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Sociologia Causas sociais para a falta de produtividade em Portugal e o mito da elevada produtividade dos emigrantes portugueses- Um Estudo de caso Escola Secundária Quinta do Marquês Sociologia Trabalho Prático Causas sociais para a falta de produtividade em Portugal e o mito da elevada produtividade dos emigrantes portugueses Docente: Professor Orlando Lopes Elaborado por: Afonso Limão nº2 Bernardo Santos nº6 Filipe Elvas nº10 Pedro Tomé nº19 Ano letivo de 2012/2013 (20 de Maio de 2013)

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Sociologia Causas sociais para a falta de produtividade em Portugal e o mito da elevada produtividade

dos emigrantes portugueses- Um Estudo de caso

Escola Secundária Quinta do Marquês

Sociologia

Trabalho Prático

Causas sociais para a falta de produtividade em Portugal e o mito da

elevada produtividade dos emigrantes portugueses

Docente: Professor Orlando Lopes

Elaborado por: Afonso Limão nº2

Bernardo Santos nº6

Filipe Elvas nº10

Pedro Tomé nº19

Ano letivo de 2012/2013

(20 de Maio de 2013)

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dos emigrantes portugueses- Um Estudo de caso

ÍNDICE

INTRODUÇÃO……………………………………………………….………ii

Inquéritos………………………………………………………………………………........3

CAUSAS SOCIAIS PARA A FALTA DE PRODUTIVIDADE

EM PORTUGAL……………………………………………………………………..4

Sindicatos e liberalização do mercado de trabalho………………………………………...4

Ambiente intraempresa e valores…………………………………………………………..4

Aproveitamento dos recursos……………………………………………………………....5

Flexibilidade no trabalho…………………………………………………………………...5

MITO DA ELEVADA PRODUTIVIDADE DOS EMIGRANTES……...…6

Condições de trabalho………………………………………………………………………6

Condições do país de destino………………………………………………………….……7

Caraterísticas dos emigrantes……………………………………………………………....8

BIBLIOGRAFIA……………………….………………………….ix

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INTRODUÇÃO Em temos de crise nacional nada melhor do que encontrar as causas que nos levam ao grande

cancro do país, a falta de produtividade, que cegamente nos encaminhou para esta situação

difícil e trabalhosa.

O nosso trabalho tem como finalidade compreender o problema da fraca produtividade do

país, que tem sido muito mencionada e problematizada, mas que no entanto ainda não foi

abordada em todas as perspetivas, nomeadamente pela sociologia.

Como sabemos, uma “divisão” da realidade social é importante para que possamos

aprofundar e especializar o seu estudo segundo cada perspetiva científica, mas um estudo que

relacione todas essas perspetivas, sem excluir ou desvalorizar nenhuma destas ciências, é

imprescindível para compreender melhor a realidade.

Infelizmente, no nosso país apenas temos dedicado atenção a alguns aspetos, a algumas

perspetivas, das quais se destaca a perspetiva económica. Temos a pretensão de, com este

trabalho, quebrar as barreiras a que nos referimos e abrir o nosso horizonte de forma a que

caminhemos para uma análise da carente produtividade nacional, ou melhor dizendo,

produtividade interna, que se disfarça de problema meramente económico, e alargá-la ao

campo da sociologia. Assim, seremos capazes fazer surgir novas soluções que vão de

encontro a este problema que afeta todo o país, e que tem as suas grandes repercussões a

nível social, visíveis pelos níveis tremendos de desemprego, exclusão social, criminalidade,

emigração e outros tantos que são, por vezes, até consequência dos que aqui referimos.

Por palavras breves e simples, pretendemos resolver o problema da ausência de uma

complementaridade entre as diversas ciências sociais no contexto do tema da falta de

produtividade do país, que por sua vez tem elevados danos a nível nacional.

