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ENDEREÇO: RUA DO COMÉRCIO, 3000 CAMPUS - PRÉDIO EPSÍLON CX. POSTAL: 560 BAIRRO UNIVERSITÁRIO - CEP: 98700-000 IJUÍ – RS - BRASIL FONE: (55) 0**55 3332-0487 FAX: (55) 0**55 3332-0481 E-MAIL: [email protected] Comentários referentes ao período entre 13/03 a 19/03/2009 Prof. Dr. Argemiro Luís Brum 1 Daniel Claudy da Silveira 2 1 Professor do DECon/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA. 2 Acadêmico de Economia da UNIJUI, auxiliar administrativo junto ao DECon/UNIJUI. DECon Departamento de Economia e Contabilidade da UNIJUÍ

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Comentários referentes ao período entre 13/03 a 19/03/2009

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum1

Daniel Claudy da Silveira2

1 Professor do DECon/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.2 Acadêmico de Economia da UNIJUI, auxiliar administrativo junto ao DECon/UNIJUI.

DECon Departamento de Economia e Contabilidade da UNIJUÍ

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Cotações na Bolsa Cereais de Chicago - CBOT Produto

Data

GRÃO DE SOJA (US$/bushel)

FARELO DE SOJA (US$/ton. curta)

ÓLEO DE SOJA (cents/libra peso)

TRIGO (US$/bushel) MILHO (US$/bushel)

13/3/2009 8,82 286,00 29,80 5,06 3,75

16/3/2009 9,11 288,40 30,86 5,44 3,91

17/3/2009 9,13 286,00 31,31 5,52 3,90

18/3/2009 9,15 289,50 30,92 5,30 3,88

19/3/2009 9,40 296,30 31,89 5,55 3,96

Média 9,12 289,24 30,96 5,37 3,88Bushel de soja e de trigo = 27,21 quilos bushel de milho= 25,40 quilosLibra peso = 0,45359 quilo tonelada curta = 907,18 quilosFonte: CEEMA com base em informações da CBOT.

Médias semanais* (compra e venda) no mercado de lotes brasileiro - em praças selecionadas (em R$/Saco)

SOJA Var. % relação média anterior

RS - Passo Fundo 44,90 -1,54RS - Santa Rosa 44,40 -1,55RS - Ijuí 44,40 -1,55PR - Cascavel 43,72 0,16MT - Rondonópolis 39,75 1,66MS - Ponta Porã 40,10 1,01GO - Rio Verde (CIF) 40,50 -0,98BA - Barreiras (CIF) 38,20 1,33

MILHO Var. % relação média anterior

Argentina (FOB)** 152,00 0,26Paraguai (CIF)** 110,00 0,00Paraguai (FOB)** 145,00 0,00RS - Erechim 17,85 -6,05SC - Chapecó 20,38 -3,00PR - Cascavel 17,50 0,86PR - Maringá 17,28 -2,10MT - Rondonópolis 14,75 0,00MS - Dourados 16,77 -1,76SP - Mogiana 18,42 -0,38SP - Campinas (CIF) 20,17 -0,05GO - Goiânia 19,30 -1,78MG - Uberlândia 18,35 -3,17

TRIGO*** Var. % relação média anterior

RS - Carazinho 486,00 -1,82RS – Santa Rosa 486,00 -1,82PR - Maringá 556,00 -2,46PR - Cascavel 546,00 -2,50* Período entre 13/03 e 19/03/09Fonte: CEEMA com base em dados da Safras & Mercado. ** Preço médio em US$ por tonelada. *** Em Reais por tonelada

Média semanal dos preços recebidos pelos produtores do Rio Grande do Sul

Produtomilho

(saco 60 Kg)soja

(saco 60 Kg)trigo

(saco 60 Kg)

R$ 17,24 41,85 24,29Fonte: CEEMA, com base em informações da EMATER-RS.

