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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ
FACULDADE CEAREANSE – FAC
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
HABILITAÇÃO EM JORNALISMO
DOCUMENTÁRIO VIDA DE CADEIRANTE: DIFICULDADES E
DESAFIOS SOBRE DUAS RODAS
GESSYKA COSTA
GLÁUCIA AIEZZA
STEFFANY RODRIGUES
FORTALEZA – CE
2013
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GESSYKA COSTA
GLÁUCIA AIEZZA
STEFFANY RODRIGUES
VIDA DE CADEIRANTE: DIFICULDADES E DESAFIOS SOBRE DUAS
RODAS
Relatório de Pesquisa apresentado à Faculdade Cearense (FAC)
como requisito para conclusão da graduação em Comunicação
Social, com habilitação em Jornalismo, sob a orientação do
Professor Reginaldo Aguiar.
FORTALEZA – CE
2013
3
A Deus, pela sabedoria em nossa caminhada.
Aos familiares, por serem apoios em nossas
vidas e ao nosso orientador, Reginaldo Aguiar,
por nos dar direcionamento e ensinamento
para conclusão do nosso projeto.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por me dar força, garra e determinação para a
conclusão desse curso. Aos meus familiares por me apoiarem nas minhas decisões e me
passarem positividade para continuar. Muito Obrigada.
Aos meus avôs, Cecília e Moisés, por me acolherem e me proporcionarem o que
há de melhor em uma pessoa: o saber. Muito obrigada por acreditarem no meu potencial
e por financiar meus estudos.
A minha mãe, Lizete Freitas, que é meu grande espelho de determinação e força
de vontade, sem seu apoio eu não chegaria tão longe. Muito obrigada por fazer parte da
minha vida, sempre me dando força. O seu estímulo e carinho foram armas dessa
vitória. Obrigada.
Ao meu amado esposo, Douglas Monteiro, por acreditar na minha vitória e me
dar força para continuar. Sem ele jamais teria conseguido, pois quantas vezes eu
precisei deixar nosso filho, ainda pequeno, para concluir essa tão sonhada formatura.
Obrigada pela compreensão nos momentos mais difíceis dessa jornada. Ao meu amado
filho, João Pedro, que apesar de tão pequeno, faz tanta diferença na minha vida, pois é
por ele, para eles, pois agora já vem outro bebê, que luto por uma melhor formação,
para que no futuro eu possa ser espelho e referência para os meus filhos. Muito
obrigada.
Minhas amigas e Gessyka Costa e Steffany Rodrigues, não apenas por
partilharem dessa conquista comigo, mas pelo incentivo e pelo apoio constante na
elaboração desse projeto tão importante para nós. Obrigada pela amizade e paciência,
pois sei que sou muito exigente e às vezes acabo me exaltando. A amizade de ambas é
muito importante para mim. A todos os participantes do documentário, em especial,
Alana Souza, Patrícia Santos e Regislano Oliveira, por fazerem parte desse projeto tão
importante em minha vida acadêmica. Ao Mauro Monteiro e David Oliveira, por
trabalharem com dedicação e empenho nas gravações e edição do vídeo. Muito
obrigada.
A todos os professores do curso, que foram tão importantes na minha vida
acadêmica e no desenvolvimento deste TCC. À professora Joana Dutra pela paciência
na orientação e incentivo que tornaram possível a conclusão deste projeto. Ao meu
orientador Reginaldo Aguiar, por me dar direcionamento nas decisões do trabalho e por
ser paciente e solícito nos momentos mais decisivos do estudo. Muito obrigada.
“Obrigado a todas as pessoas que contribuíram para meu sucesso e crescimento
como pessoa. Sou o resultado da confiança e da força de cada um de vocês.” Augusto
Branco.
Gláucia Freitas Aiezza Monteiro
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Se cheguei até aqui foi com muita determinação, esforço, dedicação e
principalmente paciência. Reconheço que durante toda a minha trajetória acadêmica,
várias pessoas me ajudaram e me apoiaram para que eu chegasse à conclusão do curso.
Quero agradecer a todos pela energia e pelo incentivo, mas especialmente a Deus, por
me encher e renovar a minha fé e força de vontade em cada amanhecer, sem Ele eu não
seria nada.
Também agradeço e dedico este trabalho à minha avozinha, Mãe Lu, minha
maior incentivadora e que me deu a mão na infância e me acolhe até hoje sem exigir
nada em troca, quer apenas que eu estude e “seja gente”. Obrigada mãezinha por
financiar os meus estudos, desde o ensino infantil até o superior. A você devo toda a
minha educação. Não poderia me esquecer de agradecer a minha mãe, Conceição, que
sempre apoiou minhas loucas decisões sem nunca fazer nenhum questionamento.
Obrigada, Mamuska!
Não poderia deixar de agradecer também as minhas duas amigas Gessyka
Amâncio, que desde o início esteve comigo na turma, e Glaucia Aiezza, que conheci no
meio do curso. Obrigada por terem me convidado para participar do projeto e mesmo
com todas as dificuldades e desentendimentos, me aturaram e sempre que possível
compreenderam as minhas falhas. Vocês jamais serão esquecidas.
Quero agradecer ao meu noivo, Filho Rocha, que muito me apoiou e deu força
no último semestre do curso, o mais cansativo e difícil. Agradeço também as minhas
amigas que sempre estiveram presentes nessa jornada, Larissa Cajazeiras, Fernanda
Padilha, Roberta Soares, Maraiza Marques e Edislene Vital. E aos meus amigos mais
próximos do curso, Renata Mendes, Claudio Teran, Lucas Diniz e Glennda Magda.
Sou grata também a todos os professores do curso de Jornalismo da Faculdade
Cearense, em especial a professora Joana Dutra pelo auxílio nas primeiras orientações
do projeto e ao professor Reginaldo Aguiar, que com toda paciência dedicou parte de
seu tempo para orientar nosso trabalho. Agradeço também aos que colaboraram
diretamente com o projeto, Patrícia Santos, Regislano Oliveira, Alana de Souza, Mauro
Monteiro e David Oliveira. Muito obrigada a todos.