Também como resultado da incapacidade que os economistas, com a sua análise específica e

limitada, têm demonstrado para resolver a crise com as suas respetivas fórmulas matemáticas,

e ao mesmo tempo para contradizer a ideia de que um problema (originalmente) económico

apenas se pode resolver economicamente, nós adotamos o seguinte lema: Soluções sociais

para problemas económicos, que pode até servir como segundo título do o trabalho.

Por fim e não menos importante, iremos desmistificar o mito que diz respeito à elevada

produtividade dos portugueses que abandonam o país, tanto em relação aos que por cá ficam

como aos trabalhadores oriundos do país de destino dos nossos emigrantes. Este subtema do

trabalho servir-nos-á de verificação da nossa teoria e de base de comparação para o exemplo

nacional. Devemos, por fim, salientar que esta é a razão pela qual nesta mesma introdução

falamos de uma escassa produtividade interna e não nacional, como é possível constatar em

“carente produtividade nacional, ou melhor dizendo, produtividade interna”.

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Inquéritos

A primeira preocupação foi a de comprovar se as nossas ideias estavam de acordo com a

realidade e também ouvir algumas opiniões externas e experientes no assunto. Para tal

realizámos um inquérito sob a forma de questionário, uma amostra que permitisse uma

posterior generalização, na qual separamos a questão da produtividade nacional com o mito

relativo à emigração. O método de investigação foi o extensivo e a população da sondagem

foi a população ativa e a população emigrante respetivamente. Na escolha dos locais para

fazer a realização dos inquéritos procurámos ser o mais diversificados possível. Passámos

pelo Centro Comercial das Palmeiras, Vila de Oeiras e estação de Oeiras A média de idades

dos indivíduos situa-se nos 54 anos, tiveram pouco mais que dois trabalhos durante toda a sua

vida, a grande maioria pertence ao setor terciário, sendo que os que sobram preenchem o

setor secundário. De todos os inquiridos, apenas um pertencia ao setor primário. Este tipo de

dados, serviu-nos não para compreender as caraterísticas da mão de obra mas sim para

comprovar se a amostra estava em concordância com a população, uma vez que esta já nos

era familiar.

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CAUSAS SOCIAIS PARA A FALTA DE PRODUTIVIDADE EM PORTUGAL

Sindicatos e liberalização do mercado de trabalho

O primeiro gráfico diz respeito à produtividade nacional. Uma primeira análise dos dados

diz-nos que toda a população inquirida se considera produtiva, o que é sempre menos fiável

dada a análise introspetiva que cada individuo tem necessariamente que fazer deixando-se

sempre alterar por um elevado grau de subjetividade. A grande maioria não pertence a

nenhum sindicato, e mais de 50% acha que estes não cumprem devidamente a sua função e

que apenas se servem do poder que têm para seu próprio benefício, o que atribui logo um

grau de corrupção e carente credibilidade ao nosso mercado de trabalho. Um dado bastante

interessante diz-nos que a maioria dos portugueses não irá ser substituído se reduzir a sua

produtividade. Infelizmente, também devido à ação dos sindicatos e da não liberalização do

mercado de trabalho, a mão de obra sente-se menos competitiva, o problema está também no

facto de que estes trabalhadores não sentem a possibilidade de serem substituídos por outros

trabalhadores nacionais, mas no entanto, caso isso lhes sirva de pretexto para diminuírem a

sua produtividade, irão ver não uma substituição do seu lugar, mas sim uma deslocalização

do mesmo para países que estão até do outro lado do mundo.

No entanto, no que diz respeito à liberalização do mercado de trabalho, deu-se uma enorme e

inesperada mudança social, principalmente no que diz respeito à mudança de mentalidades da

cultura portuguesa, o povo português, em mais de 75%, percebeu o quão necessária é a

reestruturação do mercado laboral, o quão importante para uma melhor competitividade é a

liberalização do mercado de trabalho, que irá fazer emergir os melhores trabalhadores, irá

pressionar (no bom sentido) a produtividade, irá criar uma maior dinâmica de trabalho, pois

sendo estes mais facilmente despedidos e ao mesmo passo contratados, irão desempenhar

mais funções e passar por mais experiências de trabalho, o que colocará o número médio de

trabalhos que um individuo tem por vida bastante para além dos 2 (dado retirado do

inquérito) e isso será sem dúvida um acrescento valorativo aos nossos trabalhadores, pois

estarão mais preparados para uma adaptação a um emprego e às mudanças tecnológicas.

