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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE

CURSO DE PUBLICIDADE E PROPAGANDA

“SEM QUERER QUERENDO”: ANÁLISE DO PROGRAMA CHAVES E SUA

PERMANÊNCIA POR 40 ANOS EM EXIBIÇÃO.

FORTALEZA 2014

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FRANCISCO THIÊ DA CONCEIÇÃO HOLANDA

“SEM QUERER QUERENDO”: ANÁLISE DO PROGRAMA CHAVES E SUA

PERMANÊNCIA POR 40 ANOS EM EXIBIÇÃO.

MONOGRAFIA SUBMETIDA À APROVAÇÃO COORDENAÇÃO DO CURSO DE PUBLICIDADE E PROPAGANDA DO CENTRO SUPERIOR DO CEARÁ, COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE GRADUAÇÃO.

FORTALEZA 2014

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FRANCISCO THIÊ DA CONCEIÇÃO HOLANDA “SEM QUERER QUERENDO”: ANÁLISE DO PROGRAMA CHAVES E SUA

PERMANÊNCIA POR 40 ANOS EM EXIBIÇÃO.

Monografia como pré-requisito para obtenção do título de Bacharelado Em Publicidade e Propaganda, outorgado pela Faculdade Cearense – FAC, tendo sido aprovada pela banca examinadora composta pelos professores. Data de aprovação: ____/ ____/ ____

BANCA EXAMINADORA

PROFESSOR MS. LENILDO MONTEIRO GOMES

PROFESSOR MS. EMERSON CARDOSO

PROFESSOR ESP. LOURENNE RABELO SILVA

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar ao meu pai, Francisco das Chagas de Holanda e a minha mãe Rosa Maria da C. Holanda, que confiaram em mim e me deram total incentivo e apoio por toda minha vida e caminhada acadêmica. Ao meu orientador, professor Lenildo Gomes, que me ajudou a construir esse projeto e que sempre se mostrou disponível toda vez que precisei. A todos aqueles que duvidaram do meu potencial na construção do meu trabalho de conclusão de curso, que apostaram contra a esse passo tão importante na minha vida. Agradeço principalmente a Deus, pois sem ele, eu não teria vencido mais essa batalha.

5

Dedico esse trabalho aos meus pais, por me proporcionara realização de mais um sonho.

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“Pedras no caminho? Guardo todas, para

um dia construir um castelo...”. (Fernando Pessoa)

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RESUMO

O sucesso de um programa antigo de característicos simples e cenários

precários, mas de um humor inteligente e cativante, personagens que

encantaram gerações há quase três décadas desde que foi exibido na primeira

vez no Brasil, em 25 de agosto de 1984, pelo Sistema Brasileiro de Televisão o

SBT.

O sucesso do programa, os altos índices de audiência, os personagens, a

relação com a indústria cultural do nosso país e a grande aceitação do publico

nesse seriado estão no conteúdo desse trabalho.

As possibilidades que fazem o programa Chaves ser tão adorado por muitos,

mesmo que centenas de pessoas já saibam o que irá acontecer, mas mesmo

assim não deixam de assistir ao programa que narra à história de um menino

órfão que mora em um barril em uma pequena vila do subúrbio do México,

através da pesquisa bibliográfica que envolve leitura e interpretação de

diversas fontes, juntamente com as informações colhidas em uma pesquisa

quantitativa, foi possível ampliar o grau de conhecimento sobre a área

abordada.

Palavras-Chave: Chaves. Sucesso. Reprises. Roberto Goméz Bolaños.

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ABSTRACT

The success of an old program simple characteristic and precarious scenarios,

but an intelligent and captivating humor, characters that have enchanted

generations for almost three decades since it was displayed the first time in

Brazil, on August 25, 1984 , by the Brazilian System SBT television .

The success of the program, the high ratings, the characters, the relationship

with the cultural industry of our country and the great public acceptance of this

show are the contents of this work .

The possibilities that make the Chaves program is so adored by many, even

hundreds of people already know what will happen, but it still does not fail to

attend the program that tells the story of an orphan boy who lives in a barrel in a

small village suburb of Mexico through the literature search that involves

reading and interpreting various sources , along with the information obtained in

a quantitative survey , it was possible to increase the degree of knowledge

about the involved area .

Key-words: Success. El Chavo del Ocho. Reruns. Television Program. Chaves.

Series Chaves.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11

1. SIGA-ME OS BONS – Chaves e a Indústria Cultural ................................... 13

1.1 Indústria Cultural ........................................................................................... 13

1.2 A televisão – a maquina de fazer divertir ........................................................ 15

1.3 Chaves no Brasil ............................................................................................ 17

1.4 Chaves e a Cultura Pop ................................................................................. 19

1.5 O seriado ........................................................................................................ 20

1.6 Humor a fórmula do sucesso de Chaves........................................................ 22

1.7 O Conteúdo .................................................................................................... 23

2. NÃO CONTAVAM COM A MINHA ASTÚCIA ................................................. 25

2.1 O Criador Roberto Gómez Bolaños ................................................................ 25

2.2 Os Personagens de Roberto Gomez Bolaños ................................................ 28

2.2.1 Doutor Chapatin .......................................................................................... 28

2.2.2 Chesperito ................................................................................................... 29

2.2.3 Chaveco ...................................................................................................... 30

2.2.4 Chapolin Colorado ....................................................................................... 31

2.2.5 Os Vilões ..................................................................................................... 33

2.2.6 Los Chifladitos ............................................................................................. 35

2.2.7 Chaves ........................................................................................................ 36

2.3 Personagens do Programa Chaves . ............................................................. 38

2.4 Personagens Secundários ............................................................................. 47

2.5 O que há em Chaves ..................................................................................... 49

2.6 Público Alvo do Programa .............................................................................. 50

2.7 O Fim de Chaves ........................................................................................... 51

3. FOI SEM QUERER QUERENDO – O Sucesso do Programa Chaves ......... 54

3.1 Chaves uma marca milionária ........................................................................ 54

3.2 Chavesmaníaco, a relação entre ídolo e fã .................................................... 57

3.3 Chaves do Sucesso, as razões e possibilidades de um sucesso tão

Duradouro ............................................................................................................ 60

10

3.4 Descrição dos principais resultados do sucesso do programa ....................... 63

CONCLUSÃO ...................................................................................................... 67

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 69

ANEXOS .............................................................................................................. 71

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INTRODUÇÃO

No decorrer desse trabalho foi efetuado um estudo que buscou analisar

a importância do programa Chaves em relação aos telespectadores do mesmo.

Será visto que muitas das pessoas que assistem esse seriado se agradam de

verdade com o que vêm mesmo sabendo o que vai acontecer no decorrer da

história, já que o programa já deixou de ser gravado com o elenco original a

mais de 30 anos.

O tema escolhido trata-se de um programa televisivo de origem

mexicana intitulada “EL CHAVO DEL OITO” conhecido no Brasil por “Chaves”

interpretado pelo publicitário, ator e comediante Roberto Gomez Bolaños.

No decorrer dessa pesquisa será visto o sucesso e força de um

programa que desde os anos 70 é fenômeno de audiência em vários países do

mundo como, China, Japão, Coréia, Tailândia, Marrocos, Grécia e Angola e

Brasil. O seriado atingiu tal nível de aceitação do público tão alto que chegou a

ser assistido por 350 milhões de espectadores no mundo inteiro.

Utensílios e outros produtos fazem parte do guarda-roupa dos

brasileiros, logo no capítulo de início é abordado Chaves e a indústria cultural

brasileira, a história da televisão e sua relação direta com o seriado, a chegada

do programa no Brasil, as características, o tipo de humor abortado e o

conteúdo do mesmo.

No segundo capítulo a análise de cada personagem do seriado e seus

respectivos intérpretes, a história e a carreira do criador da obra Roberto

Gomez Bolaños, as possibilidades que questionam o porquê de tanto sucesso

do programa mesmo com uma enorme quantidade de reprises, alcançando

bons índices de audiência e um bom desempenho no licenciamento da marca.

As hipóteses encontradas que fizeram parte do estudo desse trabalho,

entre elas as piadas de humor inocente, os personagens do programa e a falta

de atração na grande da programação da emissora SBT ou falta de opção na

teve aberta, fazem que as pessoas assistam ao programa.

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Uma pesquisa realizada com 100 jovens de 18 a 30 anos que assistem

ao programa pelo menos uma vez ao mês, foi à base estrutural desse trabalho

acadêmico, que no qual os objetivos dessa pesquisa era compreender a

história do programa, o nascimento do mesmo e analisar episódios clássicos

que fazem com que fique gravado na memória dos telespectadores e

consequentemente assistam os episódios reprisados.

E no capítulo final a análise exata do que os telespectadores pensam e

acham do programa Chaves e seus ensinamentos, a relação entre fãs e o

seriado, e as principais razões da permanência do mesmo no ar há bastante

tempo em diversas partes do mundo.

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1. SIGA-ME OS BONS: CHAVES E INDÚSTRIA CULTURAL

Neste capítulo contaremos um pouco de como um esquete de um

programa televisivo virou um dos maiores fenômenos mundiais dos anos 80 até

os dias de hoje, o seriado Chaves, faz parte da cultura de milhares de pessoas

onde o humorístico foi exibido. O programa voltado para a indústria do

entretenimento é responsável por divertir e alegrar uma enorme de pessoas no

mundo todo.

Os autores Luís Joly e Sergio Matos discorrem sobre Chaves e a

indústria cultura brasileira, qual a ligação de um programa mexicano pode

afetar nos modos de uma pessoa de outra cultura totalmente diferente.

1.1 Indústria Cultural

A indústria cultural mexicana criou o personagem Chaves como o rosto

de uma cultura pobre, colocando em pratica uma discussão dos pobres na

compreensão dos verdadeiros problemas da América Latina, “a transformação

do público da cultura em consumir produtos em série coloca-o numa posição

de subordinação frente aos executivos da indústria cultural.” (HORKHEIMER,

2002, P. 3).

Certos produtos que promovem uma grande satisfação temporária,

porém compensatória e, que agrada aos indivíduos, ela impõe-se sobre estes,

submetendo-os a seu monopólio e tornando-os acríticos, produto é adquirida

consensualmente, essa é a verdadeira visão da Indústria Cultural, assim é o

programa Chaves em suas exibições, embora seja algo que já cansamos de

assistir o seriado ainda é aceito por muitos sem uma justificativa profunda de

quem assiste.

Fernando Rebouças (2012) disse “nós vivemos num sistema econômico-

político-cultural capitalista e o surgimento da sociedade capitalista transformou

as manifestações culturais em produto”. O programa Chaves é um exemplo

vivo disso, que o cotidiano de uma determinada nação gerou certo tipo de

manifestação com esse cenário desencadeou a formação da indústria cultural,

que é o conjunto de empresas, instituições e redes de mídia que produzem,

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distribuem e transmitem conteúdo artístico cultural com o objetivo de adquirir

lucros.

Já para o filósofo Max Horkheimer (2006), “Indústria Cultural distingue-

se de cultura de massa. Esta é oriunda do povo, das suas regionalizações,

costumes e sem a pretensão de ser comercializada, enquanto que aquela

possui padrões que sempre se repetem com a finalidade de formar uma

estética ou percepção comum voltada ao consumismo”.

Um grande exemplo de indústria cultural é a televisão que apresenta

pontos positivos em possuir ótima cobertura geográfica, penetração de público

e variedade de conteúdo em vários horários, mas ao mesmo tempo apresenta

conteúdos sensacionalistas e que escapam do consciente do expectador, cujo

indivíduo possa vir a entrar em estado de alienação. (REBOUÇAS 2013).

A indústria cultural pode proporcionar uma distração sob medida para

aqueles que têm que retornar ao trabalho repetitivo. Eles gozam, no

divertimento, da mesma repetitividade a que estão sujeitos no cotidiano, os

episódios de Chaves, embora repedidos façam parte do dia a dia de muitos em

diferentes partes do dia, ou até mesmo na hora de descanso após um

cansativo dia de trabalho (FREITAS, 2005, P. 344).

Para muitos, Chaves faz já faz parte da nossa cultura, os bordões “foi

sem querer, querendo”, e “ninguém tem paciência comigo” hoje são estampas

de milhares de camisas a venda em diferentes localidades do nosso país.

O menino maltrapilho se encaixou de uma forma gigante na identidade

de adultos e crianças de todas as partes, personagens e situações similares a

nossa realidade a nossa cultura de diversas formas, com isso o programa virou

hoje ícone da cultura popular brasileira importada do México, adotada por

muitos como pais que adoraria ter nascido, por influência apenas de programas

de televisão.

Personagens que se tornaram grandes fenômenos artísticos aqui no

brasil como a Cantora Thalia nos anos 90 com as suas personagens, Maria do

Bairro, Marimar e Maria Mercedes exibidas mais de 9 vezes cada nas tardes do

SBT.

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Para Jon Pareles (2006) outro sucesso importado foi à novela Rebelde

exibida novamente no ano de 2013 no SBT no horário nobre da emissora, “a

banda RBD surgida da novela vendeu 66 milhões de discos no mundo,

percorreu 23 países e lotou estádios como Maracaná e Pacaimbú em

apresentações no Brasil no ano de 2009”.

1.2 A televisão – a maquina de fazer divertir

Companheira inseparável de muitos, diversão para uns, trabalho para

outros e instrumento de formação de pensamentos, assim é a televisão que

mesmo no período da informática onde a conectividade está nos celulares,

tabletes e notebooks, a TV ainda continua sendo a preferida de muitos

Comunicação de sons e imagens através de ondas eletromagnéticas

resumem a TV, uma das maiores e melhores diversões de todo o mundo trata-

se dela, a televisão, para uns é o aparelho mais importante da casa, idolatrado

e respeitado por milhares de pessoas no mundo todo. Segundo, CARLEIAL.

(2010). “A mesma é responsável pela formação e construção dos conceitos de

muitos seres humanos”.

Televisão é um termo muito amplo, que se aplica a uma gama imensa

de possibilidades de produção, distribuição e consumo de imagens e sons

eletrônicos: compreende desde aquilo que ocorre nas grandes redes

comerciais, estatais e intermediárias, sejam elas nacionais ou internacionais

abertas ou pagas, até o que acontece nas pequenas emissoras locais de baixo

alcance, ou o que é produzido por produtores independentes ou por grupos de

intervenção de aceso público. (MACHADO, 2003, P.19).

Em, 18 de setembro de 1950 às 17 horas em São Paulo, a primeira

transmissão de imagens no Brasil pela TV Tupi-Difusora uma emissora do

Diários Associados de Assis Chateaubriand. O Brasil foi o primeiro país da

América Latina a ter uma emissora de televisão e o sexto no mundo, perdendo

apenas para Inglaterra, Estados Unidos, França, Alemanha e Holanda

(JAMBEIRO, 2002, P. 51).

Uma forte característica do início da televisão foi o seu aspecto radiofônico

com imagens. Grande parte dos primeiros profissionais da televisão eram

16

aqueles que trabalhavam no rádio. Essa importação dos profissionais do rádio

influenciou, inclusive, na programação da televisão, havendo uma adaptação

dos programas radiofônicos para serem exibidos na caixa preta, conhecida por

alguns o aparelho de TV. (MATTOS, 2002, P. 49).

