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A EDUCAçAO pRt-ESCOLAR EM SAO LUtS· CDU 372.3(812.11) Maria do Socorro Moura da Silva** Conceição de Maria M. Dutra *** Deny Reis Leite*** Giselle Maria Naufel de Sousa*** lmara Helena Alves de Carvalho*** Leonor Sabóia Penha*** Maria do Socorro Ferreira Arraes*** Regina Maria Silva Galeno*** RESUMO Propõe-se conhecer a ação pedagógica e o comprometimento político de diretores e professores da pré-Escola das redes estaduais, municipais e comu nitárias de são Luís. Realizado por amostragem, utilizou-se entrevistas sem contextura e depoimentos. Evidenciou-se precárias condições pedagógicas das escolas, corpo docente com formação de magistério de 29 Grau, predominância do método da palavração para alfabetizar, apesar de diversidade de objetivos e de livros textos adotados. A maioria dos entrevistados desconhece o seu pa pel político na alfabetização sendo, também, inconsistente a relação escola X comunidade. 1 MARCO TEORICO Sabe-se que a socied~ de não é um todo harogéneo. Ela é constituída por classes que se degladiam. A burguesia luta para conservar a hegemonia ea as classes populares lutam por melhores condições de existên cia e por mudanças estruturais na sociedade. Os movimentos so ciais sao uma constante nas sociedades capitalistas perif~ ricas como a do Brasil. A escola como insti tuição social pode desempenhar papel contraditório. Ela pode se colocar tanto a serviço da classe dominante, como pode * Pesquisa Discente da Disciplina '~étodos e Técnicas de Pesquisa Pedagógica", do Curso dagogia da UFMA, r.ealizada sob a orientação da Professora Maria do Socorro Moura da 1988. ** Professora Titular do Departamento de Educação I da UFMA. *** Alunos do Curso de Pedagogia, integrantes da equipe de pesquisa. de Pe Silva-; Cad. pesq., são Luís, v.6, n.2, p. 5-16, ju1./dez. 1990. 5

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A EDUCAçAO pRt-ESCOLAR EM SAO LUtS·CDU 372.3(812.11)

Maria do Socorro Moura da Silva**Conceição de Maria M. Dutra ***Deny Reis Leite***Giselle Maria Naufel de Sousa***lmara Helena Alves de Carvalho***Leonor Sabóia Penha***Maria do Socorro Ferreira Arraes***Regina Maria Silva Galeno***

RESUMO

Propõe-se conhecer a ação pedagógica e o comprometimento político dediretores e professores da pré-Escola das redes estaduais, municipais e comunitárias de são Luís. Realizado por amostragem, utilizou-se entrevistas semcontextura e depoimentos. Evidenciou-se precárias condições pedagógicas dasescolas, corpo docente com formação de magistério de 29 Grau, predominânciado método da palavração para alfabetizar, apesar de diversidade de objetivose de livros textos adotados. A maioria dos entrevistados desconhece o seu papel político na alfabetização sendo, também, inconsistente a relação escola Xcomunidade.

1 MARCO TEORICO

Sabe-se que a socied~de não é um todo harogéneo. Ela éconstituída por classes que sedegladiam. A burguesia lutapara conservar a hegemonia e aas classes populares lutam pormelhores condições de existência e por mudanças estruturaisna sociedade. Os movimentos so

ciais sao uma constante nassociedades capitalistas perif~ricas como a do Brasil.

A escola como instituição social pode desempenharpapel contraditório. Ela podese colocar tanto a serviço daclasse dominante, como pode

* Pesquisa Discente da Disciplina '~étodos e Técnicas de Pesquisa Pedagógica", do Cursodagogia da UFMA, r.ealizada sob a orientação da Professora Maria do Socorro Moura da1988.

** Professora Titular do Departamento de Educação I da UFMA.*** Alunos do Curso de Pedagogia, integrantes da equipe de pesquisa.

de PeSilva-;

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ser instrumento de ascençao social. Mas, por ser uma instituição social que, na maioriadas vezes, é custeada e controlada pelo governo, ela vem co~tribuindo muito mais para a r~produção da sociedade classista do que para a sua transfonnação.