Steffany Rodrigues
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Agradeço primeiramente a Deus, por ter me concedido chegar até aqui. Em
segundo, aos meus familiares e em especial a duas pessoas que foram fundamentais
nessa minha conquista: minha mãe, Salete e minha irmã Rosilane, a vocês, obrigada por
acreditarem em mim, no meu potencial e sempre estar ao meu lado, nas minhas
decisões, me fazendo sempre acreditar que estou no caminho certo.
Quero agradecer ao meu namorado, Arthur Filho, que muito me ajudou no
decorrer do meu trabalho acadêmico. Agradeço pela paciência, por sempre acreditar em
mim, por apoiar minhas decisões, acreditando e afirmando para mim, que tudo vai da
certo. Obrigada pela amizade, compreensão, companheirismo e pelo ensino que sempre
me é dado.
Quero agradecer também a professora Joana Dutra, que esteve conosco no início
do projeto, nos dando orientações e direcionamento, para que o nosso trabalho viesse a
se realizar. Agradeço ao meu orientador, Reginaldo Aguiar, por ter nos ajudado nesse
projeto desde o momento em que eu e minha equipe o convidamos para ser nosso
orientador. Agradeço pela dedicação, empenho e ensino que nos foi dado até aqui.
As minhas duas amigas, Gláucia Aiezza e Steffany Rodrigues, que também são
diretoras desse trabalho, que sem elas não teria dado tão certo. Agradeço não somente
por fazer parte da equipe no trabalho, mas também pelo esforço em sempre fazer o
melhor, em se empenharem para que tudo viesse a se realizar da forma mais correta
possível. Obrigada também pela amizade que sempre tivemos ao longo dessa jornada.
Ao meu amigo Claudio César Filho, que desde o início desta etapa de minha vida,
sempre esteve ao meu lado, obrigada por sempre ser o melhor dos amigos.
Dedico esse trabalho aos personagens desse projeto (vídeo-documentário),
Regislano Oliveira, Alana Souza e Patrícia Santos. A vocês, muito obrigada por
participar desse projeto, por dedicar um tempo de vocês contanto suas histórias diárias,
sem nem ao menos se deixar abalar por tais lembranças. A vocês, eu sou grata por esse
projeto ter dado certo, pois sem vocês ele nem ao menos teria existido. E por fim quero
agradecer a equipe de filmagem e edição, Mauro Monteiro e David Gomes.
Gessyka Costa
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Resumo
O vídeo-documentário mostra o dia a dia de pessoas com deficiência motora,
cadeirantes. A pesquisa tem como objetivo explorar o motivo pelo qual essas pessoas se
tornaram cadeirantes, quais suas dificuldades e desafios e suas superações de vida, para
seguir a rotina, apesar das limitações. Este estudo pretende ampliar o olhar de todas as
pessoas para os portadores de necessidades especiais e que possam conhecer suas
histórias e assim respeitar suas necessidades. Este trabalho de conclusão de curso, TCC,
é formado por duas partes, divididas em vídeo-documentário e relatório técnico. As
partes se complementam no esclarecimento da pesquisa. O audiovisual, como forma de
documento visual esclarecedor sobre o tema, e o relatório técnico, como complemento
de dados, com base em entrevistas, livros, cartilha, artigos científicos e internet.
Palavras – chaves: documentário, cadeirantes, dificuldades, desafios.
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Abstract
This video documentary shows the daily life of people with physical disabilities,
wheelchair users, highlighting the difficulties and challenges faced by them in their
daily lives. The research aims to explore why these people became wheelchair, what
difficulties and challenges and their exceedances of life, to follow the daily routine,
despite the limitations. This study aims to broaden perspectives for disabled people, so
they know their stories well and respect their needs. This Work Course Conclusion -
TCC is comprised of two parts, divided into video documentary and technical report.
The parts are complementary in explaining the research. The audio - visual as a way of
illuminating visual document on the subject, and the technical report as a complement
to data, based on interviews, books, textbooks, scientific papers and internet.
Words - Tags: Documentary, wheelchair difficulties and challenges.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 10
2 DOCUMENTÁRIO.......................................................................................... 12
2.1 Documentário: Gênero e Linguagem................................................................. 13
2.2 Tipos de Documentário...................................................................................... 14
3 DEFICIÊNCIA................................................................................................. 17
3.1 Deficiência Motora............................................................................................. 18
3.2 Deficiência motora no Brasil e no Ceará............................................................ 20
3.3 Deficiência e Acessibilidade.............................................................................. 21
3.4 Deficiência x Sociedade..................................................................................... 22
4 DIÁRIO DE CAMPO....................................................................................... 24
5 ROTEIRO.......................................................................................................... 26
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................... 28
7 REFERÊNCIAS................................................................................................ 29
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1 INTRODUÇÃO
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), deficiência é a “perda ou
anormalidade de estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica, temporária
ou permanente.” (AMIRALIAN, et al., 2000, p.98). Anomalias, defeitos ou perdas de
membros, órgãos, tecidos ou qualquer estrutura do corpo também estão incluídas nesse
conceito. Existem quatro tipos de deficiência física, segundo o site Deficiência no
Comunidades. São elas: deficiência motora, visual, auditiva e mental.
Para Romeu Kazumi (2009) “a acessibilidade é formada por seis dimensões:
arquitetônica, comunicacional, metodológica, instrumental, programática e atitudinal”.
Portanto, acessibilidade é “uma qualidade, uma facilidade que desejamos ver e ter em
todos os contextos e aspectos da atividade humana”. (KAZUMI, 2009, p. 2).
A pesquisa se inicia a partir da contextualização da produção de documentário
como metodologia de ensino, partindo da percepção do autor Bill Nichols (2007), que
apresenta seus discursos e as diversas possibilidades dos meios audiovisuais de
persuadir o telespectador. Nichols (2007) define também as categorias de filme e os
tipos de documentário. Para dialogar com Nichols, utilizamos o autor Elinaldo Teixeira
(2004), que também apresenta outros três tipos de documentário. Utilizamos em nosso
trabalho, os seguintes tipos de documentários: O Expositivo, que se dirige ao espectador
diretamente, com legendas ou vozes que propõem uma perspectiva, expõem um
argumento ou recontam uma história. E o Participativo, que é caracterizado pela
interação do autor do projeto elaborado, a filmagem acontece através de entrevistas.