No começo a televisão ainda não tinha um grande espaço como tinha o

rádio, a produção radiofônica no Brasil era muito competitivo e lucrativo,

chamado de a “A Era Rádio”. O auge do rádio no Brasil ocorreu a partir dos

anos 40, quando o país assiste o surgimento de ídolos, novelas e revistas

afrente o meio artístico da época. (CASTRO, 2002, P.98).

Sem dúvidas a televisão com o passar dos anos veio se modificando, com

programações diversas como, telejornais, novelas, programas de auditório e

etc.

Nos anos 50 a televisão era operada como uma extensão do rádio, de quem

herdou os padrões de produção, programação e gerência, envolvidos num

modelo de uso privado e exploração comercial.

O papel da televisão no universo, segundo Marques de Melo (2010), tem

um papel excepcional, pena possibilidade de cercar e capturar a consciência

do publico por todos os lados, aproximando-se daquela meta.

Entre as inovações da programação da televisão, uma das atrações que

mais se destacam na programação são os seriados que segundo, José Carlos

Aronchi, "É um formato-padrão relativamente fácil de produzir. Algumas séries

saíram de filmes e comerciais e vice-versa e permanecem no ar por décadas."

(SOUZA, 2004, P.133).

Em 19 de agosto de 1981 nascia o Sistema Brasileiro de Televisão, que

entrou no ar imediatamente, inaugurando sua programação com a transmissão

da assinatura de contrato entre Silvio Santos e o governo federal, representado

pelo então presidente Ernesto Geisel e o Ministro das Comunicações, Euclides

Quandt de Oliveira.

Obrigado por lei a preencher 12 horas de programação diária, o Sistema

Brasileiro de Televisão começou a se apresentar ao público através de filmes e

desenhos, um pouco de jornalismo e obviamente o Programa Silvio Santos.

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Com pouco dinheiro para investir na programação diária do seu canal o

empresário Silvio Santos, assinou contrato com para exibir uma serie de

programas da emissora mexicana TELEVISA. A cada dia vários pacotes de

programação eram oferecidos à emissora em uma delas veio uma perdida do

programa Chaves, “tudo muito simples, pobre, humilde, não só na produção,

mas no falar, o mundo precisa de piadas inocentes assim” disse o ex-diretor do

SBT Rick Medeiros (2006).

Foi então que foi aberta as portas para o seriado que viraria febre

nacional que renderia milhões e milhões de reais no decorrer dos anos

seguintes na emissora transmissora da atração no Brasil.

1.3 Chaves no Brasil

Os donos da TV queriam ouvir a opinião dos seus colegas de trabalho,

até porque seria um risco muito grande trazer uma atração sem conhecer ao

certo do que se tratava.

Cada episódio sairia em média 250 dólares sem dublagem, um valor não

muito alto diante as grandes produções da televisa. Rapidamente Silvio Santos

solicitou que alguns episódios de Chaves fossem dublados, sendo assim a

diretoria da emissora poderia ter uma melhor ideia do que se tratava ao certo.

(FRANCO, 2012, P.25).

De portas fechadas em reunião com os diretores do SBT, o programa

Chaves foi então apresentado oficialmente a diretoria através do próprio Silvio

Santos, quando veio à resposta dos acionistas, simplesmente um “não” foi

dado ao seriado, “quando a série foi apresentado, não me interessei, em razão

de péssima qualidade da imagem, e também me pareceu que não teria grande

chance de sucesso na nossa grade. (JOLY,2012,P.26.).

Silvio Santos como presidente do canal, contra a vontade de todos

decide comprar os direitos do programa para exibir no Brasil, para Fernando

Thuler (2013), Silvio enxergou assim que bateu os olhos o sucesso do

programa, e percebeu que a magia não estava nos super. cenários, brilhantes

direções artísticas ou atores que poderiam concorrer ao Oscar, mas no humor

compreensível a qualquer telespectador de norte a sul.

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275 episódios foram comprados dentre eles Chapolin Colorado e

pequenos esquetes de Roberto Goméz Bolaños e seu grupo de atores. O

processo de dublagem dos episódios durou alguns anos, a emissora contratou

um elenco de dubladores oficiais para serem as vozes brasileiras de cada

personagem, esse processo só demorou mais porque a atração tinha muitos

trocadilhos que tiveram de ser adaptados para ter sentido na versão brasileira.

(MACHADO, 2012, P27).

Tudo pronto, episódios dublados e o SBT já se estabilizavam com bons

índices de audiência conquistados por novelas e filmes estrangeiros eis que

entra no ar em 1984 um novo amigo mexicano, tratava-se do Palhaço BOZO,

que foi o palhaço mais importante do país nos anos 80 e seu sucesso seria

ainda maior quando o seriado do menino do barril entrasse no seu programa.

(JOLY, 2012,P.28.).

E assim aconteceu em 25 de agosto de 1984, dentro do Programa Bozo

estreava Chaves no Brasil com o episodio “Caçando Largartixas”. Além de

Chaves, o anti-herói Chapolin também dava o ar da graça. As cenas simples

com cara de precárias e aspectos antigos se tornaria sinônimo de sucesso.

Para o diretor artístico do SBT Vanderlei Villa Nova (2012), Silvio Santos

é um cara de visão, enquanto eu analisava a iluminação e o cenário tão

pobrezinho, são coisas que a gente não entende e eu apostei que não nesse

fenômeno que até hoje encanta adultos e crianças. (JOLY, 2012,P.28.).

O programa Chaves deixou de ser gravado com o elenco original desde

de 1978, quando o ator Carlos Vilagran, o Quico, decide deixar o programa

para estrelar seu próprio seriado, Frederico, na Venezuela. (KASCHNER, 2006,

P.55).

Muitas especulações são feitas por causa da saída de Carlos Villagram

do programa. Em entrevista ao Jornal EL UNIVERSAL DO MÉXICO, o então

interprete de Quico, afirmou que deixaria o programa por motivos de

insatisfação salarial. Com a saída de Carlos o personagem que se escrevia

com Q “quico”, que anos depois seria registrado com a letra K por volta de

19

1985 para o programa “KIKO MALETAS” exibido no Brasil pela rede

Bandeirante em 1991.

A saída do Quico deu-se por diferenças criativas. Durante as filmagens

de um episódio piloto, que abriria a temporada de 1978 do programa, Villagrán

teria considerado o conteúdo do programa como “repulsivo”, e deixado a

equipe na sequência. Contudo, o jornal não dizia qual era o conteúdo do

episódio em questão. Luís Joly (2012).

Os detalhes mexicanos foram quase todos ocultos dos episódios do

programa após a adaptação de várias piadas e algumas falas e textos,

trazendo para os telespectadores brasileiros um pouco da cultura brasileira

adaptada em um programa estrangeiro.

No próximo tópico iremos entender um pouco mais do que se trata a

cultura pop e sua relação direta com o programa Chaves.

1.4Chaves e a Cultura Pop

Segundo Jens Roselt, Pop é um fenômeno que opera na área da

estética, sem ser separado de respectivas consequências sociais, políticos e

econômicos. Trata-se de um procedimento que libera como material as

experiências pessoais de uma geração predominantemente jovem, o cotidiano

e trivial da sua vivência.

A cultura pop forma o objeto popular de certos tipos de artes, a imagem

popular, mas também o efeito direto na forma de exploração rápida, que

segundo Richard Hamilton, que descreveu o fenômeno como Pop Artis popular,

a cultura de como o nome já diz, Cultura Popular.

É fundamental que a cultura pop seja sempre comunicável. Por isso, pop

é tudo, menos abstrato. O pop possui um conteúdo, e o fato de que este seja

não raramente bastante simplório, pode ser um dos motivos por que a teoria

estética tem problemas com este fenômeno. (ROSELT, JENS. P.120.2009).

O Programa Chaves se enquadra perfeitamente nesse conceito de

Cultura Pop, porque ficaram conhecidos no Brasil por suas piadas repetitivas,

20

boatos e brigas que envolviam o elenco, segundo o jornalista Marton Sales

(2013).

Eles estão na TV por mais tempos que muitos de nós e ainda assim,

Chaves parece nunca ficar chato demais para acompanhar uma refeição ou

coisa parecida. Ainda há aqueles grupos de fãs incondicionais que promovem

verdadeiras maratonas do seriado favorito do Silvio Santos. (ZONATTO,

FÁBIO. 2012).

Já, Antônio Augusto Arantes, cultura popular é um aglomerado de

fragmentos que apresenta significados bastante heterogêneos e variáveis.

Cultura em seu uso corrente como significando “saber, estudo, elegância,

esmero, conhecimento, informação”, ela trás os domínios da filosofia, das

ciências e das belas artes. “Quando falamos o termo “popular” entramos num

contra senso entre “cultura” e” povo”, como se tudo que vem do “povo” fosse

desprovido de saber. (ARANTES, Antônio Augusto.P.1998).

1.5 O seriado

Diante da diversa programação e a enorme quantidade de canais, entre

eles abertos ou assinados, destaca-se os seriados. O termo ‘seriado’ é uma

palavra vinda de um adjetivo que deriva do verbo ‘seriar’ e sugere continuação

de alguma serie ou filme. Na TV é um substantivo que significa um formato de

programa narrativo cujos personagens são fixos e o contexto se mantém.

Segundo Arlindo Machado, o seriado nasce em 1913, Nesta época, as salas

de cinema - conhecidas como nickeodeons¹, eram muito pequenas, com

bancos sem encosto, o que gerava incômodo ao espectador quando o filme

tinha uma duração mais longa. Adotou-se, então, a exibição do filme em partes.

1 Os seriados podem ser encaixados na maneira ficcional (uma historia

criada para com uma sequência de capítulos) ou documental que se encaixam

1

nickeodeons – (um neologismo que combinava o níquel da moeda de R$05 centavos, o preço do ingresso, com a

palavra grega ‘odeon’ que significa teatro coberto).

21

em, documentários sobre cotidiano, vida selvagens ou qualquer outro tipo de

assunto especifico. (Machado, Arlindo.2010).

Diferente das séries, onde o telespectador é quase obrigado a

acompanhar todos os capítulos para saber o que irá acontecer no decorrer da

trama, assim também acontece com as novelas, onde tem um encadeamento

nos capítulos entre cada vez que é exibido. Com isso as series diferentes dos

seriados costumam ter um prazo estabelecido para acabar, que são bastantes

populares aqui no Brasil.(Souza, 2004).

A prática de associar a filmagem com o roteiro escrito ainda estava nos

seus primórdios, acontecendo em alguns casos de ter o plot² narrativo

completamente anárquico, situações sem continuidade, personagens que

desaparecem porque o ator havia sido despedido e uma série de

acontecimentos que ficavam sem explicação (MACHADO, 2006: P.86).

O humor no conteúdo dos seriados produzidos aqui no nosso país,

segundo ARONCHI (2004), estiveram presentes há bastante tempo na

televisão nacional. “Os programas de em média 30 minutos de duração

exibidos em um dia especifico da semana, alguns são exibidos em esquetes,

(pequenos quadros) ou histórias com o desfecho no fim do capítulo, um seriado

que ficou bastante tempo no ar no brasil, foi do quarteto, Renato Aragão, Déde

Santana, Zacarias e Mussun, mais conhecidos popularmente por “Os

Trapalhões”.

As séries com modelos inspirados em sitcons, policiais, paranormais,

romances intermináveis, adolescentes e médicos formam um gênero muito

bem aceito pelo público dos canais pagos. Ironia, sarcasmo, apelo sexual,

relações conjugais, mulheres bonitas, esses são os ingredientes para atrair o

publico. (SOUZA, 2004, p.133).

E até hoje, novos seriados são produzidos no mundo todo, de diversas

formas e modelos, tornando-se uma forma de diversão diária de milhares de

telespectadores.

2Plot - usado para designar todos os eventos de uma história para se obter um efeito emocional e artístico---o que

acontece na história enredo, trama, ou intriga.

22

Uma das ações emocionais do ser humano é o humor, essa expressão

corporal ligada ao nosso sentimento, no programa Chaves não é diferente, tudo

é bem humorado, roteiros cheios de piadas e trocadilhos que arrancam sorrisos

dos telespectadores, o que realmente significa humor, o que é essa forma de

entendimento e de comunicação humana que se torna engraço.

No próximo tópico iremos discutir com os autores PABLO KASCHNER e o

próprio autor Roberto Gómez Bolaños a relação de humor com o programa

Chaves.

1.6 Humor a fórmula do sucesso de Chaves

O rir e o brincar são comportamentos tão comuns nas sociedades

humanas que o indivíduo que se abstêm de fazê-lo são julgado anormal,

afirmou Berlyne (1986). Já poeta norte-americano Ralph Waldo Emerson,

considerava que "uma das principais condições para o sucesso é rir com

frequência e amar bastante.

O programa Chaves nada mais é do que uma amostra real do que é o

humor, a piadas simples e de bem elaboradas arrancam sorrisos e mais

sorrisos dos telespectadores, situações diversas encaradas com uma grande

dose de humor são um dos grandes ingredientes do sucesso do programa.

A palavra é latina, humor "humoris", é líquido, fluido, humores do corpo

humano como o sangue, significa a disposição do ânimo de uma pessoa ou a

sua veia cômica.

Tentar dar uma característica ao humor gera diversas indagações e

duvidas sobre uma relação direta com a comédia, com o riso, com o cômico, e

com a piada e qualquer tipo de elementos que formam a forma alternativa de

ver a sociedade e suas relações. O cômico expõe uma contradição engraçada

e o humor cria uma reflexão, portanto o seu riso é filosófico" .SLAVUTZKY

(2007).

O humor foi criado pelo raciocínio e pela logica humana possui uma

história, mas não se sabe explicar, de forma concreta e exata quando ele

começou a existir.

23

Roberto Gómez é considerado por muitos um gênio do humor, um

homem de diversos personagens e características diferentes de diversos tipos

de humor, o programa se destaca pela manipulação da quebra do padrão, com

cenas que lembram o nosso dia a dia.

Os roteiros de Chaves são notáveis pelo “humor branco” (humor sem

maldade) conseguem fazer graça sem fazer inimigos, mesmo assim os roteiros

do programa são caracterizados por possuir piadas atemporais e universais.

São compreendidas por pessoas de diversas culturas. (KASCHNER,

PABLO.P.96.2006).

Roberto Bolaños (2004) declarou meus programas não são infantis, como

muitas pessoas querem classificar. Meus programas são para toda a família.

Minha forma de fazer rir é sã, mas não isenta de picardias, só que sempre com

bom gosto e respeito.

Os personagens de Chaves têm poucas características, mas bastantes

aprofundadas, são varias cenas prontas que o ator encaixa em todas as

historias fazendo com que se confirme a expectativa do telespectador, assim é

o programa Chaves, simples, mas cheio de encantamentos que prendem a

cada dia mais a atenção de quem assiste.

