CENTRO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS DA SAÚDE · Saúde, Universidade Norte do Paraná, Unidade Piza,...

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Londrina - Paraná 2014 CENTRO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS DA SAÚDE Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde VILMAR APARECIDO CAUS ADAPTAÇÃO DO BEHAVIORAL REGULATION IN SPORT QUESTIONNAIRE (BRSQ) PARA USO EM VERSÃO ONLINE

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Londrina - Paraná 2014

CENTRO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS DA SAÚDE Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde

VILMAR APARECIDO CAUS

ADAPTAÇÃO DO BEHAVIORAL REGULATION IN SPORT

QUESTIONNAIRE (BRSQ) PARA USO EM VERSÃO ONLINE

VILMAR APARECIDO CAUS

ADAPTAÇÃO DO BEHAVIORAL REGULATION IN SPORT

QUESTIONNAIRE (BRSQ) PARA USO EM VERSÃO ONLINE.

Trabalho de Conclusão Final de Curso apresentado ao Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde, Universidade Norte do Paraná, Unidade Piza, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Orientador: Prof. Dr. Dartagnan Pinto Guedes

Londrina - Paraná 2014

ADAPTAÇÃO DO BEHAVIORAL REGULATION IN SPORT

QUESTIONNAIRE (BRSQ) PARA USO EM VERSÃO ONLINE

VILMAR APARECIDO CAUS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde, Universidade Norte do Paraná, Unidade Piza, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde, conferido e aprovado pela Banca Examinadora:

____________________________________

Prof. Dr. Dartagnan Pinto Guedes Universidade Norte do Paraná

____________________________________ Prof. Dr. Juliano Casonatto

Universidade Norte do Paraná

____________________________________ Prof. Dr. Arli Ramos de Oliveira

(Membro Externo)

____________________________________ Prof. Dr. Dartagnan Pinto Guedes

Coordenador do Curso

Londrina, 18 de Dezembro de 2014.

AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E

PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Dados Internacionais de catalogação-na-publicação Universidade Norte do Paraná

Biblioteca Central

Setor de Tratamento da Informação

Caus, Vilmar Aparecido

C362a Adaptação do Behavioral Regulation in Sport Questionnaire (BRSQ) / Vilmar

Aparecido Caus. Londrina: [s.n], 2014.

81f.

Dissertação (Mestrado). Exercício Físico na Promoção da Saúde. Universidade Norte do

Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Dartagnan Pinto Guedes

1- Educação física - dissertação de mestrado - UNOPAR 2- Exercício físico 3-

Questionário 4- Web 5- Motivação 6- Esporte 7- Atletas I- Guedes, Dartagnan Pinto,

orient. II- Univer -sidade Norte do Paraná.

CDU 796

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pelo presente da vida e por se fazer sempre presente

diante desta caminha de conhecimentos.

A minha esposa Silvia e a minha filha Giovanna, que sempre estiveram presente

em todos os momentos dessa realização do Mestrado.

Aos meus pais Domingos e Arpalice, meus exemplos de família. Obrigado por

todos os ensinamentos e por acreditarem sempre em seus filhos, amo vocês!

Ao meu orientador Dartagnan Pinto Guedes, que me oportunizou a realização do

mestrado e me acompanhou para sua concretização.

Ao Sandro e ao Rafael, que além de grandes amigos, deram grande apoio do

inicio a concretização da ideia do estudo.

Ao Marcos Queiroga, amigo desde a época de graduação, pelo constante apoio

e incentivo a minha qualificação profissional.

Ao Prof. Victor Hugo, agradecimento em especial, amigo que nestes 15 anos

sempre esteve ao meu lado, não medindo esforços para realização de nossos sonhos.

Aos professores da UNOPAR e aos colegas de curso que dividiram comigo as

alegrias e as dificuldades encontradas durante esse processo.

Agradeço aos membros da Banca Examinadora, pelas considerações e

contribuições para o aprimoramento do Relatório Técnico.

Agradeço aos atletas que se dispuseram a participar da coleta de dados,

técnicos e gestores que contribuíram para realização do trabalho.

“A grandeza de um ser humano não está no quanto ele sabe, mas no quanto ele tem consciência que não sabe. Os que pensam ao contrário serão contaminados pelo orgulho, deixarão de ser construtores de novas ideias, passarão a ser repetidores delas.”

(AUGUSTO CURY)

CAUS, Vilmar Aparecido. Adaptação do Behavioral Regulation in Sport Questionnaire (BRSQ) para uso em versão online. Trabalho de Conclusão Final de Curso. Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde. Universidade Norte do Paraná, Londrina. 2014.

RESUMO

A importância da análise de indicadores relacionados à motivação para a prática

de esporte em idades jovens justifica-se com base no entendimento de que a infância e

a adolescência são períodos importantes para iniciar a participação efetiva em

programas organizados de esportes, ou pelo contrário, para abandonar por completo

sua prática com repercussão para as idades futuras. Dessa forma, torna-se importante

demarcar e conhecer as regulações motivacionais dos jovens associadas à pratica de

esporte. A identificação, o dimensionamento e a hierarquização dos componentes de

motivação subjacentes ao esporte possibilitará dimensionar ações de maneira mais

efetiva que possam promover situações de cunho psicológicos mais favoráveis, o que

permite aos jovens maiores oportunidade de conseguir seus objetivos e, portanto,

diminuir eventual possibilidade de abandono. Indicadores relacionados à motivação

para a prática de esporte são concebidos mediante o uso de questionários

autoadministrados específicos, entre os quais, o de maior destaque na literatura

especializada é o Behavioral Regulation in Sport Questionnaire (BRSQ). Nessa

perspectiva, a proposta de produção técnica foi delinear e desenvolver plataforma

eletrônica para uso do BRSQ em versão online. Para tanto, a metodologia atendeu

quatro etapas: (a) definir programação para disponibilizar o questionário em formato

online; (b) construir site com domínio para hospedar a ferramenta (BRSQ) com análise

e tráfico de banco de dados; (c) realizar aplicação-piloto em amostra de atletas-jovens

para processar possíveis ajustes na disposição e no manuseio da ferramenta para

definição da versão online; (d) desenvolver estudo experimental com aplicação

simultânea das versões impressa e online do BRSQ com objetivo de validar e identificar

características psicométricas da versão eletrônica. Espera-se com a proposição da

produção técnica apresentar ferramenta online atrativa e amigável que possa auxiliar na

monitoração das regulações motivacionais com maior economia de tempo, menor custo

financeiro e que permita levantamento de dados em diferentes locais simultaneamente.

Palavra-chave: Questionário, Web, Motivação, Esporte, Atletas-jovens.

CAUS, Vilmar Aparecido. Adaptation of Behavioral Regulation in Sport Questionnaire (BRSQ) for use in online version. Completion of Coursework. Professional Master´s in Exercise in Health Promotion. Research Center on Health Sciences. Northern Parana University, Londrina. 2014.

