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~\~l~ 4 SUMARIO 71~ L\' .~'

RIO BRANCO, o FUTEBOLo INfCIO· DE TUDO. EXPLOSAO

8 74UM VELHO o CRAQUE

AMOR DA CASA

10 76o CEARA ATRAVES ' J o JOGO DA' j

DOS TEMPOS EXPERliSNCIA

22 38 78LEMBRAS o PRESIDENTE 0

OESTE SENHOR? DO CEARA EQUILIBRIO24 42 82:EM CAMPO, IVONfSIO MOSCA: UM GOLEIRO

A MORTE. POR AMOR ~·E-A·R·A! DISPOSTO

26 46 84UM fDOLO CEARA o JOGO

MUlTO FAMOSO ATE MORRER NASCE AQUI28 48 88NA ALMA, 0 GRITO EIS 0 19 CHEFE FREITAS,

DE TORCEDOR <II DA TORCIDA UM CAMPEAO31 50 90o PRESIDENTE A VOZ DO CEARA ALEGRIA TAMBl:N

DO ESTADIO PARA TO DO 0 MUNDO NAS QUADRAS

34 52 93os UM ESTADIO o QUE ELES PENSAM

PRESIDENTES E MUITOS PLANO$ DO CEARA

36 56 96o CEARA DE UM o PAPO DO NOSSO

TODOS OS CRAQUES POR UM REPORTER

'3

AFUNDACAo-

I

.. .. RIO BRANCO.o INiclODE

TUDO

Luis Esteves Junior e Pedro Freire es-tavam vivendo 0 inicio deste seculo emFortaleza, que atravessava grandes proble-mas sociais com as constantes secas.Eram rapazes que tinham boa visao domundo e gostavam, principalmente, depassear a noite pelas ruas do centro dacidade, discutindo poUtica international.

Contam que numa daquelas noites -2 de junho de 1914 - estavam andandopela Rua 24 de Maio, quando Pedro, ca·sualmente, chutou uma pedra. Achandoengra~ado aquilo, os dois passaram adiscutir futebol, esporte que tinha apa·

recido pela pnmelra vez no Ceara em1903, trazido por alguns marinheiros in·gleses que aportaram em Fortaleza.

Continuaram conversando, enquanto ca·minhavam na dire~ao da Pra~a do Fer-reira. Pararam no Cafe Art Nouveau,.naesquina da Rua Guilherme Rocha, e come-~aram a pensar na funda~ao de um clubede futebol. No cafe, com outros rapazes,a ideia foi amadurecendo. Na mesma noi-te, foram ate a casa de Luis Esteves, aRua Tristao' Gon~alves, 6, e resolveramfundar 0 clube, com 24 s6cios, sob a pre·

Gilberto Gurgel,o primeiro presidente.

sidencia de Gilberto Gurgel. Nascia assirno Rio Branco Foot-Ball Club.

Fortaleza ja estava acostumada aver,r.as tardes de domingo, a jogo correndoem frente ao Gasometro, perto do PasseioPublico, desde 24 de dezembro de 1904,quando houve a primeira partida entrecearenses. Foi. um jogo do Foot-Ball Clubcontra urn quadro de funcionarios da Cea·ra Gas, com refor~os de alguns niarinhei·ros estrangeiros. 0 Foot-Ball perdeu POI2 a 0, mas ninguem ficou triste: afinal.era a primeira vez que muitos jogadore~tocavam na bola. 0 time do Foot-Ball for

mava com Alberto Machado Coelho, Mar·condes Ferraz, Raul Cabral, Prisco Cruz,Jose Silveira, entre outros.

Dai, varios clubes nasceram e 0 Foot-Ball acabou trocando de nome, passandoa ser conhecido por Clube da Vaca. Em1905, 0 esporte entrou em crise e duran-te dois meses ninguem disputou sequeruma partida, nos domingos, no Gasome-tro, que foi ficando cada vez mais vazio,ate que, na volta do futebol, nao se jo·gava mais la, mas em colegios, principal·mente no liceu e Castelo.

Surgiram as rivalidades, tambem, entre2S ruas, sendo comuns os jogos entre osrapazes da 24 de Maio e da Barao do RioBranco. Assim, 0' futebol foi se mantenodo ate 1912, com novos adeptos e umaanima~ao fora do comum; batucadas, ban·deiras. Depois, com a chegada de estu-dantes cearenses que estavam fazendocursos na Inglaterra, Sui~a· e Alemanha,<: jogo ganhou impulso.

Para isso, foi muito importante a voltados cearenses (loao GentH, Oscar e Jay·me loureiro, Jose Bruno Barrosl>, entreoutrosl, que vieram passar ferias em For'taleza e, como' praticavam futebol nafuropa, logo providenciaram a, funda~aode mais times, ajudados POI' outros cea·renses que moravam no Rio de Janeiro,onde 0 futebol ja come~ava a se popu·larizar: Meton e Carlito Pinto, Orlando eWalter Olsen, Humberto Ribeiro e Qutros.

No dia 24 de junho de 1912, com abola que os cearenses conseguiram naInglaterra, de marca Olimpique, houve urnjogo muito importante:' English Team xStela. ,Ainda nesse mesmo ano, foi fun·dado 0 Rio Negro Foot-Ball Club, POl' ini·dativa de Aloisio Mamede.

Ano seguinte, 0 futebol passou a tomarconta de Fortaleza, modificando bastante- para melhor - 0 entusiasmo dos cea-

renses, principalmente depois que surgiuc Hisperia Atletico Club, que amea~ouseriamente a posi~ao dos melhores c1uo

bes da cidade: Stela, English e Rio Negro.Como 0 publico aparecia sempre nas par·tidas, os clubes fizeram urn campo maior,que pudesse abrigar mais. torcedores:Stadium do Prado, onde hoje esta a Es·cola Industrial Tecnica do Ceara.

A inaugura~ao do Stadium, com 0 jogoStela e Hisperia, que terminou em zeroa zero, trouxe mais entusiasmo ao fute-bol do Ceara, ja preocupado com 0 sur·gimento de tantos times. £ que ainda osdirigentes achavamque 0 campeonato naocomportaria tantos clubes.

Entao, em 14, quando apareceu 0 RioBranco, dos mo~os do Cafe Art Nouveau(hoje Casa Bichol criaram·se varias dis·cussoes, pois pensavam que 0 Rio Brancofosse epenas mais urn participante. De·pois de muitas lutas, 0 Rio Branco con-seguiu entrar na disputa e tirou urn bornlugar.