1.7 O Conteúdo

A análise de conteúdo nada mais é do que uma metodologia de

pesquisa que serve para descrever e interpretar algum documento ou texto ou

roteiros, Segundo OLABUENAGA e ISPIZÚA (1989), a análise de conteúdo é

uma técnica para ler e interpretar o conteúdo de toda classe de documentos,

que analisados adequadamente nos abrem as portas ao conhecimento de

aspectos e fenômenos da vida social de outro modo inacessível. As histórias

que ditam o programa o leve ritmo do programa se fazem em torno de

confusões e conflitos sobre o signo da simplicidade. (KASCHNER, PABLO,

2006, P.86).

Sem grandes complexidades de enredo ou grandes tramas elaboradas,

mas com um vocabulário compreensível a todos, Chaves se comunica com

qualquer pessoa. Tudo facilitado pelo humor, uma linguagem universal.

24

Os produtores bem sabem que excesso de informação em um programa

de TV significa escassez de audiência, e, assim, Chaves refaz sua natureza

televisiva, disse Bolaños.

Algumas situações, falas e até mesmo os diálogos se repetem em

diversos episódios do programa. O enredo segue mais ou menos o mesmo

esquema, e qualquer pessoa que acompanhe o seriado sabe o que irá

acontecer.

Mas também saberão que as crianças armarão alguma confusão ou que

Chaves acertará Seu Barriga, uma das cenas mais comuns do seriado, mas

nem por isso deixarão de assistir o programa, pelo contrario a repetição pode

até funcionar como atrativo para o telespectador, pelo poder identificatório que

possui em si. (KASCHNER, PABLO.P90.2006).

Mauricio Tamboni (2012), disse que as situações e os diálogos do

seriado que se repetem, criando uma “tradição” e uma certa ligação dos fatos.

Em geral elas gostam da simplicidade e, sobretudo, de poder ter algum

líder de opinião que no caso seria o ator, com o qual possam identificar-se e

em quem se espelhar, disse a Marcela Gómez de Penella, assessora

pedagógica da televisa e filha de Roberto Goméz Bolaños, 2008.

Com essas cenas repetidas e situações que já sabemos o final da

história, isso seria um dos motivos que prendem atenção do telespectador,

cenas românticas como as de Dona Florinda e Professor Girafales e seus

respectivos bordões onde quem está assistindo repete, “Que milagre o senhor

por aqui”, “Vim lhe trazer esse humilde presente”, “Não gostaria de entrar e

tomar uma xicara de café”. Esses e outros bordões que os fãs e

telespectadores repetem e já incluíram em brincadeiras e conversações do dia

a dia.

No próximo capítulo iremos estudar um pouco da história do publicitário,

comediante e roteirista Roberto Gómez Bolanõs, ele que se tornou ator por

acaso.

No decorrer desse capítulos iremos analisar os personagens do seriado

Chaves, o que os autores Mauricio Tambori, Paulo Franco e Lucas Matos.

A carreira, o sucesso, as brigas, os vilões, as curiosidades de um dos

programas que estão no ar mais tempo na televisão brasileira.

25

2. NÃO CONTAVAM COM A MINHA ASTÚCIA: O CRIADOR, OS

PERSONAGENS O QUE HÁ POR TRÁS DE CHESPERITO?

Neste capítulo entenderemos melhor o programa Chaves, e

seuspersonagens, Chaves, Chiquinha, Quico, Dona Florinda, Seu Madruga e

os demais, serão analisados pelos autores Luís Joly e Paulo Franco, sobre

suas características e suas semelhanças com pessoas da vida REAL. Pablo

Kaschner nos ajudará a entender melhor o universo da vila e de seus episódios

que ao todo somam mais de 1200 no decorrer de muitos anos da série.

Uma das personalidades mais respeitadas do México o ator Roberto

Gómez bolaños coleciona fãs em várias partes do mundo, nesse capítulo nós

iremos conhecer melhor um pouco da história desse ator desde a época em

que começou como redator da agência de publicidade D`Arcy até ir parar nos

estúdios da TELEVISA, uma das maiores emissoras de TV do Mundo.

2.1 O Criador, Roberto Gómez Bolaños

O programas Chaves e Chapolin são sucesso no mundo todo, mas o

que grande responsável desse imenso sucesso é o escritor e também ator

Roberto Gómez Bolaños, mexicano que no ano de 2014 completará 85 anos de

vida, neste capítulos conheceremos um pouco da fantástica historia do menino

do barril.

Em 21 de fevereiro de 1929, no distrito federal do mexicano, então

nascia Roberto, segundo filho do casamento de Francisco Gómez Linhares e

Elsa Bolaños Cacho, uma criança de classe media alta, onde a casa era

comandada pelo seu pai Francisco Gómez Linhares, que exercia a profissões

de ator, desenhista e pintor. Seus desenhos apareciam nas capas da revista

EL Universo Ilustrad, publicação da qual foi diretor artístico. (MAURICIO

TAMBORI. P.20.2012).

Roberto com sua baixa estatura e aspecto frágil sempre se sentiu

inferior às outras crianças da mesma idade, no colégio Cervantes que

frequentou durante seu período de doença, Roberto desenvolveu o dom para a

26

luta e para o futebol, praticas que fazia na atual escola. (MAURICIO TAMBORI.

P.28.2012).

Em 1954, com 24 anos Roberto Gomez Bolaños entrou para

agencia de publicidade D´Arcy, onde iniciou a carreira literária que lhe abriu

portas para o rádio e a televisão, onde trabalhou como roteirista de destaque

no cinema, logo ganhando na TV o programa “Cômico y Canciones” com os

personagens Viruta e Capulina. (MAURICIO TAMBORI. P.28.2012).

Em 1959, segundo a Joly Luís (2012) estreou na frente das

câmeras quando um ator de “Cómicos y canciones” não apareceu no estúdio

de gravação do seu programa de televisão, pressionado para colocar o

programa no ar, o diretor pediu para que Roberto que atuasse, com o passar

dos dias, chesperito também estreou no cinema, interpretando um vilão no

filme Dos Criados Malcriados, de Augustin P. Delgado.

Para Fernando Thuler (2012), os trabalhos de publicitário de

jovem já chamavam a atenção na cidade do México, ele era responsável pelas

frases de comerciais, anúncios espetaculares, folhetos, cartazes, letras de

jingles para diversos produtos e programas de rádio e televisão, inclusive para

os Chicletes Adams e da marca de carros Chevrolet.

Em 1968, Roberto é contratado para trabalhar na TV TIM

(Televisión Independiente de México) como roteirista do programa chamado La

media naranja. No ano seguinte na cidade, nos estúdios de San Angel Inn, na

capital asteca os diretores da TV TIM prepararam um piloto de um novo

programa onde o escolhido para ser roteirista do programa foi Roberto. O que

se tornara o queridinho entre os diretores da emissora. (FRANCO, Paulo, p.

115. 2012).

Com isso novos programas foram criados dentre eles a serie El

Ciudadano (o Cidadão) uma esquete de humor que relatava a vida de um

personagem que perdeu a memoria em um acidente automobilístico e que, por

conta disso, acabava se metendo em situações engraçadas na intensão de

ajudar os mais pobres e necessitados. (MAURICIO TAMBORI. P.57.2012.)

Com apenas treze episódios, o programa só teve estreia após

vários meses depois de ser gravado, o programa servia como estratégia direta

para competir com programas da principal concorrente Canal 2. El Ciudadano

Gomez, logo alcançou o primeiro lugar na audiência transmitido as sextas-

27

feiras. Foi nesse programa onde Roberto Gomez Bolaños ganhou seu primeiro

programa na TV. (MAURICIO TAMBORI. P6. 2012.)

Responderam-me que serviria para fazer uma seleção de atores, na qual, obviamente me incluí. Todos nós, atores conhecidos e desconhecidos que interpretamos o personagem [...] me escolheram, mas também me pediram para complementar o título do programa com o sobrenome do cidadão em questão. E como deixaram a escolha para mim, coloquei meu próprio sobrenome. (MATOS. 2006. P. 66)

Com o sucesso do programa logo vieram novo episódios e uma nova

atração produzida por Sergio Peña, produtor cubado recém-contratado pela TV

TIM, o programa Sábados de lá Fortuna, programa que se estenderia por todo

o dia de sábado com apresentações de dança, canções, quadros de comedia,

mágica e vários tipos de concursos e sorteios, uma espécie de programa Silvio

Santos transmitido aqui no Brasil. (PAULO FRANCO. P118. 2012.)

Após a estreia Sergio, ofereceu a Roberto dois ou três quadros de oito a

doze minutos para fazer o que quisesse, com isso Bolaños começou a

apresentar o pequeno esquete chamado de Los genenios de la mesa cuadrada

(os gênios da mesa quadrada), que segundo Roberto Gómez Bolaños se

tratava de uma parodia bem humorada dos grandes programas de mesas

redondas que eram destaques na televisão naquela época, foi quando

começou definitivamente Chespirito se consagrou no humor.

Para Mauricio tambori, o seu primeiro personagem de sucesso de

Roberto Bolaños, Doutor Chapatin, um senhor distraído e lento, que tinha as

características físicas do grande cientista Albert Einstein, o programa contava

com um pequeno elenco formado pro Rubens Aguirre, que interpretava o

Professor Aguirre Girafales; Ramon Valdés que fazia o engenheiro Ramón

Valdés Tirado Alanis; e por fim, Maria Antonieta de Las Nieves, que

interpretava a secretaria “La Mococha Pechocha”.

O programa durou apenas oito meses no espaço do Canal 8, lendo

cartas e dando aos telespectadores respostas bastante engraças e absurdas.

Com o sucesso do quadro, deixou de ser uma pequena atração de 12 minutos

e passou a ser uma própria serie. Mas o teor das piadas utilizadas pelos

interpretes a custa de atores e produtores e vários personagens do meio

28

artístico fez com que Roberto Gómez Bolaños a sair do programa por volta de

janeiro de 1971. (MORENO, MARIO.P69.2012).

Eu me dei conta de que estava abusando e lançando mão de recursos indevidos, porque eu tinha direito de fazer piada com as pessoas, todos me diziam: “Você está louco. É justamente isso que dá certo!” Sim, mas eu já não queria causar aqueles danos. (ROBERTO GOMEZ BOLAÑOS, MATOS LUCAS, PAG. 69)

Foi então que o programa passou a se chamar de “Chespirito” e nele

puderam atuar vários personagens de Roberto, destacando-se, inicialmente, o

Doutor Chapatin, o medico louco que tinha uma missão curar a tristeza das

pessoas.

2.2 Os Personagens de Roberto Gomez Bolaños.

2.2.1 O Doutor Chapatin

Para Kaschener, um senhor ranzinza faz parte da vida de Chesperito

desde quando o mesmo iniciou sua carreira na televisão, um velhinho terno,

bastante esperto e super hiperativo que exerce a profissão de medico.

Doutor Chapatin, é tem um senso de humor bastante caricato, o mesmo

já não escuta bem e é bastante impaciente e de personalidade forte. Não gosta

de ser chamado de velho e quando isso acontece se irrita e golpeia aqueles

que o insulta com seu inseparável saco de papel, que até hoje não se sabe ao

exato o que existia ali dentro.(MAURICIO. TAMBORI.P72.2012)

Para interpretá-lo em “Los supergenios de la mesa cuadrada”, Roberto

usava peruca e bigodes na cor branca um casado marrom e um cachecol

vermelho, tudo que precisou para dar vida ao doutor mais querido pelos fãs do

ator.

Segundo Bolaños, Doutor Chapatin, já era um dos personagens mais

antigos que Chesperito havia criado muito antes da estreia do programa, o

velhinho do saco fez parte de um piloto de um programa intitulado, El Hotel de

Kippy, mas não seria interpretado por Roberto, o personagem tratava-se de um

inicialmente de um velho que falecia no transcorrer da trama, que seria dado

29

vida por Arturo Cobos “Cobitos”, mas nunca aconteceu e muito menos chegou

a ser gravado. Então Roberto tornou-se dono do personagem.

Com isso Roberto incrementou o seu personagem com uma bolsa de

papel, no qual, segundo o mesmo, havia “aquilo”.

Segundo Gómez (2012), nesse saco de papel, o Doutor Chapatin trazia

muito bem fechados e bastante assegurados o rancor e o veneno que eram

usado em certas piadas em alguns momentos, com isso ele já sentia que

estava passando dos limites no programa, Los supergenios de lá mesa

cuadrada, com isso o fato de fazer piadas á custa de pessoas conhecidas e

companheiros de trabalho, com isso o doutor segurava e que estava muito bem

guardado, repetiu varias vezes em diversas entrevistas.

Para Pablo Kaschner, uma característica do personagem era que o

mesmo quase nunca saia do seu consultório, chapatin passava boa parte dos

episódios em uma sala onde atendia seus pacientes com suas enfermeiras,

que inicialmente foi interpretado por, Maria Antonieta delas nieves e logo em

seguida por Florinda Meza.

Frases de Características de Doutor Chapatin.

“Que te importa?”, “Insinua que sou velho?” e “Isso me dá coisas...”

2.2.3 – Chesperito

Meses antes de deixar o programa por volta de outubro de 1970, uma

nova fase da atração agora com uma hora de duração (das 20h às 21) com o

mesmo time de atores e participações de iniciantes entre eles Florinda Meza.

(TAMBORINI, MAURICIO. P.72.2012).

De acordo com Luís Jolya saída de Bolaños do humorístico, logo o

programa chegou ao fim, foi então que a necessidade de criar novos

personagens entre eles estava o próprio Doutor Chapatin, La Chicharra (o

Buzzer) e as parodias de Chaplin, e outras imitações marcantes como as de O

Gordo e o Magro e o seu mais novo personagem Chesperito, personagem que

dava nome ao programa onde o mesmo aparecia como varredor, garçom,

criador e diversas profissões possíveis.

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Foi nesse mesmo espaço que surgiram grandes personagens mais

importantes de Bolaños: Chapolin Colorado e Chaves.

2.2.4 – Chaveco (Los Caquitos)

Dois amigos ladrões resolvem abandonar o crime e passam a serem

pessoas honradas e nos primeiros episódios aparecem fazendo assaltos com

pistola de brinquedo e quase sempre uma tentativa frustrada e quase nunca

conseguia roubar nada.

Possuía uma maquiagem quase sempre natural, algo brilhante, e com

barba crescida de três dias. Usa com frequência um gorro preto de lã com uma

camisa com listrada nas cores branca e preta, calças pretas e um casaco preto

“Oxford”, porém, também usa tênis brancos e gastos.

Personagem mulherengo e que fazia questão que todas a tratassem

com respeito, evitavam sempre que poderia atritos e discussões, mas não é

nenhum covarde, sendo mais sangue quente sempre que se envolve em

discussão, Chaveco é um homem nobre, e prova disso é que vive

honestamente do seu trabalho, apesar dos obstáculos que a sociedade impõe

a todo aquele que antes vivia como delinquente.

Com o passar dos episódios Chaveco ganhou novos personagens,

Botijão, interpretado por (Édgar Vivar) e em um de seus roubos eles

conheceram Chimoltrúfia (Florinda Meza), a qual Botijão se apaixonou. Daí

para frente, o quadro mudou: ganhou mais espaço no programa, foram criadas

situações domésticas, em trio e confusões. Chimoltrufia, na época era uma

consultora intelectual de Botijão, e era um pouco desonesta, ajudando Botijão a

praticar a seus golpes.

