CEA USP RAE17P01
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CEA – USP – RAE17P01
RELATÓRIO DE ANÁLISE ESTATÍSTICA SOBRE O PROJETO:
“Mapeamento dos casos de intoxicações agudas atendidos no Centro de Controle
de Intoxicações da cidade de São Paulo. ”
Luís Gustavo Esteves
Victor Fossaluza
Bruno Daleffi da Silva
Emmanuelle Rodrigues Nunes
São Paulo, Junho de 2017
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CENTRO DE ESTATÍSTICA APLICADA – CEA
TÍTULO: “Mapeamento dos casos de intoxicações agudas atendidos no Centro de
Controle de Intoxicações da cidade de São Paulo. ”
PESQUISADORA: Sarah Carobini Werner de Souza Eller Franco de Oliveira
ORIENTADOR: Mauricio Yonamine
INSTITUIÇÃO: Faculdade de Ciências Farmacêuticas – USP
FINALIDADE DO PROJETO: Doutorado
PARTICIPANTES DO PROJETO: Luís Gustavo Esteves
Victor Fossaluza
Emmanuelle Rodrigues Nunes
Bruno Daleffi da Silva
REFERÊNCIA DESTE TRABALHO: ESTEVES, L. G., FOSSALUZA, V., NUNES, E.
R., SILVA, B. D. (2017). Relatório de Análise Estatística sobre o Projeto:
“Mapeamento dos casos de intoxicações agudas atendidos no Centro de
Controle de Intoxicações da cidade de São Paulo.”. São Paulo, IME-USP. (RAE –
CEA – 17P01).
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FICHA TÉCNICA
Referências
ALMEIDA, W. F. Fundamentos toxicológicos de los plaguicidas. Em Centro
Panamericano de Ecologia y Salud Organización Panamericana de La Salud.
Plaguicida, salud y ambiente: memorias de los tallers de San Cristóbal de Las
Casas, Chiapas, México. México: Lilia A. Albert, p.61-78, 1986.
BRENT, J. WALLACE, K.L., BURKHAR TURKHART K.K, et al. Critical Care
Toxicology: Diagnosis and Management of the Critically Poisoned Patient, 1st
edition (p.1808). Mosby, 2005.
EVERITT, B. Dictionary of Statistics. Cambridge, UK: University Press, p. 96, 1998.
Fundação Oswaldo Cruz – Ministério da Saúde. (abril de 2017). Sistema Nacional de
Informações Tóxico-Farmacológicas. Fonte: SINITOX: http://sinitox.icict.fiocruz.br
GRISOLIA, C. K. Fungicidas Etileno-Bisditiocarbamatos: aspectos de
genotoxicidade, carcinogenicidade e teratogenicidade. Pesticidas Revista
Técnico Científica, Curitiba, v. 5, p.19-32, 1995.
JACCARD, P. The distribution of the flora in the alpine zone. New Phytologist, v.11,
p.37-50, 1912.
PEREIRA, C. A. B., STERN, J. M. Evidence and Credibility: Full Bayesian
Significance Test for Precise Hypothesis. Entropy 1, p.69-80, 1999.
SOLOMON, G. Pesticedes and human health: a resource for health care
professional. California: Physicians for Social Responsibility (PSR) and Californians
for Pesticide Reform (CPR), 60p, 2000.
SCHWARTZMAN, S. Prefacio. In: Kotaka ET, Zambrone FAD. Contribuições para
a construção de diretrizes de avaliação do risco toxicológico de agrotóxicos.
São Paulo: ILSI, 2001.
STONE, M. Cross-validatory choice and assessment of statistical predictions. J.
Royal Stat. Soc., 36(2), 111–147, 1974.
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ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. (s.d). As crianças e as intoxicações. Fonte:
.Department of Violence and Injury Prevention and Disability, World Health
Organization: http://www.who.int/violence_injury_prevention/child/en/
ZAMBOLIM, C. M., OLIVEIRA, T. P., HOFFMANN, A. N, VILELA, C. E. B., NEVES,
D., ANJOS, F. R., et al. Perfil das intoxicações exógenas em um hospital
universitário. Revista de Medicina de Minas Gerais, p. 5-10, 2008.
Programas Computacionais Utilizados
Microsoft Office Excel 2016 for Windows
Microsoft Office Word 2016 for Windows
R for Windows, versão 3.3.3
Técnicas Estatísticas Utilizadas
Análise Descritiva Unidimensional (03:010);
Análise Descritiva Multidimensional (03:020);
Testes Bayesianos (05:060);
Análise de Conglomerados (06:120);
Outros (07:990).
Áreas de Aplicação
Outros (14:990)
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Sumário
1 Introdução ...................................................................................................................................... 7
1.1 Contexto e justificativa do problema .................................................................................. 7
1.2. Objetivo geral ................................................................................................................................ 9
1.2.1 Objetivos específicos ................................................................................................................. 9
2 Metodologia de pesquisa ........................................................................................................... 10
3 Descrição das variáveis ............................................................................................................. 10
4 Análise descritiva ........................................................................................................................ 15
4.1 Análise univariada ........................................................................................................................ 15
4.2 Relações multivariadas ............................................................................................................... 23
5 Análise inferencial e de agrupamento ..................................................................................... 32
5.1 Análise de agrupamentos ........................................................................................................... 33
5.2 Regressão multinomial ................................................................................................................ 40
6 Conclusão ......................................................................................................................................... 43
Apêndice A - Gráficos ........................................................................................................................ 45
Anexos.................................................................................................................................................. 50
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Resumo
Intoxicação é a destruição de células pela inalação, ingestão, injeção ou absorção de
substância tóxica, podendo ser do tipo aguda que se caracteriza pela aparição de
sintomas de forma súbita, e do tipo crônica sendo caracterizada pelo repetido contato
do paciente com o agente tóxico. As intoxicações, tanto intencionais quanto
acidentais, são importantes causas de agravos à saúde. Estima-se que 1,5 a 3% da
população intoxicam-se anualmente. As intoxicações agudas são responsáveis por
parte significativa dos atendimentos de emergência e internação de pacientes adultos
e pediátricos em unidades de terapia intensiva. Os dados gerados pelos Centros de
Controle de Intoxicações são essenciais para definir a causa, incidência e gravidade
das intoxicações em São Paulo, porém, devido à demora dos resultados, o paciente
pode ficar sem medicação para o tratamento correto por um tempo considerável,
podendo não resultar na cura do paciente. Desse modo, um dos objetivos desse
trabalho é criar um banco de informações que forneça subsídios para ações
educativas na prevenção de intoxicações e relacionar as características obtidas
desses dados com o desfecho clínico dos pacientes. Por meio de análises descritivas
foi possível quantificar os agentes exógenos responsáveis pelos casos de intoxicação
registrados e por meio da análise inferencial, caracterizou-se grupos semelhantes e
criou-se um modelo de predição que possibilita predizer em qual grupo o indivíduo
pertence e qual o provável prognostico do paciente.
