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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ MARIA CAROLINA KUHLMANN RAQUEL OLIVEIRA DA SILVA DE MORAES CENÁRIO DA LONGA ESPERA POR UMA CIRURGIA CARDÍACA DURANTE UMA INTERNAÇÃO HOSPITALAR EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA ESTADUAL DO SUL BRASIL Biguaçu (SC) Julho de 2008.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

MARIA CAROLINA KUHLMANN

RAQUEL OLIVEIRA DA SILVA DE MORAES

CENÁRIO DA LONGA ESPERA POR UMA CIRURGIA CARDÍACA

DURANTE UMA INTERNAÇÃO HOSPITALAR EM UM HOSPITAL DE

REFERÊNCIA ESTADUAL DO SUL BRASIL

Biguaçu (SC)

Julho de 2008.

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MARIA CAROLINA KUHLMANN

RAQUEL OLIVEIRA DA SILVA DE MORAES

CENÁRIO DA LONGA ESPERA POR UMA CIRURGIA CARDÍACA

DURANTE UMA INTERNAÇÃO HOSPITALAR EM UM HOSPITAL DE

REFERÊNCIA ESTADUAL DO SUL BRASIL

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Enfermeiro pela Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências da saúde campus Biguaçu.

Orientadora: Prof.ª Msc Maritê Inez Argenta

Biguaçu (SC)

Julho de 2008.

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AGRADECIMENTOS

Á Deus...

Pelo Dom da vida, por nos dar coragem e iluminar nosso caminho, por nos acalentar nos

momentos de desespero e por sempre esta força presente em nossa vida...

Obrigada!

Aos nossos pais...

Por nos dar a vida, pensando sempre em nós, muitas vezes abrindo mão de seus desejos

para que pudéssemos realizar os nossos, por estarem sempre nos apoiando, principalmente nos

momentos mais difícies, por serem exemplo de caráter, dignidade, respeito, honestidade,

humildade, carinho e amor... Amamos Vocês!

Aos nossos irmãos...

Por serem nossos companheiros nesta caminhada da vida, sempre nos incentivando,

demonstrando carinho e paciência em momentos difícies...

Obrigado Edy, Maycon !!!

Obrigado Elias, Eliene!!!

Ao amor...

A quem devo a conquista desta caminhada, pela paciência, companheirismo, cumplicidade

e dedicação. A você que sempre esteve do meu lado compartilhando dos momentos felizes de

minha vida e que acompanhou de perto toda minha trajetória acadêmica...

Muito obrigada Breno!!! (Raquel)

As filhas do coração...

Que por inúmeras vezes compreenderam os momentos de ausência e a falta de tempo.

Obrigada Tais e Thaynara!!! (Raquel)

Aos nossos amigos...

Por estarem sempre ao nosso lado nos momentos de alegria e tristeza, por nos ouvirem

sempre atentos, pelo apoio, carinho, incentivo e principalmente pela amizade... Muito obrigada!

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A nossa orientadora...

Por acreditado em nosso potencial, pela dedicação, companheirismo, amizade,

compreensão e por compartilhar seus conhecimentos conosco, por ser além de orientadora

exemplo de profissional e ser humano... Obrigada Maritê

A banca examinadora...

Pela receptividade em aceitar a participar da banca examinadora, que contribuíram para

nossa formação acadêmica e estão mais uma vez presentes nessa etapa, compartilhando seus

conhecimentos, enriquecendo nosso trabalho... Obrigada Helga e Valéria

Aos pacientes e familiares...

Por nos permitirem participar de um momento delicado de suas vidas, Sua ajuda foi

imprescindível para conclusão deste trabalho... Muito obrigada!

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KUHLMANN, Maria Carolina; MORAES, Raquel de Oliveira e Silva. Cenário da longa espera por uma cirurgia cardíaca durante uma internação hospitalar em um hospital de referência estadual do sul Brasil. 2008. 69f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem) – Curso de Graduação em Enfermagem, Universidade do vale do Itajaí, Campus Biguaçú, Biguaçú, 2008

RESUMO

Este trabalho teve por finalidade nortear o desenvolvimento de uma pesquisa que abordou a problemática da longa permanência de pacientes que aguardam por uma cirurgia cardíaca em uma instituição pública de referência estadual, com foco no possível comprometimento das necessidades humanas básicas que poderiam estar afetadas em decorrência desta longa espera. A questão norteadora do estudo foi “Quais as Necessidades Humanas Básicas afetadas em decorrência da longa permanência de uma internação hospitalar para os pacientes que necessitam submeter-se à cirurgia cardíaca em um hospital público de referência no estado de Santa Catarina”. O referencial teórico elencado para subsidiar as análises foi à produção de Wanda de Aguiar Horta, sobre as Necessidades Humanas básicas e a teoria sócio humanística de Capella. O objetivo foi caracterizar e analisar como as necessidades humanas básicas são afetadas em decorrência da longa espera dos pacientes internados que aguardam por uma cirurgia cardíaca. A metodologia é de abordagem qualitativa de caráter descritivo. Os sujeitos do estudo foram vinte pacientes das unidades de internação que estavam aguardando cirurgia cardíaca a mais de uma semana. Cuidados foram respeitados no que tange ao respeito à cultura e valores dos participantes ao responderem as perguntas da Entrevista, dentro de um clima de confiança que permita aos participantes a expressão livre dos fatos e garantia do anonimato, com esclarecimentos e acordos claros sobre o uso dos dados de acordo com a RESOLUÇÃO 196 de 1996. Os dados coletados foram registrados e analisados seguindo o preconizado em uma pesquisa qualitativa, que consiste em processos, tais como: apreensão, síntese, teorização e re-contextualização das informações colhidas. Emergindo, assim quatro categorias: 1- perfil dos sujeitos da pesquisa; 2- o impacto da notícia – necessidade de submeter-se a uma cirurgia cardíaca; 3- necessidades humanas básicas afetadas e o cuidado de enfermagem realizado; 4- fatores que influenciam a longa espera por uma cirurgia cardíaca – relacionados ao paciente e a instituição. Através deste estudo se percebe alguns desafios ainda existentes para que a atenção às necessidades humanas básicas seja atendida, pois se sabe que com a internação muitas das necessidades humanas básicas do paciente são afetadas. Entretanto percebemos que diversas vezes não é dada a devida atenção a essas necessidades alteradas, por se tratar muitas vezes de necessidades subjetivas, que passam despercebidas diante da equipe de enfermagem, a qual tem extrema responsabilidade de ver o paciente como um todo, que é composto de diversas necessidades, não apenas psicobiológicas, mas também psicossociais e psicoespirituais. Mas questionamos esta enfermagem nas questões subjetivas relacionadas a estes pacientes, afinal a essência do trabalho da enfermagem é o cuidado que, também é entendido como o resultado final do trabalho da enfermagem, então se pergunta: por que estes enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem não “alcançam” a subjetividade destes pacientes? Enfim, não temos resposta para esta questão.

Palavras–chave: Cuidado de enfermagem. Necessidades humanas básicas. Cirurgia cardíaca.

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ABSTRACT

This work had for finality to orient the development of a research what the boarding the problem of extend permanent at patients what looking for a cardiac surgey in public instituitionof of state reference , with focus in possible privation at basic humans necessities what can be affected owed this long wait. The orienting question of study went which the Basics Humans Necessitys affected owed a long wait in an in-patients what necessity to submit oneself to cardiac surgey in public hospital of refence in State of Santa Catarina. The theoria referential chosen for to subsidze the analysis went the production of Wanda de Aguiar Horta about the Basics Humans necessitys and the theoria socio human of Capella. The objective went to characterize and to analyze like the basics humans necessitys are affected owed the long wait at in-patients what wait for a cardiac surgey. The methodology is at approaching in the qualitative at descriptive character. The subjects of study went twenty inner await the cardiac sugery most week. Precautions went remarks with regard to culture and morality’s participants at answer the questions of Interview, with credit wath afforded the participants free expression in fact and guaranty at aninymity with elucidation and accord about use of data at concord into The Resolution 196 in 1996. The data collected, registered and analized ensuing the recommended into a qualitative search consisted of process like: seizing, synthesis, theorization and texturization of information flocked. Emerging that four categories : 1 – subjects contour at search; 2 – the news impact – need to submit oneself to cardiac surgery, 3 – factors what influence the long wait for one cardiac surgery – belonged at patient and the instituition; 4 – basics humans necessities affected and the care of nursing realized. Through this study appear several challenges still existents for what attention the basics necessaries human will are heeded. The basic necessities human are affected for intenment. Nevertheless perceive what oftentime the necessities altered are relegate, becouse are necessities subjectives what pass unnoticeable in front of nursing team which has resposability to see of patient as a whole compost at diverse necessities, psycobiologic, psycho-sociological and psycho-spiritual. But question this nursing at question subjective related with this patients; finally the essence of nursing work is the care what also is conceived like resulted final aat nursing work, therefore query whay these nurses, technicians and adjuncts at nursing not access the subjectivity these patients. Finally, we have not answer for this question.

Keywords: care of nursing; basics necessities humans; cardiac surgery

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA.........................................................................................9

2 OBJETIVOS.......................................................................................................................... 11

2.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................................... 11

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..............................................................................................11

....................................................................................................................................11

3 REVISÃO DE LITERATURA..............................................................................................12

3.1 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO CORAÇÃO.................................................................12

3.2 FATORES DE RISCO PARA AS DOENÇAS CARDIOVASCULARES....................... 16

3.2.1 Fatores imutáveis............................................................................................................. 16

3.2.2 Fatores mutáveis.............................................................................................................. 16

4 DOENÇAS CARDIOVASCULARES.................................................................................. 22

4.1 ANGINA ESTÁVEL.......................................................................................................... 22

4.2 ANGINA INSTÁVEL........................................................................................................ 23

4.3 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO.............................................................................24

4.4 CIRURGIA DE REVASCULARIZAÇÃO MIOCÁRDICA............................................. 27

4.5 ANGIOPLASTIA............................................................................................................... 28

4.6 CIRURGIA ELETIVA....................................................................................................... 29

5 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................................. 31

5.1 TEORIAS ABORDADAS NO ESTUDO.......................................................................... 31

5.2 CONCEITOS CHAVES..................................................................................................... 31

5.2.1 Enfermagem.....................................................................................................................32

5.2.2 Sujeito trabalhador de enfermagem................................................................................. 33

5.2.3 Homem.............................................................................................................................33

5.3 PRESSUPOSTOS............................................................................................................... 34

5.3.1 Pressupostos de Capella e Leopardi.................................................................................34

5.3.2 Pressuposto de Wanda Horta........................................................................................... 35

5.3.3 Pressupostos pessoais.......................................................................................................35

6 METODOLOGIA................................................................................................................. 37

6.1 TIPO DE PESQUISA......................................................................................................... 37

6.3 SUJEITOS DO ESTUDO................................................................................................... 38

6.4 COLETA DE DADOS........................................................................................................39

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6.5 REGISTRO E ANÁLISE DOS DADOS............................................................................39

7 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS....................41

7.1 Primeira categoria: perfil dos sujeitos da pesquisa............................................................. 41

7.2 Segunda categoria: o impacto da notícia – necessidade de submeter-se a uma cirurgia

cardíaca..................................................................................................................................... 45

7.3 Terceira Categoria: necessidades humanas básicas afetadas e o cuidado de enfermagem

realizado;...................................................................................................................................48

7.4 Quarta categoria: fatores que influenciam a longa espera por UMA CIRURGIA

CARDÍACA – RELACIONADo ao paciente e a instituição................................................... 55

8 Considerações finais.............................................................................................................. 59

REFERÊNCIAS........................................................................................................................62

ANEXOS.................................................................................................................................. 65

ANEXO I - INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS PESSOAIS...................................65

ANEXO II - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO......................... 67

Será realizada uma pesquisa qualitativa, descritiva, exploratória com o objetivo de identificar

como as necessidades humanas básicas são afetadas com a longa espera dos pacientes

internados que aguardam por uma cirurgia cardíaca, e como está situação reflete na

assistência de enfermagem prestada aos pacientes em um hospital publico no sul do país..... 67

ANEXO III - CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO.............................. 69

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1 INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA

Mundialmente a doença cardiovascular é estimada como a principal causa de morte e

incapacidade funcionais. As cardiopatias vêm para os indivíduos na maioria das vezes

inesperadamente, apesar de estarem doentes já algum tempo e não saberem ou não

perceberem os sinais que seu organismo emite. Subitamente essas pessoas se vêem em uma

instituição hospitalar sendo submetidas a procedimentos invasivos, tendo na maioria das

vezes suas necessidades humanas básicas afetadas.

“De 1998 a 2000 as síndromes coronarianas no Brasil em pacientes acima de 40 anos

foram responsáveis por um crescimento de 20,5 % de internações hospitalares, 36,6 % de

aumento de gastos e 17,2% de aumento do número de óbitos” (TIMERMAN; TIMERMAN,

2006, p. 3).

Ao observar estes dados concordamos que, as doenças cardiovasculares merecem o

devido destaque tanto no âmbito hospitalar como em ações voltadas para saúde pública.

Entretanto percebe-se que o entendimento sobre doenças cardiovasculares cresceu

rapidamente nas ultimas décadas, devido o aumento das pesquisas e os esforços dos cientistas

e dos profissionais da área da saúde para mostrarem a importância da prevenção e tratamento

das cardiopatias.

Para evitar então que o número de cardiopatias continue aumentando devemos

trabalhar com os fatores de risco tanto os constitucionais que, portanto são imutáveis, mas

passiveis de controle como os mutáveis. Neste grupo de fatores imutáveis encontramos a

idade, sexo e herança familiar. Os fatores de risco mutáveis adquiridos, relevantes são: a

hiperlipidemia adquirida, hipertensão, tabagismo, sedentarismo, obesidade, estresse e diabete

melitus tipo II. (SMELTZER; BARE, 1998).

A prevenção, ainda é considerada a forma mais eficaz para evitar as cardiopatias,

sendo assim recomenda-se uma vida não sedentária com exercícios diários, uma dieta

adequada (pobre em gorduras saturadas) e evitar os fatores de risco como tabagismo, estresse

e etc.

De acordo com nossa vivência enquanto acadêmicas observamos que um grande

número de pacientes que necessitam de atendimento cardiovascular permanecem internados

por longos períodos enquanto aguardam o procedimento cirúrgico. Estes pacientes esperam ás

vezes 40, 60 dias afastados de seu convívio familiar, social e também de suas atividades

econômicas. Neste período o indivíduo passa por uma série de inquietações, questionamentos,

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medos, inseguranças entre outras mudando assim sua rotina ao ser obrigado a permanecer

“confinado” em um ambiente hospitalar o que afeta suas necessidades humanas básicas.

De acordo com o contexto empírico1 vivenciado, emerge investigar numa situação

concreta o seguinte problema de pesquisa: quais as necessidades humanas básicas afetadas

em decorrência da longa permanência de uma internação hospitalar para os pacientes

que necessitam submeter-se à cirurgia cardíaca em um hospital público de referência no

estado de Santa Catarina?

Esse estudo sobre a longa permanência na espera pela cirurgia cardíaca e as suas

implicações nas necessidades humanas básicas, justificou-se pela sua importância, uma vez

que as questões aqui levantadas são de grande relevância, devido ao avanço dos estudos na

área de cardiologia necessitando de melhor compreensão para o crescimento da

profissão/disciplina que escolhemos e à qual buscamos contribuir.