Logo em seguida foi criada a Dona Cotinha (Angelines Fernandez) e a

delegacia de polícia. Dona Cotinha era apaixonada por Chaveco, mas sempre

o entregava a polícia, quando ela desconfiava de alguma coisa, sempre que

sumia alguma coisa era culpa do mesmo. Na delegacia, Chaveco e Botijão

sempre arrumavam um jeito de escapar da prisão. Chimoltrúfia, queria

esclarecer as conversas sobre a prisão dos dois e o delegado Morales (Raul

Padilla), tinha de mediar a situação.

31

O quadro ainda é exibido no ano de 2013 no Brasil, nas tardes do SBT,

uma ou duas vezes por semana, dentro do programa Chaves.

2.2.5 – Chapolin

Na década de 1970 também dentro do programa Chesperito, foi

transmitido o pequeno quadro de um herói simpático de um bom coração que

sempre se metia em situações bastante cômicas. Tratava-se de uma paródia

das series de super-heróis norte-americanos, super-homem, Batman, Homem-

Aranha³, dentre outros, esse personagem foi criado como base de um roteiro

para um filme.

A historia teve inicio quando um cientista agonizava e, sem ter mais

quem entregar sua maior herança sua maior invenção, chamou as pessoas que

o visitavam para escolher a quem deixar seu tão valioso patrimônio: algumas

partilhas que permitiam a quem as tomasse reduzir o tamanho do corpo.

2A única indicação ou requisito para tomar esse “medicamento” era que

o eleito devia ser completamente honesto de bom coração, e então foi

selecionado o mais novo super-herói “Chapolin Colorado”.

Ele não tinha as características extraordinárias dos heróis. Era tonto, lento e medroso, mas superava o medo e enfrentava os problemas, e isso consiste em heroísmo e humildade. Esse personagem me diverte muito e eu adoro. Aliais, é o personagem que eu poderia fazer inclusive já velho. (BOLAÑOS,2008,PAG. 80)

O diferencial de Chapolin colorado não era um super poder, mas sim sua

marreta biônica que era sua fiel escudeira que a “protegia” e o deixava mais

corajoso para encarar situações a cada episodio diferente.

Para invocar o polegar vermelho, outro apelido carinhosamente dado

pelo autor, por se tratar de sua baixa estatura e sua fantasia vermelha, bastava

a seguinte frase “Oh, e agora quem poderá me defender?”. E então surgia

“Eu!”. Com um super sorriso estampado no rosto “o Chapolin Colorado”,

enquanto repetia seu bordão de bravura “Não contavam com minha astucia!”.

3Super-Homem, Batman, Homem-Aranha – (Super-heróis americanos criados para quadrinhos que ganharam vida

em filmes de produção Hollywoodiana).

32

A determinação era seu forte para conseguir solucionar os problemas

das pessoas que ali chapolin os ajudavam, com isso ganhava o

reconhecimento. “Você é o máximo, Chapolin!”.

Em 1972 no dia 01 de setembro, mas exatamente às 20h30min, sua

própria serie estreou no Canal 8, desde então foi sucesso absoluto de

audiência.

Seu nome de inicio seria “El Chapolin Justiceiro” e teria cor verde, mas

isso se tornou impossível por questões técnicas, pois varias cenas do esquete

seria gravado em croma key, é uma técnica de efeito visual que consiste em

colocar uma imagem sobre outra através do anulamento de uma cor padrão,

verde ou azul.

Segundo o próprio criador Roberto Gómez, as cores disponíveis para o

figurino do personagem era apenas preto e branco, que refletia demais para a

iluminação da televisão, o azul também não daria certo em virtude das técnicas

de croma também. Então a cor escolhida passou a ser o vermelho que também

apresentaria problemas técnicos, mas completando o uniforme com um calção

na cor amarela e um coração com a mesma tonalidade com as iniciais CH

vermelhas no peito, tênis amarelo com cadarços vermelhos, um capuz do qual

saía o par de antenas de vinil, ajudavam a diminuir um pouco da coloração que

poderia prejudicar os efeitos permitidos na época.

“Mais rápido que uma tartaruga”! Mais forte que um rato! Mais inteligente

que um asno! Será um pássaro? Um avião? Não, é um gafanhoto! É o

Chapolin Colorado! Era assim que apresentava o personagem ao iniciar a serie

cujo sucesso foi imediato.

Ao longo dos episódios, Chapolin Colorado enfrentava uma grande

quantidade de vilões das mais diversas formas, com frequência, atrapalhava os

inocentes e ajudava os criminosos, assim se metendo em atrações bastante

engraçadas. Mas no final, tudo se esclarecia em consequência de suas

trapalhadas acidentais causadas pelos seus erros.

A série Chapolin, foi gravado até 14 de outubro de 1979, exatamente o

ano em que Roberto Gómez Bolaños completava 50 anos de idade, assim

protagonizando cerca de 250 programas.

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Anteninhas de vinil ficam localizadas na cabeça e detectam a presença

do inimigo. Também servindo como rádio de duas bandas e também são ponto

frágil, já que quando alguém as toca, ele perde todos os seus poderes.

Corneta Paralisadora: É uma pequena corneta manual com a grande

capacidade de paralisar qualquer pessoa, animal ou qualquer outro objeto

móvel. A corneta funciona da seguinte forma ao ser tocada uma vez, paralisa:

ao ser tocada duas vezes, tudo volta a se mover como antes.

Pastilha encolhedoras: Mantidas em um pequeno frasco na parte

traseira de sua cintura, fazem que sua estatura reduza para aproximadamente

vinte centímetros, para caso necessite entrar em algum lugar inesperado. O

efeito da pastilha dura apenas por alguns minutos, e aqui no Brasil as mesmas

são chamadas de “pastilhas de nanicolina” ou “Pastilhas de polegarina”.

Marreta Biônica: sua inseparável arma, a marreta tem uma semelhante

forma de um martelo, ela é usada para golpear tantos os maldosos quantos as

próprias vitimas, o objeto tem um barulho característico da serie.

2.2.6 – Os Vilões

No seriado, atores se reversavam entre mocinhos e vilões, em alguns

episódios alguns vilões ficaram bastante conhecidos e até queridos pelo

público. Conheça um pouco dos principais criminosos da serie.

Tripa Seca

É um inimigo bastante comum de chapolin. Sempre bem vestido

acompanhado de um grande chapéu, é o mais popular e querido vilão da serie.

Ele já escapou da prisão e fingiu-se de morto para ninguém desconfiar de

quando ele praticasse seus crimes. Tripa fazia parte do bando que tentou

matar Chapolin. Já enfrentou o herói mexicano varias vezes e até já simulou

seu próprio assassinato.

Pistoleiro Veloz

O gatilho mais rápido de todo velho oeste. Tão rápido que podia tirar a

calça do cidadão interpretado por Calos Villagrán sem que ele perceba,

fazendo-o passar vergonha ao ficar apenas de cueca diante de sua noiva.

Apesar de toda sua agilidade, veloz foi derrotado por Chapolin através de sua

corneta paralisadora que foi mais rápida que pistoleiro.

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Racha Cuca

Racha cuca é característico do Velho Oeste malfeitor que aterroriza o

povoado. É o mais temido que “Quase Nada” (Personagem interpretado por

Calos Villágran). Em um episodio ele exige de todos cinco dólares ou um

saquinho de alfafa para cada balde d’água retirado do único poço da região. no

fim, depois de ficar preso no poço com Chapolin, ele se redime dos pecados e

passa a ser um cidadão de bem.

Rasga Bucho

Outro bandido também do Velho Oeste. Induz Chapolin a enfrentar o

forte cantineiro do bar (Rubén Aguierre) e quer que sua filha, Rosa, a

Rumorosa (Florinda Meza), a mais bela das donzelas do Velho Oeste, se case

com o Xerife.

Quase Nada

Um dos personagens mais frequentes da serie, nos episódios de Velho

Oeste, é o mais temido criminoso de quem se tem noticia, pois já cometeu

centenas de furtos, assaltos e assassinatos e já baleou até seu grande amor,

Rosa, a Rumorosa, por ela ter se recusado a se casar com o tão cordial rapaz.

Poucas Trancas

Bandido perigoso que fugiu da cadeia e agora assalta casasdo seu

bairro favorito, a Barra Funda. Ele escolhe logo a casa de um cidadão (Carlos

Villágran) que estava super nervoso com a notícia da fulga de Pouca Trancas.

O vilão tranca no banheiro o cidadão e sua esposa, para completar engole a

chave, ao ouvir gritos de socorro polegar vermelho aparece para salva-los

dessa situação. Com isso Chapolin bola um plano para que possam dominar o

bandido, por fim, Pouca Trancas é preso e o casal teria que esperar a chave

sair por ventura da natureza para recuperar a chave da porta que os deixara

trancados.

Bruxa Baratuxa

Uma bruxa muito má que vive em uma caverna no meio do bosque,

onde o sonho da pequena bruxa é ver seu repugnante filho casado com a

“pobre camponesa de nobre coração que vai todos os dias ao bosque recolher

lenha” (Florinda Meza). Mas quando seu filho finalmente se apaixona, a moça

se recusa a casar-se com ele. Chapolin acaba se apoderando da varinha e de

sua vassoura voadora onde o herói “destransforma” a noiva do filho da bruxa

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que havia sido transformada em arvore. Ele acaba descobrindo a palavra

magica que era “Parangaricotirimírruaro” e transformando o pretendente da

camponesa em um belo príncipe encantado.

Rosa, a Rumorosa

Já foi namorada de Quase Nada (Carlos Villagrán) na época do Velho

Oeste, mas depois que este a baleou, não havia mais “clima” para romance,

mesmo que o dinheiro dele a interessasse bastante. Em outro episodio ela é

filha de Rasga Bucho (Ramón Valdez).

Frases Características de Chapolin Colorado.

“Não contavam com minha astúcia”, “Siga-me os bons!”, “Aproveitam-me

de minha nobreza”, “Suspeitei desde o principio”, “Silêncio, silêncio! Minhas

anteninhas estão detectando a presença do inimigo!”, “Eu vou... sim, eu vou...

eu vou...” “Era exatamente o que eu iria dizer”, “Todos os meus movimentos

são friamente calculados” e “Palma, palma, não priemoscânico”.

2.2.7 – Los Chifladitos

Um par de loucos chamaram a atenção no programa de Chesperito, que

tratava-se de Los Chifladitos, que o enredo cercava através da historia de dois

loucos chamados Chaparrón Bonaparre e Lucas Tañeda, conhecidos no Brasil

por Pancada Bonaparte e Lucas Pirado, interpretados por Roberto Gómez

Bolaños e Rubén Aguierre.

A dupla aparentemente era normal aos olhos de quem os via, mas se

deixavam levar por ações ilógicas e colocavam expondo seus pensamentos

absurdos e sem nexo para os demais personagens sem nenhum tipo de

censura para os personagens do esquete.

A qualquer momento, Pancada Bonaparte podia ter uma espécie de

ataque epilético que o fazia ter movimentos flexíveis em forma rítmica em seus

braços e pernas descontroladamente em balançados confusos e ao mesmo

tempo engraçados, ataque batizado por “rebimboca” – esse problema todo

sempre, se resolvia apenas com uma pancada nas costas.

Apesar da grande aceitação e o sucesso da esquete, Bolaños

suspendeu a atração em 1971 quando seu companheiro de quadro Rubén

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recebeu a proposta para trabalhar como diretor de um novo programa no Canal

concorrente canal 1.

Sem saber o quadro que o substituíra, Gómez resolve criar um esquete

solto, onde a historia se referia a um garoto pobre, interpretado pelo próprio

Chesperito que passeava por um parque e tinha uma disputa com um vendedor

de balões intitulado por Don Ramon, no Brasil intitulado para Seu Madruga.

A aceitação foi tão grande que logo a esquete foi batizada com um nome

que viria a ser conhecida no mundo inteiro: El Chavo, ou simplesmente Chaves

aqui para nós do Brasil.

2.2.8 – Chaves

Chesperito interpretava um garoto que vivia em uma vila do subúrbio da

cidade do México. Chaves logo caiu nas graças dos telespectadores pois pela

primeira vez, no na historia da cidade um humorístico dirigido para o público

jovem, mas com adultos vestidos de criança. (TAMBORINI, MAURICIO. P.91).

Roberto Gómez Bolaños criou uma cenografia com baixo custo e

começou a reunir o elenco com o qual logo consolidou Chaves como o

programa número um da televisão humorística no México. O programa teve

inicio em 20 de Julho de 1971 dentro do programa de Chesperito.

Chapolin Colorado e Chaves chegaram a registrar níveis tão altos de

audiência a ponto de superar até mesmo o Ibope do Canal 2, algo nunca visto!

Emilio Azcárraga Milmo, na época presidente do Tele sistema Mexicano, fez

uma impressionante oferta ao protagonista do programas, com a tentativa de

fazê-lo deixar o Canal 8 e ir trabalhar na concorrência.

A oferta envolvia o dobro do cachê por programa e 300 mil pesos para a

produção, valores alcançados após muitas negociações.

O contrato de Gómez com sua primeira empresa chegou ao fim em 25

de abril de 1973, quando a TIM passou por uma fusão com o Tele sistema

Mexicano virando o empório chamado Televisa.

Já na sua nova emissora no Canal 2, a serie alcançou patamares

inesperados de popularidade, tanto no México como em toda América Central e

na América do Sul.

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Já transmitido pelo Canal 2 da recém-criada Televisa. Chapolin Colorado e Chaves converteram-se em programas separados, de meia-hora de duração cada um, e foram comprados por emissoras de vários países da América Central e da América do Sul, onde também bateram marcas inesperadas de audiência. (TAMBONI,P,90.2012)

Depois de Chapolin e Chaves chegaram ao fim – em 1979 e 1980,

respectivamente -, em janeiro deste ultimo ano foi renovado o contrato com

Chesperito.

Seus personagens iam ao ar em uma hora semanal e com novos

personagens, entre eles as parodias já usadas anteriormente como as de

Chaplin e O Gordo e o Magro, e também Los Caquitos que, segundo

testemunho do próprio criador, foi seu maior sucesso como ator.

A historia de um garoto órfão, pobre, distraído e lento, mas criativo e

bem intencionado. Com oito anos de idade, é um pouco ingênuo –

característica que as demais crianças usam para se aproveitar dele.

Passa maior parte do tempo em seu “esconderijo”, um barril, e tem um

desejo permanente por sanduiches de presunto. Chaves chega a vizinhança

casualmente e sua vida até hoje ainda é cheia de mistérios.

O expectador desconhece o nome verdadeiro do personagem principal,

já Chaves trata-se de um apelido usado em crianças que significa “garoto” ou

“moleque” na cidade do México, assim como também desconhece quem vive

com ele na casa de número oito do cortiço. Sempre que alguém o pergunta e o

questiona sobre isso, logo a conversa é interrompida por outro personagem

deixando os telespectadores sem resposta.

Quando chora, corre até seu barril em busca de calma e tranquilidade.

