Ceci Gestão do patrimônio cultural integrado

download Ceci Gestão do patrimônio cultural integrado

If you can't read please download the document

Transcript of Ceci Gestão do patrimônio cultural integrado

  • l!ciTersidade Federal de Pernambuco R.:'i:m:P:u:. ~fozart :\eves Ramos \'k-e Reimr. Prof. Geraldo Jos Marques Pereira iDiretora da Editora Universitria: Prof.a Ana Maria de Frana Bezerra

    Comisso Editorial Pr::s-J....>nze Prof.a Clia Maria Mdicis Maranho

    Titulares .:\.'la ~faria d e Frana Bezerra 6ercio de Barros Neto Carlos Teixeira Brandt Dilosa Caravalho de A. Barbosa H\io Henrique A. Brainer :XellY :\fedeiros de Carvalho Roberto Gomes Ferreira Gabriela. Martin V alderez Pinto Ferreira

    Design Caleidscopio - Escritrio de Design GiselaAbad :\llichelle Paulino Adriana Oliveira

    Gesto do Patrimnio Cultural integrado == Gestin del Patrimonio Cultural Integrado / Jukka J okilehto ... et al. ; apresentao e organizao Slvio Mendes Zancheti / UFPE / Centro de Conservao Integrada Urbana e Territorial. Programa de Ps-Graduao em Desenvol-vimento Urbano. - Recife : Ed. Universitria da UFPE, 2002.

    316 p. : il.

    Inclui bibliografia. ISBN 85-7315-177-3

    l.Desenvolvimento urbano -Gesto do Patrimnio Cul-tural Integrado. 2. Revitalizao urbana - reas histri-cas. I. Jokilehto, Jukka. II. Zancheti, Slvio Mendes.

    711.4(091) 711.409

    ISBN 85-7315-177-3

    All Rights Reserved

    CDU (2.ed.) CDD (20.ed.)

    UFPE BC/2002-040

    Centro de Conservao Integrada Urbana e Territorial Universidade Federal de Pernambuco Rua do Bom Jesus, 224, 4 andar 50030-170 Recife-PE-Brasil fone: 81 3224-5060 fax: 81 3224-5662 http:/ /www.ceci-br.org e-mail: [email protected] 2002

    Suplentes ngela Maria Barbosa Neves Jos Thadeu Pinheiro Maud Fragoso Perruci Gilda Maria Lins de Araujo J oslia Pacheco de Santana Clia Maria da Silva Salsa Pedro Lincon C. L. de Matos

    Traduo Juan Ignacio Jurado - Centurin Lopes Juan Pablo Martin Rodrigues

    Reviso Margarida Michel

  • GESTO do PATRIMNIO CULTURAL INTEGRADO

    GESTIN dei PATRIMONIO CULTURAL INTEGRADO

    CENTRO DE CONSERVAO

    I NTEGRADA URBANA E TuRRJTORIAL

    PROGRAMA DE P s-GRADUAO

    EM DESENVOLVIMENTO URBANO

    U NI VERSIDADE FEDERAL DE

    p E R N A M B U C O

    WRLD HERTTAGE CENTRE

    UN!TED NATIONS EDUCATIONAL,

    S c1ENTIFJCAL AND C U LTURA L

    RGANIZATION

    l NTERNATIONAL CENTRE FOR THE

    STUDY OF THE PRESERVATION ANO

    RESTORAT!ON OF' THE C ULTURAL

    p R O P E R T Y

    R E C F E

    2 00 2

    e E e 1

  • Sumrio Slvio Mendes Zancheti Apresentao 7 Presentacin 9

    -1 i_ Jukka Jokilehto

    Conceitos e idias sobre conservao 11 Conceptos e ideas sobre conservacin 20 Bibliografia 29

    2 Toms Lapa e Slvio Mendes Zancheti Conservao Integrada Urbana e Territorial 31 La Conservacin Integrada Urbana y Territorial 37 Bibliografia 43

    3 Fernando Carrin Vinte temas sobre os centros histricos na Amrica Latina 45 Vinte temas sobre Los centros histricos en Amrica Latina 51 Bibliografia 57

    4 Nonna Lacerda Os valores das estruturas ambientais urbanas: consideraes tericas 59 Los valores de las estructuras ambientales urbanas: consideraciones tericas 65 Bibliografia 70

    5 Slvio Mendes Zancheti O valor econmico total dos bens patrimoniais e ambientais 71 El valor econmico total de los bienes patrimoniales y ambientales 75 Bibliografia 78

    6 Slvio Mendes Zanchet O desenvolvimento sustentvel urbano 79 El desarrollo sostenibJe urbano 84 Bibliografia 89

    7 Norma Lacerda Globalizao e identidades locais 91 Globalizacin e identidades locales 95 Bibliografia 98

    8 Virgnia Pontual A referncia cultural e o planejamento da conservao integrada 99 La referencia cultural y el planeamiento de la conservacin integrada 105 Bibliografia 111

    9 Virgnia Pontual A gesto da conservao integrada 113 La gestin de la conservacin integrada 118 Bibliografia 123

    10 VeraMlet Base de informao para as tarefas da gesto 125 Base de informacin para las tareas de gestin 133 Bibliografia 141

    11 /\na Rita S Carneiro Mtodos de anlise dos bens materiais naturais e culturais visando conservao Mtodos de anlisis de los bienes materiales naturales y culturales visando la conservacin urbana Bibliografia

    12 Ann Rita S Carneiro e VeraMilet Mtodo de anlise dos bens imateriais e mtodo de leitura da imagem de uma

    143

    148 152

    rea urbana para sua reabilitao 153 Mtodo de anlisis de los biens inmateriales y mtodo de lectura de la imagen de una rea urbana para su rehabilitacin 157 Bibliografia 161

  • 13 Ftima Furtado O processo de Monitoramento, Avaliao e Controle de Projetos 163 El proceso de acompafamiento, valoracin y Control de Proyetos 169 Bibliografia 174

    14 Herb Stovel Monitoramento para o gerenciamento e conservao do patrimnio cultural 171 El seguimiento para la gestin y la conservacin dei patrimonio cultural 181 Bibliografia 190

    15 Ricardo C. Furtado Metodologias para Avaliao de Impactos Ambientais de Cidades 191 Metodologas para la valoracin de Impactos Ambientales de Ciudades 197 Bibliografia 203

    16 Toms Lapa A prospectiva no planejamento da conservao integrada 215 La prospectiva en la planificacin de la conservacin integrada 218 Bibliografia 220

    17 Toms Lapa Metodologia de construo de cenrios 221 Metodologa de construccin de escenarios 225 Bibliografia 228

    18 Toms Lapa Formulao de proposies alternativas 229 Formulacin de las proposiciones alternativas 231 Bibliografia 232

    19 Lus de la Mora Os desafios a superar para desenvolver programas de conservao urbana integrada 233 Los desafios a superar para desarrollar programas de conservadn urbana integrada 238 Bibliografia 243

    20 Lus de la Mora A institucionalizao dos processos de negociao para assegurar a sustentabilidade dos projetos de conservao urbana integrada 245 La institucionalizacin de los procesos de negociadn para el aseguramiento dei carcter sostenible de los proyectos de conservacin urbana integrada 251 Bibliografia 257

    21 NeyDantas A produo da imagem da cidade 259 La produccin de la imagen de la ciudad 265 Bibliografia 272

    22 Dora Arizaga Guzmn Processo .de financiamento de projetos de conservao urbana 273 Proceso de financiacin de proyectos de conservacin urbana 279 Bibliografia 285

    23 Circe Maria Gama Monteiro Revitalizao, habitao em reas histricas e a questo da gentrificao 287 Revitalizacin, vivienda en reas histricas y la cuestin da la gentrificacin 291 Bibliografia 295

    24 Sueli Ramos Schiffer A conservao urbana e a superao da pobreza 297 La conservacin urbana y la superacin de la pobreza 305

    ~ Bibliografia 314

  • l\presentao

    1

    A gesto da conservao integrada urbana e territorial um novo campo disciplinar que procura reunir teorias, conceitos e experincias reais, de modo a formar uma prti-ca planejada de ao pblica para a conservao e o desenvolvimento das cidades contemporneas.

    A origem dessa nova disciplina recente, pois surgiu da convergncia de duas matri-zes de pensamento do planejamento urbano e territorial contemporneo: A da conservao integrada, formulada inicialmente pelo urbanismo progressista italiano dos anos 1960/70, e que encontrou sua expresso maior no Manifesto de Amsterd, de 1975; A do desenvolvimento sustentvel, elaborada a partir dos preceitos apresentados pela Comisso Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e que levou Agen-da 21 e a seus desdobramentos urbanos.

    A conservao integrada trouxe em seu bojo contribuies tericas e prticas mais antigas e consolidadas, especialmente aquelas das teorias da conservao e do restau-ro da arquitetura e da obra de arte. Por sua vez, o desenvolvimento sustentvel restabe-leceu a viso de longo prazo, mostrou a importncia da relao intergcraes, e enfatizou a importncia do planejamento multidimensional da cidade, segundo os preceitos de uma nova tica a respeito da conservao ambiental e da eqidade social.

    A conservao integrada um principio fundamental para a conceituao do desen-volvimento sustentvel urbano, especialmente porque restabelece a cidade como um artefato histrico-cultural que estabelece o nexo entre as geraes. Nesse sentido, a cultura aparece como uma dimenso de mesma importncia que a economia e a polti-ca em qualquer estratgia de implantao de polticas de desenvolvimento sustentvel. O conceito de gesto est sendo adotado como uma forma de reconhecimento da im-portncia dos processos de negociao em participao poltica na tomada de decises para o planejamento urbano contemporneo.

    Apesar da slida base conceihial e prtica dos seus alicerces, a nova disciplina da gesto integrada da conservao carece ainda de pesquisas, sistematizaes e snteses que permitam consolidar esse corpo de conhecimentos. Inmeros tm sido os esforos acadmicos e profissionais para gerar e organizar esse corpo.

    O programa ITUC (Integrated Territorial and Urban Conservation), lanado e coorde-nado pelo 'Centro Internacional para o Estudo da Preservao e do Restauro do Patrimnio Cultural' (ICCROM), tem capitaneado esse processo. Desde 1995, vrios encontros, seminrios e "workshops" foram realizados para discutir os fundamentos da nova disciplina e sistematizar o conhecimento cxistente.1

    O CECI tem participado da rede ITUC como ativo membro. Desde 1997, foram realiza-dos quatro cursos de especializao em gesto da conservao integrada para tcnicos da Amrica Latina. Em 2002, foi lanado o primeiro curso de especializao a distn-cia para fornecer oportunidades de treinamento a um maior nmero de pessoas do continente. Esse trabalho de formao est sendo acompanhado por um grande esfor-o de pesquisa e publicao de estudos para criar e organizar o corpo de conhecimen-tos da nova disciplina.2

    Este livro apresenta um dos produtos do trabalho de sistematizao do CECI. Pela primeira vez se d a conhecer um conjunto completo e suficiente de conceitos, teorias e recomendaes prticas para a implantao da gesto da conservao integrada em reas urbanas histricas. Entretanto, este livro no um 'manual' prtico, pois est

    1 Foram realizados encontros em Roma (1995 e 2001), Montreal (1996), Recife (1998), Malta (2000), e Quito (2000). 2 O website do CECI (www.ceci-br.org) apresenta as principais atividades e realizaes da instituio.

