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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE SERVIÇO SOCIAL DÉBORA MARIA RODRIGUES CAVALCANTE AS MUDANÇAS OCORRIDAS NA VIDA DOS IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS A PARTIR DE SUA ADMISSÃO NO RECANTO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS FORTALEZA - CEARÁ 2014

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE

CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

DÉBORA MARIA RODRIGUES CAVALCANTE

AS MUDANÇAS OCORRIDAS NA VIDA DOS IDOSOS

INSTITUCIONALIZADOS A PARTIR DE SUA ADMISSÃO NO RECANTO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

FORTALEZA - CEARÁ

2014

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DÉBORA MARIA RODRIGUES CAVALCANTE

AS MUDANÇAS OCORRIDAS NA VIDA DOS IDOSOS

INSTITUCIONALIZADOS A PARTIR DE SUA ADMISSÃO NO RECANTO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

Monografia apresentada ao curso de graduação em Serviço Social, do Centro de Ensino Superior do Ceará, outorgado pela Faculdade Cearense - FAC como requisito parcial para a obtenção de grau de Bacharel em Serviço Social.

Orientadora: Prof. Ms. Valney Rocha Maciel.

FORTALEZA - CEARÁ

2014

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Bibliotecário Marksuel Mariz de Lima CRB-3/1274

.

C376m Cavalcante, Débora Maria Rodrigues

As mudanças ocorridas na vida dos idosos

institucionalizados a partir de sua admissão no Recanto Sagrado

Coração de Jesus / Débora Maria Rodrigues Cavalcante.

Fortaleza – 2014.

56f. Orientador: Profª. Ms. Valney Rocha Maciel.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Faculdade

Cearense, Curso de Serviço Social, 2014.

1. Velhice. 2. Família. 3. Institucionalização. I. Maciel,

Valney Rocha. II. Título

CDU 364

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DÉBORA MARIA RODRIGUES CAVALCANTE

AS MUDANÇAS OCORRIDAS NA VIDA DOS IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS A PARTIR DE SUA ADMISSÃO NO RECANTO

SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

Monografia apresentada como pré-requisito para obtenção do título de Bacharelado em Serviço Social, outorgado pela Faculdade Cearense – FAC, tendo sido aprovada pela banca examinadora composta pelos professores. Data de aprovação: ____/ ____/____

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________ Prof.º Ms. Valney Rocha Maciel (Orientadora)

_______________________________________________

Profª.

____________________________________________

Profª.

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“VELHO É O OUTRO”

(Netto, O espelho quebrado)

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AGRADECIMENTOS

Eu agradeço a meus Pais e meu irmão, Dario José, por ter me ajudado

nessa caminhada e ter me dado força e coragem para não desistir dessa dura

rotina, estudar e trabalhar. Vivenciei esses anos, sempre ouvindo deles,

palavras de otimismo e perseverança.

Agradeço também às minhas colegas companheiras e guerreiras que

sempre estiveram ao meu ao meu lado nessa caminhada, mesmo que de

alguma forma contribuíssem direta e indiretamente para que eu pudesse

concluir esse grande momento de minha formação acadêmica, Anna Berlly,

Maria Helena, Eduarda Azevedo, Mona Suyanne, Elisandra Carvalho, Esther

Alburquerque, Thais Morais, Sumara Frota, Emilie kluwen, Luiza Carolina,

Debora Bizerra, Mayana Torres.

A minha orientadora, Valney Rocha Maciel, pela ajuda e apoio e por ter

sido sua aluna e levar comigo seus conhecimentos, obrigada. E à minha

querida banca por se disponibilizar a fazer parte desse momento importante,

obrigada.

Agradeço também a José Soares dos Santos Filho, por ter me dado

força e coragem para continuar minha caminhada acadêmica e ter contribuído

para que eu pudesse continuar essa caminhada acadêmica.

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RESUMO

A velhice é caracterizada como uma temática, presente em nossa sociedade e sua discussão vem se desenvolvendo, aos poucos, no decorrer dos anos. A velhice é um desafio que todos nós enfrentaremos. O que ocorre nos dias atuais são as conquistas de direitos que os idosos têm alcançado, e isso é bom para a sociedade que ainda irá envelhecer. O objetivo deste trabalho é analisar como os idosos vivenciam a velhice e as mudanças ocorridas em sua vida através da institucionalização. A pesquisa traz enfoque teórico sobre a velhice, a institucionalização e a família discutindo esses assuntos ao longo do texto. A pesquisa é de caráter qualitativo, com base em referências bibliográficas, pesquisa de campo com coletas de dados através de entrevistas semi estruturadas e pesquisa documental. Os resultados deste referente ensaio monográfico buscam abrir a discussão sobre as mudanças ocorridas na vida dos idosos institucionalizados, tendo como cenário de campo o Recanto do Sagrado Coração de Jesus. Os resultados obtidos através das análises referem-se sempre à importância familiar na vida da pessoa idosa, ou seja, também distante de qualquer forma de preconceito e que venha proporcionar ao leitor uma reflexão crítica sobre a realidade dos idosos hoje no Brasil.

Palavras- Chave: Velhice, Família, Institucionalização.

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ABSTRACT

Old age is characterized as a present in our society and its discussion has been developing gradually over the years theme. Old age is a challenge that we all will face. What happens nowadays are the achievements of rights that older people have achieved, it is good for society that will still stale. The objective of this work is to analyze how the elderly experience old age the changes in your life through institutionalization. The research brings theoretical approach of old age, institutionalization and discussing these issues throughout the text family. The research is qualitative, based on references, field research with data collection through semi-structured interviews and documentary research. The results concerning this monographic essay seeks to open the discussion on the changes in the life of institutionalized elderly having as field scenario the Nook the Sacred Heart of Jesus. The results obtained through the analysis always refers to family importance in the lives of the elderly, ie, well away from any form of prejudice and that will provide the reader with a critical reflection on the reality of the elderly in Brazil today. Key Words: Elderly, Family, Institutionalization.

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LISTA DE SIGLAS

ANG - Associação Nacional de Gerontologia

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

AVD – Atividade de Auto Cuidado

BPC – Benefício de Prestação Continuada

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia

ILPIS - Instituições de longa permanência para idosos

OPAS - Organização Pan-Americana de Saúde

PNI - Política Nacional do Idoso

OMS - Organização Mundial da Saúde

RDC – Resolução da Diretoria Colegiada

SUS - Sistema Único de Saúde

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 10 1. O ENVELHECIMENTO ................................................................................ 13 1.1 Conceito de velho, velhice e idoso ............................................................. 13

1.2 Participação do Idoso na Sociedade atual ................................................. 22

2. INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS ..................... 32 2.1 Conceito e Histórico das instituições para idosos no Brasil........................ 32

2.2 O idoso institucionalizado: uma análise da visão dos idosos

institucionalizados no Recanto do Sagrado Coração. ...................................... 37

2.2.1 Perfil dos entrevistados ........................................................................... 37

2.2.2 O idoso institucionalizado: análise dos dados obtidos através de

categorias ......................................................................................................... 40

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 49 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 51

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INTRODUÇÃO

Este trabalho monográfico pretende discutir a questão das mudanças

ocorridas na vida dos idosos institucionalizados, na perspectiva de identificar as

múltiplas formas dessas mudanças ocorridas na vida destes tendo como

cenário a instituição do Recanto do Sagrado Coração, traçando um perfil de

cada idoso escolhido para abordar essa temática que vive na instituição.

O objetivo geral da pesquisa trata de compreender como os idosos

vivenciam a velhice e as mudanças ocorridas na vida dos idosos

institucionalizados no Recanto do Sagrado Coração de Jesus. Trazendo como

objetivos específicos: traçar o perfil dos idosos institucionalizados; verificar os

aspectos que envolvem a velhice na sociedade atual e descrever as

características das Instituições de longa permanência para idoso.

Neste sentido, o interesse pela temática advém de um percurso de

infância até a juventude quando acompanhava minha mãe para visitar um lar

de idosos, onde meu tio estava institucionalizado, em cada visita observava a

situação dos idosos na instituição, aonde eu chegava a conversar com eles e

observava a fragilidade e o desamparo no olhar deles em permanecer ali, mas

observava em alguns através das conversas que para eles permanecer ali foi a

melhor opção em suas vidas já que alguns deles relatavam sofrer humilhações

e preconceitos por parte dos familiares, as observações que obtive foi com um

olhar de senso comum que pode ser amadurecido na vida acadêmica.

Desta forma, ao entrar na vida acadêmica pode-se levantar questões em

torno de temáticas relacionadas à velhice, fazendo sempre recortes em torno

desses assuntos para o chegado momento da elaboração deste TCC. As

inúmeras questões levantadas sobre os idosos durante esse percurso

acadêmico eram em torno da relação entre os idosos e suas famílias: o que

levavam o idoso a ir para um abrigo, como é a relação desses idosos com seus

familiares, como é a relação dos idosos com outros idosos na instituição? Este

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ensaio monográfico vem a apresentar o estudo sobre a mudança de vida dos

idosos institucionalizados a partir da vivência de seis idosos institucionalizados

na instituição Recanto do Sagrado Coração de Jesus.

Conforme Berzins (2010), o envelhecimento populacional é um

fenômeno recente na história da humanidade. Ele vem acompanhado de

significativas transformações demográficas, biológicas, sociais, econômicas e

comportamentais. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considerava o

envelhecimento populacional como uma história de sucesso das políticas de

saúde públicas e sociais, portanto a maior conquista, e triunfo da humanidade

no último século.

Para alcançar os objetivos, essa pesquisa tem como metodologia de

cunho a pesquisa qualitativa. Conforme Goldenberg (2004), “Os pesquisadores

que adotam a abordagem qualitativa em pesquisa se opõem ao pressuposto

que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências, baseado no

modelo de estudo das ciências da natureza.” (pp 16,17).

Assim, também fizemos uso da pesquisa bibliográfica à luz de autores

que discutem a temática relacionada, como também a pesquisa documental e

pesquisa de campo. Para Gil (2002), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida

com base em material já elaborado, constitui-se principalmente de livros e

artigos científicos. A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa

bibliográfica, a diferença entre ambas está na natureza da fonte.

A pesquisa de campo caracteriza-se pelas investigações em que, além

da pesquisa bibliográfica e documental, realiza-se coleta de dado junto a

pessoas com recursos de diferentes tipos de pesquisa. (FONSECA, 2002). No

tocante ao instrumental utilizado para a coleta de dados, faremos uso da

entrevista semi-estruturada com os idosos institucionalizados. Minayo (1992)

diz que a entrevista é o procedimento mais usual no trabalho de campo.

Através dela o pesquisador procura obter informações contidas dos atores

sociais.

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A presente pesquisa de campo foi realizada no DISPENSÁRIO DOS

POBRES DO SAGRADO CORAÇÃO DE FORTALEZA, é uma associação civil

e religiosa, de direito privado, de caráter formativo e assistencial, sem fins

lucrativos, fundada em 02 de setembro de 1917, sediada na Avenida da

Universidade 3106 – Benfica Fortaleza-CE, Inscrita no CNPJ 07.370.422/0001-

06.