Sua reação diante o medo é a paralisia, transe em que seu corpo adota uma

posição e se matem paralisados. Para fazer chaves voltar a si, basta jogar um

pouco de água em seu rosto.

Seus sapatos usados foram um presente de Don Ramon, que traduzido

para o Brasil, Seu Madruga os deu quando chegou à vila.

Esse é o programa numero um da televisão humorística, assim se inicia

a abertura do programa Chaves, o seriado que conta, com humor e

simplicidade, a aventura de uma típica vizinhança latina americana de classe

media baixa dos anos 1970.

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Os personagens infantis da Vila (Chaves, Chiquinha, Quico e Nhonho)

trazem um divertido ritmo ao programa e foram citados pelo próprio autor com

base em referências de sua própria infância.

Na vizinhança de Chaves nenhum dos personagens está incluído em um

núcleo familiar bem consolidado. Seu madruga e Dona Florinda são viúvos,

Girafales é solteiro, Dona Clotilde é uma “velha encalhada”, Senhor Barriga cria

Nhonhosozinho e Jaiminho Carteiro nunca se casou.

Conheça um pouco melhor de cada personagem da Vila de Chaves.

2.3 – Personagens

Por onde o programa passou os personagem cativaram todo o mundo.

Cada um com seu jeito e seus defeitos, os personagens adultos e infantis de

Chaves conquistaram lugar na memória afetiva de milhares de pessoas que

assistiram o seriado.

2.3.1 Chaves

Todos os chamam de “El Chavo del Ocho” que traduzido para o

português fica como “O garoto do oito”.

Interprete: Roberto Gómez Bolaños

Características: Roupas velhas e acabadas, pois não tinha como

comprar nova. Sua calça na cor bege bate na canela, é desgastada,

manchada, remendada e sustentada por um suspensório de cor laranja, onde

Chaves amarra de uma improvisada sobre o ombro. Usa uma camisa listrada,

visivelmente gasta, além de um gorro xadrez verde quadriculado com abas e

orelhas.

Nos seus pés botinas pretas velhas, desamarradas e sem meias.

Percebe-se que as roupas são maiores do que ele, e sardas características do

personagem.

Frases Características de Chaves.

“Foi sem querer querendo”, “Isso, isso, isso”, “Tá bom, mas não se irrite”,

“Ninguém tem paciência comigo”, “Zás, zás, zás”, “É que me escapuliu”, “Tudo

eu”! Tudo Eu!, Tudo eu”, “Seu Madruga, a sua vozinha...”, “Ai que Burro, dá

39

zero pra ele”, “Ah, bom, se assim, sim” e o seu tradicional e mais inconfundível

choro, “Pipipipipipipipipi”.

No livro “El diário de El Chavo del Ocho”, Gómez cria uma história pré-

Vila para o personagem, ele teria morado em um orfanato, saiu, teve contato

com alguns moradores de rua e em um dia bastante chuvoso. Foi quando

entrou na Vila e acabou sendo acolhido pelos moradores.

Seu Madruga se preparava para tirar uma fotografia de sua filha,

Chiquinha, e quando surge uma pequena criança maltrapilho atrapalhando a

visão do fotografo madruga.

2.2.2 Quico.

Nome Original: Quico, (Frederico Bardón de La Regueira.)

Intrérprete: Carlos Villagrán

Características: Veste uma roupinha de marinheiro. Um boné colorido e

duas mechas de cabelo saltam à testa. Usa uma meia amarela sempre

esticada até o joelho. Bochechas grandes e infladas e pés arquejados para

dentro são marcas fortes do personagens.

Apelidos: “Bochechas de buldogue velho”, “Bochechas de mamão-

macho”, “Tonto” e “Bochechudo” (pelas crianças), “Tesouro”, “Coração”,

“Querubim” e “Rei” (por sua mãe, Florinda).

Frases Características de Quico.

“Ai, cale-se, cale-se, cale-se, você me deixa looouco!”, “Não deu”, “Você

não vai com a minha cara”, “Quico, quico, quico, rá, rá, rá!”, “Sim, mamãe!

Gentalha, gentalha”, “A diz que sim, não seja coverde, anda siiiiiim?”, “Da parte

de quem?”, “Quer? Compra”, “Com licencinha”, “Por isso eu digo que sim”,

“Que coisa, não?” e o seu tradicional choro, na parede do pátio

“Arrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr”.

Mimado, esse sem dúvidas é o adjetivo que resume Frederico,

conhecido pelo os fãs por Quico. Filho da viúva Florinda quico é bem

40

característico de filhos únicos, devido a uma pensão recebida pela morte do

pai, quico se torna a criança rica da vila. O garoto tem vários brinquedos

desejados pelas demais crianças.

Quico usa os brinquedos para causar inveja e, interesseiro, só os

oferecem quando tem algo em troca, nunca admite ser derrotado em nenhum

tipo de competição. Outra característica forte de quico era quando ele iria fazer

algo, salivava nos dedos e passando-a nas orelhas.

Sua veste de marinheiro era uma forma de homenagear seu pai, com

nove anos de idade, quico se tornou um dos personagens mais queridos dos

fãs da serie.

Quico ou Kiko? Em 1978, Carlos Villagrán, decide lançar carreira solo

interpretando o personagem que havia o deixado famoso no mundo todo, por

uma briga judicial contra Roberto Gómez, o interprete do menino mimado,

registra e continua interpretando o personagem agora escrito com a letra K,

Kiko.

2.2.3 Chiquinha.

Nome original: Chilindrina, Maria Francisca.

Intérprete: Maria Antonieta de las Nieves.

Características: de cabelos com duas marias-chiquinhas uma do lado

direito e uma do lado esquerdo de forma desalinhada, como sempre costuma

usar. Sardas em toda parte do seu rosto, usa óculos e não tem o dente da

frente como uma criança que perde os dentes-de-leite.

Seu tradicional vestido curto na cor, verde, com um casaco vermelho

todo enrolado nas costas. E ainda uma calçola amostra em baixo do vestido.

Para Mauricio tamborini, a desdentada e sardenta, filha de Seu

Madruga, de quem herdou a esperteza, Chiquinha não é somente a mais

inteligente das crianças, mas bagunceira da escola e de toda a vizinhança.

Criei Chilindrina (Chiquinha) como uma garota que tinha tantas sardas quanto o Chaves ou talvez até mais do que ele, de modo a construir um laço de identificação entre os dois. Mas ela seria travessa até não poder mais e muito inteligente do que o garoto. (BOLAÑOS, 2008, P.105)

41

Chilindrina que é seu nome original, vêm de um pão típico do México,

salpicado com sementes de gergelim, que lembram sua enorme quantidade de

sarda. (MATOS, LUIS, P.105)

Chiquinha tem uma paixão ingênua e bastante profunda por Chaves e

em algumas vezes em alguns episódios ela diz que ele é seu namorado,

embora a afirmação seja logo rejeitada pelo personagem principal.

Já para Pablo Kaschner, Chiquinha além de inteligente era geniosa,

irônica, manipuladora, hiperativa, travessa e brincalhona, as vezes era até

mentirosa, pois sem com notas ruins na escola, era a mente mais esperta da

vila, e com suas armações sempre se dava bem diante os outros garotos da

vila.

Uma das características da personagem era seu lado no entanto cruel

de querer se dar bem a qualquer preço, a personagem que para muitos seria a

criança capeta.

Apelidos: “Pintadinha, Sardenta, Espertinha, boca de bueiro e

banguelinha sem graça”.

Frases Características de Quico.

“”Sim, pois é, pois é, pois é!” “Ai papaizinho lindo, meu amor”

“Papaizinho lindo, meu amor, me da dinheiro pra eu comprar...” “O que você

tem de burro, você tem de burro!” “Mas que falta de desconfiança!”,

“Ohó...Ehé... Ihi...(rindo)”, “Uéh, uéh, uéh...” (Chorando).

2.3.4 Seu Madruga.

Nome original: Don Ramón.

Intérprete: Ramón Valdés.

Características: Com roupas surradas é fã da combinação tênis, calça

jeans velha, camisa preta e o tradicional chapéu, que sempre joga no chão e

pisoteia quando fica com raiva de algo.

Para Luís Joly, Seu Madruga é o personagem mais que mais se

aproxima da realidade brasileira, embora seja também um personagem comum

42

em vários locais do planeta. Trata-se de um homem que tem pouca instrução e

acaba resolvendo os seus problemas com que tem em mão.

Com bastante dificuldade vive de pequenos bicos, pula de empregos

constantemente e tenta criar sua filha sozinho, pois é viúvo tenta passar amor e

carinho mostrando-se feliz com o que tem no bolso. (FRANCO, PAULO.

P.110).

Ramon Valdez me fazia rir como nada mais me fazia rir. Era engraçadíssimo, um comediante extraordinário que poderia ter se tornado mundial, já que tinha um talento inato. Em meus programas, era o que mais me fazia rir (BOLAÑOS,2012.)

Apelidos: “Chimpanzé reumático”, “O corpo da tripa escorrida”,

“Vassoura”, “Lombriga esticada”, ”Projeto de homem”, “Espantalho”, “Morto de

fome”, “Tripa escorrida”, “Pacote de osso seco”, “Animal”, “Cara de burro

cansado”.

Madruga é um homem simples, que não conseguiu concluir a escola

porque desde jovem teve que trabalhar e, por isso, não tem muita instrução,

embora declare que lhe faltam oportunidades, ele não procura emprego e fica

em casa vadiando e deixando passar as oportunidades oferecidas, onde um

desejo parece acompanha-lo: ganhar a vida sem precisar trabalhar. (PABLO

KASCHNER. P.67)

Frases Características de Seu Madruga.

“Tinha que ser o Chaves mesmo!”, “Tinha que ser o Chaves de novo!”,

“Toma! E só não te dou outra porque...”, “O que que foi, o que que foi, que que

há?”, “Com licencinha pro Madruguinha”, “Isso é uma Calhunia...”,” A vingança

nunca é plena: mata a alma e a envenena”, “As pessoas boas, devem amar

seus inimigos”, “As dividas são sagradas”, “Não existe trabalho ruim. O ruim é

ter que trabalhar”, “Viva o amor, viva o amor”.

2.3.5 Dona Florinda.

Nome original: Doña Florinda.(Florinda Corcuera Vidialpango viúva de

Matalascayano).

Intérprete: Florinda Meza

43

Características: fazia parte da alta sociedade, mas após a morte trágica

de seu esposo, o capitão da marinha Frederico Matalascallando, com quem

teve seu único filho Quico, vive na vila na casa de numero 14, que sua renda

fica por conta da pensão que recebe da marinha, para Mauricio Tamborini,

Florinda é uma mulher madura e sempre está convencida que é superior a

seus vizinhos, tanto na parte social, moral e econômica, por isso chama os

demais de “gentalha”.

Já para Luís Joly, Dona Florinda é uma mulher prendada, uma mãe de

família que gosta de tudo em ordem, limpeza e disciplina, onde seu defeito é a

falta de paciência e seu mal humor, porem torna-se totalmente doce diante de

seu filho ou com a presença do Professor Girafales.

Agora para o criador da personagem, Roberto Bolaños, toda vez que

florinda encontrava-se com Professor Girafales seu rosto irradiava a ternura e a

doçura capaz de existir no interior de uma mulher apaixonada, para a interprete

Florinda Meza, interpretar a mãe de quico a transformava em um verdadeiro

poço de faculdades teatrais.

Apelidos: “Velha Carcomida”, “Briguenta”, “Saracura com calos”.

Frases Características de Dona Florinda.

“Outra vez o senhor, hein, Seu Madruga!”, “Era só o que me faltava!”, “E

da próxima vez, vá dar pancadas na sua avó!”, “Cale essa boca!”, “Vamos,

tesouro! Não se misture com essa gentalha!”.

2.3.6 Dona Clotilde.

Nome original: Doña Clotilde

Intérprete: Angelines Fernández

Características: Uma senhora de idade, uma aparência excêntrica e

que tem um gatinho de estimação chamado Satanás, é chamada pelas

crianças de Bruxa do 71, já que mora no apartamento com esse numero.

Clotilde é solteirona, exigente e aposentada, segundo o jornalista Mauricio

44

Tamboni, ela é uma boa mulher e se preocupa-se em tratar bem as outras

pessoas, especialmente Seu Madruga, que a faz a suspirar de amor.

Sempre de vestido azul, dona Clotilde, quando não aparece de cabelo

preso, usa uma espécie de chapéu que torna sua figura ainda mais excêntrica.

(Pablo Kaschner, p.72.2010).

Dona Clotilde, no entanto, é uma adorável senhora ou senhorita como

gosta de ser chamada se dedica aos afazeres domésticos e muito prendada,

apesar de ranzinza, tem como maior inimiga a bisavó de Chiquinha, Dona

Neves, uma senhora que muda para a vila e com quem Dona Clotilde sempre

se desentende.

Pablo kaschehner, diz que a má aparência física e boa índole, a Bruxa

do 71 encarna o ditado “quem vê cara não vê coração” onde chega a comparar

com o clássico dos contos de fada, A Bela e a Fera.

Apelidos: “Bruxa do 71”.

Frases Características de Dona Clotilde.

“O que foi que disse?”, “É Melhor não dizer mais nada!”, “A quem você

está chamando de bruxa”, “Fique sabendo que eu não sou nenhuma bruxa,

“Satanás! Venha cá, Satanás!” “Com li-cen-ça”.

2.3.7 Professor Girafales.

Nome original: Professor Jirafales (Inocêncio Jirafales)

Intérprete: Rubén Aguirre

Características: Pablo Kaschner (2006) o namorado de dona Florinda é

um modesto professor de escola primária, que mede nada mais, nada menos

do que 1,95m de altura e por isso que o personagem de Rubén ganhou o nome

de Girafales. O professor é um comporta-se como um verdadeiro cavalheiro e é

bastante educado e culto, embora tenha o defeito de ser durão e prepotente.

Já Fernando Thuler diz que Girafales é chato que adora corrigir os

outros, é fácil encontrar esse tipo de pessoa nas altas rodas, contando

vantagem, explicando termos de cultura inútil.

45

Embora quase sempre dê a impressão de ser solicito, acaba soando

arrogante e prepotente.

Com um ar superior, esse tipo de pessoa parece querer ajudar somente

para confirmar a teoria de que é superior aos demais. (Franco, Paulo,

p.109.2012).

Vários autores já escreveram sobre Girafales e muitas opiniões

contrarias foram dadas para o mestre linguiça e uma dessas foi a de Mauricio

Tambiri que para ele, o professor era um homem tímido que por conta disso

nunca se casou. Girafales mantem um relacionamento amoroso inocente e

sentimental com Dona Florinda, que cultiva sempre levando um buquê de

flores.

Muitos dos telespectadores de Chaves, admiram o professor que tem a

imagem do mesmo, um senhor carismático e educado que tem a profissão de

ensinar as crianças que leva com amor a profissão mesmo se sentindo

derrotado em diversas situações.

Apelidos: “Professor Linguiça”, “Quilometro Parado”, “Tobogã de salto

alto”, “espigão”, “sabugo de milho”.

Frases Características de Professor Girafales.