  • dirigido para o treinamento de especialistas em gesto da conservao integrada. , antes de tudo, um instrumento de auxlio para a formao e qualificao profissional do gestor da conservao integrada, mas que pode auxiliar, tambm, pesquisadores e especialistas no assunto.

    A estrutura do livro foi organizada com base na metodologia de gesto da conservao integrada concebida pelo CECI e que tem sido utilizada nas pesquisas, nos treinamen-tos e nas assessorias tcnicas realizadas pela instituio nesses cinco ltimos anos. Essa metodologia foi inicialmente concebida para formatar o programa ITUC interna-cionaP e foi aperfeioada ao longo dos cursos de especializao e pesquisas do CECJ.

    O livro uma obra coletiva que contou com a colaborao do corpo de pesquisadores do CECI e de especialistas de renome internacional, que tm estado na linha de frente do programa ITUC.

    Todo esse esforo intelectual no teria sido possvel sem o decisivo apoio institucional e financeiro que a UNESCO, o World Heritage Centre e o ICCROM tm fornecido ao CECI desde 1997.

    3 Zancheti S. M., Jokilheto J. (1996). Reflections on integrated urban conservation planning. http://www.ceci-br.org/Textos/ smz-reflections.doc

    '

  • Presentacin La gestin de la conservacin integrada urbana y territorial es un nuevo campo disci-plinar que procura reunir teoras, conceptos y experiencias reales, de modo que forme una practica planificada de accin publica para la conservacin y el desarrollo de las ciudades contemporneas.

    EI origen de esa nueva asignatura es reciente, pues surgi de la convergencia de dos matrices de pensamiento de planificacin urbana y territorial contemporneo:

    La de la conservacin integrada, formulada inicialmente por el urbanismo progresista italiano de los anos 1960/1970, y que encontr su expresin mayor en el Manifiesto de msterdam, de 1975;

    La del desarrollo sustentable, elaborado a partir de los preceptos presentados por la Cornisin Mundial sobre Medio Ambiente y desarrollo y que llevo a la agenda 21 y a sus desdoblamientos urbanos.

    La conservacin integrada trajo en su bojo contribuciones tericas y practicas ms antiguas y consolidadas, especialmente aquellas de las teoras de la conservacin y de la restauracin de la arquitectura y de la obra de arte. Por su vez, el desarrollo sostenible restableci la visin a largo plazo, mostr la importanca de la relacin intergeneracional y enfa tiz la importanca de la planificacn multidimensional de la ciudad, scgn los preceptos de una nueva tica a respecto de la conservacin ambiental y de la equidad social.

    La conservacin integrada es un principio fundamental para la conceptuacin dei desarrollo sostenible urbano especialmente porque restablece la ciudad como un artefacto histrico-cultural qu~ establece el nexo entre las relaciones. En ese sentido la cultura aparece como una dimensin de la rnisma irnportancia que la economa y poltica en cualquier estrafgica de implantacin de poltica de desarrollo sostenible. El concepto de gestin est siendo adoptado como una forma de reconocimiento de la importancia de los procesos de negociacin en participacin poltica.en la tomada de decisiones para la planificacin urbana contempornea.

    A pesar de la slida base conceptua 1 y practica de los apoyos, la nueva disciplina de la a gestin integrada de la conservacin carece an de investigaciones, sistematizaciones y sntesis que permitan consolidar ese cuerpo de conocimientos. Innmeros han sido los esfuerzos acadmicos y profesionales para generar y organizar esc cuerpo.

    El programa ITUC ( Integrated Territorial and Urban Conscrvation), lanzado y coordinado por cl centro internacional para el estudio de la preservacin y de la restauracin del patrimonio cultural ( ICCROM) ha capitaneado ese proceso. Desde 1995 varias encuentros, seminarios y workshops fueron realizados para discutir los fundamentos de la nueva disciplina y sistematizar el conocirniento existente. 1

    E! CECI ha participado de la red ITUC como miembro activo. Desde 1997, fueron reali-zados cuatro cursos de especializacin en gestin de conservacin integrada para tcnicas de Amrica Latina. En 2002, fue Janzado el primer curso de especializacin a distancia para fornecer oportunidades de entrenamiento a un mayor numero de personas del continente. Ese trabajo de formacin est siendo acompaf.ado por un gran esfuerzo de investigacin y publicacin de estudios para crear y organizar el cuerpo de conocimientos de la nueva asignatura. 2

    Este libro presenta uno de los productos dei trabajo de sistematizacin del CECI. Por primera vez se da a conocer un conjunto completo y suficiente de conceptos, teoras y

    1 Fueron realizados encuentros en Roma (1995 y 2001) Montreal (1996), Recife (1998), Malta (2000), y Quito (2000) 2 E! website dei CECI (www.ceci-br.org) presenta las principales actividades y realizaciones de la institucin

  • recornendaciones practicas para la irnplantacin de la gestin de la conservacin inte-grada en reas urbanas histricas. Entre tanto, este libra no es un manual practico, pues esta dirigido para el entrenamiento de especialistas en gestin de la conservacin integrada. Es, antes de Lodo, un instrumento de auxilio para la formacin y calificacin profesional del gestor de la conservacin integrada, pero que puede auxiliar, tambin, a investigadores y especialistas en el asunto.

    La estructura del libra fue organizada con base en la metodologa de gestin de Ia conservacin integrada concebida por el CECI y que ha sido utilizada en las investigaciones, en los entrenamientos y en las asesorias tcnicas realizadas por la institucin en estos cinco ltimos anos. Esa metodologa fue inicialmente concebida para formatear el programa ITUC intcrnacionaP y fue perfeccionada a lo largo de los cursos de especializacin e investigaciones del CECI.

    El libra es una obra colectiva que cont con Ia colaboracin del cuerpo de investigado-res del CECI y de los especialistas de renombre internacional, que han estado en la lnea de frente del programa lTUC

    Todo ese esfuerzo intelectual no habra sido posible sin el decisivo apoyo institucional y financiero que la UNESCO, el World Heritagc Centre y el ICCROM han fornecido ai CECI desde 1997.

    3 Zancheti S.M., Jokilehto j. (1996). Reflections on integrated urban conversation plannning. http:/ / www.ceci-br.org/Textos/ smz-reflections.doc

  • . i

    J

    1

    1 Conceitos e idias sobre conservao

    Jukka Jokilehto Resumo

    O documento traa a evoluo dos conceitos relacionados com a definio, proteo, restaurao e conservao do patrimnio cultural do sculo dezenove para o sculo vinte. Isso inclui uma nota sobre os diferentes tipos de patrimnio, de runas a edificaes histricas, cidades histricas e paisagens culturais. As principais aborda-gens restaurao e conservao foram mencionadas, assim como os desenvolvimen-tos mais recentes no planejamento e desenvolvimento de reas histricas. Foi dada ateno s noes de autenticidade e integridade, bem como dimenso intangvel do patrimnio. Alm disso, foi brevemente salientado o desenvolvimento da colaborao internacional na segunda metade do sculo 20.

    Conceitos Processo de conscientizao: A sociedade moderna atra-vessou um processo de transformao, resultando em jul-gamentos de valores diferentes quando comparados com a sociedade tradicional. A Idade da Razo, no sculo 18, refletiu-se na definio da verdade em relao histria humana, concluindo que a histria feita pelos homens, e que seu verdadeiro significado s pode ser compreendido quando especificado em cada c:mtexto cultural relevan-te. Os valores so produtos de processos culturais~e rela-tivos s culturas envolvidas. Isso levou ao reconnecimcn-to da pluralidade de valores e diversidade cultural na sociedade.

    A sociedade moderna aprendeu a perceber o ambiente em referncia ao conceito moderno de historicidade, reconhe-cido como um valor. Ns tendemos a 'historicisar' tudo que nos cerca. Considerando as atividades humanas uma representao do universo da humanidade, cada expres-so genuna de uma cultura individual pode ser associa-da com valor universal como parte do todo. A Conveno sobre Herana Mundial da UNESCO (1972) refere-se no-o de 'valor universal de destaque' como uma exigncia para a inscrio na Lista do Patrimnio da Humanidade. As localidades que se qualificarem so entendidas como as mais representativas, expresses autnticas de tipos particulares de patrimnio em cada cultura, ou culturas.

    Valores culturais incluem: Valores de identidade (idade, tradio, espiritual, simblico), em referncia a tradi-o e identidade; valores relativos artsticos ou tcni-cos baseados na pesquisa, em relao a outros traba-lhos do mesmo autor ou na mesma cultura ou culturas similares; valor de raridade indica a importncia rela-tiva de um recurso visto em seu contexto.

    Valores socio-econmicos incluem: valor econmico em relao ao patrimnio visto como um recurso, uma considerao essencial relacionada com a avaliao de custo-benefcio; valores funcionais e de uso, inclu-indo turismo; valor poltico .

    11

    Definio de patrimnio: o aspecto fundamental na con-servao de qualquer recurso do patrimnio cultural (quer seja um traballio artstico, uma edificao ou re histrica) est em sua definio e no reconhecimento singular de seus aspectos tangveis e intangveis, sempre que for proposto para restaurao. Esse reconhecimento em si prprio j parte da restaurao e a base para um julgamento critico referente ao tratamento requerido.

    Restaurao: tem sido definida como o momento metodolgico do reconhecimento do trabalho (recurso patrimonial) na sua consistncia fsica e no seu significa-do (esttico e histrico), em vista de sua transmisso para o futuro. O foco da restaurao o objeto material, e o objetivo restabelecer a potencial unidade do elemento, tanto quanto possvel, sem. que se cometa uma fraude histrica ou artstica, e sem eliminar traos de sua passa-gem pelo tempo (Brandi 1963). A restaurao geralmente requer conhecimentos e habilidades de especialistas.

    Conservao: pode ser tomada como o termo geral para a salvaguarda e proteo da patrimnio histrico, e como a ao de preveno da sua decadncia. Ela engloba todos os atos para prolongar a vida de nosso patrimnio cultural e natural, sendo seu objetivo apresentar a todos que usam e contemplam maravilhados as edificaes histricas as mensagens artsticas e humanas que essas edificaes possuem (Feilden, 1982:3). A conservao geralmente tomada como um termo geral relacionado com a proteo do patrimnio cultural e natural, inclu-indo reas histricas e paisagens culturais, cujos ba-lano e natureza especificas dependem da fuso das partes de que foram compostos, incluindo atividades humanas, edificaes, organizao espacial e arredores (UNESCO 1976, #3).

    Conservao integrada: alcanada pela aplicao de tc-nicas de restaurao sensveis e pela escolha correta de funes apropriadas no contexto de reas histricas, le-vando em conta a pluralidade de valores, tanto econmi-cos como culturais, e visando julgamentos equilibrados.

  • ~

    Desenvolvimento sustentvel: tem sido definido como a ;:>acidade de a humanidade assegurar que se supram as necessidades do presente sem comprometer a capaci-dade das futuras geraes de suprir suas prprias neces-sidades (UN, 1978).

    Desenvolvimento culturalmente sustentvel: implica de-senvolvimento baseado em valores e idias compartilha-das e nos padres intelectuais, morais e estticos da co-munidade.