Palavras chaves: Intoxicação, Intoxicação aguda, CCI.
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1 Introdução
1.1 Contexto e justificativa do problema
A toxicologia, além da ciência do veneno, é, cada vez mais, a ciência da
segurança e do risco da substância química. O conhecimento de uma substância
causar um efeito adverso no ser humano e no ambiente (risco) ou não (segurança, é
fundamental para o estabelecimento de uma política de proteção da sociedade
(SCHWARTZMAN, 2001).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), intoxicação é a destruição de
células pela inalação, ingestão, injeção ou absorção de substância tóxica. A natureza,
a dose, a composição e a via de exposição são fatores-chave que indicam a
severidade das intoxicações, assim como a exposição simultânea a outros tóxicos, o
estado de nutrição, idade e o estado de saúde pré-existentes.
A intoxicação pode ser do tipo aguda ou do tipo crônica, dependendo de fatores
como tempo de exposição, quantidade de tóxicos absorvidos, toxicidade do produto,
dentre outros. A intoxicação aguda manifesta-se por meio de um conjunto de sinais e
sintomas que se apresentam de forma súbita, minutos ou horas após a exposição
excessiva de um indivíduo ou de um grupo de pessoas a um agente tóxico, podendo
ocorrer de forma leve, moderada ou grave (ALMEIDA, 1986; GRISOLIA, 1995;
SOLOMON, 2000).
Já a intoxicação crônica se dá pelo repetido contato da pessoa com o agente
toxicológico que, normalmente, ocorre por longos períodos de tempo, com quadros
clínicos sutis, indefinidos e gerais que podem, muitas vezes, ser irreversíveis.
A OMS destaca que as intoxicações, acidentais ou intencionais, são importantes
causas de agravos à saúde. Estima-se que 1,5 a 3% da população intoxicam-se
anualmente. Para o Brasil, isto representa, aproximadamente, 4.800.000 casos novos
a cada ano, sendo que destes, 0,1 a 0,4% resultam em óbito (ZAMBOLIN et al., 2008).
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Desde a década de 80, a principal fonte de informações toxicológicas no Brasil
é a do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológica (SINITOX). O
SINITOX tem como principal atribuição coordenar a coleta, a compilação, a análise e
a divulgação dos casos de intoxicação e envenenamento notificados no país. Os
registros são realizados pelos Centros de Informação e Assistência Toxicológica
(CIATs), localizados em vários estados brasileiros. De acordo com o relatório
publicado pelo SINITOX em 2013, foram registrados 42.128 casos de intoxicação,
dentre os quais 71,99% evoluíram para cura e 0,5% para óbito. Os principais agentes
tóxicos envolvidos foram agrotóxicos (35,89%), medicamentos (22,01%) e drogas de
abuso (12,92%).
As intoxicações agudas são responsáveis por parte significativa dos
atendimentos de emergência e internação de pacientes adultos e pediátricos em
unidades de terapia intensiva, tanto em países desenvolvidos como em
desenvolvimento. As estimativas são de que 3 a 7% dos pacientes que procuram as
emergências apresentam algum agravo à saúde relacionado à exposição a agentes
tóxicos (BRENT et al., 2005).
Em virtude da diminuição da participação dos CIATs nos levantamentos
estatísticos publicados pelo SINITOX, sentiu-se a necessidade da criação de um
banco de dados com atuais registros de intoxicações e envenenamentos.
Todo paciente que dá entrada na emergência do Hospital Municipal Doutor
Arthur Ribeiro de Saboya, localizado no Jabaquara, zona centro-sul de São Paulo,
com suspeita de intoxicação, é atendido pelo Centro de Controle de Intoxicações
(CCI), criado pelo Decreto Nº 9.652, de 27 de setembro de 1971, com o objetivo de
centralizar informações sobre o atendimento de pessoas expostas a substâncias
químicas. A equipe responsável realiza a coleta do sangue dos pacientes e a envia
para a Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Universidade de São Paulo
(USP), onde são feitas as análises para determinar o agente da intoxicação e sua
concentração plasmática. Os dados coletados pelo CCI a respeito dos pacientes são
utilizados para estabelecer um banco de dados próprio. Com a precariedade dos
dados disponíveis e a falta de notificação dos CIATs e do SINITOX, que registraram
104.711 casos de intoxicação em 2011 e apenas 42.128 em 2013, os dados gerados
pelos CCIs são essenciais para definir a causa, incidência e gravidade das
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intoxicações. Devido à demora dos exames laboratoriais, o paciente pode ficar sem
medicação para o tratamento correto por tempo considerável, fazendo com que sua
evolução não leve à cura. Desse modo, com a criação de um banco de dados,
podemos identificar características relevantes visando determinar o diagnóstico do
paciente, assim como acompanhar o provável desfecho clínico e, montar ações
educativas na prevenção de intoxicações.
1.2. Objetivo geral
O objetivo geral deste trabalho é identificar e quantificar agentes exógenos em
amostras biológicas provenientes do Centro de Controle de Intoxicações da cidade de
São Paulo (CCI - SP), relacionando os dados obtidos dessas análises com o desfecho
clínico dos pacientes. Com a interpretação dos resultados, pretende-se avaliar e
caracterizar as intoxicações agudas passíveis de análises toxicológicas atendidas
nesse centro.
1.2.1 Objetivos específicos
Os objetivos específicos do estudo são:
• Identificar e quantificar agentes exógenos em amostras biológicas provenientes
do CCI – SP;
• Criar um banco de dados que forneça subsídios para ações educativas na
prevenção de intoxicações;
• Identificar, por meio de técnicas estatísticas, associações entre as
concentrações plasmáticas, sintomatologia e prognóstico dos pacientes atendidos no
CCI – SP;
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• Relacionar os dados obtidos nas análises com o desfecho clínico dos
pacientes.
2 Metodologia de pesquisa
Conforme os pacientes com sintomas de intoxicação dão entrada na emergência
do Hospital Municipal Doutor Arthur Ribeiro de Saboya, os médicos responsáveis
ficam encarregados de preencher a ficha de atendimento hospitalar do CCI (Anexo 1)
que contém tanto informações pessoais do paciente, como idade, sexo, data de
nascimento e dados clínicos como qual o tipo da ocorrência, a circunstância, os
sintomas relatados pelos pacientes e quais os tratamentos recebidos.
Durante toda a estadia do paciente no hospital, a ficha continua a ser preenchida
com eventuais alterações, por exemplo, se o paciente foi submetido a um novo
tratamento.
