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N o 1.759 - Ano 38 - 28.11.2011 Boletim Em nome da arte Pela primeira vez, a Medalha Reitor Mendes Pimentel será entregue apenas a personalidades ligadas ao campo da cultura. A professora Ângela Tonelli Vaz Leão, a empresária Angela Gutierrez, o maestro Carlos Alberto Pinto Fonseca (in memoriam) e o Grupo Galpão recebem a homenagem nesta sexta-feira, dia 2, no auditório da Reitoria. O evento contará, ainda, com a abertura da mostra Coleção Amigas da Cultura, inauguração de espaço expositivo da Coleção Brasiliana e lançamento de livro sobre o acervo artístico da UFMG. Páginas 3, 4, 5 e 8 EXTENSÃO: AVALIAÇÃO E PERSPECTIVAS Página 6

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No 1.759 - Ano 38 - 28.11.2011

BoletimCentro deComunicação

CEDECOM

CEDECOM UFMGCentro de

Comunicação Em nome

da arte

Pela primeira vez, a Medalha Reitor Mendes Pimentel será entregue apenas a personalidades ligadas ao campo da cultura. A professora Ângela Tonelli Vaz Leão, a empresária Angela Gutierrez, o maestro Carlos Alberto Pinto Fonseca (in memoriam) e o Grupo Galpão recebem a homenagem nesta sexta-feira, dia 2, no auditório da Reitoria.

O evento contará, ainda, com a abertura da mostra Coleção Amigas da Cultura, inauguração de espaço expositivo da Coleção Brasiliana e lançamento de livro sobre o acervo artístico da UFMG.

Páginas 3, 4, 5 e 8

EXTENSÃO: AVALIAÇÃO E

PERSPECTIVAS

Página 6

28.11.2011 Boletim UFMG2

Opinião

Esta página é reservada a manifestações da comunidade universitária, através de artigos ou cartas. Para ser publicado, o texto deverá versar sobre assunto que envolva a Universidade e a comunidade, mas de enfoque não particularizado. Deverá ter de 5.000 a 5.500 caracteres (com espaços) ou de 57 a 64 linhas de 70 toques e indicar o nome completo do autor, telefone ou correio eletrônico de contato. A publicação de réplicas ou tréplicas ficará a critério da redação. São de responsabilidade exclusiva de seus autores as opiniões expressas nos textos. Na falta destes, o BOLETIM encomenda textos ou reproduz artigos que possam estimular o debate sobre a universidade e a educação brasileira.

No primeiro semestre deste ano, aplicou-se a Prova ABC (Avalia-ção Brasileira do Final do Ciclo

de Alfabetização) em turmas de alunos que concluíram o terceiro ano do ensino fundamental, em todas as capitais do país. Uma iniciativa do movimento Todos pela Educação com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

O resultado é alarmante. Constatou-se que 43,9% dos alunos são deficientes em leitura e 46,6% em escrita. Ou seja, são semialfabetizados. Não captam o significado do que leem e redigem uma simples carta com graves erros de sintaxe e concordância.

Quanto à le i tura, quase metade (48,6%) dos alunos da rede pública cor-respondeu ao resultado esperado. Na rede de escolas particulares, o desempenho foi bem melhor: 79%. No item escrita, tiveram bom resultado apenas 43,9% dos alunos da rede pública. Na rede par-ticular, 86,2% dos alunos se saíram bem em redação.

Os índices demonstram que, no Brasil, a desigualdade social se alia à desigualda-de educacional. Alunos da rede pública, oriundos, em sua maioria, de famílias de baixa renda, não trazem de berço o há-bito da leitura. Seus pais possuem baixa escolaridade e o livro não é considerado um bem essencial a ser adquirido, como ocorre em famílias de renda mais elevada.

De qualquer modo, é preocupante o fato de alunos, tanto da rede pública quanto da particular, não atingirem 100% de alfabetização ao concluir o terceiro ano do ensino fundamental. O que demonstra falta de método de alfabetização, embora esta seja a nação que gerou Paulo Freire.

Uma criança que, aos 8 anos, tem dificuldade de leitura e escrita sente-se incapaz de lidar com os textos de outras disciplinas escolares, o que prejudicará

Alunos ANALFABETOS*

Frei Betto**

seu aprendizado. Uma alfabetização incompleta constitui incentivo ao aban-dono da escola ou a uma escolaridade medíocre.