    Da restaurao de monumentos conservao integrada

    Background: Os conceitos modernos relacionados com a conservao do patrimnio cultural e natural esto funda-mentalmente relacionados com o desenvolvimento da modernidade. Esse desenvolvimento comea no sculo de-zoito, embora baseado em raz.es .mais antigas. A prpria modernidade marcada por vrias mudanas na socieda-de, indo de inovaes tcnicas e cientificas a aspectos soci-ais e econmicos e a reflexes filosficas e culturais. O con-ceito de patrimnio cultural baseado no novo conceito de histria. Foi proposto que o significado real e verdadeiro de objetos e estruturas que formaram tais patrimnios somente poderia ser entendido quando visto no contexto cultural especifico ao qual eles pertenciam. Tais conceitos foram for-mulados especialmente por meio da contribuio de Gionanni Battista Vico (1668-1774), na Itlia, e Johann Gottfried Herder (1744-1803), na Alemanha. Essa abertura levou ao pluralismo e ao reconhecimento da diversidade cultural, associada a valores no necessariamente mensurveis. A evoluo foi particularmente marcada na idade do Romantismo, do fim do sculo dezoito at a pri-meira metade do sculo dezenove. A tarefa de um artista mudou da busca da 'beleza ideal', vista em termos absolu-tos como era no Classicismo, ao reconhecimento da unicidade de cada contribuio autntica e inovadora no Romantismo. Na sociedade tradicional, um objeto era reco-nhecido principalmente em relao sua funo; na modernidade emergente, pelo contrrio, os objetos herda-dos do passado eram associados a um valor histrico e a uma personalidade cultural e artstica especficos.

    Monumentos da Antigidade: Na segunda metade do s-culo dezoito, o campo de ao do reparo de monumentos da antigidade em Roma comeou a refletir conceitos moder-nos de restaurao. Para isso contribuiu johann Joachim Winckelmann (1717-68), um professor alemo apontado como o responsvel por monumentos antigos em Roma, e que reconheceu a qualidade artstica especifica de um tra-balho de arte (especialmente da Antigidade Ossica) en-tendido apenas mediante de um estudo meticuloso. Como resultado, ele foi chamado o pai da arqueologia moderna. Em conseqncia da Revoluo Francesa, quando idias nacionalistas eram integradas com o desenvolvimento, o famoso artista neoclssico Antonio Canova (1757-1822), Inspetor de Belas Artes em Roma, supervisionou algumas das primeiras restauraes do Frum Romano, colocando em pratica as idias de Winckelmann. As restauraes do Coli..~ e do A.rco de Tito so exemplos clssicos, projetados

    12

    por Raffaele Stern (1774-1820) e Giuseppe Valadier (1762-1838). Stern objetivou, principalmente, a conservao da es-trutura histrica, usando simples contrafortes como refor-os. Valadier foi mais longe, visando ao restabelecimento da forma arquitetura 1 do monwnenlo, enquanto distinguia ainda o trabalho novo do antigo. Por exemplo, na restaura-o do antigo Arco do Triunfo de Tito, no Frum Romano (1818-22), so construdas novas partes em travertino com detalhes simplificados, de fonna a mostrar claramente a es-trutura original em mrmore. Essa idias foram levadas a outros pases, como por exemplo Frana e Grcia, e se toma-ram referncias-padres para trabalhos de restaurao pos-teriores, tendo reflexos nos princpios modernos expressos na Carta de Veneza (1964). Na Acrpole de Atenas, ares-taurao do Templo de Athena Nikc, na dcada de 1830-1840, foi um exemplo cial dessa poltica de restaura-o, recomendada por tcnicos alemes, dinamarqueses e gregos (Leo von Klenze, G.E. Schaubert, Kiriakos Pittakis), durante o reinado grego estabelecido sob o go-verno de Otto T.

    Construes medievais: Enquanto na Itlia foi dada maior ateno aos monumentos da Antigidade, os pases do norte europeu, tais como a Inglaterra, Alemanha e Frana, come-aram a procurar por 'antigidades locais', identificadas em estruturas medievais que refletiam suas prprias hist-rias e identidades nacionais. Rapidamente, esse movimen-to gerou o renascimento de estilos antigos, tais como o Renascimento Clssico e o Renascimento Gtico, ambos ex-tremamente elegantes, embora baseados em princpios dife-rentes. Na Inglaterra, j no fim do sculo dewito, ocorreram crticas e debates calorosos sobre as restauraes de moda que freqentemente resultavam em catedrais e igrejas com-pletamente renovadas. Arquitetos treinados em tradies clssicas tendiam a favorecer projetos axiais e perspectivas abertas, alterando assim o projeto original e eliminando ca-ractersticas histricas. O mais ativo desses crticos foi John Carter (17 47-1817), que estava envolvido no estudo e regis-tro de catedrais histricas para a Sociedade de Antiqurios. Outros membros dessa sociedade tomaram-se ativos na pro-moo de abordagens mais conservadoras para o tratamen-to de edificaes histricas. Mais tarde, a restaurao tor-nou-se mais radical, e o principal arquiteto foi George Gilbcrt Scott (1811-78), cujo escritrio foi responsvel por centenas de restauraes de edificaes histricas, especialmente igre-jas e catedrais, em meados do sculo dezenove.

    O Romantismo Alemo tomou-se particularmente impor-tante na promoo dos interesses nacionais na conserva-o de estruturas medievais. Depois da liberao da Rennia da ocupao francesa, o governo da Prssia pediu a Karl Friedrich Schinkel (1781-1841) para assumir uma misso (1815) com o objetivo de pesquisar edificaes histricas nessa rea e recomendar medidas para sua proteo e res-taurao. Isso se tornou mn ponto de referncia importante no desenvolvimento da poltica de restaurao germnica (Denkmalpjlege). Foi dada ateno especial ao valor patriti-co de tais edificaes, e os trabalhos eram freqentemente limitados a tratamentos conservadores em seus caracteres, dependendo tambm das restries econmicas desse per-

  • l

    "

    .::.

    1

    odo. As maiores restauraes incluram o castelo de Marienburg (1816-), a catedral de Magdeburg (1826-35) e a restaurao e continuao da construo da Catedral de Colnia (1823-80), todos concebidos como monumentos na-cionais da nao germnica.

    Restaurao Estilstica: A Frana sofreu as conseqnci-as da Revoluo Francesa, e os administradores locais eram ignorantes sobre proteo, embora tenham havido vrias iniciativas para proteger prdios histricos j du-rante a Revoluo, promovidas mais tarde por escritores tais como Victor Hugo. Ocorreu uma mudana em 1830, quando Ludovic Vitet (1802-73) foi nomeado o primeiro Inspetor Chefe dos monumentos, sucedido por Prosper Mrime (1803-70), em 1834. Em 1837, urna Comisso go-vernamental foi apontada para supervisionar as ativida-des de restaurao. O projeto estava nas mos de arquite-tos, o mais conhecido sendo Eu gene E. Viollet-le-Duc (1814-79), encarregado da maioria das maiores restauraes de cerca de 1840 at sua morte, incluindo a igreja de La Madeleine em Vzelay, Notre-Dame de Paris (comJean-Baptiste Lassus), a Cit de Carcassonne, e o castelo de Pierrefonds. Nesses trabalhos, foram desenvolvidos os princpios da 'restaurao estilstica', como foi expresso nas palavras do prprio Viollet-le-Duc:

    "O termo restaurao e a prpria coisa so ambos modernos. Restaurar uma edificao no preserv-ln, repar-la, ou re-constru-la; recoloc-la numa condio de inteireza que pode nunca ter existido em um certo tempo." ('Restaurao', em: Viollet-le-Duc, Dictionnaire raisonn de l'architecture francaise, 1844-68)

    O objetivo de tal restaurao era ento restabelecer a edificao histrica, de uma forma que se supunha que ela tivesse no perodo mais significativo de sua histria. Lidando com a arquitetura medieval, isso geralmente sig-nificava a remoo de adies posteriores, especialmente aquelas em estilo clssico, e a 'restaurao' da estrutura em sua forma ideal. Essa abordagem tornou-se um verda-deiro modismo, que foi exportado para outros pases na Europa e depois para todo o mundo. Um impacto posteri-or pode ser visto na 'restaurao de perodo' do Colonial Williamburg, nos USA, nos anos 30. Ao mesmo tempo, os restauradores contriburam para o desenvolvimento de metodologias que tiveram uma influncia duradoura na prtica.

    Movimento de conservao: Tais restauraes estilsticas, freqentemente favorecendo perodos histricos seletivos a despeito de outros, provocaram entretanto fortes crti-cas. A nova conscincia histrica que evoluiu do sculo dezoito chamou a ateno para o s~icado da autenti-

    '__idade tfo material histrico dos monumentos antigos. Compreendeu-se que o trabalho de um arteso ou de um artista era inevitavelmente caracterizado pela cultura e pelas condies socioeconmicas da poca. Era, portan-to, impossvel reproduzir o trabalho em seu significado original em um contexto cultural diferente, mesmo que as formas fossem fielmente copiadas. O principal promotor

    13

    Gesto do Patrimnio Cultural Tntegn;ido

    desse movimento conservacionista fofohn RuskinJ1819-1900), que condenou a restaurao como ' a destruio. mais total que uma edificao pode sofrer, uma destrui-o da qual no se podem recolher vestgios: uma des-truio acompanhada de uma descrio falsa da coisa destruda' ( Lamp of Memory', Ruskin 1849). O resultado de suas crticas foi uma mudana gradual das atitudes para uma abordagem mais conservadora e mais respeito-sa para com as vrias fases histricas da construo.

    A partir de 1860, o debate levou a um aumento da ateno para com a conservao, acusando a palavra 'restaura-o' de indicnr uma ao negativa. Junto com Ruskin, um lutador destacado do movimento 'anti-restaurao' foi ~William Morr~l1834-96), que fundou a Sociedade para a Proteo das Edificaes Antigas (SPA B), em 1877. A po-ltica da SPAB tinha foco na promoo da manuteno e do cuidado, publicando manuais e diretrizes, inclusive o Manifesto (1877), escrito por Morris. O movimento tornou-se tambm influente fora dos EUA, dando incentivos para a fundao de sociedades similares em outros pases, tais como a Frana, Alemanha e Itlia. At na ndia, a conser-vao de estruturas histricas foi fortemente influenciada pelos princpios da SPAB. Na Itlia, o movimento conservacionista encontrou eco nos crculos universitri-os de Milo, difundido por Camillo Boito (1836-1914), cuja 'Carta del restauro' (1883) enfatizava a manuteno dos materiais histricos de todos os perodos, assegurando que as novas intervenes fossem claramente marcadas, por exemplo, diferenciando-as ou datando-as. Um prdio histrico era vislo de forma similar a um manuscrito anti-go, onde era necessrio manter a leitura do texto antigo, e fazer novas interpretaes distintas e reversveis caso houvesse necessidade de revis-las. A abordagem foi cha-mada de 'restaurao filolgica'.

