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CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA – CCT
DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA
CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA
ELIVELTON SERAFIM SILVA
A RESSIGNIFICAÇÃO DOS CONCEITOS DE ÁREA E PERÍMETRO ATRAVÉS
DOS ENFEITES JUNINOS
Campina Grande - PB
2014
ELIVELTON SERAFIM SILVA
A RESSIGNIFICAÇÃO DOS CONCEITOS DE ÁREA E PERÍMETRO ATRAVÉS
DOS ENFEITES JUNINOS
Trabalho de Conclusão de Curso - TCC de
graduação apresentado à Universidade Estadual da
Paraíba, como requisito para obtenção do grau de
Licenciado em Matemática.
Orientador: Ms. Maria José Neves de Amorim Moura
Campina Grande - PB
2014
37
Dedico a Deus meu criador e
mantenedor. A meus pais e familiares que
sempre me incentivaram e apóiam. Finalmente
aos meus amigos e colegas que tem exercido
um papel fundamental em minha carreira.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus pelo Seu amor incondicional, infindo cuidado, proteção e
auxilio nos momentos difíceis.
A nossa Orientadora Prof. Ms. Maria José Neves de Amorim Moura pelo incentivo,
simpatia e disposição em contribuir para a elaboração deste trabalho. Especialmente as
professoras Kátia Maria de Medeiros e Maria da Conceição Vieira Fernandes por serem as
primeiras a acreditar em minha capacidade e guiarem os meus primeiros passos na pesquisa
em Educação Matemática.
A todos os professores do curso de Licenciatura em matemática do campus I da UEPB
pelo carinho, dedicação e entusiasmo demonstrados ao longo do curso.
Aos colegas/ irmãos de classe pela espontaneidade, alegria e pelos momentos
inesquecíveis que vivemos juntos.
Aos meus familiares. Especialmente aos meus pais Elias Soares e Solange Silva, a
minha irmã Elania Muniz e a minha namorada Katiane Cardoso, pela paciência em tolerar a
minha ausência, por me incentivarem a prosseguir rumo aos meus objetivos e por não
pouparem esforços para me ver bem. A pequena Suelen Silva pelos momentos de distração
inocente, pelo singelo sorriso e os mais sinceros abraços que já recebi. A meu tio Gilson
Bezerra, sua Esposa Sinha Bezerra e Tia Mariza Bezerra pela disponibilidade em me hospedar
sempre que necessário, a meu tio Edson Medeiros, Elizenete Soares e Rosileide Bezerra por
mesmo de longe, expressarem seu apoio.
A verdadeira Educação significa
mais do que avançar em certo curso de
estudos. É muito mais que a preparação
para a vida presente. [...] É o
desenvolvimento harmonioso das
faculdades físicas, intelectuais e
espirituais. Prepara o estudante para a
satisfação do serviço neste mundo, e para
aquela alegria mais elevada em razão de
um serviço ainda mais amplo, relacionado
com o mundo vindouro.
Ellen G. White
RESUMO
Este trabalho relata a experiência vivenciada por graduando de matemática, bolsista do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID, subprojeto Matemática da
Universidade Estadual da Paraíba – UEPB. Tendo como objetivo Verificar as contribuições
dadas pelo material didático para a ressignificação do conceito de área e perímetro a alunos da
educação básica e para a formação inicial do professor de matemática. Descreveremos como
aconteceu a oficina intitulada A geometria do São João. Os sujeitos envolvidos nesse estudo
foram vinte alunos dos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio de uma escola
pública estadual na cidade de Campina Grande-PB. Versaremos sobre os aspectos que
influenciam na formação inicial do professor e os desafios da pratica docente, a importância
do estágio supervisionado e das políticas publicas na formação inicial do professor de
matemática. A coleta das informações deu-se através do observado no encontro com os
alunos e avaliação verbal que realizamos no término da oficina, com anotações no caderno de
bordo e como resultado percebemos que o material didático despertou a atenção dos alunos,
facilitando assim o ensino aprendizado, assim como oficinas como as realizadas durante nossa
pesquisa são um desafio para o futuro docente proporcionando experiências decisivas para a
aquisição de nosso perfil profissional. No período que desenvolvemos esse trabalho os alunos
demonstraram interesse em realizar as atividades propostas, assim como, garantiu a
permanência deles em sala de aula.
Palavras-chave: Formação inicial. Ensino de Geometria. Material Didático.
ABSTRACT
This paper reports an experience of undergraduate math , Fellow of the Institutional Program
Initiation Grant to Teaching - PIBID , subproject Mathematics from the State University of
Paraíba - UEPB . Aiming Check the contributions made by educational materials for the
redefinition of the concept of area and perimeter for students of basic education and initial
training of mathematics teachers . Describe how it happened the workshop entitled The
geometry of Saint John. The subjects involved in this study were twenty students of the final
years of elementary and high school education in a public school in the city of Campina
Grande -PB . We will describe on aspects that influence the initial teacher education and the
challenges of teaching practice , the importance of supervised training and public policies in
the initial training of mathematics teachers . Data collection was made through the observed at
the meeting with students and verbal evaluation conducted at the end of the workshop, with
notes on the board specifications and as a result we see that the teaching material attracted the
attention of students , thus facilitating the teaching-learning as well as workshops such as
those carried out during our research is a challenge for the future teacher providing
experiences decisive for the purchase of our professional profile. In the period we have
developed this work the students showed interest in carrying out the proposed activities , as
well as ensured their stay in the classroom .
Keywords: Initial Training. Geometry Education. Teaching Materials
.
LISTA DE SIGLAS
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CNE- Conselho Nacional de Ensino
CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
IES – Instituição de Ensino Superior
MD – Material Didático
PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais
PIBID – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência
PNL – Plano Nacional do Livro didático
TCC – Trabalho de Conclusão de Curso
UEPB – Universidade Estadual da Paraíba
USP – Universidade de São Paulo
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11
1 FORMAÇAO INICIAL DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA: LIMITES E
POSSIBILIDADES .................................................................................................... 15
1.1 FORMAÇÃO DO PROFESSOR .............................................................................................. 15
1.2 Fatores que influenciam na prática pedagógica .................................................................. 18
1.2.1 Características pessoais e profissionais ............................................................................. 18
1.2.2 Domínio do Conteúdo ....................................................................................................... 18
1.2.3 Segurança ........................................................................................................................ 19
1.2.4 Respeito Mútuo ................................................................................................................ 19
1.2.5 Gosto pela Docência ......................................................................................................... 19
1.2.6 Exigência .......................................................................................................................... 20
1.2.7 Interação na sala de aula .................................................................................................. 20
1.2.8 Competência Profissional.................................................................................................. 21
1.2.9 Incentivo ao desenvolvimento do senso crítico dos alunos ................................................. 21
1.3 POLÍTICAS PÚBLICAS NA FORMAÇÃO INICIAL. .................................................................... 21
1.4 ESTÁGIO SUPERVISIONADO ............................................................................................... 22
2 DESAFIOS DA PRÁTICA DOCENTE .............................................................. 26
2.1 ENSINO DE GEOMETRIA .................................................................................................... 26
2.2 O DESINTERESSE DO ALUNO .............................................................................................. 28
3 MÉTODOS ........................................................................................................ 29
3.1 NATUREZA DA PESQUISA .................................................................................................. 29
3.2 UNIVERSO, PARTICIPANTES, MÉTODOS E INSTRUMENTOS UTILIZADOS NA PESQUISA. ....... 30
3.3 COLETA DOS DADOS ......................................................................................................... 30
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 35
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 36
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11
INTRODUÇÃO
A constituição brasileira de 1988 determina no Art.212 que 25% da receita resultante
de impostos dos Estados e Municípios sejam destinados à educação, com isso a educação
básica passou a ser vista como um direito que deve ser garantido de maneira gratuita a toda
criança e pessoas com deficiência; visando o preparo de cada individuo para exercer sua
cidadania e prepará-lo para assumir um posto no mercado de trabalho.