Assim, em vista das inquietações que justificam a proposta deste estudo, descrevemos

os objetivos, a revisão de literatura e em seguida o referencial teórico e metodológico.

Apresentamos os resultados através da análise em suas cinco categorias assim denominadas

Primeira categoria: perfil dos sujeitos da pesquisa; Segunda categoria: o impacto da notícia –

necessidade de submeter-se a uma cirurgia cardíaca; Terceira categoria: necessidades

humanas básicas afetadas e o cuidado de enfermagem; Quarta categoria: fatores que

influenciam a longa espera por uma cirurgia cardíaca – relacionados ao paciente e a

instituição. Finalizamos tecendo algumas considerações sobre o assunto abordado.

1 Empírico: para as autoras, empírico significa com base na experiência adquirida durante os estágios durante o período acadêmico.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Analisar como as necessidades humanas básicas são afetadas em decorrência da longa

espera dos pacientes internados que aguardam por uma cirurgia cardíaca.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Caracterizar o perfil dos sujeitos com necessidades humanas básicas afetadas.

Identificar o tempo de espera por cirurgia cardíaca no hospital estudado;

Entender como a equipe de enfermagem cuida dos pacientes com necessidades

humanas básicas afetadas durante a longa espera por uma cirurgia cardíaca.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO CORAÇÃO

O coração é um órgão muscular e oco com capacidade contrátil propulsora, localizado

na parte central do tórax, onde ocupa o espaço entre os pulmões e repousa sobre o diafragma,

conhecido por mediastino (SMELTZER; BARE, 2002).

A função maior do coração é bombear o sangue para os tecidos, suprindo-os com

oxigênio outros nutrientes, ao mesmo tempo em que remove o dióxido de carbono e outros

restos de metabolismo, mantendo a vitalidade do organismo (SMELTZER; BARE, 1998).

Sua forma corresponde a cone truncado, apresentando uma base, um ápice e fácies

(esternocostal, diafragmática e pulmonar). Está envolto em um saco fino e fibroso

denominado pericárdio que é composto de duas camadas: pericárdio visceral e parietal. A

primeira esta aderida ao epicárdio e a segunda, por sua vez, envolve o pericárdio visceral

(SMELTZER; BARE, 2002).

Apresenta-se disposto obliquamente de tal forma que a base é medial e o ápice lateral,

sendo que a sua maior porção localiza-se à esquerda do plano mediastino (DANGELO;

FANTINI, 2000).

O coração é composto por três camadas: a interna ou endocárdio que consiste em

tecido endotelial que reveste internamente o coração; Camada média ou miocárdio: músculo

estriado cardíaco, involuntário responsável pela ação contrátil propulsora; Camada externa ou

Epicárdio: serosa que reveste externamente o miocárdio (SMELTZER; BARE, 2002).

A cavidade do coração é subdividida em 4 câmaras – dois átrios e dois ventrículos –

separados por septos: O septo átrio ventricular: divide horizontalmente o coração em duas

porções – superior e inferior. E o septo inter-atrial: divide sagitalmente a porção superior em

átrio direito e esquerdo. Já o septo inter-ventricular: divide sagitalmente inferior em

ventrículo esquerdo e direito (SMELTZER; BARE, 2002).

Os ventrículos são as câmaras que ejetam o sangue para dentro das artérias. Os átrios,

por sua vez, têm a função de receber o sangue que chega das veias e agem como reservatórios

temporários de onde o sangue é posteriormente ejetado para os ventrículos (SMELTZER;

BARE, 2002).

Os átrios e os ventrículos comunicam-se entre si através de orifícios localizados no

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septo átrio-ventricular óstios átrio-ventricular esquerdo e direito, que possuem estruturas que

direcionam o sangue em sentido unidirecional (átrio →ventrículo), denominadas valvas.

(SMELTZER; BARE, 2002).

As valvas constituem-se de finos folhetos de tecido fibroso que se abrem e se fecham

passivamente em resposta a mudança de pressão e movimento do sangue no coração. Há dois

tipos de valvas: as atrioventriculares e as semilunares (SMELTZER; BARE, 2002).

As valvas que separam os átrios dos ventrículos são chamadas de valvas

atrioventriculares, sendo que a valva que separa o átrio direito do ventrículo direito possui três

cúspides ou folhetos e por isso é conhecida por valva tricúspide. Enquanto que a valva que

separa o átrio esquerdo do ventrículo esquerdo possui duas cúspides (bicúspide) assumindo o

formato de uma mitra papal, e sendo conhecida por valva mitral (SMELTZER; BARE, 2002).

As valvas semilunares estão localizadas entre cada ventrículo e a sua correspondente

artéria. A valva que fica entre o ventrículo direito e a artéria pulmonar é chamada de valva

pulmonar, e a valva entre o ventrículo esquerdo e a artéria aorta é chamada de valva aórtica

(SMELTZER; BARE, 2002).

A função bombeadora do coração se dá pela contração e relaxamento rítmicos de sua

parede muscular, sendo que a contração do músculo é chamada de sístole e o relaxamento é

chamado de diástole, constituindo o ciclo cardíaco. Durante a sístole, as cavidades do coração

se tornam menores à medida que o sangue é ejetado. Na diástole as cavidades se enchem de

sangue preparando-se para que a contração seguinte. (SMELTZER; BARE, 2002).

Devido às diferenças funcionais, átrios e ventrículos possuem diferenças quanto à

espessura de suas paredes. As atriais são mais delgadas do que as dos ventrículos por causa da

pressão menor exigida nos átrios ao armazenarem temporariamente o sangue, depois

ejetando-o para dentro dos ventrículos (SMELTZER; BARE,1998).

Existe ainda uma diferença na espessura da parede dos ventrículos, sendo que o

ventrículo esquerdo tem uma espessura 2,5 vezes maior que a do ventrículo direito, uma vez

que este tem uma maior sobrecarga ao ejetar o sangue de encontro à pressão sistêmica, ao

passo que o ventrículo direito ejeta o sangue de encontro à baixa pressão da vascularização

pulmonar. (SMELTZER; BARE, 1998).

Durante o batimento cardíaco, quando os ventrículos se contraem, a pressão

Ventricular tende a empurrar os folhetos valvares atrioventriculares para cima em direção à

cavidade atrial, porém isso só ocorre se a pressão sobre os folhetos for o suficiente para ejetar

o sangue de modo retrógrado, ou seja, dos ventrículos para os átrios. (SMELTZER; BARE,

2002).

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Contudo, existem feixes musculares localizados nos lados das paredes ventriculares,

responsáveis pela manutenção do fluxo sangüíneo numa única direção através das valvas

atrioventriculares conhecidos por músculos papilares, juntamente com as cordoalhas

tendinosas, que são feixes fibrosos que se estendem dos músculos papilares até as bordas dos

folhetos valvares, que funcionam como esticadores das bordas livres das valvas

atrioventriculares (SMELTZER; BARE, 2002).

Com a contração dos músculos papilares as cordoalhas ficam esticadas, mantendo os

folhetos valvares fechados durante a sístole, evitando o fluxo retrógado de sangue

(SMELTZER; BARE, 2002).

Porém, nas valvas semilunares, os folhetos são compostos por três cúspides as quais

funcionam perfeitamente sem músculos papilares e cordoalhas tendinosas. Além disso, não

existem valvas entre as grandes veias (veias pulmonares) e os átrios (GUYTON; HALL,

1997).

O coração ainda possui vasos importantes que suprem de sangue o músculo cardíaco o

qual tem grande necessidade de oxigênio e nutrientes, são as artérias coronárias. O coração

utiliza aproximadamente 70 a 80% do oxigênio que lhe chega através das artérias coronárias,

ao passo que outros órgãos utilizam, em média, cerca de um quarto do oxigênio que lhes

chega (SMELTZER; BARE, 2002).

As artérias coronárias têm origem na aorta próxima a sua inserção no ventrículo

esquerdo. A parede esquerda do coração é alimentada em grande parte pela artéria coronária

esquerda principal, que se divide em dois ramos importantes que fazem um trajeto para baixo

(artéria descendente anterior esquerda) e outro transversal (artéria circunflexa) no lado

esquerdo do miocárdio (SMELTZER; BARE, 1998).

A parede direita do coração é suprida de forma semelhante pela artéria coronária

direita. Vale lembrar, que ao contrário das outras artérias, as artérias coronárias são

perfundidas durante a diástole (SMELTZER; BARE, 1998).

As células do músculo cardíacas têm uma ação rítmica devido a contração ordenada

que ocorre porque as células especializadas do sistema de condução produzem rigorosamente

impulsos elétricos para as células miocárdicas, os quais são gerados como resultado da

movimentação de íons ( partículas carregadas de sódio, potássio e cálcio) através da

membrana celular. Normalmente estes impulsos elétricos partem de dois nódulos ou nódulos

sinoatrial (SA) ou nodo sinusal e nódulo atrioventricular (AV) (SMELTZER; BARE, 1998).

O nódulo sinoatrial (SA) está localizado na junção entre a veia cava superior e o átrio

direito, onde começa o sistema de condução que normalmente funciona como o marcapasso

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de todo miocárdio. O nódulo SA dispara aproximadamente 60 a 100 impulsos por minuto no

coração normal e em repouso, mas ele pode alterar a sua freqüência em resposta às

necessidades do corpo. O impulso que parte do nódulo SA é conduzido através das células

miocárdicas do átrio até o nódulo atrioventricular (AV), que está localizado na parede atrial

direita próxima à valva tricúspide (SMELTZER; BARE, 1998).

O nódulo AV coordena os impulsos elétricos que chegam dos átrios numa freqüência

de 40 a 60 batimentos/minuto, e depois de uma breve pausa libera-os para os dois ventrículos.

Este impulso é conduzido através de um feixe de células musculares especializadas chamados

de feixe de Hiss e percorre o septo que separa os dois ventrículos. O feixe de Hiss divide-se

em dois ramos: um esquerdo e outro direito, os quais terminam em fibras chamadas de fibras

de Purkinje (SMELTZER; BARE, 1998).

O feixe direito dissemina-se pelo músculo ventricular direito, enquanto que o esquerdo

divide-se novamente nos ramos anterior e posterior, que se espalham pela musculatura

ventricular esquerda. A seguir a disseminação do impulso para o restante do miocárdio se dá

pela condução através das próprias fibras musculares (SMELTZER; BARE, 1998).

As cargas elétricas registradas dentro de uma célula isolada resultam no que é

conhecido como potencial de ação cardíaco. Quando estão no estado de repouso, as células do

músculo cardíaco estão polarizadas, ou seja, existe uma diferença elétrica entre interno das

membranas celulares (carregado negativamente) e o lado externo das membranas (carregada

positivamente) (SMELTZER; BARE, 1998).

O ciclo cardíaco tem início quando um impulso é liberado começando então a fase de

despolarização. Nesta fase a membrana das células muda a sua permeabilidade e desloca íons

através dela. Com o deslocamento dos íons para dentro da célula, o lado interno torna-se

carregado positivamente provocando assim uma despolarização na célula, que

conseqüentemente despolariza a célula vizinha sucessivamente. Como resultado desta

despolarização ocorre à contração de todo o miocárdio. Quando as células retornam as suas

condições basais ocorre a repolarização, que corresponde ao relaxamento do músculo

miocárdio conhecido como momento de Platô (GUYTON; HALL, 1997).

O músculo cardíaco, ao contrário do músculo liso ou esquelético, tem um período

refratário prolongado, onde ele não pode ser reestimulado a se contrair. Isso ocorre como uma

proteção para o coração, de forma a evitar a contratilidade mantida (tetania) que resultaria em

morte súbita cardíaca (GUYTON; HALL, 1997).

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3.2 FATORES DE RISCO PARA AS DOENÇAS CARDIOVASCULARES

Fatores de risco para doenças cardiovasculares são condições que predispõem uma

pessoa a maior risco de desenvolver doenças do coração e dos vasos sangüíneos. Existem

diversos fatores de risco para doenças cardiovasculares.

3.2.1 Fatores imutáveis

São aquelas características inerentes ao indivíduo, que não se pode mudar e

independem da ação do homem para existir. São eles:

a) Hereditariedade:

Os filhos de pessoas com doenças cardiovasculares têm uma maior propensão para

desenvolverem doenças desse grupo. Descendentes de raça negra são mais propensos a

hipertensão arterial e neles ela costuma ter um curso mais severo (SMELTZER; BARE,

1998).

b) Idade:

Quatro entre cinco pessoas acometidas de doenças cardiovasculares estão acima dos

65 anos. Entre as mulheres idosas, aquelas que tiverem um ataque cardíaco terão uma chance

dupla de morrer em poucas semanas (SMELTZER; BARE, 1998).

c) Sexo:

Os homens têm maiores chances de ter um ataque cardíaco e os seus ataques ocorrem

numa faixa etária menor. Mesmo depois da menopausa, quando a taxa de incidência das

mulheres aumenta, esta nunca é tão elevada como a dos homens (SMELTZER; BARE, 1998).

3.2.2 Fatores mutáveis

Constituem-se em fatores nos quais se pode interferir ou influenciar, mudando,

prevenindo ou mesmo tratando.

a) Tabagismo:

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Além de oferecer risco de câncer, o hábito de fumar está associado e é um importante

fator de risco, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), das doenças do coração,

arteriosclerose e hipertensão arterial. O uso de cigarros está ainda fortemente associado ao

aparecimento de infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico (derrame cerebral),

doenças arteriais periféricas e inúmeros outros problemas de saúde. (SMELTZER; BARE,

1998).

A ação do fumo nas doenças cardiovasculares é sentida na morbidade, na mortalidade

e na qualidade de vida das pessoas. A ação do fumo faz-se por meio da fumaça, atingindo

também os não fumantes. Os principais efeitos cardiovasculares do fumo são: taquicardia,

aumento da pressão arterial sistêmica, diminuição da tolerância ao exercício, vasoconstrição

coronariana, elevação na concentração da carboxiemoglobina sangüínea e aumento da

concentração de hemoglobina. (SMELTZER; BARE, 1998).

Segundo SBC, o risco de um ataque cardíaco num fumante é duas vezes maior do que

num não fumante. O fumante de cigarros tem uma chance duas a quatro vezes, maior de

morrer subitamente do que um não fumante. Os fumantes passivos também têm o risco de um

ataque cardíaco aumentado.

b) Dislipidemias:

Na verdade, o colesterol não é uma gordura do ponto de vista químico, mas um álcool

monoídrico não saturado, fundamental para o homem porque faz parte da constituição da

membrana que reveste as células dos tecidos e constitui matéria prima para a fabricação de

ácidos biliares, hormônios e vitamina D. Portanto, não se pode viver sem colesterol.

(SMELTZER; BARE, 1998).

No sangue, o colesterol pode estar livre ou fazendo parte das chamadas lipoproteínas,

que podem ser do tipo LDL (Low Density Proteons ou lipoproteínas de baixa densidade) ou

do tipo HDL (High Densuty Lipoproteins, ou lipoproteínas de alta densidade). (SMELTZER;

BARE, 1998).

O colesterol que faz parte das LDL é o que participa da formação das placas de

aterosclerose que obstruem as artérias e deve ser combatido. Já o colesterol HDL é bom e

possui efeito protetor, pois retiram o colesterol dos tecidos e o leva para fígados, onde é

eliminado ou reaproveitado. (SMELTZER; BARE, 1998).