Os objetivos da instituição é manter o seu caráter beneficente,

procurando resgatar a dignidade da pessoa humana, através da promoção

integral, visto que a sua atividade social tem sido sempre de acordo com as

necessidades dos mais necessitados. A missão da instituição é promover o

desenvolvimento humano através de ações de caridade e assistenciais para a

velhice desamparada e proporcionar a população que vive nas ruas,

oportunidade para retorno a uma moradia com dignidade. O Dispensário já

prestou diferentes modalidades de serviço no limitar de sua história, sob a

direção das Senhoras Católicas, assistindo a velhice abandonada, através de

distribuição de víveres, remédios e visitas domiciliares.

O ensaio monográfico está estruturado em dois capítulos, o primeiro

consiste sobre a questão do envelhecimento o conceito de envelhecer e o

idoso na sociedade atual. O segundo capítulo é abordado pela questão das

instituições de longa permanência o conceito e histórico das instituições

asilares, no Brasil, e o perfil e a análise dos dados colhidos do idoso

institucionalizado.

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1. O ENVELHECIMENTO

1.1 Conceito de velho, velhice e idoso

Para a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) o envelhecimento

é um processo sequencial, individual, acumulativo, irreversível, universal, não

patológico, de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os

membros de uma espécie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de

fazer frente ao estresse do meio ambiente e, portanto, aumente sua

possibilidade de morte.

Do ciclo da vida humana fazem parte a infância, a juventude, a vida

adulta, a maturidade e a velhice. Na hipótese de não haver a interrupção

precoce da vida, por qualquer razão, todas as pessoas passarão por todos

esses momentos ao longo de suas existências (NERI, 2001). Mas, se em

termos de desenvolvimento biológico, percorrer todas as idades é um

movimento natural dos seres humanos, social, cultural e psicologicamente,

essa experiência é carregada de outros sentidos. “A idade representa uma

marca identitária na contemporaneidade: enquadra os sujeitos e condiciona as

oportunidades.” (LUCA, 2006, p.193).

Simone de Beauvoir, em seu livro “A Velhice”, considera que “[...] a

imagem da velhice é incerta, confusa, contraditória” (BEAUVOIR, 1990. p.109).

Afinal o que é ser velho? Silva (2003), ao se referir à dimensão histórico-social

da velhice, relata-nos que quando as sociedades começaram a se organizar a

concepção e o papel dos velhos eram determinados por usos e costumes,

encontrados em cada cultura, em referência a uma dada conjuntura histórica.

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Velhice é uma construção social, histórica e cultural. O enquadramento

dos sujeitos a uma outra referência etária, como infância ou velhice, é resultado

de práticas sociais e de discursos sustentados em determinadas visões de

mundo. Na complexidade da constituição dos sujeitos, somos tanto jovens

quanto velhos, dependendo do contexto. (LUCA, 2006).

Os velhos são feios. Neri (2006) complementa que em texto nos anos 70

de Marcelo Mastroianni, a questão ligada à velhice e à feiura era transmitida

pelos jovens em papeis de ator mostrando que a juventude era bela e a velhice

era feia, como também que os velhos eram tristes, desprezados e afastados do

convívio social, humilhados e abandonados, faltando-lhe espaço no mundo

atual. Assim também frágeis e pouco ágeis como agilidade e vigor apontados

pela perda física do envelhecimento.

Envelhecer é apenas uma questão do ponto de vista:

Primeiramente, tente imaginar o mundo sem velhos. É difícil, não é? Afinal de contas onde iriam parar nossos pais, avôs, e tantas outras pessoas de quem gostamos? E como viveríamos sem eles? O fato é que sem velhos seria muito difícil manter a harmonia da sociedade, pois eles são os nossos pontos de apoio para a vida. (PARK, 2006, p.73).

As representações sociais do envelhecimento se configuram como fortes

produtoras de subjetividades, pois instituem visões sobre a realidade na

dimensão simbólica. Gusmão (2003) diz que num processo dinâmico, as

representações sobre o envelhecimento se modificam no tempo e também o

tempo modifica a realidade, criando novas demandas sociais, quer seja pela

exigência de políticas sociais para a velhice, quer seja pela reconstrução dos

significados sobre a velhice para a sociedade.

Amaral (1991) considera que “[...] o conceito de velhice difere em cada

sociedade, a partir da significação que o envelhecimento tem, o que acarreta

uma pluralidade de conceituações [...]” (p.13). Sendo assim, iniciamos com

uma reflexão sobre o primeiro passo neste trabalho que será entender o

sentido semântico do vocábulo velho. De acordo com o dicionário Aurélio, essa

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palavra pode adquirir vários significados, dependendo apenas do sentido que

se queira dar ao termo ao ser usado em uma frase ou durante um diálogo.

Atualmente, percebe-se uma proliferação dos termos utilizados para se

referir às pessoas que já viveram mais tempo ou à fase da vida anteriormente

chamada apenas de velhice. Entre os termos mais comuns, segundo Neri e

Freire (2000), estão: terceira idade, melhor idade, adulto, maduro, idoso, velho,

meia-idade, maturidade, idade maior e idade madura.

Ainda é muito comum que a maioria das pessoas mais velhas resista a

ser chamada de velha. Segundo Ferreira (2000), a palavra velho significa

idoso, antigo, gasto pelo tempo, experimentando, veterano, que há muito

tempo exerce uma profissão ou tem certa qualidade.

O velho é o outro, em que não nos reconhecemos afirma Neto (2010), o

autor complementa que a imagem da velhice parece uma imagem “fora” no

espelho, imagem que nos apanha que é antecipada e produz uma impressão

de inquietante estranheza. Diante disso:

O envelhecer sublinha nossa temporalidade. Então, para prevenir do drama a todo entendedor que procure aí sua salvação, damos a entender que o envelhecimento apenas diz respeito ao velho, e como, de todo modo o velho é o outro...! Estamos fora da ameaça do tempo. (NETO, 2010, p.16).

Quando falamos em velho, velhice parece que nunca chegaremos a

essa fase, concordamos com o autor acima que soa a frase de dizer que velho

é o outro como se não chegássemos a ser considerados velhos um dia. A

velhice não tem a ver com a idade cronológica, ela simplesmente é um estado

de espírito. “Há velhos de vinte anos, como há jovens de oitenta” (NETO, 2010,

p.14). Trata-se, muitas vezes, de uma questão cultural e uma questão de

generosidade tratar da velhice.

Mas, quando é que se fica velho? Neto (2010) tenta nos responder essa

questão, não muito simples, quando chega a dizer-nos:

Fora do repertório social, olhando um pouco mais de perto, o lugar do velho, que evito, é ocupado por mim, apesar de mim, no olhar dos outros mais jovens. Assim, para meu irmão caçula fiquei velho quando minha idade chegou ao dobro da dele, assim como para

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meus filhos, segundo a fala familiar, eu sou o “velho”. (NETO, 2010, p.14).

Embora a velhice seja nada além do que um constructo social, o

preconceito continua florescendo na sociedade. A idade é uma categoria

embutida dentro dela mesmo, é discutível e obsoleta. Enquanto todos os outros

estágios da vida são planejados e construídos social e culturalmente e não

existem conflitos para eliminar a infância, a adolescência e a idade adulta do

panorama do desenvolvimento humano. (ANDREWS, 1999).

Determinar o início da velhice é uma tarefa complexa pela difícil

generalização em relação à velhice. Na realidade, existem diferentes formas de

se definir a velhice: a idade cronológica que mensura a passagem do tempo

decorrido em dias; a idade biológica que é definida pelas modificações

corporais e mentais que ocorrem ao longo do processo do envelhecimento

humano; a idade social definida pela obtenção de hábitos e status social pelo

indivíduo para o preenchimento de muitos papeis sociais; e a idade psicológica

que pode ser conceituada em dois sentidos, um se refere a relação que existe

entre a idade cronológica e as capacidades psicológicas e o outro tem relação

com o senso subjetivo de idade. (NETTO, 1996).

Silva (2008) nos fala que o surgimento da velhice está vinculado ao

processo de modernização das sociedades ocidentais. Muitos estudos

demonstram que as transformações históricas, juntamente com o processo de

modernização, contribuíram para que houvesse uma diferenciação entre as

etapas da vida, caracterizando cada uma delas, e atingindo uma espécie de

periodização da vida e, dessa forma, compreendendo o curso vital também

como uma instituição social relevante.

Nesse processo de compreensão do que seja a velhice, é importante

entender que ela, para ser compreendida em sua totalidade, tem que ser

analisada não somente como fator biológico, mas também como fator cultural.

Diante de tal diversidade de formas de se vivenciar o envelhecimento, é

indispensável observar o papel social aos idosos em diferentes tempos e

lugares.

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Mascaro (2004) trata a velhice como uma fase natural da vida e que não

há como fugir deste ciclo: nascimento, crescimento, amadurecimento,

envelhecimento e morte, sendo a velhice uma fase que faz parte de nossas

experiências de ser vivo.

A velhice é uma etapa do ciclo da vida que uma parcela crescente da

população brasileira vem alcançando e desfrutando por mais tempo, em virtude

do aumento da expectativa de vida e do acelerado envelhecimento

populacional do país nas últimas décadas. (FERNANDES, 2002).

O envelhecimento da população mundial é um fenômeno novo ao qual, mesmo os países mais ricos e poderosos, ainda estão tentando se adaptar. O que era no passado privilégio de alguns poucos, passou a ser uma experiência de um número crescente de pessoas em todo o mundo. Envelhecer no final deste século já não é proeza reservada a uma pequena parcela da população. No entanto, no que se refere ao envelhecimento populacional, os países desenvolvidos diferem substancialmente dos subdesenvolvidos, já que os mecanismos que levam a tal envelhecimento são distintos. (KALACHE et al, 1987, p.201).

Beauviour (1990) explicita que a velhice, como todas as situações

humanas, tem uma dimensão existencial: modifica a relação do indivíduo com

o tempo e, portanto, sua relação com o mundo e com a sua própria história.

Por outro lado, o homem não vive nunca em estado natural: em sua velhice,

como em qualquer idade, seu estatuto lhe é imposto pela sociedade a qual

pertence.

Pode–se dizer que atitudes negativas, crenças incorretas, preconceitos e estereótipos em relação à velhice são tão velhos quanto à rejeição do ser humano à dependência, ao sofrimento, à doença e à morte, que se torna cada vez mais prováveis com o envelhecimento. Do mesmo modo, tem sido tema recorrente nas sociedades humanas a rejeição à concentração de poder religioso e econômico entre os mais velhos. No entanto, como tema de estudos científicos, essas questões só despontaram nos últimos 55 anos, tangidas pelo processo de envelhecimento populacional, que permitiu a emergência de novas categorias etárias, tais como a terceira idade, meia-idade, velhice e velhice avançada, bem como a institucionalização de políticas, organizações e serviços para atender às demandas desses novos segmentos populacionais. (NERI, 2006, p. 14).

Para o dicionário da língua português, Aurélio, o idoso vem a ser “a

pessoa que tem muitos anos de vida”. E o processo de envelhecimento está

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ligado à condição do velho. Guimarães (1997) aponta que “nos dicionários

emocionais da população, velhice é sinônimo de decadência, de decrepitude e

de perda de dignidade”.