Utiliza-se também a aparição de arquivos, como fotos, para dar maior credibilidade ao
tema abordado. Através do documentário, podemos utilizar recursos como sons e
imagens. Com esse artifício audiovisual as possibilidades de convencer ou persuadir o
espectador tornam-se maiores, pois facilita a aprendizagem através da estimulação dos
sentidos. De acordo com os estudos feitos pelos pesquisadores Carlos Ribeiro, Jose
Alberto e Luis Relvas (1999), que determinam qual a porcentagem de informação é
retido pelo cérebro no processo de aprendizagem. Retemos aproximadamente 10% do
que lemos, 20% do que ouvimos, 30% do que vemos, 50% do que vemos e ouvimos
simultaneamente, 80% do que dizemos e 90% do que dizemos ao realizar uma tarefa”.
Com isso é possível perceber que informações repassadas a partir de recursos
audiovisuais facilitam o processo de aprendizagem. Com base nesse contexto, optamos
por produzir um documentário, tendo em vista que essa seria a maneira mais viável de
11
compreender “A Vida de um Cadeirante”. O vídeo-documentário tenta repassar ao
máximo o fato real, pois não se trata de algo criado por nós, e sim de um fato que existe,
no intuito de transmitir significados e valores de uma determinada parte da sociedade, e
através dessa realidade repassada com o apoio de histórias e argumentos, vamos
permitir ao espectador que ele tenha a possibilidade de “ver o mundo” de uma nova
maneira.
Assim delimitamos como objeto de estudo três personagens: Regislano Oliveira,
Alana de Souza e Patrícia Santos. Regislano é cadeirante desde os 15 anos de idade e
também é estudante universitário, que atualmente utiliza o transporte público para
chegar à faculdade. Alana Souza é cadeirante desde outubro de 2010, mas encontrou a
superação no basquete. Hoje ela é atleta e pratica o esporte adaptado. Patrícia é dona de
casa, mãe de dois filhos e cadeirante desde a infância. Para complementar a renda
familiar, Patrícia vende cartelas de jogos em Fortaleza. O documentário apresenta as
dificuldades, os desafios e a superação de cada personagem diante da deficiência.
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2 DOCUMENTÁRIO
Documentário é um gênero cinematográfico, definido como vídeo que explora
a realidade. Não devemos, porém, caracterizá-lo através essa afirmação, pois assim
como os filmes de ficção, os documentários não mostram a realidade tal como ela é.
De acordo com o documentarista João Moreira Salles “o documentário é um
gênero em que você tem a possibilidade de refletir sobre a realidade de uma
maneira delicada, íntima.”1
Para Fernando Mascarello (2006),
A palavra documentário, usada para nomear um domínio específico do
cinema, começou a se estabelecer no final dos anos 1920 e início dos
anos 1930, sobretudo com a escola documental inglesa, embora já
figurasse antes em um ou outro texto. Ela traz marcas da significação,
surgida na segunda metade do século XIX no campo das ciências
humanas, para designar um conjunto de documentos com a
consistência de “prova” a respeito de uma época. Possui, desse modo,
uma forte conotação representacional, ou seja, o sentido de um documentário histórico que se quer veraz, comprobatório daquilo que
“de fato” ocorreu num tempo e espaço dados. Aplicada ao cinema por
razões pragmáticas de mobilização de verbas, ela desde então disputou
com a palavra ficção essa prerrogativa de representação da realidade e,
conseguinte, de revelação da verdade. (MASCARELLO, 2006, p.
253)
Já no Brasil, o documentário surge através do cineasta Alberto Cavalcante,
que, durante a década de 1920, trabalhou com as vanguardas francesas e durante as
décadas de 1930 e 1940, trabalhou no documentarismo inglês. Ainda no Brasil, o
autor do blog, Cineasta 81: Incubadora de idéias, Gustavo Serrate2,“a visibilidade
do documentário começa a despontar no final da década de 1990. O Público e a
crítica têm, cada vez mais, voltado a atenção para este tipo de cinema”. De acordo
com o blog Cineasta 81: Incubadora de ideias, “Em 2007 o documentário foi o
segundo “gênero” com maior número de lançamentos no mercado brasileiro
(superando a comédia, animação, aventura e ação)”3.
1 http://www.cinemaslumiere.com.br/blog/historia-do-documentario-no-brasil/ Acesso realizado no dia 15/05/2013, às 15h30 2 http://gustavoserrate.wordpress.com/2009/05/28/breve-resumo-da-histria-do-documentrio/ Acesso em: 25/05/2013 3 http://gustavoserrate.wordpress.com/2009/05/28/breve-resumo-da-histria-do-documentrio/ Acesso em: 25/05/2013
13
2.1 Documentário: Gênero e Linguagem
Para Bill Nichols (2007) todo filme é um documentário no momento em que ele
representa e evidencia cada tipo de cultura e aparência de pessoas inseridas em uma
sociedade real ou ficcional. Ele define o gênero como uma representação do mundo em
que vivemos, “Representa uma determinada visão do mundo, uma visão com a qual
talvez nunca tenhamos deparado antes, mesmo que os aspectos do mundo nela
representado nos sejam familiares”. (NICHOLS, 2007, p.47). O autor ainda destaca dois
tipos de documentário: o de satisfação de desejo e o de representação social. O
documentário de satisfação de desejos seria aquele onde a realidade é aquilo que
queremos, são nossos desejos, mais conhecido como ficção. Já o documentário de
representação social ou não ficcional é aquele que apresenta uma realidade social, ou
simplesmente documentário.
As duas categorias de filme, definidas pelo autor são registros audiovisuais, que
de alguma forma tem um significado a ser transmitido, são histórias narradas. A
principal diferença entre os dois tipos de filme sugeridos por Nichols (2007) é que
enquanto o de ficção serve para transmitirmos os nossos medos, sonhos, desejos,
alegrias, os que chamamos de documentário servem para mostrarmos a realidade do
mundo em que vivemos através de algo que foi ou é vivido por alguém.
Os documentários mostram aspectos ou representações auditivas e
visuais do mundo histórico. Eles significam ou representam os pontos
de vista de indivíduos, grupos e instituições. Também fazem
representações, elaboram argumentos ou formulam suas próprias
estratégias persuasivas, visando convencer-nos a aceitar suas opiniões. Quando desses aspectos de representação entra em cena varia de filme
pra filme, mas a idéia de representação é fundamental para o
documentário. (NICHOLS, 2007, p.30)
Podemos perceber que ao fazermos um documentário, o importante é mostrar o
foco principal, a história que queremos transmitir. A partir daí, nessa elaboração de
como o outro é tratado, podemos analisar características em comum que, segundo
Nichols (2007), nos permitem classificá-los como gênero audiovisual.