“Dislipidemia significa um desvio anormal no valor de uma ou mais frações lipídicas

do plasma. Estes distúrbios metabólicos são capazes de causar doença aterosclerótica, sendo a

doença arterial coronariana a principal delas” (PORTO, 1998, p.121).

Os riscos dos problemas cardiovasculares aumentam na medida em que os níveis de

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colesterol – LDL estão mais elevados no sangue, conforme afirmado pela SBC;

c) Hipertensão Arterial:

Quantitativamente, a hipertensão é o maior fator para a doença cardiovascular seja

coronariana ou cerebral, mas diversos outros fatores, como o diabetes, o tabagismo, elevação

do colesterol, são igualmente significativos. Tanto que pessoas que tenham hipertensão grave,

mas nenhum, ou poucos fatores de risco estão relativamente mais protegidos que pessoas com

níveis pressóricos menores, porém com mais fatores de risco associados. (SMELTZER;

BARE, 1998).

Na Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), o coração realiza um trabalho maior, na

tentativa de manter a pressão elevada com isso vai hipertrofiando o músculo cardíaco, que se

dilata e fica mais fraco com o tempo, aumentando os riscos de distúrbios cardiovasculares.

(SMELTZER; BARE, 1998).

d) Diabetes Mellitus:

A presença de diabetes favorece o desenvolvimento de doença cardiovascular, uma vez

que a exposição prolongada a níveis elevados de glicose no sangue provoca anormalidades

metabólicas e hemostáticas que aceleram o desenvolvimento e a gravidade da aterosclerose,

podendo levar à cardiopatia isquêmica e ao acidente vascular cerebral, além de complicações

vasculares periféricas, afetando especialmente o sistema nervoso, retina e os rins. (SMELTZER;

BARE, 1998).

O diabetes é um sério fator de risco para ocasionar problemas cardiovasculares. Mesmo se

a glicemia estiver sob controle, o diabetes aumenta significativamente o risco de transtornos

cardiovasculares e cerebrais. (SMELTZER; BARE, 1998).

O excesso de glicose sérica favorece o acúmulo de gorduras que se depositam com

mais facilidade nas paredes das artérias, os vasos ficam ocluido e os riscos de problemas

cardiovasculares aumentam. (SMELTZER; BARE, 1998).

Os diabéticos têm mais infarto do miocárdio, maior mortalidade precoce e pior prognóstico após a alta hospitalar. Apresentam prevalência superior de doença multiarterial, maior disfunção ventricular, o que torna a evolução conturbada pela maior incidência de insuficiência cardíaca, reinfarto e morte súbita (PORTO, 1998 p.154).

e) Sedentarismo:

A falta de atividade física é outro fator de risco para distúrbios coronarianos.

Exercícios físicos regulares, moderados a vigorosos têm um importante papel em evitar os

problemas cardiovasculares. Mesmo os exercícios moderados, desde que feitos com

regularidade são benéficos, contudo os mais intensos são indicados. O exercício físico

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também previne a obesidade, a hipertensão, o diabetes e diminui os níveis séricos de

colesterol. Além de aumentar a liberação das endorfinas, diminuindo a depressão e a

ansiedade (SMELTZER; BARE, 1998).

“O exercício físico provoca mudança na morfologia das lesões coronarianas,

correlaciona-se negativamente com a progressão da doença aterosclerótica e promove a

regressão de placas ateromatoses” (PORTO, 1998, p.139).

Estima-se que somente 50% das pessoas que iniciam exercício físico permanecem

ativas depois de seis meses. A não aderência torna-se importante, pois os benefícios

promovidos pelos exercícios não são mantidos após a sua interrupção (SMELTZER; BARE,

1998).

f) Obesidade

Sendo a obesidade um fator de risco para a doença coronariana, diante de um cliente

com excesso de tecido adiposo, faz-se necessário uma avaliação clínica rigorosa. Pois

obesidade exige um maior esforço do coração agravando-se quando associada à hipertensão

arterial, Dislipidemias e diabete (SMELTZER; BARE, 1998).

De acordo com Porto (1998), uma das formas de determinar e avaliar o excesso de

peso e a obesidade é através do Índice de Massa Corpórea (IMC), Proposto por Quetelet. Este

índice é calculado a partir da altura e do peso pela seguinte fórmula:

IMC = peso do corpo (em kg)÷ estatura (em m) ao quadrado.

Segundo o IMC, os clientes são classificados da seguinte forma:

Índice (Kg/m2) ClassificaçãoMenor que 20 Baixo pesoDe 20 a 24,99 NormalDe 25 a 29,99 SobrepesoDe 30 a 39,99 ObesidadeAcima de 40 Obesidade grave

Fonte: PORTO, 1998, p.142.

Contudo, não se deve apenas avaliar o índice de massa corpórea, mas também a

distribuição da gordura corporal.

Homens e mulheres acumulam gordura em áreas diferentes, quantificável pela relação

cintura quadril, mas evidente pela morfologia corporal. No homem a gordura tende a se

armazenar na parte superior do corpo ou na região abdominal, vulgarmente chamada ‘’pneu’’

– tipo andróide. Na mulher, o acumulo de gordura predomina nos quadris e nas coxas-

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obesidade tipo ginóide ou gluteofemoral. (PORTO, 1998).

g) Anticoncepcionais orais (ACO)

Os múltiplos efeitos das ACO compreendem alterações no perfil lipídico, no

metabolismo dos hidratos de carbono, no sistema renina – angiotensina e nos mecanismos

homeostáticos (SMELTZER; BARE, 1998).

Os estrogênios presentes nos ACO atuam na parede do vaso modulando o tônus

vasomotor e aumentando o fluxo de sangue arterial. Esta ação é promovida pela ligação direta

deste hormônio com seu receptor no endotélio e na musculatura lisa vascular de todo sistema

arterial, caracterizando assim um fator de risco para as doenças cardiovasculares

(SMELTZER; BARE, 1998).

Os atuais ACO têm pequenas doses de hormônios e os riscos de distúrbios

cardiovasculares são praticamente nulos para a maioria das mulheres. Porém, é

desaconselhado o uso de anticoncepcionais orais por fumantes, hipertensas ou diabéticas, uma

vez que estes aumentam muito o risco de distúrbios cardiovasculares (SMELTZER; BARE,

1998).

h) Stress:

Segundo Porto (1998), o stress pode ocasionar retenção de sódio, perda de potássio,

aumento dos níveis de colesterol e de glicose, obesidade, hipertensão arterial, isquemia

miocardica, arritmias cardíacas e morte súbita.

A ligação entre stress e doenças cardiovasculares pode ser atribuída ao dano do

endotélio e, indiretamente por agravamento de outros fatores de risco como, por exemplo:

uma pessoa em constante tensão emocional pode comer mais, fumar mais e ter pressão

elevada, afirma a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC, 2004).

O papel das emoções e do psiquismo na gênese da doença arterial coronária e, em especial, do infarto agudo do miocárdio é suspeitado a longo tempo e comporta dois componentes inter-relacionados: a ação nociva do estresse e, talvez mais importante, o perfil psicológico do indivíduo, no qual se embute não somente o seu padrão de comportamento como também a sua forma de lidar com as perdas e as vicissitudes próprias do viver (PORTO, 1998, p. 83)

O dano endotelial associado ao stress promove a mobilização de lipoproteínas da

circulação para a parede da artéria, agregação de plaquetas e liberação de fatores de crescimento

que mais adiante estimulam as placas de ateroma. Além dos efeitos hemodinâmicos, outros

fatores podem contribuir ao dano endotelial associado ao estresse entre eles: o cortisol que pode

potencializar a vasoconstrição induzida por catecolaminas, a exposição aumentada à epinefrina

que pode conduzir à ativação, à agregação, e ao depósito plaquetário, entre outros (SMELTZER;

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BARE, 1998).

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4 DOENÇAS CARDIOVASCULARES

4.1 ANGINA ESTÁVEL

A angina estável ou angina crônica estável é uma síndrome isquêmica caracterizada por dor torácica, geralmente retroesternal ou na região precordial, desencadeada por esforço física, refeições volumosas ou por estresse emocional, com duração de 30 segundos a 15 minutos, sendo aliviado pelo repouso ou uso de nitrato sublingual (PORTO, 1998, p. 596).

Os pacientes com angina estável são classificados em 4 classes. Na angina do peito

estável não existe total correção entre localização da dor na região torácica, dorso, pescoço ou

membros superiores e área isquêmica no coração. Nas mulheres a angina costuma ser a

primeira manifestação de aterosclerose coronária, enquanto nos homens isso acontece em

apenas 30 % dos casos. A angina do peito típica correlaciona-se em doença arterial coronária

em 90% dos casos. Nos últimos 10% são múltiplas causas (PORTO, 1998)

O problema fundamental nos pacientes que apresenta angina do peito estável é o

desequilíbrio entre oferta de oxigênio (O2) e demanda metabólica do miocárdio. Sendo a

ocorrência da dor mais comum quando há súbito aumento da necessidade de O2 não suprindo

adequadamente em decorrência de alterações no fluxo coronariano (PORTO, 1998).

Um grupo de trabalho de duas grandes instituições americanas conceituou angina

estável em três formas Angina em repouso, geralmente com dor acima de 20 minutos; angina

de inicio recente, com aparecimento a menos de 2 meses, instabilização da angina

previamente estável até 2 meses antes, com aumento da intensidade dos sintomas subindo

pelo menos uma classe nesta classificação (PORTO, 1998).

Devido às alterações do fluxo que ocorrem tanto nas artérias epicárdicas quanto ao

nível da microvasculatura coronária podem ocorrer: diminuição da oferta de 02: diminui a

oferta de O2 para o miocárdio. Fatores: 1) anormalidade na pressão da perfusão das

coronárias. A principal causa é um estreitamento na porção epicárdio de uma artéria

coronária, com perda da capacidade de regulação do fluxo sanguíneo. 2) anormalidades do

tempo de perfusão durante a diástole. 3) anormalidade na resistência ao fluxo coronariano. 4)

anormalidade no conteúdo de 02 no sangue como nas anemias. Aumento da demanda de O2:

por outro lado, a maior demanda de 02 pelo miocárdio é causada por aumento do estresse da

parede ventricular, da freqüência cardíaca ou da força contrátil do miocárdio, quando ocorre

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uma dessa situação, na presença de alterações da oferta, pode ocorre angina do peito.

(PORTO, 1998).

Para diagnosticar a angina estável os métodos mais utilizados são: exames clínicos

(principal), eletrocardiograma, teste ergométrico, eletrocardiografia dinâmica, Cintilografia

miocardica, ecocardiograma cineangiocoronario-gráfia, tomografia por emissão de prótons

(PORTO, 1998).

O tratamento dos pacientes com angina estável tem como objetivo aliviar os sintomas,

a melhora nas atividades físicas diárias, a prevenção do infarto agudo do miocárdio e de morte

súbita. O tratamento também pode se dar por: Aspirinas, nitrato, beta-bloqueadores,

antagonista dos canais de cálcio, hipolipemiantes, revascularizaçao do miocárdio (PORTO,

1998).

A prevenção da angina estável é realizada por medidas que objetivem a mudanças de

hábitos, aumento do exercício físico, eliminação do tabagismo, diminuição de gorduras

animais e aumento na ingesta de fibras (PORTO, 1998).

4.2 ANGINA INSTÁVEL

É uma síndrome situada no meio do aspecto clinico da cardiopatia isquêmica, com várias formas de apresentação que incluem desde a angina do peito de início recente até dor intensa e prolongada em repouso, às vezes distinguível ao infarto agudo do miocárdio. É uma condição clínica transitória, que pode evoluir para infarto, morte súbita, angina estável crônica após estabilização do processo, ou recuperação completa (PORTO, 1998 p.600).

Nos pacientes com angina instável relaciona-se a uma coronariopatia aterosclerótica

de grau importante, sendo causada pela interação entre lesões ateromatosa, agregação

plaquetária, espasmo coronariano e trombose que se associam de forma complexa (ALVES

apud PORTO 1998).

Vê se, assim como são semelhantes os mecanismos patogênicos da angina instável e do infarto agudo do miocárdio, aponto de, em certo número de pacientes, o quadro de angina instável ser logo substituído pelo infarto agudo do miocárdio (ALVES apud PORTO 1998, p. 600).

Está comprovado que boa parte dos eventos isquêmicos agudo do miocárdio tem

lesões discretas ou moderadas de um ramo coronariano. Estas placas habitualmente são mais

ricas em lipídios e mais propensas a se desestabilizarem do que as placas fibrosas e

calcificadas (PORTO, 1998).

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Na maioria dos casos de angina instável é causada pela redução do fluxo sanguíneo para o miocárdio, contudo um pequeno número de pacientes pode ser secundária ao aumento do consumo de oxigênio, tal como ocorre nas taquiarritimias, na tiroxicose, na estenose aórtica e em conseqüência do uso de animais simpaticomiméticas (ALVES apud PORTO 1998, p.600).

O diagnóstico rápido e a identificação das síndromes isquêmicas agudas são

fundamentais para corretas decisões quanto ao tratamento a ser instituído e para estratificação

de risco (dor precordial, constritiva, quase sempre localizada retroesternal, é o sintoma

principal) lembrando que o quadro clínico pode ser atípico, ate sem dor precordial, relata

apenas sensação desagradável ou desconforto no braço, no pescoço ou mandíbula, dispnéia de

inicio recente, sem causa aparente, também pode ser uma manifestação de isquemia

miocárdicas. Outras formas de diagnóstico podem ser: Eletrocardiograma, radiografia do

tórax, enzimas cardíacas, ecocardiogramas, Cintilografia miocárdicas, cinecoronariografia.

(ALVES apud PORTO, 1998).

Os pacientes com baixo risco e sintomas leves podem ser tratados ambulatorialmente.

Os pacientes de moderado ou alto risco devem ser internados, colocando em repouso,

sedados, medicados com nitrato sublingual, e eventualmente, com analgésicos potentes, como

o sulfato de morfina, caso os sintomas não sejam prontamente aliviado os sintomas devem ser

monitorados, clinica ou eletrocardiogramamente (ALVES apud PORTO, 1998).

Os medicamentos utilizados na angina instável incluem nitratos (relaxamento da

musculatura lisa dos vasos coronarianos e diminuição da pré-carga pela dilatação dos vasos da

capacidade do sistema venoso), beta bloqueadores, bloqueadores dos canais de cálcio,

antiagregantes plaquetários e anticoagulantes. E outros tratamentos como: Angioplastia

(Procedimentos de urgência quando não se obteve estabilização com tratamento

farmacológico), revascularizaçao miocárdicas. (candidatos a revascularizaçao cirúrgica são os

que apresentam lesão grave) (PORTO, 1998).

Todos os pacientes devem ser submetidos a programas de reabilitação física,

reeducação de hábitos alimentares e controle de hábitos de risco (PORTO, 1998, p 603)

4.3 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO

As doenças cardiovasculares são principal causa de morte e invalides no Brasil,

com destaque para doença coronariana e o acidente vascular cerebral. (CHAGAS; MOFFA;

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FERREIRA apud LOPES, 2006, Prefácio XXIII).

Ao analisar as mortes cardiovasculares no biênio 1980/1981, a média de óbitos era de

190.743, passando para 258.867 no último biênio estudado, ou seja, um aumento de 35,7 %. É

preciso esclarecer que esse é um aumento do número absoluto de óbitos por doenças

cardiovasculares (DVC), o qual, em parte, é resultado do crescimento populacional e da

redução da mortalidade por outras causas. Sendo assim, no biênio 1980/1981, representou

33,3%, do total de óbitos, e em 1999/2000, esse valor foi de 34,8 % (LAURENTI; R, apud

NOBRE; JUNIOR, 2005).