Ambiente intraempresa e valores

Ao que parece, a maioria da classe trabalhadora demonstra ter uma boa relação com a sua

empresa, o que nem sempre significa que essa é necessariamente saudável, pois pode ser uma

relação que por falta de rigidez oferece um conforto aos trabalhadores que faz com que

desprezem os objetivos da empresa e por outro lado uma relação boa pode não significar que

existe uma relação de proximidade entre a direção e os trabalhadores. Este segunda hipótese

pode levar os trabalhadores a fazerem uma separação entre eles e a empresa, ou seja, a

encararem a empresa apenas como o local onde trabalham e não como uma construção que

depende das suas funções, o que nos remete para a seguinte questão do inquérito onde, agora,

já menos trabalhadores afirmam que a sua motivação para trabalhar é ser uma mais valia para

a empresa. Ora, se isto acontece, e anteriormente afirmaram que têm uma boa relação com a

empresa, temos que concluir que o seu trabalho não é devidamente valorizado, por eles ou

pelos seus superiores, ou porque apenas o fazem como meio de sustento.

Embora os casos de corrupção não atinjam os 30%, este facto continua a ser um enorme

obstáculo, que a cultura portuguesa suporta há já longa data, e que tem minado todas as áreas

do país. Neste caso, falamos principalmente de tráfico de influências (cunhas,

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favorecimentos ou patrocinatos políticos). Uma parte significativa da população tem uma

atitude permissiva em relação à corrupção, principalmente quando este se diz em prol de um

bem comum, um tipo de corrupção ao estilo “Robin Hood”, em que tentamos resolver os

problemas contornando e distorcendo a via legal ao invés de fazer para que seja alterada. Um

exemplo prático disto, é a manutenção do Presidente Isaltino Morais na Câmara de Oeiras

até há poucos meses atrás, pois os eleitores, mesmo que cientes de que o presidente estava

envolvido em fugas de capitais que deviam pertencer ao município, continuavam a elegê-lo.

Neste problema de ética vemos que os portugueses ainda pouco cultivam a responsabilidade

individual e coletiva. Os valores da nossa sociedade ainda não foram acertados.

Aproveitamento dos recursos

É interessante ver que os próprios trabalhadores, em média, não sentem que trabalham horas

a mais, mas por outro lado, dizem que se perde muito tempo com intervalos. Como é obvio,

nesta matéria referimo-nos principalmente a empregos de escritório, pois são os que estão

mais propícios e expostos a este tipo de problemas. No entanto, se consideram que trabalham

as devidas horas e que mesmo assim perdem tempo em demasia com pausas para cafés,

viagens pelas redes sociais e outro tipo de ações, significa que se não as tivessem (as pausas)

teriam mais horas de trabalho real, o que já os poderia levar para uma outra opinião sobre o

número de horas que laboram. Já em relação aos recursos materiais, há o sentimento de que

são incorretamente aproveitados por uma massa trabalhadora, que ainda que não represente a

maioria, é bastante relevante, o que por vezes resulta também de interesses ou de

incapacidade de gestão.

Flexibilidade no trabalho

O trabalho flexível é uma das opções que deveria ser mais disponibilizada aos trabalhadores.

Tal como o nome sugere, o trabalho flexível permite que os trabalhadores escolham as suas

próprias horas de trabalho, dentro de limites estabelecidos, para que os indivíduos possam

organizar e conciliar a sua vida pessoal com a vida laboral. Estes podem começar a trabalhar

mais cedo, para estarem mais tempo com os filhos à tarde, ou para tirarem maiores intervalos.