De acordo com a Lei nº 8. 842/94 que regulamenta a Política Nacional

do Idoso (PNI), e a Lei nº 10.741/03 que rege o Estatuto do Idoso, são

consideradas idosas, pessoas a partir de 60 anos de idade. Para Organização

Mundial da Saúde (OMS) (2002), a pessoa é considerada idosa com 65 anos

ou mais. Portanto, a Política Nacional do Idoso, bem como o Estatuto do Idoso,

referem-se a esta população que vive em países em desenvolvimento. Já a

Organização Mundial da Saúde, refere-se às pessoas que moram em países

desenvolvidos. Vale ressaltar que a idade cronológica por si só não determina

o processo de envelhecimento, uma vez que existem diferenças significativas

relacionadas ao estado de saúde, participação e níveis de independência entre

pessoas que possuem a mesma idade. (BRASIL, 2005).

De acordo com pesquisas do IBGE (2013), devido às mudanças

econômicas, sociais e culturais em todo o mundo, inclusive no Brasil, o índice

de natalidade vem caindo. Por outro lado, devido ao avanço da medicina e às

novas estratégias de cuidados da saúde do idoso, o índice de mortalidade

também vem caindo. Diante dessa proporcionalidade, foi criada uma

expectativa de que no ano de 2050 existirão mais idosos que crianças abaixo

de 15 anos e que neste ano estimam-se que existirão aproximadamente dois

bilhões de idosos no mundo, sendo que a maioria vivendo em países

desenvolvidos.

O idoso é considerado, muitas vezes, um ser que exige muitos cuidados e que é dependente de outras pessoas para viver a sua velhice, mas esse conceito vai mudando ao longo da história deste. “Na nossa sociedade, ser velho significa na maioria das vezes estar excluído de vários lugares sociais. A análise da construção das identidades sociais é um campo vasto e rico de possibilidades de desvendamento de significados criados pela nossa sociedade para explicar o que é, ou quem é o velho.” (MERCADANTE, 2002, p. 75).

No Brasil, o processo de envelhecimento, que caminha no sentido de

uma rápida intensificação, ocorre em épocas de profundas desigualdades e

problemas sociais, tornando-se difícil prever a capacidade do país em dar

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respostas adequadas às crescentes demandas da população idosa.

Percebemos isso na afirmação dos autores Siqueira e Moi (2006):

O envelhecimento populacional, fenômeno até há pouco tempo restrito aos países desenvolvidos, torna-se também realidade nos países em desenvolvimento em consequência das rápidas transformações em suas dinâmicas demográficas. O fenômeno destaca-se no Brasil pela intensidade e rapidez com que decresceram, nas últimas décadas, as taxas de mortalidade e fecundidade. (SIQUEIRA; MOI, 2006, P. 166).

Hoje no Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia - IBGE

(2013), existem dezessete milhões e seiscentos mil idosos (17,6), ou seja,

quase 9% da população do país, considerada em duzentos milhões de

habitantes. O envelhecimento para Mendes et al (2005), é: um processo natural

da vida do homem que se inicia a partir do seu nascimento e que acontece a

cada uma das etapas da vida, as quais ocorrem com as mudanças físicas,

psicológicas e sociais.

Dias (2007) complementa afirmando:

Esses fatores não acontecem de forma generalizada e sim de maneira particular em cada indivíduo. Para o autor, envelhecer é um processo multifatorial e subjetivo no qual cada indivíduo tem sua maneira própria de envelhecer, ou seja, o processo de envelhecimento é um conjunto de fatores que vai além do fato de ter mais de 60 anos. Tais fatores se baseiam nas condições biológicas que têm um estreito relacionamento com a idade cronológica uma vez que compromete todo o sistema orgânico e que se agrava à medida que a pessoa vai ficando mais velha; nas condições sociais que variam de acordo com o momento histórico e cultural; nas condições econômicas que são marcadas pela aposentadoria; na intelectual que ocorre quando suas faculdades cognitivas começam a falhar, apresentando problemas de memória, atenção, orientação e concentração; e na funcional que acontece quando há perda da independência e autonomia, precisando de ajuda para desempenhar suas atividades básicas do dia-a-dia, como se alimentar, locomover-se, etc. (DIAS, 2007, p.15).

O aumento da população de mais de 60 anos de idade constitui um

fenômeno mundial que no Brasil ocorreu com a duplicação da população idosa,

mudando assim, o seu status de um país jovem para um país velho. Devemos

perceber essa mudança em diferentes pontos de vista: o econômico, o

biológico, o social e o cultural, respeitando as particularidades de cada região.

(LIMA, 2013).

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Existem consideráveis diferenças do idoso entre os países

desenvolvidos e os países em desenvolvimento. Nos países desenvolvidos, o

envelhecimento acontece de forma associada às melhorias nas condições

gerais de vida, como é o caso do Japão, Estados Unidos, entre outros. Já nos

países em desenvolvimento, por exemplo, o Brasil; esse processo acontece de

forma rápida, sem tempo para uma reorganização social e da área de saúde

adequada para atender às novas demandas emergentes.

Segundo Neri (2006), os ciclos da vida e as realidades da velhice

precisam ser retratados para que as pessoas se vejam nessas representações,

para que derivem lições úteis a interpretações de suas experiências vitais e

para que amplifiquem a sua compreensão sobre a vida e sobre o mundo.

O autor Neri (2006) ainda completa:

Falar sobre velhice é falar sobre tempo, história, memória e valores. Assim, é relevante às sociedades e aos grupos humanos valer-se da imagem dos idosos e da velhice para representar a continuidade e realçar a necessidade de preservar e transmitir valores culturais básicos. (NERI, 2006, p. 22).

A função social da velhice tem sido essencialmente a de lembrar e dar

expressão as suas lembranças. O papel da memória é tradicionalmente

valorizado entre os mais velhos, assim como suas lembranças constituem

patrimônio coletivo, expressivo e revivido permanentemente no contato com

novas gerações, sejam crianças ou adultos. (MAGALHÃES, 1987).

Quando se trata de perceber o significado da velhice, estaremos quase

sempre lidando com uma relação: a nossa relação de adultos com os mais

idosos. Não podemos penetrar como diz Magalhães (1987) na interioridade de

seus sentimentos em relação à vida, ao seu próprio corpo, à sociedade e às

transformações culturais que estamos vivendo. Observamos de fora, pois é o

que sentimentos e pensamos que transformamos em imagens do

envelhecimento.

O envelhecimento é um desafio para o mundo todo, pois atinge os

países em desenvolvimento e os países desenvolvidos. Apesar de ser um

processo natural da vida, fala-se muito em velhice na sociedade atual.

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Zimerman (2000) afirma que o envelhecimento é um processo que vai

ocorrendo de forma gradual, pois uma pessoa não se torna velha do dia para o

outro. Tudo é um processo de adaptação às mudanças físicas, psíquicas e

sociais que vão ocorrendo ao longo da vida.

Dessa forma, o envelhecimento aos poucos se torna uma realidade que deve ser vista como uma etapa que está relacionada como nosso comportamento ao longo da vida. Ser velho não é o contrário de ser jovem. Envelhecer é simplesmente passar para uma nova etapa da vida, que deve ser vivida de maneira mais positiva, saudável e feliz possível. (ZIMERMAN, 2000, p.28).

O temor que os jovens têm ao pensar que um dia vão envelhecer pode

traduzir o receio de viver no futuro uma velhice sofrida, solitária e dependente.

Bevaouir (1990) enfatiza que a velhice não é um fato estático: é o resultado de

uma mudança contínua, irreversível e desfavorável.

O indivíduo, ao se aproximar da velhice, desperta um sentimento de

repulsa negando este fato como inerente ao processo do envelhecimento. A

velhice é particularmente difícil de assumir, porque a consideramos uma

espécie desconhecida. (ZIMERMAN, 2000).

As concepções de velhice são mais do que resultados de uma

construção social e pessoal, vão de encontro a questões multifacetadas em

nossa sociedade, em relação a isso Neri (2007) expõe:

As atitudes sociais em relação à velhice influenciam as práticas sociais em relação aos idosos. Por sua vez, as atitudes de cada um [...] influenciam as autoavaliações de competência e valor pessoal e, consequentemente, os comportamentos. (NERI, 2007, p. 36).

A percepção que a sociedade faz em relação ao idoso com aspectos

negativos associados ao envelhecimento, muitas vezes não incorpora nesse

idoso, Mercadante (2007) afirma isso.

Existir como velho hoje, na nossa sociedade, implica viver em uma relativa situação de discriminação social, no futuro esta situação poderá e deverá ser modificada, na medida em que passe a ser vista como constituída culturalmente e, por isso mesmo, mutável e dinâmica. (MERCADANTE, 2007, p. 213).

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No imaginário social temos a velhice com um pensamento:

Velhice sempre foi pensada como uma carga econômica seja para família, seja para sociedade – e como uma ameaça às mudanças. Essa noção tem levado as sociedades a subtraírem dos velhos seu papel de pensar seu próprio destino. (FERNANDES, 2002, p.07).

Mas, esse processo da velhice também é marcado por lutas e

conquistas em nosso País. É necessário que se compreenda o fenômeno do

envelhecimento como um processo de forma gradual, pois a velhice faz parte

de um ciclo natural da vida onde devemos aprender a nos adaptar às

mudanças físicas, psicológicas e sociais.

Como já foi mencionado, o envelhecimento é um processo natural da

vida que acontece por conta da diminuição progressiva da reserva funcional

dos indivíduos a qual se agrava quando em condições de sobrecarga como as

doenças, acidentes e estresse emocional. Importante ressaltar que estas

consequências podem ser minimizadas a partir da saída de uma vida

sedentária para um estilo de vida mais ativa, como a prática de exercícios

físicos adequados.

Com o fenômeno do envelhecimento já conceituado, apresentaremos a

participação dos idosos na sociedade através de vários segmentos que os

envolvem.

1.2 Participação do Idoso na Sociedade atual

Percebemos que o velho, segundo Park (2006) em 1951, encontrava-se

com a imagem de um sujeito que porta bengala, um improdutivo. O termo velho

era creditado ao titulo daqueles que envelheceram, tais como a terceira idade,

a melhor idade, deslocando a discussão para a longevidade esquivando-se no

enfoque na função social do velho em nossa sociedade. Isso tem mudado ao

longo dos anos e o velho, que é o idoso hoje, tem uma participação diferente

da que Park nos trouxe na atualidade.

Se fizermos uma retrospectiva das reflexões sobre o Idoso no Brasil de hoje, veremos que biologicamente estamos aumentando o

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percurso de vida de nossa população, em virtude da difusão dos benefícios farmacêuticos, médicos e sanitários que caminham à frente das condições sociais, econômicas, culturais e políticas, indispensáveis para que o ser biológico esteja envolvido por circunstâncias favorecedoras do bem-estar social e da elevação da qualidade de vida. (MAGALHÃES, 1987, p.42).

Mas, considerando que o segmento etário acima de 60 anos é o que

está em maior expansão no mundo, questões sobre o envelhecimento passam

a ser foco de mais estudos e pesquisas na melhoria da qualidade de vida das

pessoas idosas na atualidade.

Algumas mudanças significativas quanto ao desenvolvimento de ações direcionadas ao idoso, têm como prerrogativa a ampliação da discussão sobre as políticas sociais, entendidas como direitos de cidadania e não simplesmente como benefícios, ampliando a análise da questão além do âmbito público, atingindo toda a sociedade, visando à redefinição de espaços sociais significativos e à melhoria na dignidade e nas condições de vida dos idosos. (BORGES, 2006, p.79).