As fichas de atendimento hospitalar preenchidas pelos médicos são
consideradas as unidades amostrais colhidas após autorização do paciente ou, em
caso de menores de idade, após a do responsável. Em caso de o paciente dar entrada
no hospital desacordado, a ficha pode ser preenchida por familiares. Mesmo
conscientes da importância do preenchimento das fichas para o entendimento das
intoxicações e de seus diagnósticos, muitos médicos não a preenchem de maneira
adequada deixando muitas informações faltantes ou não comunicando mudanças à
equipe médica do CCI, como, por exemplo, quando o paciente recebe alta pelo
hospital e o hospital não repassa essa informação ao CCI para que a ficha possa ser
finalizada.
3 Descrição das variáveis
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Foi coletada uma amostra de 280 fichas de atendimento hospitalar preenchidas
pelo hospital, contempladas nas seguintes variáveis:
• Idade (em anos);
• Sexo
o Masculino;
o Feminino;
• Ocorrência: Motivo da ida ao hospital, dividida nas categorias:
o 1) Intoxicação;
o 2) Exposição;
o 3) Reação adversa;
o 4) Diagnóstico diferencial
o NA) Ignorada e;
o 5) Outros;
• Circunstância: Como a intoxicação aconteceu, dividida nas seguintes
categorias:
o 1) Acidente individual;
o 2) Acidente coletivo;
o 3) Acidente ambiental;
o 4) Ocupacional;
o 5) Uso terapêutico;
o 6) Prescrição médica inadequada;
o 7) Erro de administração;
o 8) Automedicação;
o 9) Abstinência;
o 10) Abuso;
o 11) Ingestão de alimentos;
o 12) Tentativa de suicídio;
o 13) Tentativa de aborto;
o 14) Violência/Homicídio;
o 15) Uso indevido;
o NA) Ignorada e;
o 88) Outra;
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• Exposição: Maneira como o paciente entrou em contato com o agente
toxicológico, dividida nas seguintes categorias:
o 1) Oral;
o 2) Cutânea;
o 3) Respiratória;
o 4) Parenteral;
o 5) Nasal;
o 6) Ocular;
o 7) Retal;
o 8) Vaginal;
o 9) Mordedura/Picada;
o NA) Ignorada e;
o 88) Outra;
• Tipo: Tipo de exposição, dividido nas seguintes categorias:
o 1) Aguda única;
o 2) Aguda repetida;
o 3) Crônica;
o 4) aguda sobre crônica e;
o NA) Ignorada;
• Agente tóxico: Agente tóxico responsável pela intoxicação do paciente,
dividido nas seguintes categorias:
o 1) Medicamentos;
o 2) Agrotóxicos (Uso agrícola);
o 3) Agrotóxicos (Uso doméstico);
o 4) Produtos Veterinários;
o 5) Raticidas;
o 6) Saneantes domésticos;
o 7) Cosméticos;
o 8) Produtos químicos industrializados;
o 9) Metais;
o 10) Drogas de abuso;
o 11) Plantas;
o 12) Alimentos;
o 13) Animais peçonhentos – Cobras;
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o 14) Animais peçonhentos – Aranhas;
o 15) Animais peçonhentos – Escorpiões;
o 16) Outros animais peçonhentos;
o 17) Animais não peçonhentos;
o NA) Desconhecidos e;
o 88) Outros;
• Evolução: Evolução da intoxicação no paciente, dividida nas seguintes
categorias:
o 1) Cura;
o 4) Óbito;
o 5) Óbito outra causa;
o NA) Ignorada e;
o 88) Outra;
• Tratamento: Tratamento recebido pelo paciente, dividido nas seguintes
categorias:
o 1) Nenhum;
o 2) Observação clínica;
o 3) Tratamento sintomático;
o 4) Tratamento suporte;
o 5) Descontaminação cutânea/mucosa;
o 6) Descontaminação ocular;
o 7) Diluição;
o 8) Demulcentes;
o 9) Neutralização;
o 10) Emese;
o 11) Lavagem gástrica;
o 12) Irrigação intestinal;
o 13) Carvão ativo - dose única;
o 14) Carvão ativo – dose múltipla;
o 15) Catárticos;
o 16) Diurese forçada;
o 17) Hemodiálise;
o 18) Hemoperfusão;
o 19) Exsanguíneo perfusão;
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o 20) Retirada endoscópica;
o 21) Intervenção cirúrgica;
o 22) Antídoto;
o 23) Soro;
o NA) Ignorada e;
o 88) Outro;
• Avaliação: Avaliação dada pelo médico sobre a condição de intoxicação
do paciente, dividida nas seguintes categorias:
o 1) Não tóxico;
o 3) Intoxicação não excluída;
o 4) Intoxicação leve;
o 5) Intoxicação moderada;
o 6) Intoxicação grave;
• Manifestação geral: Se o paciente manifestou algum sintoma geral.
o Sim;
o Não.
• Neurológicas: Se o paciente manifestou algum sintoma neurológico.
o Sim;
o Não.
• Gastrintestinal: Se o paciente manifestou algum sintoma gastrintestinal.
o Sim;
o Não.
• Respiratório: Se o paciente manifestou algum sintoma respiratório.
o Sim;
o Não.
• Cardiovascular: Se o paciente manifestou algum sintoma cardiovascular.
o Sim;
o Não.
• Renal: Se o paciente manifestou algum sintoma renal.
o Sim;
o Não.
• Cutâneo: Se o paciente manifestou algum sintoma cutâneo.
o Sim;
o Não.
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• HPLC.DAD: Substância encontrada no organismo do paciente e sua
concentração em µg/mL. Pode haver mais de uma substância encontrada;
• GC.FID: Concentração de etanol, quando encontrada, nas análises
sanguíneas;
• Medicamentos: Medicamentos tomados pelos pacientes e as
concentrações dos mesmos;
• Quantidade de medicamentos;
• Tóxico: Se o paciente utiliza o agente tóxico em concentrações tóxicas ou
terapêuticas (Anexo 2);
• Uso de álcool: Se houve ingestão de bebidas alcoólicas.
Vale destacar que o álcool permanece no sistema da pessoa por um tempo e,
após esse tempo, não é mais possível detectá-lo, porém se foi encontrado cocaetileno
no organismo do paciente, o álcool necessariamente foi ingerido, pois o cocaetileno
só é formado na combinação de cocaína com álcool.
4 Análise descritiva
4.1 Análise univariada
Foram feitos gráficos de barras das variáveis observadas para entender o
comportamento de cada variável no banco de dados.
Para melhor visualização dos gráficos, utilizaram-se as categorias descritas nas
variáveis na Seção 3 - Descrição das Variáveis como legenda e representação dos
dados.
