissão Litúrgica Diocesana”.Depois de criada, essa comissãocoloca em prática as

normas emanadas do concílio ecoloca em sintonia a celebração doculto de acordo com asdeterminações conciliares.No decreto, datado de 09 de marçode 1965, D. Florentino de Andrade eSilva coloca como presidente dareferida comissão D. Alberto Cosmedo Amaral e como vogais o padreDomingos de Pinho Brandão, opadre Américo Francisco Alves, D.Geraldo Coelho Dias, O.S.B. e opadre Gabriel da Costa Maia comosecretário. A comissão ficaincumbida de “impulsionar e dirigir onecessário movimento de renovaçãoneste campo”.

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Fevereiro 2015Dia 06 de fevereiro* Lisboa - Auditório da EscolaSecundária Padre António Vieira -Sessão de apresentação da obracompleta do Padre António Vieira Dia 07 de fevereiro* Portalegre - Dia diocesano doconsagrado * Aveiro - Centro Paroquial de SãoBernardo - O Secretariado daPastoral Juvenil de Aveiro organizaO «[EM]Forma». * Lisboa - Convento de SãoDomingos - Conferência «A Luz naespiritualidade cristã: Pessoa edinamismo» integrada no ciclo «Deonde nos vem a luz?» e proferidapor Teresa Messias * Porto - Casa Diocesana de Vilar -Jornadas diocesanas de PastoralFamiliar com o tema «A alegria doevangelho é a missão da família». * Bragança - Dia diocesano dasOficinas de Oração e Vida

* Santarém - Centro Diocesano dePastoral - Encontro de responsáveisdos grupos sociocaritativosparoquiais. * Braga – Famalicão - Jornada daFamília com a participação de D.Jorge Ortiga * Lisboa - Auditório do HospitalPulido Valente - Jornada sobre oapoio espiritual ao doente comconferências de D. ManuelClemente, monsenhor Vitor FeytorPinto, cónego Luis Manuel Silva epadre Fernando Sampaio. * Lamego - Casa de São José -Conselho pastoral diocesano * Guarda - Jornada de formaçãopastoral sobre ministérios * Évora – Bacelo - Festa da«Comunidade Fé e Luz» com o tema«Pode a fragilidade ser a luz domundo?» * Porto - Pedroso (SeminárioCarvalhos) - Iniciativa «Conversascom Vida» dedicado a "ModelosAlternativos" promovida pelasMissões Claretianas.

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* Porto - Gaia (Auditório Municipal) -Sessão musical no encerramento dociclo «Conversas amplas»promovido pela Paróquia de Vilar doParaíso. * Fátima - Casa Carmo (antigoconvento dos carmelitas) - Iniciativa«Faith Night III» promovida pelo«Carmo Jovem» (07 e 08) Dia 08 fevereiro* O Conselho Pontifício para aPastoral dos Migrantes e Itinerantes(CPPMI), da Santa Sé promove oprimeiro Dia Internacional deOração e Sensibilização contra oTráfico Humano. * Santarém - Assembleia diocesanada Sociedade de São Vicente dePaulo. * Santarém - Torres Novas -Assembleia diocesana da AçãoCatólica Rural. * Setúbal – Almada - Sessão deformação de animadores dapastoral juvenil sobreaprofundamento bíblico e animação. * Algarve - Ferreiras - Igreja de SãoPedro - II Jornadas Diocesanas daPastoral da Deficiência com o tema«Senhor, todos te procuram».

* Fátima - Casa de Nossa Senhoradas Dores - Conferência sobre"«Vamos para o céu». A santidade ea comunhão dos santos» pelo padreEmanuel Silva, Diocese dePortalegre-Castelo Branco. * Aveiro – Sé - Ordenação diaconalde João Santos * Évora - Fronteira (Igreja de NossaSenhora da Atalaia) - Ordenaçãodiaconal de Alberto Martins * Fátima - Hotel Santo Amaro - Xencontro nacional da pastoralpenitenciária com o tema «Dignificara pessoa presa: Da afirmação àAção». (08 e 09) * Viana do Castelo - Barroselas(Seminário dos padres passionistas)- Encontro de jovens e animadorespromovido pelo SecretariadoDiocesano da Pastoral Juvenil (08 e09)