Para Francisco Elinaldo Teixeira (2004), o documentário pode ser considerado
de diversos tipos, pois o que vale é a forma de como um gênero tão intenso é ou vai ser
transmitido, de como sua linguagem será comunicada, relatando sempre o seu foco
14
principal. Para o autor, o documentário expõe claramente o fato que se quer passar, seja
real ou fictício. Pois há momentos em que ambos tenham uma relação mútua, em que
um se assemelha ao outro, ainda assim não deixando de ser o que é.
2.2 Tipos de Documentários
Segundo Nichols (2007), tanto no vídeo quanto no filme documentário, podemos
verificar seis tipos de representações que funcionam como gênero e subgênero do
documentário propriamente dito. São eles: poético, expressivo, participativo,
observativo, reflexivo e performático. Portanto esses modos vão de forma diferenciada
representar o que o autor do vídeo, ou filme, quer passar ao espectador, vão caracterizar
de maneira explícita o que ele quer mostrar com aquele documentário.
Em um vídeo ou filme documentário não é obrigatório ter apenas um tipo em
sua estrutura, pois ele pode ter um misto de um reflexivo com observativo, ou pode ser
poético com algumas marcas de performático. Enfim, o que vai decidir que tipos serão
utilizados são as percepções do autor, são as intenções que eles pretendem passar em
seu vídeo ou filme. Para esclarecer melhor a função de cada um dos seis tipos de
documentários vamos explicar, com base na definição de Bill Nichols (2007).
Para Nichols “esse modo enfatiza mais o estado do ânimo, do tom e o afeto de
que as demonstrações de conhecimento ou ações persuasivas” (NICHOLS, 2007, p.
138). Desta forma o modo poético é aonde o autor tem uma preocupação com a estética,
ele irá valorizar suas impressões sobre o assunto abordado. Já na construção dos seus
textos o no modo poético o autor pode utilizar poemas ou até mesmo trechos de uma
obra literária.
Segundo Nichols “o modo expositivo dirige-se ao espectador diretamente, com
legendas ou vozes que propõem uma perspectiva, expõem um argumento ou recontam
uma história” (NICHOLS, 2007, p. 142). Esse modo tem a função de mostrar as coisas
em uma junção entre o que se é dito e mostrado, ou seja, uma união entre texto e
imagem. O diferencial desse tipo de documentário é narrar um fato de forma que possa
manter a argumentação, preocupa-se com a defesa dos argumentos mostrados.
15
2.2.1 O modo observativo
Propõe uma série de considerações éticas que incluem o ato de
observar os outros ocupando-se de seus afazeres (...) A impressão de
que o cineasta não está impondo um comportamento aos outros
também suscita a questão da intromissão não admitida ou indireta.
(NICHOLS, 2007, p.148)
No modo observativo, o documentarista não aceita opiniões ou sugestões aos
seus personagens, eles têm vida própria. Ele busca a captar a realidade tal como ela
aconteceu e por isso não aceita interferência na realidade.
O modo participativo é a participação do documentarista e de sua equipe no
vídeo ou filme, pois em muitas vezes ele ou a equipe aparecem em conversas com seus
entrevistados para dar mais, como o próprio nome já diz, participação ao filme, fazendo
com que eles sejam parte do processo ativo de gravação. De acordo com Nichols, 2007,
p.153, “Os tipos e graus de alteração ajudam a definir variações dentro do modo
participativo do documentário”.
2.2.2 O modo reflexivo
Também tratam do realismo. Esse é um estilo que parece proporcionar um
acesso descomplicado ao mundo; toma a forma de realismo físico,
psicológico e emocional por meio de técnicas de montagem de evidência ou
em continuidade, desenvolvimento de personagem e estrutura narrativa. Os documentários reflexivos desafiam essas técnicas e convenções. (NICHOLS,
2007, p.164)
Nesse modo podemos observar claramente os procedimentos de filmagem que o
documentarista usou, pois ele deixa transparecer no vídeo sua relação com o grupo
entrevistado, fazendo com que o telespectador tire suas conclusões a partir das reflexões
apontadas.
2.2.3 O modo performático
sublinha a complexidade de nossos conhecimentos de mundo ao enfatizar
suas dimensões subjetivas e afetivas (...). Os filmes performáticos dão ainda
mais ênfase às características subjetivas da experiência e da memória, que
afastam do relato objetivo. (NICHOLS, 2007, p.169).
16
Podemos observar que nesse a subjetividade e o padrão estético são
características marcantes nesse tipo de documentário, e que os vídeos mais utilizados
para esse contexto são filmes de arte de cinema experimental, que passam acabam
passando uma representação mais realista do mundo histórico.
Para Teixeira (2004), existem outros três tipos de documentários, que ele chama
de “Modelos originários e seus avatares”. O interesse do pesquisador é mostrar que
podemos refletir de maneiras diferentes através apresentação de cada um deles. “Em
cada um desses textos, de modos diferentes, delineiam-se três modelos, três matrizes,
três formas documentais originárias, cujas metamorfoses constituem os eixos das
análises” (TEIXEIRA, 2004, p. 30). Para tornar mais claro a compreensão dos modelos,
vamos apresentá-los. São eles: Modelo Ficcional, Modelo Sociológico e Modelo
Ilusionista.
Modelo Ficcional “Calcado na ‘função espetáculo’, que apresenta a realidade
documental como uma ficção, com sua contrapartida em peças experimentais
simplificadas com uma desarticulação da linguagem documental dominante”.
(TEIXEIRA, 2004, p.30) Ou seja, ele tráz um fato real para uma ficção e faz com que a
linguagem seja mais simples para o melhor entendimento do telespectador.
Modelo Sociológico “tributário da crença clássica na possibilidade de atingir um
real bruto, com sua superação em documentários concebidos como ‘discursos’
construídos no real”. (TEIXEIRA, 2004, p.30) Esse modelo é comparado com o modo
expositivo de NICHOLS (2005), pois ambos preocupam-se com a defesa dos
argumentos mostrados.