Para algumas variáveis, como “Tipo”, “Circunstância” e “Tratamento”, o paciente
pode estar em mais de uma categoria, por exemplo se o paciente passasse por três
tratamentos diferentes ao longo de sua permanência no hospital. Nesses casos,
contabilizou-se o número de vezes que cada categoria apareceu no banco de dados.
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Assim, um mesmo paciente pode ser contado mais de uma vez para podermos
determinar a frequência da categoria de interesse.
Gráfico 1- Frequência da idade dos pacientes
Gráfico 2 - Frequência dos pacientes por sexo
Analisando os gráficos das variáveis univariadas no Gráfico 1, observamos que
as faixas etárias de 19-30 e 30-50 anos são as de maior frequência que dão entrada
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no hospital, representando 80,71% dos pacientes. No Gráfico 2, vemos que o sexo
masculino corresponde a maior proporção (62,14%).
Gráfico 3 - Frequência da ocorrência de intoxicação
Gráfico 4 - Frequência da circunstância da intoxicação
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Gráfico 5 - Frequência da exposição do paciente à intoxicação
Gráfico 6 - Frequência do tipo de intoxicação do paciente
O principal motivo da ida ao hospital por parte dos pacientes, pelo Gráfico 3, é a
intoxicação (73,08%), ocorrendo principalmente por abuso do agente tóxico (58,02%),
seguido de tentativa de suicídio (26,28%) conforme Gráfico 4. A intoxicação do
paciente é dada, principalmente, por meio oral (52,42%), respiratório (20,97%) e nasal
(18,01%), como vemos no Gráfico 5, onde os tipos de exposição são, em sua maioria,
agudos (28,72%) e crônicos (27,34%) (Gráfico 6).
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Gráfico 7 - Frequência do agente tóxico utilizado por categoria
Pelo Gráfico 7, os principais agentes tóxicos utilizados são as drogas de abuso
(60,20%) e os medicamentos (26,64%).
Gráfico 8 - Frequência do tratamento dado aos pacientes por categoria
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Gráfico 9 - Frequência da evolução da intoxicação no paciente
Gráfico 10 - Frequência da avaliação do nível de intoxicação dos pacientes
Pelo Gráfico 8, vemos que as categorias de tratamentos mais comuns aos quais
os pacientes são submetidos correspondem ao tratamento sintomático (29,62%),
observação clínica (28,72%), e tratamento suporte (24,06%), que resultam na
evolução da intoxicação (Gráfico 9) comumente em cura (21,79%). Os dados faltantes
representam 66,07% da variável Evolução. Os pacientes que normalmente dão
entrada no hospital são avaliados com intoxicação leve (37,50%), como apresentado
no Gráfico 10.
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No Apêndice A, são apresentados gráficos sobre a manifestação de sintomas
por parte dos pacientes (Gráficos A.1 – A.7) e, por esses gráficos, podemos ver que
a maior parte dos pacientes são assintomáticos.
Gráfico 11 - Frequência do número de medicamentos que o paciente toma.
Gráfico 12 - Frequência do uso de medicamentos em concentrações tóxicas
pelos pacientes
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Gráfico 13 - Frequência das substâncias usadas pelos pacientes
No Gráfico 11, podemos ver que a maior parte dos pacientes (60,36%) não
fazem uso de nenhum medicamento e dos que fazem uso de pelo menos 1
medicamento, o usam em concentrações tóxicas (44,14%) (Gráfico 12). Dentre esses
pacientes, podemos ver que a cocaína é a droga de abuso mais utilizada (23,75%) e
a carbamazepina é o medicamento mais utilizado (11,25%) (Gráfico 13).
Gráfico 14 - Frequência do uso de álcool pelos pacientes
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No Gráfico 14, vemos que 30,36% dos pacientes ingeriram bebidas alcoólicas.
4.2 Relações multivariadas
Segundo a pesquisadora responsável pelo trabalho e pesquisas relacionadas à
toxicologia, algumas hipóteses foram levantadas sobre as relações entre as variáveis
estudadas.
A seguir, apresentamos as análises das relações mais relevantes apontadas
pela pesquisadora.
Gráfico 15 - Frequência dos pacientes que usam alguma substância pelos níveis de concentração
Analisou-se a frequência de pacientes que faz uso de cada um dos
medicamentos e se a concentração utilizada é ou não tóxica. Notou-se, pelo Gráfico
15 que em raros casos, como no uso do Alprazolam e Clonazepam, medicamentos
usados na ajuda contra a insônia e anticonvulsivante (Carbamazepina), foram usados
em níveis tóxicos. Uma explicação para isso pode ser devido ao uso em excesso do
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medicamento quando o efeito desejado não é alcançado ou até mesmo quando o
organismo se “acostuma” com o efeito do remédio.
Gráfico 16 - Substâncias categorizadas detectadas no sangue dos pacientes e frequência que apareceram em concentração tóxica (sem Etanol)
Pela grande quantidade de substâncias encontradas no sangue dos pacientes,
resolveu-se categorizar os medicamentos pelas suas classificações farmacológicas,
o que nos resultou em analgésicos (Paracetamol), anticonvulsivantes (Amitriptilina,
Carbamazepina, Fenitoina e Fenobarbital), antidepressivos (Fluoxetina, Imipramina,
Nortriptilina, Paroxetina e Sertralina), benzodiazepínicos (Alprazolam, Bromazepam,
Clonazepam, Diazepam, Nordiazepam e Oxazepam) e as drogas ilícitas (cocaína e
cocaetileno).
Vemos, pelo Gráfico 16, que, em geral, os pacientes não tomam os
medicamentos em concentrações tóxicas, porém nos anticonvulsivantes, a proporção
de pacientes que os tomam em concentrações tóxicas é de 50%.
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Gráfico 17 - Relação entre Sexo, Idade e classe de substância para indivíduos que tentaram suicídio ou abuso
Como já foi visto que as circunstâncias “abuso do agente tóxico” e “tentativa de
suicídio” são as mais comuns entre os pacientes, decidiu-se entender quais
substâncias são mais utilizadas nessas circunstâncias, classificando-os por sexo e
faixa etária. É possível ver pelo Gráfico 17, que homens na faixa etária de 19 a 50
anos utilizam comumente (58,93%) as drogas de abuso (considerando tanto drogas
ilícitas quanto álcool), também vemos que as mulheres da faixa etária de 30 a 50 anos
também utilizam em sua maioria (45,83%) as drogas de abuso.
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Gráfico 18 - Relação entre Sexo, Idade e classe de substância para indivíduos que têm como circunstância o abuso
Foi refeito o gráfico anterior, porém considerando apenas os indivíduos que têm
como circunstância o abuso das substâncias tóxicas.