Para as primeiras despesas, organizou-se uma subscri~ao entre· os associados,levantando-se a quantia, fantastica paraa epoca, de 2.200 reis. Outra coisa queficou bem claro desde a funda~ao doRio Branco foram as cores que seus ja-gadores usariam em campo. Seriam dis-cretas: camisas liIas, cal~oes brancos.

Entre os primeiros grandesincentiva·dores - e que participaram da primei-ra reuniao do Rio Branco, claro, a detundaiao - estavam sempre presentesGHberto Gurge~ 0 presidente, NewtonRola, Walter Barroso, Bolivar Purcell,',Iursio Mamede, Orlando Olsen, Raimun·do Padilha, Ninito Justa, Meton Pinto,Gotardo Morais, Artur de Albuquerque,Cincinato Costa, Carlos Calmon, EuricoMedeiros, Jose Elias Romey, Rolando Emf·Iio e Isaias Fa~anha de Andrade.

Esses homens conseguiram fazer doRio Branco - apesar de ser fundado nomesmo ana do Tabajara e do Maranguape,que por muito tempo foi uma das prin·cipais for~as do futebol cearense - 0clube mais simpatico de Fortaleza logono primeiro ano. Ninguem perdia uma par·tida do Rio Branco e a sua torcida foicrescendo rapidamente. Tanto no Stadiumdo Prado, como nos campos da Esta~aoe lagoinha, as melhores familias do Es·tado -iam incentivar 0 novo clube.

Quando 0 Rio Branco fez umano defunda~ao, sua diretoria convocou umareuniao de todos os s6cios e organizou·seuma Assembleia·Geral, para a discussaodo novo nome do time. Queriam urn queprojetasse melhor 0 clube, 0 Estadao, ·aregiao. Ai, ficou decidido que, a partirdo dia 2 de junho de 1915, 0 Rio Brancopassaria a ser denominado de Ceara Spor-ting Club. -

Resolveram tambem que 0 uniforme so·freria uma completa mudan~a nas cores:perdia 0 iii as, mantinha 0 branco e ado-tava 0 preto. Assim, as camisas Iistradas,em vertical, preto e branco, com cal~oesbrancos, passaram a ser usados - e atehoje e a oficial do clube, que tarnbamtern urn outro padrao: camisas e cal~oesbrancos.

Depois da mudan~a, os campos de For·taleza passaram a -se acostumar com osconstantes gritos da torcida do Ceara:

- Ceara! Ceara! Ceara!Apes a mudan~a do nome para Ceara,

foi criada tambem a liga Cearense de Fu·tebol, para controlar, dirigir e organizaro jogo no Ceara. Em seguida, ficou aceI"tado que somente 0 Stela, ceara, RioBranco e Maranguape disputariam o earn·peonato da Primeira Divisao, os outros naSegunda. E, nesse ano, 0 Ceara venceuo seu primeiro campeonato.

EDELBERTO CiOISUM VELHO AMOR

Quando 0 Ceara foi tundado, em 1914,Edelberto G6is Ferreira ja gostava de fu-.tebol e nao perdia; aos domingos, urnborn jogo, na Pra~a Alagoinhas (lioje An-·tonio Teodorico), perto da Pra~a Jose deAlencar, a mais importante de Fortaleza, -bem no centro da cidade. Ficava la, rindodas jogadas, batendo palmas. Entim, pas-~ando urn domingo divertido.

Depois, apareceu 0 Ceara. A empolga-~ao mudou. Tornou-se adepto do nov.o ti-me. Nao perdia uma partida .. Ese, por(lcaso, 0 alvinegro era derrotado, ficavachateado e dormia mal. A coisa toi indode tal maneira que logo, logo, ja estava

colaborando com a nova agremia9ao: eraum dos rapazes robustos que respondiamlJela seguran9a das cordas.

- £ quenaquele tempo, como todosdevem saber ou imaginar, nao havia es·tadio. Entao, as partidas eram feitas naspra9as. 0 publico via tudo bem de perto.Mas acontece que, se nao houvesse umcordao de isolamento, 0 pessoal entravano campo e atrapalhava os craques. Ai,(ad a time tinha seus rapazes que fica·yam vigiando as cordas. Ninguem podiaatravessar 0 cordao de isolamento. Oai ...

Edelberto esta com 78 anos de idadef] mora bem proximo do Batran, Batalhiiode Transito de Fortaleza, perto do esta·dio do Ceara e do bairro de Porangabu9u.Ha cinco anos que nao vai ao PresidenteVargas ver 0 seu Ceara, mas, em com·pensa9ao, fica preso em casa, ouvindo asemissoras de radio e, natural mente, osc.omentaristas preferidos pela torcida doclube, 0 as vezes malcriado Paulino Ro·cha e 0 sensato Alberto Oamasceno. Anoite, espera pelo video·tape das emis·soras de televisao. E vibra tanto que ateparece que esta em pleno PresidenteVargas.

Em 1922, quando 0 Ceara conseguiu 0titulo cearense de Campeao do Centena·rio, Edelberto ja era 0 . representante doclube junto a Federa9aO. Era ele quemdiscutia com os diretores dos outros, pro·curando sempre deixar 0 Ceara nas me·Ihores oportunidades, nas melh.ores ·jo·gadas. Era muito brigao, por isso, acabouganhando 0 ape lido de Encrenquinha,dado pelo presidente do Calouros do Ar,Coronel·Aviador Salgueiro.

- Fiquei no clube, como representanteda federa9ao, desde 21, e como tesou-reiro, um pouco mais tarde, ate a safdado presidente Elias Bacha. Oepois, dei·xei, mas nao sai brigado com ninguem.£ que ja estava cansado e, e claro, tinha

Edelberto ja "aOvai mais aos estadios.

Clue dar oportunidade aos mais novos, quetdmbem queriam ajudar 0 nosso Ceara.

Edelberto nao consegue se lembrar detodos os jogadores da campanha de 22,mas costuma falar com muito carinho dojogador paraense Vito rio, outro alvinegrodoente, que "deu muitas gl6rias ao Cea·ra". Para ele, 0 melhor treinador queja passou por Porangabu9u foi IvonisioMosca. E explica:

- Ele nao complica. Sabe que 0 joga-Gor brasileiro prefere improvisar em cam·po, entende isso muito bem, e deixa osmo~os correrem a vontade, dando apenasas ordens indispensaveis. Fiquei muitosatisfeito quando soube que Ivonfsio ti·nha voltado ao clube. Sabia que famosfazer as' pazes com 0 tftulo. Ja somosbicampeoes, fizemos uma campanha boorIita no Nacional de 72 e estamos partindopara 0 tricampeao estadual.