“Tá-tá-tá-tá-tá-TÁ” (quando se irrita), “Sou Linguiça e me chamo

professo! Digo, sou professor e me chamo Girafales!”, “Que vergonha, meu

Deus, que vergonha”, “Por que causa, motivo, razão ou circunstância...?”, “O

que foi que você disse?”, “Cale-se!”

2.3.8 Senhor Barriga.

Nome original: Señor Barriga

Intérprete: Edgar Vivar

Características: Careca com óculos e bigode, senhor barriga está

sempre de paletó e gravata. Carrega uma maleta preta com papeis e recibos

de onde recolhe os aluguéis da vila.

Barriga é considerado o único trabalhador do seriado, para o escritor

Luis Joly (2006), o personagem de Edgar representa o povo que tanto luta a

46

cada dia para obter o sucesso. Geralmente nascem pobres, e por isso mesmo

não se esquecem da origem humilde.

O único personagem que tem uma relação estável e uma união familiar

e um trabalho fixo. Faz parte da alta sociedade, é daqueles que consegue

reunir muito dinheiro começando de baixo, e sempre faz questão de ajudar os

que precisam. Assim como milhões de pessoas que lutaram na vida e

conseguiram uma vida mais confortável. (TULER, FERNANDO.P.109.2006).

O Personagem é dono da vila onde há 78 apartamentos habitados por

pessoas de classe média-baixa e uma das características do personagem é

toda vez que chega no cortiço para cobrar o aluguel é recebido através de

pancadas pelo protagonista da serie.

É pai de um garoto chamado Nhonho (Interpretado por ele mesmo), que

vive em um belo apartamento, a uma serie de contradições que envolvem o

personagem, uma delas é que seu barriga seria casado, mas em nenhum dos

episódios da serie a esposa do mesmo aparece e Nhonho sempre responde

que sua mamãe está viajando.

Acostumado com as desculpas do atraso dos pagamentos dos alugueis,

entre eles está o seu principal devedor, Seu Madruga que está fielmente

devendo 14 meses de aluguel, com isso recebe ameaças de despejo mas

acaba perdoando as dividas de atraso do mau pagador.(KASCHNER,

PABLO.P.77.2006).

Senhor barriga faz pose de durão, mas na realidade, é um sujeito,

amigo, risonho, simpático e muito prestativo. Apesar de perder a paciência com

as pancadas que recebe do “sem querer querendo” todas as vezes que chega

na vila, mas na realidade ele adora o menino. (KASCHENER,

PABLO.P.78.2006).

Apelidos: “Botijão com Patas”, “Velho pançudo”, “Velho gordo”, Bola de

praia”, “Almôndega”.

Frases Características de Seu Barriga.

“Tinha que ser o Chaves mesmo”, “Você me deve 14 meses de aluguel”,

“Pague o aluguel, Basta”.

47

2.3.9 Nhonho.

Nome original: Febrônio Barriga Gordorritúa

Intérprete: Edgar Vivar

Características: Sempre vestido com macaquinhos de cores vibrantes e

um babador por baixo, mas o que mais chamam a atenção são suas

costeletas, “como pode uma criança de aproximadamente 7 anos ter

costeletas? Só em chaves mesmo...” (KASCHENER, PABLO.P.78.2006).

Depois de muito tempo vivendo com a mãe, o garoto volta da Europa

para morar com seu pai, que por sinal a sua mãe é um mistério, como foi dito

no personagem anterior.

Apesar de não morar na vila, nhonho aparece em quase todos os

capítulos para brincar com seus amigos e estuda na mesma escola dos

protagonistas do seriado. Assim como seu pai, nhonho é motivo de chacotas

por causa do seu peso, o que o faz magoado, vez por outra e quando ele se

irrita, suas “pancadas” jogam para longe com uma “barrigada”.

O personagem que ganhou mais espaço nas historias depois da saída

de quico do programa, adquire importância em um processo de transmissão de

valores de medida que mostra que a verdadeira amizade sublimam as

diferenças de classe social. (KASCHENER, PABLO.P.78.2006).

Apelidos: “Pança de Boi”, “Baleia Assassina”, “Barriga Imensa”, Bola

com pernas”, “Almôndega com patas”.

Frases Características de Nhonho.

“Olha ele, hein, olha ele, hein”, “Professor, dá licença de ir ao banheiro”,

“Papaaaaaaaai”.

2.4Personagens Secundários

Popis: Interpretada por Florinda Meza, prima de quico e sobrinha de

Dona Clotilde, onde sua maior característica é o andar meio torto e a voz fanha

o que estimula a chacota entre as crianças.

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Assim como Quico, popis é vaidosa e tem grandes características

parecidas com a do primo, é boba, egoísta, não brinca muito para não se sujar

e tem uma boa condição social.

As frases de Popis: “Vou contar tudo pra minha mãe!”, “Conta tudo pra

sua mãe, Quico!”, “Mas eu vou te acusar”, “Serafina, isso não se faz”, “Gritou

comigo? Ele gritou comigo?”.

Jaminho: Interpretado por Raul Padilha, é com certeza o carteiro mais

querido entre os fãs de Chaves, uma das grandes características de Jaiminho

era sua simpatia, sempre com um sorriso no rosto, tem um grande defeito que

é a preguiça. Nunca faz seu serviço e sempre pede que seu destinatário

procure sua carta na mochila, com a desculpa de evitar a fadiga.

Orgulhoso de suas origens, sempre diz que nasceu em Tangamandapio,

povoado que segundo ele não está no mapa, mas é maior que Nova York,

mesmo não sabendo andar de bicicleta, sempre trás com ele para que não seja

mandado embora.

Frases de Jaiminho: “É que eu quero evitar a fadiga!”, “Eu sou

Jaiminho, o carteiro!”, “Eu sou de Tangamandapio!”.

Dona Neves: Interpretada por Maria Antonieta de las Neves, onde seu

nome completo é Neves Frias de Limão Aguado. Bisavó de Chiquinha, dona

Neves é uma velhinha idêntica a sua neta, sardenta, banguela, baixinha e de

óculos. Super simpática e cheia de energia, ela é bastante descontraída e

quase sempre está metida em confusões.

Sempre faz piadas com Dona Clotilde e Dona Florinda, pois não se dá

bem com as mesmas, e sempre costuma dar em cima de Jaiminho.

Frases de Dona Neves: “Que, que, que, como?”, “Chué, chué, chué,

chuééééh!” (Chorando), “Tchê, tchê, tchê, tchê”... (Risada).

Paty: Interpretada por Ana Lilian de la Macorra, Rosita Bouchout e

Verónica Fernandez (Clube do Chaves) – três versões. A grande paixão de

Chaves, e a de Quico também. Todas as brincadeiras de que Chaves não quer

participar com Chiquinha, ele prontamente aceita brincar com Paty.

49

Na vila, vive acompanhada com seu ursinho de pelúcia, por ser bonita e

atrair Chaves, faz de Chiquinha uma inimiga, já que as duas gostam do mesmo

garoto. Sobrinha de Gloria, uma bela senhora onde seu madruga morre de

amores por ela, Paty e sua tia Gloria moram no apartamento da escada, as

duas aparecem em poucos episódios.

Frases de Paty: “Boba!”.

2.5 Oque há em Chaves?

Com certeza um programa com poucos recursos como Chaves a

simplicidade era um dos seus principais ingredientes para tanto sucesso, uma

das principais características marcantes dos roteiros que estava presente na

forma e no conteúdo do programa.

Ele gosta mesmo é de brincar. Mas por onde passa, a confusão está

armada. E, sem querer querendo, ele sempre entra numa fria e é você quem se

diverte. (KASCHENER, PABLO.P.235.2006).

A falta de recursos na fase inicial do seriado, Bolaños precisou

economizar custos e a cenografia teve que ser feita com matérias como isopor

e papelão. O cenário considerado tosco acabou servindo como linguagem para

em que as precárias condições da vila lembravam de uma maneira geral as

condições de países da América Latina.

O visual simplório acabou se transformando em uma grande

característica marcante do programa, a simplicidade parece traduzir a

mensagem do garoto Chaves: pobre por fora e rico por dentro.

As carências técnicas foram, e ainda são um tempero do seriado. Tanto

que, décadas mais tarde, os atores juntaram-se para regravar, no entanto, de

uma estrutura técnica bem mais avançada e o resultado foi uma queda de

audiência. (KASCHENER, 2006, P.88).

O programa que nasceu para ser simples, mas não malfeito e muito

menos ser considerado algo trash, além disso a de considerar que a má

qualidade na conservação das fitas de alguns episódios, com áudios

distorcidos e imagens amareladas, mas nem por isso o SBT deixou de exibi-

los.

50

A sinceridade, inocência e a ingenuidade, todos esses sentimentos tem

tudo a ver com Chaves, não é a toa que as canções românticas de tom piegas

e melodias sentimentais embalam a trilha sonora dos episódios.

2.6 Público Alvo do Programa

O que muito se diz é que Chaves é um programa voltado para o para o

público infantil que seus episódios e seus personagens foram escritos para

agradar as crianças mexicanas, mas essa não foi a ideia original de Roberto

Goméz Bolaños, quando criou Chaves, Bolaños estava pensando em algo que

ele mesmo, como telespectador – e adulto – gostaria de assistir na TV. Para

sorte do escritor, muitas outras pessoas tinham – e têm – o mesmo gosto que

ele. (JOLY, LÚIS. P.88.2012).

Apesar do contrário de Roberto, a audiência do padrão do programa

ainda é formada por crianças, já que o seriado, normalmente é televisionado no

horário da tarde, quando a audiência é quase toda infantil, segundo o instituto

de pesquisa 3IBOPE.

Já no México a história não se repete, o seriado era exibido em horários

próprios, sem nenhum vínculo com crianças como acontecia aqui no Brasil,

onde era exibido no programa do palhaço BOZO, no final dos anos 80. Com

isso o seriado se conectou ao universo infantil de uma maneira quase

intocável, o fator que só mudou com o passar dos anos, quando as crianças

dos anos 80 tornaram-se adolescentes, adultos e assim por diante. (JOLY,

2012, P.89).

O programa que narra a história de um menino órfão que vive se

metendo em confusões, uma forma de divertir as crianças com suas

brincadeiras e que muita das vezes chegam a imitar na vida real.

Essa admiração dos pequenos por um programa televisivo poderia

trazer preocupação para os pais e educadores, o que não chega a acontecer,

3IBOPE– (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística). Pesquisas adquiridas pela própria emissora que

transmite o programa Chaves no Ceará – NORDESTV.

51

pois tendo em vista uma maneira pura, singela e sem influências negativas dos

personagens os pais sempre admiram o programa.

Chaves mostra brincadeiras de crianças e tanta resgatar na infância

moderna o que é o verdadeiro espirito de brincar do brincar, sem violência ou

qualquer outro tipo de malícia, comentou o escritor Oswaldo Nestor (2012).

Já a quem pensa ao contrario de Oswaldo Nestor, o redator do site vila

do Chaves, Paulo Franco diz que, em certos episódios do programa, a malicia

faz parte das situações, mas o que mais importante são os valores humanos

passados em todos os episódios. Sim, na vida há malícia, e Chaves, consegue

passar a dosagem exata para as crianças.

No ano de 2003 o programa Chaves era exibido diariamente nas tardes

do SBT, onde conquistou em média de 8 a 10 pontos que só em São Paulo,

isso representa cerca de 68 mil telespectadores.

O instituto de pesquisa IBOPE confirmou que o programa Chaves é um

programa que agrada às mais variadas classes e faixas etárias mesmo sendo

exibido em vários horários distintos, o sucesso é o mesmo.

Dados de agosto de 2003 informou que o seriado é assistido mais pelas

mulheres que totalizam cerca de 54% e 46% é formado por homens, o foco

maior é o publico de 4 a 11 anos de idade das classes C, D e E, mas também

exige uma boa aceitação entre as classes A e B e o público de 35 a 49 anos ou

de mais de 50. (FRANCO, 2012, P.84).

Os números não mudaram de acordo com o tempo, uma ultima pesquisa

realizada pelo Ibope no ano de 2010, a média de telespectadores se manteve

de 30% para classe AB; 40% para a classe C e 30% para a classe DE.

(THULER, 2012, P.85).

O programa Chaves com certeza prova a cada dia que uma piada

repedida várias vezes perde a graça, ele foi conquistando espaço em todas as

classes sociais, fazendo seu senso de humor sua maior arma contra a

mesmice, mesmo passando de manhã, a tarde ou a noite, Chaves sempre foi

um sucesso.

2.7 O Fim de Chaves

52

No ano de 1978 o auge do programa foi atingido, a TELEVISA decidiu

levar pela primeira vez, gravar um episodio ao ar livre, onde o senário

escolhido foi à cidade de Acapulco, mas poucos sabem que esse episódio foi o

ultimo com elenco original.

Apesar do sucesso junto ao público, esse episódio não é um dos mais

lembrados entre os telespectadores. (FRANCO, 2012,P.48).

Carlos Villagrán interprete de Quico não estava satisfeito com algumas

coisas no humorístico. Em algumas viagens com o grupo em turnês de

trabalho, Villagrán começou a trabalhar projetos paralelo. Enquanto todos do

elenco gravavam um disco (LP), com canções do programa, ele decidia gravar

um álbum próprio.

Havia uma enorme disputa de egos, inveja e poder, Roberto Goméz

ficava com todo faturamento sobre a questão financeira do programa, disse

Carlos Villagrán em entrevista ao programa mexicano, EnemigosIntimos, em

2009.

A questão financeira nunca pareceu ter incomodado os demais

participantes do grupo, Bolaños quando perguntado se ganhou muito dinheiro

com a série chegou a afirmar em entrevistas: “Muito menos do que as pessoas

pensam, mas muito mais do que jamais pensei que teria”.

Meses antes da gravação de Chaves em Acapulco, Villagrán havia

anunciado a Bolaños que iria estrelar um programa próprio, segundo o criador

da serie, nada pôde fazer a não ser desejar ao companheiro toda a sorte em

suas novas empreitadas, porém, os problemas apenas começaram depois

disso. (JOLY,P,50.2012).

Apesar da saída do programa quico não foi banido dos produtos de

merchandising da serie, incluindo o imenso sucesso do desenho animado.

As brigas então tomavam de conta dos bastidores do programa, em

1983, Ramon Valdés também decide sair do programa e passa a fazer parte do

programa de Quico, com a saída de dois principais atores a serie ficou

desfalcada, com isso entraram personagens como Jaiminho o Carteiro e Dona

Neves que já havia aparecido na série antes, mas em apenas episódios

especiais.

No final dos anos 80, todo o grupo foi ficando enfraquecido, e o

programa que já não tinha dois de seus principais atores e Maria Antonieta de

53

las Nieves, também anunciou sua saída, Gómez não aceitou emprestar os

direitos da personagem Chilindrina a interprete que deu vida a personagem por

vários anos, a mesma então decide sair da atração, onde até hoje faz

apresentações e ganha a vida fazendo shows sem a autorização do criador.

Com quase 24 anos de exibição a Televisa resolve encerrar as

produções humorísticas da casa para focar apenas em novelas, com cenários

modernos, atores mais velhos o programa Clube do Chaves, já não fazia mais

tanto sucesso como seu antecessor Chaves del ocho, com isso o programa

“original” chegou a ter cerca de mil episódios oficiais. (FRANCO, PAULO.