Etiopatogênia e fisiopatologia: atribui-se a Herrick (1912) a primeira explicação

detalhada da associação entre infarto agudo do miocárdio e trombose coronária, quando na

tentativa de dissolver o trombo intracoronario, restituindo assim o fluxo sanguíneo, no final

da década de 50 iniciava-se a utilização da estreptoquinase intravenosa em humanos

(HERRICK apud NICOLAU; RAMIRES, 1998).

Dentre uma infinidade de estudos publicados, quatro podem ser admitidos como

fundamentais. O de Reimer e colaboradores que diz que a idéia básica de que quanto mais

precoce a recanalizaçao, maior quantidade de músculo poderia ser salva e, portanto, menor a

área necrotica, estava definitivamente lançada (NICOLAU; RAMIRES, apud PORTO, 1998)

O estudo de Rentrop e coloboradores comprovou, definitivamente, que o trombo

frequentemente estava presente, na fase inicial do infarto, sendo possível lisa-lo, com a

utilização de substancias fibrinoliticas (NICOLAU; RAMIRES, apud PORTO, 1998).

Dewood e colaboradores em outro estudo, demonstraram uma alta incidência de

trombo por ocasião do infarto agudo do miocárdio e a possibilidade da sua fibrinolise

espontânea, em geral tardia. (NICOLAU; RAMIRES, apud PORTO, 1998)

Ambrose e colaboradores (NICOLAU; RAMIRES, apud PORTO, 1998), que

analisaram as características angiográficas da placa aterosclerótica e demonstraram que o

aspecto angiográfico de placa rota apresentava ótima correlação com quadros clínicos de

síndromes isquêmicas agudas.

Diagnóstico: para que o paciente seja considerado infartado o mesmo tem que

apresenta pelo menos dois dos três critérios clássicos: quadro clínico sugestivo, alterações

eletrocardiografias compatíveis, elevação enzimática de pelo menos duas vezes em relação

aos valores normais (PORTO, 1998).

Exame clínico: O quadro clínico pode ser extremamente variável, havendo, inclusive,

uma incidência expressiva de infarto agudo do miocárdio sem dor. Por isso é importante

considerar “a possibilidade em qualquer individuo que se apresente com dor importante acima

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do umbigo” (PORTO, 1998, p. 608).

Isquemia miocárdica com dor atípica: geralmente o quadro clínico de isquemia

caracteriza-se por dor retroesternal de forte intensidade, acompanhada de sudorese fria e

náuseas (eventualmente vômitos), de caráter constritivo, sendo sua irradiação mais comum

para os membros superiores (esquerdo isoladamente, ou ambos) (NICOLAU; RAMIRES,

apud PORTO 1998).

“Em infartos extensos, pode-se encontrar o quadro clássico de descompensação

cardíaca aguda, e, nos pacientes mais graves, edema pulmonar agudo e sinais de baixo debito”

(NICOLAU; RAMIRES apud PORTO, 1998, p. 609).

Eletrocardiograma: pelo eletrocardiograma podem-se classificar os infartos em dois

padrões básicos – com onda Q e sem onda Q. A presença de ondas R, juntamente com ondas

Q, sugere algum grau de preservação miocárdica na região acometida, fato comum quando

ocorre recanalização coronária (NICOLAU; RAMIRES apud PORTO, 1998)

Dosagens Enzimáticas: as enzimas mais comumente analisadas no infarto são a

creatinofosfoquinase (CK) total e a CK-MB, sendo esta ultima especifica para músculo

cardíaco e, portanto, mais confiável. Em ambos os casos, “o diagnóstico é sugerido quando

existe elevação dos valores dessas enzimas de pelo menos duas vezes em relação aos valores

normais” (NICOLAU, RAMIRES apud PORTO, 1998, p. 609)

Ecocardiograma: quando se deseja um diagnóstico mais rápido do infarto ou de suas

repercussões ou havendo dúvidas quanto ao diagnóstico, outro método utilizado pode ser o

ecocardiograma, mais comum e realizado facilmente a beira do leito (NICOLAU; RAMIRES

apud PORTO, 1998).

Cintilografia: a cardiologia nuclear também pode ser útil, através da realização da

chamada “cintilografia de necrose”, que pode ser realizado entre 24 horas e 7 dias evolução

pós-infarto (NICOLAU; RAMIRES apud PORTO, 1998)

Diagnostico diferencial: A suspeita de infarto agudo do miocárdio deve ser incluída

no diagnóstico diferencial de qualquer dor acima do umbigo, principalmente se de forte

intensidade. Sendo impossível contemplar todas as possibilidades, cumpri salientar, pela sua

alta letalidade (> 50% nas primeiras 24 horas), a dissecção aguda de aorta. Esse diagnóstico

deve ser lembrado em todos os indivíduos com suspeita de infarto do miocárdio nos quais, o

ECG se mostre normal ou com alterações inespecíficas, principalmente se o paciente for

hipertenso e se a dor se irradiar para o dorso (NICOLAU, RAMIRES apud PORTO,1998, p.

610)

Manuseio do paciente na emergência: o atendimento ao paciente com suspeita de

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infarto agudo do miocárdio deve ser feito o mais rápido possível, no hospital/ pronto socorro

se possível nos primeiros 10 minutos, mas nunca demorando mais de 20 minutos.

(NICOLAU; RAMIRES apud PORTO, 1998, p.610)

Se houver forte suspeita clinica de infarto do miocárdio, o individuo deve receber

imediatamente: oxigênio nasal por ate 3 horas; Nitrato sublingual, desde que não apresente

hipotensão (PA < 90 mmhg), ou freqüência cardíaca < 50 ou > 100 bpm; analgesia adequada,

de preferência com morfina via intravenosa; aspirina via oral, na dose de 200mg. (NICOLAU;

RAMIRES apud PORTO, 1998, p. 610).

“Medicamentos utilizados de rotina no tratamento do infarto agudo do

miocárdio: heparina; nitratos; beta-bloqueadores; bloqueadores dos canais de cálcio;

inibidores da enzima conversora da angiotensina” (NICOLAU; RAMIRES apud PORTO

1998, p. 610).Complicações do infarto: ruptura do músculo papilar; ruptura do septo interventricular; ruptura da parede livre do ventrículo esquerdo; pericardite; isquemia persistente; isquemia recorrente; reinfarto; falência de bomba; fibrilação atrial; fibrilação ventricular; extra-sístole; taquicardia ventricular monomórfica; bradicardia sinusal, bloqueios atrioventriculares e assistolia (NICOLAU, RAMIRES apud PORTO, 1998, p.612).

“Medidas especiais: cirurgia de revascularização miocárdica imediata;

monitorização; hemodinâmica; monitorização de pressão intra – arterial” (NICOLAU;

RAMIRES apud PORTO 1998, p.613).

Reabilitação e aspectos psicossociais: “a reabilitação dos pacientes que tiveram

infarto do miocárdio inclui a prescrição de exercícios físicos com educação sobre medidas que

modificam os fatores de risco” (NICOLAU; RAMIRES apud PORTO, 1998, p.613).

Os Programas de reabilitação cardiovascular contribuem efetivamente melhorando a capacidade funcional, promovem adesão, diminuem o estresse, melhoram a qualidade de vida, reduzem a mortalidade cardiovascular, melhoram reversão da aterosclerose e reduzem o risco de eventos coronários subseqüentes (NICOLAU; RAMIRES apud PORTO, 1998, p.613).

4.4 CIRURGIA DE REVASCULARIZAÇÃO MIOCÁRDICA

A cirurgia de revascularizaçao Miocárdica (RM) constitui o tratamento padrão da

doença coronária isquêmica em vários subgrupos de pacientes. “A possibilidade de

abordagem de todas as artérias coronárias comprometidas e a manutenção dos resultados a

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médio e longo prazos tornam a RM atrativa como método de escolha quando comparada com

outras terapêuticas” (GOMES, 2004)

O resultado mais evidente da cirurgia de RM é a capacidade de alívio sintomático da

angina pectoris em mais de 90% dos clientes, assim como a melhora da tolerância ao

exercício físico e da qualidade de vida, possibilitando com isso, o retorno à vida ativa

(GOMES, 2004)

A cirurgia de RM foi precedida do desenvolvimento de métodos diagnósticos que

permitissem definir o local exato para o implante de enxertos arteriais nas artérias coronárias

e de técnicas cirúrgicas indiretas (GOMES, 2004).

O desvio da artéria coronária é realizado sob anestesia geral. O cliente é monitorizado

e uma esternotomia mediana é feita. Predominantemente, a RM é realizada com circulação

extracorpórea. Antes da abertura do saco pericárdico, os vasos a serem enxertados (artéria

mamária e gastroepiplóica, e veia safena, cefálica e basílica) são dissecados e preparados para

implantes. O vaso de escolha é enxertado distal a lesão da artéria coronária, desviando a

obstrução. A circulação extracorpórea é descontinuada e a incisão fechada (GOMES, 2004).

A cirurgia de RM é indicada para clientes com angina (estável ou instável), IAM,

disfunção severa do ventrículo esquerdo, arritmia ventricular, ou ainda, aqueles já submetidos

à RM após falha ou complicação de angioplastia com implantação de stent (GOMES, 2004).

4.5 ANGIOPLASTIA

É uma técnica invasiva que utiliza um pequeno balão que, ao ser inflado dentro de

uma artéria estreitada, desobstrui o vaso e facilita a passagem de sangue. Pode ser utilizada

uma mini-tela de aço, chamada de stent, que liberada ajuda manter a artéria aberta.

Segundo Bastos (2002), as indicações para a angioplastia coronária são abrangentes,

podendo-se interferir em um, dois ou três vasos, em pontes de safena, em artéria mamária

interna e na coronária esquerda. Está indicada para clientes com lesão acima de 50% em um

ou mais vasos, com sintomas de difícil controle e/ou que apresentem grandes áreas de

miocárdio viável ou em sofrimento.

As indicações clínicas para a intervenção com base em cateter, podem incluir

quaisquer manifestações de isquemia miocárdica. Identificada à área obstruída, introduz-se

um fio guia através do cateter até ultrapassar a lesão. Por este fio, um balão vazio é alcançado

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até o local do bloqueio. O balão é inflado de forma controlada, dilatando previamente o local,

restabelecendo a permeabilidade luminal (BRAILE, 1996).

Outra técnica utilizada consiste na implantação de stent onde retira-se o balão anterior

e introduz-se um outro balão com o stent já montado sobre si mesmo, posicionando –o na

lesão. O balão é inflado e assim, o stent é expandido, moldando-se na parede interna do vaso,

impedindo que este se feche. O balão é desinsunflado, mas o stent permanece. Depois de

liberado o stent, o balão e o fio guia são retirados. A filmagem com contraste confirma o

resultado da intervenção. Contudo, o stent não elimina o risco de reestenose no local de

inserção (BRAILE, 1996).

Para Bastos (2002), no dia anterior ao procedimento, os clientes devem receber

aspirina e ticlopidina. No momento do implante do stent, é empregado heparina endovenosa

que deve ser continuada por 24 horas após a colocação do stent. Após a alta hospitalar, os

clientes devem ser mantidos com medicações específicas durante um mês.

4.6 CIRURGIA ELETIVA2

De acordo com revisão literária a cirurgia cardíaca muitas vezes é a única opção para o

portador de problemas cardíacos, que pode ser de emergência ou eletiva, a cirurgia de

emergência é aquela determinada pelo médico após a avaliação em pronto socorro, e eletiva é

aquela em que a data da realização é previamente determinada pelo médico. Sendo que a

partir da internação para cirurgia eletiva o tempo de espera pode variar conforme o fluxo de

exames, cirurgias de emergências etc.

A cirurgia pode ser classificada de acordo com o grau de urgência envolvido,

utilizando-se os termos emergência, urgência, necessária eletiva e opcional. Emergência o

paciente requer atenção imediata; o distúrbio pode ameaçar a vida sem demora para indicação

para cirurgia; urgência o paciente requer pronta atenção indicação para cirurgia entre 24 a30

horas; necessária o paciente deve ser operado, a cirurgia deve ser planejada para algumas

semanas ou meses; eletiva o paciente deve ser operado, no entanto a não-submissão à cirurgia

não representa catástrofe; opcional a decisão em realiza a cirurgia é do paciente

(SMELTZER; BARE, 1994).

Considerando que a longa permanência aconteça a partir de 7 dias de internação,

2 Longa Permanência: para as autoras foi considerado a partir de sete dias de internação.

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podemos observar o grande percentual de pacientes que são submetidos a esse tipo de

internação tendo assim em sua maioria suas necessidades humanas básicas afetadas. Segundo

Porto, 1998 a indicação de uma cirurgia cardíaca desencadeia uma cascata de acontecimento

de ordem psicológica, familiar, social, cultural e econômica. O paciente tem direito de

analisá-la e o médico obrigação de atender este direito (PORTO 1998).

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5 REFERENCIAL TEÓRICO

5.1 TEORIAS ABORDADAS NO ESTUDO

Para nortear este estudo utilizou-se a Teoria das Necessidades Humanas Básicas

(NHB) de Wanda Horta (1979), associando-a a proposta de Capella; Leopardi, (1999). A

teoria Sócio-humanística de Beatriz B. Capella e Maria Tereza Leopardi (1996) focaliza o

processo de trabalho e a sua organização. Já a Teoria das Necessidades Humanas Básicas de

Wanda de Aguiar Horta fundamenta-se em uma abordagem empírica, baseada na psicologia

humanista, e inspirada na teoria da motivação humana de Maslow. Esta teoria do psicólogo

humanista se fundamenta em cinco níveis: necessidades fisiológicas, de segurança, de amor,

de estima, e de auto-realização.

5.2 CONCEITOS CHAVES

Os conceitos são “representações mentais e gerais de determinadas realidades”.

Representações mentais porque não é a realidade em si mesma, mas sim uma imagem mental

delas, e representações gerais porque contêm características de determinada classe da

realidade (TRENTINI; PAIM, 1999, p.56).

Segundo Horta o ser humano é parte integrante do universo dinâmico e, como tal, sujeito às todas as leis que o regem, no tempo e no espaço. O ser humano esta em interação com o universo, dando e recebendo energia. A dinâmica do universo provoca mudanças que o levam os estados de equilíbrios e desequilíbrio no tempo e no espaço. O ser humano se distingue dos demais seres do universo por sua capacidade de reflexão, por ser dotado do poder de imaginação e simbolização, alem de poder unir presente, passado e futuro. (HORTA, 1979, p.28)

Segundo Horta (1979) a enfermagem é uma ciência aplicada que visa o

reconhecimento do ser humano-cliente, que tem necessidades humanas básicas, as quais são

estados de, tensões, conscientes ou inconscientes, resultantes dos desequilíbrios

hemodinâmicos dos fenômenos vitais.

Horta (1979) optou por utilizar na enfermagem a denominação de João Mohana:

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necessidades de nível psicobiológica, psicossocial e psicoespiritual; os dois primeiros níveis

são comuns a todos os seres vivos nos diversos aspectos de sua complexidade orgânica, mas o

terceiro nível, por enquanto e dentro dos conhecimentos atuais, é característica única do

homem.