Modelo Ilusionista “Herdado da “forte presença do griersonismo4” desde a
nascença do documentário, cuja problematização se dá com o surgimento de tendências
reflexivas que põem em foco os processos de representação documental”. (TEIXEIRA,
2004, p.30). Ou seja, estimular o expectador, a partir de uma reflexão, para que ele tire
suas próprias conclusões.
4 SILVIO DA-RIN, Espelho partido: tradição e transformação do documentário cinematográfico.
17
3 DEFICIÊNCIA
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), “deficiência é o substantivo
atribuído a toda a perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica,
fisiológica ou anatômica. Refere-se, portanto, à biologia do ser humano.” São vários os
tipos deficiência encontrados na sociedade, porém os profissionais da área da saúde
tiveram a preocupação em conceituar e definir de fato o que é, e quais são os tipos de
deficiência. Para o Ministério da Saúde os tipos de deficiência são a física, auditiva,
visual, mental ou intelectual, ou múltipla. Tendo em vista que cada deficiência tem suas
próprias características o Secretariado Nacional de Reabilitação, da Organização
Mundial da Saúde (OMS) decidiu então fazer um estudo que sugere a classificação da
conceituação de deficiência:
A ICIDH5 propõe uma classificação da conceituação de deficiência que pode
ser aplicada a vários aspectos da saúde e da doença, sendo um referencial
unificado para a área. Estabelece, com objetividade, abrangência e hierarquia
de intensidades, uma escala de deficiências com níveis de dependência,
limitação e seus respectivos códigos, propondo que sejam utilizados com a
CID6 pelos serviços de medicina, reabilitação e segurança social.
(AMIRALIA et al., 2000, p.98)
Segundo o site Deficiência no Comunidades, as definição para os tipos de
deficiência são: deficiência mental, “é a designação que caracteriza os problemas que
ocorrem no cérebro e levam a um baixo rendimento, mas que não afetam outras regiões
ou áreas cerebrais”, deficiência motora, “é uma disfunção física ou motora, a qual
poderá ser de caráter congênito ou adquirido. Desta forma, esta disfunção irá afetar o
indivíduo, no que diz respeito à mobilidade. À coordenação motora ou à fala. Este tipo
de deficiência pode decorrer de lesões neurológicas, neuromusculares, ortopédicas e
ainda de má formação”, deficiência visual, “é a perda ou redução da capacidade visual
em ambos os olhos, com caráter definitivo, não sendo susceptível de ser melhorada ou
corrigida com o uso de lentes e/ou tratamento clínico ou cirúrgico”, e deficiência
auditiva, “que é trivialmente conhecida como surdez, consiste na perda parcial ou total
da capacidade de ouvir, isto é, um indivíduo que apresente um problema auditivo”.
5 International classification of impairments, disabilities, and handicaps: a manual of classification relating to the consequences of disease. Geneva; 1993. 6Classificação Internacional de Doenças (CID)
18
A OMS ainda classifica esse conceito em três tópicos: Deficiência,
Incapacidade e Desvantagem. A Deficiência é a “perda ou anormalidade de estrutura ou
função psicológica, fisiológica ou anatômica, temporária ou permanente.”
(AMIRALIAN, et al., 2000, p.98). Anomalias, defeitos ou perdas de membros, órgãos,
tecidos ou qualquer estrutura do corpo também estão incluída nesse conceito. A
Incapacidade refere-se a uma “restrição, resultante de uma deficiência, da habilidade
para desempenhar uma atividade considerada normal para o ser humano.”
(AMIRALIAN, et al., 2000, p.98). E a Desvantagem é o “prejuízo para o indivíduo,
resultante de uma deficiência ou uma incapacidade, que limita ou impede o desempenho
de papéis de acordo com a idade, sexo, fatores sociais e culturais.” (AMIRALIAN, et
al., 2000, p.98).
Para a Organização Mundial de Saúde esses conceitos se fazem necessários e
importantes para que as apresentações e inclusões de grupos com deficiência tenham
mais destaque na sociedade e com isso ajude a facilitar a promoção de outras ações para
estes grupos beneficiando a eles e à comunidade em geral.
Atualmente o que se é mais questionado é qual o termo correto a se utilizar –
portador de deficiência, pessoa portadora de deficiência ou portador de necessidades
especiais? Para Romeu Kazumi (2005), ainda não há um termo correto por conta dos
tempos e dos espaços, pois em cada época será utilizados e criados termos em que o
significado seja compatível com o do período em que se vive a sociedade. O que se sabe
é que as pessoas com deficiência não querem ser chamados pela palavra portadora ou
portador. “A condição de ter uma deficiência faz parte da pessoa e esta pessoa não porta
sua deficiência. Ela tem uma deficiência. Tanto o verbo “portar” como substantivo ou
adjetivo “portador” não se aplicam a uma condição inata ou adquirida que faz parte da
pessoa.” (KAZUMI, 2005, p.6) O autor refere-se que algo pode ou não ser portado, no
caso da deficiência não é possível fazer essa escolha.
3.1 Deficiência Motora
Como já foi dito, no tópico anterior, existem muitos tipos de deficiência,
dentre elas estão: física ou motora, auditiva ou surdez, visual, intelectual, múltipla e
pessoas com mobilidade reduzida. A pesquisa aqui apresentada se atém a deficiência
física ou motora. Segundo o portal Deficiência no Comunidades:
19
A deficiência motora é uma disfunção física ou motora, a qual poderá ser
congênita ou adquirida, transitória ou permanente. Isso irá afetar o indivíduo,
no que diz respeito à mobilidade. Este tipo de deficiência pode decorrer de
lesões neurológicas, neuromusculares, ortopédicas e ainda de má formação7.
São várias as causas que podem levar uma pessoa a se tornar um deficiente
físico: acidente de trânsito ou trabalho, um erro médico, problemas durante o parto e
outros. Os tipos de deficiência motora são definidos da seguinte forma: monoplegia,
paralisia em um membro do corpo; diplegia, quando são afetados os membros
superiores; hemiplegia, paralisia na metade do corpo; triplegia – condição rara em que
três membros são afetados; paraplegia, paralisia da cintura para baixo; tetraplegia,
paralisia do pescoço para baixo e amputado, falta de um membro do corpo.