Também é muito propícia àqueles que quiserem trabalhar mais horas por dia, e desta forma

terem mais dias disponíveis, ou para os casais que desejarem ajustar os seus horários de

trabalho ao do seu companheiro.

Com a globalização, os padrões de trabalho a que as culturas estavam acostumadas foram

forçosamente alteradas. No entanto, os países do Sul têm oferecido alguma resistência a este

processo. O norte da europa viu a janela de oportunidade e adiantou-se, para colher mais cedo

os proveitos.

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MITO DA ELEVADA PRODUTIVIDADE DOS EMIGRANTES

Condições de trabalho

Iniciando o questionário com a pergunta chave, os inquiridos não mostraram grande

discrepância nos resultados, mais de 90% confirma que é mais produtivo fora do país.

As perguntas que se seguem são orientadoras e justificativas desta resposta anterior.

Como causas para esta décalage entre os trabalhadores portugueses e emigrantes

encontrámos a falta de condições de trabalho. Isto é visível principalmente nos trabalhos mais

técnicos, como a canalização, eletricidade, construção civil, mecânica, entre outros, que em

Portugal são exercidos com poucas condições de segurança, higiene e qualidade das

ferramentas de trabalho, sendo por isso economicamente e socialmente menos valorizados.

Também a organização no trabalho, que deriva das escassas condições de trabalho, é causa

que foi eleita por unanimidade como fator de obstáculo à produtividade dos que trabalham

dentro deste território e que está intrínseco à cultura portuguesa, o hábito de não se fazerem

planos, de pouco nos preocuparmos em cumprir os prazos, apenas nos preocuparmos com os

compromissos. Os portugueses deixam tudo para a última da hora, talvez porque temos esta

capacidade de improviso e porque quando estamos sob pressão conseguimos ser altamente

produtivos, enfim, as nossas virtudes tornam-se nos nossos males. O salário é também mais

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alto em quase todos os casos. No entanto, isto não quer necessariamente dizer que o aumento

salarial é motivo para o aumento da produtividade. Se tivermos em consideração que o que

levou estes emigrantes a abandonarem o país foi em grande parte, a oferta de salário, então

não podemos estabelecer como relação de causa direta o salário e a produtividade, neste caso

particular.

Existem também alguns estudos sobre a forma como o número de horas de trabalho

influencia a produtividade. Como é espectável, quanto mais uma pessoa trabalha mais a sua

produção, por hora de trabalho, diminui. Por esta razão, no norte da europa as empresas

contratam um maior número de trabalhadores mas estes trabalham menos tempo, tirando

partido da sua elevada produtividade e mantendo os gastos, o que simultaneamente acaba por

ser uma vantagem para a população, dado que consegue rentabilizar o seu tempo de trabalho,

dispor de mais tempo livre e principalmente porque emprega pessoas que se encontravam em

situação de desemprego.

Condições do país de destino

Devo primeiro fazer referência à estabilidade política que se vê nestes países, onde a

corrupção, proveito, valores, responsabilidade, grau de conformismo, proporcionam uma

regularidade e tranquilidade social que provoca um equilíbrio mental dos indivíduos que

origina a chamada reprodução social, no sentido em que esta cultura de valores é transmitida

não só aos cidadãos naturais desses países como aos imigrantes (através do processo de

aculturação). A verdade é que mesmo tendo estes portugueses apreendido as normas e

princípios próprios da cultura portuguesa, irão estar recetivos a aprender uma nova cultura

com padrões de comportamento totalmente opostos, o que é também um ganho que nos deu a

globalização ao pôr-nos em contato com uma diversidade cultural imensa e adaptar-nos à

mudança cultural.