Todas estas necessidades estão intimamente inter-relacionadas, uma vez que fazem

parte de um todo. É fundamental que se integre o conceito holístico do homem, ele é um todo

indivisível, não a soma de suas partes (HORTA, 1979).

Nos estudos já realizados pode-se perceber a inter-relação mais estreita entre algumas

necessidades e o distanciamento de outras, mas em maior ou menor intensidade todas elas

sofrem alterações quando qualquer uma se manifesta, seja por desequilíbrio causado por falta

ou excesso de atendimento.

Necessidades psicobiológicas Necessidades psicossociais Necessidades psicoespirituais

Oxigenação; hidratação; nutrição; sono e repouso; exercício e atividade física; sexualidade; abrigo; mecânica corporal; motilidade; cuidado corporal; integridade cutâneo-mucosa; auto-realização; Regulação׃ térmica, hormonal, neurológica, eletrolítica, imunológica, crescimento celular, vascular, locomoção; Percepção׃ olfativa, visual, auditiva, tátil, dolorosa;Ambiente.

Segurança; amor; liberdade; comunicação; criatividade; Aprendizagem (educação a saúde); gregária;Recreação; lazer; aceitação; orientação no tempo e espaço; auto-imagem; atenção.

Religiosa, ética ou filosofia de vida.

Fonte: Horta (1979, p. 40).

5.2.1 Enfermagem

É uma pratica social cooperativa, institucionalizada, exercida por diferentes categorias profissionais. Tem como atividade básica, em conjunto com os demais trabalhadores da área da saúde, atender ao homem, indivíduo que, em determinado momento de seu percurso de vida, submete-se á hospitalização, em função de uma diminuição, insuficiência ou perda de sua autonomia. (CAPELLA, 1998, p.122)

A enfermagem resgata no indivíduo a sua capacidade de, mesmo nessa condição, ser,

ainda assim, o sujeito das ações de saúde a ele ministrado. (CAPELLA, 1998)

Para isto “a enfermagem utiliza um conjunto de conhecimentos e habilidades

específicas, construídos, organizados e reproduzidos em decorrência da divisão social e

técnica do trabalho na área da saúde” (CAPELLA, 1998, p.123)

A sistematização dinâmica em captar e interpretar a diminuição, insuficiência ou

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perda da autonomia, do sujeito hospitalizado, dá-se à manutenção, à continuidade da vida e ações de reparação ao que se constitui obstáculo à vida, na perspectiva de visualizá-lo como sujeito de sua existência, na reconstrução de sua autonomia, ou, possibilitar viver a sua morte, fazendo-o sentir-se um homem como ser universal (genérico, que resume em si mesmo a vida, o universo), concreto (enquanto ser natural, biológico) e singular (enquanto especificidade, particular, único, individual, próprio, porém social). (CAPELLA, 1998, p.123)

Concorda-se com Capella quando diz que a enfermagem é uma prática social que visa

trabalhar com o indivíduo, prestando assistência integral em qualquer fase de sua vida a qual

esse indivíduo necessite de assistência, tanto para recuperar sua autonomia quanto para

vivenciar seu processo de morte morrer.

5.2.2 Sujeito trabalhador de enfermagem

É aquele homem, individuo que em seu percurso de vida, tem como atividade básica o exercício da enfermagem, desenvolvendo seu trabalho em instituição hospitalar, prestando atendimento de enfermagem ao sujeito hospitalizado, em conjunto com os demais trabalhadores da área da saúde. O sujeito trabalhador de enfermagem no seu processo de trabalho representa, genericamente, a força de trabalho da enfermagem. (CAPELLA, 1998 p.104)

Seguindo a linha de Capella, concordamos que o trabalho de enfermagem é prestado

por indivíduos (seres humanos), que dispõem suas vidas em prestarem atendimento de

enfermagem, usando assim sua força de trabalho no cotidiano da assistência.

5.2.3 Homem

Ser natural que surge em uma natureza dada, submetendo-se às leis naturais e dependendo da natureza para sobreviver. É parte dessa natureza, mas não se confunde com ela, pois usa a natureza transformando-a conscientemente, segundo suas necessidades. (CAPELLA, 1998, p.96)

Nesse processo, “se faz humano e passa a construir a sua história, se fazendo

histórico” (CAPELLA, 1998 p.96).

Assim o conceito de natureza humana não é uma abstração, é a própria essência do homem, que se manifesta na sua forma física, o corpo biológico, material (com uma constituição anatômica e fisiológica, que se objetiva num todo harmônico, composto de várias estruturas, tais como, pele, coração, cérebro, rins, numa composição que é

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própria da espécie), o qual é o instrumento que lhe possibilita, no transcorrer da história, manifestar, uma outra forma a consciência, a qual podemos denominar com sua forma psicológica (podendo se destacar aí os sentimentos de amor, paixão, solidariedade, ódio, raiva, compaixão, os desejos e vontades, o pensamento, a maior ou menor facilidade para aprender, a aptidão ou a preferência para exercer determinada atividade) (CAPELLA, 1998, p. 97)

Segundo Capella (1998) a classe de trabalhadores de enfermagem é composta por

seres humanos, constituídos de forma física e psicológica que abrange a fisiologia e anatomia

composta por várias estruturas como coração, cérebro que lhe possibilita desenvolver suas

habilidades psicológicas como o amor e o ódio.

5.3 PRESSUPOSTOS

“Pressupostos são afirmações que explicam crenças e ou princípios aceitos como

verdadeiros, não necessariamente testáveis ou comprovados cientificamente” (TRENTINI;

PAIM, 1999, p.133).

5.3.1 Pressupostos de Capella e Leopardi

Os pressupostos de Capella e Leopardi (1999) são valores e crenças que sedimentam a

proposta de um processo de construção coletiva. Esta teoria abrange dois aspectos

fundamentais: a valorização do sujeito (ser humano integral) e a do trabalho

(comprometimento da equipe de saúde para com o paciente). Com base nisto as teóricas

formularam pressuposições básicas. São elas:

As necessidades do sujeito portador de carência de saúde, em qualquer circunstância, devem ter precedência sobre aos demais sujeitos envolvidos numa instituição de saúde, quando se tratar do cuidado a ele ofertado. O respeito à individualidade de cada um dentro de um processo onde é um sujeito ativo e dinâmico a assistência e avaliação é fundamental para o autocuidado (CAPELLA; LEOPARDI, 1999, p.89).

Ao se sujeitarem temporariamente à instituição de saúde os indivíduos expõem toda a sua fragilidade e, por isso, a equipe de saúde deverá avaliar a sua competência técnica a perspectiva humanística – o profissional se coloca tanto como sujeito portador de carência de saúde, quanto como pessoa, numa relação baseada na eqüidiversidade (CAPELLA; LEOPARDI, 1999, p.89)

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O processo de trabalho em saúde é coletivo, onde cada área executa uma parte de um

conjunto de ações – necessidade de reconstrução de ações integradas, numa perspectiva

interdisciplinar para a democratização do pensar e do fazer. A ética dentro de uma assistência

de enfermagem promove o atendimento integral e humanizado – gestão de conflitos no laboro

(CAPELLA; LEOPARDI, 1999).

A participação da enfermagem na elaboração de propostas para uma nova ordem de

saúde desperta a visão humanista. A formação continuada permite uma revisão de valores e

crenças para uma visão holística do ser humano e do trabalho na saúde – ação-reflexão-ação

(CAPELLA; LEOPARDI, 1999).

5.3.2 Pressuposto de Wanda Horta

A enfermagem respeita e mantém a unicidade, autenticidade e individualidade do ser humano. A enfermagem é prestada ao ser humano e não à sua doença ou desequilíbrio. Todo cuidado de enfermagem é preventivo, curativo de reabilitação. A enfermagem reconhece o ser humano como membro de uma família e de uma comunidade. A enfermagem reconhece o ser humano como elemento participante ativo do auto cuidado (HORTA, 1979, p.20)

5.3.3 Pressupostos pessoais

A enfermagem é constituída de profissionais e ações que tem como objetivo levar ao

indivíduo que dependa de seus cuidados, a promoção e recuperação de sua saúde e que o

mesmo seja portador da capacidade de desenvolver seu autocuidado.

Concorda-se com Capella e Leopardi (1998), e também com Wanda Horta (1979) em

todos os sentidos quando diz respeito ao indivíduo, ao cuidado e a enfermagem.

Entende-se que o cuidado e o cuidador devem andar juntos em todo processo, e que a

enfermagem como principal agente do cuidado deve proporcionar e promover o indivíduo

todo cuidado necessário para sua reabilitação. Diante de todo contexto que a enfermagem

apresenta acreditamos hoje, mais do que nunca, que a enfermagem deve agir de forma ética

em todas as suas ações, pois, através da ética, a enfermagem pode se tornar cada vez mais á

profissão que condiz com o nome cuidador.

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Acredita-se também que, os profissionais de enfermagem têm o dever de trabalhar

para o maior reconhecimento da mesma, devem estar conscientizados de suas atribuições e

transcrever todas as suas atividades como profissionais preparados que farão a profissão cada

vez mais forte e digna do significado de enfermagem.

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6 METODOLOGIA

Este trabalho teve por finalidade nortear o desenvolvimento de uma pesquisa que

abordou a problemática da longa permanência de pacientes que aguardam por uma cirurgia

cardíaca em uma instituição pública de referência estadual, com foco no possível

comprometimento das necessidades humanas básicas que poderiam estar afetadas em

decorrência desta longa espera.

6.1 TIPO DE PESQUISA

O enfoque deste estudo é de uma pesquisa que buscou entender o significado de um

fenômeno, através das vivências do cotidiano de enfermagem, de um hospital de alta

complexidade no atendimento de adultos localizado na Grande Florianópolis.

Trata-se de um estudo qualitativo que segundo Minayo (2004, p. 21).

[...] Responde a questões muitas particulares. Por se preocupar, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Esta autora compreende o mundo, olhando o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.

A pesquisa qualitativa possibilita que compreendamos a realidade que emerge das

percepções e vivência dos sujeitos da pesquisa não havendo, assim preocupação com a

quantificação. O foco é centrada na representatividade e dinâmica presentes no material

discursivo. Minayo (1994) aborda que “a compreensão das relações que se dão entre atores

sociais tanto no âmbito das instituições como dos movimentos sociais” são motivações

importantes da pesquisa qualitativa.

6.2 LOCAL DE ESTUDO

Este estudo foi desenvolvido nas dependências de uma instituição hospitalar

especializada, instalada no sul do país. É um hospital público com atendimento focado no Sistema

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Único de Saúde (SUS). A Pesquisa foi realizada nas unidades de internação clínica e cirúrgica. A

equipe de enfermagem da instituição é composta por 200 trabalhadores de enfermagem entre

enfermeiros, técnicos e auxiliares, em um universo total de 390 trabalhadores da instituição, sendo

que nas duas unidades de internação estão lotados 63 trabalhadores, sendo que na unidade A

possuem 2 enfermeiros 27 técnicos e uma nutricionista e na unidade B possuem 33 funcionários,

sendo 6 enfermeiros e 27 técnicos. As unidades que serviram de cenário para este estudo possuem

63 leitos para internação clínica e cirúrgica, os quais são divididos entre as unidades A e B.

(Setores de apoio: Recursos humanos e Setor de custos e estatísticas).

6.3 SUJEITOS DO ESTUDO

Os sujeitos do estudo foram vinte pacientes das unidades de internação que estavam

aguardando cirurgia cardíaca a mais de uma semana. Sendo que destes vinte, dezessete eram

provenientes da emergência e três do ambulatório, mostrando assim que a maioria dos

pacientes ainda tem sua porta de entrada em caráter de urgência e ou emergência.

Antes da aplicação da Entrevista os participantes preencheram e assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido. Os sujeitos escolhidos receberam informações sobre o

propósito e os objetivos deste estudo, bem como a livre iniciativa de participação no mesmo,

de acordo com a Resolução 196/CNS/96. Esta legislação estabelece diretrizes e normas de

pesquisa envolvendo os seres humanos, e no uso de competência, que lhe é outorgada através

do Decreto nº 93.93 de 14/01/1987, assegura ao indivíduo e a coletividade quatro referenciais

básicos da bioética, visando assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade

científica, aos sujeitos da Prática Assistencial e ao Estado (não maleficência, justiça,

autonomia e beneficência).

Alguns cuidados se tornam imprescindíveis no que tange ao respeito à cultura e

valores dos participantes ao responderem as perguntas da Entrevista, dentro de um clima de

confiança que permita aos participantes a expressão livre dos fatos e garantia do anonimato,

com esclarecimentos e acordos claros sobre o uso dos dados.

No destaque das respostas dos entrevistados utilizou-se codinomes de planetas e

asteróides para os sujeitos envolvidos na pesquisa. São eles: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte,

Júpiter, Netuno, Saturno, Urano, Sol, Lua, Ceres, Éris, Plutão, Linear, Albert, Sedna, Hermes,

Toutatis, Scorzelli, Ourinhos.

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6.4 COLETA DE DADOS

O instrumento de pesquisa utilizado foi um roteiro de Entrevista, semi-estruturado

com perguntas abertas. Para Trentini; Paim (2004), este tipo de instrumento permite uma

forma de análise qualitativa, caracterizando-se como um encontro social, facilitando o diálogo

entre entrevistador e entrevistado, com possibilidades de esclarecimentos ao entrevistado

quanto à utilidade do estudo para o meio social. A entrevista individual e semi-estruturada

permite a evolução no processo de interação entre o observador e o observado.

Por fim, o respeito ético e os princípios de moral e boa conduta permearam e foram

imprescindíveis em todo o desenvolvimento deste estudo. Todas as pessoas envolvidas

tiveram seus direitos e deveres assegurados e respeitados, segundo os princípios preconizados

pela ética, conduta e valor.

Também foram pré-estabelecidas categorias gerais no que diz respeito às variáveis de

mensuração qualitativa, abrangendo elementos e/ou aspectos com características comuns ou

que se inter-relacionem.

Primeira categoria: perfil dos sujeitos da pesquisa

Segunda categoria: o impacto da notícia – necessidade de submeter-se a uma

cirurgia cardíaca;

Terceira categoria: necessidades humanas básicas afetadas e o cuidado de

enfermagem realizado;

Quarta categoria: fatores que influenciam a longa espera por uma cirurgia cardíaca

– relacionados ao paciente e a instituição.

A pesquisa foi realizada após a aprovação do Projeto de Pesquisa pelo Comitê de ética

em pesquisa do ICSC e da Univali, sendo aplicada com àqueles membros da equipe de

trabalho que aceitaram participar do estudo. Para tanto, os sujeitos assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (Anexos 2 e 3).

6.5 REGISTRO E ANÁLISE DOS DADOS

Os dados coletados foram registrados e analisados seguindo o preconizado em uma

pesquisa qualitativa, que consiste em processos, tais como: apreensão, síntese, teorização e re-

contextualização das informações colhidas. Nestes processos, a apreensão foi à etapa da

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coleta de dados, que foram documentados no instrumento da entrevista, facilitando a

identificação como unidade de significação que organizou as categorias de análise; a síntese

foi a etapa em que o pesquisador dominou o tema da investigação; a teorização é quando o

pesquisador define e elabora uma revisão de literatura e, com isso, de forma simultânea, foi

feita uma inter-relação teoria-prática e a re-contextualização a qual permitiu-nos compreender

de que forma foram alteradas as necessidades humanas básicas dos pacientes internados que

aguardam por cirurgia cardíaca a mais de uma semana, esclarecendo assim a questão

levantada em nossa pesquisa.