E, nesse contexto, aeducação é política por teruma significação social de PQlítica de classe. Transmite acriança, cultura, modelos, normas, ideais sociais que vaoformando a sua personalidade,propagando idéias sócio-politicas e ideologias, mas todaselas referentes à classe burguesa. Dessa forma, vem tenta~do, a educação, a mistificaçãopedagógica por enfatizar o prQcesso cultural e individual daeducação e escamotear sua funçao social, principalmente noque diz respeito a divisão social do trabalho e a luta declasses apregoando uma educação neutra, como se ela naofosse um fenômeno social e p~lítico.

E,o professor formadocom essa mentalidade, tanto naUniversidade como pelos cursos

de Magistério do 2Q grau, aoexercer sua missão, na maioriadas vezes, desconhece o papelpolítico do seu fazer pedagógico, trabalhando para a reprod~çao, mesmo sem ter consciênciadisso.

Por ser a educaçãoPré-escolar decisiva para o desenvolvimento do indivíduo, deve ela possibilitar à criança,desde a mais tenra idade, condiçôes para o exercício da liberdade, da participação politica e da cidadania das elaSses populares para que, realmente, a criança possa vir adesempennar um papel históricona sociedade em que Vlve.

2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Reconhecer a açecopedagógica desencadeadas nasPré-Escolas de são Luís.

2.2 Especificos

- Conhecer a post~ra política dos professores daPré-Escola;

- despertar nosalunos dos cursos de Pedagogia

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a consciência crítica epostura política.

uma

3 METODOLOGIA

3.1 Universo e amostra

A escolha da amostrafeita por critério intencional, recaiu em escolas queatendem crianças de classe media e baixa, com entidades mantenedoras diversas.

3.1.1 Rede estadual

Jardim de Infância Antonio Lobo (Centro)

3.1.2 Rede particular

Escola Tic-Tac (Angelim)Escola Edu Filho (Centro)Escola Chave do Saber (Bequimâo)

3.1.3 Escolas comunitárias

Escola CRIAMOR-(Projeto da Igr~ja Presbiteriana no Anjo da Guarda)Escola Comunitária do Centro Catequético- Santa Ana no Angelim

3.2 Sujeitos envolvidos

- Alunos, diretores eprofessores da pré-Es oo La ,

3.3 Técnicas utilizadas

a) Entrevistas semcontextura e depoimentos, buscando-se conhecer alguns aspectos da educação Pré-Escolar e o grau de satisfaçãodas crianças envolvidas e observaçoes in loco sobre ascondições materiais da escola;

b) através de informaçoes do diretor procurou-seconhecer as variáveis:

- estrutura e funcionamento da Pré-escola;

- corpo docente;condições de in

greSSG;- livros textos uti

lizados e quem os escolhe;- postura teórica-me

todológica;- relações pré- esco

la x comunidade,

c) através dementos dos professorescou-se verificar:

depoi:.bus

- concepçao do prQfessor sobre a educação e asociedade;

- concepçao do prQ

fessor de seu papel politico:

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contribui mais para conservara estrutura social vigente ou,educa mais para a transformac ão > ;

- objetivos da Pré-Escola;

- concepção do proce~so de produção de conhecimento;

- métodos de alfabetizaçao empregados;

- fundamentação teórica ou ideológica implícita nofazer pedagógico,

d) através da entrevista-conserva com os alunosprocurou-se saber:

- sua satisfação coma professora e com a escola;

- o que mais gostariade aprender;

- dificuldades em freqUentar a escola;

- integração social,e) observações sobre

as condições materiais e ped~gógicas das escolas feita através de visitas.

4 ANALISES E DISCUssAo DOS RESULTADOS

Observou-se que a pr~tica educacional nas Pré-EscoIas de são Luís, deixa muito adesejar tendo-se em vista as

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colocações que seguem.

4.1 Estrutura da escola e condições de atendimento

As escolas funcionamdotadas de estruturas prec~rias sem oferecer condições p~dagógicas razoáveis para aaprendizagem. Em muitas Pré-escolas, funcionam os três perí~dos em uma sala apenas. Há outras em que, apesar dos perí~dos ocorrerem em locais sep~radosf inexiste o serviço desupervisão, de orientação educacional. As condições físicassão muito precárias, sem dispor, algumas instituições, deespaço para recreação das crianças, excetuando-se as duasescolas comunitárias visitadas.