Pelo Gráfico 18 vemos que os homens na faixa etária de 19 a 50 anos são os
que utilizam mais frequentemente as drogas de abuso, correspondendo a 74,68%. As
mulheres dessa faixa etária também são as que mais se intoxicam com as drogas de
abuso, representando 64,71%.
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Figura 19 - Relação entre Sexo, Idade e classe de substância para indivíduos que têm como circunstância a tentativa de suicídio
Foi refeito o Gráfico17, novamente, porém considerando apenas os indivíduos
que têm como circunstância a tentativa de suicídio.
Pelo Gráfico 19 vemos que os homens na faixa etária de 19 a 50 anos são os
que utilizam mais frequentemente as drogas de abuso ao tentar suicídio,
correspondendo a 29,17%. As mulheres tentam suicídio mais frequentemente na faixa
etária dos 19 aos 50 anos utilizando antidepressivos, representando 36,36%.
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Gráfico 20 - Relação entre sexo, tipo de intoxicação e classe de substância
Ao analisarmos o Gráfico 20, é possível ver que no sexo feminino, a intoxicação
aguda é quase sempre a mais frequente entre todas as categorias; as únicas
exceções, em que a categoria mais frequente é a intoxicação aguda sobre crônica são
nos antidepressivos (54,55%) e nas drogas (33,33%), e, em ambos, podem significar
o uso continuo do medicamento ou da droga, cuja intoxicação pode ocorrer por causa
de uma dosagem errada.
Para o sexo masculino, vemos que para as drogas, o meio de intoxicação mais
frequente é aguda sobre crônica (33,73%), nos outros casos, usualmente, a
intoxicação se dá pelo tipo agudo.
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Gráfico 21 - Relação entre sexo, avaliação e classe de substância (para pacientes nos quais foi detectado o uso de alguma substância)
Dentre os pacientes que fazem uso de alguma substância detectada no sangue,
em 56,16% dos homens foi detectada alguma droga de abuso, dentre eles, 40,24%
dos casos foram avaliados como intoxicação leve. Para as mulheres, 41,67% das
pacientes foi detectado drogas de abuso, dentre elas 44% receberam como avaliação
a intoxicação leve.
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Gráfico 22 - Relação entre sexo, avaliação e sintoma
Dentre as pessoas que relataram ter pelo menos um sintoma, 79,40% deles são
do sexo masculino. Entre eles, 10,42% relataram ter sentido algum sintoma
cardiovascular, 0,38% mencionaram sintomas cutâneos, 6,44% citaram sintomas
gastrintestinais, 9,85% relataram sintomas de manifestação geral, 14,96%
manifestaram algum sintoma neurológico, nenhum paciente informou ter sentido
algum sintoma renal e 4,17% declararam ter algum sintoma respiratório. Para as
mulheres o resultado foi similar.
Em todas as classificações de sintomas, a maior parte dos pacientes recebeu
como avaliação a intoxicação leve. Para as mulheres, em todas as classes de
sintomas, a maior parte delas também recebeu a intoxicação leve como avaliação.
31
Gráfico 23 - Relação entre Evolução, Avaliação (não missing) e Circunstância (não missing)
Ao analisarmos as variáveis Evolução com a categoria dados faltantes (NA) e
Avaliação e Circunstância sem considerar a categoria dos dados faltantes (NA), criou-
se uma categoria “>2” que inclui os pacientes que fazem uso de pelo menos dois
agentes tóxicos distintos. Do Gráfico 23, vemos que dos pacientes que evoluíram para
cura, 58,49% deles têm como agente tóxico as drogas de abuso e dentro desses,
64,52% receberam como avaliação a intoxicação leve.
Dentre os pacientes que evoluíram para desconhecido, 50% deles têm como
agente tóxico as drogas de abuso e dentro desses, 61,54% receberam avaliação de
intoxicação leve. Por fim, dentre os pacientes que receberam NA na categoria
Evolução, 47,83% deles também têm como agente tóxico as drogas de abuso e dentro
desses, 48,48% tem como avaliação a intoxicação média.
32
Gráfico 24 - Relação entre evolução, avaliação e circunstância abuso e tentativa de suicídio
Como visto anteriormente, as circunstâncias abuso e tentativa de suicídio são as
mais presentes nos dados. Portanto fizemos a mesma análise do Gráfico 23,
considerando apenas as circunstâncias abuso e tentativa de suicídio. Pelo Gráfico 24
é possível notar que dentre os pacientes que evoluíram para cura, 66,18% deles têm
como agente tóxico as drogas de abuso e, entre eles, 66,67% dos pacientes
receberam avaliação de intoxicação leve.
Agora, entre os pacientes que receberam como evolução os dados faltantes,
55% deles têm como agente tóxico as drogas de abuso e, entre eles, 48,48% recebeu
como avaliação a intoxicação média.
5 Análise inferencial e de agrupamento
Nesta parte do trabalho, realizamos primeiramente a pedido da pesquisadora
uma análise de agrupamento, tendo o intuito de verificar se é possível classificar
nossos indivíduos por características específicas. Por fim, fizemos a análise de
regressão logística multinomial para prever qual seria o grupo dos futuros indivíduos
que procuram o hospital.
33
Realizamos, também, regressões logísticas multinomias para predizer a
classificação da Evolução, Avaliação e Agente tóxico.
5.1 Análise de agrupamentos
Primeiramente, escolheu-se a métrica utilizada para calcular as distâncias entre
os indivíduos da amostra que possuem n características com valores dicotômicos,
dentre as métricas disponíveis, decidiu-se utilizar o índice de Jaccard (JACCARD,
1912).
Suponhamos que existam apenas os indivíduos A e B na amostra e que
queremos identificar os atributos em comum entre eles, isto é, o que os torna
parecidos. Como cada atributo de A e B está classificado em 0 ou 1, temos que as
combinações dos atributos são as seguintes:
M00: representa o número total de atributos em que A e B possuem o valor 0.
M01: representa o número total de atributos em que A possui o valor 0 e B o valor
1.
M10: representa o número total de atributos em que A possui o valor 1 e B o valor
0.
M11: representa o número total de atributos em que A e B possuem o valor 1.
Como cada atributo estará em uma dessas categorias, M00 + M01 + M10 +M11 = n.
Portanto, o índice de Jaccard se dá por:
𝐽 =𝑀11
𝑀10 +𝑀01 +𝑀11.