É hora de se perguntar se a progressão automática, isto é, fazer o aluno passar de ano sem provar estar em condições, é uma pedagogia recomendável. Com cer-teza, no futuro, o adulto com insuficiente escolaridade não merecerá aprovação automática em empregos que exigem concurso e qualificação.

Priscila Cruz, do Todos pela Educação, frisa a importância da educação infantil (creches, jardim da infância etc.) para dar à criança uma boa alfabetização. Para que se desperte nela a facilidade de síntese cognitiva é importante que comece a ouvir histórias ainda no ventre materno.

O Brasi l é um país às avessas. A Constituição de 1988 cometeu o erro de incumbir a União do ensino superior; o estado, do ensino médio; e o município, do ensino fundamental. Ora, uma nação se faz com educação. E a base reside no ensino fundamental. Dele devia cuidar o Ministério da Educação.

Nenhum governo implementou, ain-da, a revolução educacional sonhada por Anísio Teixeira, Lauro de Oliveira Lima, Paulo Freire e tantos outros educadores. Como acreditar que apenas quatro horas diárias na escola são suficientes para uma boa educação? Por que os alunos não permanecem de seis a oito horas por dia na escola, como ocorre em tantos países?

No Brasil, 10% da população adulta é considerada analfabeta. No Chile, 3,4%. Na Argentina, 2,8%. No Uruguai, 2%. Em Cuba e na Bolívia, 0%. Outros fatores que contribuem para a semialfabetização são o desinteresse dos pais pelo desempenho escolar do filho e o longo tempo que este dedica à tevê e a navegar aleatoriamente na internet. Nessa era imagética, há o sério risco de se multiplicar o número de analfabetos funcionais ou de alfabetiza-dos iletrados, aqueles que sabem ler, mas não interpretam o texto e cometem erros primários na escrita.

O governo deve à nação uma eficiente campanha nacional de alfabetização, inclusive entre alunos dos 3º e 4º anos. Para isso, há que ter método. Há vários. Quem se interessar por um realmente eficiente, basta indagar do deputado Tiririca como ele se alfabetizou em dois meses, a tempo de obter seu diploma na Justiça Eleitoral.

*Artigo publicado no Correio Braziliense de 18 de novembro

**Escritor

Nenhum governo implementou, ainda, a revolução educacional

sonhada por Anísio Teixeira, Lauro de Oliveira Lima, Paulo Freire e tantos outros educadores. Como

acreditar que apenas quatro horas diárias na escola são suficientes

para uma boa educação? Por que os alunos não

permanecem de seis a oito horas por dia na escola,

como ocorre em tantos países?

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Quatro expoentes da área cultural que sempre mantiveram estreita relação com a UFMG recebem nesta sexta-feira, dia 2, em solenidade na Reitoria, a Medalha Reitor Men-

des Pimentel, edição 2011. Os homenageados são a professora Ângela Tonelli Vaz Leão, a empresária Angela Gutierrez, o Grupo Galpão e o maestro Carlos Alberto Pinto Fonseca (in memoriam).

Instituída em 2007, a Medalha enfoca, pela primeira vez, um único segmento do conhecimento – a área de artes. O evento inclui cerimônia restrita na Sala de Sessões para recepção aos homenageados; e às 19h, no auditório da Reitoria, sessão solene e pública dos órgãos de deliberação superior da Universidade – conselhos Universitário, de Ensino, Pesquisa e Extensão e de Curadores – para cerimônia de outorga da medalha.

A solenidade inclui ainda abertura da exposição Coleção Amigas da Cultura e lançamento do livro Acervo artístico da UFMG, às 19h, no saguão da Reitoria. A mostra fica aberta nos dias úteis, até 16 dezembro, das 8h às 18h. Outro destaque é a inauguração do espaço expositivo permanente da Coleção Brasiliana da UFMG, no 4º andar da Biblioteca Universitária, no campus Pampulha, onde também ficará guardada uma reserva técnica da coleção Amigas da Cultura.

Entregue em cada Reitorado a instituições e personalidades que tenham prestado contribuição relevante à UFMG, a terceira edição da Medalha Reitor Mendes Pimentel distingue quatro trajetórias distintas que têm em comum a grande contribuição à UFMG em suas respectivas atuações nas artes, explica a pro-fessora Lígia Maria Moreira Dumont, diretora de Cooperação Institucional (Copi), órgão responsável pela entrega da honraria.