Percebeu-se que a rede pública não atende a demanda das crianças para a Pré-Escola.

As escolas particul~res cobrem taxas elevadas nemsempre ao alcance da populaçãomais pobre.

E, as Pré-escolas comunitárias surgidas da necessidade de atender a população

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mais carente, acabam por seguir modelos autoritários quenao expressam os ideias comunitários.

4.2 Corpo docente

o corpo docente dastrês categorias de escolas observadas, em sua maioria, econstituído de professores formados pelo curso de Magistériode 2Q Grau, tendo alguns o curso de Estudos Adicionais e outro, o curso incompleto de Pedagogia.

4.3 Critérios de ingresso napré-escola

As escolas visitadasnao estabelecem condições uniformes para ingresso de suaçlientela. Por aceitarem todasas crianças na faixa etária de3 a 6 anos até esgotar a cap~cidade de atendimento da escola, a ordem de chegada para m~trícula acaba sendo, realmente,o critério adotado pela maioria dessas escolas. Algumas limitam a sua ação em criançasresidentes no bairro. Em nenhuma delas existe, propriamenteum caráter seletivo de admissao.

4.4 Livros textos utilizados

Entre os livros textos utilizados podemos arrOlar:

- caderno Cartilha,Marly AurYi

- no meu Jardim: atividades de linguagem - 3Q estágio, Geralda Caldeiraj

- Brincando com os numeros: lª série, Juanita &msaj

- você sabia? Problema Classe de Alfabetização: nível I, Marisa Lopes;

- ciranda,Cirandinha:atividades de coordenação, Manuel Mattosi

- carrossel IIr, EdnaNanhumi

cartilhão Pré-escolar, Janet Limai

- ciranda, Cirandinha:atividades de matemática pre-escola, Denise Nel Matto.

Os livros-textos adotados provêm de doações, deexemplares distribuídos peloEstado ou pelas editoras. Outros, da escolha de profess~res, mas justificados pelaequipe técnica ou pela diretora quando inexiste supervisão.Em poucas escolas são escolhidos pela própria professora.

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Na análise dos livrosdidáticos os professores levamem conta os pontos positivos enegativos do autor para ter realmente consciência de que os livros adotados são os que pod~rão fornecer ao aluno urna melhor aprendizagem. Não há pre2cupaçao em escolhê-los de acordo com a veracidade de seusconteúdos para as classes pop~lares, nem em se analisar aideologia burguesa subjacenteaos conteúdos dos apresentados,nem em selecioná-los de acordocom sua realidade cultural. Oslivros didáticos, elaborados eimpressos em grandes metropólesse distanciam daquilo que é vivoe real para os nossos alunos.

O procedimento maisut-ilizado na aprendizagem daleitura e da escrita e o da p~lavração. E, em algumas escolaseste não é empregadopor livre escolha do professor, mas resulta deuma impostura ao referido métodopela escola. Mas,uma metodologiaeclética emprega a palavração ea silabação em outras instituiçoes.

Em uma das escolas pe~quisadas, diz a diretora adotaras funções intelectuais do Piaget

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e de retirar do método Montessori as atividades de vida diá-,-ria.

4.5 Relação escola x comunidade

A relação escola x comunidade é inconsistente. Em alg~mas escolas os pais parecem estar satisfeitrncom a escola. Outras escolas mais críticas,achamque essa participação nao ocorre.

"A e.s eot.a .:tenta, mCL6 aindanao c.oMe9tU.tL U,M_ /te.w.Ç.ão.O~ p/tõpJU.o~

paj/., quando úo chamado: pa.Jta. CL6 /teu..- -

MOU, nao c.ompMec.e.m, ne.m ~e. -tn6otunamdO-6 p/tob.te.mM e.x~ten..:tu,. va1 que., 6~

- -C.M -60 na nOMa /tu, pOMabilida.de. emu..-i.ta.c.o~ a. pMa nõ~ /tu, ot» e.Jtm oJ.J -60 Ú

nhoJ.J, uma ve.z que.-tMoep/toble.ma, tam

bem, dO-6 p~", eis o depoimentoda diretora de uma das escolasvisitadas.