ABSTRACT

The importance of the analysis of indicators related to the motivation to practice

sports at young ages is justified based on the understanding that childhood and

adolescence are important periods to start effective participation in organized sports

programs, or rather to completely abandon its practice with repercussions for future

ages. Thus, it becomes important to demarcate and understand the motivational

regulations associated with youth sports practice. The identification, sizing and

prioritization of the components underlying the sport motivation scale actions will enable

a more effective way that can promote more favorable situations of psychological

nature, which enables young people greater opportunity to achieve their goals and

therefore decrease any possibility abandonment. Indicators related to the motivation to

practice sport are designed by using self-administered questionnaires specific, among

which the most prominent in the literature is the Behavioral Regulation in Sport

Questionnaire (BRSQ). In this perspective, the proposed technique is to outline

production and develop electronic platform for use in the online version BRSQ. To this

end, the methodology to be adopted must meet four steps: (a) define the schedule to

deliver online questionnaire format; (b) build site with the domain to host (BRSQ) and

traffic analysis tool with the database; (c) conduct pilot application in a sample of young

athletes-to handle possible adjustments to the layout and handling tool for defining the

online version; (d) develop experimental study with concurrent use of both print and

online versions of BRSQ in order to identify and validate psychometric characteristics of

the electronic version. It is hoped that the proposition of this production technique

provide attractive and friendly online tool that can assist in the monitoring of motivational

regulations with greater time savings, lower cost and enable data collection in different

locations simultaneously.

Key-words: Questionnaire, Web, Motivation, Sport, athletes-young.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Pagina inicial do site http://www.dartagnanguedes.com.br .......................... 34

Figura 2 – Tela de entrada para a versão online do BRSQ .......................................... 35

Figura 3 – Disposição dos itens do BRSQ na versão online ......................................... 36

Figura 4 – Opção para realizar o tratamento das informações do BRSQ ..................... 37

Figura 5 – Resultados do continuum de autodeterminação para prática de esporte .... 37

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Continuum de autodeterminação e níveis de autodeterminação

aplicados a prática de esporte ..............................................................10

Quadro 2 - Questionários disponibilizados na literatura para identificar

os motivos para a prática de esporte em jovens ..................................18

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Motivos versus motivação para a prática de esporte ............................................ 3

2.2. Teoria de Autodeterminação ................................................................................. 8

2.3. Recomendações para validação de questionários .............................................. 11

2.4. Questionários para identificar motivos e motivação para prática de esportes .... 17

2.5. Proposição do Behavioral Regulation in Sport Questionnaire – BRSQ .............. 30

3. DESENVOLVIMENTO............................................................................................... 33

REFERÊNCIAS......................................................................................................... 38

4. ARTIGO CIENTÍFICO .............................................................................................. 49

1

1. INTRODUÇÃO

Estudos que procuram identificar os motivos para prática de esporte e os fatores

associados à adesão ou ao abandono têm constituído em temática dominante na área

de conhecimento vinculada à psicologia do esporte, sobretudo em jovens (Gill, Williams,

2008). Também, destacam-se as diversas aproximações teóricas sugeridas para tentar

explicar a conduta motivacional no contexto esportivo (Deci, Ryan, 1985; Ntoumanis,

2001; Ryan, Deci, 2000) e o esforço direcionado à proposição e à validação de

instrumentos de medida voltados à análise de selecionadas motivações para a prática

de esporte (Biddle, Markland, Gilbourne, Chatzisarantis, Sparkes, 2001).

O foco de análise de motivações para prática de esporte em idades jovens

justifica-se com base no pressuposto de que a infância e a adolescência são períodos

críticos para iniciar a participação efetiva em programas organizados de esporte, ou

pelo contrário, para abandonar por completo sua prática com repercussão para idades

futuras (Sirard, Pfeiffer, Pate, 2006). Neste sentido, torna-se importante demarcar e

conhecer indicadores motivacionais que podem levar os jovens a praticar esporte. A

identificação de motivações subjacentes ao esporte possibilita delinear ações de

maneira mais efetiva que possam promover clima psicológico favorável, o que permite

aos jovens maiores oportunidades de alcançarem suas metas, elevando, desse modo,

as chances de adesão aos programas de esporte e, por consequência, minimizando

eventual possibilidade de abandono.

Os motivos e as regulações motivacionais que podem mobilizar os jovens para

prática de esporte são identificados, dimensionados e ordenados mediante utilização de

questionários autoadministrados específicos. Via de regra, questionários para atender

essa finalidade são propostos por intermédio da apresentação de itens equivalentes a

determinado elenco de possíveis motivos previamente concebidos, agrupados em

fatores de motivação, associados a pratica de esportes. Neste caso, em seu

delineamento o respondente indica o grau de importância que cada item pode ter para

sua prática de esporte, através de escala continua de medida do tipo Likert.

Nessa perspectiva, um dos questionários de maior destaque na literatura para

identificar as regulações motivacionais é o Behavioral Regulation of Sport Questionnaire

2

(BRSQ). Elaborado por Lonsdale, Hogde e Rose (2008), o questionário propõe

identificar as formas de regulação da motivação como suporte para que se possam

adotar estratégias adequadas, que busque atender e satisfazer às necessidades de

cada praticante, com objetivo de propiciar maior adesão à prática de esporte.

A proposição e a validação de versão online do BRSQ se justificam por

disponibilizar uma ferramenta eletrônica atrativa e amigável que possa auxiliar na

monitoração das regulações motivacionais para prática de esporte em atletas-jovens

com maior economia de tempo, menor custo financeiro e que permita levantamento de

dados em diferentes locais simultaneamente.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Motivos versus motivação para prática de esporte

De acordo com Davidoff (1983), motivação é um conceito que se invoca com

frequência para explicar as variações de determinados comportamentos e, sem dúvida,

apresenta grande importância para a compreensão do comportamento humano. É um

estado interno resultante da necessidade que desperta certo comportamento, com

objetivo de suprir essa necessidade. A atenção que alguém oferece as suas

capacidades humanas depende da sua motivação, seus desejos, carências, ambições,

apetites, amores, ódios e medos. As diferentes motivações e cognições de um indivíduo

explica a diferença do desempenho de cada um. Os fenômenos motivados apresentam

comportamentos que parecem guiados pelo funcionamento biológico do organismo da

espécie: como o de beber, comer, evitar a dor, respirar e reproduzir-se.

Porém, o obstante, tem-se ainda, os de natureza motivacional que seriam os

comportamentos resultantes de necessidades, desejos, propósitos, interesses,

afeições, medos, amores e uma série de funções correlatas. Alguns psicólogos afirmam

que motivação também é o desejo consciente de se obter algo, sendo assim, uma

determinante da forma como o indivíduo se comporta. A motivação está envolvida em

várias espécies de comportamento, como aprendizagem, desempenho, percepção,

atenção, recordação, esquecimento, pensamento, criatividade e sentimento. A

motivação também possui elementos complexos, inconscientes e, muitas vezes,

antagônicos, gerando assim, constantes conflitos. Mas, com certeza, é a motivação que

move o ser humano.

Assim, em termos gerais, motivação significa os fatores e processos que levam

os indivíduos a agirem ou a ficarem inertes frente a determinadas situações (Cratty,

1983). Davidoff (1983) assume que motivação refere-se a um estado interno que resulta

da necessidade e que ativa ou desperta comportamentos realmente dirigido ao

cumprimento da necessidade ativante. Para Murray (1978), motivação é um fator

interno que dá início, dirige e integra o comportamento do indivíduo. Motivação não é

algo que possa ser diretamente observado. Neste caso, infere-se a existência de

motivação mediante observação do comportamento. Um comportamento motivado se

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caracteriza pela energia relativamente forte nele despendida e por estar dirigido para

um objetivo ou meta (Braghrolli, Bisi, Rizzon et al., 2001).