    Desenvolvimento urbano: A segunda metade do sculo dezenove viu o desenvolvimento gradual de administra-es estatais responsveis pela proteo e conservao das estruturas histricas. Na fase inicial, a principal aten-1 ~ o foi dada a edificaes simples ou monumentos. Uma 0 tomada de conscincia do valor de reas histricas s acon- .l-teceu muito mais tarde. Como resultado de mudanas em N estruturas sociais e econmicas e do rpido aumento da populao urpana, muitas cidades medievais fortificadas perderam suas estruturas de defesa, devido expanso dos trabalhos de construo, como foi o caso do Ringstrasse de Viena. reas urbanas histricas foram submetidas a renovaes radicais, e distritos inteiros pu-deram ser reconstrudos, como foi relatado por John Ruskin, na Frana e na Itlia. Assim tambm foi a renova-o do centro de Paris, conforme o projeto de Hausmann no entorno de 1850, que praticamente no causou preocu-pao aos arquitetos restauradores. Entretanto, havia al-gum interesse em cidades histricas j no perodo do Ro-mantismo, quando escritores ficavam divagando nos ar-redores pitorescos antigos lembrando pocas passadas. Mesmo em alguns casos de restauraes, cidades inteiras poderiam ser consideradas monumentos, como no caso da cidade fortificada de Carcassonne, restaurada por

  • Jul.:ka Jokilehto

    Viollet-le-Duc e por seus sucessores na segunda metade do sculo.

    Va tores Patrimoniais: No final do sculo, as associaes de historiadores nos pases de lngua alem discutiam os pro-blemas dos centros urbanos, e polticas d.e conservao fo-ram gradualmente sendo desenvolvidas em muitos pases. Para isso contriburam os estudos (1889) de Camilo Sitte sobre a natureza dos centros urbanos medievais. Uma im-

    3 portante contribuio para a formulao da teoria da res-8 taurao veio de Alois Riegl (1857-1905), um historiador da -~ arte austraco, cujo Denk111alkultus (Cult of Monuments) foi ~ lpublicado em 1903. Kiegl tomou dara a distino entre' mo-~ numentos' (edificados parn transmitir uma mensagem) e ~ 'monumentos histricos' (edificaes que adquiriram valor ~ histrico atravs do tempo). Sua analise dos valores (valo-~ res histricos e valores contemporneos) foi uma contribui-~ o importante para o pensamento moderno. j \.. 'j, l!

    1 b

    Primeiras Cartas: Nas primeiras dcadas do sculo 20, o arquiteto Italiano e planejador de cidades Gustavo Giovannoni (1873-1947) deu ateno especial a prdios residenciais, a' arquitetura menor' (j notada por Morris ), como uma parte essencial da estrutura das reas histri-cas, junto com os principais' monumentos' pblicos. O pen-samento e os ensinamentos de Giovannoni foram funda-mentais para o desenvolvimPnto das polticas italianas de conservao no contexto politicamente delicado do Fascis-mo Italiano. Ele enfatuou o papel da pesquisa e da analise cientfica na tentativa de ler e interpretar os monumentos antigos. Algumas vezes a abordagem ento chamada de 'restaurao cientifica' . Suas idias foram resumidas na Carta dei Restauro, de 1932, seguindo a linha e indo alm da declarao da Conferncia Internacional de Atenas (' Athens Charter'), no outono de 1931, para a qual ele tam-bm contribuiu. Nesses documentos, houve um movimento definitivo para longe da restaurao estilstica, em direo poltica moderna de conservao.

    Movimento Moderno na Arquitetura: Baseadas nos de-senvolvimentos iniciais do sculo dezenove, especialmente nos Estados Unidos (Escola de Chicago), as necessidades da sociedade contempornea comearam a encontrar ex-presso no projeto de edifcios e assentamentos urbanos. Houve muitas linhas de pensamento cm termos de planeja-

    ,. mento urbano. A idia de Garden City foi influenciada pe-- los escritos de Morris e Ruskin. O Movimento Internacional

    - em Arquitetura Moderna desenvolveu-se principalmente na dcada de 1920, depois da Primeira Guerra Mundial, o qual se tomou um paradigma em termos de modernidade. Em alguns casos, houve esquemas de reconstruo em larga escala nos centros de cidades antigas, como nos casos de leuven, na Blgica, reconstruda aps a guerra.

    CIAM: Enquanto alguns arquitetos ainda estavam inclina-dos a procurar incentivos nos estilos histricos, o Movi-mento Internacional tendeu a afastar-se do passado, visan-do s necessidades emergentes da sociedade contempor-nea, ba...;;eada numa racionalidade dara. Uma maior aten-

    o foi dada reconstruo de habitaes para um grande nmero de famlias. No comeo, tais esquemas eram clara-mente experimentais em seu carter, no esprito de Bauhaus. Foi significativo o estabelecimento das Conferncias Inter-nacionais em Arquitetura Moderna (CIAM), em 1928. A con-ferncia da CTAM, de 1932, cm Atenas, produziu uma de-clarao importante, a chamada Carta de Atenas, editada e comentada por Le Corbusier (no confundir com o docu-mento de 1931). Mesmo lidando com o projeto moderno, a CIAM fez referncias proteo de reas histricas - caso fossem saudveis o suficiente para as pessoas. Deveriam ser projetadas novas construes dentro do esprito con-temporneo, sem se permitir o pastiche. Isso foi levado algu-mas vezes a um extremo quase destrutivo, no demonstran-do qualquer simpatia para com o tecido histrico.

    Reconstruo ps-guerra: A Segunda Guerra Mundial causou enorme destruio nas cidades histricas, especi-almente na Europa Central, mas tambm em outras partes do mundo, resultando em uma grande campanha de re-construo nas dcadas seguintes. A perda sbita de ar-redores e vizinhanas familiares chocou as pessoas, e houve uma vontade generalizada de reconstruir os prdi-os perdidos. As solues variaram da reconstruo das edificaes histricas, na forma que elas tinham antes da guerra, como em Varsvia, ao uso de formas modernas de construo, como nos arredores de St. Paul, em Londres. No caso de Florena, houve uma concesso que produziu a reconstruo de volumes e ritmos antigos, mas usando uma linguagem arquitetural moderna.

    Teoria da Restaurao: A destruio enfatizou a necessi-dade de se clarearem as diretrizes para a restaurao de estruturas histricas danificadas. O Instituto Italiano de Restaurao (Istituto Centra/e del Restauro) foi estabelecido em 1938 pelo historiador da arte Giulio Carlo Argan (1904-94). Cesare Brandi (1906-88) foi nomeado seu primeiro dire-tor. Na ltlia, o pensamento filosfico foi muito influencia-do por Benedetto Croce (1866-1952), que fortaleceu a impor-tncia de uma abordagem crtico-filosfica para a histria e a historiografia. Nos anos 30, houve uma abertura em dire-o ao pensamento alemo, como expresso na filosofia por Edmund Husserl e Martin Heidegger, assim como a teoria da restaurao de Alais Riegl. Isso foi tomado como umc. vantagem por Argan e Brandi. Como diretor do Instituto de Restaurao, Brandi tinha de fornecer diretrizes para ares-taurao de trabalhos de arte e objetos histricos danifica-dos pela guerra. Da desenvolveu sua teoria da restaurao (1963), primeiro publicada sob a forma de artigos, comean-do em 1950. Brandi considerava relevante o valor de uso para coisas que tinham sido concebidas como um instru-mento ou ferramenta, em que a principal questo se relacio-nava com o restabelecimento de suas funes. No caso de um objeto de arte, a chave para a restaurao era trazer isso da esfera artstica para a esfera crtica. Ele via a restaurao 1 fundamen!_almente como uma metodologia e como um mo- 7 ~ n:e~to '.ti$o no reconhecm:ento do tr~~alho er.n su~ con- 1 ~. s1stenc~a '!JSica e suas polandades estehca e histnca. A J teoria de Brandi pode ser vista como uma sntese do pensa-

    11t. l'I>\ ,/

    e ~-."' _.., c;.i_ ..., '>

    14 -?. 'G' :}'" --.l ~ f.

    V v

  • [

    -

    1

    ~ .

    1

    mento restaurador moderno, e ele fornece a metodologia fundamental para a prtica da restaurao, tanto em rela-o aos trabalhos de arte como de arquitetura.

    Preocupaes da Europa Central: Paralelamente especificao dessa teoria, havia avanos em relao a re-as urbanas histricas. A Alemanha tinha sido severamente atingida durante a guerra e existia uma enorme tarefa de reconstruo pela frente. Isso no foi feito sem sacrifcios, mas com tentativas de salvaguardar o que fosse possvel. No caso de H ildesheim, o centro destrudo da cidade foi reconstrudo em formas modernas nos anos 50, mas inte-ressante notar que isso no foi considerado satisfatrio, e cerca de 30 anos depois a praa central foi reconstruda da forma que ela tinha antes da destruio. Na Alemanha Ori-ental, houve motivaes polticas at para demolir algumas reas que ficaram de p (por exemplo, em Berlim e Leipzig). Em muitos casos (por exemplo, Weimar, Rostock, Naumburg, Erfurt), foram feitos esforos especiais pelo go-verno para restaurar e reconstruir centros de cidade histri-cos, mesmo sendo a poltica oficial em favor de tecnologias modernas e produo industrial.

    reas de Conservao Britnicas: Na Gr-Bretanha, exis-tiam novas legislaes, adotadas para a conservao de reas e edificaes histricas. Basicamente, a proteo era baseada no sistema de listas (em classes diferentes) de 1. edificaes histricas. As novas leis lanaram a idia de 2 _ir~l9r de_~u_p_o' en~~ifica~ hi~tric_~ que eram talvez " menos importantes arquiteturalmente, mas que contribu- ~. iam para a coerncia de reas histricas. Como resultado, .j foi proposto que ta; reas deveriam ser protegidas como :i... 'reas de conservao'. O tamanho das reas de conser- :, vao podia variar bastante. Em alguns casos, podia ser : uma simples rua, em outros, como no caso da cidade de '-. Bath, podia estender-se por toda a paisagem dos arredo- , res. O foco principal na proteo era, entretanto, a a12arn-cia externa, no a estrutura ou os interiores. Ao mesmo tempo, os administradores britnicos tambm deram aten-o ao planejamento e gerenciamento das necessidades crescentes do trafego, que era uma preocupao impor-tante mesmo nas cidades pequenas.

    Legislao Francesa: Na Frana, as polticas oficiais tinham favorecido fortemente prdios pblicos importantes. A pro-teo podia ser estendida aos arredores de tais monumen-tos, at uma distncia de 500 metros. Uma novidade impor-tante na identificao de reas histricas foi a legislao proposta pelo Ministro da Cultura, Andr Malraux, a as-sim chamada Lei Malraux, de 1962. No inicio, o propsito era selecionar reas pitorescas negligenciadas e restaur-las ou reconstru-las como reas monumentais, enfatizando suas qualidades estticas e histricas particulares. Os re-sultados foram problemticos, especialmente do ponto de vista sociocultural, uma vez que os habitantes iniciais tive-ram de ser removidos para ser substitudos por famlias mais abastadas, aptas a sustentar o custo da restaurao. Com o tempo, entretanto, as polticas mudaram e foram bus-cadas solues mais simpticas, corno no caso de Strasbourg.

    15

    Gesto do Patrimnio Cultural Integrado

    Planejamento Italiano: Na Itlia, importantes cidades his-tricas foram danificadas durante a guerra, tais como Flo-rena e Gnova, exigindo maiores esforos de reconstru-o. Esses danos, entretanto, tambm aumentaram a cons-cincia da importncia dessas reas histricas. Como re-sultado, iniciou-se um debate nos anos 1950, promoven-do vrias iniciativas. Foi dada ateno especial a peque-nos vilarejos nas montanhas, tais como Assisi, onde toda a cidade e suas paisagens circundantes foram protegidos no plano diretor (1952) preparado por G. Astengo, que deu a devida ateno ao importante significado espiritu-al do local. No caso de Urbino, nos anos 1960,o plano diretor elaborado por G.C. de Carla integrou harmoniosa-mente o desenvolvimento moderno com o tecido histrico existente. Tambm foi dada proteo especial paisagem circundante. importante lembrar a cidade histrica de Siena, que sempre foi conservadora desde a Idade Mdia, e onde o planejamento moderno sustentou continuamen-te a conservao. Pode ter sido por sorte, e parcialmente um resultado d.e polticas prvias, que a cidade tambm ficou fora da rede de comunicao do ps-guerra na It-lia, limitando as possibilidades de desenvolvimento, e favorecendo a sua conservao.