Após a definição da métrica a ser utilizada, agrupamos os indivíduos utilizando
o método do vizinho mais distante, em que a distância entre dois agrupamentos é a
34
distância máxima entre uma observação em um agrupamento e uma observação no
outro, que nos resultou no seguinte dendrograma (EVERITT, 1998). A seguir, o
dendrograma obtido:
Gráfico 25 - Dendrograma utilizando o método do vizinho mais distante
Pelo dendrogama do Gráfico 23 é possível ver que os indivíduos da amostra se
distribuem em cinco grandes grupos distintos, representados pelas cinco diferentes
cores. Fizemos o gráfico de silhueta para garantir que a definição dos cinco grupos
seria o ideal.
35
Gráfico 26 - Gráfico de Silhueta usando o corte de 5 grupos e a distância de
Jaccard
O gráfico de silhueta, Gráfico 26, confirma que a escolha dos cinco grupos está
razoável, pois todos os grupos estão com valores positivos.
Com o número de grupos definidos, alocamos os indivíduos em seus respectivos
grupos e caracterizamos os grupos por meio das variáveis que melhor discriminam os
agrupamentos, para isso, usamos o método Full Bayesian Statistical Test (FBST)
(PEREIRA e STERN, 1999).
O FBST é um procedimento de teste exato que não depende de distribuições
assintóticas e que permite a incorporação de opiniões sobre parâmetros
desconhecidos por meio da distribuição de probabilidade a priori. Esse procedimento
permite avaliar a “probabilidade” de uma hipótese a partir de dados experimentais por
meio do cálculo de uma medida de evidência em favor de tal hipótese, medidade de
evidência essa denominada de e-value.
Visando avaliar se os cinco grupos formados são distintos quanto a cada variável
transformada dicotômica, procedemos ao teste de hipótese de homogeneidade dos
grupos por meio do FBST.
36
A seguir temos as variáveis que mais discriminam os agrupamentos baseando-
se nos e-values que quanto menor, mais relevante é para a análise. Definimos como
não significantes os e-values > 0,0116, sugerido pelos orientadores por não haver um
valor de referência na literatura. Vale destacar que quanto menor o valor do e-value,
maior a evidência de heterogeneidade dos grupos.
Para exemplificar a Tabela 1, temos que dos indivíduos que constituem o Grupo
um, 53,64% deles fazem uso de apenas drogas de abuso, 97,27% têm como agente
tóxico a categoria 10 (drogas de abuso) e 94,55% têm circunstância 10 (abuso) como
causa de intoxicação. Dos indivíduos que compõem o Grupo três, 78,89% têm como
agente tóxico a categoria 1 (medicamentos) e circunstância 12 (tentativa de suicídio)
como causa de intoxicação.
37
Tabela 1 – Variáveis ordenadas segundo o e-value para o teste de homogeneidade dos grupos
Por fim, ajustou-se um modelo de regressão logística multinomial com o
propósito de prever a alocação do indivíduo em algum dos grupos, isto é, se um
Variável Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 e-value
Apenas Drogas 53,64% 9,26% 12,22% 42,86% 0,00% 0
Apenas Medicamentos 8,18% 7,41% 42,22% 19,05% 0,00% 0
Agente Tóxico 1 3,64% 1,85% 78,89% 23,81% 0,00% 0
Agente Tóxico 10 97,27% 100,00% 17,78% 19,05% 60,00% 0
Agente Tóxico 2 0,00% 0,00% 6,67% 0,00% 0,00% 0
Agente Tóxico 5 0,00% 0,00% 12,22% 0,00% 0,00% 0
Agente Tóxico NA 1,82% 0,00% 2,22% 47,62% 0,00% 0
Alcool 53,64% 5,56% 12,22% 57,14% 0,00% 0
Circunstância 10 94,55% 92,59% 12,22% 9,52% 60,00% 0
Circusntância 12 3,64% 0,00% 80,00% 4,76% 0,00% 0
Circunstância 88 0,00% 7,41% 0,00% 4,76% 0,00% 0
Circunstância NA 1,82% 0,00% 3,33% 76,19% 0,00% 0
N. Droga e N. Med. 23,64% 81,48% 42,22% 23,81% 100,00% 0
Drogas 68,18% 11,11% 15,56% 57,14% 0,00% 0
Exposição 1 70,00% 42,59% 98,89% 23,81% 20,00% 0
Exposição 3 38,18% 48,15% 2,22% 14,29% 100,00% 0
Exposição 5 50,00% 14,81% 3,33% 4,76% 0,00% 0
Exposição NA 0,91% 9,26% 1,11% 66,67% 0,00% 0
Neurologicas 36,36% 31,48% 60,00% 80,95% 0,00% 0
Ocorrência 1 80,91% 66,67% 85,56% 9,52% 100,00% 0
Ocorrência 4 13,64% 11,11% 3,33% 71,43% 0,00% 0
Tipo 1 11,82% 9,26% 66,67% 4,76% 80,00% 0
Tipo 2 18,18% 35,19% 2,22% 0,00% 20,00% 0
Tipo 4 48,18% 9,26% 23,33% 0,00% 0,00% 0
Tipo NA 13,64% 22,22% 11,11% 95,24% 0,00% 0
Benzodiazepínicos 11,82% 5,56% 21,11% 14,29% 0,00% 0,0001
Exposição 88 0,91% 11,11% 0,00% 0,00% 0,00% 0,0001
Tóxico 19,09% 0,00% 27,78% 14,29% 0,00% 0,0001
Uso de drogas e med. 14,55% 1,85% 3,33% 14,29% 0,00% 0,0002
Não usa nenhum med. 52,73% 85,19% 52,22% 61,90% 100,00% 0,0004
Antidepressivo 7,27% 1,85% 20,00% 4,76% 0,00% 0,0008
Tipo 3 9,09% 29,63% 2,22% 0,00% 0,00% 0,001
Usa 4 medicamentos 0,00% 0,00% 3,33% 0,00% 0,00% 0,0014
31-50 anos 44,55% 42,59% 38,89% 38,10% 20,00% 0,0015
Ocorrência 2 3,64% 12,96% 13,33% 0,00% 0,00% 0,0023
Agete Tóxico 9 0,91% 0,00% 0,00% 14,29% 0,00% 0,0027
> 50 anos 3,64% 0,00% 12,22% 9,52% 0,00% 0,004
Circunstância 1 0,91% 0,00% 5,56% 0,00% 80,00% 0,0054
Agente Tóxico 8 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 40,00% 0,006
38
indivíduo novo chegasse ao hospital, em qual grupo ele provavelmente seria alocado.