A questão social da velhice é produzida pela expansão das classes

trabalhadoras assalariadas desprovidas fazendo que o idoso, antes cincurscrito

ao meio familiar e ao âmbito da assistência religiosa, seja transformado em

questão pública a exigir a ação institucionalizada do Estado e da Sociedade

Civil. (MAGALHÃES, 1987).

A cada ano de vida a pessoa idosa também vai adquirindo mais

limitações. É nesse sentido que a sociedade, o Estado através de Políticas

Públicas e em especial, a família, possam criar alternativas que o idoso possa

redescobrir possibilidades de viver com a máxima qualidade possível, com

dignidade e respeito. Segundo Ferreira (2000), o termo política tem o

significado de conjunto de objetivos que identificam determinado programa de

ação governamental e que conduzem a essa execução.

O direito de viver mais tempo passou a ser uma questão social. Nesse

sentido, Souza (1996) ressalta que dentre as dificuldades que o idoso passa,

destaca-se a dificuldade do convívio social. Para o autor, existe a necessidade

que sejam definidas propostas e estratégias de intervenção não só do poder

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público, mas principalmente da família para que o idoso se estimule a viver em

sociedade.

Ao compreender o processo de envelhecimento populacional como um

fato hoje evidenciado na realidade brasileira, é imensurável a necessidade de

planejamento e reorganização das políticas públicas para atender as

necessidades requeridas pela população idosa.

A velhice também é uma questão política e deve ser reconhecida pela sociedade. É necessária a atuação governamental para a criação de espaços voltados à avaliação da qualidade de vida das pessoas idosas, sempre sob a égide dos princípios da liberdade, respeito, dignidade e justiça social. (SANTIM e BOROWSKI, 2008, p.147).

A situação do idoso no Brasil é resultado de muitas batalhas e

conquistas, começando com a Declaração dos Direitos Humanos, que, em

1948 assegurou os primeiros direitos a todo ser humano. Posteriormente em

1988, a Constituição Federal Brasileira junto com a Legislação Brasileira

ofereceu ao idoso um amparo maior caso esse necessitasse.

Somente em 1976, com a criação do Ministério da Previdência e

Assistência Social, é que começou a se pensar numa política direcionada a

esse grupo etário, principalmente os aposentados. Assim, passou-se a

investigar melhor a situação da velhice no Brasil, até então considerada um

país de jovens. (BORGES, 2006).

A Constituição Brasileira de 1988 culminou com a inclusão de alguns

parágrafos, dedicados à conquista de direitos, podendo refletir em melhoria da

qualidade de vida dos mais velhos. A partir daí foi então criado o primeiro

Conselho do Idoso e também a Associação Nacional de Gerontologia (ANG),

que atua até hoje ampliando as áreas de atuação profissional junto a esse

segmento.

E quando o idoso é incluso como merecedor de tais direitos e garantias,

há que se falar na importância dos direitos sociais, previstos no caput do artigo

6º da Constituição Federal, os quais têm status de direito fundamental. O idoso

é digno de toda prerrogativa constitucional, como qualquer outro ser humano,

independentemente da etapa da vida em que se encontre. Portanto, é de

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grande relevância que a sociedade o identifique como tal. (SANTIM e

BOROWSKI, 2008).

O artigo 203 da Constituição Federal estabelece o direito a um salário

mínimo em situação de falta de meios de subsistência; artigo posteriormente

regulamentado pela Lei Orgânica da Assistência Social. Ressaltarmos que a

garantia citada refere-se ao chamado Benefício de Prestação Continuada

(BPC) que é, em muitos casos, o meio de subsistência de idosos da classe

vulnerabilizada considerando que esses foram excluídos do mercado de

trabalho (muitos sequer entraram nesse mercado) e não tendo como se

manter, acabam por recorrer a esse benefício da política de assistência social,

que tem interface com a previdência social, responsável por sua

operacionalização. (FALEIROS, 2008).

BPC é Benefício de Prestação Continuada. Esse benefício não é mantido pela Previdência Social e sim pela Assistência Social e, por isso, as pessoas para quem esse benefício é concedido não precisam ter contribuído previamente para a Previdência Social. O benefício mensal de prestação continuada consiste numa renda no valor de um salário mínimo, paga às pessoas idosas e àquelas portadoras de necessidades especiais que não puderem se manter sozinhas ou não puderem ser mantidas por suas famílias. (CARTILHA DO IDOSO, 2007, p. 21).

Da atuação dessa associação referente na Constituição, Borges (2006)

diz que surgiu o esboço da Lei 8.842/94, a Política Nacional do Idoso, que pode

ser considerada como uma lei moderna e ágil, porém ainda precisa ser

colocada em prática para que realmente possa vir a melhorar a qualidade de

vida do idoso, necessitando de decisão política e de investimentos nessa área.

A Política Nacional do Idoso foi resultado dos movimentos sociais

reivindicatórios dos idosos e aposentados que ganharam maior ênfase com a

promulgação da Constituição Brasileira em 1988.

A Política Nacional do Idoso (Lei 8.842/94), bem como a Lei Orgânica da Assistência Social (Lei 8.742/93), sintonizadas com a Constituição Federal, preconizam o modelo descentralizado de gestão pública, com os envolvimentos das esferas federal, estadual e municipal, mas tendo o município um papel de fundamental importância na implantação e execução de políticas sociais que possam qualificar a vida da população idosa e de sua família, garantindo melhor atendimento às suas necessidades, sua promoção e proteção com repasse de benefícios. (BORGES, 2006, p.101).

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Na Política Nacional do Idoso a Lei nº 8.842/94 em seu primeiro artigo

declara que: “A Política Nacional do Idoso tem por objetivo assegurar os

direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia,

integração e participação efetiva na sociedade”. Porém, ainda existe uma

lacuna muito grande entre o texto e a concretização da participação social dos

idosos na garantia de seus direitos sociais.

A Lei nº 10.048/2000 estabeleceu prioridade ao atendimento para pessoas com idade superior a 65 anos em todos os órgãos públicos, bancos e concessionárias de serviço público e, no campo processual, a Lei nº. 10.173/2001 alterou o Código de Processo Civil Brasileiro estabelecendo prioridade de tramitação nos processos judiciais de idosos. E o Decreto nº. 92170/1.997 alterou o Decreto Federal nº. 89250/1.983 estabelecendo um campo na Carteira de Identidade para as expressões “idoso” ou “maior de sessenta e cinco anos”. (BRASIL, 2004b).

A Lei n° 8.842 de 1994 que estabeleceu a Política Nacional do Idoso

Souza (2004) afirma que ela veio consolidar os direitos dos idosos já

assegurados na Constituição Federal, apresentando formas de concretização

de instrumento legal capaz de coibir a violação desses direitos e promover a

proteção integral do idoso em situação de risco social, retratando as novas

exigências da sociedade brasileira para o atendimento da população idosa, sob

o pressuposto da manutenção da Política Nacional do Idoso, como norma

orientadora da atuação governamental da área.

Após sete anos em discussão no Congresso em 2003 foi alcançada a

redução de idade para o idoso, sendo considerada assim aquela pessoa que

alcançasse idade igual ou superior a 60 anos, com preservação da sua saúde

física e mental, isso ocorreu através do Estatuto do Idoso.

O Estatuto do Idoso, também criado para o segmento da população

idosa (Lei 10.741 de outubro de 2003), tem a finalidade de regular os direitos

do segmento populacional idoso e determinar que o Estado, a sociedade e a

família sejam os entes responsáveis pela proteção e garantia desses direitos.

Em relação ao Estado, no art. 9º é obrigação dele, garantir à pessoa idosa a

proteção à vida e à saúde, mediante efetivação das políticas públicas, de

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acordo com as prerrogativas do Estatuto do Idoso que permitem um

envelhecimento saudável em condições dignas. (LIMA, 2013).

A rede de proteção e Assistência ao idoso tem seu papel de atuação

definido a partir das garantias legais previstas na Constituição de 1988, na

Política Nacional do Idoso e no Estatuto do Idoso.

O idoso também está presente na Política Nacional de Saúde de 1999,

que por meio da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), definiu a saúde

como direito de todos. Esta política tem como diretrizes: a promoção do

envelhecimento saudável; a manutenção da capacidade funcional; a

assistência às necessidades de saúde do idoso; a reabilitação da capacidade

ou recursos humanos especializados; o apoio ao desenvolvimento de cuidados

informais e o apoio a estudos e pesquisas sobre o tema. (BRASIL, 2004).

Em relação à saúde do idoso, esta tem total prioridade desde o pré-

atendimento até a internação, pois a pessoa nessa fase de vida tem menor

resistência de seus organismos, tornando-se vulneráveis às infecções

hospitalares, ataques oportunistas de vírus, bactérias e outros organismos

facilmente encontráveis em instituições de saúde. (BORGES, 2006).

Existem também os conselhos de defesa dos direitos da população

idosa, na instância federal, segundo a Secretaria dos Direitos Humanos da

Presidência da República (2013), temos o Conselho Nacional dos Direitos do

Idoso (CNDI) como "um órgão superior de natureza e deliberação colegiada,

permanente, paritário e deliberativo, integrante da estrutura regimental da

Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República – SDH/PR",

tendo por finalidade elaborar as diretrizes para a formulação e implementação

da Política Nacional do Idoso, observadas nas linhas de ação e nas diretrizes

conforme dispõe a Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso),

bem como acompanhar e avaliar a sua execução (BRASIL, 2013).

Em relação às leis e políticas públicas, muitas vezes o indivíduo não tem

o pleno conhecimento e muitos, nenhum. Battini (2003) enfatiza que à medida

que se busca um objetivo é preciso que todos participem de forma organizada,

exigindo um estabelecimento de mecanismos de delegação e representação, é

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necessária uma organização flexível e descentralizada com distribuições de

funções para todos os membros, para que haja o equilíbrio e a estabilidade.

As políticas públicas já existentes já necessitam de ajustes, frente ao

aumento populacional dessa fase de vida e ainda pelas exigências a que a

sociedade moderna faz. Para Braga (2005), percebe-se que o Estado, mesmo

que timidamente, tem se preocupado com a questão da participação do idoso

na sociedade, a partir da transformação dos preceitos normativos em regras de

aplicação efetiva para que sejam atendidas todas as necessidades do idoso. O

ponto de partida da participação efetiva do idoso na sociedade é o “respeito”.

Para tanto é preciso que as pessoas sejam reeducadas no sentido de

reconhecer o idoso como cidadão, merecedor de viver dignamente sem

exclusão ou qualquer outra espécie discriminatória.

O Estado, visando minimizar o sofrimento do idoso, vem adotando

políticas públicas relacionadas às prioridades urbanas, como o atendimento

preferencial, urgente e prioritário em hospitais, atendimento prioritário em

bancos e outros estabelecimentos comerciais ou não, público ou privado,

isenção e reserva de assento em tarifas de transporte coletivo, passe livre em

eventos esportivos diversos, eventos culturais, como teatro, cinema, feiras, etc,

passagem aérea gratuita (conforme norma) e prioridade em embarque aéreo.