Preços de outros produtos no RS

Média semanal dos preços recebidos pelos produtores do Rio Grande do Sul

Produto 19/03/2009

Arroz em casca(saco 60 Kg) 28,96

Feijão (saco 60 Kg) 85,42

Sorgo (saco 60 Kg) 15,00Suíno tipo carne

(Kg vivo) 1,64Leite (litro) cota-

consumo (valor bruto) 0,55

Boi gordo (Kg vivo)* 2,57(*) compreende preços para pagamento em 10 e 20 diasFonte: CEEMA, com base em informações da EMATER-RS.

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MERCADO DA SOJA:

As cotações da soja, nesta terceira semana de março, voltaram a subir. Entre o primeiro dia de março e o fechamento de quinta-feira (19), que alcançou US$ 9,40/bushel, o ganho chega a um dólar por bushel.

Tal comportamento se explica pela antecipação de movimentos especulativos antes do relatório de intenção de plantio dos EUA, previsto para o dia 31/03, o qual deverá indicar um aumento importante na área semeada com soja naquele país, a julgar pelas estimativas privadas (32,55 milhões de hectares ou quase 8% acima do registrado no ano anterior). Outro fator altista no momento é novamente a falta de chuvas em boa parte das regiões produtoras do sul do Brasil e da Argentina. No Rio Grande do Sul, no mês de março, choveu apenas 19 milímetros em média, contra um volume normal superior a 100 milímetros. No vizinho país, algumas regiões tiveram o retorno das chuvas, o que aliviou as lavouras de soja, porém, esse não é um quadro geral no país.

Além disso, o anúncio de medidas anti-crise nos EUA (o governo local anunciou um programa de compras de títulos do tesouro e expandiu o programa de compras de ativos lastreados em hipotecas, estimulando o mercado, já que o dólar voltou a enfraquecer, fato que auxilia as vendas externas).

Ao mesmo tempo, os registros de exportação da safra 2008/09, na semana encerrada em 12/03, ficaram apenas em 143.400 toneladas, contra 837.000 toneladas na semana anterior. Todavia, no acumulado do ano o volume alcança 28,07 milhões de toneladas, contra 26,5 milhões em igual período do ano anterior.

Por sua vez, o esmagamento de soja nos EUA, no mês de fevereiro, chegou a 3,5 milhões de toneladas, contra 3,8 milhões no mês anterior e 3,8 milhões em fevereiro de 2008. No acumulado do ano comercial (setembro/fevereiro) o volume chega a 21,9 milhões de toneladas, contra 24,2 milhões em igual período do ano anterior.

Quanto aos embarques, na semana do dia 12/03 os mesmos somaram 610.100 toneladas, contra 839.700 toneladas registradas na semana anterior.

Já os prêmios no Golfo do México encerraram a semana entre 60 e 63 centavos de dólar por bushel.

No fundo, o mercado continua com tendência baixista na medida em que a safra sul-americana entrar com intensidade em abril e o plantio nos EUA se confirmar importante. A partir daí, o clima nos EUA ditará o comportamento dos preços em Chicago, além das medidas visando equacionar a crise econômica mundial.

Na Argentina, o mercado se manteve praticamente parado, com o país vivendo uma intensa crise, agravada pela quebra de safras em função do clima e pela política econômica interna. O prêmio em Rosário ficou entre 45 e 60 centavos de dólar por bushel.

No mercado europeu, o pellets de soja, no CIF Rotterdam, para março, ficou cotado a US$ 365,00/tonelada tanto para o produto brasileiro quanto para o argentino. Para o

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período de maio a setembro tais preços baixam, ficando em US$ 349,00 para o produto brasileiro e US$ 342,00 para o produto argentino.

Ainda em termos mundiais, tem-se que os estoques de óleo de palma na Malásia, nos últimos três meses, recuaram em 700.000 toneladas, graças a uma política de redução dos impostos de exportação promovida pelo governo daquele país.