Ele nao gosta de lembrar das magoase tristezas que conheceu no futebol. Masfala, muito contente, das suas duas maio-res alegrias:

- A. primeira, foi na decisao do cam·peonato de 63. Jogavamos contra 0 Fer-roviario. Botamos 1 a 0, mas eles foramla e puseram do is gols no nosso goleiro,quase no finalzinh.o. A partida ficou pra-ticamente decidida. AI,·o Ferroviario re-solveu dar ole no Ceara. E chegou ate aensaiar. Oaf, faltando uns quatro minutosj:.araa partida terminar, enfiamos doisgola~os e fomos campeoes. Fiquei loucode tanta alegria.

. Edelberto continua:~ A segunda foi em 71, com Ivonfsio'

Mosca no coman do. Precisavamos de umempate no jogo final com a Fortaleza paraganhar 0 tftulo. Faltava um minuto e per·diamos de 2 a 1. Ai, Victor, 0 nosso ar·tilheiro, empatou. Foi outra loucura. E 0Ceara ganhou. M090, 0 Ceara e isso.:farra, muita garra.

DE 1'1" a 1'72r

,',0CEARA

. ATRAVES"." .... .' ..' . · , ..•..,'DOS '... ,'.. '~'....' ".TEMPOS

Bastou 0 Rio Branco, ap6s urn ano defundado, trocar de nome, passando a serchamado de Ceara Sporting Club, paraque vencesse 0 primeiro campeonato cea·rense da sua hi~toria: 1915. Armou·seurn time bem equilibrado, jogando commuito entusiasmo, fazendo gols e mais'gols. logo conseguiu 0 apoio dos torce·dores. Apesar da terrivel seca que as·solava 0 Estado naquele ano, ninguemdeixava d~ assistir aos jogos do alvinegro.

Teve inicio, entao, a conquista do Pen·tacampeonato do clube, 1915, 16, 17, 18e 19. 0 bieampeonato foi invicto, mesmodisputando 0 titulo contra 0 Riachuelo,uma for~a importante que aparecia, subs;tituindo 0 Tabajara, que, desgostoso, teveseu time inteiro transferido para 0 pe·queno Solimoes.

Em 17, 0 Hisperia, depois de uma boacampanha na 2.a Divisao, foi promovidoit l.3, disputando 0 campeonato ao ladedo Stela, Rio Negro, Maranguape e 0proprio Ceara, que conquistou 0 tri, pas·sando a ser apontado imediatamente pelatoreida do Ceara como 0 melhor time doEstado inteiro. Mas a seca eontinuava, apopula~ao vivia grandes difieuldades e 0tutebol quase parou. So a propria for~apopular que ja se formava em torno doCeara evitou que 0 futebol fosse a fa·

lencia.No ana seguinte, na campanha d.o te·

tra, 0 Ceara passou a conhecer 0 seumaior adversario no Campeonato Cearen·se, ate os nossos dias: 0 Fortaleza. £que alguns dirigentes do Stela, Iideradospor Alcides Santos, resolveram terminaro antigo time e criar urn Gutro, mas 0Ceara nao encontrou grandes dificuldadese voltou a tirar 0 titulo.

Na campanha do penta, ninguem admi-tia mais uma vitoria do Ceara. 0 Fortalezachegou ate a mandar buscar urn jogadorno futebo,l pernambucano, Nelsinho (0 pri-meiro profissional do futebol cearense),junto ao Nautico, para tentar acabar coma hegemonia do alvinegro, Com iss.o, alideran~a do primeiro turno ficou como Fortaleza, mas, na decisao, 0 Cearaprecisava ganhar e ganhou. Houve umasemana de festa na cidade. Os melhoresrestaurantes ofereciam banquetes aospentacampeoes. 1

Ja nesse tempo 0 Ceara era a baseda sele~ao do Estado, que formava comesses jogadores: Peter (do Fortaleza); Sui·~o e Cearense (os dois do Ceara); Gotardo(Ceara), .Mozart (Guarani) e Bauerfeldt(Fortaleza); Walter Barroso (Ceara), Bra-ga (Ceara), Humberto Ribeiro (Fortaleza),

Os campeoes doCentenariode 22. Em pe, daesquerda para a direita:Walter Barroso,Alitur Oliveira,Pau A!'1arelo,Jurandir e Jefferson.Agachados, na mesmaordem:Suf~o, Antonico,Nascimento, Aldo, Vit6rioe Gotardo

I I'Mamede, (Ceara) e Braun (Ceara).Em 20, com a funda~ao da Associa~ao

Desportiva Cearense, que mais tarde reoeeberia 10 nome de Federa~ao Cearensede Futeool, entidade filiada it CBD, 0 Cea-ra perdeu 0 campeonato para 0 Fortaleza,ficando com 0 vice. No ana seguinte, 0Ceara,' rnesr,lo tendo abandonado 0 earn·peonato antes do seu termino, continuoucom a 2.a coloca~ao.

No anQ~9Centenario da Independencia,jogando cqm Aldo, Gotardo e Meton; Sa-racura, Vitorio e Cantuaria; Walter Bar·roso, Abreu, Deca, Pau Amarelo e Braun,o Ceara gol~ou por 4 a 1, na partida final,c Fortaleza I. e ficou com 0 titulo - urndos mais importantes de toda a sua his-toria.

Para a campanha de 22, 0 Ceara haviatrazido do Para alguns refor~os, como:Vito rio, Cantuaria, Saracura, Jurandir,Bandeira, Doca e Manuelzinho. Com achegad,aideles, 0 time foi logo ganhandoo Torneio Inicio e vencendo 0 certame deponta a ponta. Como 0 Fortaleza ganharaCo primeiro turno, bastava urn empate, nadecisao, para ficar com 0 titulo. Tinhaate encomendado urn banquete para seusjogadores num dos melhores restaurantes'da ~poca, 0 Rotisserie.

ComoI? Ceara venceu, 0 banquete do

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APRESENT?r;.AO

Manifesto a minha alegria na apresenta980 do CearaSporting Club a todo 0 publico desportivo do Pafs. E se grandee a alegria, bem maior e 0 orgu1ho do Governador-desportista, queVB 0 representante da sua terra ombrear-se aos damais grandes c1~bas brasi1eiros.

