Cecília Meireles -...
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Ceclia Meireles1901 - 1964
Nasceu no Rio de Janeiro
Viveu entre o Brasil e Portugal
Poetisa, pintora, professora e jornalista
rf de pai e me, fora criada pela av portuguesa, infncia essaretratada em sua obra infanto-juvenil Olinhos de Gato, publicadoentre 1939/1940
Viva de dois maridos, o primeiro, artista plstico portugus,Fernando Correia Dias
Comeou a escrever poesia aos 9 anos
Aos 18 anos, publicou seu primeiro livro, em 1919, Espectro
Vida__________________________
1967
A dor existencial que dissolve tudo...
Essa era a premissa da poesia de Ceclia Meireles
Tudo foi falta, ausncia, perda: os pais, os amores
A infncia surge ingnua: os desejos, os sonhos pueris, a vida
simples
Fixao pela imagem da bailarina: representao dos sonhos de
criana
Forte simbolismo pela musicalidade da poesia: rimas e sugesto
Cnticos e canes: poemas do estado da alma, dor, tristeza
O mar: absoluto. Revela o horizonte (vida e realizaes)
inalcanvel
O mar destino incerto, profundo, misterioso, salgado
A poetisa refugia-se no oceano de si mesma
O mar absoluto
Foi desde sempre o mar,E multides passadas me empurravamcomo o barco esquecido.
Agora recordo que falavamda revolta dos ventos,de linhos, de cordas, de ferros,de sereias dadas costa.
E o rosto de meus avs estava cadopelos mares do Oriente, com seus corais e prolas,e pelos mares do Norte, duros de gelo.
Ento, comigo que falam,sou eu que devo ir.Porque no h ningum,to decidido a amar e a obedecer a seus mortos.
E tenho de procurar meus tios remotos afogados.Tenho de levar-lhes redes de rezas,campos convertidos em velas,barcas sobrenaturaiscom peixes mensageirose cantos nuticos.
(...)
Retrato
"Eu no tinha este rosto de hoje,assim calmo, assim triste, assim magro,nem estes olhos to vazios,
nem o lbio amargo.
Eu no tinha estas mos sem fora,to paradas e frias e mortas;eu no tinha este corao
que nem se mostra.
Eu no dei por esta mudana,to simples, to certa, to fcil: Em que espelho ficou perdida
a minha face?"
Motivo
Eu canto porque o instante existee a minha vida est completa.No sou alegre nem sou triste:sou poeta.
Irmo das coisas fugidias,no sinto gozo nem tormento.Atravesso noites e diasno vento.
Se desmorono ou se edifico,se permaneo ou me desfao,- no sei, no sei. No sei se ficoou passo.
Sei que canto. E a cano tudo.Tem sangue eterno a asa ritmada.E um dia sei que estarei mudo:- mais nada.
Mulher ao Espelho
Hoje, que seja esta ou aquela,pouco me importa.Quero apenas parecer bela,pois, seja qual for, estou morta.J fui loura, j fui morena,J fui Margarida e Beatriz,J fui Maria e Madalena.S no pude ser como quis.Que mal faz, esta cor fingidado meu cabelo, e do meu rosto,se tudo tinta: o mundo, a vida,o contentamento, o desgosto?Por fora, serei como queira,a moda, que vai me matando.Que me levem pele e caveiraao nada, no me importa quando.Mas quem viu, to dilacerados,olhos, braos e sonhos seus,e morreu pelos seus pecados,falar com Deus.Falar, coberta de luzes,do alto penteado ao rubro artelho.Porque uns expiram sobre cruzes,outros, buscando-se no espelho.
O surrealismo e o cubismo foram
vertentes artsticas fortemente
respiradas pela poeta. Andr
Breton e Pablo Picasso serviram
de grandes expoentes para
renovao da arte no mundo.
A mulher atravs do espelho,
Pablo Picasso
A bailarina
Esta menina
to pequenina
quer ser bailarina.
No conhece nem d nem r
mas sabe ficar na ponta do p.
No conhece nem mi nem f
Mas inclina o corpo para c e para l.
No conhece nem l nem si,
mas fecha os olhos e sorri.
Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e no fica tonta nem sai do lugar.
Pe no cabelo uma estrela e um vu
e diz que caiu do cu.
Esta menina
to pequenina
quer ser bailarina.
Mas depois esquece todas as danas,
e tambm quer dormir como as outras crianas.
In Canes
Quando meu rosto contemploO espelho se despedaa:Por ver como passa o tempoE o meu desgosto no passa.Amargo campo da vida,Quem te semeou com dureza,Que os que no se matam de iraMorre de pura tristeza ?