O Art. 205 da constituição federal afirma que: “A educação, direito de todos e dever
do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho”.
Como vimos, é previsto em lei que a educação traga o “pleno desenvolvimento da
pessoa”, para tanto, precisamos de uma educação publica de qualidade que promova a
igualdade, respeito e possibilite a cada brasileiro; independente de classe social, cor ou credo
a capacidade de ocupar um espaço digno na sociedade.
Ao presenciar o cotidiano de várias escolas públicas durante nossa formação inicial
percebemos que há um distanciamento entre o proposto pela lei e a realidade das escolas.
Encontramos escolas desestruturadas fisicamente e organizacionalmente, professores
altamente desmotivados que há muito perderam o gosto pela profissão, alunos desacreditados,
desmotivados e com muita dificuldade de aprendizado. A princípio tal realidade causa um
grande choque, pois, em nossa permanência na escola durante educação básica, geralmente
não nos atemos em observar tais aspectos do contexto escolar, e na universidade estudamos a
idealização da escola; no momento em que voltamos à escola não mais como alunos,
percebemos a ruptura entre o que a escola deveria ser e o que ela realmente é.
Há uma grande desvalorização da profissão docente em nossa sociedade, muitos
escolhem cursar uma licenciatura por falta de opção, ou pela baixa concorrência do vestibular
e durante o curso adquirem o gosto pela docência. Esse é o nosso caso e de vários outros
estudantes de licenciatura.
Sabemos da importância da docência para o desenvolvimento da sociedade, ciência,
tecnologia e para o desenvolvimento de qualquer outra profissão. Por isso durante a
licenciatura sempre nos questionamos quanto ao que fazer para ser um bom professor e como
contribuir de maneira eficaz para a boa aprendizagem dos alunos.
Em nossa formação inicial estudamos várias metodologias, teorias e tivemos o contato
com as principais áreas da matemática pura. Durante a experiência vivida no PIBID
(Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) percebemos a necessidade, mas
12
também sentimos a dificuldade de aliar teoria e prática. Questões como domínio de turma,
domínio de conteúdo, planejamento e execução de aulas, oficinas, ninicursos e aulões; foram
estudados e praticados nesse período. Tivemos também ótimas oportunidades de desenvolver
trabalhos e publicá-los, desenvolvendo assim a escrita acadêmica que é imprescindível
dominar e também tivemos oportunidades de interagir com pesquisadores de diversas regiões
que muito contribuíram para o nosso desenvolvimento acadêmico e profissional.
As experiências vividas nos estágio não foram muito agradáveis devido à falta de
apoio de alguns professores da instituição. A lição mais marcante e proveitosa deixada pelo
estágio foi à vivência em sala de aula, o desafio de ensinar um conteúdo a uma turma
numerosa, onde os alunos apresentavam os mais variados tipos de dificuldades de conteúdo e
até mesmo de relacionamento entre eles, foi muito enriquecedora.
Durante os semestres iniciais do curso de licenciatura nos apaixonamos do campo da
educação matemática, mas com o passar dos semestres tivemos o desejo de trilhar pelo
caminho da matemática pura e escrever o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) na área de
análise, pois, houve um desencantamento com a educação, talvez pela dificuldade de aliar à
teoria a prática. Estudamos durante um ano a respeito da Integral de Lebesgue e estávamos
com o trabalho bem adiantado, mas, nas idas e voltas da universidade e escolas da educação
básica, despertou-nos. Em paralelo surgiram alguns questionamentos a respeito da educação
superior, tais como: Quais são os fatores que influenciam na prática do professor? A
metodologia usada pelo professor influencia na aprendizagem dos alunos? A formação inicial
por si só, é capaz de preparar o professor pra atuar em sala de aula? Sendo assim, optamos por
escrever este trabalho, com o desejo de contribuir para a melhoria da qualidade da educação
básica através da pesquisa acadêmica
A pergunta que norteou o nosso estudo foi a seguinte: Quais os subsídios dadas por
oficinas de matemática envolvendo os conteúdos de área e perímetro a alunos da educação
básica?
Tivemos como objetivo: Verificar as contribuições dadas pelo material didático para a
ressignificação do conceito de área e perímetro a alunos da educação básica e para a formação
inicial do professor de matemática.
Para o delineamento da pesquisa desencadeada, propomos a estrutura em capítulos, a
seguir definidos.
No primeiro capítulo apresentamos alguns aspectos que influenciam na formação
inicial do professor, bem como alguns desafios da prática docente e a importância das
13
políticas públicas e do estágio supervisionado para formação inicial do professor de
matemática. No segundo capítulo discutiremos algumas dificuldades que os professores da
educação básica encontrão pra o exercício da docência. No terceiro capítulo descrevemos a
metodologia utilizada na realização da pesquisa, a natureza da mesma, o universo da coleta
dos dados, os participantes deste estudo, os instrumentos utilizados e finalizamos com a
descrição das atividades desenvolvidas na oficina. No quarto capítulo, fazemos a discussão da
análise de dados desta pesquisa e finalizamos com as considerações finais.
15
1 FORMAÇAO INICIAL DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA: LIMITES E
POSSIBILIDADES
Os cursos de formação inicial de professores têm sido modificados ao longo dos anos,
para se adaptarem as exigências das leis que regulam a educação no país, visando elevar a
qualidade acadêmica dos mesmos. A problemática da formação inicial de professores de
matemática tem sido alvo de muitos debates, que apontam varias possibilidades para
formação inicial, em contrapartida revelam limites a serem superados.
Neste capitulo discutiremos alguns aspectos que influenciam na formação inicial do
professor, bem como alguns desafios da prática docente e a importância das políticas públicas
e do estágio supervisionado para formação inicial do professor de matemática.
1.1 FORMAÇÃO DO PROFESSOR
Segundo Cury (2000) a primeira instituição brasileira a oferecer cursos de formação de
professores foi a USP, por volta de 1934. Os cursos de formação se espalharam, e eram
oferecidos pelas faculdades de filosofia até 1970. Neste período os professores que
lecionavam disciplinas de matemática pura ou aplicada não demonstravam preocupação com
a formação pedagógica dos alunos, o foco era a aprendizagem maciça dos conteúdos de
matemática. Os cursos geralmente tinham duração de quatro anos e eram organizados de
forma que três anos eram dedicados exclusivamente a disciplinas de matemática pura e o
quarto ano era dedicado ao estudo de disciplinas pedagógicas, por isso, ficou conhecido como
curso três mais um.
Devido à falta de profissionais da área de licenciatura, o corpo docente dos cursos de
licenciatura era formado por engenheiros e bacharéis. Esses profissionais em geral tinham
muito conhecimento na área de matemática pura ou aplicada. Segundo Cury (2000) Em geral
não tinham formação pedagógica especifica, valorizavam extremamente o conteúdo
matemático em detrimento dos métodos de ensino.
As influências supracitadas contribuíram para engessar o ensino de matemática,
tornando-a uma ciência descontextualizada, pois muitos professores a ensinam como um
conjunto de métodos, fórmulas, gráficos e tabelas; que se utilizados da maneira correta
levarão o aluno a encontrar um resultado de uma determinada questão.
Hoje, ainda encontramos professores influenciados pelo método a cima citado. Mesmo
com o avanço dos estudos no campo da educação matemática, muitos não conseguem mudar
seu método de ensino, dificultando o ensino aprendizagem. Concordamos com Cury (2000,
p.12) quando afirma: “sabemos que os alunos, em qualquer nível de ensino, são, em geral,
influenciados pelas opiniões e posturas de seus mestres. Os professores universitários de
16
nossa geração foram influenciados pela geração passada e estão influenciando a nova
geração”.
Outra prática comum nos cursos de licenciatura é o isolamento das diversas áreas da
matemática. Da maneira como é ensinado o aluno tem dificuldades em relacionar a álgebra
com a análise ou a geometria; a deficiência não é apenas no relacionamento entre matemática
pura e a educação matemática, mas também, entre as áreas da matemática pura.