A questão da prioridade de atendimentos a idosos estão determinados

pela Lei nº. 10.048, de 8 de novembro de 2000. Já a garantia à gratuidade dos

transportes coletivos urbanos, está prevista na Constituição Federal em seu

artigo 230, parágrafo 2º.

Vale salientar que o principal objetivo da gratuidade em transportes

coletivos urbanos para os idosos é de incentivar a circulação da pessoa idosa,

sem interferir no orçamento, pois a maioria destes necessita de grande

assistência médico-hospitalar e nem este nem a família têm condições

financeiras suficientes para arcar com as despesas de transporte.

A questão social do envelhecimento, na verdade, ainda não tem a visibilidade que precisa ter, pois no Brasil as contradições regionais e as desigualdades sociais, que refletem a injusta distribuição de renda da população, estão presentes em todas as etapas do curso de vida, dificultando aos brasileiros a vivência real da cidadania como um

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direito. Essa luta começa na infância, continua na adolescência, juventude, idade adulta, por direitos básicos, como saúde, educação, emprego, enfim, pela dignidade do ser humano. (BORGES, 2006, p.100).

Outra forma que envolve os direitos do idoso à qualidade de vida,

referem-se à volta do idoso à universidade: a inserção do idoso na

universidade vem se difundindo e representa uma boa forma de garantir

promover a saúde para a pessoa que envelhece, através da ação

interdisciplinar comprometida com a inserção do idoso como cidadão ativo na

sociedade, no Brasil existem pelo menos 150 programas dessa natureza.

(BROGES, 2006).

Preceitua-se o apoio do governo na criação de universidades abertas para a terceira idade como meio de universalizar às diferentes formas do saber e também o desenvolvimento de programas que adotem modalidades de ensino à distância, adequados às condições do idoso compatibilizando currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais destinados a essa faixa etária. (OLIVEIRA, 2007, p. 281).

Pela educação, o idoso volta a estudar, e passa a refletir sobre a sua

vida, desenvolve e amplia suas habilidades, elabora novos objetivos e traça

estratégias para alcançá-los. Pensar na possibilidade de educação para idosos,

é pensar em instrumentos de melhoria na qualidade de vida desse segmento

etário.

Segundo uma pesquisa da Fiocruz (2012) sobre os direitos dos idosos,

são apresentados alguns direitos relacionados ao segmento da população

idosa, tais como: lazer, onde os idosos têm direito à meia-entrada para

ingresso nos cinemas, teatros, espetáculos e eventos esportivos realizados. As

unidades esportivas municipais deverão estar voltadas ao atendimento

esportivo, cultural, de recreação e lazer da população, destinando atendimento

específico às crianças, aos adolescentes, aos idosos e aos portadores de

deficiência; acesso à justiça, em que todo cidadão tem o dever de denunciar à

autoridade competente qualquer forma de negligência ou desrespeito ao idoso;

ao Ministério da Justiça (nos âmbitos estadual e municipal) compete zelar pela

aplicação das normas sobre o idoso, determinando ações para evitar abusos e

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lesões a seus direitos, assim como acolher as denúncias para defender os

direitos da pessoa idosa junto ao Poder Judiciário. Para programas de

Habitação aos órgãos públicos, no âmbito estadual e municipal, cabe: Destinar,

nos programas habitacionais, unidades em regime de comodato ao idoso, na

modalidade de casas-lares; Incluir nos programas de assistência ao idoso,

formas de melhoria de condições habitacionais e adaptação de moradia,

considerando o seu estado físico e sua independência de locomoção; elaborar

critérios que garantam o acesso da pessoa idosa à habitação popular; diminuir

barreiras arquitetônicas e urbanas.

Outro fator relacionado à mudança em relação ao idoso na sociedade é

sobre a aposentadoria e o direito de voltar ao mercado de trabalho para

complementar sua renda, mas esse considerado “idoso” é muitas vezes

substituído por jovens e sem direito ao retorno do mercado. Liao (2009) fala em

relação a isso:

Uma das mudanças necessárias para a efetiva inserção dos idosos na sociedade deve ser realizada no campo socioeconômico que, por ser um novo campo, propõe ao governo o desafio de adquirir e de oferecer condições e subsídios para que estes tenham melhores condições financeiras, além de facilitar o ingresso à vida moderna, visando uma melhor qualidade de vida para os idosos e fazendo com que se enquadrem novamente no meio social, sendo respeitados e aceitos por todos. A aposentadoria é um dos eventos mais marcantes para os idosos, já que estimula a consciência do envelhecimento. É um momento de várias transições, pois acarreta mudanças no funcionamento familiar, e todos precisam se adaptar a essa nova condição. (LIAO, 2009, p.19).

Como a inserção do idoso na sociedade é carregada de estigmas, ainda

é aceito num contexto social aquele que estiver em condições ativas, gozando

de boa saúde e contribuindo, seja econômica ou socialmente, para com esta.

Por sua vez, aquele que se encontra em situação de intensa fragilidade é

considerado sem grande valia e acaba por ser tratado de maneira

preconceituosa e discriminatória, o que o coloca numa condição de

vulnerabilidade social. (SANTIM e BOROWSKI, 2008).

Camarano, Kano e Mello (2008) realizaram uma pesquisa sobre idosos

na atualidade e chegaram a conclusão de que pode-se dizer que, em geral, o

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idoso está em melhores condições de vida que a população mais jovem:

apresenta um rendimento maior, uma parcela maior tem casa própria já paga e

contribui significativamente na renda das famílias. Nas famílias cujos idosos

são chefes, encontra-se uma proporção expressiva de filhos e netos

morando juntos.

O idoso não pode e não deve ser visto como o ser digno de pena. Ele

precisa ser conhecedor do seu potencial, adquirido pela longa experiência de

vida. Os direitos conquistados não são mais que uma obrigação do Estado em

respeito a uma vida toda dedicada à família e aos de trabalho.

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2. INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS

2.1 Conceito e Histórico das instituições para idosos no Brasil.

Os asilos surgiram no Brasil por volta dos séculos XIX e XX, sendo

representados na época, por hospitais e sanatórios, que abrigavam pessoas

com lepra, tuberculose, doentes mentais, idosos e população carente sem

moradia. Eram instituições mantidas geralmente com donativos comunitários e

geralmente possuíam características religiosas. (FERREIRA, 2011). “Há

registros de que o primeiro asilo foi fundado pelo Papa Pelágio II, que

transformou a sua casa em um hospital para velhos.” (ALCÂNTARA, 2004,

p.05). Essas instituições que oferecem moradias para idosos já perduram há

algum tempo, não datam de hoje.

No Brasil Colônia, o Conde de Resende defendeu que soldados velhos

mereciam uma velhice digna e "descansada". Em 1794, no Rio de Janeiro,

começou então a funcionar a Casa dos Inválidos, não como ação de caridade,

mas como reconhecimento àqueles que prestaram serviço à pátria, para que

tivessem uma velhice tranquila. O Asilo São Luiz para a Velhice Desamparada,

criado em 1890, foi a primeira instituição para idosos no Rio de Janeiro. O

surgimento deste dá visibilidade à velhice. A instituição era um mundo à parte

e, ingressar nela, significava romper laços com família e sociedade. (Groisman,

1999).

Goffman (1961) já instituía que:

Uma instituição total pode ser definida como um local de residência e trabalho onde um grande número de indivíduos com situação semelhante, separados da sociedade mais ampla por considerável período de tempo, levam uma vida fechada e formalmente administrada. (GOFFMAN, 1961, p. 11).

Quando não existiam instituições específicas para idosos, estes eram

abrigados em asilos de mendicidade, junto com outros pobres, doentes

mentais, crianças abandonadas, desempregados. Em fins do século XIX, a

Santa Casa de Misericórdia de São Paulo dava assistência a mendigos e,

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conforme o aumento de internações para idosos, passou a definir-se como

instituição gerontológica em 1964. (BORN, 2002).

A Portaria nº 810/1989 foi a primeira a definir as Normas e Padrões de Funcionamento de Casas de Repouso, Clínicas Geriátricas e outras instituições para idosos. Ela define como deve ser a organização da instituição, a área física, as instalações e os recursos humanos (11). Essas ações ainda não são suficientes e por isso é necessária a parceria entre o poder público, sociedade, profissionais e idosos para dar continuidade a ações bem-sucedidas, ampliar e implementar novas modalidades de serviços no país. (BRASIL, 2003).

Contudo, no Brasil os registros dos surgimentos das instituições asilares

ancoram o século XX, Alcântara (2004) diz que essas instituições eram

destinadas aos idosos pobres e abandonados, o que implicava em acolher os

idosos desamparados que geralmente eram aqueles vindos de uma parcela

mais pobre e excluída da população e que tinham os vínculos familiares

quebrados.

No entanto, percebemos que nessa época a sociedade ainda não havia

despertado para a importância do atendimento das demandas da população

idosa, muitas vezes considerados sem valor e o Estado nesse processo era

falho e escasso, não oferecia em sua dimensão política um projeto que

vinculasse de fato a perspectiva de amparar os idosos.

Atualmente, encontramos vários modelos de instituições para idosos,

como as privadas, as filantrópicas, as mistas e até mesmo aquelas resultantes

dos programas nacionais do governo. Born e Boechat (2002) definem as

privadas como aquelas pertencentes ao grupo com finalidade lucrativa e são

denominadas clínicas geriátricas, casas de repouso, colônia ou residencial para

terceira idade. Já as filantrópicas são mantidas geralmente por grupos

religiosos e com longo histórico assistencial. As de natureza mista são as

instituições que ofertam longa permanência para idosos, com algumas ações

de caráter privado e outras, público.

Goffman (1961) define as instituições em cinco agrupamentos, e o

primeiro lugar, denominado de instituições criadas para cuidar de pessoas que,

segundo pensa ele, são incapazes e inofensivas. Neste caso, estão as casas

para cegos, “velhos”, órfãos e indigentes.

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O processo de modernização do país vem acabando com mecanismos

tradicionais de amparo à velhice, destacando-se nesses a rede de relações

familiares, sem introduzir novas modalidades de proteção. A acelerada

urbanização da sociedade brasileira nas últimas décadas, ocasionando o

crescente ingresso da mulher no mercado de trabalho e introduzindo alterações

na estrutura familiar, com o decréscimo das famílias extensas, faz aumentar a

procura por novas formas de atendimento ao idoso fora do âmbito familiar.

(SIQUEIRA; MOI, 2006).

Nesse panorama situam-se as instituições de longa permanência, ainda

denominadas de instituições asilares mantidas em sua grande maioria por

ONGS e destinadas ao atendimento do idoso carente e de casas geriátricas ou

de repouso.

Surge a necessidade na busca de um processo de reformulação no

âmbito das instituições que acolhem e abrigam os idosos, destacados

anteriormente como asilos, abrigos etc. Dessa maneira, surgiu frente ao

avanço de leis, a adoção de um termo diferente ILPI – Instituição de Longa

Permanência.

A instituição de longa permanência, como um dos serviços prestados à

população idosa, constitui-se tema de diversos estudos dirigidos principalmente

à compreensão dos seus significados no processo de envelhecimento da

população brasileira. O que hoje no Brasil é chamado de Instituição de Longa

Permanência para Idosos (ILPI), antigamente eram simplesmente “asilos para

Idosos” os quais eram dirigidos para a população carente que necessitava de

abrigo, frutos da caridade cristã diante da ausência de políticas públicas,

existentes em virtude da falta de moradia para os idosos existiam devido à falta

de recursos financeiros e à falta de moradia do idoso (CAMARANO; KANSO,

2010).