Rea1me nt e, eo" glor ios'oH alencarino a expr ess801egftima do nosso futebol, merce de uma tradi980 triunfante con -quistada nos campos de 1uta e onde os louros da vitoria ressa1tamo espfrito indomave1, a bravura, a coragem e a grandeza da gentecearense.

Neste momento em que 0 Brasil se afirma ante as na90es como uma ra9a indomita, atletica e que cu1tiva 0 esporte pe-10 esporte, envaidece-nos sentir 0 Ceara contribuindo com ponderavel p3 rcela para a integra980 naciona1.

Considero louvave1 a iniciativa desta Revista,pois,divulgando as expressoes maximas do futebol nacional, estimula a-queles que agora, se iniciam na pratica do esporte, ligando, assim,.o presente ao futuro ao mesmo tempo em que recorda as glorias dopassado.

Entendo, portanto, que 0 Ceara Sporting Club, orafocalizado, enquadra~se plena e eficazmente na estrutura e gloriado futebol brasileiro, motivo por que 0 desportista cearense 0.,.consagra com suas manifesta90es de simpatia, carinho e acendrado

Forta1eza, 21 de nevemb~o de 1972)131 ~ ;:'";c,c.l1

Cesar CalsGovernador do Estado

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Rotisserie foi servido aos jogadores alvi·negros, 0 que, provavelmente, serviu paraque ate os nossos dias os dois clubescontinuem como os maiores rivais doCeara.

as dois anos seguintes - 23 e 24 -o Fortaleza ganhou 0 bi e 0 Ceara ficoucom 0 terceiro lugar e 0 vice, respectiva·mente. Mas, em 25, ja com 0 campeonatosendo disputado no campo da ADC, 0Stadium Alagadi~o, 0 Ceara voltou a ga·nhar 0 titulo, usando essa forma~iio: Ma·nuelzinho, Lira e Gotardo;Cantuaria, Vi·t6rio e Saracura; Walter Barroso, JoseAbreu, Pau Amarelo, Fox e Braun. A finalfoi contra 0 Fortaleza e 0 titulo ficouconhecido como 0 Campeonato do AnoSanto. No outro ano, saiu 0 Humayta(hoje extinto) e entrou 0 Maranguape: 0Ceara conseguiu 0 Torneio Inicio.

A partir de 1926 (e ate 31), 0 time teveum declinio tecnico muito grande, per·dendo todos os titulos que disputou. Con·5eguiu apenas um vice·campeonato em30, na final contra 0 pequeno Orion, quefizera uma boa campanha. a Fortaleza eo America nao disputaram esse campeo-nato.

Pintado, Liberato e Lira; Teopisto, Via·na e J6iio Carlos; Mario Hitzschky, IIde·brando, Farnum, Peixe e Zemaria, 0 time

do Ceara em 31, que venceu na partida fi·nal 0 Orion e trouxe para 0 clube outravez 0 titulo cearense. a Orion, nesse ano,tambem venceu 0 Torneio Infcio e foi umdos melhores times da cidade. A ADC, em31, cQntou ainda com outros clubes, es·treantes: Progresso, Arari, Oriente e SemRival, embora 0 Fluminense, um time jatradicional, tenha se afastado.

Em 32, a ADC rompeu com a cronicaE'sportiva da cidade e 0 Ceara conquistouQ Tomeio Inieio e 0 campeonato, comesse time: Pintado, Lira e Boanerges;Teopisto, Viana e Ie Edgard; Afonsinho,Vicente, Farnum, Mundico e Nilo. Comobicampeao, 0 alvinegro entrou no cam·peonato do ano seguinte, ao lado de maisdo is novos times: 0 Ferroviario, hoje umadas melhores equipes do Norte/Nordeste,que acabara de ser fundado, e 0 SaoCrist6vao. Alem disso, 0 Fortaleza voltaraa disputar 0 certame cearense, vencen·do·o mais uma vez. Em 34, 0 Fortalezavoltou a tirar outro bicampeonato, en·quanto no ano seguinte 0 America, quearmara um bom time, juntamente com 0

Maguari, foi 0 vencedor.Em 1936 e 37, 0 Maguari e Fortaleza,

respectivamente, vencerame 0 Ceara con·iinuou com coloca~oes apenas razoaveis.Em 37, fez um jogo amistoso com 0 ABC,

de Natal, no eampo do Prado; em Forta·leza, e tambemperdeu, por 4 a 2.

No ano seguinte, 0 Ceara voltou a per,der 0 titulo (0 Fortaleza foi eampeiio) nurncampeonato que contou com 12 clubes:Fortaleza, Estrela do Mar, Ferroviario, 'Ca·rioca, Iracema, Colegio Militar, Maguari,Pefiarol, Ginasio, America, Cavalaria e 0

pr6prio Ceara, que fez duas partidas amis·tosas contra times de outros Estados,em Fortaleza: perdeu de 4 a 0 para 0Bahia e de 5 a 1 para 0 Palestra Italia(hoje Palmeiras).

No inicio do ano de 39, a diretoria doCeara reuniu·se e mandou vir, de aviiio,tres [dolos baianos para refor~ar 0 time:Biinha, Limoeiro e Sa Filho, que foramos primeiros jogadores que chegaram aFortaleza num aviao. Com eles, 0 Cearacresceu tanto que acabou ganhando 0certame - invicto - com apenas 1 pon·to perdido, enquanto 0 segundo colocado,c Estrela do Mar, ficou com 10 pontos.

as campeoes invictos de 39: Ze Onofre,Sa Filho e Motor; Torres, Viana e Tosta;Belisco, Biinha, Anibal, Farnum e Felicia·no. Nesse ano, em Fortaleza, 0 alvinegroenfrentou tres times de outros Estados:Flamengo, da Parafba (0 Ceara perdeupor 2 a 1), Great Western, do Recife(tomou 3 a 1), e 0 Sport, do Recife, que

Contra 0Ferroviario,

pelo CampeonatoCearense de 39

,3/iJ

Ii28, um craque da decada de 40

Os campeiies de 41. Em pe, daesquerda para Z direita: Waldemar, Motor,

. Gutemberg, Torres, Zuza e Baba.Agachados, na mesma ordem: Jombrega,Idalino, Fran~a,Hermenegildo e Mitot6nio.

empatou de 2 a 2.o Tramways foi 0 campeao de 40 e 0

Ceara nao repetiu a boa campanha do anaanterior, perdendo ate dois amistosospara os baianos do Ipiranga, por 3 a 2,EO' Bahia, por 5 a 1, se recuperando, comuma goleada de 8 a 3 sobre 0 selecionadopotiguar.