A respeito do assunto Cury (2000, p. 14) destaca:
Essa visão multifacetada do conhecimento gera problemas para a
aprendizagem, pois os alunos, ao considerarem que os conteúdos não estão
relacionados entre si, não se permitem usar procedimentos já conhecidos de
uma nova matéria em novos problemas de outra.
Como mencionamos, os alunos são influenciados pelos métodos usados pelos
professores, então se na formação inicial os alunos estudam os conteúdos de forma isolada,
então provavelmente reproduzirão essa prática quando estiverem exercendo a profissão.
Gonçalves e Gonçalves (1998, p. 118-119 apud CURY, 2000, p.16) afirmam que:
Se torna indispensável que estes formadores de professores, trabalhem para
estabelecer, quando possível, a relação existente entre as disciplinas de
conteúdo específico e as de conteúdos pedagógicos, bem como entre aquelas
de conteúdo específicos e conteúdos pedagógicos que fazem parte dos cursos
de formação. Temos consciência de que esta última articulação só será
possível a partir do momento em que haja, por parte dos professores dos
departamentos de conteúdos específicos e os da faculdade de educação,
clareza dos objetivos de curso e do perfil profissional que estão formando,
não considerando uma disciplina mais relevante do que outra.
A relação entre a matemática pura e a educação matemática é algo imprescindível na
formação inicial de professores, pois, é indispensável que os licenciados saibam relacionar o
concreto e o abstrato, o geral e o específico, mas, que desenvolvam métodos que possibilitem
a seus futuros alunos a capacidade de diferenciar tais coisas. Sabendo também que o objetivo
da licenciatura em matemática, é preparar os futuros professores para atuar na educação
básica com conhecimentos específicos dessa área e conhecimentos pedagógicos.
A sociedade está em constante mudança, às formas de comunicação de massa se
modernizam rapidamente e a tecnologia torna-se cada vez mais acessíveis a população.
Alunos e professores são usuários desses meios fora da sala de aula, porém, há uma sensação
que as aulas do ensino básico e superior não se modernizam e não acompanham o
desenvolvimento das tecnologias. Cury (2000) defende que os docentes que lecionam nos
cursos de formação de professores, se adaptem as novas ferramentas tecnológicas oferecidas
pelo mercado. Caso essa adaptação ocorresse melhoraria o ensino aprendizagem e serviria de
17
indicativo de como os futuros professores poderiam usar as tecnologias em sala de aula.
Especialmente, os professores de matemática, uma vez que essa área muito tem contribuído
para o desenvolvimento tecnológico.
Outro entrave presenciado no curso de licenciatura em matemática é a falta de
conscientização da maioria dos professores da área de matemática pura, pois, muitos ensinam
na licenciatura da mesma forma como se ensina no bacharelado.
Diante do apresentado, contamos com uma significativa parcela de mestres e doutores
especializados nas mais diversas vertentes da educação matemática, prova disto é a grande
produção cientifica e o grande contingente de participantes em congressos da área, mas, na
maioria das instituições as disciplinas ministradas por esses profissionais representam uma
parcela minoritária do todo. Como, por exemplo, na Universidade Estadual da Paraíba
(UEPB) a grade curricular vigente no ano de 2014, destina 27,9% da carga horária total do
curso para as disciplinas voltadas para a educação matemática, denominadas pela instituição
de Atividades Pedagógicas1. De forma alguma estamos contestando a quantidade de horas
destinadas às atividades pedagógicas, mas discutindo que não só os professores das
disciplinas de educação matemática como também os professores da matemática pura
preocupem-se com seus métodos de ensino.
Concordamos com Cury (2000) quando levanta a discussão, que os cursos de pós-
graduação incluindo a área de matemática pura, focam no estudo de áreas específicas e não
oferecem em sua grade, disciplinas pedagógicas ou de psicologia da educação. Dificultando
que os mestres e doutores que atuam em áreas específicas da matemática nos cursos de
licenciatura, despertem para necessidade de mudança na forma de ensinar.
Gonçalves e Gonçalves (1998, apud CURY, 2000, p.21) argumentam que:
Parece-nos necessário que os professores, principalmente os formadores de
professores, que se especializem em nível de mestrado e doutorado em suas
disciplinas de conteúdos específicos, tomem consciência de que são
profissionais da educação, e têm, além da realização de sua pesquisa em sua
especialidade, o que não está aqui em discussão, necessariamente, a função
de formar um outro tipo de profissional que não será pesquisador em um
conteúdo específico, mas que terá como objetivo o ensino de determinada
matéria no ensino fundamental e médio.
Nas atuações proporcionadas tanto pelo PIBID (Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação à Docência), quanto pelos estágios supervisionados percebemos que foram
necessários tanto os conhecimentos matemáticos quanto os conhecimentos pedagógicos, para
elaboração e execução de uma boa aula. Percebemos então que é necessário que se tenha nos
1 Informação disponibilizada pela coordenação do curso de licenciatura em matemática.
18
cursos de graduação um equilíbrio entre as áreas, e que, o distanciamento das mesmas seja
substituído por um diálogo amigável visando uma melhor formação inicial.
1.2 Fatores que influenciam na prática pedagógica
Vários são os fatores que influenciam na pratica pedagógica do professor, dentre eles
Grillo (2001) destaca: Características pessoais, domínio do conteúdo, segurança ao expor o
conteúdo, respeito mutuo entre aluno e professor, gosto pela docência, exigência, competência
profissional, interação em sala de aula e o incentivo ao desenvolvimento do censo crítico dos
alunos.
A Seguir faremos uma breve explanação sobra cada uma desses fatores.
1.2.1 Características pessoais e profissionais
Cada professor tem a prática profissional influenciada pela sua cosmovisão. São
valores e princípios que o professor demonstra, e muitas vezes transmitem aos alunos durante
sua convivência com os mesmos. Nóvoa (1997, Apud GRILLO 2001, p.32) defende que o
professor exerce a docência ao mesmo tempo em que se revela como pessoa chegando a
afirmar “Dize-me como ensinas e direi quem tu és”.
Grillo (2001, p.34) afirma que:
Até mesmo a simples seleção de um conteúdo transcende o meramente
instrucional. A opção do docente ao priorizar um conteúdo em detrimento do
outro é no mínimo uma forma de deixá-lo mais fortalecido. E isto é sempre
baseado em valores, interessantes e expectativas pessoais.
Você pode estar se questionando, mas por que isso influência na prática pedagógica?
Influência pelo simples fato que os alunos estão observando o docente a todo instante, caso
ele fale algo e demonstre o contrário através de suas atitudes, os alunos irão perceber podendo
causar problemas de convivência na sala de aula. Por exemplo: O professor faz um belo
discurso afirmando que não é preconceituoso e que todos têm devem ter direitos iguais, mas,
todos os dias demonstra apatia por um determinado aluno pelo fato de ele ter tatuagem ou
piercing.
1.2.2 Domínio do Conteúdo
Quando mencionamos domínio de conteúdo nos referimos que o professor deve saber
a definição, os conceitos, os procedimentos e a aplicação do conteúdo que ensina. Sabemos
que o professor “não sabe de tudo”, ao se deparar com uma pergunta que está fora do seu
campo de conhecimentos, o professor deve ser humilde em reconhecer que não sabe e
procurar aprender para ensinar ao aluno.
Sobre este assunto Grillo (2001) aponta que “A docência exige um comportamento ético
explícito, pois o professor age com consciência profissional, cumprindo compromissos com o
19
conhecimento, com os alunos e com a sociedade”, por isso, é de suma importância que o
professor domine o conteúdo.
1.2.3 Segurança
É importante que o professor demonstre segurança diante dos alunos. Para Grillo
(2001) o professor que tem domínio do conteúdo também tem segurança de ensinar e passa a
ser reconhecido pelos alunos como uma autoridade docente. A segurança é algo pessoal que
em muitos casos independe da formação inicial, está ligado a características que variam de
acordo com cada pessoa.