(Leia mais nas páginas a seguir.)

Sob os AUSPÍCIOS de Mendes PimentelPersonalidades ligadas à área de cultura são homenageadas pela UFMG

Seminário discute TEMAS CONTEMPORÂNEOS

Cultura clássica, nanotecnologia, genômica, perspectivas da universidade brasileira e desenvolvimento econômico. Esses são alguns dos temas a serem debatidos durante o

1º Seminário do Fórum de Estudos Contemporâneos na quarta, dia 30, e quinta-feira, 1º de dezembro, no Centro de Atividades Didáticas 1 (CAD1).

Serão seis mesas-redondas e duas conferências que coloca-rão face a face pesquisadores de várias áreas do conhecimento. Entre as mesas, destaque para as que discutirão o futuro da universidade brasileira, com coordenação da pró-reitora de Graduação, Antônia Vitória Aranha, e dos professores Luiz Antônio Cunha (UFRJ), Carlos Roberto Jamil Cury (PUC Minas) e Maria Lúcia Malard (UFMG), e diretrizes para o desenvolvimento econômico, sob a coordenação do professor João Antonio de Paula, pró-reitor de Planejamento, com participação de Ricardo Bielschowsky, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Hugo Cerqueira, da UFMG, e Ramon Garcia Fernandez, da Universi-dade Federal do ABC. Já o professor Sérgio Danilo Pena fará a conferência Genômica e saúde humana, com mediação da vice-reitora Rocksane de Carvalho Norton.

O objetivo do seminário é promover a discussão de questões contemporâneas e que estão na vanguarda do conhecimento, numa perspectiva transdisciplinar. “Esperamos que desses debates surjam propostas que subsidiem o planejamento das atividades de ensino, pesquisa e extensão na Universidade”, afir-ma o professor João Antonio de Paula, organizador do evento.

Mais informações pelo telefone 3409-4090 ou pelo e-mail [email protected]. A íntegra da programação está dispo-nível em http://www.ufmg.br/online/arquivos/021799.shtml.

O inspiradorNascido no Rio de Janeiro, Mendes Pimentel veio ainda criança

para Minas Gerais. Morou inicialmente em Pitangui e depois em Barbacena, onde se fixou e fez carreira, até a fundação de Belo Horizonte. Em Barbacena, além de atuar como advogado e professor de História, fundou o jornal A Folha, do qual era editor e o principal redator.

Na Faculdade Livre de Direito de Minas Gerais, Mendes Pimentel assumiu, por concurso, em 1899, a cadeira de Direito Criminal e atuou como vice-diretor e diretor, o que lhe abriu caminho para se tornar, em 1927, o primeiro reitor da Universidade de Minas Gerais (UMG). Em seu discurso de posse, traçou metas do que entendia ser vocação da Universidade, como a “plena autonomia administrativa e didática”, não podendo a Instituição “ser cúmplice passiva de tiranias”. Mendes Pimentel morreu no Rio de Janeiro, em 1957, com 88 anos de idade.

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Parceria por um sonhoO Campus Cultural da UFMG em Tiradentes (MG) terá o único museu no país dedicado

a Sant’Ana e uma biblioteca que será referência sobre o barroco brasileiro. A implantação desses espaços é fruto de parceria da Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade, vinculada à Universidade, com o Instituto Cultural Flávio Gutierrez, criado e dirigido pela pesquisadora, colecionadora e empreendedora Angela Gutierrez.

“A parceria com a UFMG, que considero um patrimônio do Brasil, me dá forças para lutar por esse sonho”, afirma a empresária, que doou 260 imagens de artistas eruditos e populares, do século 17 ao 19, com origem nas diversas regiões do Brasil, sobretudo em madeira policromada, terracota e pedra. No caso da biblioteca, completa Angela, o projeto é enriquecido pela ligação com outras do gênero no mundo.

Ex-secretária de Cultura de Minas Gerais, Angela Gutierrez participa de conselhos como os do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Fundação Dom Cabral. Ela integra também o Conselho de Administração do Grupo Empresarial Andrade Gutierrez. Por sua atuação, recebeu o Prêmio Reina Sofia, da Espanha, o IV Prêmio BNP Paribas de Cidadania e o Prêmio Cidadania 2010, da Brasil Foundation, com sede em Nova York. O Instituto Cultural Flávio Gutierrez, que conta com a chancela da Unesco, já exibiu suas coleções em países como França, Portugal, Itália, Inglaterra e Estados Unidos.