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O V centenário do nascimento de Santa Teresa deÁvila vai ser assinalado pelos jovens ligados àscongregações carmelitas, com a realização da «FaithNight III», promovida pelo «Carmo Jovem» no dia 7 defevereiro, em Fátima, e com um colóquio, a decorrerna Universidade Católica em Lisboa, no dia 10 defevereiro. O Movimento Fé e Luz realiza um encontro nacional nodia 7 de fevereiro. “Pode a fragilidade ser luz domundo” é o tema do movimento de pessoas comdeficiência e suas famílias, que convida os diferentesnúcleos do movimento a apresentarem o trabalho quedesenvolvem e quer, com esta iniciativa, divulgar aproposta do “Fé e Luz” a novas famílias. A Diocese do Algarve promove as II JornadasDiocesanas da Pastoral da Deficiência com o tema«Senhor, todos te procuram». Vão decorrer emFerreiras, na igreja de São Pedro, no dia 8 defevereiro. O X Encontro Nacional da Pastoral Penitenciária vairealizar-se, em Fátima, Hotel Santo Amaro, nos dias 8e 9 de fevereiro. Tem como tema «Dignificar a pessoapresa: Da afirmação à Ação» e quer dar seguimentoao I Congresso Ibérico da Pastoral Penitenciária,realizado em Portugal, em Maio de 2014, procurandoformas de concretizar as conclusões aí afirmadas.

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Se temos o Batismo, para queprecisamos de um sacramento dareconciliação?

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h18Domingo, dia 08- O Tempo naSaúde RTP2, 15h30Segunda-feira, dia 09 - Novoscardeais na reforma da CúriaRomana. Entrevista a OctávioCarmo e Manuel Vilas-Boas.Terça-feira, dia 10 - Informação e entrevista aCristina Sá Carvalhocatequese;Quarta-feira, dia 11 - Informação e entrevista aopadre Fernando Sampaio sobre a Pastoral da Saúde;Quinta-feira, dia 12 - Informação e entrevista à irmãFrancisca Dias;Sexta-feira, dia 12 - Apresentação da liturgia dedomingo. Antena 1Domingo, dia 08 de fevereiro - 06h00 - 10 anos damorte da Irmã Lúcia: entrevista à vice-postuladora dacausa de canonização, Irmã Ângela Coelho. Segunda a sexta-feira, 09 a 13 de fevereiro - 22h45 -Sabedoria do coração: padre José Manuel Pereira deAlmeida (pastoral da saúde); enfermeira Rita Alves;Carlos Alberto da Rocha (associação médicoscatólicos); terapeuta Célia Coimbra e João AntónioPereira (federação do voluntariado em saúde)

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CLICK TO PRAY, rezar na quaresma,rezar 3 vezes ao diaCaminhamos rapidamente para oinício da Quaresma. Já conhecemosa mensagem do Santo Padre:“Fortalecei os vossos corações (Tg5, 8)”. Francisco escreve-nos que aQuaresma é um “tempo derenovação para a Igreja, para ascomunidades e para cada um dosfiéis, a Quaresma é sobretudo um«tempo favorável» de graça (cf. 2Cor 6, 2). […] “Por isso, o povo deDeus tem necessidade derenovação, para não cair naindiferença nem se fechar em simesmo”.A oração tem este poder, estagraça, de renovar, de fazer sentirmais povo de Deus, de nosaproximar dos irmãos. Hoje propomos uma aplicação quepode e deve ser usada três vezesao dia. CLICK TO PRAY. Estaaplicação foi lançada peloApostolado da Oração emnovembro de 2014 e conta já commais de 10.000 downloads.

O QUE É O CLICK TOPRAY?CLICK TO PRAY é uma aplicaçãoque propõe um ritmo de oração emtrês momentos ao longo do dia: demanhã, durante o dia e à noite. Sãotrês propostas muito simples ebreves, que criam uma atitude dedisponibilidade para fazer aquilo queDeus te irá pedir nesse dia. E verásque “cada dia é diferente”! COMO FUNCIONA OCLICK TO PRAY?É muito simples. As propostasdiárias estão disponíveis em váriasplataformas: no site, aplicaçõesmóveis, redes sociais (Facebook eTwitter) e mailing.Na aplicação móvel podespersonalizar a tua oração: definir ahora a que queres receber a oraçãoda manhã; durante o dia, definiruma hora para