AI, veio mais urn bicampeonato: 41 e42, usando Rui, Camilo e 28; Torres, Zuzae Baba; Jombrega, Idalino, Fran~a, Herme-negildo e Mitotonio, na campanha do cam-peonato, mudando apenas Balinha, na pon·ta direita, no lugar de Jombrega, no bi.Em 41, estfeou Mitotonio, consideradoate hoje como 0 melhor jogador que pas·sou pelos campos cearenses. Ele veio comHermenegildo, formando uma ala esquer·da tao respeitada que ate agora ninguemos eSQuece.

Em 41, 0 Ceara fez muitos amistososinterestaduais, contra {) Bahia, Fast Club,de Manaus, Tramways e Onze da Vila, os

do is do Recife. No outro ano, 0 SantaCruz, tambem do Recife, jogou com 0Ceara e 0 derrotou por 5 ~ 3. Nesse mes·mo ano, nasceu 0 Nacional, tradicionalclube dos funcionarios dos Correios e Te-legrafos de Fortaleza.

Em 43, 0 titulo ficou com 0 Maguari e( Ceara ganhou 0 Torneio Inicio - e der-rotou 0 Sport Club, do Recife, em casa,por 3 a 2. No outro ano, 0 Maguari voltouJ ganhar 0 campeonato, ficando 0 Forta-leza com 0 vice e 0 alvinegro na terceiracoloca~ao, que, num amistoso, empatoucom 0 Sao Crist6vao, do Rio, por 1 a 1.Em 45, 0 Ferroviario tirou 0 campeonatoe 0 Maguari ficou com 0 vice.

Com a saida do Maguari, em 46, 0 For-taleza voltou a ser' campeao e 0 Cearapao obteve uma boa coloca~ao, alem denao conseguir uma vit6ria contra os ti-mes de outros Estados: perdeu para 0Paissandu, de Belem, por 3 a 1. para 0Santos, por 5 a 2, e para 0 Bahia, por

1 a 0, empatando tambem com 0 mesmoBahia, 2 a 2.

o Ceara, em 47, ganhou 0 Torneio Ini·cio, mas 0 Fortaieza acabou bicampeao.Porem, em 48, usando urn' time·base for·mado por Pintado, Valdemar e Pop6; Ju·t andir, Zuza e Coimbra; Charutinho, Die·feito, Alfredinho, Carlinhos e Mitotonio,venceu mais urn campeonato. Nos amis·tosos contra times de outros Estados,~erdeu Dara 0 Flamengo, do Rio, por3 a 0, para 0 Fluminense, tambem ca·rioca, por 5 a 1, e para 0 America (0 deCampos Salles), por 2 a O. Outra derrota:por 1 a 0, contra 0 Moto Clube, do Ma·ranhao.

Os campeonatos de 49 e 50 foramperdidos e a grande fa~anha nesses doiscmos foi a vit6ria sobre urn time de ma·rinheiros ingleses, 0 Sussex Trader, por16 a 0, perdendo para 0 Flamengo, ca·rioca, por .4 a 3, em 50.

Com Ivonlsio Mosca como Diretor de

Futebol, em 51, 0 Ceara venceu 0 cam·peonato, ganhando do Ferroviario, na par-tida final, utilizando esses jogadores emtoda campanha: Ivan, Paulo, Pedro Ma-tos, Vianinha, Oxigenado, Porunga, Baba,Cesar, Mauro, Pipiu, Alfredinho, Mitoto-nio e Nflton, entre outros. Em 52, 53 e54, 0 Ceara esteve mal e nao venceunenhum certame, provavelmente porquetinha se desfeito dos seus principais jo·gadores: Porunga, Pedro Matos, Baba eAlfredinho, alem de Paulo, Vianinha eOxigenado.

Os do is anos seguintes (55 e 56) tam-bem nao foram bons para 0 time de Po-.rangabu~u, com 0 Calouros do Ar e Gen·tilandia, respectivamente, campeoes dasduas temporadas. Foi Pipiu, um jogadorbaiano que chegou a ser idolo do For-taleza e Ceara, onde jogou, quem dirigiuo Gentilandia em 56. Ele tambem jogou.

. Com 0 elenco totalmente reformulado,() Ceara partiu para a conquista de mais

jDelega~ao do Ceara recebidapor Juracy Magalhaes, no Palacio daAclama~iio, na Bahia,em 59

outro bicampeonato, vencendo os cam· Com Aloisio, William, Alexandre, Beniciopeonatos de 57 e 58, usando esses joga- (ou Damasceno) e Carneiro; Ruberval edores: Ivan, Harry-Carey, William, Alexan- Charuto; Carlito, Ivan Carioca, Gildo edre, Damasceno, Carneiro, Claudio, Bira, . Expedito, time·base, 0 tri foi ficando cadaNenen, Lascinho, Zezinho Ibiapino, Gui- vez mais facil, terminando com a vit6riaIherme, Pelado, Becao, Clarindo, Walter de 3 a 2 no jogo final, contra 0 Ferrovia-Vieira e Doca, com Dengoso de treinador. rio, numa partida emocionante, pois 0 ai-

Em 59, 0 Fortaleza tirou 0 tricampeo- vinegro conseguiu virar 0 jogo no final-r.ato do Ceara, que tambem foi desclas- zinho; quando perdia de 2 a 1 - e 0sificado da Ta~a Brasil oelo Bahia, 0 empate servia para que 0 Ferrim ficassp.campeao. A perda do titulo foi atribufda, com 0 titulo.na epoca, 11 venda de dois jogadores - Em 64, disputando a Ta~a Brasil, depoisWalter Vieira e 0 goleiro H~rry-Carey - de veneer a Ta~a Norte/Nordeste, 0 Cea-para 0 Fortaleza. ra foi eliminado pelo Flamengo, que 0

o Fortaleza conseguiu 0 bicampeona- venceu em Fortaleza, por 2 a 1, e noto em 60, mas 0 Ceara, com as contra- Maracana, por 3 a 1. Contratou 0 treina-ta~6es de Gildo, Dunga, Ernane e Almir, dor Samuel Lopes e 0 Ceara ficou atealem do tecnico Janus Tratay, ja se pre- 69 sem conquistar urn titulo importante.parava para 0 tricamoeonato: 61, 62 e 63. Apenas foi 0 vencedor do Torneio Cente·A primeira providencia foi a contrata~ao nario de Tuiuti, em 67, e da Copa Estadodo goleiro Aloisio junto ao America, Gear- do Ceara, em 68.ge ao Nacional e Ruberval, que veio do Eliminando todos os adversariosRecife. 13 de Campina Grande, Sport Club, do