À conversa com alguns emigrantes percebemos que a sua vida, enquanto emigrante, contém

muito menos lazeres, menos ocupações, resultado do afastamento à família, amigos e

interesses criados até terem abandonado o país. Mesmo em termos de desporto, a oferta e

condições para a sua prática é muito redutiva. A este facto junta-se o clima de Portugal, que à

semelhança dos outros países do Sul da europa, desencaminham os trabalhadores e retiram-

lhe alguma motivação para trabalhar, não só pela temperatura, como pela radiação solar,

prática balnear e duração do dia natural.

O trabalho por objetivos e a remuneração em função do trabalho são, logicamente, os dois

maiores motivadores para se trabalhar. Lamentavelmente, em Portugal, não dispomos de

nenhum deles. São poucos os casos em que as empresas têm a preocupação de implementar

um sistema de trabalho por objetivos, e mesmo quando este é imposto, os objetivos são

desajustados à realidade, o que os desvalorizam. Em países europeus de maior latitude

geográfica, o trabalho por objetivos é uma das bases da realidade laboral e tem, até à data,

mostrado resultados. É mais do que racional que se os trabalhadores recebem em função do

trabalho que produzem, conseguirão ser mais objetivos e produtivos e, ao mesmo passo, torna

mais justo o mercado de trabalho e a relação empregado-empresa.

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Caraterísticas dos emigrantes

Esta última análise que fazemos, teve como comparação não os países, mas sim a população

que trabalha em Portugal e a população emigrante.

À meio século atrás assistíamos à saída de jovens que fugiam do país para que não fossem

enviados para a guerra colonial ou de pessoas que para fugir ao regime ou às dificuldades

sociais que o país vivia emigravam à procura de um país mais desenvolvido, mais aberto,

onde o emprego fosse mais abundante.

O panorama, hoje, é totalmente diferente. Quem deixa o país, vai à procura de mais

oportunidades, não porque não as tem cá, mas porque as ofertas são melhores no estrangeiro,

enquanto que no antigamente quem emigrava eram os menos qualificados que não

conseguiam tirar o emprego às elites, agora são as elites a sair. Existe uma fuga de cérebros

enorme e preocupante, que obriga a que cá fiquem “as sobras” e os nacionalistas, até o

próprio governo reconhece esta situação e não se mostra indignação perante a injustiça.

Percebendo esta situação entendemos que o porquê de os emigrantes serem mais produtivos

resulta do facto de serem estes a receberem propostas do estrangeiro e terem as melhores

oportunidades, por serem os melhores. Ora, se saem os mais produtivos, quem fica irá

penalizar os níveis de produtividade do país.

Um último facto, relacionado com o antes posto, está no interior dos emigrantes (da

atualidade). Sendo que hoje quem emigra não é por necessidade básica, mas sim por

“aventura”, por descoberta, por ir ao encontro das oportunidades e lutar pelo sucesso, temos

que estes são indivíduos com caraterísticas de resiliência e força interior, que têm

capacidades para produzir mais e melhor, o que nos deixa com a questão (pouco explorada)

de saber se as diferenças são apenas entre os países do sul e os países do norte, ou se também

estão na população que emigra. Será então que estamos a ser conotados como maus

trabalhadores porque os nossos melhores emigram e não necessariamente por causa da nossa

cultura laboral? Será que se fossem os melhores trabalhadores do norte europeu a imigrar

para os países do sul, nós não tiraríamos as mesmas elações que estes tiram agora de nós?

Deixamos o leitor com esta última pergunta retórica, para que possa repensar e localizar

onde está o problema e para que possa pensar na forma como pode este ser resolvido.

Deixamos apenas uma sugestão de resposta. Talvez a solução passe não apenas por

aproximar o mercado de trabalho português ao norte europeu, mas também por segurar os

nossos melhores trabalhadores, para que se possa ter o retorno do investimento que foi feito

durante toda a sua educação.

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BIBLIOGRAFIA

Dados emigração http://www.pordata.pt/

http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_main

GIDDENS (2001), SOCIOLOGIA, FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN

PAIS et al (2009), SOCIOLOGIA, TEXTO EDITORES