Nesse sentido, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia,

reunindo esforços para mudar a política dos asilos, buscou uma nova função

híbrida dessas instituições, sugerindo a adoção da denominação Instituição de

Longa Permanência para Idosos (ILPI). Porém as ILPIs são denominadas pelo

meio, pela literatura e principalmente pela sociedade em geral, como casas de

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repouso, clínicas geriátricas, abrigos e asilos. Entende-se, portanto, que essas

instituições não são conhecidas e não se autodenominam como ILPIs.

Chama de ILPI um lar especializado, com a dupla função de oferecer

assistência gerontogeriátrica, conforme o grau de dependência dos seus

residentes, e, ao mesmo tempo aconchego de um ambiente doméstico, no qual

são preservadas a intimidade e identidade dos seus residentes.

De acordo com a ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(2005):

As ILPIs são instituições governamentais ou não governamentais, de caráter residencial, destinadas ao domicílio coletivo de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar, em condição de liberdade, dignidade e cidadania. (ANVISA, 2005, p.13).

Nas Instituições de longa permanência para idosos os residentes

recebem de moradia, alimentação, vestuário, serviços médicos e

medicamentos, por esses motivos é comum que as ILPIs sejam confundidas

com instituições de saúde (CAMARANO; KANSO, 2010).

As ILPIs não devem ter um aspecto de asilo como antes o era. Deve

funcionar em unidade inserida na comunidade, com características residenciais

e estrutura física adequada, visando o desenvolvimento de relações mais

próximas do ambiente familiar e a interação social com pessoas da

comunidade. Seu funcionamento acontece por vinte e quatro horas

ininterruptas. No que se referem às edificações, estas devem ser elaboradas

de forma a atender aos requisitos previstos pela ANVISA (ANVISA, 2005).

A regulamentação da Lei 8.842/94, de 03 de julho de 1996, traz proposta

concreta para viabilizar avanços que dão ênfase ao atendimento não asilar do

idoso (art. 4º), além de garantir a melhoria no atendimento asilar aos que não

possuem vínculos familiares, nem meios para suprir sua subsistência, pelo

menos num período de transição, dependendo de atitudes filantrópicas ou

públicas.

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De acordo com a Resolução de Diretoria Colegiada – RDC (2005) as

ILPIs são obrigadas a manter um quadro de profissionais capacitados para

atender os idosos prestando assistência adequada. O quadro de profissionais

deve ser de acordo com as necessidades e dependência de cada residente

classificada em três graus, conforme segue:

Grau de dependência I: Nesse caso o residente é independente, mas precisa

de equipamentos de autoajuda. Nesse grau, é utilizado um profissional

trabalhando 8 horas por dia para atender a 20 pessoas.

Grau de dependência II: Nesse caso, existem dependentes com até três

atividades de autocuidado para AVDs. Devido aos cuidados maiores, um

profissional cuida de dez pessoas idosas por turno.

Grau de dependência III: Nesse caso, existem dependentes que necessitam da

assistência em todas as atividades de autocuidado para as AVDs, ou com

comprometimento intelectual. Para que esses dependentes possam receber

um melhor atendimento, é necessário que um profissional cuide de seis idosos.

Vale ressaltar que, apesar de obrigatório, existem ILPIs que são

carentes de recursos financeiros, optando por contratar mão de obra mais

barata e, portanto, não qualificada para atender adequadamente os idosos que

deveria ser exercida por enfermeiros geriatras. Os cuidadores formais, assim

chamados, não possuem habilidades e comprometem muitas vezes todo o

trabalho da instituição, principalmente com maus tratos.

Apesar da inexistência de dados gerais que indiquem o total de idosos

brasileiros institucionalizados, percebe-se que a atenção ao idoso nas

tradicionais instituições asilares é uma realidade que permanece no momento

sócio histórico do envelhecimento no Brasil.

Regnier e Pynoos (1992) apresentam 12 princípios orientadores para

intervenções em instituições de longa permanência. São estes os princípios:

privacidade, interação social, oportunidade de escolha, controle e autonomia,

estimulação, familiaridade, personalização, estética e aparência, segurança,

funcionalidade, aspectos sensoriais, e adaptabilidade. Ressaltam que esses

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princípios são interdependentes, e devem ser vistos como partes de um

contínuo.

O Estatuto Nacional do Idoso (2004), é um importante instrumento para

a garantia dos direitos dos idosos e norteador das políticas de atendimento, no

seu capítulo II, art. 49:

Art. 49: As entidades que desenvolvem programas de institucionalização de longa permanência adotarão os seguintes princípios: I – Preservação dos vínculos familiares; II – Atendimento personalizado e em pequenos grupos; III – Manutenção do idoso na mesma instituição, salvo em caso de força maior; IV - Participação do idoso nas atividades comunitárias, de caráter interno e externo; V- Observância dos direitos e garantia dos idosos.

A conquista desses direitos para a pessoa idosa denota uma divisão que

visa à garantia desses direitos para o idoso, passando a gozar de seus direitos

de uma maneira bem teórica, de extrema importância promovendo uma ação

de conquista social.

Portanto, a institucionalização no Brasil tem seus avanços e retrocessos,

mas o importante é que dentro dessa lógica existe a conquista de direitos dos

usuários idosos e que a melhoria e o fortalecimento só vem a alavancar nessa

perspectiva de melhoria para estes.

2.2 O idoso institucionalizado: uma análise da visão dos idosos

institucionalizados no Recanto do Sagrado Coração.

Diante do exposto acima, faz-se necessárioa uma característica do perfil

dos idosos institucionalizados no Recanto do sagrado Coração para que se

tenha uma maior compreensão acerca dos dados e resultados obtidos na

pesquisa, enfatizando que a instituição somente recebe idosos do sexo

feminino.

2.2.1 Perfil dos entrevistados

Idoso A

Nascida no Estado do Ceará tem 81 anos, é viúva tem ensino médio

completo, concursada do Estado como secretária, é aposentada e recebe mais

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de dois salários mínimos, está há 07 anos na Instituição. Tem apenas um filho

que veio a falecer logo há quatro anos, entrou na instituição por decisão do

filho pelos motivos da convivência com a sua nora não ser agradável à solução

foi colocá-la numa instituição também pelo fato de ser filho único. O contato

que tem com seus familiares é pouco, somente com os primos, e não tem

contato com a única neta pelo fato da ex nora não deixar.

Idoso B

Nascida no interior do Ceará, em Massapé, tem 89 anos; é viúva, tem

ensino médio completo, é aposentada e trabalhava como costureira. Recebe

mais de um salário mínimo, nunca teve filhos, está há 05 anos na instituição.

Entrou na instituição por decisão de seu irmão pelo fato desta residir sozinha e

não ter companhia alguma, o irmão decidiu que o melhor para ela era conviver

em uma instituição com outro idoso, isso faria bem pra ela. O contato que ela

tem com a família, é estabelecido com seu irmão, sobrinho e cunhada. Eles a

visitam bastante, assim como ela visita-os em sua residência.

Idoso C

Nascida no Estado de Manaus tem 71 anos, é solteira, nunca casou, era

Professora de Inglês, é aposentada, ganha mais de dois salários mínimos e

possui uma renda extra de uma casa alugada, nunca teve filhos, está há 07

anos na Instituição. Entrou na instituição por decisão própria, por motivos

financeiros e pelo fato de residir sozinha. O contato que ela tem da família é

com seu irmão que no momento da entrevista estava hospitalizado, mas vai

todos os meses visitá-la.

Idoso D

Nasceu no Estado do Ceará no Município de Quixadá, tem 92 anos, é

viúva tem o ensino fundamental, era doméstica. Hoje é pensionista, recebe

mais de um salário mínimo, nunca teve filhos e ainda afirma “Graças a Deus”

por não possuir filhos, está há 11 anos na instituição. Entrou na instituição por

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decisão própria por se sentir sozinha, encontrando problemas financeiros de

residir sozinha, por isso a decisão de morar na instituição pagando apenas um

valor mensal. O contato com a família é somente com uma sobrinha, que

sempre vai visitá-la.

Idoso E

Nasceu no Estado do Ceará, tem 79 anos, é solteira nunca se casou,

tem o ensino médio completo, é aposentada como funcionária pública, recebe

mais de dois salários mínimos, nunca teve filhos e há 07 anos está na

instituição. Entrou na instituição por conta própria após o falecimento da tia e

da mãe. Para não residir sozinha, decidiu entrar na instituição, acredita que a

vida dela é muito boa. O contato que ela tem com a família é pouco, devido aos

familiares residirem em outro Estado, ficando difícil o acesso todos os meses,

mas tem uma amiga em que ela passa quase todos os finais de semana na

casa dela para se distrair.

Idoso F

Nasceu no Estado de Pernambuco, tem 84 anos, é solteira, tem Ensino

Superior Completo, é aposentada como Professora e recebe mais de dois

salários, tem uma filha adotiva, há 03 anos está na instituição. Entrou na

instituição por opção da filha que não podia mais cuidar dela e pediu ajuda a

um padre da instituição para colocá-la no abrigo, ela diz que veio forçada para

instituição por que não queria deixar sua casa e nem sair de perto da filha. O

contato que ela tem com a família é somente com essa filha uma vez ao mês,

quando esta recebe o seu salário e a filha vem pegar uma parte (relatos da

idosa).

Idoso G

Nasceu na Cidade de São Luiz no Estado de Maranhão tem 83 anos, é

divorciada, estudou até a quarta série do ensino fundamental, é aposentada,

recebe um salário mínimo, tem uma filha, e está há 04 anos na instituição.

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Entrou na instituição por conta própria, morava com a filha e achava que

interferia no casamento da filha, então decidiu ir para uma instituição e deixar

sua casa para a filha morar com os netos e o genro. O contato com a família é

com sua filha, é muito bom, sempre liga, e sempre manda um táxi ir buscá-la

para ir passar o final de semana com os netos e também sempre vai buscá-la

para levar ao médico nos dias de consulta; isso para ela é muito gratificante.

2.2.2 O idoso institucionalizado: análise dos dados obtidos através de

categorias

Foram coletados depoimentos de 07 idosas, através de entrevistas, no

sentido de captar a repercussão da velhice, família e a institucionalização na

vida de cada uma. As idosas foram escolhidas aleatoriamente, conforme a

disponibilidade e interesse em participar da pesquisa. Alguns aspectos podem

ser identificados nas falas a seguir:

Discutindo a Velhice

Em que a idade a velhice começa? Determinar a idade em que uma

pessoa pode ser considerada idosa é uma tarefa difícil, pois num determinado

momento histórico, numa dada sociedade e em diferentes situações sociais,

uma pessoa pode ser considerada idosa aos 70, aos 60, ou até mesmo aos 40.

(MASCARO, 1997). Quando discutimos a velhice com as idosas entrevistadas,

percebemos algumas dessas características.

Eu não gosto de jeito nenhum de ser velho, minha vida era muito boa eu frequentava os clubes de Massapê, casei muito bem, vivia muito feliz todos gostavam de mim, minha vida mudou completamente, a velhice eu não adoto. (A, 81 anos).