Outro colégio tem comoobjetivo ampliar, de forma qualltativa a sua relação com a comunidade, atendendo aos anseiose as necessidades da comunidade.

Nas escolas comunitárias a relação escola x comu

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nidade e, também, insipiente.Apesar de apregoarem que, tratando-se de uma escola comunitária é obvio, ser esse relacionamento, o melhor possível.

Entretanto, uma diretora deu o seguinte depoime~to:

"A UJ cata YlM C.eu na. te n~va. de ~ na. c.omu~da.de. Fo~

pensando na. comuncdade: que a escoro:ate c.omeçou. Te.~o~ no~ ~e..ta.~o

n~ de man~ m~ p~õ~a po~~;vu da. 6amIu..a. das c.tiançM. O p~~di» escoras. UJ.tá. sendo c.oMtJr..u.l.do,-no~ te~o~ envo.tveJt toda: M 6am;

t-i..a.J.J que, têm 6~ho~ na. UJ cota, pedimos c.o.ta.boMção paM a., c.oM~çãoem m~Mo, p~UJ.ta.mo~ c.onta YlM ~eu.

~õUJ de p~ e mUJ~UJ, mM, YlOeYltanto, não c.oMeg~o~ a p~~p~ção e6~va. do~ p~ e, POUc.o~ c.hegam a. c.o~b~ c.om o ~aba.e.ho. EmtodoJ.J OJ.J eventoJ.J b~c.amo~ a c.o.tabo

~ça.o doJ.Jp~, e c.~o que não temo.s o apoi» de. que. p~ewamo~, mM~nguém pode no~ c.u..ip~ de não te».

mo~ c.hama.do pMa p~UpM."

Observa-se queparticipação aut~ntica e:te não acontece. Essa

umaatuan

paçãopartici

almejada e buscada aplievidentemente em mutica-se

rões para prestação de servi

cos a escola, mas não em participar das decisões da entidadequanto à educação dos filhosde modo a corresponder às suasexpectativas e necessidades.

4.6 Objetivos da pré-escola

De um modo geral, osobjetivos buscados na Pré-escola são: levar a criança a brincar em grupo e, através disso,passar para elas uma certa instrução através da pintura, danatureza; desenvolver integralmente os aspectos: físico,intelectual,afetivo e social; expressarseus pensamentos, sentimenUEeemoções através de atividadescriadoras, dramatização de modo espontãneo; usar o raciocínio para resolver situações-problemas; comportar-se de maneira criativa em atividadesvariadasi relacionar-se equilibradamente com outras criançasem atividades diversificadas;praticar hábitos básicos de higiene necessários à saúdeiexeEcitar o espírito crítico; distinguir semelhanças e diferenças, utilizando os órgãos dossentidos; apresentâr prontidãopara o processo da leitura eda escrita; desenvolver pequenos e grandes músculos, a coor

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denação motora, percepçao visual e tátil; socializar; formar hábitos e atitudes da criança; ser a criançazada.

alfabeti

4.7 Concepção do professor sobre a educação e a sociedade

A educação é vista como socialização e desenvolvimento do ser humano. A sua finalidade e a vida.

Entretanto, outrosprofessores têm uma posturamais crítica como se pode pe~ceber pelos depoimentos arrolados abaixos

11 A educação enconttul-~eduenconbr..a.da. da sociedade, Estamosvivendo uma educacão de6~ada, con.:tJU.bUÁ..ndopaJta.uma alienacão áI6 ~

~u meno~ 6avoJte~."

li A educacão nao pode ~eJt

dcssoecada dos pJtoble.mM da Mue~de. A edueadu: deve es.ta». em COMOnânciA. com os pJtOblem~ ch. sociedade"

• A educacão deve levaJt~ c.Júa.nc~ a uma derU.cacão em Jtelacao a ~euIJ estudo«, No~ rU.M de hoje,a educa cão não utã. ~endo levada a~rno, o que ~e pode ob~eJtvaJt é queOIJgoveJtnantu utã.o 6azendo o mlni.