Por outro lado, o motivo pode ser definido como uma condição interna

relativamente duradoura que leva o indivíduo, ou que o predispõe, a persistir em um

comportamento orientado para um objetivo, possibilitando, a transformação ou a

permanência da situação (Sawrey, Telfold, 1976).

Em análise histórica do esporte constata-se que, este tem se constituído em fator

importantíssimo para o desenvolvimento social e cultural de todos os povos do mundo.

O esporte coexiste com o homem desde os tempos mais primitivos. Nos dias atuais, o

esporte deve ser considerado um dos fenômenos sociais e culturais mais importantes

do século (Cratty, 1983).

Atualmente, importante parcela da população está engajada em programas de

esporte. A carga de treino a que são submetidas estes indivíduos varia em razão do

seu nível de motivação para o esporte. Se, de um lado, parece mais fácil entender a

motivação para o treino esportivo de um atleta profissional, que recebe salário mensal

para a prática de esporte, não acontece o mesmo com o tipo de motivação que leva

muitas crianças e adolescentes a buscarem um programa de iniciação esportiva (Cratty,

1983).

A motivação, de acordo com Becker Jr. (1996), é um fator muito importante na

busca de qualquer objetivo pelo ser humano. Os treinadores reconhecem este fato

como sendo o principal, tanto nos treinos como nas competições. Segundo Gaya e

Cardoso (1998), os motivos que definem as atividades esportivas parecem ser:

melhorar as habilidades, passar bem, vencer, vivenciar emoções, desenvolver o físico e

o bem-estar. Assim, o tipo de motivação, pode definir a orientação de jogar. Portanto, o

que interessa não é a vitória contra um adversário, mas sim o progresso pessoal. Para

Scalcan e colaboradores (1999), o principal fator motivacional pela procura da prática

de esporte continua sendo a busca da ludicidade, divertimento e aprimoramento de

suas habilidades e capacidades motoras. Nesse sentido, o conhecimento dos motivos

que levam adolescentes a praticar esporte é aspecto bastante relevante no

desenvolvimento humano, e de fundamental importância para os profissionais de

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educação física e esporte, por proporcionar subsídios a esses profissionais para que

estimulem a preparação de seus programas de esporte voltados mais para o interesse

do praticante, facilitando a escolha das atividades, o comportamento relacional e a

maneira de motivar para uma prática alegre e prazerosa.

No campo da psicologia do esporte, a motivação para sua prática recebe grande

destaque em razão de sua importância na intensidade, na direção e no tempo individual

de cada individuo na prática de esporte (Paim, 2001). E, desde os anos 1980, tem sido

um dos tópicos mais pesquisados, procurando identificar os fatores que levam crianças

e adolescentes a iniciar, a continuar e a desistir do envolvimento na prática de esporte

(Knijnik, Greguol, Santos, 2001).

A motivação apresenta em sua essência regulações complexas de cunho

biológica, cognitiva e social (Ryan, Deci, 2000). As diferentes concepções teóricas

fazem com que seja difícil conceituar motivação de maneira pontual, assumindo que

existem diversas formas de abordar o tema (Weinberg, Gould, 2001). De maneira geral,

pode-se considerar que existem basicamente três visões sobre a motivação: (a)

centrada no traço; (b) centrada no estado; e (c) a interacional (Barroso, 2007).

Gomes et al. (2007), em importante estudo, investigaram a produção brasileira,

espanhola e de língua inglesa no campo da Psicologia do Esporte e Exercício Físico e

observaram que o tema motivação é o mais estudado na área para os três contextos

investigados, superando temas clássicos como ansiedade, humor e estresse. Segundo

Weinberg e Gould (2001), a motivação é considerada uma variável fundamental tanto

para adesão a sua prática, quanto para a aprendizagem e desempenho em contextos

de esportes e exercício físico.

Assim, a motivação e, por conseguinte, os motivos para a prática de esporte são

elementos importantes para o entendimento do comportamento humano no contexto do

esporte (Santos, Silva, Hirota, 2008). A diferença entre os sexos é um fator fundamental

na maneira de desenvolver o trabalho de preparo dos treinos e de responder aos

objetivos traçados na prática de esporte. A motivação é absorvida de maneiras

diferentes pelos praticantes de diferentes sexos (Samulski, 2009).

Em estudo de revisão, Knijnik, Greguol e Santos (2001) verificaram que os

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motivos alegados por crianças e adolescentes para iniciar e persistir na prática de

esporte são diversão, bem-estar físico, competição e construção de novas amizades,

enquanto os principais fatores alegados para o abandono são falta de competição,

ênfase exagerada na vitória e excesso de pressões por parte dos pais e dos técnicos.

Percebe-se com esses resultados que adesão está geralmente associada às

motivações intrínsecas, enquanto o abandono às motivações extrínsecas.

O motivo é fundamental em todos os processos de aprendizagem e em todos os

níveis de habilidade, sendo que o motivo é o principal responsável pelo início e

manutenção de qualquer atividade executada pelo ser humano. A motivação pode ser

considerada como a peça fundamental e também aquela que origina todo o complexo

processo motivacional (Machado, 2006).

Para Santos, Silva e Hirota (2008), a motivação é percebida de forma individual,

e este fator está relacionado diretamente ao seu desempenho. Psicólogos apontam que

a motivação determina o comportamento do indivíduo, alguns aspectos são

fundamentais para a motivação do indivíduo que podem ser de fonte interna, como

ansiedade, relação com os amigos da equipe, ou externa, como torcida, técnico e

outros (Hirota, Schindler, Villar, 2006).

Segundo Samulski (2009), vários são os fatores de motivação para a prática de

esporte, podendo ser pessoal como personalidade, necessidade, interesse, motivos,

metas e expectativas e/ou, situacionais como estilo de liderança, facilidade, tarefas

atrativas, desafios e influências sociais. Todos esses fatores motivacionais podem

colaborar diretamente em resultados insatisfatórios (Sonoo et al., 2010).

A absorção de punições e críticas durante situações às quais o praticante de

esporte é exposto pode afetar os indivíduos de formas diferentes, sendo elas

motivadoras ou frustrantes, colaborando na sua aprendizagem (Rubio, 2003). Machado

(2006) explica que a motivação se apresenta de duas maneiras, de forma intrínseca,

partindo de cada indivíduo, e extrínseca, pela qual haverá uma amplitude de

recompensas cujo objetivo principal não é somente o prazer de jogar, mas também

provar toda sua capacidade de rendimento no esporte. Além das diferentes definições,

essas duas fontes têm diferentes qualidades e defeitos que se completam. Assim,

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apesar da motivação extrínseca apresentar-se menos eficiente do que a intrínseca,

atualmente, este tipo de motivação não deve ser descartado, pois é em razão dela e

por meio dela que muitos indivíduos permanecem na prática de esporte, buscando,

principalmente, prestígio e ascensão social.