Recife, Nautico, do Recife, ABC e Alecrim,de Natal, CSA, de Alagoas, Clube doRemo, do Para, e Galicia, da Bahia -, 0Ceara em 69 ganhou 0 II Nordestao,dirigido por Gilvan Dias e, mais tarde,~rilton Ramos, usando esse elenco: Ju-randir, Ita, Helio, Daniel, Beto, Paulo,Artur, Laudenir, C~rlindo, Antonino, Lu-ciano, Magela, Zezinho, Gildo, Joacy, Lima,Chiclets, Gojoba, Osmar e Cicero, entreoutros.

Em 70, conseguiu um terceiro lugar,mas em 71 voltava a veneer 0 certamecearense, trazendo de volta ao clube,agora como supervisor, Ivonisio Mosca,um velho torcedor, acima de tudo, e di-rigente, que logo providenciou a contra-ta~ao de Marinho, pai de Paulo Cesar, doFlamengo, para treinar 0 time.

o campeonato foi ganho em cima dorortaleza, depois de uma celebre melhor-de-tres (primeiro jogo, 1 a 0 para 0 Cea-ra, gol de Gildo, depois dois empates:1 ale 2 a 2). Em seguida, 0 alvinegro

Os Cam~eiies do Nordestao de 69. Em pe, da esquerdll para a direita:Carlito, Helio, Jurandir, Paulo Afonso, Tiao,Oidi, Magela, Gojoba, Laudenir,

Cicero, Daniel, Ita e Carlindo. Agachados, na mesma forma: Gildo,Antonino, Beto, Dote, Artur. Osmar, Chicl~ts, Joacir e Zezinho.

foi convidado pela CBD 'para representaro Mebol do. Estado no Camp,eonato Na-cional, usando os mesmos jogadores quevenceram 0 campeonato: Helio, Jurandir,Pedrinho, Mauro Cruz (atualmente no Bo-

, tafogo, do Rio), Mauro, Nagel, Carlindo,Luis Carlos, Luciano, Magela, Artur, lima,Gildo, Marco Aurelio, Canete, Vitor, IvanLouren~o, Da Costa, Edmar e Chiclets.

No Nacional, sentindo 0 peso de umaestreia em termos nacionais, 0 tim'e ven·ceu apenas duas partidas (contra 0 Flumi·nense e 0 80tafogo, ambas por 1 a 0),mas conseguiu que 0 seu lateral-esquerdo,Carlindo, entrasse na sele~ao docam-peonato, a Bola de Prata, da revista Pia-car, de Sao Paulo. Alem de uma arreca-da~ao geral de Cr$ 1514,000,00, comuma media superior a 90 mil cruzeirospor partida (disputou 19 jogos). No meiodo Nacional, Marinho foi substituido porGerson dos Santos, tambem ex-jogadordo Botafogo.

No come'~o de 72, Gerson deixou a di-

Carlindo e Louro, a luta pelahev:emonia cearense.

re~iio do time e Ivonisio passou a acumu·lar os cargos de supervisor e treinador,dando 0 'bicampeonato ao Ceara, depoisde dispensar alguns jogadores (MauroCruz, Vitor, Gilberto, Morais, Ivan, lima,Gildo, Chiclets e' Pedrinho) e contrataroutros: Paulo Tavares, Odelio, Jorge Cosota, Otavio, Samuel, Teia e Belo (os dois(Iltimos ja dispensados).

No Nacional, onde fez excelente cam·panha, derrotando times como 0 Flumi·pense e Vasco da Gama, entre outros, eempatando com Botafogo, Bahia e CRB,de Alagoas', oor exemplo, contratou maistres jogadores, que servirao de refor~os,tambein, para a campanha do segundotricampeonato: Miguel, Dimas, que foi do80tafogo, e Nado, ex-Nautico e Vasco daGama, vindos do tradicional adversario,o Fortaleza. Para alguns dirigentes, 0ono de 72 foi 0 melhor de toda a suahist6ria. Para alguns, inclusive 0 super-visor e tecnico Ivonfsio Mosca, "0 de73 sera melhor ainda".

AOEF PROMOVE 0 ESPORTEAJUDAAMADORISTA DE FORTALEZA

Criada coni 0 objetivo deadministrar os estadios de For-taleza e proporcionar um maiorincentivo as -atividades esporti-

.vas amadoristas, a Administra-c;ao dos Estadios de Fortaleza

'(ADEF) vem .se constituindo numdos 6rgaos de maior atuac;ao nosetor, oferecendo um amploapoio ao programa do Prefeito.Vicente Fialho no que se relacio-na a assistencia aos bairros.

Administrandoe coordenandOtodas as atividades esportivas doEstMio Presidente Vargas, Gi-Msio Coberto Paulo Sarasate ede estadios suburbanos, tais co-mo os dos distritos de AntonioBezerra, Mecejana e Manoel Sa-tiro, a ADEF mantem 9streitocontato com as entidades espor-tivas locais, tanto as proHssionaisquanta as amadoristas, dando aestas ultimas amplas condic;oespara um maior desenvolvimentode esporte amadorista em Forta-leza.

da de equipes de outros Estados,notadamente de universitarios.Esses apartamentos, que funcio-narao inclusive com cate da ma-nha, deverao estar em funciona-.

.mento ate 0 final 'do mes de de-zembro. .