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receber uma frase inspiradora, ouescolher o modo aleatório, para tedeixares surpreender pelopensamento do dia; à noite podestambém definir a hora em quequeres fazer uma revisão do dia,agradecendo algo bom que tenhaacontecido, pedindo perdão poralgo que não correu bem erecebendo um desafio concretopara o dia seguinte. Com um slogan breve e expressivo - cada dia é diferente - estaaplicação pretende ser umaresposta extraordinária para assituações quotidianas, nos maisvariados

lugares, para as pessoas atuais eutilizando uma linguagem/códigoatual. A aplicação CLICK TO PRAY “ajuda-te a viver cada dia de formadiferente, com Jesus e unido aoSanto Padre”. Boa Quaresma. Apple| | Android | Site

Bento Oliveira

@iMissiohttp://www.imissio.net

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Ano B – 5.º Domingo Do TempoComum Comprometidoscom oEvangelho

«Ai de mim se não anunciar o Evangelho! Anunciar oEvangelho não é para mim um título de glória, é umaobrigação que me foi imposta. Tudo faço por causado Evangelho». São algumas palavras de São Paulona segunda leitura deste quinto domingo comum,texto que é da Primeira Carta aos Coríntios.A expressão «ai de mim se não anunciar oEvangelho» traduz a atitude de quem descobriuJesus Cristo e a sua proposta e sente aresponsabilidade por passar essa propostalibertadora às outras pessoas. Implica o dom de si, oesquecimento dos seus interesses e esquemaspessoais, para fazer da sua vida um dom a Cristo, aoReino e aos outros irmãos. Sentirmo-noscomprometidos com o Evangelho e com otestemunho do Reino? Esta exigência encontra econo nosso coração?O serviço do Evangelho e dos irmãos nunca pode seruma instalação numa vida fácil, descomprometida,cómoda, pouco exigente. Aquele que dedica a suavida ao serviço do Reino não é um funcionário comum horário pouco exigente e um salário agradável,que cumpre as suas horas de serviço, que resolve osproblemas burocráticos que a profissão exige e quese retira comodamente para o seu mundo isolado, empaz com a sua consciência. É alguém que estásempre disponível para servir a comunidade, paraacompanhar, escutar e acolher os irmãos. OEvangelho do amor deve estar sempre acima dospróprios interesses e tornar-se dom, serviço, entregatotal.Claro que o Evangelho é a própria pessoa de JesusCristo. Ele é o Evangelho vivo. Aí está o evangelistaSão Marcos a nos dizer que isso se concretiza na suapregação e ação: palavras e gestos concretos vão apar e passo, sempre

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a partir do coração acolhedor doEvangelho que nos transforma pordentro. Só assim somos credíveisno nosso testemunho e anúncio.Como os seguidores de então,devemos ser hoje discípulosmissionários que têm o Evangelhocomo alimento essencial.«Ai de mim se não evangelizar!»Não podemos fazer o impossível,mas devemos testemunhar a nossafé na Boa Nova: na nossa maneirade reagir face às preocupações davida, à grave crise económica queestamos a passar, aos problemasde saúde e às incertezas nasnossas relações, na

nossa maneira de misturar ou nãoDeus nos problemas das pessoas,nas palavras de alívio que podemosdizer a todo aquele que procura,que duvida, que sofre, ou ainda naspalavras de esperança quepodemos ousar dizer, com respeito,face a uma situação difícil. Anunciarcom entusiasmo o Evangelho édeixar simplesmente transparecer asua força que nos habita etransforma.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Diocese de Santarémprepara Sínodo sobre a FamíliaO bispo de Santarém pretende quea diocese “participe ativamente” nareflexão e estudo do documentopreparatório do Sínodo dos Bispos2015, e atribuiu a cada uma dassetes vigararias “um certo númerode questões”. “Procure-se o melhormodo de envolver as comunidades

paroquiais, os Conselhos Vicariais,incluindo as comunidades religiosas,equipas dos Cursos de Preparaçãopara o Matrimónio (CPM), Encontrosde Preparação para o Matrimónio(EPM), pastoral familiar, movimentose serviços eclesiais presentes emcada vigararia”, apela a informação

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divulgada no sítio na internet.Todas as vigararias (grupos deparoquias) podem tambémresponder às questões que“entenderem serem maispertinentes para o grupo”. A 14ªassembleia geral ordinária doSínodo dos Bispos vai ser dedicadaao tema ‘A vocação e a missão dafamília na Igreja e no mundocontemporâneo’ e neste contexto épedido “especial empenho” àsequipas da pastoral familiar,nomeadamente, às questões 28 a31.