Estudo realizado por Machado (2006) mostra que a motivação extrínseca pode

ser também orientação, podendo partir de diversas regulações psicológicas e que

influenciarão na adesão da carreira do atleta. Também pode ocorrer diminuição da

motivação intrínseca quando a extrínseca predominar. O predomínio da motivação

extrínseca pode gerar metas dependentes de atitudes extrínsecas, em que o indivíduo

deixa de valorizar a atividade em si visando somente às premiações (extrínseco). Os

comportamentos motivados intrinsecamente tendem a ser mais produtivos, e perduram

por maior tempo do que quando as motivações são extrínsecas. Quando os indivíduos

deixam de perceber suas ações como internamente guiadas para se sentirem

comandadas, elas tendem a mais facilmente se desmotivarem para a prática de

esporte, pois não se percebem como autônomas para essa escolha (Guimarães,

Boruchovitch, 2004).

Em geral, o entendimento da motivação extrínseca foi tratado como um construto

unidimensional, sendo oposição à motivação intrínseca e comportamentos autônomos

(Deci, Ryan, 1985). Porém, mediante análise mais detalhada percebe-se que existem

diversos tipos de variáveis externas com diferentes características que podem

influenciar o comportamento, levando a diferentes resultados. Por exemplo, praticar

esporte por exigência da família é diferente de demonstrar as habilidades para alguma

pessoa, apesar de ambas serem motivadas extrinsecamente. Estudos atuais têm

investigado essa possibilidade, verificando que são diferentes os tipos de motivação

extrínseca, sugerindo que essa seja subdividida em diferentes construtos (Wilson,

Rodgers, 2004; Brickell, Chatzisarantis, 2007). Fundamentados nisso, estudos

embasados na Teoria da Autodeterminação (TeD) têm observado os comportamentos

para a prática de esporte e exercício físico motivados extrinsecamente variando de

acordo com os níveis de regulação, sendo essa uma nova tendência nos estudos sobre

o tema.

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2.2. Teoria de Autodeterminação

A Teoria da Autodeterminação (TaD) se alia para compreender os fatores de

motivação para a prática de exercício físico e esporte em jovens de diferentes grupos

populacionais. Essa teoria propõe que a motivação seja um continuum, caracterizada

por níveis de autodeterminação, que variam do mais autodeterminado (motivação

intrínseca) ao menos autodeterminado (motivação extrínseca e a amotivação). A teoria

analisa como uma pessoa age (grau em que uma motivação é mais ou menos

autodeterminada), como os diversos tipos de motivação levam a diferentes resultados,

e como as condições sociais apoiam ou prejudicam o bem-estar humano por meio de

suas necessidades psicológicas básicas (Vierling, Standage, Treasure, 2007).

Existem indicativos de que quando os fatores de motivação são de origem

intrínseca tornam-se mais significativos para permanência dos sujeitos na prática de

exercício físico (Reed, Cox, 2007; Ryan, Frederick, Lepes, Rubio, Sheldon, 1997;

Standage, Sebire, Loney, 2008). Também, evidencias experimentais apontam que

sujeitos motivados mediante fatores extrínsecos, porém com regulações intrínsecas

para a prática do exercício físico e esporte, tendem a apresentar maior adesão a sua

prática (Brickell, Chatzisarantis, 2007; Edmunds et al., 2006, Wilson et al., 2003).

Porém, o comportamento é regulado por três necessidades psicológicas, que

atuam de forma interdependente: competência, autonomia e relacionamento.

Especificamente, a competência refere-se à capacidade do sujeito de interagir de

maneira eficaz com o seu ambiente enquanto realiza tarefas desafiadoras; autonomia

concerne ao nível de independência e controle das escolhas percebidas pelo sujeito; e

relacionamento está ligado a quanto alguém percebe um senso de conectividade com

outros sujeitos do ambiente (Milne, Wallman, Guilfoyle, 2008). Dessa forma, o

comportamento se regula em função da satisfação dessas necessidades, e facilita ou

dificulta a motivação.

Neste caso, isto resulta em dois comportamentos reguladores: um

comportamento percebido como independente e próprio do sujeito, com ações iniciadas

e reguladas pelo sujeito (motivação intrínseca); e um comportamento regulado

intensamente por mecanismos externos (motivação extrínseca) (Ryan, Deci, 2000).

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Nessa perspectiva, Vallerand (2001) complementa com o modelo hierárquico da

motivação que propõe sua variação em graus de autodeterminação, em um continuum

que se posiciona entre um nível baixo e um nível alto de autodeterminação, sendo

classificada em amotivação (nível mais baixo de autodeterminação), motivação

extrínseca e motivação intrínseca (autodeterminada).

Todavia, o interesse do sujeito pode variar em termos de intensidade e causas.

Neste sentido, pode ter pouca motivação para a ação (amotivação); uma motivação

referente à realização da atividade para satisfação de demandas externas, por culpa ou

vergonha (motivação extrínseca de regulação externa); uma motivação baseada na

participação em atividades pelo sentimento de obrigação, coerção e fuga de sensações

negativas (motivação extrínseca de introjeção); ou ainda uma motivação oriunda de

uma atividade que em si não dá prazer, mas na qual o sujeito se identifica com o

resultado e este é valorizado (motivação extrínseca de identificação). O último estágio

da motivação é aquele que diz respeito ao prazer, interesse e satisfação

proporcionados pela própria atividade (motivação intrínseca) (Vallerand, Losier, 1999).

Especialistas da área consideram a dicotomia intrínseca-extrínseca

demasiadamente simplista e considera um continuum de forma mais autodeterminada

para a menos autodeterminada (Fernandes, Vasconcelos-Raposo, 2005). Assim, a TaD

assume a existência de quatro níveis de motivação extrínseca, que está presente

quando o comportamento não acontece exclusivamente para satisfação pessoal, mas

visto como um meio para atingir um determinado fim (Boiché, Sarrazin, Pelletier, 2007).

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A esquerda do continuum – amotivação – é um estado em que o sujeito não tem

ainda a intenção de realizar o comportamento, não havendo nenhum tipo de regulação,

externa ou interna. Neste caso, o sujeito não percebe motivos para adesão ou continuar

na prática de exercício físico ou esporte.

Seguindo para o estilo de regulação externa da motivação extrínseca, que é o

comportamento realizado para suprir uma demanda de ordem externa ou receber

algum tipo de recompensa. Como por exemplo, a prática do esporte por obrigação ou

para evitar algum tipo de punição.

A próxima com regulações menos externas, está à regulação introjetada, que se

diferencia das demais por se tratar de recompensas e punições internas, havendo

sentimento de obrigação, ansiedade, ou orgulho. Exemplo, prática esporte para evitar

sansões autoimpostas.

Com comportamento mais internamente a regulação identificada, considera o

sujeito importante e aprecia os resultados e benefícios da participação em tal atividade.

Observa-se essa situação quando uma pessoa pratica esporte por saber dos benefícios

para sua saúde, ainda que o comportamento em si não seja agradável.

Na regulação integrada, forma mais autodeterminada ou autônoma da regulação

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externa, as ações caracterizadas pela regulação integrada têm muitas qualidades da

motivação intrínseca, embora seja considerada extrínseca por visar algum tipo de

resultado além do prezar da prática. Exemplificando, pratica esporte em razão de sua

coerência com outros aspectos pessoais.