Tanto e que este ano, ale'm deoutras programac;oes, a' ADEFdeu ajuda financeira no montan-te de Cr$ 150.000,00 ~s federa-goes amadoristas para a exe-cuc;ao de seus programas espor-tivos, e de Cr$ 80.000,00 aos clu- .CAMPEONATObes suburbanos e entidades so-ciais para a formagao de suas Uma de suas principais pro-equipes. Com essa ajuda, preten- moc;oes, este ano, e 0 Primeirode a ADEF proporcionar melho- Campeonato de Bairros, com ares condigoes para que essas en- participagao de 30 equipes, to-tidades atuem satisfatoriamente, das dos suburbios de Fortaleza,de modo a que nao 56 os clubes Com esse campeonato visa aprofissionais, mas todos os ou- . AOEF, segundo '0 seu presidente,tros possam ter plenamente sa- Cel. Murilo Serpa, descobrir no-tisfeitas as suas necessidades. vos valores, para 0 futebol cea-

Atualmente, enquanto estuda rense, 0 que vem sendo feito comcom os clubes amadoristas uma ample sucesso. .forma de melhor utilizac;ao do Alem do futebol association, aGinasio Coberto Paulo Sarasate, ADEF est a construindo quadrasde modo a evitar a sua ociosida- esportivas nos diversos bairrosde, a ADEF esta elaborando pro- de Fortaleza, para a pratica dejeto para a implantagao de apar-· futebol de salao,voleibol e ou-tamentos, bem equipados, no tros, fazendo com que nao ape-proprio Gin,asio, com capacidade' nas os s6cios dos clubes elegan-para atendimento de 100 pes- tes possam praticar' esportes,soas, com vistas a facilitar ayen': mas toda a populac;ao.

CENTROS COMUNITARIOSHUMANIZAM FORTALEZA

A administra<;ao Vicente Fia-Iho vem se caracterizando pelatotal assistencia aos bairros deFortaleza. Mesmo sem es,queceras I"ealiza<;oes de vulto, como se-jam as av~nidas Aguanambi eBorges de Melo (ja construidas)e os projetos de outras mo·nlJmentais vias, como as aveni-das Leste-Oeste e Jose Bastos, a

,tonica da atual administra<;aomunicipal ha sido, sem duvida ai-guma, 0 amparo as familias su-burbanas, .ao operario, ao indus-triario, ao comerciario. E e assimque todos ,os percursos de I,i-nhas de onibus da capital cea-'rense jase encontram total men-'te asfaltadas, melhor'ando cem'por cento as condi<;oes de trans-'porte coletivo, bem 'como favo-recendo 0 beneficiamento decentenas de ruas dos chamadosbairros pobres. Uma politica cer-ta que visa, conseqOentemente,a humarliza<;ao de Fortaleza.

Ainda dentro da programa<;aode assistencia social as popula-<;oes dos bairros, 0 prefeito Vi-'cente Fialho ja inaugurou doisCentros Comunitarios, devendo,ao final de .-seu governo,' inaugu-

, rar :nais do is. 0 primeiro, loca-Iizado no bairro de Henrig,!Je,

Jorge, beneficia mais quatro bair-ros. Trata-se do Centro Comuni- .tario Governador Cesar Cals deOliveira Filho e e dotado de par-que aquatico, para' crian<;as eadultos, biblioteca, servi<;o me-dico, quadra de esporte amador,campo de futebol association,auditorio, salao de jogos demesa, alem de cursos de madu-reza ginasial, corte e costura,artesanato. ballet. xadrez. man-tendo, ainda, Grupo de escotei-ros, Banda de musica, grupo deteatro, curso de bombeiro hi-draulico e ascolinha de jardimde infancia.

o Centro Comunitario Gover-nador Cesar Cals tem, no mo-mento, 1.000 familias matricula-das, numa media de 6.000 asso-ciados. Em seu quadro cje pes-soal, destacam-se um pedagogo,2 assistentes sociais, 1 medico,2 dentistas, 2 farmaceuticos bio-quimicos e 1 professora jardi-neira.

o segundo Centro Comunitario(Centro Comunitario e de Profis-sionaliza<;ao Presidente Medici)'foi inauguradorecentemente nobairro de Aerolandia e esta emfase de implanta<;ao, devendo

funcionar nos mesmos moldes doprimeiro.

o minist.ro da Educa<;ao, Jar-bas Passarinho, em recente vi-sita considerou os centros co-munitarios de Fortaleza uma ex-periencia amplamente vitoriosa eassim se tem manifestado todos,

.os grandes vultos que os visitam.Uma obra de grande alcance so-cial do Prefeito Vicente Fialho.

LEMBRASDESTE

SENHORl

Em 19i9, num jogo entre Remo e Pais-sandu, decidindo 0 Campeonato Paraen·5e, Aurelio Bentes Teixeira, jogando peloPalssandu, que ha oito anos nao conse-guia 0 titulo regional, subiu para cabe-(ear uma bola dentro da area, quandoOuca Motta armou uma cama de gato,Ele caiu e fraturou 0 brac;o em tres lu-E:ares, mas conseguiu fazer 0 gal.

- 0 jogo terminou ern i a 0, Sa! docampo, logo depois da cabec;ada, e osmeus companheiros garantiram 0 escoree 0 campeonato. Tinha uns 17 para i8anos, era bem garoto. Por isso, a torcidapassou a me chamar de 0 garoto davi·to'ria,E a coisa foi ficando. Pouco depois,ninguem me chamava mais de Aurelio,era so Vitoria, VitOria. Ai, ficou Vitorio.

Vitorio (fez 71 anbs em dezembro de72) comec;ou a jogar com onze anos, noinfantil do Brasil, em Belem, no Para,

onde nasceu. Ficou ate 1918, se trans·ferindo af para 0 Paissandu, jogando ate21' nesse clube, quando resolveu irpara fortaleza, para trabalhar nas obrascontra as secas.

~ Ouando cheguei na esta9aO encon·trei 0 Pau Amarelo, que tinha jogado co-migo no Brasil e estava no Ceara. Ele me

. If:VOU ate os diretores do alvinegro e;lcabei assinando inscri~ao oelo clube.Entrei no time e fiquei.

Em 22, na campanha do Centenario,foi um dos melhoresjogadores do time,fazendo 18 gols em todo 0 campeonato -era 0 cobrador oficial de faltas. Na par·tida final, vitoria de 4 a 1 sobre 0 For-laleza, no Camoo do Prado (hoje EscolaTecnica do Ceara), marcou do is gols (0segundo e 0 terceiro), com Pau Amareloe Valter Barroso completando a goleada.

- Humberto Ribeiro fez 0 gol do For·taleza. Nessa partida, 0 gol mais bonitoque marquei foi 0 terceiro: a bola foicentrada por Braulio, ponta·esquerda, epingou sobre a area. Numa agilidade da·nada, enfiei a bola no fundo da rede doFortaleza, sem chances para 0 goieiroPeter defender.