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mo po~~Zvel paJta.a melhoJtia do eMino e da pJtópJtia soiüedade, E~:tã.dux.ando o eMino cOJtJteJt .6em pJtepaJtaJt~ pU.60~. ti

4.8 A significação políticada educação e o compromi~50 do professor

A maioria dos profe~sores da Pré-Escola desconhecem o significado pOlíticoda educação e o papel que p~dem desempenhar na conservaçao da estrutura social vige~te ou em sua transformaçãopois, se é evidente que a ed~cação por si só não muda a s~ciedade, as mudanças sociaisnão ocorrerão sem a sua participação. Eis algumas colocaçoes a respeito:

n A educaciio poilticaconnesponde ã Jtupon.6abilida.de e .6e

Jtiedade cem que 0.6 pJto6u.60Jtu :tJta.tam a .6ua pJtã.tica pedagógica, apJteoc.u.pacão c.omo 6u.tu.Jtodo~ aluno.6e em .6UpW neculJida.du bMic.M docolégio, como pOJt ex.emplo, lavagemda. escora e con.:tJU.bu.iJtpVrd a complUtde gM. li.

li Signi.6ic.a levaJL a oü:anca a lJeJt honuto.., a teJt nocõu de

»higiene, mOIJ;C!uVtque cada. um tem o

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~eu. blÚnquedo, mCl6 que pode empJt~

taJt, ced~ ao amig~nho, a6~nat, pJt~gamo.6, .também, a amczade. en.tlle elv., n ,

disse uma professora.

A educação política,segundo depoimento de outraprofessora "é o cOmpIlOm-Úl.60 p~Mal de .tJtaMmiliJt o c.on;teüdo da me

ihoJt 60Jtma pMa que ele se.]« en;ten~

do pela lliança e m~nha .6~6ação évê-io.6 apucando o que eMÚlO. "

Outros, entretantocompreendem o significado politico da educação como se podededuzir pelos depoimentos abaixo:

" A e.ducação e po~ca.com -Úl.60 .todo pllo6v.,.601l deve t~l

c.ofv)uênua do .6eu. papei que pode c~m~nhM pUO.6 do-Úl Lado«: .tan;to f1epll~du.z.oi. como .tJtaM 60JtmM. Devemo.6 te».

c~dado paJta. não m-ÚltUflM a pofl~ca

educ~va com a po~ p~dÍÍJúa. "

" O papu po~co do pllQ.6v.,.601l é e.diuia): pMa .tJtaM60IlmM, p~

!ta. a ubeJt.tação do homem, como cen.tJto de .tudo. O pIlOCv.,.60 eM~no-aplle~

~za9em deve v.,.tM voUado pMa o')~n;t~v.,.6 e.s do ctWno e. também de. Ma,)

necv.,údadv.,. Pllo6v.,.60Jt agente. de.COM ue.n.tA..zação pMa de.s e.nvolve.f'c

um bom .tJtabalho."

4.9 Concepção do professor sobre o processo de produçãode conhecimentos

A quase totalidadedos professores entrevistadostêm a criança como receptáculopassivo dos conhecimentos enf~cados no livro didático. Raros- -sao os que creem ser o aluno

capaz de produzir o seu pr~prio conhecimento, corno sujeito da educação - o que se podeobservar pelo depoimento deurna professora:

" Eu não f'cepao Cl6 6alCl6do.6 f~vIlO.6 ~d~co.6, ma.6 pllOCUflOcom a.6 paro. v1la.6, j untame.nte com o.{.n;t~e/".6 e de meU/., aiunos , mO-6.tJtM

algo que. des ooc:« o ~n;te.f'cv.,.6e d0.6

ctWno.6, conhe~en;to.6 pJtõp!ÚO.6, onde ;te.11~0 não Ile.p~ 0.6 UVIlO.6.

mM m0.6.tJtM o v.,.6e.nUa1 paJta. o bom

des e.nvolv-Únento do tJta.balho. "

4.10 Visão da prê-escola peloaluno

A maioria dos alunosdeclarou estar satisfeito coma escola, mas há também os quedisseram nada aprender no colégio e, alguns desses superamas deficiências pedagógicas da

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escola frequentando professoresparticulares.