A motivação intrínseca, que é um processo caracterizado pela escolha pessoal,

satisfação e prazer. Desta maneira, as regulações para forma as tarefas são

unicamente internas. Ao praticar esporte com finalidade em si mesmo.

Os distintos estilos de regulação e as associações identificadas no continuum da

autodeterminação têm sido confirmados mediante estudos de meta-análises no

contexto de esporte, exercício físico e educação física (Chatzisarantis, Hagger, Biddle,

2003). Em síntese, assume-se que, a motivação intrínseca e determinadas formas de

motivação extrínseca, como as regulações integrada e identificada, predispõe para um

envolvimento psicológico mais favorável, o que favorece os indicadores motivacionais

positivos. Em contrapartida, os tipos de motivação associados aos baixos níveis de

autodeterminação, como as regulações Introjetada e externa, correspondem às

consequências motivacionais não adaptativas.

2.3. Recomendações para validação de questionários

Na realidade brasileira, em que são bastante escassos os estudos relacionados

ao campo da psicologia do esporte, tem-se duas opções para identificar os motivos que

possam levar os jovens a praticar esporte: (a) idealizar e validar questionário especifico

para a situação em questão; e (b) traduzir e validar para o português brasileiro

questionário disponibilizado na literatura em outro idioma. Neste caso, a segunda opção

parece ser a mais indicada, uma vez que evita a excessiva proliferação de

questionários sobre os mesmos construtos e permite comparações mais robustas entre

resultados encontrados em estudos envolvendo jovens inseridos em diferentes

contextos culturais.

Contudo, traduzir e validar questionários de cunho psicológico para que sejam

utilizados em outras culturas envolve mais que uma simples tradução de texto para

outro idioma. Neste particular, a tradução envolve procedimentos metodológicos

12

rigorosos, para que possa ser preservada a relevância do questionário, levando em

consideração aspectos e conceitos próprios de determinada cultura, bem como,

aspectos e conceitos que são universais a todas as culturas (Si, Lee, 2007).

Vallerand (1989) desenvolveu metodologia para tradução e adaptação

transcultural de questionários psicológicos sistematizada em sete etapas:

(a) Preparar versão preliminar, mediante recursos de tradução e

retrotradução, sendo sugerido o envolvimento de dois tradutores e dois retrotradutores;

(b) Analisar versão preliminar e preparar versão experimental, para

comprovar se a versão retrotraduzida reflete com precisão a versão original. Para esta

etapa sugere-se envolvimento de um painel de análise composto por três a cinco

especialistas na área, com amplo domínio de ambos os idiomas e com experiência em

tradução de textos acadêmicos;

(c) Pré-testar versão experimental do questionário, em uma amostra da

população a que se destina;

(d) Identificar validade concorrente e de conteúdo, mediante aplicação

simultânea de ambas as versões do questionário (original e traduzida) em sujeitos

bilíngues da população alvo. Validade de conteúdo é tratada pelo painel de análise

acionado no item anterior;

(e) Identificar fidedignidade de respostas dos itens, mediante réplica de

aplicação do questionário traduzido com intervalo de 2-4 semanas;

(f) Identificar validade de construto, para verificar se os itens do questionário

traduzido possam medir na nova versão o construto teórico que supostamente foi

idealizado para medir; e

(g) Estabelecer normas de aplicação e interpretação dos resultados, para que

possam ser realizadas comparações com referências apropriadas.

De destacar no campo estatístico a importância dos questionários traduzidos

atenderem critérios psicométricos próprios deste tipo de medida. Neste sentido, duas

importantes propriedades métricas devem ser consideradas: fidedignidade e validade

de construto. No que se refere à fidedignidade, torna-se necessário considerar dois

13

indicadores principais: (a) grau de estabilidade temporal ou reprodutibilidade,

identificado mediante análise teste-reteste das respostas de cada item e das

subescalas do questionário, baseada em sua aplicação ao mesmo sujeito em dois

momentos distintos; porém, em condições semelhantes; e (b) consistência interna,

identificada mediante análise da extensão com que um conjunto de itens contribui para

definição da mesma subescala.

O grau de estabilidade temporal ou reprodutibilidade é calculado por intermédio

dos coeficientes de concordância kappa ou correlação intra-classe, assumindo que,

quanto mais elevado o coeficiente encontrado, maior é a clareza com que os itens são

apresentados e mais estáveis no tempo são suas respostas. Valores referidos na

literatura apontam como mínimo aceitável coeficiente equivalente a 0,70, embora em

alguns casos valores iguais ou superiores a 0,60 possam ser satisfatórios. Por outro

lado, para o cálculo da consistência interna recorre-se à estimativa do alfa (α) de

Cronbach; assumindo que α = 1 refere-se à consistência interna perfeita. No entanto,

valores de α excessivamente elevados podem indicar eventual redundância entre os

itens do questionário. Seja como for, via de regra, tem-se adotado como referência os

seguintes intervalos de valores: inaceitável α < 0,60; fraca α = 0,60-0,69; razoável α =

0,70-0,79; boa α = 0,80-0,89; excelente α ≥ 0,90 (Vallerand, 1989).

Através da validade de constructo procura-se garantir que o questionário possa

efetivamente oferecer indicações do atributo psicológico em questão, mediante

verificação da estrutura de seus itens via análises fatoriais exploratória (AFE) e

confirmatória (AFC). A AFE torna possível que um conjunto de itens seja reunido em

fatores/subescalas específicas, ou seja, ao explorar as correlações entre os itens,

permite o seu agrupamento em dimensões, estimando a quantidade de

fatores/subescalas que são necessários para explicar a variância dos itens e as

relações estruturais que os unem entre si. Por vezes, o processo de agrupamentos dos

itens em fatores/subescala pode sugerir redução na quantidade de itens para compor a

nova versão do questionário traduzido.

Pressupostos estatísticos apontam que deva existir uma correlação elevada

entre as variáveis do modelo fatorial para que a AFE tenha utilidade na estimativa de

fatores/subescalas comuns, sendo a medida de adequação da amostragem de Kaiser-

14

Meyer-Olkin e o teste de esfericidade de Barlett os indicadores mais utilizados para

aferir a qualidade das correlações para prosseguir, ou não, com a AFE. Ainda, os

métodos mais utilizados para extração dos fatores/subescalas são análise de fatores

comuns (CFA: Common Factor Analysis) e análise de componentes principais (PCA:

Principal Components Analysis). Para que se possa alcançar uma solução fatorial mais

clara e objetiva e que venha a maximizar os pesos fatoriais dos itens, faz-se necessário

recorrer aos procedimentos de rotação dos fatores, mediante método de rotação

oblíquo ou ortogonal. A decisão por utilizar um ou outro método de rotação deve ocorrer

em função da correlação esperada entre os fatores/subescalas. Se, em tese, é

esperado que os fatores/subescalas não estejam correlacionados entre si, sugere-se

utilizar o método de rotação ortogonal. Porém, se é esperado que os fatores/subescalas

possam se correlacionar entre si, a opção deverá recair sobre o método de rotação

oblíqua. No primeiro caso, a rotação mais utilizada é a Varimax, enquanto no segundo

caso é a Promax.