A autora ainda defende que o domínio de conteúdo aliado à segurança, proporcionam
a discussão e abrem espaço para críticas produtivas entre aluno e professor; tais discussões
podem ser relacionadas à metodologia do professor, duvidas no conteúdo, ou mesmo, a
questões sociais.
1.2.4 Respeito Mútuo
Para uma boa convivência no contexto escolar entendemos que é necessário que haja
respeito mútuo entre professor e aluno e entre os próprios alunos. Para isso Grillo (2001)
aponta que o professor precisa aceitar a individualidade de cada aluno, suas fraquezas e
divergências. O professor promove o respeito quando ouve o aluno e reconhece a importância
do que o aluno disse, ou mesmo, quando o aluno faz uma pergunta totalmente desconexa do
assunto e irrelevante para a ocasião, então, o professor atenciosamente contorna a situação
sem ignorar, menosprezar ou expor o aluno ao ridículo diante da classe.
Grillo (2001, p. 37) afirma que:
O respeito na docência ainda é externado não só em atitudes respeitosas
socialmente aceitas, mas através de outros indicadores como preparo do
professor, o planejamento e a organização do ensino, a seleção de material
didático em termos de relevância do conteúdo para os alunos, de correção
linguística, clareza e legibilidade do material apresentado. Os alunos se
sentem desrespeitados pelo professor desorganizado, sem a devida
preparação, e que utiliza material ultrapassado e confuso.
É bom, que o professor esteja ciente que precisa respeitar os alunos e mediar sempre que
possível à convivência dos mesmos para que eles se respeitem mutuamente. Quando o
professor conquista o respeito dos alunos às aulas são mais agradáveis e proveitosas.
1.2.5 Gosto pela Docência
Segundo Grillo (2001) um dos indícios que o professor tem gosta de ensinar é a
felicidade que ele tem aos ver seus alunos progredirem. Um dos entrevistados por Grillo
(2001, p.38) expressa o seguinte pensamento: “A grande gratificação de um genuíno professor
é ser um dia ensinado por aqueles a quem um dia ensinou”.
20
É perceptível para aluno quando o professor exerce a função por obrigação, pois, o
professor se irrita com mais facilidade, reclama de tudo e geralmente incentiva os alunos a
não cursarem licenciatura. O gosto pela docência faz com que o ambiente da aula fique mais
agradável.
1.2.6 Exigência
É importante que o professor seja exigente, estabeleça metas e prazos, visando: a
preparação dos alunos para o mercado de trabalho que é muito seletivo e exige profissionais
competentes, que cumpram as metas e os prazos estabelecidos pela instituição e também para
instigar os alunos a serem responsáveis.
O professor exigente nem sempre é o mais amado pelos alunos, segundo Grillo (2001)
os alunos rejeitam os professores exigentes e preferem os professores que não o são, segundo
a autora esses profissionais nunca repreendem os alunos, nunca exigem nadas, mas também,
nada ensinam.
Grillo (2001, p. 39) aponta. “Para o aluno aceitar a exigência do professor é necessário
que o respeite como pessoa e como profissional, que reconheça seu domínio de conteúdo e
que nele encontre segurança.” Veja que o para que o professor desempenhe bem o seu papel,
precisa desenvolver um conjunto de características inter-relacionadas.
1.2.7 Interação na sala de aula
A sala de aula é um espaço onde a interação entre professor e aluno vai além da
relação pedagógica e entra no campo das relações humanas, cognitivas e afetivas. É indicado
que o professor não esqueça que seus alunos são seres humanos e por isso sentem alegria,
tristeza, angústia e aflição. Diante disso, é importante que o professor esteja pronto para
demonstrar interesse pelo aluno, conversar sobre os mais variados temas contribuindo para o
que o aluno supere os obstáculos impostos pela vida.
Grillo (2001, p.40) destaca:
Entende-se que nem sempre a relação pode ser agradável ou fácil, porque a
aprendizagem exige empenho e impõe desafios. Não se trata de reduzir o
nível de exigência para estabelecer uma relação prazerosa. O papel do
professor é sempre o de auxiliar o aluno a descobrir o seu projeto de
realização e os caminhos para percorrê-lo, traduzido na organização de
situações de aprendizagens adequadas, no acompanhamento do aluno, na
observação de seu desempenho. Aí reside o apoio técnico. O que não se
questiona, enfim, é que a interação professor-aluno é sempre perpassada por
funções de apoio afetivo ou técnico, ou de ambos, porque elas não se
excluem.
21
1.2.8 Competência Profissional
Perrenoud (1999, p. 7, apud, GRILLO 2000, p. 41) define competência como “O agir
eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiado em conhecimentos, mas sem
limitar-se a eles”. O professor competente domina o conteúdo e sabe como ensinar o mesmo,
apontam os estudos de Grillo (2000). Para isso empenhasse em participar de cursos, eventos e
seminários; visando manter-se atualizado, pra expandir o leque de conhecimento e para que
seu método de ensino não se torne obsoleto.
A vivência em sala de aula não é simples, indica-se que o professor sempre reflita
antes de agir diante de uma situação adversa. Conflitos entre alunos motivados por racismo,
preconceito e situações de bullying estão bem presentes no cotidiano escolar e precisam ser
coibidos pelos professores, para isso é importante a calma e a reflexão para tomar uma atitude
sábia diante de tais situações.
1.2.9 Incentivo ao desenvolvimento do senso crítico dos alunos
Outro aspecto a ser desenvolvido pelo professor em sala de aula é incentivar o
desenvolvimento do senso crítico em seus alunos. Ações como debates sobre acontecimentos
sociais, políticos, tecnológicos e econômicos, podem despertar no aluno o olhar crítico para a
sociedade. Para que o professor tenha condições de mediar debates dessa natureza é preciso
que ele possua o senso crítico apurado. Grillo (2001) defende que mesmo que o debate de tais
assuntos pareça perca de tempo, é importante que seja feito, pois estamos dando formação
política aos nossos alunos. Para autora é importante que o professor, em alguns momentos,
deixe de lado a teoria e monte projetos práticos que contribuam para a melhora da sociedade.
Diante do exposto, entendemos que o exercício da docência depende dos saberes adquiridos
na universidade e também da subjetividade de cada profissional que está se constituindo,
assim sendo é necessário proporcionar aos licenciando outras possibilidades de vivência no
campo profissional, além do estágio supervisionado, tais experiências podem ser
possibilitadas pelas políticas publicas.
1.3 POLÍTICAS PÚBLICAS NA FORMAÇÃO INICIAL.
As políticas públicas destinadas ao ensino superior são financiadas principalmente
pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), CNPq
(Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e pelas IES (Instituições
de Ensino Superior) foram adotadas com objetivo de melhorar a qualidade da formação inicial
principalmente nas áreas de ensino e tecnologias.
Entre elas destacamos o PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência), criado sob DECRETO Nº 7.219 de 24 de junho de 2010. Segundo a Capes é um
22
programa que busca o aperfeiçoamento e valorização da formação de professores para
atuarem na educação básica.
As IES desenvolvem um projeto de iniciação á docência, em parceria com escolas
básicas da rede pública. O projeto deve inserir o estudante da licenciatura no contexto da
escola desde o inicio da sua formação acadêmica, desenvolvendo atividades didático-
pedagógica, sob a orientação de um professor da escola e um docente de licenciatura. A
CAPES paga bolsas diretamente aos alunos de licenciatura, supervisores das escolas,
coordenadores de área, coordenadores de área de gestão de processos educacionais e
coordenadores institucionais; por meio de crédito bancário.
Como aluno do curso de licenciatura em matemática, vivenciamos há dois anos a
experiência como bolsista do PIBID, que tem contribuído para o exercício da docência,
através do desenvolvimento da escrita acadêmica, publicação de trabalhos, domínio de turma,
planejamento de aulas usando materiais concretos e jogos, na elaboração de projetos para
minicursos e oficinas, no desenvolvimento da oratória e a compreender o aluno e ajudá-lo a
ser um cidadão consciente e crítico.