Gostam mais de apre~der Matemática, porque em Linguagem têm que fazer muitas c~pias que, naturalmente, naolhes despertam o menor intere~se por serem repetitivas, e nãoapresentarem nehuma signific~çao para a criança, por serurna atividade imposta pelo prQfessor.

As dificuldades paraa criança frequentar a escolasão muitas: umas moram bem longe dela~ outras, prestam grandeajuda nos trabalhos domésticos,principalmente as meninas quedizem lavar, tornar conta dosirmãos menores e desempenharemoutras tarefas similares, cabendo muito bem, aqui, falar-se da renda sacrificada da família para manter a criança naescola, corno mostrou CASTRO(1976) .

Há crianças que apr~sentam dificuldades de integr~ção social. Um dos alunos declarou-se "u.m 6oWâJU..o na. Mcofu."

Percebeu-se que ele enfrentaproblemas de integração socialpor pertencer a uma classe

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social privilegiada em relaçãoaos outros alunos. Também, adiscriminação racial origin~ria, muitas das vezes na família, prejudica o convívio social com os colegas, conformefoi percebido através desseestudo.

5 CONCLUSOES

A educação é vista cQmo mola de desenvolvimento econômico e sucesso individual. Osucesso via educação é verdadeincontestável pelo professor.Mas, acham a educação libertadora, transformadora, bastantedifícil.

Observa-se marcantedesencontro entre a teoria e aprática pedagógica. Alguns prQfessores, como pudemos observar, têm um discurso transformador mas, a educação Pré-Escolar continua sendo uma misturada pedagogia tradicional, escoIa novista e mecanicista, preQcupando-se muito mais com atransmissão acrítica do conhecimento, comgias e com oque em fazerda realidade

metodolonovasplanejamento, dopartir o ensinoexistencial da

Cad. pesq., são Luís v 6 n 2 p 5 16 . 1 Id." , . , . , . - , JU. ez. 1990.

criança, questionando rcf1c.;xiviJ.e criticamenteque Vlve.

Inexist6ncia de umiJ. fundamentação teórica do pont.o GC VlS

ta epistemológico que possibi1it~urna atuação consciente e comprometida com os segmentos menosvorecidos na sociedade, a fim decontribuir para mudançascativas na sociedade.

signifi

Corno não há urna fundamentação epistemo1ógica para orientar teórica e metodologicamente oprocesso pedagógico da Pré-EscoIa, não há critérios estabelecidos para escolha da metodologiados livros didáticos que contribuem, na maioria das vezes, paraafastar as crianças da escola,umavez que seus conteúdos são alienados da realidade existencial daclientela das classes populares,não lhes despertando, portanto, omenor interesse para a aprendiz~gemo

Nós ternos no Brasil urnasociedade politicamente analfabeta, corno diz PEDRO DEMO, exatamente porque não estamos desencadea~do urna ação pedagógica politizada,porque mesmo nós professores,pri~cipalmente os universitários, somos ainda analfabetos políticos enao estamos conscientizando nos

cm

sos iJ.1unos,futuros professoresd~ Pr6-csco1a, 1Q e 2Q Graus, p~riJ.termos urna sociedade politic~mente desenvolvida, corno outrassituadas em outros continentes,principalmente no europeu.

fa SUMMARY

Thi5 5tudy deales withpedagogic action and politicalcompromise of directores and teachersfrom municipal, estate and communityPré-schools of são Luís. Freeintervienes and depositions were madein a sample the depagogic conditionsof schools are bad and the teachershavehightSchool formation. The methodof learning word by woord, are themost used in alphabetization.Objec~ives and texbooks are diverse.The majority of interviemedes don'tknow about its political power inalphabetizing. The relation school-community i5 inconsistent.

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ENDEREÇODO AUTOR

MARIA DO SOCORROMOURA DA SILVA

Universidade Federal do MaranhioCentro de Ciências SociaisDepartamento de Educação ICampus Universit~rio - Bacanga65.000 - são Luís - MA.

Cad. Pesq., são Luís, v. 6, n. 2, p. 5-16, jul./dez. 1990.