P.61.2012).

Como na vida, tudo existe um ciclo, início, meio e fim, e com Chaves não

foi diferente. Sempre soube o momento de parar, tinha que reconhecer que já

não tinha o mesmo pique do garoto de 20 anos, disse Roberto ao lembrar do

ultimo dia que gravou o programa.

Mas Chaves não para por ai, no próximo capítulo iremos buscar razões

para a permanência do seriado Chaves ainda fazer parte da grade de várias

emissoras no mundo todo, possíveis explicações de tanto sucesso e a enorme

aceitação do público ao assistir o programa que já deixou de ser gravado a

mais de 30 anos.

54

3.0 FOI SEM QUERER, QUERENDO: O SUCESSO DO PROGRAMA

CHAVES.

3.1 Chaves, uma marca milionária.

Que o programa Chaves foi alcançou o sucesso extremo em várias

partes do mundo, como já limos nos capítulos anteriores, e neste capitulo

vamos ver várias possibilidades e analises que afirmam o verdadeiro motivo de

tanto sucesso, o que realmente leva o telespectador a assistir o programa.

O programa que no decorrer das décadas lucrou milhões em varias

partes do mundo em produtos e licenciamentos da marca, desde quando

deixou de serem gravados em 1992, os seriados passaram a ser um dos

produtos mais rentáveis da televisão.

O jornalista do Jornal O ESTADÃO de São Paulo, em matéria em 2012,

US$ 1,7 bilhão é o que a Televisa já faturou com cessão de direitos de

exibição, sem gastar nenhum centavo na produção desde 1992, quando foi

gravado o último episódio.

Em toda a América Latina, o Chaves aparece diariamente na TV por

assinatura (Cartoon Network). Na rede aberta, cada país tem uma emissora

com os direitos de exibi-lo. A maioria o faz de segunda a sexta, mas de forma

intermitente: tiram o programa da grade e voltam a transmiti-lo depois de

alguns meses, como fez o SBT recentemente.

E o sucesso continua, o SBT, emissora oficial do programa no país,

cobra R$ 80 mil por anúncio de 30 segundos no intervalo do Chaves.

Considerando uma média de oito propagandas por episódio, o potencial de

faturamento seria de até R$ 166 milhões anuais, tomando por referência o

preço de tabela da emissora como base de veiculação nacional.

Segundo Guedes Crespo (2012) A Televisa fatura US$ 24 milhões por

ano em licenciamento e merchandising da marca Chaves, e Mais de 40

milhões de bonecos do Chaves e sua turma foram vendidos em toda a América

Latina junto com o Mc Lanche Feliz. Foram mais de 10 milhões de miniaturas

em cada uma das quatro vezes que o McDonald's colocou o produto na Mc

Oferta.

55

O sucesso ainda é tanto que em maio de 2011, o comediante Roberto

Gómez, criador do personagem Chaves, criou o microblog Twitter, e em menos

de 2 meses a marca de 2.025.003 de seguidores na conta @ChespiritoRGB,

em dezembro de 2013, o ator ultrapassou a marca de 5.853.254 seguidores de

acordo com a conta oficial do mesmo.

No Brasil, o seriado não é sucesso somente na tela da televisão, mas

também sucesso em marcas, embora tudo isso tenha sido mais forte no fim

dos anos 1980 e no inicio dos 1990, quando o programa era exibido em horário

nobre. (FRANCO, PAULO. P.2012.81).

Em 1989, foi lançado o LP Chaves, com a trilha sonora do programa,

lançado pelo estúdio Maga, eram dez canções interpretadas pelos dubladores

oficiais da série, entre ela a própria música de abertura do seriado, composta

pelo próprio Roberto Gómez adaptadas e traduzidas para o Brasil e também

continha musicas produzidas aqui mesmo, o disco foi lançado pela gravadora

Playgram e hoje em dia é material para colecionador, diz Luís Joly (2012).

No ano seguinte a editora Globo resolveu criar a revista em quadrinhos

Chapolim, (na revista escrito com M) e Chaves. Os gibis foram às bancas de

todo o país e fizeram um relativo sucesso, mas a revista se tratava apenas de

uma estratégia puramente comercial afirmou, Fernando Thuler, as revistas dos

personagens serviram apenas para tornar a marca da editora mais conhecida,

logo outros títulos foram lançados, As aventuras do Gugu, Xuxa e Sergio

Mallandro, foram criadas e logo as revistas de Chaves e Chapolin saíram de

circulação.

Empresas de grande porte como a Estrela, criou “A língua Maluca do

Chaves”, um brinquedo em que uma espécie de língua de lagarto deveria

agarrar objetos do jogo, o lagarto foi escolhido por conta de um dos episódios

chamado de “O caçador de lagartixa”.

Já em 1992, a empresa de brinquedos Tec Toy lançou o “Mini Game do

Chaves”, nele o personagem principal deveria sobreviver a inúmeros

obstáculos para chegar até o portão da vila, e logo mais em 1993 a mesma

empresa lançou o cartucho para o Master System, um dos primeiros vídeo

games lançados no Brasil, onde dessa vez, as aventuras ficavam por conta de

Chapolin x Drácula, que sua principal missão era vencer o vilão.

56

Mas os anos foram se passando e em 2003 foram lançados o cartucho

de outro jogo dessa vez intitulado de Street Chaves, o game que tinha os

personagens se digladiando, apesar do gamar ter um acabamento bastante

amador, o game virou hit na internet. (THULER, FERNANDO.P.82.2012).

Óculos, canudos e outros produtos surgiram com o passar dos anos,

álbuns de figurinhas, lancheiras, bonecos, máscaras quando o programa era

febre no país no inicio dos anos 1990.

No ano de 2006, Chaves e sua turma viraram desenhos animado e o

crescimento do sucesso do programa só aumentava, com o sucesso de

audiência da atração que tinha em média de 5 a 6 pontos nos primeiros meses

de 2010, segundo Paulo Franco 2012, só aumentava a quantidade de

empresas interessadas em lançar produtos com a marca do menino órfão.

Segundo o jornalista Arthur Vivaqua em entrevista ao site “Fórum do

Chaves” afirmou que a ideia das emissoras – a Televisa, dona do “Chaves”, é

lançar diversos itens voltados para adultos, como camisetas e sandálias com

estampas alusivas ao seriado.

A princípio, os bordões “gentalha, gentalha, gentalha!” e “tinha que ser o

Chaves mesmo!”, além do rosto de Roberto Bolaños, intérprete do

protagonista, serão fartamente utilizados como estampas. Todos os itens de

vestuário terão design “retrô” e chegarão ao mercado cercados de expectativa.

Além disso, o novo licenciamento visará também o público infantil,

promovendo o lançamento de material escolar, brinquedos, gibis e álbuns de

figurinhas da versão em desenho animado da série.

Glen Valente diretor de marketing do SBT mostra-se confiante nos

lucros. “O ‘Chaves’ se confunde com a história do SBT e é uma das marcas de

maior relevância emocional para o público do País. Vamos passar a explorar

mais isso”, disse o executivo ao site “Meio & Mensagem” em abril de 2013,

onde sua meta é ultrapassar a marca Carrossel, lançada no ano de 2012

também no SBT.

Vem e se vão anos, e gerações e gerações passam e há quatro décadas

e 30 só no Brasil, o programa faz parte da vida de muitos, uma grande massa

de fãs dos personagens da atração se juntam em diversos lugares do mundo

para debater sobre o assunto, a relação entre personagem e fã, até onde pode

57

chegar o que muitos fãs da serie explicam seu amor por um seriado que já

sabemos o que acontece de “có e salteado” é o que vamos saber a seguir.

3.2Chavesmaníacos, a relação entre ídolo e fã.

Chamados de “Seriófagos” são os aficionados por séries e seriados de

televisão, por estabelecerem um vínculo afetivo e intelectual, são pessoas que

capazes de instruir pelas atitudes dos personagens e acabam criando certa

intimidade com os personagens.

Os Chavesmaníacos como são conhecidos os fãs da série são famosos

por promover encontros, trocar ideias em fóruns de debates pela internet e

chegam a interferir na programação do SBT, organizando campanhas que

exigem à volta do programa à grade da programação quando são retirados do

ar. (KASCHNER, 2006, P134).

Um público que sabe fazer barulho para reivindicar suas vontades os fãs

criam movimentos de protesto contra episódios cortados e enviam para jornais,

revistas e suplementos de TV e canais concorrentes, a colunista do Jornal O

Globo, Patrícia Kougt teve a noção exata da força dos fãs de Chaves, em sua

coluna “Cartaz”, do dia 08 de agosto de 2003, impressionante. Uma vez dei

nota zero para Chaves e choveram protestos e concluiu três dias depois, “No ar

ou fora do ar, o seriado tem uma tonelada de fãs”. (Kaschner, 2006, P140).

No ano de 2004, mais de 200 fãs se reuniram na cidade do Rio de

Janeiro para comemorar os 20 anos de Chaves no Brasil e pedir a volta do

seriado à programação do SBT, após protesto pedido aceito, após mais de seis

meses fora do ar, a emissora realocou Chaves em sua grade de programação.

Em julho de 2005 o segundo encontro do gênero também na cidade de

Rio de Janeiro reuniu mais de setecentas pessoas, isso tudo era apenas uma

amostra para os cercas de cinco mil fãs que se reuniram no primeiro “Festival

da Boa Vizinhança”, realizado em outubro de 2005, em São Paulo. Os eventos

contam com a participação dos de dubladores e vão se tornando cada vez mais

elaborados, no ano de 2013 o evento contou com a participação de Edgar Vivar

o interprete de Seu Barriga e de Carlos Villagran o Kiko.

A repercussão dos encontros foi tanta que a produtora Amazonas Filmes

anunciou o lançamento de oito caixas de DVDs a serem lançadas com

58

episódios de Chaves e Chapolin saírem em formato box, conta o diretor

responsável pelo projeto Paulo Duarte, “Nem no México os DVDs saem juntos,

o que antes os fãs só encontravam o DVD O melhor do Chaves, lançado pela

Imagem Filmes.

O Chaves representa a infância de muitos, no ano de 2013 completa 32

anos de exibição do programa em saber que aquele mesmo personagem que

cativou milhares de pessoas quando crianças encanta novas gerações até

hoje, para o presidente do fã-clube de Chaves no Brasil Gustavo Barrel, um

dos motivos do sucesso do seriado é a por ser um programa familiar, de humor

puro, não-apelativo, não perde a graça nunca, representa simplicidade ,

humanidade e respeito, e por isso fará sucesso em qualquer época.

O seriado não tem público definido, seu publico é criado por pessoas

criadas em ambientes urbanos ou rurais, o público vai de oito a oitenta anos,

isso é a formula de todo sucesso. (KASCHNER. PABLO.2006. P141).

Já Samuel Gonçalves professor de língua portuguesa da UNESP diz em

entrevista ao site viladochaves.com que o sucesso de Chaves está nas piadas,

às piadas presentes no programa são simples e não são sexualmente ou

violentamente apelativas.

Talvez por isso, o programa faça sucesso entre pessoas de diferentes

idades. O humor presente na série é um humor que atinge diversos públicos,

pois, ao mesmo tempo em que apresenta piadas inteligentes, também

apresenta uma linguagem simples, que, combinada com todo o gestual e/ou

caricatura dos personagens, atrai às crianças, aos jovens e adultos

A presidente do instituto de pesquisa MultiFocus, afirmou que Chaves

fez sucesso é o humor singelo, agrada as crianças e têm a aprovação dos pais,

é um programa que os pais gostariam que os filhos assistissem.

O programa que passou por varias gerações aqui no Brasil e por isso

Chaves tem o aval de muitos pais para que possa ser assistido com

tranquilidade pelos seus filhos, por conta disso, muitos deles, acabam

influenciando seus filhos a assistirem o seriado ou até mesmo a versão em

desenho animado, chaves virou quase um companheiro diário de milhares de

crianças no país.

Um evento como o “Festival da Boa Vizinhança” é um interessante

momento para se vivenciar o que o é um sentimento de um fã, algo como uma

59

torcida organizada ou um congraçamento religioso, todos estão ali por um

mesmo motivo. (PABLO KASCHNER,2006, P.142)

Esses tipos de eventos lotam auditórios, neles convidam dubladores, se

vestem a caráter, fazem teatrinho, comem sanduiche de presunto, assistem a

episódios raros e vão à loucura com passagens marcantes dos personagens,

também fazem disputas sobre quem sabem mais sobre os seriados, um evento

que chega a ser esperado quase o ano inteiro por muitos.

Até o simples ato de assistir o programa já é por si só um acontecimento

social para muitos, o que importa para muitos é se divertir seja ao lado da

família ou dos amigos.

A sensação dos fãs é a de extremamente próximas, quase amigo

íntimos do objeto de idolatria, como se, talvez, fizesse parte da família. Essa

mesma proximidade têm as crianças com os personagens do seriado.

O psicólogo Jhon Thompson (2012), afirmou que a relação entre fã e

ídolo deu origem a um novo tipo de intimidade no qual os agentes do diálogo

não existem entre si, uma reprocidade. O que acontece de fato é uma

“intimidade a distancia”, que permite que os fãs disfrutem da companhia de

seus ídolos sem as implicações da vida real.

Assim os ídolos acabam fazendo parte de discussões ou da conversa da

hora do jantar, tornando-se, assim, assunto corriqueiro no cotidiano de diversos

indivíduos em varias partes do mundo.

O psicanalista Carlos Leal, membro da Sociedade Brasileira de

Psicanalise do Rio de Janeiro, escreveu um artigo intitulado de “O FANático por

um mundo melhor” que conta um pouco da relação entre ídolo e fã.

Fã que merece esse nome tem de ser capaz de se sacrificar pelo seu ídolo: passar intermináveis horas no aeroporto esperando por improváveis aparições; dormir na porta do hotel na esperança de fugaz aceno só para ele: acompanhar a caravana onde que se apresente: saber tudo sobre sua vida como um detetive, não deixando nenhuma informação, especialmente aquelas que passariam despercebidas por uma pessoa comum.

O fã espera desesperadamente que seu ídolo reconheça seu esforço e lhe retribua de alguma forma. O ídolo deve está atento a isso: “... qualquer desatenção faça não, pode ser a gota d´agua...”

Fã e ídolo precisam de um ao outro, embora as aparências possam sugerir o contrario. Um não existe sem o outro. O ídolo também precisa se sacrificar pelo seu admirador.

Um dos sacrifícios mais pesados talvez seja o de precisar abdicar temporariamente da sua condição de ser humano.

60

Os fãs precisam ser mantidos a uma distancia tal que não fiquem longe a ponto de não se encantarem, nem perto demais, ameaçando de dissolução o encantamento pelo estouro da bolha idealizada.

A relação entre Roberto Gómez o criador da serie sem duvidas é uma

das relação de amizade a distancia o mesmo escreveu em sua biografia oficial

uma pequena mensagem aos seus fãs brasileiros, quero agradecer de maneira

especial aos meus amigos do Brasil, a quem jamais serei capaz de retribuir o

apoio extraordinário ao longo de tantos anos.