Concordamos com Carneiro2 (2010) que afirma a respeito o PIBID desenvolve: “[...]
conhecimento e a análise da realidade escolar; fundamentação teórica, instrumentalização
prática e aprofundamento de conteúdos matemáticos do Ensino Fundamental, bem como do
Médio” que segundo a autora são indispensáveis para a formação inicial do professor de
matemática.
O PIBID nos proporciona uma boa experiência docente, mas não faz parte do seu rol de
objetivos substituir o estágio supervisionado e sim complementá-lo, introduzindo o aluno de
licenciatura mais cedo na escola. Sendo assim o estágio supervisionado não perdeu sua
importância para formação inicial.
1.4 ESTÁGIO SUPERVISIONADO
Durante a formação inicial o aluno é bombardeado por uma gama de conhecimentos
específicos sobre a matemática. São também apresentados a uma extensa grade de
possibilidades metodológicas que em teoria facilitarão o ensino-aprendizagem, mas, durante
boa parte do curso não temos oportunidade de aliar a teoria à prática.
O estagio é o momento em que o aluno tem a oportunidade de aplicar possibilidades
metodológicas, e segundo Pimenta e Lima (2004, apud MENEGHETTI e DIAS, 2012, p, 13)
é o momento de construir a identidade do professor e sua postura diante dos desafios da
2 Artigo PIBID: Contribuições para a Formação Inicial dos Professores de Matemática
. Extraído dos anais do 1ª Congresso do SINPRO-SP.
23
docência. Sendo assim ainda na concepção das autoras supracitadas, o estágio é uma
ferramenta indispensável para uma boa formação inicial.
Atualmente, Existem várias discussões a cerca do Estágio Supervisionado, pois o
mesmo é disciplina obrigatória em todos os cursos superiores conforme a resolução do
Conselho Nacional de Educação (CNE) Art. 1 da resolução nº 2/20023 define que:
A carga horária dos cursos de Formação de Professores da Educação Básica,
em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, será
efetivada mediante a integralização de, no mínimo, 2800 (duas mil e
oitocentas) horas, nas quais a articulação teoria-prática garanta, nos termos
dos seus projetos pedagógicos, as seguintes dimensões dos componentes
comuns:
I - 400 (quatrocentas) horas de prática como componente curricular,
vivenciadas ao longo do curso;
II - 400 (quatrocentas) horas de estágio curricular supervisionado a partir do
início da segunda metade do curso;
III - 1800 (mil e oitocentas) horas de aulas para os conteúdos curriculares de
natureza científico cultural;
IV - 200 (duzentas) horas para outras formas de atividades acadêmico-
científico-culturais.
Tecnólogos e técnicos afirmam que o estágio supervisionado especificamente nos
cursos de licenciatura serve de amortecedor para o impacto causado pelas situações cotidianas
de sala de aula, como por exemplo, as contendas entre alunos. Neste sentido, o estágio
supervisionado é um meio dos licenciandos vivenciarem situações que possivelmente
encontrarão mais adiante em seu campo de atuação, podendo melhor compreender as relações
que existem entre teoria e prática. Além do mais, nesse momento vivenciamos experiências
decisivas para decisão de exercer a carreira docente.
O desenvolvimento de habilidades profissionais tem uma inteira relação com a
utilização dos conhecimentos adquiridos na vida acadêmica, como também, na vida
profissional e pessoal. Desse modo, a caracterização do estágio se dá por ser um importante
instrumento de conhecimento, de integração e de intervenção na realidade do aluno, sejam no
âmbito social, econômica e trabalhista em sua suposta área profissional.
Em nossa vivência no estágio como futuros professores, passamos a enxergar a
educação com outro olhar, procurando entender a realidade da escola e o comportamento dos
alunos, dos professores e dos profissionais que a compõem.
O curso de Licenciatura em Matemática desenvolve no profissional as habilidades que
são necessárias no dia-a-dia do atual professor de matemática, e o estágio é uma das melhores
3 Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CP022002.pdf> Acessado em 04/11/2014
24
formas de colocar em prática grande parte daquilo que nos foi oferecido, inclusive o que
aprendemos em sala de aula enquanto alunos da educação básica.
A prática da observação exerce um grande papel para a formação de docentes, pois
está relacionada aos processos de aprendizagem que cada pessoa passa. Ainda na infância, a
observação e visualização das coisas cumpre um importante papel para nós, é através dela que
iniciamos nossos saberes de mundo, desse modo sendo eternos aprendizes. Em termos
profissionais.
Em relação à fase da observação em sala de aula durante o estágio supervisionado. As
práticas de observação poderiam adquirir um novo sentido, porém, para que isto ocorra, o
futuro professor deveria mudar sua noção de olhar a aula, ou seja, não deveria observar a
qualidade da aula em relação a capacidade de aprendizagem do aluno, as metodologias de
abordagem utilizadas pelo professor, ou a aula como um modelo pré-estabelecido a qual
deverá ser seguido. O licenciando deveria se tornar um crítico da situação em um contexto
geral, ou seja, aprender a observar, analisando criticamente os motivos de o professor ensinar
da forma escolhida e entender os motivos a que o levaram a tais conclusões em suas
metodologias. Dessa forma, o docente desenvolveria a habilidade de captar a estrutura que
está adequada àquela aula e passaria a entender melhor seu trabalho.
Nessa perspectiva, o Parecer número 21, de 2001, do Conselho Nacional de Educação
Apud (Borssoi, 2008), define o estágio,
Como um tempo de aprendizagem que, através de um período de
permanência, alguém se demora em algum lugar ou ofício para aprender a
prática do mesmo e depois poder exercer uma profissão ou ofício. Assim o
estágio supõe uma relação pedagógica entre alguém que já é um profissional
reconhecido em um ambiente institucional de trabalho e um aluno estagiário
[...] é o momento de efetivar um processo de ensino/aprendizagem que,
tornar-se-á concreto e autônomo quando da profissionalização deste
estagiário.
O professor é um dos profissionais que durante boa parte da vida está em contato
direto com sua profissão, porém, em um determinado momento o até então aluno, precisa
reunir os saberes obtidos durante toda sua escolarização e consolidar uma metodologia
própria e um repertório de saberes próprios. Para tanto é importante a experiência do estágio
de intervenção, onde o aluno assume uma sala de aula por um determinado período.
Uma mediação muito importante para o saber docente é a reflexão. É importante que o
professor durante sua intervenção reflita sobre sua metodologia, sobre o aprendizado dos
alunos entre outros aspectos. Fiorentini e Casto sugerem que: “Sem reflexão, o professor
mecaniza sua prática, cai na rotina, passando a trabalhar de forma repetitiva, reproduzindo o
25
que está pronto e que é mais acessível, fácil ou simples”. A reflexão é capaz de romper com o
ensino mecanizado e descontextualizado, ainda tão presente em nosso sistema de ensino. É
sem duvidas um agente na formação do professor, capaz de problematizar situações e atribuir
novos significados e novas soluções para problemas comuns no ensino.
Os saber docente alia teoria e prática, não depende unicamente da prática docente, mas
também do diálogo com os colegas, das experiências de vida, da forma como seus professores
se comportaram, o que o docente aprende com a leitura entre outros agentes envolvidos na
prática educativa.
Segundo Fiorentinni (2000, p.81, apud FIORENTINI e CASTRO, 2003 p.67):
Os professores mobilizam e produzem saberes e, nesse processo, constituem-
se profissionais. Isso significa que o professor, sua prática e seus saberes
formam uma tríade de entidades que “interdependem” e “co-pertencem” a
uma situação e trabalho na qual “co-evoluem” e continuamente se
transformam.
Observamos a importância do estágio para a formação do professor, a prática da
observação criteriosa e criticista, e a intervenção reflexiva contribuirão para a constituição dos
saberes experienciais dos professores.