    Como resultado dos debates Italianos, o conceito de 'centro histrico' (centro storico), inicial mente limitado ao centro real da cidade, foi concebido em referncia a qualquer parte da cidade tendo significado histrico. Gradualmente, todo o ambiente construdo foi 'historicizado'. Nos anos 1970, hou-ve algtms projetos-chave para a implantao desses concei-tos na prtica. No caso de Bolonha, o tecido urbano histri-co foi concebido como parte do 'servio social' oferecido pela comunidade, considerando o valor adicional do signi-

    ficado cultural. Uma equipe, liderada por P. L. Cervellati, R. -1 Scannavini e C. de Angelis, desenvolveu os mtodos apli-cados ao tecido histrico, baseados em uma leitura e anlise < , sistemticas do tecido em referncia tipologia e morfologia das habitaes. Algumas grandes estruturas de conventos foram vistas como "contineres", e reabilitadas com o pro-psito de abrigar os servios sociais, tais como locais de reunies, livrarias, jardins de infncia. Bolonha foi includa na seleo de 'case histories', para o Ano da Herana Arquitetural Europia de 1975. Essas metodologias foram posteriormente desenvolvidas em Ferrara, sob a direo de Carlo Cesari, e a mesma abordagem de planejamento foi estendida a todo o pas.

    Conservao integrada: O conceito de" conservao inte-grada', j experimentado na Itlia, foi definido e divulga-do, primeiro na Carta Europia da Herana Arquitetural (26 de Setembro de 1975), e, depois, na Declarao de A:msterd (25 de Outubro de 1975), um resultado do Ano da Herana Arquitetural Europia . A Carta declara que o patrimnio 1 arquitetural consiste "no apenas de nossos monumentos J mais importantes: ela inclui os grupos de edificaes me- ~~ nos importantes em nossas cidades antigas e vilarejos ca- ' ractersticos em seus estados naturais ou modificados pelo u homem" ( #1). Tal herana considerada em perigo, e a con-servao integrada afastaria esses perigos":

  • fukka fokile/Jto

    A conseroao integrada alcanada pela aplicao de tcnicas de restaurao sensveis e pela escolha correta dasfu nes apro-priadas. No curso da histria, os coraes das cidades e algumas vezes de vilarejos foram deixados a se deteriorar e se tornaram reas de habitaes de baixo nvel. Sua restaurao precisa ser feita com um espirita de justia social e sem levar expulso dos habitantes mais pobres. Por isso, a conservao deve ser uma das primeiras consideraes em todos os planejamentos urbanos e regionais. Deve-se notar que a conseroao integrada no eli-mina a introduo da arquitetura moderna em reas contendo edificaes antigas, uma vez que o contexto existente, propores, formas, tamanhos e escalas sejam completamente respeitadas e se-jam usados materiais tradicionais (#7)

    Desenvolvimento sustentvel; Na segunda metade do sculo vinte, a industrializao levou o assim chamado Mundo Ocidental a atingir um certo nvel de bem-estar social. Os pases em desenvolvimento, entretanto, conti-nuaram a lutar com mais e mais problemas srios, agra-vados pelo rpido crescimento populacional, a falta geral de infra-estruturas e equipamentos urbanos e os conflitos provocados pelas desigualdades culturais, sociais e eco-nmicas. Ao mesmo tempo, o consumo dos recursos natu-rais chegou a nveis insuportveis. A partir dos anos 1970, a preocupao com o meio ambiente e a ecologia tornou-se um tpico importante das conferncias internacionais. A primeira foi em Estocolmo sobre o ambiente humano (1972), seguida pela Conferncia do Rio de Janeiro (1992), e o encontro sobre o Habitat em Istambul (1996). A Comis-so Mundial das Naes Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, nos anos 1980, refletiu sobre as ques-tes de economia e meio ambiente, particularmente em relao aos pases em desenvolvimento. No assim cha-mado Relatrio de Brundtland (1987), o' d esenvolvimen-to sustentvel' foi formulado como:

    "A capacidade da humanidade de assegurar que as suas neces-sidades do presente sejam atendidas, sem comprometer a capaci-dade das futuras geraes de atender s suas prprias necessida-des. O desenvolvimento sustentvel no um estado fixo de harmonia, mas ao invs, um processo de mudana no qual a explorao dos recursos, a direo dos investimentos, n orienta-o do desenvolvimento tecnolgico e institucional so consis-tentes com as necessidades tanto do futuro como do presente " (UN,1987).

    Esse conceito foi complementado, posteriormente, pela de-finio de desenvolvimento culturalmente sustentvel, implicando um desenvolvimento baseado em idias, va-lores, padres intelectuais, morais e estticos, comparti-lbados pela comunidade. Tal dcsenvolvirnento guiado pelos princpios da diversidade cultural e pela aceitao da mudana sustentvel ao longo do tempo. O conceito de desenvolvimento humano sustentvel, como est pro-posto pela UNDP, toma-se importante, referindo-se ao a':!_-mento das opes e da capacidade de um indivduo esco-'her Tambm significa que a sociedade deveria desenvol-Er-~e

  • 1

    A verificao da condio de integridade requerida para a inscrio de um stio natural na Lista de Patrimnio Mundial. Existe, entretanto, uma concordncia em usar tambm essa noo em relao a patrimnio cultural, par-ticularmente quando se lida com paisagens culturais ou grandes reas histricas. Etimologicamente, integridade significa inteireza, a condio de no ter nenhuma parte faltando. No sentido moral, refere-se a principio moral perfeito, ao carter de virtude no corrompida. Integrao significa a combinao harmoniosa dos diferentes elemen-tos em uma personalidade, e integral refere-se formao de um elemento intrnseco de um todo.

    No caso de patrimnio cultural, tais como reas urbanas histricas ou paisagens culturais, dificilmente existe questionamento de inteireza em um sentido estrito. Seria difcil defini-la e poderia ser contrria aos princpios de conservao (preservao). Entretanto, a integridade pode referir-se condio histrica do objeto; mesmo uma ru-na pode ter sua integridade histrica. Os Padres da Secre-taria do Interior dos Estados Unidos referem-se a sete aspec-tos da integridade em stios histricos: localizao, proje-to, cenrio, material, confeco, sentimento e associa-o. Em principio, esses aspectos so paralelos queles citados na noo de autenticidade. A Carta de Veneza (1964) refere-se necessidade de preservar um cenrio (art.6). Ela tambm recomenda que "no permitido mo-ver o todo ou parte de um monumento, exceto quando justificado por interesse naciona 1 ou internacional da mais alta importncia" (art.7). Finalmente, a Carta recomenda que "itens de esculturas, pinturas ou decorao, que for-mam parte integral do monumento, s podem ser removi-dos dele se esse for o nico modo de assegurar a sua pre-servao" (art.8). Em relao a reas histricas, a noo de integridade refere-se relao das partes que formam o todo histrico, estrutural e funcional:

    Toda rea histrica e seus arredores devem ser considerados em sua totalidade, como um todo coerente, cujo equilbrio e nature-za espec{fica dependem da fuso das partes que o compem e que incluem as atividades humanas, assim como as edificaes, a organizao espacial e os arredores. Todos os elementos vf:zlidos, incluindo as atividades humanas, mesmo modestas, trn um sig-nificado em relao ao todo que no deve ser desconsiderado" (UNESC0,1976,#3).

    A condio de integridade, portanto, uma questo de _gesto..!. e deve ser levada em consider~o se aefinir o significado de um local e as estratgias para sua proteo e conservao. Com o gradual alargamento da conscin-cia a respeito de patrimnio, mais e mais pases tm parti-cipado dos debates sobre polticas e estratgias. Paralela-mente noo de autenticidade, tem sido dada ateno especial ao fato de que o patrimnio no somente uma matria fsica. O Japo foi o primeiro pas a reconhecer a necessidade de garantir a continuidade das varias habili-dades e conhecimentos relacionados com a cultura e a sociedade, mantidos por grupos ou indivduos, o assim chamado patrimnio intangvel. Esses aspectos podem

    Gesto do Patrimnio Cultural Integrado

    ser observados em habilidades, conhecimentos, percias, vrios tipos de desempenhos tradicionais e tradies orais, assim como na prpria lngua, que transporta os signifi-cados. Alm disso, o aspecto intangvel pode ser visto na dimenso espiritual dos stios culturais, tais como os ta-bus, lendas e mitos associados a montanhas sagradas e locais de cultos. Tais aspectos no so limitados frica ou a comunidades tradicionais localizadas. Eles podem ser encontrados em todas as partes do mundo e esto pre-sentes em qualquer produto da criatividade humana, em um trabalho de arte assim como em uma cidade ou vila histrica. nesse sentido que podemos entender as pala-vras de John Ruskin, quando escreveu sobre o significado da memria e da idade em um local:

    11 De fato, a maior glria de uma edificao no est em suas pedras, nem em seu ouro. Sua glria reside em sua Idade, e naquele profa ndo senso de expressividade, de vigilncia auste-ra, de simpatia misteriosa, de recusa, ou at mesmo de aprova-o ou condenao, que ns sentimos nas paredes que h muito foram lavadas pelas ondas fugazes da humanidade. em seu testemunho duradouro contra os homens, em seu calmo contras-te com o carter transitrio de todas as coisas, na fora que, atravs do lapso das estaes e dos tempos, do nascimento e declnio das dinastias, das mudanas nn face do planeta e dos limites do mar, mantm sua forma esculpida por um tempo in-supervel, une idades esquecidas com as vindouras, e quase cons-titui a identidade, ao concentrar a simpatia das naes: naque-la mancha dourada de tempo que ns devemos procurar a verda-deira luz, e cor, e preciosidade da arquitetura; e somente quando uma edificao assume esse carter, quando ela for incumbida dessa fama, e abenoada pelos feitos dos homens, at que suas paredes tenlumz sido testemunhas do sofrimento, e seus pilares se ergam das so111bras da morte, que sua existncia, mais duradoura do que a dos objetos naturais do mundo a seu redor, pode ser premiada com at mais que essas posses, de linguagem e de vida" (Ruskin, 1848, Vl:x)

    Colaborao internacional

    O desenvolvimento da colaborao internacional para a preservao de recursos patrimoniais culturais teve inicio nos sculos dezoito e dezenove. Os primeiros documentos com esse escopo incluem as primeiras ver-ses da Conveno de Haia sobre a proteo de stios patrimoniais no caso de conflitos armados. O estabele-cimento do Escritrio Internacional de Museus, na d-cada de 1920, gerou aes posteriores, incluindo a Con-ferncia de Atenas de 1931. A declarao dessa confe-rncia, a assim chamada 'Carta de Atenas', foi um mar-co, enfatizando questes relacionadas com o ~mento da conscincia como uma condio fundamental para ~

  • Jt*i7m!.o

    O desemolYimento real de uma colaborao internacio-nal para a proteo do patrimnio cultural aconteceu de-pois da Segunda Guerra Mundial, com o estabelecimento das ;\aes Unidas e especialmente da UNESCO. Isso foi seguido pelo restabelecimento do Escritrio Internacio-nal de Yluseus, como o Conselho Internacional de Mu-seus (ICOM), uma organizao no-governamental, e a criao do Centro Internacional para o Estudo, Preserva-o e Restaurao do Patrimnio Cultural (ICCROM) como uma organizao intergovernamental, lidando tanto com o patrimnio mvel quanto com o construdo. Seguiu-se o Conselho Internacional de Monumentos e Stios (ICOMOS), uma outra organizao no-governamental que estabelece laos entre profissionais. Alm disso, as vrias regies do mundo criaram suas prprias organiza-es, mais especificamente orientadas para os problemas dos seus pases.