Na União Européia, o farelo de colza deverá incrementar sua participação no conjunto dos farelos consumidos em torno de 18% em relação ao ano anterior. A participação deste farelo no conjunto dos farelos consumidos dobraria em relação a 2003/04.

No Brasil, mesmo com a melhoria em Chicago, os preços internos acabaram não se recuperando já que o dólar voltou a perder força, fechando a quinta-feira (19) em R$ 2,23. Além disso, a entrada da nova safra continua aumentando, pressionando a oferta interna. Assim, a média gaúcha no balcão ficou em R$ 41,85/saco, enquanto os lotesrecuaram para R$ 44,00 e R$ 44,50/saco. Nas demais praças do país, a semana fechou com os lotes valendo entre R$ 38,50/saco em Barreiras (BA) e R$ 43,60/saco em Cascavel (PR). Nestas condições, quem fechou contratos antecipados em dólares, ainda no final do ano passado e mesmo em janeiro, está ganhando.

Quanto a colheita, até o dia 13/03 a mesma chegava a 35% no país, contra 29% na média histórica. No Paraná a mesma atingia a 45%, no Mato Grosso 64%, no Mato Grosso do Sul 46%, em Goiás 48%, em São Paulo 40%, em Minas Gerais 15% e em Santa Catarina 1%. Nos demais Estados, não havia ainda movimento significativo.

A tendência, até o final de maio, continua sendo de preços em recuo, devendo o mercado se estabelecer, no balcão, num parâmetro entre R$ 35,00 e R$ 45,00/saco, dependendo da região do país. Nesse momento, os preços só não baixam mais porque muitas empresas estão segurando as cotações via redução de margens. Mas isso tende a se inverter logo mais. Além disso, os produtores têm necessidade de caixa e irão pressionar cada vez mais o mercado vendendo sua produção.

Os prêmios nos portos, por enquanto, se mantêm elevados, sendo que para março os mesmos oscilam entre 55 e 70 centavos de dólar por bushel, dependendo do porto. Em Rio Grande, por exemplo, os mesmos estão entre 60 e 70 centavos. Já em Paranaguá registra-se valores entre 55 e 60 centavos de dólar.

Espera-se que a realidade da atual safra não se modifique para pior, tanto em colheita quanto em preço, pois os produtores estão muito descapitalizados. No Mato Grosso, por exemplo, a falta de crédito bancário obrigou os produtores a lançarem mão dos recursos próprios. Com o custo da lavoura subindo para R$ 6,8 bilhões (R$ 2 bilhões a mais do que no ano anterior), cerca de 40% saiu de recursos próprios. No ano anterior, apenas 6% haviam lançado mão de recursos próprios. A parte das tradings no financiamento local caiu de 52% para 25% do total entre o ano passado e a atual safra. Na prática, houve um recuo generalizado na oferta de crédito. Indústrias defertilizantes, que emprestaram 7% dos R$ 4,8 bilhões em 2007/08, forneceram 6% do total na safra atual. A fatia dos bancos saiu de 13% para 11%, na mesma comparação, e da indústria de defensivos, de 19% para 16%. A fatia do segmento de sementes recuou de 3% para 2% (cf. Agroconsult).

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Paralelamente, embora o forte recuo nos preços do petróleo no mercado mundial, o frete da soja entre Sorriso (nortão mato-grossense e o porto de Paranaguá) subiu 20%. A carga de impostos e a demanda maior por caminhões nesta época elevam sempre os custos do transporte, penalizando os produtores.

Enfim, a falta de crédito continua a preocupar os produtores, particularmente os do Centro-Oeste que já estão em final de colheita e planejam os próximos plantios. Isso diminuiu consideravelmente as compras antecipadas, impedindo que os produtores, em muitos casos, aproveitassem os melhores preços, que ficaram para trás. Por outro lado, os produtores que conseguiram negócios antecipados temem que as empresas privadas não consigam honrar os contratos, diante da forte queda nos preços em relação ao momento em que os contratos foram assinados.