3.3 Chaves do Sucesso, as razões e possibilidades de um sucesso

tão duradouro.

A musica de abertura, “Lá vem o Chaves, Chaves, Chaves. Todos

atentos olhando pra TV. Lá vem o Chaves, Chaves, Chaves. Com uma

historinha bem gostosa de se ver”. Repete-se a pergunta do titulo desse

capitulo, qual o segredo de tanto sucesso e como conquistaram milhões de

fãs?

São programas que com certeza são divertidos, mergulham no universo

infantil sem idiotizantes; falam para crianças sem trata-las como objetos, mero

público alvo, e meio sem querer querendo acabam divertindo adultos também.

(PABLO KASCHNER P.181.2006).

Aqui no nosso país, por volta da década de 1990, programas de humor

que tinham cenários de escolas, os cenários até parecidos com os de Chaves

na sala de aula do professor Girafales, mas o conteúdo desses programas

eram bem diferentes, embora os programas tivessem um professor que não

conseguia de fato educar seus alunos. Enquanto Chaves apresentava um

humor inocente e os programas a Escolinha do Professor Raimundo e a

Escolinha do Barulho apresentavam piadas de duplo sentido invariavelmente

levavam ao apelo sexual, seja com poucas roupas e gestos insinuadores.

A pedagoga Lilian Santos (2011) diz que talvez seja esse o motivo de

Chaves conquistar tantos fãs e fazer tanto sucesso mesmo depois de mais de

30 anos do inicio de suas gravações, pois ele utiliza piadas ingênuas que

ultimamente pouco se vê na TV.

61

O programa Chaves é um sucesso até os dias de hoje, porque ele

apresenta um diferencial, que é o humor ingênuo e simples, sem a apelação,

ultimamente muito encontrada em programas televisivos. O garoto Chaves é

órfão e pobre, mas mantem a alegria e esperança, seu madruga,

desempregado e sempre devendo o aluguel, tem grande estima por Chaves e

tenta ajuda-lo como pode, sempre dando seu jeitinho brasileiro.

A publicitaria Ana Claudia Gomes (2011), o programa apresenta a

realidade social a partir de muita piada. Além de mostrar valores, como a ética

e a amizade. Dessa forma, é um programa que pode ser trabalhado em sala de

aula a fim de estimular os educandos no desenvolvimento do pensamento

critico. Para que assistam TV sem deixar-se manipular e alienar.

O personagem Chaves foi baseado em alguém real. Trata-se um menino

de aproximadamente oitos anos que fora abandonado por sua mãe em um

orfanato, por isso faz sucesso, porque as pessoas se identificam com a sua

historia, gostam do menino que não tem mãe nem pai.

Fernando Thuler afirma que o sucesso está exatamente neste enorme

numero de reprises que os episódios de Chaves já sofreram durante todos

estes anos, pois segundo ela os telespectadores brasileiros gostam de já saber

o que vai acontecer no final de cada episódio e muitos deles até tem decoradas

as falas de cada personagem ao longo do episódio do dia.

Já para Luís Joly (2012), o verdadeiro motivo do sucesso de Chaves são

as piadas, pois segundos estes as piadas tanto de Chaves quanto de Chapolin

são eternas, isto é, podem ser entendidas tanto hoje quanto daqui há 100 anos.

No site oficial do programa no Brasil, vila do Chaves, o jornalista Yves

Mariano declarou que motivo pode ser que o Programa não é direcionado a um

público alvo, assim agrada todo tipo de pessoa, desde as mais ricas até as

mais pobres, desde os mais novos até os mais velhos, todos gostam de assistir

Chaves.

Os roteiros escritos por Roberto Gómez, tanto de Chaves como de

Chapolin ou qualquer outro seriado feito por ele, possuem uma universalidade

que os fazem ser assistidos por crianças, adolescentes e até adultos de

diferentes países, sem distinção de raça, credo ou classe social. Os programas

são bem sucedidos porque encontram um denominador comum: sendo

humanos, são universais, atemporais. (PABLO KASCHNER, 2006, P.182).

62

Já para o escritor e especialista no assunto Paulo Franco Chaves é

sucesso, pois todo mundo conhece ou se identifica com algum personagem da

Vila na vida real. Quem não conhece um cara que não gosta de trabalhar (Seu

Madruga), uma criança esperta que usa de sua esperteza para muitas vezes

passar a perna em seus amigos (Chiquinha) ou uma pessoa como a Dona

Clotilde que é julgada pela sua aparência e não pela pessoa que realmente ela

é... Esses e outros personagens que chegam a ser apelidados por muitos por

se identificarem ou parecerem de alguma forma os personagens da ficção.

Com certeza essa pergunta já foi feita milhares de vezes para o próprio

criador Roberto (2012), e ele sempre respondeu da mesma forma.

"Em regra geral, o público aplaude facilmente o que é grosseiro. E no

Brasil aplaudem o inteligente. Então estamos falando de um público

inteligente. E isso me deixa muito orgulhoso. Acredito que Chaves

apresenta algo muito importante, que é o amor" (BOLAÑOS, 2013).

Os seriados de Bolaños alcançaram o sucesso e se mantiveram no topo

sem apelos de audiência. Por trás do cenário pobre e aparentemente mal-

ajambrado, a estética circense recebe sustentação, um roteiro muito bem

elaborado e atores adequados para seus devidos papeis, além disso o êxito

dos seriados acena para a possibilidade de sucesso, em níveis internacionais,

de programas sem vastos recursos orçamentários.

A grande audiência de ambos os programas está diretamente ligada à

força de informação com os telespectadores isso acontece com todas as as

faixas etárias: as crianças menores talvez dos gestos, da trapalhada, do

pastelão, e o apelo junto às crianças da segunda infância, reconhecem de fato

que se reconhecerem na pele dos personagens infantis nas relações com as

outras, com os adultos e com o mundo.

O seriado abre a possibilidade a um mundo diferente, em que o universo

infantil é mais importante que a autoridade toda poderosa dos adultos, que a

brincadeira e o riso são mais importantes que tudo.

Alguns telespectadores juvenis e adultos parecem ser atraídos pelo

poder do programa, tem de fazê-los remontar a suas nostálgicas infantis, tenha

sido elas acompanhadas pelo seriado ou não.

63

Para Denis Porto (2008), escritor e colunista do site Fórum do Chaves, o

El Chavo del Ocho é mais que um programa de entretenimento. A obra serve

de reconstrução dos traços culturais do povo, conhecido por sua alegria

presente nas festas e nas comemorações e nas situações do dia a dia. Seus

personagens, de acordo com a comparação desenvolvida entre o que narra o

seriado e a obra de Paz.

Com o sarcasmo, ingenuidade, denúncia, nostalgia, engenhosidade e

ironia, o programa Chaves apresenta histórias repletas de valores

fundamentais para uma vida em sociedade, valores como cooperação,

superação, amizade, respeito ao próximo e solidariedade. Tudo com qualidade

artística e uma simplicidade desconcertante em termos estéticos de produção e

de conteúdo. (PABLO KASCHNER, 2006, P.183).

Historias que podem fazer o telespectador chorar, embora seja mais

provável fazê-lo sorrir, um humor ora patético ora poético, Roberto, com seu

humor ingênuo, passa belas mensagens de convivência e amor que devem ser

seguidas também por adultos, por isso o próprio autor diz que nunca fez

programas infantis, mas sim familiares.

O amável garoto pobre que vive milagrosamente feliz numa vila,

esperando um dejejum diário que nunca acontece onde a caridade supera

eventuais desavenças. Com historias humanas e fraternas, o seriado irradia na

tela da televisão, e sem duvidas milhares de telespectadores recebem como

respostas sorrisos, sejam eles de alegria ou sincera admiração.

E com certeza Chaves se tornou clássico do humor sem fim, e sem uma

explicação exata de qual sua verdadeira formula de sucesso.

3.4 Descrição dos principais resultados do sucesso do programa.

Foi tirada conclusões a partir do cruzamento de diferentes variáveis com

outras questões que fizeram parte do questionário aplicado.

O gráfico feito a partir da pesquisa realizada mostra que as pessoas que

assistem ao programa Chaves, se divertem e riem ainda das mesmas piadas,

mesmo sabendo o final o desenrolar dos episódios.

Segundo uma pesquisa feita com 100 jovens de 18 a 30 anos que

assistem e já assistiram ao programa Chaves, afirmam que o seriado é

64

interessante mesmo sendo reprisado, e que outra pequena parte respondeu

que se identificam com os personagens, confira o gráfico abaixo para entender

melhor.

Como verificamos, para muitos Chaves não é apenas uma falta de

opção ainda existem uma enorme quantidade de pessoas que se divertem

assistindo o programa, que assistem com bastante frequência e que se

considera fã do programa.

Nessa pesquisa podemos ver que 60% dos entrevistados assistem ao

programa porque acham as piadas engraçadas e das histórias contadas em

cada episodio. 10% afirmaram que assistem por falta de opção, assim como

outros 10% porque dizem que sabem o que irá acontecer no decorrer de cada

capítulo, e outros 10% já afirmaram que assistem Chaves como uma

coincidência de horário de folga de algum afazer doméstico ou está sem

apenas assistindo televisão sem nada para fazer.

Outro dado bastante curioso é a quantidade de vezes que cada

entrevistado assiste ao programa cerca de 40% responderam que assistem ao

programa Chaves apenas uma vez por mês, contra 30% que responderam que

assistem o seriado duas vezes por semana, já cerca de 20% dos que

participaram da entrevista afirmaram que assistem o humorístico todos os dias,

e ninguém respondeu que não assiste a atração.

10%

10%

10%

10%

60%

Falta de opção

Identifica-se com ospersonagens

Porque sabe o que vaiacontecer?

Sempre passa nas horas defolga dos afazeres domésticos

As piadas são engraçadas

65

Nesse mesmo questionário foi perguntado a todos que participaram, se

eles indicariam o seriado para que seus filhos pudessem assistir e uma parte

quase unânime respondeu que sim, que indicaria e assistia com ele, cerca de

80% dos entrevistados.

Com essa pesquisa foi possível constatar que o programa Chaves, já

virou um programa bastante familiar que não importa o dia, o horário ou onde

40%

30%

20%

10%

0%

Uma vez por semana

Duas vezes por semana

Todos os dias

Uma vez por mês

Quase nunca

0% 0%

20%

80%

1. Sim

2. Não

3. Não opinava.

4. Sim, e assistia com ele.

66

estão sempre nem que seja uma vez no mês eles irão assistir as histórias

repedidas do menino órfão do barriu.

Com isso foi provado que Chaves agrada a todos de todas as idades e

classes sociais que por se tratar de um programa de humor, arrancam de quem

assiste um sorriso e uma boa dose de divertimento gratuito e de boa qualidade.

67

CONCLUSÃO

Com cada vez mais recursos e grandes produções os programas de

humor vem ganhando espaço nas emissoras de televisão do Brasil, com a

missão de trazer alegria e uma boa diversão, através da companhia da TV eles

são a atração de um sábado à noite, de um domingo pela manhã ou de uma

segunda de folga, Chaves provou que vem sempre ao contrário desse mercado

e vem com os mesmos cenários simples e mau acabado vem a anos passando

a frente de grandes produções nacionais.

Nesse trabalho percebemos que o programa já veio com uma grande

força desde sua estreia no Brasil em 1981, por se tratar de uma produção

internacional muitos tiveram a curiosidade de assistir e acabaram se

apaixonando por cerca de 10 personagens que se tornaram amigos e

companheiros diários de muitos.

Vimos também que embora o programa fosse de uma cultura

estrangeira, com situações e histórias que não tinham nada a ver com as

nossas realidades Chaves e seus amigos viraram parte da cultura brasileira

através de bordões ou falas repetitivas, o menino maltrapilho conquistou velhos

e novos fãs a cerca de 40 décadas desde quando ele começou a ser exibido.

Que o super-herói atrapalhado e medroso virou o defensor de muitos

que ao contrário de ser fã de grandes personagens como Super. Man ou

Batman, Chapolin Colorado, ganhou a preferência de muitos pela sua simpatia

e simplicidade.

Com um humor simples e de fácil entendimento Chaves foi ganhando

admiradores em várias partes do mundo, muitos iam percebendo que ao seu

lado um vizinho, se parecia com Seu Madruga que não pagava seus alugueis,

com uma Dona Florinda que era uma pobre soberba que não aceitava a

condição que lhe foi dada para viver ou simplesmente um menino Chaves que

viviam ali esperando apenas por um dejejum diário.

O programa com certeza não tem explicação ao exato para entender

tanto sucesso, ele pode taxado adulto ou infantil alguém de nós ou da nossa

família vai está lá de frente a TV assistindo as confusões e trapalhadas dele.

Ou grande motivo desse sucesso todo foi os fãs e grandes admiradores

do programa que cresceram assistindo ao seriado, que foi uma geração que foi

68

marcada por brinquedos ou foi aprendendo a ler vendo as historinhas em

quadrinhos de Chaves e Chapolin, com isso iam passando para seus filhos ou

sobrinhos o que aprenderam com os personagens.

As piadas bondosas o respeito com as mulheres e o principal o amor ao

próximo isso sem dúvidas foi o maior ingrediente da fórmula de atrair a atenção

de quem estava ali apenas para assistir apenas um programa qualquer.

Mesmo sabendo o que vai acontecer muitos de nós estarão vendo as

aventuras do garoto na versão desenho animado ou na própria versão

reprisada por centenas de vezes.

Para quem assiste ou assistiu Chaves, sem dúvidas tem um episódio

favorito, pode ser Chaves em Acapulco ou Quico preso na caixa de mudança,

enfim, Chaves e sua turma vão está sempre lá toda vez que alguém precisar

dar um sorriso e esquecer um pouco dos problemas do dia-a-dia.

69

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personalidade.htm acessado em 10/10/2013

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ANEXOS Você já assistiu o Chaves? Se sim, Quando você assiste a esse programa, é por qual motivo? 1. Falta de opção. 2. Identifica-se com os personagens. 3. Porque sabe o que vai acontecer? 4. Sempre passa nas horas de folga dos afazeres domésticos. 5. As piadas são engraçadas. Resposta: 50% responderam 05, os demais responderam 10% para cada. 2.Com que frequência você assiste Chaves? 1. Uma vez por semana. 2. Duas vezes por semana. 3. Todos os dias. 4. Uma vez por mês. 5. Quase nunca Resposta: 40% responderam 1, 30% responderam 1, 20% responderam 3, 10% responderam 4.Ninguem respondeu quase nunca. 3.Qual seu personagem favorito 1. Chaves 2. Quico 3. Chiquinha 4. Seu Madruga 5. Dona Florinda 6. Nhonho 7. Seu Barriga 8. Chapolin Resposta: 40% responderam 1, 10% responderam 4, 20% responderam 2, 20% responderam 3, 10% respondeu 5. 4.Você indicaria o programa Chaves para seus filhos assistirem?

1. Sim 2. Não 3. Não opinava. 4. Sim, e assistia com ele.

Resposta: 80% responderam 4, e 20% responderam 3.