A diocese destaca também a“importância” e “pertinência” dasperguntas número 38 e 41,respetivamente sobre o acesso dosdivorciados recasados à comunhãosacramental e, entre outras coisas,sobre os métodos de controlo danatalidade e da procriaçãomedicamente assistida.A Diocese de Santarém pede aindaque todas as respostas sejamenviadas para endereço de correioeletrónico [email protected] até 28de fevereiro.

BejaO bispo de Beja revelou que a diocese está a promover a participaçãodas comunidades no questionário que acompanha o documentopreparatório do próximo Sínodo dos Bispo sobre a família, reformulandoalgumas perguntas e definindo as “mais prioritárias”. “Com o D. JoãoMarcos (bispo coadjutor) estamos a tentar reformular algumas perguntase ver aquelas que são mais prioritárias, não tendo medo dos problemasdifíceis e lançar isso através das paróquias, dos movimentos”, explicouD. António Vitalino, à Agência ECCLESIA.O bispo de Beja considera que “nem todas” as 46 perguntas dodocumento preparatório (lineamenta) para o Sínodo 2015 têm a “mesmaaplicação” no Alentejo com um público “muito diferente”.Nesse sentido, revela que hoje muitas pessoas “não têm uma famíliaregular”, algo que o prelado constata “sobretudo nos sacramentos”, oque motiva a encontrar caminhos “não de nova doutrina” masprocedimentos pastorais para que as “famílias feridas se sintamacolhidas” e que “não estão excluídas” da vida da Igreja.

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Os desafios do Papa aos consagradosO Papa disse no Vaticano que osmembros das instituições de vidaconsagrada na Igreja Católica têmde se distinguir pela obediência e aalegria, rejeitando uma vivência dafé “light”. “Que estejamos livres deviver a nossa consagração demaneira ‘light’ (sic) e desencarnada,como se fosse uma gnose, quereduziria a vida religiosa a umacaricatura, na qual se faz umseguimento sem renúncia, umaoração sem encontro, uma vidafraterna sem comunhão, umaobediência sem confiança, umacaridade sem transcendência”,referiu, durante a homilia da Missa aque presidiu na Basílica de SãoPedro, por ocasião do Dia da VidaConsagrada.Francisco desafiou cadaconsagrado seguir o “caminho daobediência” de Jesus e a viver naalegria. “Sim, a alegria do religioso éconsequência do caminho deabaixamento com Jesus”, assinalou.Para um religioso, acrescentou oPapa, “avançar é ser mais pequeno,no serviço”.A Missa teve a participação decentenas de membros de institutosde vida consagrada masculinos efemininos, institutos seculares e

sociedades de vida apostólica, paraalém de responsáveis dosorganismos do Vaticano para estesetor.Francisco recordou que osfundadores das ordens econgregações apresentavam uma“regra”, a partir do Evangelho. “OEspírito Santo, na sua criatividadeinfinita, exprime-o em várias regrasde vida consagrada, mas todasnascem do seguimento de Cristo”,explicou.O Papa apresentou uma reflexãosobre a sabedoria, que mais do quealgo “abstrato”, é fruto de “um longocaminho na via da obediência” à leide Deus. “Às vezes, Deus pode daro dom da sabedoria a um jovem,basta que esteja disponível apercorrer o caminho da obediênciae da docilidade ao Espírito”,sustentou.Essa atitude, precisou, não é“teórica”, mas exige “docilidade eobediência” ao fundador, a umaregra concreta, a um superior, àIgreja. “A revigoração e a renovaçãoda vida consagrada acontecematravés de um grande amor à regrae também através da capacidade decontemplar e escutar os idosos dacongregação”, observou o Papa.