26
2 DESAFIOS DA PRÁTICA DOCENTE
A prática docente não é algo trivial, pelo contrário é algo complexo que requer uma
preparação do ponto de vista de domínio dos conteúdos, e também se faz necessária uma
preparação psicológica e social. Psicológica, pois o docente atua como um mediador da
convivência entre pessoas de diferentes credos, classes sociais e culturas, de maneira que é
imprescindível uma preparação psicológica para manter a calma, compreender cada aluno e
lidar da melhor maneira possível com cada individuo. Preparação social, pois o professor é
um formador de opiniões, portanto, o professor deve ter uma concepção crítica do mundo para
incentivar os alunos a também serem cidadãos críticos.
Outro grande desafio do docente é o de desmistificar a matemática como sendo uma
matéria difícil e sem aplicabilidade cotidiana; para enfrentar tal desafio o professor dispõe de
inúmeros recursos e tendências metodológicas. Lorenzato (2009) defende o apoio visual ou o
visual-tátil como importantes facilitadores para a aprendizagem, ainda mais em se tratando de
uma disciplina tão temida como a matemática. Comenius, considerado fundador da didática
moderna, por volta de 1650, escreveu que o ensino deveria dar-se do concreto ao abstrato (o
conhecimento começa pelos sentidos); e Poincaré, matemático francês, pelos idos de 1900,
recomendava o uso de imagens vivas para clarear verdades matemáticas; é o que pode ser
suprido com o auxílio de Materiais Didáticos (MD), mais especificamente os manipuláveis.
Baseado nos idéias supracitadas, discutiremos nesse capitulo algumas dificuldades que
os professores da educação básica, geralmente vivenciam no exercício da docência.
2.1 ENSINO DE GEOMETRIA
Assim como os outros campos da matemática a geometria está presente no cotidiano
das pessoas, seja no espaço físico ou no exercício das mais variadas profissões. Os PCN
(Brasil, 1998) afirmam que tem crescido a necessidade de o indivíduo pensar
geometricamente, pois além da imagem ser um instrumento de informação essencial na
modernidade, o estudo da geometria desenvolve a percepção espacial e através dela, o aluno
pode compreender, descrever e representar o mundo físico no qual está inserido.
Passos, Oliveira e Souza (2009 Apud SOARES e KAIBER, 2012, p. 5) constataram
em suas pesquisas que:
A visão geométrica mais apresentada aos alunos é a sua relação com os
objetos do cotidiano. Mesmo que essa percepção seja importante, não se
pode esperar que alunos aprendam Geometria somente a partir de
identificação dos objetos do seu dia-a-dia. É necessário estimular e
desenvolver o pensamento geométrico.
27
Os PCN (BRASIL, 1998) indicam que o professor deve usar recursos como mapas,
maquetes e softwares, para que os alunos possam desenvolver suas habilidades de percepção
espacial. Sugerem também que nas aulas de geometria os alunos desenvolvam atividades que
permitam a observação das relações entre tamanhos, a proporcionalidade, simetria e rotação;
de forma que os alunos dominem e saibam articular, o espaço físico, as figuras geométricas e
as representações gráficas.
“As atividades de geometria são muito propícias para que o professor construa junto
com seus alunos um caminho que a partir de experiências concretas leve-os a compreender a
importância e a necessidade da prova para legitimar hipóteses levantadas”. PCN (BRASIL,
1998, p.126) Sendo assim, atividades baseadas no cotidiano dos alunos, e o uso de formas
geométricas para a prova de generalizações algébricas, são importantes para a aprendizagem
dos alunos.
Segundo Miguel, Fiorentini e Miorim ( 1992 Apud SOARES e KAIBER, 2012, p.3) a
geometria desempenhava um papel de destaque no ensino de matemática no Brasil, porém
após o movimento da Matemática Moderna o ensino de geometria deu lugar ao ensino de
Teoria dos Conjuntos, Álgebra Abstrata, Topologia e estudos de Congruência. O movimento
não prosperou no Brasil, mas contribuiu para o que Lorenzato (1995) chama de Omissão
Geométrica.
A respeito do assunto Lorenzato(1995, p. 2) comenta:
O movimento da Matemática Moderna também tem sua parcela de
contribuição no atual caos do ensino da Geometria: antes de sua chegada ao
Brasil, nosso ensino geométrico era marcantemente lógico-dedutivo, com
demonstrações e nossos alunos o detestavam. A proposta da Matemática
Moderna de algebrizar a Geometria não vingou no Brasil, mas conseguiu
eliminar o modelo anterior, criando assim uma lacuna nas nossas práticas
pedagógicas, que perdura até hoje.
A Omissão Geométrica ressalta a pouca ou nenhuma abordagem da Geometria na sala
de aula, sendo essa omissão geralmente causada por dois principais motivos.
O primeiro deles seria o caso do professor não dominar os conhecimentos geométricos
necessários para realização de suas práticas pedagógicas, em muitos casos porque também
não estudaram Geometria enquanto alunos de uma maneira satisfatória.
Segundo Lorenzato (1995, p.3) “Considerando que o professor que não conhece
Geometria também não conhece o poder, a beleza e a importância que ela possui para a
formação do futuro cidadão, então, tudo indica ensinar Geometria sem conhecê-la ou então
não ensiná-la.”
28
O segundo motivo para a omissão geométrica seria o fato de o professor seguir à risca
a sequência de conteúdos do livro didático. Nesse caso, geralmente, os conteúdos de
geometria estão entre os últimos do livro, logo devido a falta de a geometria não é apresentada
aos alunos de maneira profunda e concisa
É o que acredita Lorenzato (1995. p.4):
[...] a Geometria quase sempre é apresentada na última parte do livro,
aumentando a probabilidade dela não vir a ser estudada por falta de tempo
letivo. Assim, apresentada aridamente, desligada da realidade, não integrada
com as outras disciplinas do currículo e até mesmo não integrada com as
outras partes da própria Matemática, a Geometria, a mais bela página do
livro dos saberes matemáticos, tem recebido efetiva contribuição por parte
dos livros didáticos para que ela seja realmente preterida na sala de aula.
Após a publicação dos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) no final da década de
90 e diante das exigências do PNLD (Plano Nacional do Livro Didático) o panorama descrito
a cima mudou, ao menos no que diz respeito a abordagem de geometria nos livros didáticos.
Porém, ainda é comum que professores priorizem o estudo de outras áreas da matemática e
não ministrem o conteúdo de geometria por falta de tempo, assim como é comum a geometria
ser apresentada de forma árida e sem conexão com a realidade contribuindo para elevar o
desinteresse do aluno pelas aulas desse campo da matemática.
2.2 O DESINTERESSE DO ALUNO
A sociedade atual passa por diversas transformações devido aos avanços tecnológicos
e científicos que vem causando mudanças no modo de vida das pessoas, nos costumes,
crenças e valores. Essas mudanças atingem diretamente o processo educacional como um
todo.
A escola tem um papel fundamental na formação do ser humano, o processo exigido
nela tem o objetivo de preparar o aluno para viver em sociedade, ou seja, interagir com o
mundo em que vive. Mas ela ganha um desafio nessa sociedade e se faz necessário um novo
olhar para o processo de formação educacional, pois este já não é visto com a devida
importância.
Diante disso há uma preocupação com a realidade encontrada na escola, nossa
vivência nas escolas da educação como estagiário e bolsista do PIBID foi perceptível a
presença de alunos desmotivado chegando atrasados, brincando durante as aulas, não
realizando as atividades propostas e com baixo rendimento. Eles entram na sala de aula, mas,
não prestam atenção na aula, ou seja, os conteúdos ministrados não tem significado para os
alunos.
29
3 MÉTODOS
Neste capítulo descrevemos a metodologia utilizada na realização da pesquisa, a
natureza da mesma, o universo da coleta dos dados, os participantes deste estudo, os
instrumentos utilizados, a coleta dos dados e finalizamos com a descrição das atividades
desenvolvidas na oficina.