Às vezes me sinto um nada, a gente não pode resolver o problema da velhice Deus quer, então, a gente fica velho até quando Deus quiser e acabou. Deus já levou meu marido e minha mãe e já posso ir também, né. Ninguém quer ficar velha, mas fica, os anos vão passando e a gente vai chegando aquela vida de velhice. Todo mundo fica velho, quem não morre nova? aí que fica velho mesmo. (B, 89 anos).

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Perceber de repente o próprio envelhecimento, tomar conhecimento de

que o tempo urdiu e teceu tramas em nosso corpo, pode ser uma experiência

marcante. (MASCARO, 1997). Inúmeras vezes, podemos sentir a vaga

sensação de não ter idade alguma.

Eu não entendo por nada, eu não me preocupo em ser velha, se todo mundo fica velho, ninguém nasce pra semente, vocês pensam que vão ficar sempre novinha andando nas casas atrás disso ou daquilo, chega uma época que vocês não vão ter nem coragem de se levantar. (B, 89 anos). Sinto-me bem em ser uma mulher idosa, pois me cuido, cuido da minha saúde e do meu bem estar, esta em paz comigo mesma é mais importante que qualquer coisa, a paz de espírito é tudo pra mim, me faz rejuvenescer por dentro. (E,79 anos).

Ferreira (2011) afirma que as alterações no corpo com a chegada da

velhice ocorrem por todo o sistema do organismo, de maneiras diferentes, cada

qual no seu ritmo, sendo que as mudanças são nítidas tanto interna, como

externamente, e fazem parte do desenvolvimento normal da espécie humana.

Acho triste ser uma mulher idosa, por que é uma vida tão diferente do passado, por que eu tinha uma vida muito boa era muito estimada nas festas, namorava muito, era muito bonitona, muito auspiciada e hoje tudo se acabou. Eu era muito bem vista, bastava eu dar um passo, encontrava os rapazes mais bacanas. (A, 81 anos).

Embora a sociedade estipule os marcos da idade, o mais importante é

você perceber que a idade da velhice é relativa, e não tem o mesmo significado

para todas as pessoas. (MASCARO, 1997). Como vemos nas falas das idosas

F e D:

A gente nem sabe o que dizer sobre a velhice, mas é um dom de Deus, é bom viver, viu? Mas quando a gente luta pra fazer as coisas certas, é bom viver para fazer bem aos outros, trabalhar e estudar. (F, 84 anos) Minha velhice, Graças a Deus, sou muito bem com minha ela, sei me alimentar, sei lavar roupa, sei fazer tudo dentro da minha casa. Como muito bem, a calma daqui é tudo para minha velhice. (D, 92 anos)

A idade, algo pessoal e preciso, ainda não conseguiu fazer sombra e

muito menos apagar a antiga obscura relação com o tempo. (PARK, 2006).

Podemos perceber que a velhice, para alguns idosos, tem um sinal negativo;

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para outros, em sua fala é um sinal de paz, de benção com a chegada da

velhice, momento esse que muitos de nós ainda chegaremos “Assim, viver bem

a velhice é uma responsabilidade pessoal.” (NERI, 2006, p.25).

Uma velhice com saúde até tudo bem, mas velho com doença não presta, eu sinto muita dor nas costas, então vou muito ao médico, eu me sinto muito bem sendo uma mulher idosa, eu não sei como muita mulher tem uma cara de maracujá de gaveta e fica se sentindo como se não tivesse essa idade, se eu mentir vai diminuir minhas marcas no rosto, a pessoa tem que aceitar a velhice, e quando você tem neto, filha, você não tem mais sossego, então me preocupo muito com eles. (G, 83 anos).

Contudo Park (2006) fala que saúde não tem idade o que conta é a

juventude da alma, o estado de espírito que nos enche de alegria e vontade de

viver. Com esta visão moderna de terceira idade, todos passam a viver melhor,

na certeza de que a velhice não é coisa do outro mundo, sinônimo de doença e

solidão. Dizem os antigos, que a velhice é o momento em que o homem se

encontra de frente com a própria vida. Pena que uns sejam tão tolos, a ponto

de desperdiçar o convívio com uma fonte tão rica de conhecimentos.

A velhice faz parte de um ciclo natural da vida: nascer, crescer,

amadurecer, envelhecer e morrer e as transformações que a caracterizam

originam-se no próprio organismo. (MASCARO, 1997). Observamos o

pensamento de Mascaro nas falas da idosa C e E ao afirmar a velhice como

algo natural.

Velhice é uma coisa natural da vida, se você não morrer novo, você vai morrer velho. Eu acho uma coisa natural da vida, as vezes a gente olha pro passado e pensa no que perdeu e no que não fez, eu acho que nós estamos aqui de passagem, ninguém está aqui pra sempre, o que passou, passou. Não devemos se arrepender. Como mulher me sinto bem por que, financeiramente, não me sinto bem, mas no mais, me sinto bem. (C, 71 anos).

Tenho a velhice como algo bom, pois nunca tive nenhum problema com a idade, ser velho pra mim é algo natural, já aproveitei muito a minha juventude, o que eu pude usufruir de bom dela e fiz, não me arrependo de nada que vivi quando era mais jovem. (E, 79 anos).

Contudo, percebe-se que o enfrentamento da velhice faz parte do ciclo

da vida. Cabe a nós aceitar e nos organizar como se chegar nela com nossas

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expectativas, aquilo que fazemos quando somos jovens reflete no futuro e na

chegada da velhice, não nos esquecendo dos percalços que nos acompanha

ao longo do percurso da vida. Velhice para as idosas entrevistadas é uma

gama de sentimentos que mistura saúde, aceitação desse ciclo da vida e

também a questão familiar como vínculo de fortalecimento para essa

caminhada.

Discutindo a relação com a família

A família é uma das instituições mais importantes e eficientes no tocante

ao bem-estar dos indivíduos e à distribuição de recursos. Ela intermedeia parte

da relação entre o mercado e os indivíduos, já que distribui rendimentos entre

membros, assim como faz a intermediação entre o Estado e o indivíduo,

redistribuindo, direta ou indiretamente, os benefícios recebidos. (CAMARANO,

KANSO, MELLHO, 2008).

Eu adoro a minha família e é muito importante pelo menos a minha custa a vir, mas quando vem pra mim o mais importante é a união entre a família. (D, 92 anos)

Meu único vinculo é com minha única filha, sempre vou na casa dela para irmos ao shopping, almoçamos juntas e vou vê meus netos, são mais de cinco vezes durante o mês que nós nos vemos. (G, 83 anos)

Família é tudo, mas na época de hoje família não tem muita importância, pai matando filha, eu vejo isso na televisão, minha vida é na televisão, eu acho que estamos num fim de mundo. (G, 83 anos)

Muitas vezes os vínculos são rompidos e a família se torna um estranho

para alguns idosos, observamos a exposição da idosa E quando ela é bem

enfática ao afirmar que não tem mais vínculos com sua família.

Eu não tenho vínculos com minhas família, apenas tenho dois irmãos que vivem em Brasília e só tenho contatos com eles por telefone. (E, 79 anos)

Freitas (2002) complementa dizendo que o convívio significa relacionar-

se consigo mesmo e para com os outros. Assim é preciso que o idoso tenha o

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autoconhecimento das suas percepções, seus valores e crenças, suas

ambições, suas próprias expressões, o prazer de criar e recriar e de se

autovalorizar, valorizando o próximo. Analisamos as falas das idosas C e F

vemos algumas dessas características em relação as suas percepções e ao

convívio quando se fala em família.

A família quando são bons é um presente de Deus, mas quando são ruins é uma dor muito grande, às vezes perde a família pela morte é melhor do que perde um familiar em vida, por que se você briga é difícil voltar a se falar, por que a vida às vezes separa muito mais que a morte. (C, 71 anos).

Eu me sinto bem porque não estou no meio da minha família, por que eu sou uma pessoa muito independente. E nem tudo eu aceito das pessoas e não aceito caminho errado de ninguém, por isso prefiro ficar distante da família. (F, 84 anos).

O ambiente familiar para a pessoa idosa nem sempre é um aconchego.

Na maioria das vezes, os grupos de convivência e de organização social

dessas pessoas são procurados para suprir a solidão e o descaso em que

vivem. Convivendo em sociedade os idosos adquirem a capacidade do

autoconhecimento, sabedoria e sensibilidade para que possam fazer

questionamentos de forma mais consciente em busca de sua autonomia.

Quando retomam para suas casas, tudo volta a ser como antes.

Minha família me visita (sobrinhos), mas não frequente, por que eu não quero eles aqui pra não atrapalhar a vida deles, eles me perguntam eu posso ir hoje aí e eu digo não. Por que não quero que atrapalhe as atividades. (A, 81 anos)

O indivíduo idoso perde a posição de comando e decisão que estava

acostumado a exercer e as relações entre pais e filhos modificam-se.

Reconhece-se que para cada família o envelhecimento assume diferentes

valores que, dentro de suas peculiaridades, pode apresentar tanto aspectos de

satisfação como de pesadelo. (MENDES et al, 2005).

Minha família é meu irmão a mulher dele e minha sobrinha, essas são minha única família, são o que eu tenho mais contatos, assim mesmo fico preocupadíssima, pois estão todos doentes, minha relação com eles é ótimo. só tenho muito contato com meu irmão, minha sobrinha e minha cunhada. Minha família é cada qual cada um por si, não sou

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eu que vou resolver problema do meu irmão e minha cunhada, tudo depende de Deus de sua misericórdia e deles. (B, 89 anos)

Falcão e Baptista (2010) dizem que a resposta de cada família para a

fase do ciclo da vida da velhice decorre comumente dos relacionamentos,

vínculos e padrões familiares anteriores a essa fase, desenvolvidos para

manter a estabilidade e a integração entre seus componentes.

Por assim dizer, observamos que o sentimento de pertencer a uma

família envolve afeto, liberdade, histórias compartilhadas, enfim vários fatores

que abrangem questões conscientes e inconscientes. Vemos através das

análises em relação à família que ela tem vários sentidos para os idosos para

uns é bom, para outros não existem vínculos. Portanto, não podemos definir a

família como base de tudo na relação entre ela e o idoso, devido às diversas

características que ela representa na vida deles.

Discutindo a mudança após a institucionalização

No capitalismo contemporâneo o idoso se resume a um mero

espectador da sua própria vida, acostumando-se geralmente a depender de

outros, não se percebendo mais como o dono de sua vida, onde suas escolhas

não são mais respeitadas e consideradas. Com isso o idoso passa a viver

isolado e perde sua identidade, distanciando-se cada vez mais da cidadania

que deveria ser mantida pela família e construída pela sociedade. (BORGES,

2006).

Minha vida mudou aqui para a solidão, na qualidade de vida, aqui em vivo em solidão, antes eu tinha um ambiente bom, família um marido do lado, filha empregada, ambiente bom, muitos amigos e hoje não minha vida aqui é muito solitária, apesar que quando as professoras chegam aqui tentam me colocar em grupos de convivência e gostam muito de mim. (A, 81 anos).