    Muitas dessas organizaes adotaram diferentes tipos de documentos para encorajar e guiar a proteo e conserva-o do patrimnio. Assim so as convenes da UNESCO: a Conveno de Haia (1954), j mencionada acima, a Con-veno sobre us meios para proibir e prevenir a i111portao ilci-ta, exportao e transferncia de posse do patri111nio cultural (1970) e a Conveno sobre a Proteo do Patrimnio Cultural e Natural Mundial, a assim chamada Conveno sobre o Patrimnio Mundial (1972). Esta ultima nomeou um Co-mit intergovernamental, que gerencia a colaborao in-ternacional para a proteo stios de patrimnio cultural e natural, inscritos na Lista de Patrimnio Mundial. As convenes so oficialmente ratificadas pelos Estados que se tornam Membros da Conveno e, assim, legalmente li-gados pelas prescries. Alm disso, existem recomenda-es internacionais que no so obrigatrias, mas se consli-tuein em referncias teis, especialmente para o desenvolvi-mento de legislaes e polticas nacionais. Varias organiza-es regionais podem ter documentos similares, relevantes para seus pases, como os do Conselho da Europa.

    Outro tipo de documento a carta, um nome adotado para uma srie de recomendaes e diretrizes do ICOMOS. Es-sas incluem a Carta de Veneza (1964), preparada um ano antes da fundao do ICOMOS, mas adotada por ele, pos-teriormente, como sua doutrina fundamental. Essa carta foi seguida por outras que abordam wn grande numero de tpicos, tais como a conservao de stios arqueolgicos, edificaes, cidades e vilarejos histricos, assim como jar-dins. Est tambm includo o Documento sobre a Au tenticidn-de de Nara, resultante de um encontro internacional de espe-cialistas em Nara, em 1994. Existem vrias Cartas nacio-nais e internacionais, corno a Carta de Burra, na Austrlia (revisada em 1999), n Carta de Petrpolis, Brasil (1987) e ou-tras recomendaes de pases da Amrica Latina e do Nor-te. As Direh'izes e Padres da Secretaria do Interior, EUA, torna-ram-se uma referncia mundial. Recentemente, pases euro-peus produziram, em colaborao com organizaes inter-nacionais, a chamada Carta da Cracvia, de 2000.

    A preparao de tais diretrizes, cartas e recomendaes :xxfe ser \ista corno um processo em andamento. Elas so

    18

    teis ao fornecer recomendaes firmes com relao a ques-tes especificas, mas tambm so importantes corno parte do processo de aumento de conscincia. Em mui tos casos, necessrio estudar no s o documento que resulta de tal processo, mas tambm as contribuies que foram pre-paradas corno parte do processo. bvio que tais docu-mentos so necessariamente o resultado de concesses, mas eles refletem um nvel de entendimento que pennanece corno um marco na evoluo cultural. Um instrumento es-sencial para a promoo e difuso dos conceitos expressos nesses documentos ~ treinamen!o e educ~o tle todos os envolvidos. O desenvol'virnento de programas de treinamen-to, em colaborao com os Estados Membros, tem sido a primeira atividade do ICCROM, iniciada desde os anos 1%0.

    O futuro da conservao urbana e territorial

    As questes ressaltadas nessa aula so uma tentativa de mostrar o desenvolvimento e a crescente tomada de cons-cincia na definio e proteo dos recursos patrimoniais. A principal ateno tem sido dada abordagem surgida no contexto europeu. Entretanto, tal desenvolvimento tem-se estendido a outros continentes. No sculo dezenove, isso j inclua a ndia, o Japo, o Mxico, os EUA e o Norte da Africa. Outros pases envolveram-se mais recentemen-te, como por exemplo, a Austrlia, o Canad e a frica Subsaariana. Nas dcadas passadas, houve um aumento crescente da conscincia de que a definio de patrimnio cultural no pode ser limitada a simples monumentos e obras de arte, mas que reas histricas e paisagens cultu-rais podem ser igualmente importantes. Uma ateno crcs-] cente tem sido dada aos aspectos ecolgicos e culturais e( sade do meio ambiente como um todo, assin1 corno aos) ~, aspectos sociais e culturais, promovendo o desenvolvi~\!.. ,. mento de polticas que sejam cultural e ambientalmente " sustentveis. Essa tomada de conscincia tem sido acom- '.J panhada por um desenvolvimento grad ual d \;-metodologias para guiar polticas relevantes, estratgias ~ e programas de ao. Tais abordagens tm sido desenvol- :.;

    1 vidas ombro a ombro com a modernidade emergente, com "' a racionalizao da indstria da construo e com a defi-nio de normas e objetivos do planejamento urbano. Es-ses princpios tm sido salientados em vrias confernci-as internacionais, declaraes, recomendaes e cartas.

    Devido a grandes mudanas nas condies polticas, so-ciais e econmicas em diferentes partes do mundo, a situ-ao complicou-se mais ao se aproximar o fim do sculo 20. Essa complexidade, assim corno a privatizao cres-cente, trouxe a necessidade de compartilhar responsabili-dades e envolver todos os segmentos da sociedade no de-senvolvimento culturalmente sustentvel. Nesse contex-to, a conservao do patrimnio natural e cultural tem sido reconhecida como um componente essencial do pro-cesso de planejamento integrado. Entretanto, os mltiplos campos de interesse e conseqentes situaes de conflito no tm tornado essa tarefa mais fcil. A racionalidade tipicamente "ocidental" desafiada pela aparente irracionalidade de urna variedade de culturas e posicionamentos tradicionais, algumas vezes gerando li-

  • 1 Conceptos e ideas sobre conservacin

    Jukka Jokilehto

    Resumen

    El documento traza la evolucin de los conceptos relacionados con la definicin, proteccin, restauracin y conservacin del patrirnonio cultural del siglo diecinueve para el siglo veinte. Eso incluye una nota sobre los diferentes tipos de patrimonio, de runas y de edificaciones histricas, ciudades histricas y paisajes culturales. Los principales abordajes sobre la restauracin y conservacin fueron mencionados, as como los avances ms recientes en el campo de la planificacin y dei desarrollo de reas histricas. Fue dada especial atencin a las nociones de autenticidad e integridad, bien como la dimensin inalcanzable del patrimonio. Aparte de eso, fue brevemente mencionada el desarrollo de la colaboracin internacional en la segunda mitad del sigla XX.

    Conceptos Proceso de concienciacin. La sociedad moderna atraves un proceso de transformacin resultando en juicios de valores diferentes cuando comparados con la sociedad tradicional. La edad de la razn, en el siglo 18, se reflej en la definicin de la verdad con relacin a la historia humana, conc!uyendo que la historia esta hecha por los hombrcs y que su verdadero significado slo puede ser comprendido cuando especificado en cada contexto cul-lural relevante; los valores son productos de proccsos culturales y relativos a las culturas envueltas. Eso llev al reconocimiento de la pluralidad de valores y diversidad cultural en la sociedad.

    La sociedad moderna aprendi a percibir el ambiente en referencia al conccpto moderno de historicidad, reconocido como un valor. Nosotros tendemos a "historiar" todo lo que nos rodea. Considerando las actividades humanas una representacin dei universo de la humanidad, cada expresin gertUina de una cultural individual puede ser asociado con valor universal con parte del todo. La convencinsobre Hcrencia Mundial de la UNFSCO (1972) se refiere a la nocin de "Valor universal de destaque" como una exigencia para la inscripcin cn la Lista dei Patrimonio de las Humanidad. Las localidades que se cualifican son entendidas como las ms representativas, exprcsiones au-tenticas de tipos particulares de patrimonio en cada cultu-ra, o culturas.

    Valores culturales incluyen: Valores de identidad (edad, tradicin, espiritual, simblico) en referencia a la tradicin e identidad; valores relativos artsticos o tcnicos basados en la investigacin, con relacin a otros trabajos dei mismo autor o en la misma cultura o culturas similares; valor de rareza indica la importancia relativa de un recurso visto en su contexto.

    Valores socio-econmicos incluyen: valor econmico en relacin al patrimonio visto como un recurso, una

    20

    consideracin esencial relacionada con la valoracin del coste beneficio; Valores funcionalcs y de uso. Incluyendo turismo y valor poltico.

    Definicin de patrimonio: e1 aspecto fundamental en la conservacin de cualq uier recurso del patrimonio cultural (sea un trabajo artstico, una edificacin o un rea histrica) est en su definicin y el reconocimicnto singular si sus aspectos tangibles e inalcanzables siempre que este sea propuesto para la restauracin. Ese reconocimiento en si propio ya es parte de la restauracin y base para un juicio critico referente al tratarniento requerido.

    Restauracin ha sido definida como el momento metodolgico de reconocimiento del trabajo (recurso patrimonial) en su consistencia fsica y su significado (es-ttico e histrico), cn vista de su trasmisin para el futuro. El foco de restauracin es el objeto material, y el objetivo restableccr la potencial unidad del elemento, tanto como sea posible, sin que se cometa un fraude histrico o arts-tico, y sin eliminar trazos de su paso por el tiempo (Brandi 1963) . La restauracin generalmente requiere conocimientos y habilidades de especialistas.

    Conservacin puede ser tomado como el termino general para la salvaguarda y proteccin dei patrimonio histrico, y como la accin de prevencin de su decadencia. Esta en-globa todos los actos para prolongar la vida de nuestro patrimonio cultural y natural, siendo su objetivo presentar a todos los que usan y contemplan maravillados las edificaciones histricas, los mensajes artsticos y humanos que esas edificaciones poseen (Feiden, 1982:3) . Conservacin es en general tomado como un termino gene-ral relacionado con la proteccin del patrimonio cultural y natural, incluyendo reas histricas y paisajes culturales, cuyos balance y naturaleza especficos. Dependen de la fusin de la partes de que fueron compuestos, incluyendo actividades humanas, edificaciones y organizacin espaci-al y alrededores (UNESCO 1976, #3)

    t

  • 1

    La Conservacin integrada es alcanzada por la aplicacin de tcnicas de restauracin sensibles y por la eleccin correcta de las funciones apropiadas en el contexto de reas histricas, tomando en cuenta la pluralidad deva-lores, tanto econmicos como culturales, y visando juicios equilibrados.

    Desarrollo sostenible ha sido definido com.o: la capacidad de la humanidad de asegurar que se suplan las necesidades del presente sin comprometer la capacidad de las futuras generaciones de suplir sus propias necesidades (UN, 1978).