Para testar o poder preditivo, utilizou-se a técnica Leave-One-Out Cross Validation
(LOOCV) (STONE, M., 1974) que consiste em retirar um indivíduo da amostra de
maneira aleatória, ajustar o modelo usando as n-1 observações restantes e usar esse
indivíduo como teste do ajuste; o indivíduo retirado representaria um novo paciente
chegando ao hospital. Repete-se esse procedimento n vezes retirando um paciente
por vez. Dessa maneira, podemos ver os acertos e erros gerados na seguinte tabela:
Tabela 2 - Tabela de confundimento para a predição dos grupos
Podemos ver pela Tabela 2, que nosso modelo tem uma acurácia de
108+48+90+21+5
108+6+1+48+1+90+21+5∗ 100 = 97,14%, resultando num ótimo poder preditivo. Em
apenas seis casos, prevemos que o indivíduo seria alocado no grupo um, quando na
verdade, eles pertencem ao grupo dois; em um caso previmos que o indivíduo seria
alocado nos grupos dois e três, quando na verdade eles pertenciam ao grupo um.
Essas previsões ocorrem pelo peso que cada variável selecionada do modelo
tem em cada grupo. Na Tabela 3 vemos os pesos resultantes da regressão logística
multinomial.
1 2 3 4 5
1 108 1 1 0 0
2 6 48 0 0 0
3 0 0 90 0 0
4 0 0 0 21 0
5 0 0 0 0 5
Observado
Predito
39
Tabela 3 - Pesos da regressão logistíca multinomial
Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5
Intercepto -0,57 -0,88 -0,14 -1,05
Antidepressivo 0,08 0,37 0,13 -0,09
Apenas drogas -1,28 0,02 -0,52 -0,77
Apenas Medicamentos 0,05 -0,06 -0,18 -0,72
Agente tóxico 1 -0,40 2,47 0,62 -0,16
Agente tóxico 10 0,03 -2,82 -1,69 -1,10
Agente tóxico 2 0,00 0,09 -0,01 -0,02
Agente tóxico 5 0,00 0,20 0,00 -0,05
Agente tóxico 8 -0,13 -0,25 -0,02 0,45
Agente tóxico 9 -0,09 -0,17 0,77 -0,01
Agente tóxico NA -0,13 -0,11 0,99 -0,28
Álcool -2,56 -0,78 -0,01 -0,71
Cardiovasculares -1,32 -1,81 -0,85 -0,93
Circunstância 1 -0,83 -0,38 -0,12 1,92
Circusntância 10 2,03 -2,35 -1,81 -0,84
Circusntância 12 -0,81 2,37 -0,25 -0,13
Circusntância 88 0,50 -0,04 -0,01 -0,07
Circunstância NA -0,13 0,46 2,67 -0,07
Uso de drogas e med. 0,15 -0,94 -0,05 -0,17
N drogras e N med. 0,51 0,10 0,61 0,62
Drogas -1,13 -0,92 -0,57 -0,94
Evolução 1 1,56 0,82 -0,59 0,51
Evolução 4 0,00 0,02 0,00 -0,01
Exposição 1 -1,79 1,25 -1,33 -0,81
Exposição 3 0,29 -0,59 0,17 0,99
Exposição 5 -1,15 -1,31 -0,04 -1,18
Exposição 88 0,04 -0,04 -0,19 -0,14
Exposição NA 0,08 -0,06 1,27 -0,08
> 50 anos -1,18 -0,23 0,52 -0,38
Gastrintestinais -2,19 1,37 0,99 1,69
Neurologicas -0,07 1,03 0,77 -1,36
Não usa nenhum med -0,29 0,63 -0,11 0,20
Usa 4 medicamentos 0,00 0,09 -0,01 0,00
Ocorrência 1 0,03 1,77 -1,20 -0,21
Ocorrencia 2 0,39 0,93 -0,38 -0,21
Ocorrência 4 -0,17 -1,09 0,35 -0,65
Respiratorias 2,57 -1,06 0,25 1,43
Tipo 1 -0,51 2,34 -0,23 0,96
Tipo 2 1,13 -0,63 -0,45 -0,24
Tipo 3 3,07 -0,57 -0,16 -0,19
Tipo 4 -2,16 -1,17 -1,18 -1,53
Tipo NA 1,93 -0,78 1,87 -0,41
Tóxico -3,49 -0,13 -0,21 -0,75
40
Esses pesos representam a chance de um indivíduo com determinada
característica cair em um grupo, sempre em relação ao grupo de referência, grupo
um. Por exemplo, a chance de um indivíduo ser alocado no grupo 3 em relação ao
grupo 1 dado que possua como característica a intoxicação pelo Agente Tóxico 1
(Medicamento) é 𝑒2,47 = 11,82 vezes a chance do indivíduo ser alocado no grupo 3
em relação ao grupo 1 dado que não possui o Agente Tóxico 1.
Como 𝑒𝑥 é crescente para x > 0, quanto maior o valor do peso que o grupo
recebeu, maior será a chance do indivíduo com determinada característica cair no
grupo em relação ao grupo 1.
5.2 Regressão multinomial
Como um dos objetivos específicos deste trabalho é correlacionar os dados
obtidos nas análises com o desfecho clínico e com o prognóstico dos pacientes,
realizou-se uma regressão logística levando em consideração todas as categorias
tanto da variável Evolução quanto da variável Avaliação.
Tabela 4 - Tabela de confundimento da variável Evolução
Pela Tabela 4 vemos que nosso modelo tem uma acurácia de apenas 73,93%
para a variável Evolução quando consideramos todas as categorias, inclusive a
categoria missing NA. Como temos indivíduos classificados como NA, mas que
1 4 5 88 NA
1 20 0 0 0 41
4 0 2 0 0 1
5 0 0 1 0 0
88 2 0 0 8 20
NA 9 0 0 0 176
Predito
Observado
41
possuem características de estar em uma das outras categorias, a categoria “missing”
confunde o modelo. Por isso decidiu-se realizar uma nova regressão logística
multinomial, mas sem considerar os indivíduos categorizados em “missing”. Usou-se
esses indivíduos retirados como se fossem novos pacientes que chegam ao hospital
e os classificamos, resultando num provável desfecho que tiveram.
Tabela 5 - Tabela de confundimento da variável Evolução sem considerar a categoria NA
Pela Tabela 5 vemos que após retirarmos os indivíduos classificados como NA,
nosso modelo tem uma acurácia de 97,67% para a variável Evolução. Ao
classificarmos os indivíduos anteriormente categorizados em NA, 124 evoluíram para
cura, 2 evoluíram para morte e 59 evoluíram para o desconhecido, sendo estes
resultados condizentes com o que era esperado.
Realizamos a mesma análise para a variável Avaliação e obtivemos a seguinte
tabela de confundimento ao considerarmos todas as categorias, inclusive a categoria
missing NA.