A doação de acervos da colecionadora já viabilizou a criação dos museus do Oratório, em Ouro Preto, e de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte, cidade natal de Angela. O objetivo é sempre contribuir para o resgate da memória cultural brasileira. “Tenho profundo respeito pelas raízes brasileiras e paixão pela cultura de Minas Gerais”, ela declara.

Para Angela, o país sempre tratou mal sua memória, e é preciso recuperar o tempo perdido. Mas ela se diz otimista: “Percebo que as coisas estão caminhando com a formação de uma consciência coletiva de respeito e conhecimento de nosso passado”.

A obra-prima do maestroO premiado Coral Ars Nova, que por quatro décadas levou o nome da UFMG a mais de 15 países, foi o maior legado do

maestro Carlos Alberto Pinto Fonseca, um dos homenageados – em memória póstuma – na edição deste ano da Medalha Reitor Mendes Pimentel. Formado em regência de orquestra na Europa, em 1964 estabeleceu-se em Belo Horizonte e, a convite do então reitor Aluísio Pimenta, tornou-se maestro titular do Coral dos Estudantes Universitários, que, desde então, passou a se chamar Ars Nova – Coral da UFMG.

Faleceu em 27 de maio de 2006, três anos depois de deixar a regência, por força da aposentadoria compulsória. Segundo seu filho, Bruno Pinto Coelho Fonseca, presidente do instituto que leva o nome do maestro, a trajetória e as conquistas de Carlos Alberto se confundem com as do próprio grupo de canto coral que ajudou a projetar. “Ele nunca aceitou os diversos convites para fixar residência, reger orquestras e coordenar corais no exterior, por causa da dedicação ao Ars Nova”, relata Bruno, que vai representar a família na homenagem prestada pela UFMG.

Ao destacar a qualidade alcançada pelo grupo, Bruno Fonseca cita a Missa afro-brasileira – de batuque e acalanto. “Foi sua composição máxima, de difícil execução, criada com base no nível do coro que ele regia”, explica, acrescentando que grande parte das obras do maestro foi editada nos Estados Unidos e em países da América Latina e tem sido executada pelos mais importantes corais do mundo.

Ao longo de sua trajetória, o Ars Nova venceu vários festivais internacionais em países como Filipinas, Grécia, Itália, Espanha e Suíça, sempre com Carlos Alberto na batuta. Ele foi regente titular da Orquestra Sinfônica da UFMG, da Orquestra de Câmara do Modern American Institute e da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. Como regente convidado, esteve à frente das principais orquestras brasileiras. Também foi um dos fundadores do Festival de Inverno da UFMG, cuja primeira edição aconteceu em Ouro Preto, em julho de 1967.

Conheça os quatro homenageadosM

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Entre a língua e a literaturaAos 89 anos, ela acaba de lançar o terceiro livro sobre a obra poética de D. Afonso X, o Sábio, e prepara-se para

publicar no início do ano que vem a edição ampliada de História de palavras, obra de 1961 com estudos sobre lexicologia. Professora de latim, francês e espanhol e suas respectivas literaturas, referência nacional na área de linguística, Ângela Tonelli Vaz Leão comenta que sempre buscou trabalhar “naquilo em que a palavra pode ser entendida como instrumento da arte”.

Assim, em vez da gramática, dedicou-se à estilística, “zona fronteiriça entre a língua e a literatura”. Em seus artigos sobre problemas literários está, por exemplo, leitura sobre a arte na obra Os sertões, de Euclides da Cunha. Ensaio de sua autoria sobre Cadeira de balanço, de Carlos Drummond de Andrade, passou a figurar como prefácio a partir da segunda edição dessa obra.

Sem planos de deixar de trabalhar, a professora conta que há quase 70 anos sua vida está ligada à UFMG. “Fiz-me gente por meio da Universidade, pela qual tenho uma gratidão e um amor muito grandes”, resume. A contragosto, aposentou-se aos 64 anos, para não esperar o afastamento compulsório, e passou a trabalhar na PUC Minas. Orgulha-se de ser professora emérita da UFMG, vínculo pelo qual, brinca ela, a instituição de certo modo reparou o “desaforo da expulsória”. Mantém intenso contato com a Faculdade de Letras (Fale) – da qual foi a primeira diretora –, onde participa de bancas de concursos, emite pareceres e ministra palestras e cursos.