    Desarrollo culturalmente sostenible implica desarrollo basado en valores e ideas compartidas y en los padrones intelectuales, mor ales y estticos de la comunidad.

    De la restauracin de monumentos a la conservacin in-tegrada

    Background: los conceptos modernos relacionados con la conservacin del patrimonio cultural y natural estn fundamentalmente relacionados con el desarrollo de la modernidad. Ese desarrollo comienza en el siglo XVIII, aunque basado en races ms antiguas.

    La propia modernidad est marcada por varias cambias en la sociedad, yendo de las innovaciones tcnicas y cien-tficas a aspectos sociales y econmicos pasando por reflexiones filosficas y culturales. El concepto de patrimonio cultural est basado en el nuevo concepto de historia. Fue propuesto que el significado real y verdadero de objetos y estructuras que formaron tales patrimonios solamente podra ser entendido cuando visto en el con-texto cultural especifico al cual pertenecan. Tales conceptos fueron formulados especialmente a travs de la contribucin de Giovanni Batista Vico (1668-1774), en l talia, y Johann Gottfried Herder (1744-1803), en Alemania. Esa abertura lleva al pluralismo y al reconocimiento de la diversidad cultural, asociada a los valores no necesariamente mensurables. La evolucin fue particularmente marcada en la poca del romanticismo, a finales de siglo XVIII hasta la primera mitad del XIX. La tarea de un artista cambio de la bsqueda de la "belleza ideal", vista en trminos absolutos como era en el clasicismo, al reconocimiento de la unicidad de cada contribucin autentica e innovadora en el romanticismo. En la sociedad tradicional, un objeto era reconocido prin-cipalmente en relacin con su funcin; en la modernidad emergente, por lo contrario, los objetos heredados del pasado eran asociados con un valor histrico y una personalidad cultural y artstica especficos.

    Monumentos de antigedad: En la segunda mitad del sigla dieciocho, el campo de accin de la reparncin de monumentos de la antigedad en Roma comenz a reflejar conceptos modernos de restauracin. Para eso contribuyo Johann Joachim Winckelmann (1717-68), un profesor Alemn apuntado como responsable por monumentos antiguos en Roma y que reconoci la calidad artstica es-

    21

    Gestin del Patrimonio Cultural Integrado

    pecifica de un trabajo de arte (especialmente de la antigedad clsica) entendido apenas a travs de un estudio meticuloso.

    Como resultado l fue llamado el padre de la arqueologa moderna. Como consecuencia de la revolucin francesa, cuando ideas nacionalistas eran integradas con desarrollo, el famoso artista neoclsico, Antonio Canova (1757-1822), inspector de Bellas Artes en Roma, supervi-so algunas de las primeras restauraciones del Forum Ro-mano, colocando en practica las ideas de Wincklemann. Las restauraciones del Coliseo y del Arco de Tito son ejemplos clsicos, proyectos por Rafale Stern (177 4-1820) y Guiseppe Valadier (1762-1838). Stern objetivo princi-palmente la estructura histrica usando simples contrafuertes como refuerzo. Valadier fue ms lejos, vi-sando el restablecmento de la forma. arquitectural del monumento. Mentras distingua el modo antiguo del nuevo. Por ejemplo en la restauracin del Antiguo Arco de triunfo de Tito, en el Forum Romano (1818-1822), son construidas nuevas partes en travertino con detalles sim-plificados, de manera a mostrar claramente la estructura original en mrmol. Esas ideas fueron llevadas a otros pases, como por ejemplo Francia y Grecia, y se volvieron referencias padrones expresos en la Carta de Veneca (1964). En la Acrpolis de Atenas, la restauracin del tem-plo de Atena Nike, en la dcada de 1830-1840, fue un ejemplo inicial de esa poltica de restauracin, recomen-dada por tcnicos alemanes, dinamarqueses y griegos (Leo von Klenze. Schaubert, Kiriakos Pittakis) Durante el rei-nado griego establecido sobre el reinado de Otto I.

    Construcciones medievales: Mientras en Italia fue dada mayor atencin a los monumentos de la antigedad. Los pases del norte de Europa, tales como Inglaterra, Alemania y Francia. Comenzaron a procurar "Antigedades locales" identificadas en estructuras medievales que reflejaban sus propias historias e identi-dades nacionales. Rpidamente, ese movimiento genera el renacimiento de estilos antiguos, tales como el renacimiento clsico o el renacimiento gtico, ambos ex-tremamente elegantes a pesar de basados en principias diferentes. En Inglaterra, ya a finales dei sigla XVIII, ocurrieron criticas y debates calurosos sobre restauraciones de moda que frecuentemente resultaban en catedrales e iglesias completamente renovadas. Arquitectos entrenados en tradiciones clsicas tendan a favorecer proyectos axiales y perspectivas abiertas, al-terando as el proyecto original y eliminando caracters-ticas histricas. El ms activo de esos crticos fue John Carter (1747-1817), que estaba envuelto en el estudio y registro de catedrales histricas para la sociedad de vnticuarios. Otros rnicmbros de esa sociedad se volveron activos en la promocin de abordajes ms conservado-res pa1a el hatamiento de edificaciones histricas. Ms tarde la restauracin se volvi n-1.s radical, y el princi-pal arquitecto fue George Gilbert Scott (1811-78), cuyo taller fue responsable por decenas de restauraciones de edficaciones histricas, especialmente iglesias y catedrales, a mediados del siglo diecinueve.

  • !J Romanticismo Alemn se torno particularmente im-portante en la promocin de los intereses nacionales en la conseITacin de estructuras medievales, Despus de la liberacin de Renania de la ocupacin francesa, el gobierno de Prusia pidi a Karl Friedrich (1781-1841) para asumir una misin (1815) con el objetivo de inves tigar edificaciones histricas en ese rea y de recomendar me-didas para su proteccin y restauracin, eso se volvi un punto de referencia importante en el desarrollo de la pol-tica germnica (Denkmalpflege) . Fue dada especial atencin ai valor patritico de tales edificaciones, y los trabajos cran frccuentemente limitados a tratamientos con-servadores en sus caractersticas, dependiendo tambin de las restricciones econmicas de ese periodo. Las mayores restauraciones incluyeron el castillo de Marienburg (1816-), la catedral de Magdeburg (1826-35), y la restauracin y continuacin de la construccin de la catedral de Colonia (1823-80), todos concebidos como monumentos nacionales de la nacin germnica.

    Restauracin estilstica: Francia sufri las consecuencias de la Revolucin Francesa, y los administradores locales eran ignorantes sobre proteccin, a pesar de haber existi-do varios intentos para proteger edifcios histricos ya durante la rcvolucin, promovidas ms tarde por escrito-res tales como Vctor Hugo. Ocurri un cambio en 1830, cuando Ludovic Vitet(1802-73) fue nombrado primer inspector jefe de monumentos, sucedido por prospero Merime (1803-1870) en 1834. En 1837, una comisin gubernamenta l fue apuntada para supervisar las actividades de restauracin. EI proyecto estaba en las manos de los arquitectos, el ms conocido siendo Eugene E. Viollet-le-Duc (1814-79), encargado de la mcjora de la mayora de las mayores restauraciones desde aproxima-da mente 1840 hasta su muerte, incluyendo Ia iglesia de La Madeleine cn Vezelay, Notre-Dame de Paris (conJean Baptiste Lassus), a Cit de Carcasone, y el Castillo de Pierrefonds. En esos trabajos, fueron desarrollados los princpios de la "restauracin estilstica" como expreso en las palabras del propio Viollet-le-Duc:

    "El termino restauracin y la propia cosa son ambos modernos. Restaurar una edificacin no es preservarla, repararia o construiria; es recolocaria en una condicin de entereza que puede no haber existido nunca en un cierto tiempo" ('Restauracin' en: Viollet-le-Duc, Dictionnarie raisom1e de l,architecture franca ise, 1844-68)

    EI objetivo de tal restauracin era entones rcstablecer la edificacin histrica, de una forma que supngase que ella tuviese en el periodo ms significativo de su historia. Lidiando con arquitectura medieval, eso generalmente significaba la remocin de adiciones posteriores, especi-almente aquellas en estilo clsico, y la 'restauracin' de estructura cn su forma ideal. Ese abordaje se volvi un verdadero modismo que fue ex-portado para otros pases en Europa y despus para todo el mundo. Un impacto posterior puede ser visto en la 'restauracin de perodo' del Colonial Williamburg, en los Estados Unidos, en los anos 30. AI mismo tiempo, los

    22

    restauradores contribuyeron para el desarrollo de metodologias que tuvieron w1a influencia duradera en la practica.

    Movimiento de conservacin: Tales rcstauraciones estilsticas, frecuentemente favoreciendo perodos hist-ricos selectivos a despecho de los otros, provocaron, en-tretanto fuertes criticas. La nueva conciencia histrica que evoluciono dei siglo xvm !lama la atcncin para el signi-ficado de la autenticidad dei material histrico de los monumentos histricos Se comprende que el trabajo de un artesano o de un artista era inevitablcmente caracteri-zado por la cultura y por las condiciones socio-econmicas de la poca. Era, por lo tanto, imposible reducir el trabajo en su significado original en su contexto cultural diferen-te, mismo que las formas fuesen fielmente copiadas. El principal promotor de ese movimiento conservacionista fue John Ruskin (1819-1900), que condeno la restauracin como 'la destruccin ms total que una edificacin puede sufrir, una destruccin de la cual no se pueden recoger vestgios: una destruccin acompafada de una descripcin falsa de la cosa destruida' (Lamp of memory' Ruskin 1849). El resultado de sus criticas fue un cambio gradual de las actitudes para un abordaje ms conservador y ms respetuoso para con las varias fases histricas de la construccin.

    A partir de 1860, el debate lleva a un aumento de la atencin para con la conservacin, acusando la palabra 'restauracin' de indicar una accin negativa. Junto con Ruskin, un luchador destacado del movimiento "anti-restauracin" estaba William Morris (1834-96), que fun-do la Sociedad para la Proteccin de las Edificaciones Antiguas (SP AB), en 1877. La poltica da SP AB tena foco en la promocin de la manutencin y dcl cuidado, pu bli-cando manuales y directrices, incluso el manifiesto (1817) escrito por Morris. El movimiento se volvi tambin influyente fuera de los Estados Unidos, dando incentivo para la fundacin de sociedades similares en otros pa-ses, tales como Francia, Alemania e ltalia. Hasta en la India, la conservacin de estructuras histricas fue fuertemente influenciada por los princpios de la SPAB. En Italia, el movimiento conservacionista encontr eco en los ecos universitarios de Milan, difundido por Camilo Boto (1836-1914), cuya "carta del Restauro' (1883) enfatizava la manutencin de los materiales de todos los periodos,

    Asegurando que las nuevas intervenciones fuesen clara-mente marcadas; por ejemplo, diferencindolas o datndolas. Un edifcio histrico era visto de forma simi-lar a un manuscrito antiguo, donde era necesario mantener la lectura del texto antiguo, y hacer nuevas interpretaciones distintas y reversibles caso hubiese necesidad de revisarlas. El abordaje fue llamado de ' restaurain filolgica'

    Desarrollo urbano: La segunda mitad dei siglo diecinueve vio el desarrollo gradual de administraciones estatales responsables por la proteccin y conservacin de las

    t

  • t

    1

    estructuras histricas. En la fase inicial, la principal atencin fue dada a edificaciones sencillas o monumentos, una tomada de conciencia del valor de las reas histricas slo ocurri mucho ms tarde. Como resultado de los cambies en estructuras sociales y econmicas y del rpido aumento de la poblacin urbana, muchas ciudades medievales fortificadas perdieron sus estructuras de defensa debido a la expansin de los trabajos de construccin, como fue el caso dei Ringstrasse de Viena. reas urbanas histricas fueron sometidas a renovaciones radicales, y distritos enteros pudieron ser reconstruidos como fue relatado por John Ruskin en Francia y en Italia. As tambinfue la renovacin dei centro de Paris, conforme el proyecto de Hausmann en el entorno de 1850, que prcticamentc no causo preocupacin a los arquitectos res-ta u radares. Mientras tanto, haba algn inters en ciudades histricas ya en el perodo del romanticismo, cuando los escritores se quedaban divagando en los alrededores pintorescos antiguos recordando pocas pasadas. Incluso en algunos casos de restauraciones, ciudades enteras podan ser consideradas monumentos, como en el caso de la ciudad fortificada de Carcassone restaurada por Viollet-le - Duc y por sus sucesores en la segunda mitad del siglo.