MERCADO DO MILHO:

As cotações do milho em Chicago também subiram, fechando a quinta-feira (19) em US$ 3,96/bushel, contra US$ 3,76 uma semana antes. Contraditoriamente, embora se fale em redução na área a ser semeada com o cereal nos EUA, a elevação proporcional à soja, em Chicago ficou muito aquém já que a cotação do início de março era de US$ 3,43/bushel. Isso confirma o aspecto particularmente especulativo do movimento ocorrido na bolsa nesta semana, particularmente na soja.

Quanto a possível área a ser semeada com milho nos EUA, há divergências entre os diferentes analistas. A Informa indica área de 32,94 milhões de hectares. Por sua vez, a Allendale aponta 34,56 milhões de hectares. A média seria de 33,79 milhões de hectares, considerada relevante e que, se confirmada, inibiria fortes altas nas cotações do milho em Chicago.

Em outras palavras, o mercado busca se posicionar diante da proximidade do anúncio do relatório de intenção de plantio, a ser divulgado pelo USDA no dia 31/03.

Enfim, a exportação semanal dos EUA foi considerada baixa, ficando em 440.000 toneladas nesta semana. Paralelamente, nova desvalorização do dólar acabou puxando para cima os preços das commodities, com o petróleo chegando a US$ 52,00/barril para abril, fato que fortaleceu o milho devido ao seu potencial de produção de etanol.

Na Argentina e no Paraguai os preços do cereal se mantiveram praticamente estáveis, com a tonelada FOB valendo respectivamente US$ 152,00 e US$ 110,00.

No mercado brasileiro, os preços recuaram para o nível do mínimo oficial de forma definitiva no sul do Brasil e abaixo disso no Centro-Oeste e outras regiões, em termos de balcão. A média gaúcha, nessa condição, ficou em R$ 17,24/saco, embora em muitos locais haja preços abaixo do mínimo. Nos lotes, o norte do Estado praticou a média de R$ 17,75/saco. Nas demais praças, os preços oscilaram entre R$ 14,75/saco em Rondonópolis (MT) e R$ 20,35/saco em Chapecó (SC). Na exportação, o mercado trabalha voltado para a safrinha futura, oferecendo preços entre US$ 165,00 e US$ 170,00/tonelada após o mês de julho. Nota-se, em termos médios, que houve recuos

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expressivos em algumas localidades, como o norte gaúcho e a região de Uberlândia (MG), por exemplo (cf. tabela no início deste boletim).

Na prática, o mercado continua baixista diante da entrada da nova safra de verão, com a quebra ocorrida no sul do país não mais fazendo efeito sobre os preços nesse momento.

Enfim, houve novo leilão de opções de venda no dia 19/03, com o mesmo negociando 729.351 toneladas de um total oferecido de 792.234 toneladas.

A semana terminou com a importação, no CIF indústrias brasileiras, valendo R$ 34,49/saco para março, ao produto dos EUA, e R$ 29,56/saco para o produto argentino. Já para abril o produto argentino ficou em R$ 30,11/saco. Na exportação, no transferido via Paranaguá, o mês de março ficou em R$ 20,90/saco, abril em R$ 21,07, maio em R$ 21,26 e junho em R$ 21,75/saco.

Vale ainda destacar que o 1º Fórum Nacional do Milho, ocorrido por ocasião da Expodireto em Não-Me-Toque (RS), nesta semana, apontou um aumento na área de milho transgênico. A mesma deve crescer 20% para a safra 2009/2010. Para separar o produto transgênico do não-transgênico, os custos oscilariam entre 8% e 25%, o que, se não vier acompanhado de um preço mais interessante ao produtor, não motivará o mesmo a segregar o produto, podendo o milho transgênico seguir os passos da soja em termos de crescimento de área semeada no país.

MERCADO DO TRIGO:

As cotações do trigo em igualmente melhoraram durante esta semana, com a quinta-feira (19) fechando em US$ 5,55/bushel.