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7 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo traz a análise dos resultados das entrevistas e observações aplicadas aos

sujeitos do estudo, pacientes que estão aguardando pela cirurgia cardíaca nas unidades de

internação, de uma instituição hospitalar especializada pública, instalada no sul do país, bem

como o resultado das observações realizadas durante a prática assistencial concomitante ao

estágio supervisionado das 180 horas do oitavo período.

7.1 PRIMEIRA CATEGORIA: PERFIL DOS SUJEITOS DA PESQUISA

Inicialmente apresentamos a categoria um que trata do perfil dos sujeitos participantes

desta pesquisa, onde levantamos quatro características dos sujeitos estudados e realizamos

uma análise sobre os tipos de cirurgias mais freqüentes entre os sujeitos.

a) Idade

Através do gráfico, pode-se observar que, cada vez mais aumenta o número de

pacientes jovens atingidos pelas doenças cardiovasculares, sendo a taxa mínima 42 anos e

máxima 78 anos e que a maioria dos pacientes possui em média 49 anos.

Conhecendo o prognóstico de um paciente com problemas cardiovasculares

percebemos que o mesmo terá uma mudança drástica em seu estilo de vida, muitas vezes

privando-se da profissão que exerceu uma vida inteira. Sabe-se, que grande parte desses

pacientes recebe um atestado de invalidez, tornando-se muitas vezes improdutivo para

sociedade jovem demais, o que nos leva a pensar em estratégias de educação em saúde como

a melhor prevenção de uma população com grandes índices de óbitos e de complicações por

doenças cardiovasculares.

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IDADE

0

1

2

3

4

5

1

42 anos61 anos48 anos49 anos59 anos57 anos78 anos71 anos58 anos71 anos60 anos54 anos72 anos

Gráfico 1 – Idade dos Pacientes Sujeitos de Pesquisa.Fonte: Dados do questionário semi-estruturado dos pacientes coletados nas unidades A e B do ICSC.

b)Sexo

No gráfico a seguir, pode-se observar que em relação ao sexo a grande prevalência,

ainda é do sexo masculino, apesar de alguns estudos como os divulgados durante o XIII

Congresso Mundial de Cardiologia, realizado em l998 estarem apontando para um acréscimo

no número de mulheres acometidas por problemas cardiovasculares, devido ao processo de

emancipação feminina onde tem levado as mulheres a disputarem postos semelhantes aos dos

homens no mercado de trabalho, ainda assumindo problemas de ordem financeira e

doméstica, realizando assim uma dupla jornada, cujas conseqüências imediatas são o estresse

e a hipertensão.

SEXO

Masculino 70%

Feminino30% Masculino

Feminino

Gráfico 2 - Sexo dos Pacientes Sujeitos de Pesquisa.Fonte: Dados do questionário semi-estruturado dos pacientes coletados nas unidades A e B do ICSC.

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c) Escolaridade

Observando o gráfico apresentado a seguir, pode-se visualizar que a escolaridade permeia

desde nível superior completo ao analfabeto, sendo que neste caso há uma predominância de

pacientes com segundo grau completo, sabendo que a instituição em que foi realizada a pesquisa

atende pacientes de todos os níveis socioculturais.

Na fase da realização das entrevistas percebemos algumas diferenças entre os vários

graus de escolaridade, sendo que os pacientes com maior grau de escolaridade, muitas vezes

possuem um maior esclarecimento sobre sua patologia ou tratamento, e os de menor

escolaridade muitas vezes se tornam omissos, com poucos questionamentos ou

reivindicações, podendo estar este dado relacionado com suas histórias de vida por se tratar da

maioria idosa.

ESCOLARIDADE

1

3

1

3

7

1

4

01234

5678

1Nivel Superior Completo 2º Grau Completo2º Grau Incompleto 1º Grau Completo1º Grau incompleto Sem EscolaridadeSem Resposta

Gráfico 3 - Escolaridade dos Pacientes Sujeitos de Pesquisa.Fonte: Dados do questionário semi-estruturado dos pacientes coletados nas unidades A e B do ICSC.

d) profissão

De acordo com o gráfico apresentado, observa-se que em sua maioria os pacientes

entrevistados são aposentados, podendo este fato estar relacionado à idade dos pacientes ou a

problemas cardiovasculares anteriores. Observamos a diversidade de profissões existentes,

acreditando-se que algumas delas podem ter influência direta sobre o desenvolvimento das

patologias em estudo, por serem atividades muitas vezes estressantes, com cargas excessivas

de trabalho, como exemplo, cita-se a profissão de motorista.

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PROFISSÃO

7

12 2

1 1 1 1 1 1 1 1

012345678

1

Aposentado Carpinteiro Do Lar Empresário

Motorista Marcineiro Pescador Costureira

Representante Lavrador Fornador Técnico de Som

Gráfico 4 – Profissão dos Pacientes Sujeitos de Pesquisa.Fonte: Dados do questionário semi-estruturado dos pacientes coletados nas unidades A e B do ICSC.

e) tipo de cirurgia

Entre os pacientes entrevistados observamos que 75% das cirurgias realizadas são de

revascularização do miocárdio, e o restante 25% de troca de válvulas. Destas cirurgias de

troca de válvulas, 40% realizaram terceira troca, 20% quarta troca, 20% segunda troca e 20%

primeira troca. Percebemos que a grande maioria submete-se à re-troca de válvula, mais que,

no entanto, estão no prazo estimado para troca biológica como demonstrados nos gráficos

posteriores. A prótese metálica, ainda continua sendo uma opção relacionada à escolha do

paciente e seus familiares, respeitando alguns fatores clínicos e/ou sócio econômicos.

Tipo de Cirurgia

75%

25%Revascularização doMiocárdio

Troca de Válvulas

Gráfico 5 - Tipo de Cirurgias realizadas nos Pacientes Sujeitos de Pesquisa.Fonte: Dados do questionário semi-estruturado dos pacientes coletados nas unidades A e B do ICSC.

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NÚMERO DE TROCA VALVAR

20%

20%40%

20%1º troca2º Troca3º Troca4º Troca

Gráfico 6 - Número de Troca Valvar nos Pacientes Sujeitos de Pesquisa.Fonte: Dados do questionário semi-estruturado dos pacientes coletados nas unidades A e B do ICSC.

7.2 SEGUNDA CATEGORIA: O IMPACTO DA NOTÍCIA – NECESSIDADE DE

SUBMETER-SE A UMA CIRURGIA CARDÍACA.

Na grande maioria, as cardiopatias de origem isquêmica não apresentam nenhum

sintoma no decorrer de décadas na vida da grande maioria dos seres humanos, apesar de

estarem doentes não existem sintomas de dores e dispnéia, porém em determinado momento

de sua vida começam alguns sintomas de cansaço, e em alguns casos, dores discretas que

muitas vezes são confundidas com outras patologias, mas, subitamente, ou não, é acometido

por alguma sintomatologia mais significativa como dores intensas, como relatadas pelos

seguintes sujeitos deste estudo:

HERMES: estava no trânsito e senti-me mal e vim para o hospital.

JOUTATIS: estava trabalhando no sitio e senti uma dor, ai parei, fiquei agoniado e tonto, fui para o posto de Biguaçu e encaminharam para o regional, fiquei esperando horas em uma cadeira por um medico.

MÉRCURIO: após um jogo senti uma pressão no peito adormeceu os braços vim para a emergência.

PLUTÃO: senti uma dor no peito, vim trazer um amigo ao hospital e quem ficou internado fui eu.

ÉRIS: Há 6 anos sentia falta de ar e dor no peito, e os médicos tratavam como crise compulsiva, no ultimo mês começou com inchaço nos pés, dor no peito e falta de ar mais severa, fizeram um eletro e encaminharam para o instituto.

NETUNO: Terceira cirurgia para troca de válvula mitral, me senti mal eu não conseguia subir escada, cansaço e arritmia, o médico me internou.

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Fica evidenciado nas falas dos sujeitos do estudo, o fato inesperado do evento cardíaco

em suas vidas, chamamos atenção para fala de PLUTÃO ao relatar “sentiu uma dor no peito,

fui levar um amigo ao hospital, porém quem ficou internado fui eu”. Tais fatos promovem

uma ruptura na rotina destes seres humanos que começa com o surgimento e/ou agravamento

de alguns sintomas.

Quando ocorre o agravamento da dor, inicia-se a procura por um serviço especializado

(emergência) e possível internação que, às vezes, resulta já em uma definição terapêutica de

cirurgia que pode ser rápida ou após alguns meses. A definição da conduta terapêutica médica

dependerá do estado clínico do paciente podendo ser: aplicação de anti-trombolíticos na

unidade coronariana, angioplastias primárias no laboratório de hemodinâmica.

Diante do significado de adoecer e com impacto da notícia da realização da cirurgia

cardíaca os indivíduos em sua maioria reagem:

ÉRIS: Nunca me passava pela cabeça ficar doente, tenho que trabalhar minha família, nem fala são muito tristes para família é muito longe. (paciente se emociona e chora ao lembrar-se da família).

MERCÚRIO: É uma coisa que você pensa que só acontece com os outros, não esperava, sempre me achei em condições fortes. Para família foi péssimo, tenho um filho de oito anos que só pode entrar aos domingos, meu filho só posso ver pela janela “chorando” (neste momento o paciente se emociona um pouco), às vezes eles tem que trazer ele aqui para me ver nem que seja pela janela, pois ele sente muita saudade.

Nas falas de Éris e Mercúrio se pode perceber o distanciamento existente, consigo

mesmo, o perceber de seu corpo, enfim o cuidado do corpo e principalmente, o pensar que

tudo acontece somente com os outros. A falta do olhar-se, do pensar que “comigo também,

pode acontecer”, que estamos todos vulneráveis aos efeitos do que comemos, bebemos,

sentimos e cheiramos, também do que falamos e não falamos.

Segundo Horta (1979, p.13) a percepção individual de si mesmo é afetada pela

doença: a liberdade, a independência, a privacidade e a auto-estima.

MARTE: Trágico, um suspense a gente pode morrer tudo é agravante. O tempo aumenta a angustia.

Para Marte a espera trás o suspense, que angústia, corroí e chega o medo da morte.

Medo da morte em um hospital. Será o hospital ambiente de morte?

O novo representa, quase sempre, uma ameaça. Ameaça a ordem, ao estabelecido, ao

já absorvido e acomodado. (CAPELLA; LEOPARDI, 1998. P. 19)

Podemos afirmar que é um ambiente de esperança, pois quem procura tem, mesmo

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que muito tênue, mas para quem aguarda dia após dia, semana após semana presenciando,

também morte. A angústia somente aumenta.

HERMES: A princípio tem que aceitar, mas estou impaciente.

Será que temos que aceitar desta forma tão passiva, bem o inevitável é óbvio, a realização

da cirurgia, mas este aceitar pode ser de uma forma diferente. Pode ser participante, por que não é

um momento de transição para uma grande mudança no estilo de vida.

URANO: Minha esposa nem gosta de vir ao hospital. Fico chateado, pois trabalhei a vida inteira e nunca abusei nas festas.

A preocupação em nunca ter abusado nas festas é interessante, mas esquecemos de

perguntar o que exatamente ele não abusou nas festas e, também a freqüência destas festas, pois

para abusar da alimentação gordurosa, bebida alcoólica as festas não seriam as vilãs.

PLUTÃO: Uma coisa ruim, não vou poder voltar à profissão.

NETUNO Difícil por que tudo era comigo, pequena na escola, aniversário vou passar aqui, minha filha pequena com minha mãe muito idosa fico preocupada com a mãe.

Para estes dois pacientes parecem que com o impacto da realização da cirurgia irá

ocorrer uma mudança significativa e por que não dizer definitiva, pois ter que abandonar uma

atividade profissional pode trazer conseqüências inimagináveis para a vida de um ser humano

e aqui não falamos somente de questões financeiras e/ou de sobrevivência, falamos na

realização pessoal, na ocupação e no sentir-se útil na sociedade em que se está inserido.

Dentre todas as reações citadas observou-se ainda que alguns pacientes diante da

questão levantada sobre o significado do adoecer deixam transparecer seus sentimentos

através de choro, aborrecimento mostrando-se muitas vezes abalados emocionalmente.

No entanto toda mudança é difícil. Difícil porque exige um investimento de energia

física, mental e emocional, em proporções que, muitas vezes parecem exceder suas

possibilidades. ( CAPELLA; LEOPARDI, 1998, p.19)

Após definição e liberação para cirurgia inicia-se outro período que é a espera pelo

procedimento cirúrgico. Para que a cirurgia aconteça existem alguns fatores que influenciam

essa espera.

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7.3 TERCEIRA CATEGORIA: NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS AFETADAS E O

CUIDADO DE ENFERMAGEM REALIZADO;

A enfermagem é um serviço prestado ao ser humano e deve cuidar de todas as

necessidades humanas afetadas por ordem de prioridade, pois cuida o ser humano e não a sua

doença.

Os trabalhadores de enfermagem prestam cuidados aos doentes, independente de

serem adultos, crianças, homens, mulheres, se sua doença é visível ou não, se é contagiosa ou

não, enfim o cuidado tem que ser prestado considerando as especificidades dos quadros

clínicos, mas não a aparência ou o caráter do paciente enquanto pessoa, o que significa que

não deve haver discriminação de espécie alguma. O doente seja ele quem for, deve ser

cuidado como alguém que busca alívio e ou cura para seu sofrimento. Para isso a enfermagem

tem que prestar seus cuidados com técnicas adequadas a fim de tornar a estadia do paciente no

hospital curta e o menos dolorosa possível. (CAPELA, 1996, p 128).

Reconhecendo a existência dessa longa espera e sabendo que esta influencia na

maioria das necessidades humanas básicas segundo teoria de Wanda Horta que trabalha com

base nas três áreas: psibiológicas, psicossociais e psicoespirituais constatam que de todos os

pacientes participantes da pesquisa tem uma ou mais de suas necessidades afetadas como

descreveremos a seguir:

a) Nutrição

ÉRES: Não agüento mais sopa do hospital, a comida é insossa.

HERMES: Considero um remédio, sei que tenho que comer.

TOUTATIS: horrível, mais tenho que comer para não ficar fraco sinto falta da alimentação.

OURINHOS: Não gosto muito. A filha relata que ela não estava se alimentando e estava fraca.

Conforme gráfico observamos que grande parte dos pacientes apresentou mudanças de

peso durante a internação, e que dos pacientes entrevistados 11 perderam peso, e apenas 3

ganharam peso, sendo que o restante variaram entre não saber a resposta ou continuarem com

o mesmo peso. Entendemos que em alguns casos esta perda de peso é benéfica e a dieta

prescrita seria para a diminuição de peso. Falta talvez uma abordagem educativa por parte dos

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enfermeiros, médicos e nutricionista para que o paciente e seus familiares entendam o que

seria relevante no momento.

Peso

02468

1012

1 2 3

ganho peso

perdeu peso

sem/resposta

não sabem

não modificaramseu peso

Gráfico 7 – Peso dos Pacientes Sujeitos de PesquisaFonte: Dados do questionário semi-estruturado dos pacientes coletados nas unidades A e B do ICSC.

Entendendo que os hospitais são instituições responsáveis por manterem e

recuperarem a saúde do paciente, a dieta é importante nessa missão, pois é ela que garante o

suporte nutricional adequado ao paciente preservando seu estado nutricional, além de ser um

parâmetro para uma avaliação geral do paciente. A nutrição pode ser considerada um agente

co-terapêutico no tratamento de patologias, pois uma alimentação adequada tanto as suas

necessidades nutricionais, como as preferências individuais de cada paciente podem

minimizar o sofrimento causado pelo adoecimento e conseqüente internação.