De acordo com a lei de nº 341/93 avaliada pela Tabela Nacional de
Incapacidades, considera-se deficiente motor todo o indivíduo que seja portador de
deficiência motora, de caráter permanente, ao nível dos membros superiores ou
inferiores, de grau igual ou superior a 60%. Além disso, é necessário que se comprove
que a deficiência dificulte a locomoção em via pública sem auxílio. No manual de
turismo e acessibilidade, Acessibilidade é:
condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos
espaços mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de
transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação,
por pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida8
A pessoa com mobilidade reduzida tem o direto de se locomover pelas ruas
e locais como: bares, restaurantes, shopping, etc. Assim como um ser humano sem
necessidades especiais e a grande luta deles é justamente o acesso a esses lugares, pois
muitas vezes não há estrutura adequada para recebê-los. A acessibilidade é obrigatória
para espaços e edificações de uso público e coletivo; Transporte; Informação e
Comunicação; Portais e Endereços eletrônicos; Telecomunicações e Serviços de rádio e
televisão. Essa orientação tem como referência básica as normas técnicas de
acessibilidade de acordo com as regras contidas no decreto nº 5.296/2004, retirado da
7 Informação retirada do site: http://deficiencia.no.comunidades.net/index.php?pagina=1001252395 Acesso em:
03/11/2012. 08h30 8 Informação retirada do site: http://www.acessibilidade.org.br/manual_acessibilidade.pdf Acesso em:
06/11/12 10h42
20
Cartilha de Direitos Humanos das Pessoas com Deficiência da Prefeitura Municipal de
Fortaleza.
3.2 Deficiência Motora no Brasil e no Ceará
No último censo apresentado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) foram identificados no Brasil que 24,5 milhões de pessoas (14,5% da
população), têm algum tipo de deficiência, seja ela física ou motora, visual, auditiva,
intelectual, múltipla ou mobilidade reduzida. Desse total, 24,5 milhões, 23% com
deficiência motora. Para a deficiência motora foi pesquisado o grau de dificuldade que a
pessoa tem para se locomover, de acordo com a seguinte classificação:
Não conseguem de modo algum: pessoas que declararam não conseguir de locomover
de modo algum, seja caminhar ou subir escadas sem a ajuda de outra pessoa.
Grande dificuldade: pessoas que declararam ter dificuldades de se locomover sem a
ajuda de outras pessoas, mesmo que use algum aparelho, como: bengala, próteses ou
aparelho auxiliar.
Alguma dificuldade: pessoas que declararam ter alguma dificuldade de se locomover
sem a ajuda de outra, mesmo usando aparelhos, como próteses, bengalas ou aparelho
auxiliar.
Sendo assim, percebemos que os portadores de necessidades especiais
constituem uma parcela considerável da população brasileira. Porém a sociedade não
esta preparada para conviver em harmonia com essas pessoas.
prova disso é o processo de exclusão social que muitos deficientes sofrem, sendo desrespeitados em situações elementares do seu dia-a-dia como, por
exemplo, pela inexistência de rampas em prédios públicos e privados, falta de
transporte publico adaptado, não-cumprimento de normas que determinam a
reserva e mercado, dentre outras situações. (BOLOHINI, 2004, p. 34)
Para amenizar as diferenças na sociedade, em novembro de 2011, a presidente
Dilma Rousseff lançou o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
Nomeado como Plano Viver Sem Limites, seu intuito é reconhecer os direitos das
pessoas com deficiência e resgata o papel do Estado de servir prevendo mais qualidade
de vida para as pessoas com deficiência, apresentando um compromisso político com a
plena cidadania dos deficientes no Brasil e também com o conceito central da
Convenção. Assim eles pretendem criar uma ponte entre a sociedade civil, o governo
federal, os estados e os municípios. O projeto esta organizado em quatro eixos: Acesso à
21
Educação, Inclusão Social, Atenção à Saúde e Acessibilidade, o projeto esta previsto
para ser implantado até 2014 com previsão orçamentária de R$ 7,6 bilhões.
No estado do Ceará, o último censo apresentado pelo IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística), no ano de 2010, divulgou, de acordo com as classificações
de dificuldades, separando os resultados entre: domicílio e sexo, que, no total, 682,857
milhões de pessoas no estado são portadores de deficiência motora, em alguma
classificação: não consegue de modo algum, grande dificuldade ou alguma dificuldade,
sendo 257,028 homens e 425,829 mulheres.
A partir desses dados, apresentados pelo IBGE, podemos perceber que assim
como no país, no estado do Ceará também existe uma grande quantidade de pessoas
com deficiência motora. Nos últimos tempos, o estado do Ceará vem se mostrando
bastante interessado nas questões de acessibilidade em suas cidades, apontando
problemas e reivindicando soluções que envolvem essa questão.
3.3 Deficiência e Acessibilidade
Para Romeu Kazumi (2009). Acessibilidade é
uma qualidade, uma facilidade que desejamos ver e ter em todos os contextos
e aspectos da atividade humana. Se a acessibilidade for (ou tiver sido)
projetada sob os princípios do desenho universal, ela beneficia todas as
pessoas, tenham ou não qualquer tipo de deficiência. (KAZUMI, 2009, p. 2).
Segundo o Guia de Acessibilidade: Espaço Público e Edificações “A
problemática da acessibilidade física ao ambiente construído vem sendo trabalhada já há
algum tempo no Brasil. Contudo, o tema se encontra em diferentes situações nas
diversas cidades brasileiras” (2005, p.30). De um modo geral, observa-se uma
transformação a partir da década de 1990, quando alguns projetos iniciam a
incorporação de elementos acessíveis como: calçadas, rampas, pisos táteis, entre outros.