Diante disso, surge a questão do idoso ir para uma instituição se

tornando um idoso institucionalizado considerada como um fator necessário na

sua vida, após seus vínculos serem desfeitos e suas escolhas não serem mais

pertinentes e eficazes na hora de uma decisão sobre sua vida. Para Araújo et

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al (2008) torna-se fundamental também definir qual é o entendimento da

expressão “idoso institucionalizado”. Institucionalização significa, na língua

portuguesa, “ato ou efeito de institucionalizar”. De modo geral, são as pessoas

com 60 anos ou mais, que vivem em instituições especializadas e recebem

cuidados pertinentes às necessidades adquiridas. Assim, idoso

institucionalizado é aquele que vive em uma instituição para receber cuidados.

Mas, diante do idoso institucionalizado quais as mudanças que

ocorreram em suas vidas após entrarem na instituição, esse é um

questionamento que os mesmos institucionalizados respondem:

Não mudou nada eu sou a mesma pessoa, se mudou é a convivência com outras pessoas, por que aqui tem mais pessoa pra eu conviver todos os dias apenas que eu fico no meu canto, não posso participar sempre das atividades, pois mal consigo sair da cadeira de roda, visita não aparece, acho horrível que nenhuma visita aparece, ninguém e nem da minha menina, telefono todo dia e o telefone é bloqueado, eu não sei o que acontece, só sei que não tenho notícia, eu não abandonei a família, o meu telefone não toca. Se dependesse de mim, jamais teria vindo pra cá, eu dou muito valor à família. (F, 84 anos) Acho que os dias são iguais aqui, não muda nada, é tudo a mesma coisa. Eu acho que vou viver pouco, deixei o número com minha menina se ligarem daqui dando a notícia dizendo que já morri. Eu só penso no presente, com Deus me deito e com Deus me levanto, agradecendo sempre a Deus pelo dom da vida. (F, 84 anos)

Não mudou nada, só a saudade do meu marido e da minha mãe, mas o resto é tudo normal pra mim. A minha relação e a minha situação de vida, não mudou nada. (G, 83 anos)

Se por um lado as ILPIs desempenham seu papel de acolhedoras dos

idosos em processo de exclusão social, por outro lado suas normas internas

contribuem para o afastamento dos problemas sociais externos,

proporcionando um confinamento social, ficando os idosos restritos apenas à

vida institucionalizada, caracterizando-se como uma forma de ruptura dos elos

que os ligavam à vida familiar e social. (ALCANTARA, 2004).

Aqui é um silêncio... uma coisa muito boa, muito calma, melhorou por causa da igreja. A igreja é aqui dentro. Quando quero ir a missa não

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precisa eu sair daqui, eu acho que mudou tudo pra melhor. Eu não tinha o que eu tinha aqui antes por que hoje em dia não se pode mais nem estar dentro de uma casa que não tem segurança e aqui me sinto segura, de jeito nenhum sinto solidão, eu era acostumada eu e meu marido, aí ele morreu.(D, 92 anos)

Se eu não tiver nada pra fazer eu vou ler, e pronto, a vida já passou pra mim, é uma rotina viver aqui dentro. Temos que viver conforme a música daqui, né? (B, 89 anos).

Se ao mesmo tempo em que a instituição te isola do mundo, ela te

oferece a satisfação de alguns quesitos aparentemente bons, como um lugar

seguro, por exemplo. No entanto, “Toda instituição conquista parte do tempo e

do interesse de seus participantes e lhe dá algo de um mundo” (GOFFMAN,

1961, p. 16).

Gosto muito de participar das missas aqui, conversas e se abrir com outras colegas daqui, se eu estivesse sozinha em casa, seria pior. É muito monótono por que muitas vezes não tem com quem conversar, e às vezes se some todo mundo. (C, 71 anos)

O enfrentamento do processo de envelhecimento por parte do idoso se

expressa de diferentes maneiras, tendo em vista que, em geral, é quando não

possui alternativa ou recurso que se faz necessário recorrer a uma instituição.

Alguns idosos aprovam a condição de institucionalizados, em decorrência da

falta de recursos financeiros próprios ou de familiares. Outros vêem sua

condição como marginalização, abandono e rejeição, prostrando-se à espera

da morte, sem ter expectativas e desafios. (BORN E BOECHAT 2006)

Mudou pra melhor a minha vida aqui, pois hoje me sinto mais viva, aqui na instituição, participando das atividades desenvolvidas, e sabendo que posso contribuir com algo para fazer melhor meus dias e os dias de minhas colegas que moram comigo aqui, pois aqui, quando quero conversar, ou compartilhar algo da minha vida, sei com quem eu posso contar, já que se eu estivesse em casa seria muito solitário, pois morava sozinha, minha vida era uma monotonia. Sinto-me muito bem vivendo na instituição, gosto de tudo que acontece aqui, atividades, palestras e aulas educativas, isso motiva a gente demais (E, 79 anos)

Eu tive que vim morar aqui por conta da minha situação financeira, e também pelo motivo da morte da minha mãe, pois além de morar sozinha, pagar as despesas de casa, a empregada estava me dando gastos muito alto, por isso que escolhi viver aqui. (C, 71 anos).

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Também temos a questão do relacionamento entre os idosos

institucionalizados, da qual Born e Boechat (2006) falam que o relacionamento

entre os idosos institucionalizados é um fenômeno complexo, porque depende

da disposição e expectativas deles, bem como de condições externas que

favorecerão, ou não, a formação de vínculos afetivos. Todavia, a interação

entre os idosos institucionalizados nem sempre é harmônica. Esse

relacionamento pode ser conflituoso, pois se observa que a grande maioria dos

residentes é desprovida de interesse na construção de novos laços de

amizade.

Diferente da vida que eu tinha, eu vivo no meio dos estranhos. Isso é péssimo, e eu morava num ambiente muito bom perto da igreja, mesmo me relacionando com outras pessoas que são difíceis às vezes, lugar melhor que aqui eu não podia encontrar. Eu pago esse quarto, tenho direito a todas as refeições, e ainda pago uma cuidadora, tenho minha pensão do meu marido e ainda tenho minha pensão, com ela que pago minha cuidadora. (A. 81 anos).

Eu gosto daqui, mas não tem nada como a gente na casa da gente, mudou tudo assim, por que não esta na casa da gente, mas aqui você tem que ter muito cuidado, por que o povo tem uma língua e fuxico comigo não cola, e isso tem em todo lugar. As coisas mudaram pra melhor, eu gosto daqui sim, se não, eu não estava esse tempo todo, eu procuro brincar e me dou com todas e não tenho jeito de aguentar ninguém, mas eu levo tudo na molecagem. (G, 83 anos)

Para as idosas a questão do convívio muitas vezes se torna difícil por

conviver com pessoas estranhas. Mas, ao mesmo tempo, analisamos que a

questão da convivência é uma forma que já vem antes destas entrarem nas

instituições por terem dificuldade de se relacionarem e conviverem até com os

próprios familiares, questões que existem em todas as relações e que parte da

necessidade de cada um analisar se deseja viver dessa forma se relacionado,

ou não.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização deste trabalho proporcionou uma visão mais ampla dos

conceitos acerca da velhice, do idoso e da institucionalização em Instituições

de Longa Permanência. O objetivo geral deste trabalho era analisar a mudança

na vida do idoso após a institucionalização, visto que trouxemos a percepção

desses idosos entrevistados em relação à velhice e à família, observando que

todas essas características englobam o corpo do objetivo geral do trabalho.

A proposta de assimilar essas questões da velhice e da família com o

idoso institucionalizado, levou-nos a percepção de que a instituição é

reconstruída através do tempo entre o idoso e seus familiares. De acordo com

os dados obtidos, notamos vários fatores que relacionam os idosos com a

questão da velhice, fatores como não aceitação, outros como uma coisa boa e

por fim como um ciclo natural da vida.

Em relação a sua família, alguns perderam os vínculos familiares por

causa de morte ou por nunca terem tido esse vínculo tomando para si outro

tipo de família, como amigos mais próximos e até outros idosos que fazem

parte da instituição. Quando se fala do processo de mudança da

institucionalização na vida dos idosos, chegamos a perceber que para o idoso,

não deveria existir lugar melhor para se estar do que em seu próprio lar. Mas o

lar pode ser um local com situação precária e maus-tratos que comprometem o

bem-estar e a vida. E não existe o cuidar que envolve afeto e disponibilidade

emocional e física, como também condições materiais, financeiras e suporte

para manter.

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Levando-se em consideração a atual circunstância do idoso, que em sua

maioria vive em situações de exclusão social e negação dos seus direitos, por

parte do Estado, sociedade e por que não dizer que até da família, torna-se

imprescindível a realização desta pesquisa. Mas, percebemos que são

necessárias mais pesquisas em relação à temática do idoso institucionalizado,

além da maior divulgação dos resultados para que se multipliquem os estudos

também, no que se diz das motivações e percepções dos idosos

institucionalizados.

Não se esquecendo de que o cuidar é um exercício constante, baseado

nas necessidades do idoso, atender as demandas que vão surgindo no

decorrer do processo de institucionalização e que necessitam ser aprendidas

no enfrentamento do cotidiano e sendo orientadas por profissionais

capacitados. E que o amor e a paciência são sentimentos que devem estar

ligados para esse segmento da população idosa.

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APÊNDICE A

Roteiro de Entrevistas:

Idade: Dados de identificação : Estado civil: ( ) Solteira ( ) Casada ( ) Viúva ( ) Divorciada ( ) União estável ( ) Naturalidade: Profissão: Escolaridade : ( ) Alfabetizada ( ) não alfabetizada ( ) Ensino fundamental ( ) Imcompleto ( ) Completo ( ) Ensino médio incompleto ( ) Superior incompleto ( ) Renda. ( ) Aponsetada ( ) Pensionista ( ) Outros ( ) Tem Família? Sim ( ) Não ( ) Tem filhos? Sim ( ) Não ( ) Quantos ____ 2) Questões Norteadoras: a) Qual seu entendimento sobre velhice? b) Como se sente sendo uma mulher idosa? c) Há quanto tempo a Sra reside no recanto do sagrado coração? d) Quais as razões a levaram a sua entrada na instituição? e) O que mudou na sua vida desde a chegada ao recanto? f) O que mudou na sua qualidade de vida desde que a Sra. entrou na instituição? E no que se diz a respeito dos fatores positivos e negativos g) A sua chegada aqui se deu por conta própria, ou decisão de familiares? h) O que a Sra. gosta mais de fazer das atividades na instituição? E o que não gosta? Há algo que lhe incomoda?

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i) Quais os seus sentimentos ao primeiro contato com os espaços físicos e com as pessoas que vivem no Recanto? j) Existe algum vínculo entra a senhora e sua família? Com que frequência seus familiares a vistam? l) O que pensa sobre a importância da família dentro do seu cotidiano de vida. m) Como descreveria seu dia desde a hora que acorda, até a hora que se deita? n) Qual a pessoa que mais lhe apóia? Como a Sra. acha que lhe tratam na instituição? o) Como se sente morando nessa instituição? A Sra. gosta do espaço onde mora? Como a Sra avalia em geral os atendimentos e os tratamentos que a instituição presta aos idosos? O que está em falta no seu entender? p) Quais os sonhos e perspectiva sobre o futuro? O que mais gostaria que lhe acontecesse? Acha que todos os dias são iguais? Ou ainda vale a pena sonhar?