Após definição dos métodos a serem utilizados para realização da AFE,

colocam-se em questão os critérios para determinação dos fatores/subescalas e

retenção/eliminação dos itens do questionário em questão. Para tanto, no momento da

decisão, sugere-se que sejam levados em consideração a seguinte combinação de

critérios:

(a) Critério de Kaiser (medida da variância explicada definida na mesma

métrica dos itens): reter fatores/subescalas com valor próprio igual ou superior a uma

unidade (Eigenvalue ≥ 1). Também, apesar de sua natureza subjetiva, deve-se analisar

o gráfico do “cotovelo” (scree plot) e observar a quantidade de fatores/subescalas

acima da “dobra do cotovelo”;

(b) Comunalidades (proporção da variância de cada item que é explicada

pelo conjunto de fatores/subescalas extraídos): valores acima de 0,50 indicam que boa

parte da variância dos resultados de cada item é explicada pela solução fatorial; porém,

a eliminação do item deve somente ser considerada com valores abaixo de 0,40;

(c) Pesos fatoriais (correlação entre item e fator/subescalas): são

considerados significativos quando o valor é igual ou superior a 0,50; contudo, pode-se

15

assumir que valores até 0,30 venham a ser relevantes; porém, deve ser considerado

como mínimo para que possa ser interpretado. Pesos fatoriais superiores a 0,70 são

considerados indicativos de uma estrutura muito bem definida;

(d) Pesos fatoriais cruzados: inexistência de itens com pesos fatoriais acima

de 0,30 em mais que um fator. Se isso acontecer e se a diferença entre os pesos for

igual ou inferior a 0,15, deve-se considerar a eliminação do item;

(e) Proporção de variância explicada pelos fatores: devem-se reter

fatores/subescalas com pelo menos 40% de capacidade explicativa. Soluções fatoriais

que explicam 60% da variância dos dados são consideradas bastante satisfatórias;

(f) Consistência interna do fator: deve-se garantir valores associados ao α de

Cronbach ≥ 0,70. Ainda, sugere-se analisar dois outros aspectos adicionais: o valor da

consistência interna em caso de eliminação de algum item, sendo necessário que o

valor de α não aumente caso isso aconteça, e as correlações entre o item e o valor do

fator/subescala, sendo aconselhável valores superiores a 0,50; e

(g) Retenção de fatores/subescalas com pelo menos três itens: esta regra é

de extrema importância por questões de estimativa do modelo em fase posterior de

validação do questionário. Contudo, muitos itens por fator/subescala também não é

necessariamente a melhor opção, em razão do risco de dificultar uma verdadeira

unidimensionalidade do fator/subescala.

Ainda, a quantidade de sujeitos necessária para processar uma AFE é outra

preocupação que deve ser levada em conta. Neste caso, a razão de 10:1 (quantidade

de sujeitos por cada item do questionário) é uma proposta de consenso na literatura

(Hair, Black, Babin, Anderson, Tatham, 2006).

Se, por um lado, a AFE é utilizada para explorar as correlações entre as

variáveis disponíveis e identificar possíveis fatores/subescalas que explicam sua

variância, por outro, a AFC é empregada para confirmar se a estrutura do modelo se

ajusta adequadamente aos dados. Ao contrário do que ocorre na AFE, em que

supostamente não existem informações à priori sobre a quantidade de

fatores/subescalas e sua relação com os itens, na AFC o modelo (quantidade de

fatores/subescalas, itens correspondentes e erros de medida) é definido e especificado

16

de antemão. Em síntese, tanto a AFE como a AFC tem como objetivo reproduzir as

relações observadas entre o grupo de itens e os fatores/subescalas. No entanto,

diferença fundamental reside na quantidade e na natureza das

especificações/restrições realizadas à priori. Para tanto, a AFC requer consistentes

fundamentos empíricos e conceituais para guiar as especificações a serem estimadas

no modelo.

O método mais frequentemente utilizado na AFC é o da máxima verosimilhança

(Maximum Likeliood), tendo como principal objetivo encontrar as estimativas dos

parâmetros como se fosse à verdadeira população, maximizando a verosimilhança da

matriz de covariância dos dados com a matriz de covariância restrita pelo modelo.

Neste caso, mediante teste de qui-quadrado (χ2), são analisadas eventuais

discrepâncias entre as duas matrizes. No entanto, analisar a adequação do modelo

somente com base no teste de χ2 pode não ser a melhor abordagem, considerando que

existem outros índices que fornecem informações bastante úteis na determinação do

seu ajuste. Apesar da multiplicidade de índices para análise dos modelos não reunir

consenso na literatura, parece existir tendência sustentada para utilizar os seguintes

índices de ajuste:

(a) Teste de Qui-Quadrado (χ2): oferece indicação quanto às eventuais

discrepâncias entre a matriz de covariâncias dos dados e a matriz de covariância do

modelo. Valores de p não significativos sugerem bom ajuste;

(b) Qui-Quadrado Normalizado (χ2/gl): corresponde ao valor de χ2 dividido

pelo grau de liberdade (gl). Reduz a sensibilidade do teste ao tamanho da amostra e à

complexidade do modelo. Valores de χ2/gl < 3 sugerem bom ajuste;

(c) Standardized Root Mean Square Residual (SRMSR): representa o valor

da média residual que deriva dos valores de ajuste entre as matrizes de correlações do

modelo e dos dados observados. Valores de SRMSR ≤ 0,08 sugerem bom ajuste;

(d) Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA): expressa o grau de

erro do modelo, indicando a extensão com que os dados são ajustados ao modelo

perfeito. Valores de RMSEA ≤ 0,06 sugerem bom ajuste;

17

(e) Comparative Fit Index (CFI): deriva da comparação das covariações do

modelo hipotético com um modelo base nulo, ou seja, apresenta uma estimativa da

melhoria de ajuste do modelo especificado sobre um modelo nulo em que as variáveis

não estão correlacionadas. Valores de CFI ≥ 0,95sugerem bom ajuste;

(f) Non-Normed Fit Index (NNFI): bastante semelhante ao CFI, o que sugere

utilizar apenas um deles. No entanto, o NNFI considera os graus de liberdade,

incluindo, portanto, uma função de penalização para os parâmetros livres que não

melhoram o ajuste. Apesar de conceitualmente similares ambos os índices oferecem

diferentes correções em função do tamanho da amostra (CFI) e da complexidade do

modelo (NNFI). Valores de NNFI ≥ 0,95 sugerem bom ajuste.

Os valores de corte recomendados como indicadores de bom ajuste foram

propostos por Hu e Bentler (1999). Neste sentido, parece não existir dúvida de que

esses valores de corte apresentam sustentação empírica bastante consistente; porém,

não deve ser interpretada como regra universal, considerando que se pode correr o

risco de estar rejeitando bons modelos. Portanto, deve-se ter em mente que as

sugestões de valores de corte dos índices de ajuste são apenas linhas orientadoras

gerais e não, necessariamente, regras definitivas.

O objetivo principal da AFC é fornecer respostas sobre o ajuste do modelo aos

dados, apontando se o modelo alcançado é ou não válido. Para tanto, pressupostos

estatísticos subjacentes a AFC solicitam amostras de maior tamanho que na AFE.

Mesmo sendo sugerido razão de 10:1, no caso da AFC a quantidade de sujeitos é

relativo a cada parâmetro a ser estimado no modelo, e não para cada item do

questionário, como é proposto para a AFE.