3.1 NATUREZA DA PESQUISA
O homem é um ser racional, por isso não vive isolado, vive cercado de circunstâncias
e alia-se ao que o rodeia para criar coisas novas, interpretar sua realidade e transformar o meio
em que vive. Muitos vivem presos a sua realidade e filosofia de vida e preferem não refletir
diante dos novos acontecimentos que inquietam a sociedade. A reflexão caracteriza o espírito
científico, pois ao fazê-lo o homem é instigado a buscar soluções para os novos
acontecimentos através de pesquisas. Para Bastos (2000):
A pesquisa cientifica é uma investigação metódica acerca de um assunto
determinado com o objetivo de esclarecer aspectos do objeto de estudo. O
que pode diferenciar a pesquisa de um estudante e de um cientista é
basicamente o seu alcance ou grau. A finalidade das pesquisas a nível de
graduação é levar o estudante a refazer os caminhos já percorridos,
repensando o mundo.
Neste trabalho temos uma pesquisa de campo, que nos fez repensar alguns aspectos do
ensino-aprendizagem. Apresenta uma abordagem qualitativa, por esta permitir a descrição de
fenômenos de difícil quantificação.
A expressão “pesquisa qualitativa” assume diferentes significados no campo
das ciências sociais. Compreende um conjunto de diferentes técnicas
interpretativas que visam a descrever decodificar os componentes de um
sistema complexo de significados. Tem por objetivo traduzir e expressar os
fenômenos do mundo social; trata-se de reduzir a distância entre indicador e
indicado, entre a teoria e dados entre contexto e ação. (MAANEM, 1979,
p.512 Apud NEVES, José Luiz, 1996)
O nível de aprendizado não é algo que pode ser mensurado com precisão, por isso
preferimos descrever como se deu e a partir disso obter alguns indicativos. A pesquisa
qualitativa também nos oferece a opção de não descrever o todo, mas focar em alguns recortes
mais importantes para pesquisa. Segundo Neves (1996) podemos comparar uma pesquisa
qualitativa a uma pessoa que precisa atravessar a rua percebe que um carro se aproxima, para
que ela atravesse a rua com sucesso basta que ela enxergue o caminhão como um símbolo de
velocidade e força e use a intuição para saber se dá tempo de atravessar a rua, não é
necessário que a pessoa saiba o peso exato do caminhão, nem a sua velocidade exata para
30
concluir com sucesso seu desafio. Da mesma forma é a pesquisa qualitativa basta que
descrevamos os aspectos mais importantes da pesquisa.
3.2 UNIVERSO, PARTICIPANTES, MÉTODOS E INSTRUMENTOS UTILIZADOS
NA PESQUISA.
A presente pesquisa foi desenvolvida juntamente a 20 alunos do Ensino Fundamental e
Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Monte Carmelo, localizda
na cidade de Campina Grande no estado da Paraíba.
A pesquisa de campo deu-se no ano de 2013 com um encontros, com duração de três
horas . Os alunos cursavam anos de escolaridade diferente, se reuniam para participar das
oficinas promovidas pela equipe do PIBID atuante na escola, da qual o pesquisador fazia
parte.
O Diário de Bordo foi usado como instrumento para a pesquisa. O Diário de Bordo é
um caderno onde o estudante registra as etapas que realiza para desenvolver o projeto.
Este registro deve ser detalhado e preciso, indicando datas e locais de todos os fatos,
passos, descobertas e indagações, investigações, entrevistas, testes, resultados e respectivas
análises.
Como o próprio nome diz, este é um Diário que será preenchido ao longo de todo o
trabalho, trazendo as anotações, rascunhos, e qualquer idéia que possa ter surgido no decorrer
do desenvolvimento do projeto. Esse Diário pode ser escrito em um computador ou em um
caderno resistente. No nosso caso usamos o computador para escrever nosso caderno de
bordo.
3.3 COLETA DOS DADOS
A coleta de dados deu-se durante a aplicação da oficina numa escola estadual localizada
na cidade de Campinha Grande.
Tendo em vista o grande acontecimento em Campina Grande, conhecido como “O Maior São
João do Mundo”, que torna a cidade nacionalmente conhecida e o quão atrativa é para os alunos,
escolhemos abordar algumas noções de geometria utilizando a confecção dos enfeites usados na
festa de São João.
A oficina teve duração de três horas, sendo dividida em três momentos.
Primeiro momento
Nesse momento apresentamos a origem e o significado da festa junina como um todo,
mas o enfoque foi nos apetrechos que enfeitam os arraiás de São João. Nosso objetivo foi
31
exaltar a cultura nordestina, fazendo com que os alunos conheçam algumas nuances da cultura
que geralmente não são apresentadas.
Segundo momento
Os participantes foram divididos em duplas e receberam o material (caneta hidrocor,
folhas de papel seda de diversas cores, régua e tesoura), foi mostrado como se dá a confecção
das bandeirolas nos formatos apresentados na figura 1. Depois foi mostrada a figura 2,
explicando como se dava o processo de dobradura e então cada aluno confeccionou seu balão.
Figura 1- Modelo Bandeiras Figura 1 – Dobradura Balão (fonte: myama.com)
Terceiro Momento:
Foi pedido que os alunos contornassem de caneta hidrocor uma das bandeirolas que
eles confeccionaram, então foi proposto que eles medissem o comprimento do contorno da
bandeirola usando a régua. Logo formalizamos o conceito de perímetro de uma figura, então
os alunos puderam relacionar à medida que acharam com o perímetro da bandeirola.
Em seguida pedimos aos alunos que quadriculassem a outra bandeirola e contassem
quantos quadrados foram formados, então dissemos que cada lado do quadrado media 1u,
sendo “u” a unidade de medida. Foi formalizado o conceito de área de uma figura. Depois
pedimos para que eles transformassem a unidade que utilizaram para centímetros, e assim,
descobriram a área da bandeira em centímetros quadrados (cm2). Logo após foi entregue a
cada aluno um transferidor, explicado como utilizá-lo foi pedido que medissem os ângulos
presentes nas bandeirolas, eles perceberam que havia ângulos de 60°, 90°, 120°, entre outros
(os ângulos variaram muito entre as bandeirolas devido à construção). Formalizamos o
conceito de ângulo agudo, reto, obtuso e raso.
32
Figura3: Alunos Confeccionando os enfeites.
Dando continuidade, foi pedido para os alunos que pegassem seus balões, juntamente
com os bolsistas ministrantes, definimos poliedro e seus elementos básicos. Em seguida
classificamos balão como sendo um poliedro, contando o número de faces, vértices e arestas.
Finalizamos com uma avaliação verbal da oficina, com um diálogo sobre a presença
das formas geométricas no cotidiano e relato das dificuldades encontradas pelos alunos.
Temos consciência que o objetivo traçado neste estudo foca dois caminhos, portanto
limitaremos a nossa análise aos dados que se referem as contribuições dadas pelo material
didático a ressignificação do conceito de área e perímetro a alunos da educação básica; nas
considerações finais nos limitaremos a relatar algumas das contribuições da oficinas
realizadas no período de participação do PIBID e estágio supervisionado para nossa formação
inicial.
4 ANÁLISE DE DADOS
Este capítulo discute a análise de dados desta pesquisa, o qual se deu, no decorrer da
oficina, como também, as anotações feitas no caderno de bordo.
No primeiro momento da oficina os alunos demonstraram interesse em conhecer a
história do surgimento da festa de São João e o significado de cada enfeite. No segundo
momento, foi observado, a dificuldade em dobrar o papel pelos alunos dos anos finais do
ensino fundamental.
Foi recorrente no decorrer da oficina colocações do tipo: o que é perímetro mesmo?
Tanto faz contar os quadrados ou multiplicar os lados pra achar a área? Eu fiz certo professor?
Eu não entendi, repita por favor! Me ajude professor eu consigo fazer isso não!
Observamos que os alunos são desatenciosos dificultando o nosso trabalho, pois, ao
término de cada explicação os alunos perguntam aquilo que já havia sido explicado.