Os movimentos e associações de pais, amigos e pessoas com deficiência
trabalham no sentido de garantir a todos o direito de ir e vir, sem que nenhuma pessoa deixe de realizar suas atividades cotidianas, obter os
benefícios e usufruir o direito à saúde, à educação, à cultura e ao lazer9
9 Guia de Acessibilidade: Espaço Público e Edificações, (2005) p. 30.
22
Atualmente, com a determinação do Decreto nº 5.296/2004, “que definiu prazos
para atendimento das condições de acessibilidade (tanto nas vias públicas, como nas
edificações), a inserção da acessibilidade passa a ser uma questão prioritária no
planejamento das cidades e nos projetos urbanos e de edificações.” Romeu Kazumi
(2009). Afirma que a acessibilidade é formada por seis dimensões: a arquitetônica “que
é sem barreiras físicas”, a comunicacional “sem fronteiras na comunicação entre as
pessoas, metodológica, sem barreiras nos métodos e técnicas utilizados para o lazer,
educação, trabalho e etc”, a instrumental “onde não possui barreiras para a utilização de
instrumentos, utensílios, ferramentas e etc”, a programática “sem barreiras embutidas
em políticas públicas, legislações, normas e etc.” e atitudinal “sem preconceitos,
estereótipos, estigmas e discriminações nos comportamentos da sociedade para pessoas
que têm deficiência.” (KAZUMI, 2009, p.01)
Com isso podemos concluir que a acessibilidade é um direito de todos, porém as
pessoas com alguma necessidade especial sejam de locomoção, visão e etc., sendo elas
uma minoria, são as mais prejudicas, pois as cidades ainda não estão preparadas para
lidar com essa realidade e o direito de ir e vir acaba sendo privado dessas pessoas.
3.4 Deficiência x Sociedade
A inserção do deficiente na sociedade vem desde o início da gestação do bebê.
Quando a mãe descobre que o seu filho terá algum tipo de deficiência já se começa o
processo de inclusão do indivíduo na comunidade, procurando saber de que forma ele
conseguirá se enquadrar no grupo. Em outro modo, se o indivíduo adquirir a deficiência
após o seu nascimento, ele também terá que se readequar de acordo com suas
necessidades. Para Elizabet Dias (1992), a pessoa com deficiência é vista com certo
preconceito por parte da sociedade e da própria família:
A condição de "deficiente" é apontada em todas as situações como algo anormal, fora do comum, excepcional. Uma variedade de
comportamentos exprimem negação, marginalização, superproteção e
outros sentimentos confusos e contraditórios mesclados de
ambivalência, decepção, culpa, rejeição. A deficiência modifica o
enredo da família causando desequilíbrio e mal-estar. Enfim, a
23
presença do deficiente provoca reações emocionais cujas proporções
são surpreendentes. (DIAS, 1992, p. 2)10
Podemos observar que desde os primórdios do planeta Terra já são encontrados
alguns documentos que provam que as pessoas com deficiência não recebiam o devido
tratamento da sociedade. Os autores Fabio Aranha e Maria Salete (2001) contam que na
era greco-romano, período em que existia grande valorização da beleza física, crianças
deformadas ou com algum tipo de deficiência eram inaceitáveis e facilmente
descartadas pela sociedade. Com a expansão do Cristianismo na Idade Média, afirmou-
se que a pessoa que possuía algum tipo de deficiência também possuía alma e por isso
ela também fazia parte dos planos de Deus.
Atualmente já podemos observar uma sociedade com conceitos renovados, que
está mais atenta com a inclusão de pessoas com deficiência e preocupadas com a
questão da responsabilidade social. “Hoje já existe uma mentalidade de respeito às
diferenças. Com todo esse avanço ficou claro que a verdadeira força está na mente.”
(ROSSKAMP, 2006).11
Percebesse indivíduos com deficiência já estão adaptados ao
meio em que eles vivem e que também já existe uma maior aceitação da sociedade, pois
hoje estamos vivenciando uma nova etapa de combate a qualquer tipo de discriminação.
10 Artigo disponível no site: http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98931992000300003. Acesso em:
03/05/2013 - 08h25 11 Artigo disponível no site: http://www.acessa.com/direitoshumanos/arquivo/opiniao/2006/12/05-
opiniao02/ Acesso em: 03/05/2013 – 09h20
24
4 DIÁRIO DE CAMPO
10.04.2013 – 1º dia de gravação com Alana Souza e Regislano Oliveira
9h00m – Alana se prepara para o treino e começa a reunião do grupo de basquete.
9h20m – Aquecimento das meninas e após o início do treino físico.
9h40m – Adriana, coordenadora do LAMAPA, chega para dar seu depoimento sobre o
projeto.
12h30m – Início do depoimento de Alana, contando como foi o seu acidente, suas
dificuldades e desafios e como ela superou tudo isso.
12h55m – Depoimento de Davyd Vieira, estagiário da UFC.
13h10m – Depoimento de Anderson Ferreira, treinador da Alana.
18h00m – Regislano Oliveira chegando à faculdade de ônibus.
18h10m – Início do depoimento do Regislano.
18h40m – Deysiane Rodrigues, amiga de Regislano, fala um pouco sobre ele na
faculdade.
19h10m – Depoimento de Thiago Oliveira, psicólogo e coordenador do NAPS – núcleo
de apoio psicossocial da Faculdade Cearense (FAC).
13.04.2013 – 2º dia de gravação com Patrícia Santos
9h30m – Chegamos à casa de Patrícia, ela iniciou as gravações dando o lanche de seu
filho mais novo, Arthur, depois deu banho e o arrumou, fez as atividades de casa:
varreu, lavou a louça.
10h00m – Começou o seu depoimento.
11h00m – Foi tomar banho e se arrumar para ir às ruas vender as cartelas de jogos.
11h30m – Acompanhamos Patrícia nas ruas fazendo suas vendas.
24.04.2013 – 3º dia de gravação com Regislano Oliveira
25
18h40m – Gravamos imagens de apoio do Regislano em sala de aula, tendo em vista
que no dia 10/04 ele não teve aula.
20h00m – Acompanhamos Regislano em sua vida acadêmica, usando a biblioteca e
outros espaços da faculdade.
25.04.2013 – Início das edições
13h30m às 19h00m – seleção das falas de cada personagem
26.04.2013 – Edição
8h40m – seleção das imagens de apoio e trilha sonora
26
5 ROTEIRO
Para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), escolhemos apresentar um vídeo
documentário que tem como tema: Vida de Cadeirante: dificuldades e desafios sobre
duas rodas. O que queremos abordar com esse título é: como vivem os cadeirantes?
Quais suas maiores dificuldades? E o que fazem para levar uma vida “normal”?
Utilizamos na composição do vídeo o documentário participativo.