2.4. Questionários para identificar motivos e motivação para prática de esporte

Questionário autoadministrado é considerado método padrão para levantamento

de informações associadas aos motivos para prática de esporte. Neste sentido,

encontram-se disponíveis na literatura diversas opções de questionários para esta

finalidade, sendo na sua maioria, concebidos para atender a população jovem de

países anglo-saxões – tabela 1.

18

Por esse motivo, além da tradução linguística, o questionário requer a adaptação

cultural do idioma utilizado na elaboração dos itens e dos conceitos subjacentes aos

fatores/subescalas considerados quanto aos aspectos de motivação. Também,

identificar as propriedades psicométricas do questionário traduzido e adaptado para

aplicação em uma população específica torna-se de fundamental importância para

garantir a qualidade das informações.

Tabela 1 – Questionários disponibilizados na literatura para identificar os motivos para

prática de esporte em jovens.

Questionários Proponentes

Intrinsic Motivation Inventory – IMI Ryan (1982)

Participation Motivation Questionnaire – PMQ Gill, Gross, Huddleston (1983)

Sport Orientation Questionnaire – SOQ Gill, Deeter (1988)

Task and Ego Orientation in Sport Questionnaire – TEOSQ

Duda, Nicholls (1992)

Perceived Motivational Climate in Sport Questionnaire – PMCSQ

Seifriz, Duda, Chi (1992)

Sport Motivation Scale – SMS Pelletier, Tuson, Fortier, Vallerand, Brière, Blais (1995)

Perception of Success Questionnaire – POSQ Robert, Treasure, Balague (1998)

Situational Motivation Scale – SIMS Guay, Vallerand, Blanchard (2000)

Inventário de Motivação à Pratica Regular de Atividade Física ou Esportiva – IMPRAFE

Balbinotti (2004)

Behavioral Regulation in Sport Questionnaire – BRSQ

Lonsdale, Hogde, Rose (2008)

Intrinsic Motivation Inventory (IMI):

O questionário mais utilizado para identificar a motivação intrínseca é o IMI,

idealizado inicialmente por Ryan (1982) e posteriormente aperfeiçoado por McAuley e

colaboradores (McAuley, Ducan, Tammem, 1989; McAuley, Wraith, Duncan, 1991).

Originalmente o IMI apresentava duas versões: uma com 18 itens e outra com 16 itens.

Na sequência, ambas as versões originais foram unidas, com eliminação dos itens

redundantes, o que resultou em versão única com 23 itens, acompanhados de escala

de medida de tipo Likert de sete pontos (1 = “Discordo Totalmente” e 7 = “Concordo

19

Totalmente”), repercutindo favoravelmente no aprimoramento de suas características

psicométricas.

O IMI é um questionário que permite identificar a intensidade da motivação

intrínseca e auto-regulações em relação à qualquer tipo de atividade do comportamento

humano. A forma com que os itens são formulados permite substituir a expressão mais

genérica de atividade praticada pela designação da atividade efetivamente praticada

pelo jovem inquirido, por exemplo, prática de esporte, prática de exercício físico, aula

de educação física, etc.

Informações reunidas mediante a aplicação do IMI permite constituir quatro

fatores/subescalas de motivação: (a) interesse/envolvimento; (b) percepção de

competência; (c) esforço/importância; e (d) pressão/tensão. Enquanto as três primeiras

subescalas se referem às facetas positivas, a quarta subescala reflete faceta negativa

da motivação intrínseca. Ainda, é licito considerar o somatório da pontuação dos 23

itens como indicador da motivação intrínseca global. Neste caso, as consistências

internas dos fatores/subescalas, calculadas mediante valores de α de Cronbach,

oscilam entre 0,68 e 0,85.

De destacar que existem na literatura internacional versões do IMI traduzidas e

adaptadas para vários idiomas, inclusive português europeu (Fonseca, Paula-Brito,

2001). Especificamente na versão disponibilizada em português europeu, os

procedimentos de validação apontaram estrutura fatorial envolvendo somente 18 itens;

porém, com valores equivalentes à consistência interna discretamente inferiores aos

observados na versão original.

Participation Motivation Questionnaire (PMQ):

O PMQ foi idealizado por Gill, Gross, Huddleston (1983) e caracteriza-se como

um dos questionários de maior destaque na literatura. Para sua proposição os autores,

baseando-se na literatura da época, elaboraram grande quantidade de itens

relacionados aos possíveis motivos para prática de esporte e aplicaram

experimentalmente em amostra de jovens como projeto piloto. Diante das primeiras

respostas elaboraram nova versão do questionário com 37 itens, similar a versão atual

20

existente. Na sequência, após alguns ajustes e adaptações, chegou-se ao questionário

definitivo, com 30 itens equivalentes ao elenco de possíveis motivos que possam levar

jovens a praticar esporte, agrupados em oito fatores/subescalas de motivação: (a)

reconhecimento social; (b) atividade de grupo; (c) aptidão física; (d) emoção; (e)

competição; (f) competência técnica; (g) afiliação; e (h) diversão. Em seu delineamento

o jovem inquirido indica o grau de importância que mais se aplica para a sua pratica de

esporte, mediante escala de medida de tipo Likert de três pontos.

O questionário procura identificar a motivação dos jovens concentrando-se no

ambiente esportivo de forma geral, ou seja, competitivo ou não competitivo, buscando

identificar os prováveis motivos de permanência e abandono da prática de esporte. O

PMQ é um dos questionários mais utilizados nos EUA, encontrando-se também,

versões traduzidas e adaptadas em vários outros países. Especificamente no idioma

português são disponibilizadas quatro versões traduzidas e adaptadas do PMQ. O

denominado Questionário de Motivação de Atividades Esportivas – QMAD em

português europeu (Serpa, 1992), Inventário de Motivação para a Prática Desportiva –

IMPD (Gaya, Cardoso, 1998) e a Escala de Motivos para Prática Esportiva – EMPE

(Barroso, 2007) em português brasileiro. Recentemente nova tradução e adaptação

foram realizadas envolvendo jovens atletas brasileiros; porém, seus idealizados

optaram por manter a denominação original de PMQ (Guedes, Silvério Netto, 2013).

O QMAD é uma adaptação portuguesa do PMQ que manteve na versão

traduzida os 30 itens propostos inicialmente; porém, reagrupados em sete

fatores/subescalas de motivação e mediante disposição acentuadamente diferente da

versão original. Na sequência, Fonseca (1999) categorizou o QMAD em oito

componentes: status social, forma física, competição, afiliação geral, competência

técnica, afiliação técnica/equipe, emoções e prazer/ocupação do tempo livre. Porém,

estudos posteriores apontaram limitações metodológicas na definição do QMAD que

podem comprometer sua aplicação (Fonseca, Maia, 2001).

O IMPD também é uma versão adaptada do PMQ e utilizou como referência a

versão já traduzida para o idioma português europeu do QMAD. Para tanto, em estudo-

piloto por intermédio de abordagem exploratória envolvendo jovens de 7 a 14 anos de

idade, jovens foram convidados a descrever os cinco principais motivos que os levavam

21

a praticar esporte, o que reduziu arbitrariamente a quantidade de itens de 30 para 19.