Na prática, o mercado do trigo parece, no momento, ser o mais fraco em poder de recuperação de preços, mesmo havendo preocupações com áreas de seca nas planícies produtoras dos EUA. A fraqueza do dólar tem favorecido um pouco a retomada das cotações, porém, em níveis menores do que a soja.

O mercado está muito voltado aos fatores técnicos no momento. Na semana, compras de trigo russo por parte do Egito seguraram um pouco as cotações em Chicago. No FOB, o preço pago foi de US$ 164,00 a US$ 166,00/tonelada, sendo mais competitivo do que o trigo estadunidense, que bate ao redor de US$ 186,00/tonelada, no momento.

Na Argentina, ganha força a ideia de que o governo local não irá liberar novos registros de exportação de trigo, diante da péssima safra desse ano. Por enquanto, os preços giram entre US$ 220,00 e US$ 225,00/tonelada, subindo paulatinamente e preocupando o governo, pois a inflação local é muito forte e vem desestabilizando a economia, agora atingida pela crise global.

Além disso, cálculos recentes dão conta de que os produtores, em termos de rentabilidade, estariam perdendo 48% em relação a 2008, fato que deverá desestimular o plantio para a safra 2009/2010. Além disso, há uma descapitalização importante junto aos produtores do vizinho país. Apesar da falta de informações oficiais, já que desde

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outubro o governo local não divulga mais os volumes embarcados, calcula-se que a Argentina tenha apenas um saldo de 1,6 milhão de toneladas de trigo no momento. Para muitos analistas, tal número impede novas exportações até a próxima colheita. Salvo se o país se sujeitar a importar o cereal para o seu consumo próprio.

Neste contexto, o mercado interno brasileiro ainda está bastante tímido quanto a recuperação de preços. Esperava-se, já para esse momento, preços um tanto mais elevados. Pelo contrário, houve mesmo recuo nos preços médios desta semana, coisa rara nos últimos meses no mercado do cereal.

Assim, o preço médio de balcão no Rio Grande do Sul ficou em R$ 24,29/saco, enquanto os lotes recuaram para R$ 480,00/tonelada (preço mínimo). No Paraná, os lotes caíram para valores entre R$ 540,00 e R$ 550,00/tonelada.

Na prática, a tendência de alta se mantém, porém, conjunturalmente o mercado está muito pouco agressivo, com muitos moinhos bem abastecidos. Por outro lado, como os preços internacionais mantém tendência de baixa, e o governo aponta para a possibilidade de zerar novamente a tarifa externa comum (TEC), de 10%, oriunda das regras do Mercosul, os moinhos ficam cautelosos quanto a realização de negócios substanciais, preferindo compras “da mão para a boca”.

Nesse sentido, e visando favorecer ao setor, embora o impacto seja pequeno, o governo gaúcho prorrogou a redução do ICMS do trigo nas vendas para outros Estados, de 12% para 2%, até fins de maio próximo. O problema é que tal medida vale apenas para os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

No fundo a questão está na reação dos moinhos, cujo cálculo é o seguinte: sem a retirada das tarifas TEC (Mercosul) e do frete, o preço do cereal paranaense, por exemplo, chegaria no Sudeste do país a R$ 645,00/tonelada. Isentadas as tarifas, tal preço cairia para R$ 575,00/tonelada, fato que leva as indústrias a esperarem. Nos dois casos o preço ainda poderia melhorar, sem dúvida, porém, a diferença entre um e outro é grande e vem travando o mercado no momento, enquanto o governo não se define. Obviamente, os produtores estão contra a isenção das tarifas. Resta saber se o seu poder de pressão terá consistência desta vez.

Enfim, para o Rio Grande do Sul está previsto um leilão de PEP para o dia 26/03.

A semana terminou com as cotações na importação, no CIF Sudeste brasileiro, valendo US$ 330,78/tonelada para o produto dos EUA, US$ 257,76/tonelada para o produto da Argentina, e US$ 269,19/tonelada para o produto oriundo do norte do Paraná.