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A celebração começou com a bênçãodas velas, uma tradição anual destaMissa de 2 de fevereiro, festalitúrgica da apresentação de Jesusno Templo, 40 dias depois do Natal.O prefeito da Congregação para osInstitutos de Vida Consagrada e asSociedades

de Vida Apostólica, cardeal JoãoBraz de Aviz, dirigiu-se ao PapaFrancisco no final da Missa paramanifestar a intenção dos presentesde responderem aos seus desafios,como "consagrados e consagradasfelizes e alegres”.

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Desafios à Vida Consagrada(Continuação da edição anterior) Viver um cristianismolúcido e críticoPrestamos um mau serviço à Igrejacom a nossa má formação,ignorância e ingenuidade. Ostempos de hoje exigem pessoasesclarecidas, adultas na fé, quesaibam conciliar razão e fé. A melhorforma de evitar fundamentalismos émanter uma constante vigilânciacrítica sobre a própria forma comose está a viver a religião. Se sedeseja dialogar e construir pontescom o nosso próximo, sejam elescrentes, agnósticos, ateus oumembros de outras religiões, épreciso que a fé e a razão seapoiem, já que a razão, como nosassegura a tradição cristã, é umótimo instrumento para depurar aprópria fé.Senhor, tu que és o Bom Jesusdeste Monte, não sei falar-Te nestahora porque ela pertence-Te, é aTua hora! Mas permite que estejaaqui ao teu lado como ladrãoarrependido, que traz na alma odesejo de estar contigo!

A esperança comohorizonteO crente é testemunha deesperança. Ele deposita a suaconfiança no Pai, mesmo na noitemais escura do abandono e dosarcasmo público. E confia porquedeu tudo o que tinha e deu-Setotalmente. Quem deu tudo já nãopode perder nada! Confia, somente,e entrega-se n’Ele: “Pai, nas Tuasmãos entrego o meu espírito”. Deseguida, surge a exclamação de umchefe dos soldados romanos, umcenturião, que ao ver como aquelehomem afrontou aquela morte disse:“Realmente este homem era Filhode Deus”. Este pagão torna-sediscípulo, crente em Jesus ao ver aforma como se entregou! Quemfaria uma tal confissão de fé nomomento em que tudo pareceacabar? Ora, o cristão não temmedo, não cai no desânimo, nemsente a sensação do fracasso,porque ele sabe em quem confiou!Fica, Senhor, comigo na minha noitee ilumina os meus passos vacilantescom o Sol da Tua Páscoa!

Padre Eduardo Jorge Gomesda Costa Duque

Diretor da Pastoral Universitária daArquidiocese de Braga

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Ser consagrado. Entrevista ao padre António Pedro e irmã Paula Jordão

Lisboa: Dia do Consagrado

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Nigéria: Os atentados que o mundo finge desconhecer

Insuportável silêncioNem todas as mortes noscomovem por igual. O mundoindignou-se com os atentadosterroristas em Paris e esqueceu-se dos milhares de mortos naNigéria, vítimas do mesmofanatismo religioso, do mesmoterrorismo, da mesma barbárie. Dia 3 de Janeiro. Mohamed Bukarnunca mais vai esquecer este dia.Estava em Maiduguri, uma cidadenigeriana junto da fronteira com osCamarões. Era cedo, o céu estavaainda escurecido quando secomeçaram a ouvir as primeirasexplosões, as rajadas demetralhadoras. Todoscompreendessem que a cidadeestava a ser atacada pelos islamitasdo Boko Haram. Mohamed nempensou duas vezes. Meteu toda afamília no carro e fugiu. O que viuficou-lhe gravado na memória. “Vicorpos nas ruas. Crianças,mulheres, alguns a gritar porsocorro.”Abubakar Gulama não tinha carro.Fugiu a pé. Correu cerca de 40quilómetros até Monguno. “Toda acidade estava em chamas”, explicoudias depois. “Havia corpos no chão,

em todo o lado.” Hoje, o que viupersegue-o. Como conseguiresquecer tamanha tragédia? Situação críticaO Bispo de Maiduguri, D. DasheDoeme, é um homem inconformado.Quatro dias depois deste massacre,onde terão morrido mais de duas milpessoas, o mundo ficou em choquepelo atentado terrorista contrao Charlie Hedbo. O mundo choroudoze pessoas abatidas a sangue-frio por um comando terroristaligado à Al Qaeda. Porém, o mesmomundo ficou em silêncio perantemais de 2 mil pessoas assassinadasnuma operação terrorista numacidade nigeriana. Diz o bispo:“metade das pessoas já fugiu desuas casas. A situação é crítica. Omundo ocidental tem de fazeralguma coisa.” O mundo ocidentalficou em silêncio. Só no anopassado terão morrido mais de 10mil pessoas vítimas do Boko Haram.Na Nigéria, este grupo terrorista temproclamado a “libertação” dasregiões que controla, ameaçandocom incursões militares em paísesda região.