Sua trajetória nas artes não a impediu de contribuir para a configuração administrativa da Universidade. Na década de 1960, compôs, ao lado dos professores Pedro Parafita de Bessa e Alisson Guimarães, a comissão que propôs ao Ministério da Educação a nova estrutura da UFMG, com a criação dos institutos – Ciências Exatas, Ciências Biológicas e Geociências – e das faculdades de Educação e de Letras. Também integrou as pró-reitorias (conselhos à época) de pós-graduação e de pesquisa.

Conheça os quatro homenageados

Uma íntima relação De uma oficina de teatro de rua do Festival de Inverno da UFMG ao reconhecimento dentro e fora do Brasil, passando

por uma temporada de consagração no Shakespeare’s Globe Theatre, em Londres. Prestes a completar três décadas de existência, o Grupo Galpão, ao voltar à UFMG para receber a Medalha Mendes Pimentel, relembra os tempos de estudantes de alguns de seus membros, como Eduardo Moreira e Chico Pelúcio, e a época em que, antes de contar com uma sede, ensaiava e guardava cenários e figurinos na Fafich e na Escola de Arquitetura.

“Temos uma relação íntima com a Universidade, das oficinas que frequentamos em Diamantina àquelas que ministramos e aos espetáculos que apresentamos”, confirma o ator e diretor artístico Eduardo Moreira, que já foi homenageado pela UFMG como ex-aluno.

A primeira peça do grupo – E a noiva não quer casar – estreou na Praça 7, no Centro de Belo Horizonte, e desde então o Galpão desenvolve pesquisas e experiências com elementos cênicos, gêneros de interpretação e linguagens diversas. Responsável por um teatro de intensa comunicação com o público, o grupo esteve em todas as regiões do Brasil e em 19 países, em turnês de espetáculos como Romeu e Julieta, A rua da amargura, Um Molière imaginário e Um homem é um homem.

A fidelidade do público do Galpão é contrapartida à postura do grupo com relação a certos conceitos. “Nesses 30 anos, com trajetória consolidada, nos mantivemos fiéis a princípios como os de teatro de grupo, pesquisa, busca de novas linguagens e à prática de uma arte popular”, afirma Eduardo Moreira.

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Como a senhora avalia a Extensão no atual contexto das universidades públicas brasileiras?

O cenário é bastante positivo, entre ou-tros fatores por causa da boa interlocução com o Ministério da Educação mantida nos últimos oito anos. Há um Plano Nacional de Extensão em elaboração ao mesmo tempo em que o Plano Nacional de Educação para o período 2011/2020 está sendo votado no Congresso Nacional. A destinação de recursos para a área é crescente. Desde a sua criação em 2003, os recursos destina-dos ao Programa de Extensão Universitária (Proext) saltaram de R$18 milhões para R$70 milhões, em 2011. E ainda há um novo programa de fomento à extensão prestes a ser lançado, que é o Josué de Cas-tro. No caso do Proext, dos R$ 70 milhões liberados para as universidades públicas, a UFMG recebeu mais de R$ 2 milhões, empregados em 19 ações com propostas alinhadas ao ensino e à pesquisa.

Extensão nas ENTRANHASZirlene Lemos*

O intelectual português Boaventura de Souza Santos defende uma tese que a princípio pode soar estranha:

a de que a legitimidade da universidade só será completa quando as atividades hoje enquadradas como de extensão desapare-cerem enquanto tais e passarem a ser parte integrante das rotinas de investigação e ensino. Esse entranhamento da extensão na vida acadêmica, perseguido há décadas pela UFMG, será um dos eixos de discussão do seminário Extensão Universitária: avaliação e perspectivas, marcado para o próximo dia 6, na Escola de Engenharia.

“O objetivo é discutir os diversos aspec-tos da extensão com foco no planejamento e avaliação. A ideia é incentivar um fórum permanente, que possibilite que a área desenvolva todas as suas potencialidades”, analisa em entrevista ao BOLETIM a pró-reitora adjunta Maria das Dores Pimentel No-gueira, a Marizinha. Presidente da Comissão Permanente de Avaliação da Extensão (CPAE) do Fórum de Pró-reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras (Forproex), ela faz um balanço dos avanços da área na UFMG e no Brasil.