Percebemos que alguns alunos tiveram dificuldades em reconhecer figuras simples como
triângulo, quadrado e retângulo. O que se dá devido à precária abordagem da geometria na
educação básica mesmo tendo um papel fundamental na formação do aluno, se explorada
adequadamente em sala de aula.
Os parâmetros curriculares nacionais (PCN, 1998, p.122) apontam que:
No entanto, a Geometria tem tido pouco destaque nas aulas de Matemática e,
muitas vezes, confunde-se seu ensino com o das medidas. Em que pese seu
abandono, ela desempenha um papel fundamental no currículo, na medida
em que possibilita ao aluno desenvolver um tipo de pensamento particular
para compreender, descrever e representar, de forma organizada, o mundo
em que vive. Também é fato que as questões geométricas costumam
despertar o interesse dos adolescentes e jovens de modo natural e
espontâneo.
No terceiro momento percebemos a grande dificuldade que os alunos tiveram para
realizar as quatro operações básicas da aritmética. Observamos também que muitos alunos
tanto do ensino fundamental como do ensino médio não conheciam o transferidor, nem
sabiam como usá-lo.
Segundo os parâmetros curriculares nacionais (PCN, 1998, p. 51):
Os conceitos geométricos constituem parte importante do currículo de
Matemática no ensino fundamental, porque, por meio deles, o aluno
desenvolve um tipo especial de pensamento que lhe permite compreender,
descrever e representar, de forma organizada, o mundo em que vive. O
estudo da Geometria é um campo fértil para trabalhar com situações-
problema e é um tema pelo qual os alunos costumam se interessar
naturalmente. O trabalho com noções geométricas contribui para a
aprendizagem de números e medidas, pois estimula o aluno a observar,
perceber semelhanças e diferenças, identificar regularidades etc.
Alguns alunos terminaram rapidamente sua tarefa de contornar e quadricular a
bandeira e logo passaram a ajudar seus colegas. Foi impressionante como os alunos se
comunicaram, tiraram duvidas uns dos outros e se comunicaram com uma linguagem
matemática própria.
Percebemos que os alunos estavam com alguns conhecimentos prévios inativos, como
por exemplo: boa parte dos alunos não soube diferenciar um retângulo do quadrado, ou seja,
eles reconheceram o quadrado, mas não lembravam para um polígono ser classificado como
quadrado ele deve ser formado por quatro lados de mesma medida e quatro ângulos retos.
Outros não lembravam como medir usando a régua. Sendo assim precisamos ativar esses
conhecimentos prévio através de uma rápida revisão na lousa, antes de continuar a oficina.
Ao final houve um diálogo sobre a oficina e sobre o que os alunos aprenderam na
mesma. Nesse diálogo ouvindo alguns alunos que fizeram os seguintes comentários:
Aluno A: - Agora eu vejo que a matemática está presente no dia-a-dia.
Aluno B: - Gostei muito da oficina, antes via os enfeites e não dava importância. Hoje
vejo que a matemática esteve presente na construção da nossa festa.
Aluno C: - Nunca tinha parado pra pensar no significado de Cm2 agora não esqueço
mais.
Aluno D: - Toda vez que eu for fazer área eu vou me lembrar dos quadrados.
Diante dessas colocações, percebemos que o uso de material didático desperta o
interesse do aluno pela matemática e facilita o aprendizado. Atividades como esta promovem
a interação entre os alunos, unem o concreto ao abstrato, levam os alunos a fazerem
generalizações e ajuda a ativar conhecimentos prévios; sendo assim, promovem a
ressignificação dos conceitos envolvidos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebemos que a formação de um bom profissional depende da aprendizagem de
conteúdos específicos e pedagógicos, da interligação das diversas áreas da matemática, do
despertar dos professores de disciplinas específicas para que se preocupem também com sua
didática e reconheçam que a forma de ensinar num curso de licenciatura deve ser diferente da
forma de ensinar num curso de bacharelado. Em nossa vivência observamos que não é
unicamente a quantidade de horas determinadas para as atividades pedagógicas ou específicas
que vão determinar a qualidade da aula, mais vale uma aula curta, bem elaborada e dinâmica
que uma aula longa, mal preparada e fatigante.
Observamos que a experiência proporcionada pelo PIBID contribuiu de forma direta
para formação de nosso perfil profissional, assim sendo, destacamos as seguintes
contribuições que para nós foram as mais significativas: O esclarecimento de quais são nossas
características pessoais mais marcantes, que são identificadas facilmente pelos alunos, isto
nos levou a crescer como pessoas e adotar uma postura condizente com o que somos e
acreditamos; mostrou a importância de dominar o conteúdo e ensiná-lo de uma forma clara,
dinâmica e atrativa, contudo sem perder o rigor matemático; ensinou que precisamos
conquistar o respeito de nossos alunos para que tenhamos um eficaz domínio de turma, pois
quando os alunos têm medo do professor, eles não se sentem à vontade para perguntar,
causando um acumulo de duvidas o que é altamente nocivo à aprendizagem, mas, em
contrapartida se o professor é “bonzinho” ele não consegue impor limites aos alunos e aula
torna-se uma confusão; contribuiu também para o desenvolvimento do gosto pela docência.
As contribuições dadas pelo Estágio Supervisionado para nossa formação inicial
também foram marcantes. Dentre elas destacamos a necessidade de ser exigente com os
alunos como forma de incentivo ao seu aprendizado; abriu nossa mente para a importância de
interagir com os alunos, preocupar-se com seus sentimentos e na medida do possível ajudá-los
a resolver seus conflitos internos; mostrou a importância de adequar os conteúdos
matemáticos para a realidade dos alunos, visando um melhor aprendizado.
Todos os aspectos supracitados, desenvolvidos tanto pela experiência oferecida pelo
PIBID quanto pela vivência dos estágios, foram também, fatores determinantes para o sucesso
na aplicação da oficina que realizamos nesse estudo.
Concordamos que para alcançar um bom ensino e uma boa aprendizagem de
geometria é preciso repensar vários fatores, como uma boa orientação para o uso de materiais
didáticos, assim como a importância da geometria para o ensino básico.
Após a realização da oficina em discussão, aconteceu um despertar dos alunos da
escola pela matemática, essa constatação deu-se pela procura dos alunos, pais e professores
em querer saber quando daríamos continuidade à outra rodada de oficinas.
De maneira geral nossa pesquisa ocorreu conforme o planejado. A maior dificuldade
que encontramos foi a falta de disciplina dos alunos e como questão futura para outros
estudos, buscaremos analisar as contribuições de oficinas de matemática para o desempenho
do professor dessa área.
Consideramos que o nosso objetivo foi atingindo parcialmente, pois após a oficina os
alunos demonstraram uma melhor assimilação dos conteúdos, atribuíram um novo significado
ao conceito de área e perímetro, através do contato com o material didático compreenderam
conceitos que antes eram considerados sem aplicabilidade e ligação com o cotidiano, mas não
conseguimos analisar satisfatoriamente as contribuições dadas pela oficina a nossa formação
inicial.
Concordamos com Chevallard4, et al (2001), quando afirma que: “em vez de limitar a
educação à interação entre o ensino e a aprendizagem, propomos considerá-la de maneira
mais ampla, como um projeto de estudo cujos principais protagonistas são os alunos.”
Muitas são os desafios que o professor encontra para exercer a docência, como o
desinteresse do aluno pelo aprendizado e a falta de domínio de conteúdos básicos por parte
dos alunos. Para nós fica o sentimento que o professor precisa inovar sempre em suas aulas,
colocar-se no lugar do aluno e refletir constantemente sobre sua prática docente buscando
aprimorá-la.
4 Artigo A Transposição Didática em Chevallard: as deformações/ transformações sofridas pelo conceito de
função em sala de aula. Extraído dos anais do XI ENEM.
REFERÊNCIAS
BARSSOI, Berenice Lurdes. O estágio na Formação do Docente: da teoria a prática,
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