Através das falas apresentadas anteriormente podemos observar que muitos pacientes

se sentem descontentes, não se adaptando a dieta oferecida deixando até de se alimentarem, o

que acaba prejudicando o quadro clínico do paciente, o que reflete no gráfico apresentado

anteriormente com a grande perda de peso. Porém não podemos atribuir a perda de peso

somente a nutrição, mas também a outros fatores como internação, patologia e mudança no

estilo de vida.

Devemos levar em consideração que no hospital que serviu de campo para a pesquisa

existe uma nutricionista lotada nas unidades de internação para realizar o acompanhamento

destes pacientes, e além da mesma existe um grupo de acadêmicos do curso de graduação de

nutrição da UNIVALI que realizam estágio supervisionado. Então, entendemos que pelo

número de leitos e pacientes o serviço de nutrição daria conta dentro de sua competência de

atender a está necessidade.

Sabendo assim que a nutrição dos pacientes afeta diretamente as eliminações urinárias

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e intestinais, abordaremos estas necessidades evidenciadas nos relatos a seguir.

b) Eliminações urinárias e intestinais (eletrolíticas)

ÉRES: diminuiu a evacuação acha que e por que diminuiu a comida.

PLUTÃO: Mudou, estou dois a três dias sem ir ao banheiro.

SCORZELLI: ultimamente mais restrito, mais inchado.

Conhecendo que a internação pode afetar as eliminações fisiológicas dos pacientes, e

que este fator está ligado tanto a aspectos culturais como psicossociais do paciente

entendemos que este assunto pode ser discutido amplamente.

Com a internação a rotina do indivíduo é modificada, desde sua alimentação,

atividades diárias, e principalmente a falta de privacidade, pois muitas vezes a mesma não é

respeitada, pois o indivíduo passa a conviver em um ambiente com grande fluxo de pessoas

inclusive profissionais de saúde que transitam por esse ambiente, além de dividir seu espaço

com duas ou três pessoas ali internadas.

Relacionado à necessidade humana e eliminação na classificação das práticas de

enfermagem encontramos os diagnósticos de enfermagem de risco para constipação e

diagnostico de constipação. Salientamos que é através desta classificação que os enfermeiros

têm autonomia para desenvolver intervenções de enfermagem para prevenir e ou tratar esta

condições encontrada e que gera muito sofrimento aos pacientes. Entendemos toda essa

mudança no padrão de eliminações fisiológicas dos pacientes internados, mas não pactuamos

da idéia da “aceitação de que isto é normal”, nada é normal e tudo pode ser melhorado com a

atuação eficiente da equipe.

c) Sono e repouso

MERCÚRIO: Sempre tento me manter acordado durante o dia, para dormi bem à noite, porém às vezes acordo para ir ao banheiro e começo a pensar (ansiedade) e não durmo.

MARTE: Durmo na medida do possível, por causa da visita dos enfermeiros, tomo remédio para dormi.

PLUTÃO: Deram remédio para dormi, mais sem sucesso, em casa eu dormia bem.

SATURNO: Estou conseguindo com o remédio para dormi, em casa sem remédio para dormi.

Sabemos que o sono não é apenas uma necessidade de descanso mental e físico, é

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essencial ter horas adequadas de sono para todo equilíbrio do organismo, durante o sono

ocorre vários processos metabólicos que são essenciais para manutenção da saúde, podendo

prevenir envelhecimento precoce, infecções, obesidade, hipertensão, diabetes e aumentar o

vigor físico o que pode trazer um bem estar ao paciente.

Através das falas apresentadas percebe-se que muitos pacientes têm seu padrão de

sono e repouso alterados durante o período de internação, sendo que muitos deles

passam a fazer uso de medicamentos para dormi. Acreditamos que esta alteração é

devido a toda mudança que acontece na vida do indivíduo relacionado a alguns fatores como

patologia, ansiedade, estilo de vida, ambiente entre outros.

d) Sexualidade

TOUTATIS: Afetou, vou perguntar para o médico se da pra dar uma brincadinha.

PLUTÃO: Sim desde a internação nada.

TERRA: Não, quando eu sai daqui o negócio vai pegar.

Conhecendo que o ser humano é um ser complexo apresentando várias necessidades

que devem ser supridas, podemos observar que a sexualidade é totalmente privada, devido à

especificidade das patologias destes pacientes e o ambiente que os mesmos se encontram.

O que trás grandes preocupações aos pacientes, pois os mesmos passam por

questionamentos sobre seu desempenho sexual após o procedimento cirúrgico e internação, o

que nos leva acreditar que todas essas dúvidas devem ser trabalhadas e respondidas buscando

minimizar toda ansiedade gerada por esta questão.

e) Segurança (financeira)

MERCÚRIO: Sim, e muito, tenho cinco filhos três pequenos e dois casados, o filho de dezoito anos esta fazendo algumas vendas, mas não tem condições de assumir meu lugar, vou falir desse jeito, daqui a sessenta dias não tenho mais crédito.

TOUTATIS: Mexe né, porque você ta na empresa e ganha, mas ninguém é insubstituível, tenho dois filhos e netos pra sustentar.

HERMES: Atrapalhou, não tenho como ficar de olho nos funcionários.

TERRA: Sim, tenho que pagar dívidas e perdi a época do camarão.

Como estudado entende-se que a maioria dos pacientes entrevistados são aposentados,

sendo que este fator é responsável por não alterar a vida financeira da maioria dos pacientes

entrevistados.

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Entretanto os pacientes que não recebem este benefício se encontram em uma difícil

situação, pois sabem que podem ser substituídos em seus trabalhos a qualquer momento

devido à escassez do mercado de trabalho, o que gera no paciente uma grande angustia e

ansiedade por saber que existem compromissos a cumprir com a sociedade como

responsabilidades familiares, financeiras e sociais.

d) liberdade

MARTE: O tempo aumenta a angústia, simplesmente é um presídio melhorado, o crime foi ficar doente, aqui eles alongam o sofrimento da pessoa com essa espera, isso aqui é um presídio melhorado.

PLUTÃO: Pior que prisão, pois na prisão sabe o dia que vai sair e aqui não.

JÚPITER: Me sinto em uma cadeia.

Segundo relato dos pacientes quanto ao item liberdade, observamos o grande impacto

que a mesma trás sobre o ser humano, pois se deparam com uma realidade diferente de seu

cotidiano, onde tinham liberdade para ir e vir, com autonomia para tomar decisões, desde o

horário de se alimentarem como até a realização de um grande negócio. Através das falas

observamos que os pacientes estão angustiados por se sentirem presos comparando a

internação com um presídio, onde lhes é tirada toda liberdade.

e) Recreação e lazer

As instituições hospitalares, historicamente não apresentam em sua área física

espaços para que os pacientes possam desenvolver atividades recreativas, os mesmos ficam

restritos a seus quartos e corredores o que faz com que apresentem sentimentos como os

relatados por :MARTE: Não tem lazer, por prender a pessoa há tanto tempo deveria oferecer algum lazer. Teatro, sinuca, um jardim para a gente sentar e conversar, um jogo, não oferece nada de lazer, se no presídio tem, até lá eles tem direito a banho de sol porque eu não tenho?.

HERMES: Gostaria que tivesse um pátio para não ficar só no quarto e corredor.

PLUTÃO: Gostaria que tivesse um pátio ou algo aberto para pegar sol, acho que deveria ter uma sala só para televisão.

O hospital está inserido na política ministerial Humanizasus que um de seus princípios

é ambiência que trata da organização dos espaços de trabalho saudáveis e acolhedores tendo a

“Compreensão de que a ambiência é um espaço físico, social, profissional e de relações

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interpessoais que deve estar relacionado a um projeto de saúde”. (Brasil, 2006).

Entendendo que a ambiência acontece em espaços interpessoais onde se incluem

valores culturais, sociais, econômicas e políticas, entende-se que estas alterações interferem

no processo de se relacionar dos indivíduos, tanto profissionais como usuários.

Considerando a inserção do hospital a esta política compreendemos que ainda não é

esta a realidade, mas que o mesmo caminha em rumo a este objetivo, possuindo em sua

estrutura dois ambientes para lazer com televisão, mesa para jogos e área de descanso. Porém

segundo relato dos pacientes estes espaços são insuficientes, pois gostariam de um espaço

com área aberta para banho de sol, caminhar e não se restringirem apenas aos corredores da

unidade.

As necessidades são universais, portanto comuns a todos os seres humanos; o que

varia de um individuo para outro é a sua manifestação e a maneira de satisfazê-la ou atende-

la. (HORTA, 1979, p.39)

f) Religiosa/filosofia de vidaÉRIS: Sou tudo e não sou nada, sou um pouco descrente, vou à igreja quando morre alguém ou em um batizado, Católico não praticante, até recebo qualquer um, mais só um pouco sou pavio curto, no meu pensar ninguém sabe nada de religião.

MARTE: Minha religião é Deus quero fazer o bem e não o mau, não quero o sofrimento de ninguém, ajudo quem eu posso minha religião e não fazer mal a ninguém. Gosto dos religiosos que falam de Deus o padre não aparece, ele só aparece a onde lhe interessa, só onde tem rico, o pastor vem procurar os pobres, eles vem o padre não vem.

VÊNUS: Sinto falta das missas que eu participava

OURINHOS: Sim, não posso mais ir à igreja.

SEDNA: Sim, pois eu não faltava um dia a missa.

Pode-se observar que para muitos pacientes neste momento difícil de suas vidas a

religião se torna um porto seguro, onde acreditam que suas orações serão ouvidas renovando

assim a sua fé.

Comenta Marcus Sodré que “Mesmo que ainda não sejamos capazes de explicar seus

mecanismos, a Ciência tem se surpreendido ao investigar a influência das manifestações de fé

no tratamento e na cura de doenças”.

Segundo relatos a internação afetou a vida religiosa de alguns pacientes, pois alterou

hábitos como ir à igreja, participar de novenas o que trouxe a eles uma angustia, porém

muitos se adaptaram a nova realidade fazendo suas orações no próprio leito ou em grupos, e

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assistindo as missas pela televisão.

Normalmente, o que se refere á vida social, familiar, espiritual e econômica do individuo hospitalizado é pouco valorizado e, muitas vezes, invisível para os trabalhadores de saúde. De uma maneira geral, os hospitais dão ênfase principalmente aos problemas agudos e severos, principalmente aqueles que ameaçam a vida, além de nascimentos e mortes (CAPELA, 1998, p 138).

Segundo Capela o cuidado de enfermagem dos profissionais no âmbito hospitalar são

voltados mais para a patologia do paciente, deixando muitas vezes de trabalhar o paciente

como um todo, como áreas psicossociais e psicoespirituais, mostrando que o profissional esta

menos preparado e orientado para trabalhar com áreas subjetivas, não se atentando para a

importância destas áreas como parte do paciente, e que não trabalhadas podem trazer

conseqüências ao quadro geral do paciente.

Os profissionais da área da saúde formam, assim, um grupo específico, com seus próprios valores, conceitos, teorias e formas de entender o processo saúde-doença, bem como possuem suas regras de comportamento e organização hierárquica. Ter um corpo de conhecimento especializado, e este deve corresponder as necessidades e expectativas de os procura (CAPELA, 1998, p 137).

Horta (1979, p. 3) diz que o compromisso assumido pelo enfermeiro com a

enfermagem “leva-o a receber conhecimentos, habilidades”, salienta que a sociedade

sancionou e outorgou este direito ao enfermeiro para que o mesmo cuide de gente.

Concordamos com Horta (1979) quando trata do enfermeiro como um profissional que

deve carregar consigo o compromisso com sua profissão e em especial com o indivíduo

cuidado, e que ao realizar esse cuidado o mesmo adquiri conhecimentos e habilidades

próprios da profissão, obtendo assim responsabilidades e compromisso com a saúde e com a

sociedade que o cerca, sendo que este profissional tem por direito e dever de servir a mesma.

Segundo Horta a ação da enfermeira é essencialmente conservadora, procurando

manter íntegros os mecanismos de defesa biológica fundamentais do individuo. Há quatro

principio de conservação, embora o princípio fundamental seja a conservação do todo: A

intervenção de enfermagem é baseada na conservação da energia do indivíduo, na integridade

estrutural do paciente, na integridade pessoal do paciente e na integridade social do paciente.

(Horta, 1979).

Sabendo que muitas das necessidades humanas básicas são afetadas neste período de

espera, conforme observamos em relatos anteriores podemos ressaltar que em todas as

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necessidades citadas dentre o grupo pesquisado determinados indivíduos permaneceram com

algumas de suas necessidades humanas básicas aparentemente inalteradas.

7.4 QUARTA CATEGORIA: FATORES QUE INFLUENCIAM A LONGA ESPERA POR

UMA CIRURGIA CARDÍACA – RELACIONADO AO PACIENTE E A INSTITUIÇÃO

Durante o estágio supervisionado do oitavo período na realização do projeto das 180

horas desenvolvemos uma prática assistencial em que trabalhamos com a identificação dos

fatores que influenciam a longa espera por cirurgia cardíaca relacionados à instituição e ao

paciente. Realizamos entrevista com pacientes internados na unidade A e com profissionais

envolvidos. Os indivíduos foram abordados com a seguinte questão: Em sua opinião porque

há essa longa espera por cirurgia cardíaca?

De acordo com a entrevista foram levantadas as seguintes questões que justificam

essa longa espera na opinião dos pacientes e alguns funcionários da instituição:

Mudança no pró-labore médico, com essa mudança os profissionais não são

estimulados a realizarem horas extras, cumprindo apenas seus horários de trabalho.

Falta de profissionais médicos devido à mudança no pró-labore.

Grande demanda de pacientes que leva a uma demanda reprimida, paciente vindo

de outras regiões, sobrecarregando o hospital, não respeitando a área de

abrangência.

Complexidade dos pacientes por ser um centro de referência.

Faltam vagas na coronária com demanda reprimida diminuindo as vagas, leitos de

pós-operatório sendo ocupados por pacientes com indicação de leitos clínicos (UTI

geral).

Longa permanência dos pacientes na coronária complicando ainda mais o quadro

do paciente que permanece em maior contato com microorganismo resultando em

maior baixa do sistema imune.

Falta de anestesistas. O ICSC possui dois anestesistas, no entanto necessita da

ajuda do Regional pegando anestesistas emprestados.

Falta de boa vontade para fazer o serviço funcionar.

Questões clínicas do paciente como infecções, distúrbios etc.

Situações de emergências que interferem no tempo de espera dos pacientes, que

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acaba aumentando.

Para levantamento destas questões foram entrevistados os seguintes indivíduos: 12

pacientes que esperavam por cirurgia cardíaca internados na unidade A do ICSC, enfermeiros

da unidade A e B, centro cirúrgico e coronária, anestesista, médicos residentes, gerente de

enfermagem, gerente administrativo, técnico de enfermagem (instrumentadora), secretaria da

direção e centros de apoio como, recursos humanos, setor de custos e estatísticas.

De acordo com as respostas adquiridas percebemos que as questões que cercam essa

longa espera não são apenas uma ou duas, mas várias, e que cada um em sua área de trabalho

vê de forma diferente, sendo que algumas questões são pontuadas por todos os profissionais,

que muitas surgiram há pouco tempo, mas que outras já percorrem há bastante tempo essa

história da longa espera.