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Agora, ninguém se sente seguro.14 de Abril de 2014. Mais de 200raparigas são raptadas numa escolaem Chibok, no nordeste da Nigéria.Dias depois, o líder do Boko Haramafirma tê-las raptado e que ia“vendê-las no mercado”. O destinodestas jovens estava traçado:raptadas, escravizadas, iam servendidas como mera mercadoria. Omundo depressa esqueceu osrostos destas raparigas e deixou dese comover com a sua sorte.Muitos dos que morreram agora, nomassacre de Maiduguri, muitos dosque foram forçados a fugir, são

Cristãos. A Nigéria é um país muitolongínquo. D. Dashe Doeme, pede-nos as nossas orações e quefaçamos alguma coisa pelo seupovo, pela sua diocese. “Caramba.Vivemos uma enorme ameaça. Ofuturo da igreja está em risco. Emcertas zonas já não há cristãos.”Será que o mundo não se comovecom a tragédia do povo Nigeriano?Até onde iria a indignação do mundose no ataque contra o jornal CharlieHedbo tivessem morrido duas milpessoas?

Paulo Aido www.fundacao-ais.pt

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Em família, ao serviço dodesenvolvimento

Tony Neves Espiritano

‘O Desenvolvimento é o nome novo da Paz’ –proclamou bem alto o Papa Paulo VI na suagrande encíclica sobre o progresso dos povos. Ahistória tem-lhe dado razão e a Doutrina Socialda Igreja fez do desenvolvimento um dos seustemas maiores.O mundo anda a muitas velocidades e, enquantouns têm tudo e usam tecnologias de ponta,outros não têm nada ou quase. Esta injustiçaestrutural é gritante e há que combatê-la portodos os meios. Os missionários, desde háséculos, aliam o anúncio do Evangelho e aanimação pastoral das comunidades cristãs aosprojetos de desenvolvimento. Assim, ao lado daIgreja, sempre encontramos Escolas, Postos deSaúde, Oficinas de muitas artes e ofícios, desdea mecânica automóvel, a carpintarias, tipografias,serralharias… Também é imagem de marca dasMissões antigas a aposta na agricultura e criaçãode gado. Assim se garantia o sustento da Missãocom todas as suas estruturas mas, ao mesmotempo, se ensinavam as pessoas a cultivar aterra e criar gado, tornando a vida das famíliasmais digna e com melhores condições. Não setrata apenas de uma lógica de sobrevivência,mas o rasgar de caminhos de mais progresso.Nos últimos tempos, com a partida de tantosleigos para as linhas da frente da Missão,assistimos a um fenómeno extraordinário: háfamília inteiras a partir, ficando um largo temponuma terra longe da sua, investindo e formandoas populações locais em áreas como aconstrução civil, a informática,

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a saúde, a educação, os direitoshumanos, isto para apenas referiralguns casos que conheço.Podemos assim dizer que nãoestamos a falar de pessoasindividuais que saem da sua terra evão partilhar o que são e têm compopulações mais empobrecidas,mas são famílias inteiras que, comofamília, se colocam de alma ecoração ao serviço dodesenvolvimento.É verdade que hoje os tempos sãomarcados pela globalização e émais

fácil viajar, defender-se de doençase mesmo de comunicar. É umavantagem em relação aos velhosmissionários de há 50 anos atrás.Mas a ousadia de partir em famílianão está isenta de riscos e,sobretudo, combate uma dasmaiores doenças dos nossostempos: o egoísmo que me leva afechar em mim mesmo e a nãopensar mais nos outros queprecisam de mim.Ousar partir em família é dar umcontributo precioso para que omundo fique mais desenvolvido,mais rico.

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ouem www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

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