    Valores patrimoniales: AI final dei siglo, las asociaciones de historiadores en los pases de lengua alemana discutan los problemas de los centros urbanos. Y polticas de conservacin fueron gradualmente siendo desarrolladas en muchos pases. Para eso contribuyeron los estudios (1889) de Camilo Sitte sobre la naturaleza de los centros urbanos medievales. Una importante contribucin para la fonnulacin de la teoria de la restauracin vino de Aleois Riegl (1857-1905), un historiador del arte austriaco, cuyo Denkmalkutus (Cult of monuments) fue publicado en 1903. Riegl torno clara la distincin entre" monumentos" (edificados para transmitir un mensaje) y /1 monumentos histricos" ( edificaciones que adquirieron valor histrico a travs del tiempo). Su anlisis de los valores (valores histricos y valores contemporneos) fue una contribucin importante para el pensamiento moderno.

    Primeras cartas: En las primeras d cadas del siglo 20. el arquitecto italiano y planificador de ciudades Gustavo Giovanni (1873-1947) dia atencin especial a edificios residenciales, la 'arquitectura menor' (ya notada por Morris), como una parte esencias de la estructura de las reas histricas, junto con los principales 'monumentos pblicos'. El pensamiento y las ensefanzas de Giovanni fueron fundamentales para el desarrollo de las polticas italianas de conservacin en el contexto polticamente de-licado del fascismo italiano. l enfatizo el papel de la investigacin y del anlisis cientfico en el intento de leer y de interpretar los monumentos antiguos; Algunas veces el abordaje y entonccs llamada de 'restauracin cientfica'.

    Sus ideas fueron resumidas en la Carta dei Restauro de 1932, siguiendo la lnea, y yendo ms all de la declaracin de la Conferencia Internacional de Atenas (' Athens

    23

    Gestin dei Patrimonio Cultural Integrado

    Charter') en el otofio de 1931, para el cual tambin contribuyo. En esos documentos, hubo un movimiento definitivo para lejos de la restauracin estilstica, en direccin a la poltica moderna de conservacin.

    Movimiento Moderno en la Arquitectura: Basadas en los desarrollos iniciales del siglo diecinueve. Especialmente en los Estados Unidos (Escuela de Chicago). Las necesidades de la sociedad contempornea comenzaron a encontrar expresin en el proyecto de edifcios y asentamientos urbanos. Hubo muchas lneas de pensamiento en trminos de planificacin urbana; la idea dei Graden City fue influenciada por los escritos de Morris y Ruskin. El Movimiento Internacional en Arquitectura Moderna se desarrollo principalmente en la dcada de 1920, despus de la primera guerra mundial, que se volvi un paradigma en trminos de modernidad. En algunos casos, hu bo esquemas de reconstruccin en larga escala en los centros de ciudades antiguas, corno en los casos de Leuven en Blgica, reconstruida despus de la guerra.

    CIAM: Mientras algunos arquitectos estaban todava in-clinados a procurar por incentivos en los estilos histri-cos, el rnovimiento internacional tendi a alejarse del pasado, visando las necesidades emergentes de la sociedad contempornea basada en una racionalidad cla-ra. Una mayor atencin fue dada a la reconstruccin de habitaciones para un gran numero de familias; en el comienzo, tales esquemas eran claramente experimentales en su carcter, en el espritu del Bauhaus. Fue significati-vo el establecimiento de las conferencias lnternacionales en Arquitectura Moderna (CIAM), en 1928. La conferen-cia dei (CIAM) de 1932 en Atenas produjo una declaracin importante, la llamada Carta de Atenas, editada y comen-tada por Lc Corbusier (no confw1dir con el documento de 1931). A pesar de lidiarcon cl proyectomoderno la CTAM hizo referencia a la proteccin de reas histricas - caso fuesen saludables lo suficiente para las personas. Deberan ser proyectadas nuevas construcciones dentro del espritu contemporneo, sin permitirse el pastiche; eso siendo llevado algunas veces al extremo casi destructivo, no demostrando cualquier simpata con el tejido histrico.

    Reconstruccin posguerra: La Segunda Guerra Mundial causa enorme destruccin en las Ciudades histricas, es-pecialmente en Europa Central paro tambin en otras par-tes dei mundo, resultando en una gran campana de reconstruccin en las dcadas siguientes. La perdida s-bita de alrededores y vecindades familiares choc a las personas, y hubo una voluntad generalizada de recons-truir los edifcios perdidos. Las soluciones variaron de la reconstruccin de las edificaciones histricas en la for-mas gue tenan antes de la guerra, como en Varsovia, al uso de formas modernas de construccin como en los alrededores de St. Paul en Londres.

    En el caso de Florencia, hubo, una concesin que produjo la reconstruccin de volmenes y ritmos antiguos, pero usando un lenguaje arquitectural moderno.

  • Flh~

    Teoria de la restauracin: La destruccin enfatiz la necesidad de clarear las directrices para la restauracin de estructuras histricas damnificadas. El Instituto Ita-liano de Restauracin (Istituto Centra/e dei Restauro) fue establecido en 1938 por Giulio Carlo Argan (1904-94); Cesare Brandi (1906-88) fue nombrado primer director. En Italia, el pensamiento filosfico fue muy influenciado por Benedetto Croce (1866-1952), que fortaleci la importancia de un abordaje critico filosfico para la historia y la historiografa. En los aftas 30, hubo una apertura en direccin al pensarniento alemn, como que-da expresado en la filosofa por Edmund Husserl y Martn Heidegger, as: como la teora de la restauracin de Alais Riegl. Eso fue tomado como una ventaja por Argan e Bran-di. Como director del Instituto de Restauracin. Brandi tena que fornecer directrices para la restauracin de trabajos de arte y objetos histricos damnificados por la guerra. De ah desarrollo su teora de la restauracin (1963), primero publicada bajo la forma de artculos comenzando en 1950. Brandi consideraba relevante el valor de uso para cosas que haban sido concebidas como un instrumento o herramienta, y donde la principal cuestin se relacionaba con el restablecimiento de sus funciones. En el caso de un objeto de arte, la llave para la restauracin era traer eso de la esfera artstica para la esfera critica .. l vea la restauracin fundamentalmente como una metodologa y como un momento crtico en el reconocimiento del trabajo en su consistencia fsica y sus polaridades esttica e histrica. La teora de Brandi puede ser vista como una sfntesis del pensamiento res-taurador moderno, y l fornece la metodologa funda-mental para la practica de la restauracin en relacin tanto a los trabajos de arte como de arquitectura.

    Preocupaciones de Europa central: Paralelamente a la especificacin de esa teora haba avances con relacin a reas urbanas histricas. Alemania haba sido severamen-te afectada durante la guerra y existia una enorme tarea de reconstruccin por delante. Eso no fue hecho sin sacrifcios, pero fueron hechas intentonas de salvaguar-dar loque fuese posible. En el caso de Hildesheim, el cen-tro destrudo de la ciudad fue reconstruido en formas modernas en los anos cincuenta, pero es interesante notar que eso no fue considerado satisfactorio y cerca de treinta anos despus la plaza central fue reconstruida de la for-ma que tema antes de la destruccin. En Alemania Orien-tal, hubo motivacioncs polticas hasta para demoler algunas reas que quedaron en pie (por ejemplo en Berln y en Leipzig). En muchos casos (por ejemplo, Weimar, Rostock. Naumburg, Erfurt), fueron hechos esfuerzos especiales por el gobierno para restaurar y reconstruir centros de ciudad histricos a pesar de ser la poltica ofi-cial a favor de tecnologas modernas y produccin indus-trial.

    reas de conservacin Britnicas: Fn Gran Bretafa, existan nuevas legislaciones adoptadas para la conservacin de reas y edificaciones histricas. Bsicamente la proteccin era basada en el sistema de listas ( en dases diferentes) de edificaciones histricas. Las

    24

    nuevas leyes lanzaron la idea dei 'Valor de grupo' en edificacioncs histricas que eran tal vez menos importan-tes arquitecturalmente, pero que contribuyeron para la coherencia de reas histricas. Como resultado fue propuesto que tales reas deberan ser protegidas como 'reas de conservacin' . El tama.o de las reas de conservacin podia variar bastante.

    En algunos casos, poda ser una simple calle, en otros, en el caso de la ciudad de Bath, poda entenderse por todo el paisaje de los alrededores. El foco principal en la proteccin era, entre tanto, la apariencia externa, no la estructura o los interiores. Al mismo tiempo, los administradores Britnicos tambin dieron atencin a la plarficacin y gerencia de las necesidades crecientes del trafico, que era una preocupacin importante incluso en las ciudades pequei'\as.

    Legislacin Francesa: En Francia, las polticas oficiales habian favorecido fuertemente edificios pblicos impor-tantes. La proteccin poda ser ex tendida a los alrededores de tales monumentos hasta una distancia de 500 metros. Una novedad importante en la identificacin de reas his-tricas fue la legislacin propuesta por el Ministerio de Cultura, Andre Mahaux, la as llamada "Lcy Malraux', de 1962. Inicialmente, el propsito era seleccionar reas pintorescas negligenciadas y restaurarias o reconstruirlas como reas monumentales, enfatizando sus cualidades estticas e histricas particulares. Los resultados fueron problemticos, especialmente desde el punto de vista socio-cultural, \ma vez que los habitantes iniciales tuvieron que ser removidos para ser sustituidos por familias con ms recursos y aptas para sustentar el coste de la restauracin. Con el tiempo, no cn tanto, las polticas cambiaron y fueron buscadas soluciones ms simpticas, como en el caso de Strasbourg.

    Planificacin italiana: En Italia, importantes ciudades his-tricas fueron damnificadas durante la guerra, tales como Florencia y Gnova, exigiendo mayores esfuerzos de reconstruccin. Esos danos, entre tanto, tambin aumentaron la conciencia de la importancia de esas reas histricas. Como resultado, se inicio un debate en los afos 50, promoviendo varias iniciativas. Fue dada especial atencn a pequenos pueblos en las montanas, tales como Assis, en el cual todo el pueblo y sus paisajes circundantes fueron protegidos en el plan director (1952) preparado por G. Astengo, que dio la debida atencin ai importante significado espiritual dei local. En el caso de Urbino, en los aftas 60, el plan director elaborado por G.C. de Carlo Int