1 4 5 88
1 59 0 0 2
4 0 3 0 0
5 0 0 1 0
88 9 0 0 21
NA 124 2 0 59
Observado
Predito
42
Tabela 6 - Tabela de confundimento da variável Evolução
Vemos, pela Tabela 6, que o modelo tem uma acurácia de apenas 60,36% para
a variável Avaliação quando consideramos todas as categorias, inclusive a categoria
missing NA. Assim como a Evolução, a categoria missing da Avaliação também serve
de confundimento e retiramos os indivíduos com essa classificação e o utilizamos
como se fossem novos pacientes dando entrada no hospital.
Tabela 7 - Tabela de confundimento da variável Evolução
Pela Tabela 7 vemos que após retirarmos os indivíduos classificados como NA,
o modelo tem uma acurácia de 78,35% para a variável Avaliação. Também se notou
que a classificação NA não era a única que servia de confundimento, mas que a
classificação 4 (Intoxicação leve) também confunde e que a categoria 5 (Intoxicação
moderada) é a mais prejudicada.
1 3 4 5 6 NA
1 2 2 3 0 0 1
3 0 23 2 1 0 9
4 0 1 81 2 0 21
5 0 0 14 16 0 9
6 0 0 2 2 1 2
NA 0 7 27 6 0 46
Observado
Predito
1 3 4 5 6
1 3 1 4 0 0
3 0 30 4 1 0
4 0 5 95 5 0
5 0 0 17 22 0
6 0 0 3 2 2
NA 3 17 49 14 3
Observado
Predito
43
Realizamos a mesma análise para tentar prever qual o provável agente tóxico
responsável pela intoxicação do paciente. Nessa análise usamos apenas as
categorias Drogas de abuso e Medicamentos como únicos agentes tóxicos por serem
os mais frequentes, como visto nas análises descritivas. Utilizamos além das variáveis
de causa, os sintomas relatados pelos pacientes na realização desse modelo.
Tabela 8 - Tabela de confundimento da variável Agente Tóxico
Pela Tabela 8 vemos que o modelo tem uma acurácia de 97,54% para a variável
Agente Tóxico, levando em consideração apenas os indivíduos que usaram algum
tipo de droga ou medicamento como meio de intoxicação. Notamos que dos indivíduos
que usaram tanto drogas quanto medicamentos, dois pacientes apresentavam
características de terem usado apenas medicamento e três apresentavam
características de terem usado apenas drogas. Contudo, o modelo tem um ótimo
poder preditivo.
Em todas as regressões logísticas aqui descritas, o método de validação
utilizado foi o LOOCV.
Destacamos que pela pouca quantidade de dados, as análises até o presente
momento são de caráter exploratório.
6 Conclusão
Medicamento Med e Droga Droga
Medicamento 60 1 0
Med e Droga 2 12 3
Droga 0 0 166Observado
Predito
44
Por meio de uma análise descritiva, podemos quantificar os agentes exógenos
responsáveis pelos casos de intoxicações registrados. Dentre os principais achados
dessa análise, notamos que 50% dos indivíduos que utilizam anticonvulsivantes o
fazem em concentrações tóxicas, e que 43% dos indivíduos que utilizam
antidepressivos o fazem em concentrações tóxicas.
As drogas são majoritariamente utilizadas por indivíduos do sexo masculino
(77%). Dos indivíduos que utilizaram alguma substância e receberam avaliação 4
(intoxicação leve), 44% são do sexo masculino e utilizaram algum tipo de droga.
A caracterização dos grupos de interesse da pesquisadora resultou em cinco
grupos distintos. Em particular, o Grupo 3 é composto de 62,2% de mulheres, 78,9%
dos pacientes pertencentes ao grupo foram intoxicados por ocorrência de
medicamentos, 80% se intoxicou com a intenção de cometer suicídio e a faixa etária
predominante é a de idade superior a 50 anos.
Dos indivíduos que constituem o Grupo 1, 53,64% deles fazem uso de apenas
drogas de abuso, 97,27% têm como agente tóxico a categoria 10 (drogas de abuso),
94,55% têm circunstância 10 (abuso).
A regressão logística multinomial na predição da categoria NA da variável
Evolução condiz com o esperado, os resultados do modelo mostram que 67,03%
evoluiria para cura e apenas 1,08% evoluiria para óbito decorrente de intoxicação.
Ao fazermos a regressão logística multinomial para a variável Avaliação,
notamos que a categoria 4 (intoxicação leve) confunde o modelo o que atrapalhou na
validação do modelo ao classificarmos de maneira errônea os pacientes de avaliação
cinco e seis, moderada e grave, respectivamente.
Para a variável Agente Tóxico, a regressão logística se mostrou com ótimo poder
preditivo, sendo capaz de prever corretamente o agente tóxico responsável pela
intoxicação do paciente com 97,54% de acurácia.
Apesar da quantidade de dados faltantes existentes nas fichas em,
principalmente, variáveis de interesse como Avaliação e Evolução, foi possível realizar
análises estatísticas com ótimos poderes preditivos, porém com o melhor
preenchimento da ficha, análises mais detalhadas seriam possíveis.
46
Gráfico A. 1. Presença de sintomas gerais relatados pelos pacientes.
Gráfico A. 2. Presença de sintomas neurológicos relatados pelos pacientes.
47
Gráfico A. 3. Presença de sintomas gastrintestinais relatados pelos pacientes.
Gráfico A. 4. Presença de sintomas respiratórios relatados pelos pacientes.
48
Gráfico A. 5 - Presença de sintomas cardiovasculares relatados pelos pacientes.
Gráfico A. 6. Presença de sintomas renais relatados pelos pacientes.
53
Anexo 2. Concentrações plasmáticas terapêuticas e tóxicas das substâncias exógenas.
Analitos Concentração
terapêutica (µg.mL-1)
Concentração tóxica ( µg.mL-1)
Paracetamol 2 – 25 100 – 150
Carbamazepina 2 – 12 10
Fenitoína 5 – 20 20 – 25
Fenobarbital 10 – 40 30 – 40
Alprazolam 0,005 – 0,08 0,1 – 0,4
Bromazepam 0,05 – 0,2 0,3 – 0,4
Clonazepam 0,004 – 0,08 0,1
Diazepam 0,1 – 2,5 3 – 5
Nordiazepam 0,02 – 0,8 1,5 – 2
Oxazepam 0,2 – 1,5 2
Amitriptilina 0,05 – 0,3 0,5 – 0,6
Desipramina 0,01 – 0,25 0,5 – 1
Fluoxetina 0,12 – 0,5 1
Imipramina 0,05 – 0,35 0,5 – 1
Nortriptilina 0,02 – 0,15 0,3
Paroxetina 0,01 – 0,12 0,35 – 0,4
Sertralina 0,01 – 0,25 0,3
Cocaína 0,05 – 0,3 0,25 – 1
Cocaetileno NR* NR*
Etanol NR* NR*
*NR. Não reportado na literatura