Sabemos que não se pode resolver tudo, e que algumas coisas dependem do tempo

para serem mudadas, mas compreendemos também que algumas questões devem já ser

mudadas, pois o tempo é crucial para quem depende dele para sobreviver.

Para conhecer a média de internação de cada unidade utilizamos à fórmula de Zanon

(2001), que trabalha com o livro Qualidade da Assistência Médico-Hospitalar, aplicando a

informação colhida do número de dias de internação dos pacientes entrevistados.

A fórmula aplicada:

TMP (Tempo Médio Permanência) = número de pacientes/dia

Número de pacientes

No entanto, uma coisa é certa estes pacientes esperam em média 28 dias na unidade A

e 19 dias na unidade B por um procedimento cirúrgico. Nestes casos, o hospital está tolhendo

a liberdade destes seres humanos, porém os mesmos juntamente com sua família consentem

para que isto aconteça. Podemos afirmar que a uma vaga quando conquistada ninguém quer

perder havendo desta forma um grande conformismo por parte da maioria dos pacientes.

A Alta Complexidade tem evoluído muito rápido, obrigando os especialistas a se

superespecializarem, para poder oferecer aos pacientes aquilo que há de mais novo no

tratamento de determinada doença. Além da equipe especializada para prestar os cuidados

necessários para estes pacientes é necessário um aparato tecnológico significativo e

extremamente oneroso.

Talvez a cardiologia seja uma das especialidades em que esse fenômeno seja vista de

maneira mais aguda, ou seja, marcapassos de última geração que melhoram a expectativa de

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vida, cardio-desfibriladores implantáveis, estudo eletrofisiológico com ablação de vias

anômalas, transplantes cada vez mais sofisticados, endopróteses, são terminologias complexas

que soam estranho para a população leiga, mas que são imprescindíveis para estes usuários e

que estão a disposição pelo sistema SUS. No entanto a demanda é muito grande e o uso destes

equipamentos é contínuo, o que gera, em nossa percepção, um grande desgaste dos mesmos.

Em nosso estudo identificamos certa fragilidade na manutenção preventiva destes

equipamentos.

Apesar da alta tecnologia temos de um lado; um grupo de pacientes, no seu mais

amplo sentido da palavra passivo, de outro um sistema de saúde pública que não consegue

organizar-se para dar conta da demanda, apesar da descentralização dos serviços em todo o

estado de Santa Catarina.

Em 2004, a Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde pública um artigo

chamado “Política Nacional de Atenção Cardiovascular de Alta complexidade” onde,

preocupada com os altos custos da propedêutica cardiovascular, procura redefinir as

necessidades, as formas de atuação, as normas e os critérios para padronização tanto dos

exames quanto dos procedimentos na alta complexidade em cardiologia, bem como de

critérios para considerar instituições aptas a prestarem esses serviços (BRASIL, 2004).

Reconhecendo a importância do problema, o Ministério define que “a atenção

adequada aos pacientes portadores de agravos à saúde depende da atuação coordenada de

equipes especializadas, dos recursos materiais e das instalações físicas apropriadas, haja vista

o contingente considerável de indivíduos que necessitam se submeter a procedimentos de alto

custo e complexidade” (BRASIL, 2004).

Nos serviços de alta complexidade, especificamente em procedimentos

cardiovasculares podemos confirmar que o itinerário dos pacientes passam por longas filas

demora considerável na realização dos procedimentos, internações longas e muitas

ambulâncias e outros meios de transporte no entorno dos grandes hospitais dos grandes

centros.

Consideramos que a longa permanência seja a partir do sétimo dia de internação, e que

a partir desse critério selecionamos os pacientes, entendemos que são vários os fatores que

influenciam nessa longa permanência, como já estudado, e que a mesma pode afetar e até

interromper de diversas formas o cotidiano dos pacientes e suas família.

A longa permanência é algo experiênciado pela maioria dos pacientes com problemas

cardiovasculares que necessitam de cirurgia cardíaca, e, portanto entendemos que este fato

deve ser trabalhado com o paciente desde o momento de sua internação, para que este período

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seja menos complexo para o paciente e sua família, sendo que o enfermeiro tem um papel

importante nessa etapa, pois é ele o responsável pelo acolhimento e tem como dever sempre

manter um olhar atento a todas as questões do paciente.

Apresentamos a seguir um quadro que demonstra os dias de internação dos pacientes

entrevistados na unidade A e B.

Codinomes Dias de InternaçãoVênus 53

Saturno 42Plutão 34Netuno 47

Sol 27Lua 27

Urano 25Mercúrio 27

Terra 46Ceres 63

Quadro 1 – Unidade AFonte: Dados primários de pesquisa

Codinomes Dias de InternaçãoMarte 46Éris 23

Júpiter 65Linear 44Albert 58Sedna 45

Hermes 54Toutatis 42Scorzelli 33Ourinhos 88

Quadro 2 – Unidade BFonte: Dados primários de pesquisa

Segundo quadro apresentado observa que a maioria dos pacientes permaneceu por um

longo período internados, destacando a paciente Ourinhos que permaneceu oitenta e oitos dias

internada, após essa longa espera desistiu do tratamento, pois tanto a paciente quanto à família

não suportavam mais esse período de espera, que se arrastava com exames e suspensão de

cirurgia. Durante nossa inserção no campo um dos pacientes entrevistados, não resistiu ao

procedimento cirúrgico, após aguardar sessenta e três dias de internação e veio a falecer na

mesa de cirurgia.

As doenças do coração também despertam medos, fantasias, desfazem sonhos,

modificam a vida interior de quem as sofre (PORTO, 1998, p. 8).

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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo foi elaborado com a finalidade de discutir e refletir as questões pertinentes

as necessidades humanas básicas afetadas durante a longa espera por uma cirurgia cardíaca na

condição do paciente internado em um hospital de referencia estadual.

Santa Catarina como os demais estados da federação têm uma alta morbi-mortalidade

por doenças do Aparelho Circulatório e despende uma alta quantia financeira com essas

doenças. Neste estado a instituição que atende exclusivamente pelo SUS essa alta

complexidade em cardiologia é o ICSC, sendo referência e abrigando o maior número de

pacientes com casos mais complexos, o que despende o maior custo em manter e tratar está

clientela, o que leva a este quadro que encontramos em nosso estudo de pacientes que

aguardam por um procedimento cirúrgico em média 28 dias. No estado existem muitos outros

serviços que realizam cirurgia cardíaca, porém a clientela mais necessitada (financeiramente e

clinicamente mais grave) acaba sendo conduzida ao ICSC. Neste hospital todos os custos

financeiros são arcados pelo SUS. O pequeno grupo de pacientes que consegue ser atendido,

apesar da longa espera é atendido respeitando os princípios básicos do SUS.

Sabendo que muitas vezes o caminho percorrido pelo paciente desde a internação até a

alta é longa nos leva a refletir em medidas que possam diminuir essa longa permanência, com

base nos fatores investigados. Levantamos a seguir algumas sugestões e ou quem sabe

somente algumas possibilidades.

Acredita-se que as sugestões e ou possibilidades a seguir realizadas poderiam não

resolver o problema, mais ajudar a minimizá-lo, como por exemplo:

a contratação de mais profissionais da área da saúde, aumentando assim o número

de cirurgias e procedimentos diários;

aumento do numero de leitos pós-operatório na unidade coronariana;

equipe sempre atenta a manter o quadro clínico do paciente estável, prevenindo o

máximo de intercorrências, inclusive suspensão cirúrgica por problemas clínicos

menores;

hospitais do interior com estrutura e profissionais mais preparados para atender os

pacientes de sua área de abrangência, evitando assim a sobrecarga do ICSC;

maior agilidade e empenho para resolução de alguns problemas administrativos,

como a liberação de exames e procedimento de alto custo, o concerto de

equipamento que fazem parte da tomada de decisões.

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Quanto à finalidade desta pesquisa buscamos conhecer através de entrevista semi-

estruturada as necessidades humanas básicas afetadas decorrente da longa espera por cirurgia

cardíaca, além de conhecer e analisar a atenção dispensada pela equipe de enfermagem da

unidade pesquisada.

Quanto às facilidades na realização desta pesquisa destacamos o apoio da direção do

ICSC, centros de apoio, equipe de enfermagem das unidades estudadas e sujeitos da pesquisa

que contribuíram de forma relevantes para realização da mesma, oferecendo informações,

disponibilizando tempo para responder aos questionários, e toda atenção dispensada pelos

pacientes em responder a entrevista.

Por outro lado destacamos algumas dificuldades como, agendamento das entrevistas

com a direção para obtenção de dados, por falta de tempo disponível devido às atividades

diárias da instituição e agendamento para aquisição de informações com alguns profissionais.

Através deste estudo percebe-se alguns desafios ainda existentes para que a atenção as

necessidades humanas básicas sejam atendidas, pois sabe-se que com a internação muitas das

necessidades humanas básicas do paciente são afetadas. Entretanto percebemos que diversas

vezes não é dada a devida atenção a essas necessidades alteradas, por se tratar muitas vezes de

necessidades subjetivas, que passam despercebidas diante da equipe de enfermagem, a qual

tem extrema responsabilidade de ver o paciente como um todo, que é composto de diversas

necessidades, não apenas psicobiológicas, mas também psicossociais e psicoespirituais. Mas

questionamos esta enfermagem na percepção das questões subjetivas relacionadas a estes

pacientes, afinal a essência do trabalho da enfermagem é o CUIDADO que, também é

entendido como o resultado final do trabalho da enfermagem, então pergunta-se: por que estes

enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem não “alcançam” a subjetividade destes

pacientes. Enfim não se tem resposta para esta questão.

Reconhece-se então a importância da equipe de enfermagem em todo esse processo de

transformação do paciente, pois é a equipe de enfermagem que permanece a maior parte do

tempo junto ao paciente, e devido essa proximidade esta mais suscetível a perceber as

alterações que ocorrem no dia a dia do mesmo. Entendemos então que o não

comprometimento da equipe profissional junto ao paciente poderá causar conseqüências que

podem levar a complicações no quadro clinico do paciente, fazendo assim com que o mesmo

permaneça mais tempo internado, e se não intervir neste quadro as necessidades se tornaram

cada vez maiores.

A assistência de enfermagem desde sempre tem sido a base para recuperação do

paciente hospitalizado, e para que essa assistência seja eficiente, entendemos que a

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sistematização deve ser aplicada em todas as suas fases, desde o acolhimento até a evolução

por ser esta uma forma eficaz de se observar e analisar as necessidades do paciente assistido, e

a partir deste processo realizar a tomada de decisões para resolução de problemas

apresentados pelo paciente. E por fim realizar a contra-referência deste paciente no momento

da alta hospitalar.

Esperamos com esta pesquisa contribuir para ampliação das discussões entre as

equipes multiprofissionais, sobre a importância das necessidades humanas básicas afetadas

dos pacientes que aguardam por uma cirurgia cardíaca, acreditando que estas discussões

poderão resultar em estratégias para que estas necessidades afetadas se não solucionadas,

sejam minimizadas.

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ANEXOS

ANEXO I - INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS PESSOAIS

1. Nome/ codinome:

2. Idade: ( ) 18-20 anos ( ) 21- 30 anos ( ) 31- 40 anos

( ) 41- 50 anos ( ) 51 – 60 anos ( ) acima de 60 anos

3. Sexo: ( ) masculino ( ) feminino

4. Grau de instrução: ( ) primeiro grau ( ) completo ( ) incompleto

( ) segundo grau ( ) completo ( ) incompleto

( ) terceiro grau ( ) completo ( ) incompleto

Especializações: __________________________________________

5. Profissão:

6. Qual sua doença?

7. Há quanto tempo você está internado e qual o motivo de sua internação?

8. Você sabe qual a sua doença e por que deverá fazer uma cirurgia cardíaca?

9. Qual é o significado do adoecer para você e sua família?

10. Como você se sente diante a sua doença?

11. Quais seus projetos para o futuro após o procedimento cirúrgico?

12.Você tem a sensação de estar preso no hospital?

13.Você está satisfeito com a dieta oferecida?

14. Como era sua alimentação, antes e após a hospitalização?

15. Você perdeu ou ganhou peso após a internação?

16. Suas eliminações urinárias e intestinais apresentarão alterações após a internação?

17. Você consegue manter o padrão do sono e repouso no hospital?

18. Você acha que sua sexualidade foi afetada após a sua hospitalização?

19. Durante a hospitalização sua cirurgia, por algum motivo já foi adiada? Qual sua sensação

diante disso?

20. Como é sua comunicação com a equipe de enfermagem?

21. Você tem acesso a informações׃ como a sua doença, palestra de esclarecimento,

acontecimentos atuais?

22. Sua doença afetou a situação financeira da família?

23.O que tipo de laser ou distração você gostaria de ter no hospital?

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24. Você tem alguma restrição religiosa?

25. Você gostaria de receber a visita de um religioso?

26. A internação afetou sua vida religiosa?

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ANEXO II - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado(a) para participar, como voluntário em uma pesquisa.

Após ser esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do

estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do

pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será penalizado(a) de forma alguma.

Informações sobre a pesquisa:

Titulo do projeto: Cenários da longa espera por uma cirurgia cardíaca durante uma

internação hospitalar em um hospital de referencia estadual do sul do Brasil.

Pesquisador Responsável: Msc. Maritê Inez Argenta

Telefone e e-mail de contato: (48) 91113662 [email protected]

Pesquisadores participantes: Maria Carolina Kuhlmann e Raquel Oliveira da

Silva de Moraes.

Telefones e e-mail para contato: (48) 84137718 e 99165767

[email protected] e [email protected]

Será realizada uma pesquisa qualitativa, descritiva, exploratória com o objetivo de

identificar como as necessidades humanas básicas são afetadas com a longa espera dos

pacientes internados que aguardam por uma cirurgia cardíaca, e como está situação reflete na

assistência de enfermagem prestada aos pacientes em um hospital publico no sul do país.

Para a coleta e analise de dados será utilizada a entrevista semi-estruturada de modo

que os dados serão devolvidos a partir da realização de um grupo de devolução de dados.

Salientamos que está pesquisa não trará prejuízos para nenhuma das partes

interessadas. É de grande importância à realização desta pesquisa, pelo seu valor como

mecanismo de aquisição de novos conhecimentos para a sociedade, principalmente para a

profissão de enfermagem.

Será garantido sigilo das informações, anonimato dos sujeitos participantes, bem como

o direito de liberdade de retirar o consentimento a qualquer momento, sem qualquer prejuízo

aos mesmos.

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A participação efetiva dos sujeitos de pesquisa ocorrera no momento da coleta de

dados através da entrevista semi-estruturada.

Maritê Inez Argenta Maria Carolina Kuhlmann

Profª. Orientadora Acadêmica de Enfermagem

Raquel Oliveira da Silva de Moraes

Acadêmica de Enfermagem

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ANEXO III - CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO

Eu, , RG ____________

CPF___________________________ abaixo assinado, concordo em participar do presente

estudo como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido sobre a pesquisa, os

procedimentos nela envolvidos, garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer

momento, sem que isto leve a qualquer penalidade ou interrupção de meu

acompanhamento/assistência/tratamento.

Local e data: ____________________________________________________

Nome: _________________________________________________________

Assinatura do sujeito ou responsável: _________________________________

Telefone para contato: _____________________________________________

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