Cntico XXVI
O que tu viste amargo,
Doloroso,
Difcil,
O que tu viste breve,
O que tu viste intil
Foi o que viram os teus olhos
humanos,
Esquecidos...
Enganados...
No momento da tua renncia
Estende sobre a vida
Os teus olhos
E tu vers o que vias:
Mas tu vers melhor...
Romanceiro da inconfidncia
1953
Revolta do sc. XVIII, 1789: Conjurao Mineira
84 romances: poemas narrativos, redondilhas (versos de 5 e 7 slabas poticas)
Rimas nos versos pares; repeties e paralelismos
4 cenrios: prlogo e xedo
Temas:
1.Morte: Joaquim Jos da Silva Xavier Tiradentes
2.Traio: Joaquim Silvrio Reis
3.Exlio: Toms Antnio Gonzaga
4.Tristeza: Marlia de Dirceu
5.Loucura: Dona Maria I
6.Heris: os derrotados pela ganncia (nobres, burguesia)
do latim: liberdade ainda que tardia. O lema que inflama
a bandeira do estado de Minas Gerais at os dias de hoje.
ob.: O texto em latim foi retirado da
primeira cloga de Virglio, do
dilogo entre Meliboeus e Tityrus.
Romance XXXIV ou de Joaquim Silvrio
Melhor negcio que Judasfazes tu, Joaquim Silvrio:que ele traiu Jesus Cristo,tu trais um simples Alferes.Recebeu trinta dinheiros... e tu muitas coisas pedes:penso para toda a vida,perdo para quanto deves,comenda para o pescoo,honras, glria, privilgios.E andas to bem na cobranaque quase tudo recebes!
Melhor negcio que Judasfazes tu, Joaquim Silvrio!Pois ele encontra remorso,coisa que no te acomete.Ele topa uma figueira,tu calmamente envelheces,orgulhoso impenitente,com teus sombrios mistrios.(Pelos caminhos do mundo,nenhum destino se perde:h os grandes sonhos dos homens,e a surda fora dos vermes.
O traidor.
Por conta de dvidas edesejoso de perdo por umassassinato, Joaquim Silvriodesertou da inconfidncia,denunciou Tiradentes e todosseus aliados e aonde seacomunavam.
Assinale a alternativa INCORRETA de acordo com
o texto .
(A) A expresso "mos sem fora", que aparece
no primeiro verso da segunda estrofe, indica um
lado fragilizado e impotente do "eu" potico diante
de sua postura existencial.
(B) As palavras mais sugerem do que escrevem,
resultando, da, a fora das impresses sensoriais.
Imagens visuais e auditivas, em outros poemas,
sucedem-se a todo momento.
(C) O tema revela uma busca da percepo de si
mesmo. Antes de um simples retrato, o que se
mostra um auto-retrato, por meio do qual o "eu"
potico olha-se no presente, comparando-se com
aquilo que foi no passado.
(D) No h no poema o registro de estados de
nimo vagos e quase incorpreos, nem a noo
de perda amorosa, abandono e solido.
(E) H no poema muitas heranas simbolistas,
como as metforas, prprias dos poetas desta
gerao moderna.
Retrato
Eu no tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim
magro,
nem estes olhos to vazios,
nem o lbio to amargo.
Eu no tinha estas mos sem fora,
to paradas e frias e mortas,
eu no tinha este corao
que nem se mostra.
Eu no dei por esta mudana,
to simples, to certa e fcil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?"
(Ceclia Meireles)
Leia o seguinte poema de Ceclia Meireles.
Atitude
Minha esperana perdeu seu nome...
Fechei meu sonho, para cham-la.
A tristeza transfigurou-me
como o luar que entra numa sala.
O ltimo passo do destino
parar sem forma funesta,
e a noite oscilar como um dourado sino
derramando flores de festa.
Meus olhos estaro sobre espelhos, pensando
nos caminhos que existem dentro das coisas
transparentes.
E um campo de estrelas ir brotando
atrs das lembranas ardentes.
Considere as afirmaes sobre este poema:
I. O poema discute o sentimento tristeza,
aspecto existencialista que, sem dvida,
umas das propostas poticas recorrentes
na poesia de Ceclia Meireles.
II. A segunda estrofe demonstra uma atitude
resignada do eu lrico diante da tristeza.
III. A imagem da natureza uma simbologia
recorrente na poesia e significa, na
primeira estrofe, algo mais negativo e,
nos demais versos, algo mais positivo.
Quais esto corretas?
(A)Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) I, II e III.
(D)Apenas I e II.
(E) Apenas II e III.