VIYORIO

Depois desse gol, a torcida paSSOl! ajogar chapeus, bengalas, oara 0 campo,batendo insistentes palmas ate 0 fim dojogo. Depois, quando 0 time passeou, emcarro aberto, pela Pra~a do Ferreira, asmo~as jogavam cravos para os seus ido·los:

- Era um bom tempo.Vilorio jogou ate 38 e acumulou varios

titulos como jogador. Mas nunca quis reoceber um tostao do clube, nem mesmoquando abandonou 0 futebol e passou atreinar 0 time, ganhando mais titulosainda.

- Em 39, fomos campe6es invictos,perdemos 0 de 40 e fomos bicampei'ies.em 41 e 42. Entao, deixei 0 Ceara e fuicuidar um pouco da minha familia, queestava em Pacatuba, no interior do Cea·ra mesmo. Voltei em 47, com 0 PresidenteJoao Furtado, e fomos campe6es outravez. So nao fui ao jogo final, porque es-tava muito doente. Depois do campeonatode 48, abandonei 0 futebol definitivamen·te e nunca mais fui ao Presidente Vargas.Escuto os jogos e tor~o, mas nao gostode ir ao campo. Porem estou sempre emrorangabu~u, conversando com 0 tecnico

Vit6rio,campeaQ em 22.

e os jogadores.Vitorio jogava em todas as poslGoes,

mas preferia ser escalado como zaguelro-central (ou beque de espera, como diziamna epoca). Nunca foi expulso de campo,mas nao recebeu 0 trofeu Belfort Duarte,dado ao atleta quenunca cometeu umaindisciplina em campo, num per/odo de10 anos seguidos.

Atualmente e aposentado oelo INPS.Depois que largou a dire~ao tecnica doclube, teve um bar e restaurante per·to do est<3dio. onde conseguiu ganharo dinheiro suficiente para educar seusfilhos.

- Nunca deixei que eles jogassemfuteboL Ouis que todos se formassem.Foi por causa de futebol que nao meformei em Economia. E sempre sonhei em

. ser economista.Ete acha que 0 futebol hoje, oor ser

mais corrido, oerdeu muito a sua beleza,c sua arte, mas concorda que 0 Ceara2tue de uma forma veloz, po is "todos osGOSSOSadversarios, agora, se preocupammais em correr, ganhar a partida, do queapresentar um bom espetaculo para ostorcedores" .

MITOTONIO

A torcida do Ceara se lembra muitobem de Alfredinho (que jogou pelo Santos,mais tarde, e atualmente e treinador nointerior paulista), Baba (0 ponta·esquerdado Flamengo), Alencar (0 que foi do Pal·meiras), Pintado (goleiro, que acabou noMadureira), 0 baiano Sa Filho, Carneiro,Pipiu (outro jogador vindo da Bahia), Po·runga, Hermenegildo, Carlito, Gildo, Iva(0 goleiro) e Arist6bulo Mesquita (agorafuncionario do Flamengo).

E se lembra com muito mais carinhoainda da figura desajeitada, andar desen·gon~ado, de Mitotonio, um ponta-esquerdanascido em Camocim, no interior do Cea·ra, que veio muito cedo para a capital,onde jogou pelo Fortaleza DOUCO tempo,transferindo-se em seguida - juntamen·te com Hermenegildo - para Poranga-bu~u, ficando 10 anos la.

Saiu apenas uma vez do clube, quandoeste criou um Iitigio com a Federa~aoCearense, indo para 0 Sport Club do Reci-

fe e conquistando imediatamente 0 cari·nho da torcida pernambucana - alem deser considerado, meses depois, 0 melhorjogador do Estado, segundo a cronica es-portiva do Recife. Foi com Hermenegildopara Pernambuco. E, com ele, voltou aoCeara.

A morte chegou para Mitotonio numdomingo, no Estadio Presidente Vargas,contra 0 Gentilandia (hoje extinto). Antesda partida, tinha comido uma panelada,um prato parecido com a dobradinha. Nomeio do jogo, sentiu-se mal e foi diretopara 0 hospital, onde morreu pouco de·pois: nao resistira a congestao. Hoje, aconcentra~ao dos jogadores do Ceara, naPua Machado de Assis, tem 0 seu nome:Alojamento Mitotonio. E ha uma foto suahem grande na entrada.

No dia 1.0 de abril de 1973, Mitotoniocom pi eta 22 anos longe da sua tore ida,oue, por certo, como todos os anos, man-dara celebrar uma missa.

II

II

Mitotonio veio para 0 Ceara em 1940, jun·tamente com 28, Aluisio e Gaviao, que Iide·rou urn mcvimento de rebeldia no Fortalezae promoveu a transferencia para Porangabu·!iU do seu grupo.

Meus primeiros contatos com ele come!ia·ram em 49, quando fui incluido na diretoriado clube, estreitando-se muito mais aindzesse nosso ralacionamento em 51, quando in·elusive assumi a direcao tecnica e cllnvivimuito m.ais com ele, que considero 0 atlet2mais dedicado que vestiu a camisa do nossoclube e, por isso mesmo, 0 atleta-padraodo Ceara. Foi exemplo ate 0 fim de sua vida,em 51, no dia 1.0 de abril.

Tinha urn tipo fisico comum no nordesti·no - baixo, forte, tacitiJrno -, po·ssula co·mo principal caracterlstica a potencia nochute: 0 mais forte que vi em toda minhavida esportiva. T1mido, as vezes ate demais,tirou poucas fotografias, mas foi 0 respond·vel por tantas e tantas vitorias do Ceara. Jo·gava sempre, bom au doente, machucado ounao. Ate que deu a sua propria vida, em earn·po, pelo Ceara. Mitotonio, na sua epoca, reopresentav2 muito mais do que urn mito. Muitomais que qualquer jogador nordestino. 0 seufutebol objetivo - e de muitos gols - Ie·vcu varios clubes dl) Sui a se interessarpelo seu jogo.

Mas Mitotonio preferiu morrer no clube quesempre am au, defendendo a mesma camisaQue 0 consagrara, deixando para as outras ge·ra'!ioes urn exemplo de am or a camisa, que 0profissionalismo tanto desestimulou e desmo·tivou. Num momento em que pedem para eufalar de Mitotonio, lamento aiJenas que 0maioriogadcr alvinegro nao este.ia tao vivoneJ memoria do desportista, esquecido pel aevolu!iao do futebol, pela mudan!ia dos ldolos.

o meu reconhecimento· ao futebol e ao atle-ta que foi Mitotonio tenta servir apenaspara manter acesa, bem viva ainda, a suaimagem como Idolo - 0 maior deles - doCeara Sporting.

IVONfSIO MOSCA DE CARVALHO