Como avalia o impacto social das ações vinculadas ao Proext?Sobre isso uma boa nova é que, por meio da Comissão Permanente de Avaliação da

Extensão [presidida pela UFMG], conseguimos assegurar recursos da Secretaria da Educa-ção Superior (Sesu) para coordenar um programa que, a partir do Diagnóstico da extensão universitária do Brasil nas universidades públicas brasileiras, feito em 2005, vai atualizá-lo, avaliando, entre outros aspectos, o impacto do Proext. Outro projeto também em anda-mento é a elaboração de um curso de especialização em extensão, de âmbito nacional, cujo objetivo é qualificar professores e servidores das universidades para avaliação da extensão em sua própria instituição.

E a UFMG nesse cenário?Cada vez mais a extensão tem se consolidado institucionalmente. Nossa primeira grande

vitória foi conseguir que o indicador de extensão para alocação de vagas docentes tivesse o mesmo peso que na pesquisa, por exemplo. A medida, aprovada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), em outubro do ano passado, está em fase de implementação. Outro ganho é a finalização do curso de metodologias de monitoramento e avaliação da extensão universitária. Ofertado nas modalidades aperfeiçoamento e atualização, será des-tinado aos profissionais do quadro da UFMG, de diversas áreas, que atuam na gestão da política de extensão, na Proex e nos centros de extensão (Cenex) das unidades.

Como a Universidade está regulamentando o dispositivo do Plano Nacional de Educação que determina que 10% da carga horária de alunos de graduação devem ser integralizados em ações de extensão universitária?

Esta é de fato outra conquista que tem gerado bons resultados. Estamos trabalhado com os cursos da UFMG para normatizar essa creditação curricular por atividade de extensão. De acordo com levantamento preliminar da Proex, de 85 cursos, cerca de 70 já têm isso normatizado. Cabe agora trabalhar junto aos professores e alunos, estimulando que tenham uma extensão de qualidade e que a creditação das atividades seja feita de forma planejada, acompanhada e avaliada pelo docente. Não incentivamos que qualquer coisa seja contada como crédito; é preciso observar critérios de qualidade acadêmica. Outra estratégia relevante é a realização, desde o ano passado, do Seminário Anual de Extensão, que se insere num processo de valorização da área como dimensão acadêmica de peso equivalente ao do en-sino e da pesquisa. Mas para que isso tudo se consolide é fundamental que a comunidade universitária tenha domínio sobre o que é extensão: programa, projeto, curso, evento e prestação de serviço. Este seminário é mais uma estratégia de fortalecimento institucional da extensão universitária.

*Jornalista da Pró-reitoria de Extensão

Entrevista / Maria das Dores Pimentel Nogueira

Marizinha: fortalecimento

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Acontece

JUGUETES PEREGRINOS Livre adaptação da obra Doze contos pe-

regrinos, de Gabriel Garcia Marquez, a peça Juguetes Peregrinos é o espetáculo de formatura deste ano dos alunos do Teatro Universitário da UFMG. Com entrada franca, a peça fica em car-taz de 1º a 18 de dezembro, às 20h, de quarta a domingo, no Espaço Ideal Café Teatro (rua Estrela do Sul, 126, bairro Santa Tereza).

O espetáculo mostra histórias de imigrantes latinos que vivem na Europa como fontes de inspiração para brincadeiras de duas crianças. Mais informações no endereço www.cpdtu.blogspot.com e pelo telefone (31) 3409-7468.

LICENCIAMENTO AMBIENTALDiscutir a implantação de projetos hidrelétri-

cos no país, especialmente na Amazônia e em Minas Gerais, é a proposta do livro As tensões do lugar: hidrelétricas, sujeitos e licenciamento ambiental, organizado pela professora Andréa Zhouri, do Departamento de Sociologia e An-tropologia da Fafich. Lançada na última semana pela Editora UFMG, a obra debate o assunto no contexto de iniciativas como o Plano de Acelera-ção do Crescimento (PAC), que fizeram ressurgir projetos interrompidos desde a década de 1980.

Entre os projetos abordados estão os da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, e das barragens de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira.

ENGENHARIA QUÍMICAEstão abertas as inscrições para seleção ao

mestrado em Engenharia Química da UFMG, que oferece 20 vagas para ingresso no primeiro semestre de 2012. Os candidatos optarão por uma das seis linhas de pesquisa: Ciência e Tec-nologia de Polímeros; Corrosão e Engenharia de Superfície; Engenharia de Alimentos; Processos de Separação; Simulação e Otimização de Pro-cessos; e Energia.