Para compor o vídeo contamos com três personagens, que são cadeirantes, com
diferentes visões e situações de vida, são eles: um estudante universitário (Regislano
Oliveira), que usa o transporte público para se locomover até a faculdade. Uma mãe e
ambulante (Patrícia Santos), que com sua cadeira de rodas faz venda de Totolec para
complementar a renda de sua família e também a ex-moradora de rua e uma atleta de
basquete para cadeirantes (Alana de Souza), que através do esporte conseguiu superar
essa nova realidade em sua vida. Alana sofreu um acidente de moto e perdeu suas
funções motoras.
As gravações deram início no dia dez de abril de dois mil e treze às nove horas,
com a personagem Alana de Souza, no Campus do Pici, onde ela treina para as
competições. Lá captamos imagens de aquecimento, treino e jogo. Também gravamos o
depoimento da atleta e da coordenadora do projeto Basquete para Cadeirantes e do
técnico da equipe. Logo mais a noite, às dezoito horas do mesmo dia gravamos com o
personagem Regislano Oliveira, na Faculdade Cearense, FaC. Com esse personagem
fizemos imagens da chegada dele à instituição de ensino, seus acessos dentro da
faculdade e como ele é recebido pelos colegas e funcionários da IES. Também colhemos
o depoimento de Regislano nesse mesmo dia.
No dia treze de abril de dois mil e treze, a partir das oito horas, fomos à casa de
Patrícia Santos para iniciar as gravações da personagem. Começamos colhendo imagens
do dia a dia dela em casa e suas atividades com a família, filhos. Conversamos com a
personagem e pegamos seu depoimento. Também fizemos imagens de Patrícia se
preparando para as vendas das cartelas de jogos e ao meio-dia seguimos com Patrícia,
gravando toda sua trajetória de vendas.
No dia vinte e quatro de abril de dois mil de treze, às dezoito horas, regravamos
com Regislano Oliveira algumas imagens que ficaram faltando para completar o
27
documentário. Nesse dia filmamos o personagem assistindo aula, seus acessos na
faculdade e conversas com amigos e professores.
Utilizamos um serviço de cinegrafia profissional com Mauro Monteiro, para que
as imagens fossem de alta qualidade. O equipamento utilizado para realização das
gravações foi uma filmadora Sony modelo PD170. Uma Lente grande angular. Um tripé
de câmera. Na edição contamos com os serviços de David Oliveira, editor profissional,
onde a escolha de imagens, sonoras e trilhas, foram preparadas em estúdio de edição
com uma ilha.
Nesse documentário temos o objetivo de mostrar para a sociedade que uma
pessoa com deficiência pode fazer tudo que uma sem deficiência faz, e que quando se
tem uma vida sobre duas rodas, muitas vezes buscam fazer mais coisas do que pessoas
que tem movimentos perfeitos e não fazem. Buscamos mostrar que um cadeirante é
capaz de viver feliz dentro das suas necessidades.
28
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O vídeo-documentário “Vida de Cadeirate: dificuldades e desafios sobre duas
rodas”, não chegou a nossas vidas tão fácil. A decisão do tema foi a parte mais
complicada, pois sabíamos que queríamos produzir um vídeo, mas não tínhamos ainda
um tema definido. A partir de um olhar diferenciado da integrante da equipe Gessyka
Costa, sentamos e definimos a temática. Decidido o assunto, nossas pesquisas deram
início no semestre de 2012.2 e em poucos meses vimos o quanto o conteúdo era
abrangente. A partir daí passamos a nos questionar como essas pessoas viviam em seu
cotidiano? Quais suas rotinas, seus desafios e dificuldades.
Cumprimos o nosso papel, documentar para que o público tire suas conclusões.
Apesar da emoção, procuramos não interferir na fala dos entrevistados, já que o
documentário é participativo, para retratar o máximo possível da realidade.
Em nosso olhar, cumprimos o dever se passar por essa longa caminhada
escolhida com sucesso, demos a essas pessoas a oportunidade de mostrarem o quanto a
vida vale a pena ser vivida, apesar de todas as limitações.
Através da construção desse trabalho, estamos orgulhosas de dizer que
escolhemos o caminho certo e conduzimos com muita sabedoria e dedicação. Fizemos a
nossa parte, pois cada uma de nós sabe o quanto somos responsáveis pelo nosso esforço.
O que para muitos pode ser algo pequeno, para nós é algo gratificante e nos sentimos
com o dever cumprido.
29
7 REFERÊNCIAS
AMIRALIAN, Maria LT et al. Revista de Saúde Pública: Conceituando Deficiência.
São Paulo v. 34, n. 1, p. 97-103. 2000.
In:http://www.sielosp.org/pdf/rsp/v34n1/1388.pdf. Acesso em: 01/05/2013.
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Coordenação – Geral de Segmentação. – 2.ed. – Brasília: Ministério do Turismo, 2006.
http://www.acessibilidade.org.br/manual_acessibilidade.pdf Acesso em: 06/11/12
BOLONHINI, Roberto. Portadores de Necessidades Especiais: as principais
prerrogativas e a legislação brasileira. – São Paulo: Editora Arx, 2004.
CEARÁ. Guia de Acessibilidade: Espaço Público e Edificações - Governo do Estado
do Ceará. 2005
CEARÁ. Guia para Pessoa com Deficiência - Governo do Estado do Ceará. 2009
FORTALEZA, Cartilha de Direitos Humanos das Pessoas com Deficiência –
Prefeitura Municipal de Fortaleza. 2005.
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http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98931992000300003. Acesso em: 03/05/2013.
KAZUMI, Romeu. Como chamar as pessoas que têm deficiência? São Paulo, 2005.
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LUMIERE, Cinemas. Blog de cinema. Saga do documentário no Brasil.
http://www.cinemaslumiere.com.br/blog/historia-do-documentario-no-brasil/. Acesso
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MONTENEGRO, Nadja; SANTIAGO, Zilsa; SOUSA,Valdemice (Orgs.).Guia de
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NICHOLS, Bill. Introdução ao Documentário. Campinas: Editora Papirus, 2007
PAIVA, Raquel; BARBALHO, Alexandre (Orgs.). Comunicação e cultura das minorias.
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Pessoas Com Deficiência. Revista do Ministério Público do Trabalho, Ano XI, no. 21,
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história do documentário. http://gustavoserrate.wordpress.com/2009/05/28/breve-
resumo-da-histria-do-documentrio/ Acesso em: 25/05/2013
TEIXEIRA, Elinaldo. Documentário no Brasil: Tradição e Transformação. São Paulo,
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