As inscrições podem ser feitas pelos correios, com data-limite de postagem em 20 de janeiro de 2012, ou na secretaria do Colegiado de Pós-Graduação em Engenharia Química, de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 16h. A secretaria localiza-se à sala 5210, Bloco II, Escola de Engenharia, campus Pampulha. O edital para o processo seletivo está disponível na página www.deq.ufmg.br. Outras informações pelo telefone (31) 3409-1773.

EXAMES PERIÓDICOSCom o intuito de levantar o número de servidores que pretendem se beneficiar do

programa de exames médicos periódicos, a Pró-reitoria de Recursos Humanos (ProRH) publicou em seu site (http://qplprod.grude.ufmg.br/exames_periodicos/) questionário que deve ser respondido por docentes e técnicos e administrativos.

O levantamento dá início à prática, na UFMG, dos procedimentos previstos em lei, referentes à proteção da saúde do trabalhador. As baterias de exames, previstas para serem realizadas periodicamente, permitem a detecção precoce de doenças. Os resultados dos exames ajudarão a formar bancos de dados referentes à saúde dos trabalhadores que permitirão identificar os fatores de risco a que estão submetidos em sua prática profissional. Os exames começam a ser realizados em fevereiro de 2012, sempre no mês de aniversário do funcionário.

MUDANÇAS NO CALENDÁRIO ACADÊMICOAs datas de matrícula dos alunos veteranos dos cursos de graduação da UFMG

foram alteradas. Inscrições para matrícula no primeiro semestre letivo de 2012 e pre-enchimento de questionários de avaliação de disciplinas, que acontecem via internet, marcados anteriormente para entre 28 de novembro e 17 de dezembro, mudaram para o período de 5 a 16 de dezembro de 2011.

Outras datas também sofreram alteração. A verificação do resultado do requeri-mento de matrícula online será realizada no dia 23 de dezembro. Nos dias 27 e 28 do mesmo mês deverá ser feita a solicitação de matrícula em novas disciplinas, também via internet, para o primeiro semestre de 2012. O acerto presencial de matrícula de alunos veteranos de graduação será feito nos colegiados dos cursos e foi mantido para os dias 30 e 31 de janeiro de 2012.

A solicitação de matrícula em disciplinas eletivas e em formação complementar, via internet, ocorrerá nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2012. A verificação do resultado dessas matrículas será feita, também pela internet, no dia 13 do mesmo mês.

As mudanças foram aprovadas pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), em reunião realizada na última terça-feira, 22 de novembro.

INTERCÂMBIO INTERNACIONALFoi lançado na semana passada em Maputo e Luanda, capitais de Moçambique e

Angola, o Programa Internacional de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Extensão (Piapee) da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (Aulp).

O reitor Clélio Campolina, que é vice-presidente da entidade para o Brasil, participou da cerimônia ao lado do ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e de autoridades moçambicanas (foto) e angolanas. Elaborado pela UFMG e aprovado pela Aulp e Capes, o programa estimulará a mobilidade in-ternacional de alunos e professores vinculados às universidades sediadas em países de língua portuguesa.

O lançamento do programa na África foi um dos compromissos cumpridos no continente pela missão comercial brasileira chefiada pelo ministro Fernando Pimentel.

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E Reitor: Clélio Campolina Diniz – Vice-reitora: Rocksane de Carvalho Norton – Diretor de Divulgação e Comunicação Social: Marcelo Freitas – Editor: Flávio de Almeida (Reg. Prof. 5.076/MG) – Projeto e editoração gráfica: Rita da Glória Corrêa – Impressão: Imprensa Universitária – Tiragem: 7,5 mil exemplares – Circulação semanal – Endereço: Diretoria de Divulgação e Comunicação Social, campus Pampulha, Av. Antônio Carlos, 6.627, CEP 31270-901, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil – Telefone: (31) 3409-4184 – Fax: (31) 3409-4188 – Internet: http://www.ufmg.br e [email protected]. É permitida a reprodução de textos, desde que seja citada a fonte.

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Cerca de 1.500 obras de arte estão dispersas pelas unidades, departa-mentos, salas, jardins e espaços da

UFMG. Esse acervo, público e heterogêneo, formou-se a partir de coleções privadas, e de formas variadas: aquisições, doações e pre-miações ao longo dos 84 anos de existência da UFMG. Todo esse patrimônio foi reunido no livro Acervo artístico da UFMG, que será lançado em 2 de dezembro após solenidade que homenageará expoentes da área cultural com a medalha Reitor Mendes Pimentel.

A obra, com textos em inglês e por-tuguês, é resultado do Projeto Memória, Acervo e Arte, idealizado pelos professores João Antonio de Paula e Heloisa Starling, que tem como objetivos centrais o levantamento das obras e promover a divulgação do patri-mônio por meio de exposições, publicações e seminários.

O livro chama a atenção para as coleções e aponta as obras que englobam as diversas expressões artísticas, com foco nas artes plásticas. O acervo é formado por objetos, pinturas e esculturas do século 16 ao 18; pinturas e aquarelas de paisagens do sécu-lo 19; pinturas-retratos dos professores da Universidade; pinturas murais; estudos para painéis; esculturas; gravuras; fotografias; objetos; e livros de artistas produzidos nos séculos 20 e 21.

Em texto de abertura da obra, o reitor Clélio Campolina comenta que o acervo inventariado, “invisível, até aqui, até certo ponto, para a própria comunidade da UFMG, surpreenderá por sua qualidade e diversida-de”. O projeto do livro foi iniciado em 2009, sob coordenação dos professores Marilia Andrés Ribeiro e Fabricio Fernandino, que aturam também como curadores de diversas exposições realizadas nos campi da UFMG com objetivo de divulgar as coleções.

Valor históricoParte do acervo artístico da UFMG é

dividido em coleções como a Brasiliana, que se caracteriza pelo alto valor histórico e documental de suas peças. Doada pelo jornalista e embaixador Assis Chateaubriand em 1966, forma o conjunto mais valioso de obras de arte e documentos luso-brasileiros de posse da Universidade.

A Coleção Amigas da Cultura, que pertenceu à sociedade homônima, é muito representativa da arte moderna da segunda metade do século 20, abrangendo diversas expressões artísticas. Como a entidade não conseguiu concretizar a construção de local apropriado para abrigar o acervo, ele foi doado à UFMG em 1970, para receber os cuidados necessários a conservação e exibição. Com mais de 100 peças, inclui esculturas de Wilde Lacerda e Domenico Calabrone, tapeçarias de Marlene Trindade e Augusto Degois, pinturas de Inimá de Paula, Marília Gianetti Torres, Nello Nuno e Petrônio Bax.

Outra seção do acervo artístico da UFMG está vinculada à Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade – manuscritos, desenhos, poemas, aquarelas, pinturas e estandartes do século 18 ao 20. As obras estão distribuídas entre o Museu Padre Toledo e o Centro de Estudos Yves Alves, em Tiradentes, e o Conservatório da UFMG, em Belo Horizonte. Há desde obras anônimas do período colonial, como imagens de Santana Mestra e São João Batista, até peças de nomes consagrados como Guignard, Burle Marx e Carlos Scliar.

Outras coleções são as da Biblioteca Universitária (como os acervos Curt Lange e do Centro de Estudos Literários e Culturais), de Cerâmicas do Jequitinhonha (sob a guarda do Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG) e do Oratório da Casa da Glória, em Diamantina. O livro discrimina as obras em uma tabela que fornece sua localização e as classifica segundo o estado de conservação.

A obra reforça a necessidade de conservação das peças e de torná-las visíveis. Segundo texto assinado por Fabrício Fernandino, professor da Escola de Belas-Artes e diretor do Museu de História Natural, o trabalho de mapeamento “abre espaço para que se tenha verdadeira dimensão do inestimável valor artístico e patrimonial que a Universidade possui e reforça a consciência da necessidade de se criarem estruturas para o abrigo permanente”. Segundo ele, está sendo estudada a criação, nos próximos cinco anos, de dois complexos de museus com instalações voltadas para diversas atividades relacionadas a acervos de diferentes naturezas. “Pretendemos criar uma dinâmica para mostras interdisciplinares de média duração, com conceitos inovadores no que tange a curadorias voltadas para exposições em museus universitários”, afirma Fernandino.

MAPA da ARTELivro que será lançado esta semana reúne informações sobre acervo artístico da UFMG, que soma 1.500 obras

Da redação

Cristo (1968), de Petrônio Bax, é uma das obras da Coleção Amigas da Cultura