Neste caso, foram excluídas questões originais e inseridas novas questões. O IMPD

abriga as questões em três fatores/subescalas de motivação: (a) competência

esportiva; (b) amizade/lazer; e (c) saúde. Mediante análise mais detalhada identifica-se

que quantidade significativa de itens inseridos no IMPD não esta presente na versão

original do PMQ e seus conteúdos são claramente voltados para crianças em idades

bastante precoces. Logo, parece mais lógico assumir que o IMPD não seja uma

tradução/adaptação do PMQ, mas sim, instrumento inédito direcionado a identificar os

motivos que levam crianças ainda não envolvidas em programas sistematizados de

treino a praticar esporte.

O EMPE é uma versão traduzida e adaptada do PMQ com objetivo de ser

aplicado em jovens adultos (≥ 18 anos), e contem os 30 itens da versão original do

PMQ com inclusão de três outros itens específicos relacionados à saúde: item 11 - “Eu

quero manter a saúde”; item 32 - “Eu quero melhorar ainda mais minha saúde”; e item

22 - “Eu quero adquirir hábitos saudáveis”. O EMPE abriga sete fatores/subescalas

motivacionais: (a) status social; (b) condicionamento físico; (c) energia; (d) contexto; (e)

técnica; (f) afiliação; e (g) saúde. Em comparação com a versão original existem duas

dimensões da escala de pontuação. A primeira é com escala de medida de tipo Likert

com cinco pontos (1 = “Nada Importante” a 5 = “Totalmente Importante”). A outra com

escala de medida de 11 pontos (0 = “Nada Importante” a 10 = “Totalmente Importante”).

A quarta tentativa de tradução do PMQ para o idioma português foi validada

transculturalmente por Guedes e Silvério Netto (2013), com discretas adaptações para

a população alvo, envolvendo 30 itens reunidos em oito fatores/subescalas de

motivação, precedidos pelo enunciado “Eu pratico esporte para ...”. Em comparação

com a versão original, a versão traduzida do PMQ apresenta diferenças quanto às

dimensões da escala de pontuação e ao perfil esportivo dos sujeitos selecionados em

um e outro estudo. Na versão original utilizou-se escala de medida de tipo Likert de três

pontos, enquanto na versão traduzida foi considerada escala de medida de cinco

pontos; logo, com maior capacidade discriminatória em suas respostas. No que se

refere ao perfil esportivo das amostras selecionadas em um e outro estudo,

originalmente o PMQ foi aplicado em jovens engajados em programas de férias de

22

verão envolvendo esporte em um contexto de lazer, enquanto no estudo de validação

do PMQ para o idioma português os jovens se encontravam em um contexto de

elevado nível de competição, participando da etapa final da principal competição juvenil

do Estado do Paraná. Seus indicadores de validação estatística apontaram que, em

conjunto, os oito fatores/subescalas de motivação podem explicar proporção de

variância próxima de 67%. Ainda, a solução fatorial gerada foi similar a apresentada

originalmente, com consistência interna dos fatores/subescalas de motivação, apontada

pelos valores de α de Cronbach, variando entre 0,54 e 0,83.

Sport Orientation Questionnaire (SOQ):

O SOQ foi idealizado por Gill e Deeter (1988) para identificar os motivos e as

expectativas associadas à prática de esporte em atletas jovens. Neste caso,

considerou-se o esporte como uma prática multidimensional relacionada às suas

orientações e especificidades. A versão original do questionário foi idealizada em

inglês; contudo, são disponibilizadas versões traduzidas e adaptadas em outros

idiomas, o que não é o caso do idioma português. Também, existe versão do SOQ

para ser aplicada em praticantes de esporte com necessidades especiais, mais

especificamente em cadeirantes (Skordilis, Koutsouki, Asonitou, Evans, Jensen,

Kenneth, 2001).

De maneira sintética, o SOQ procura atender basicamente três

fatores/subescalas: competitividade, orientação para vitória e orientação para metas. O

fator/subescala competitividade impacta consideravelmente na opção pela prática de

esporte, assumindo pressupostos de que, aqueles jovens com traços mais competitivos

se identificam com competição mais exacerbada e, direta ou indiretamente, buscam

mais intensamente participar de competições. O fator/subescala com orientação para

vitória se identifica com a importância de vencer, em que jovens orientados para vitória

dimensionam seu sucesso em comparação com o desempenho de outros, e não define

seus padrões pessoais. Por outro lado, o fator/subescala com orientação para metas

procura identificar a importância do desempenho pessoal no esporte. Portanto, jovens

orientados para metas competem consigo mesmo, o que minimiza eventuais

23

comparações de seu desempenho com de outros.

O SOQ é composto por 25 itens, sendo 13 relacionados ao fator/subescala

competitividade, seis ao fator/subescala com orientação para vitória e outros seis ao

fator/subescala com orientação para metas. Os coeficientes α de Cronbach

originalmente observados equivalem a 0,90, 0,86 e 0,80, respectivamente, o que indica

elevada consistência interna para os três fatores/subescalas que compõe o

questionário. Cada item é acompanhado por escala de medida de tipo Likert de cinco

pontos (1 = “Strongly Agree” a 5 = “Strongly Disagree”). Importante ressaltar que o

questionário foi projetado para analisar jovens que praticam esporte sem nenhuma

restrição a experiência de prática.

Task and Ego Orientation in Sport Questionnaire (TEOSQ):

Este questionário foi idealizado por Duda e Nicholls (1992), originalmente em

inglês; no entanto, é possível encontrar versões traduzidas, adaptadas e validadas para

outros idiomas, inclusive para o português europeu (Fonseca, Biddle, 2001), com a

denominação Questionário de Orientação para o Ego e para a Tarefa no Desporto

(TEOSQp), e português brasileiro (Hirota, 2006). Ainda, também é disponibilizada

versão adaptada para praticantes de esporte com necessidades especiais,

especificamente para cadeirantes (Fliess-Douer, Hutzler, VanLandewijck, 2003).

O TEOSQ tem por objetivo analisar perspectivas de ajustes do esporte,

identificando a propensão do jovem em ser orientado pela Tarefa ou pelo Ego em

determinados contextos. Neste caso, os elementos direcionados para orientação

voltada à Tarefa preocupam-se fundamentalmente em aprimorar as capacidades e

habilidades individuais, enquanto os jovens cuja orientação se prende ao Ego formulam

suas percepções na competência, comparando seu desempenho com o de outros

praticantes. Logo, a orientação para Tarefa esta associada ao divertimento e ao

desenvolvimento da sociabilidade mediante a prática de esporte; portanto, predomínio

da motivação intrínseca. Por outro lado, o jovem que procura constantemente se

destacar frente aos colegas e aos adversários transparece orientação para Ego e

denota a maior participação da motivação extrínseca (Hardey, Gomes, Gould, 1996).

24

O questionário é constituído por 13 itens que traduzem tipos distintos de

objetivos perseguidos pelos jovens com vistas ao sucesso no contexto esportivo. O

respondente se posiciona frente a cada item mediante escala de medida de tipo Likert

de cinco pontos (1 = “Discordo Totalmente” a 5 = “Concordo Totalmente”, encabeçado

pelo enunciado “Eu me sinto mais bem sucedido no esporte quando ...”. A concepção

do questionário originou estrutura de dois fatores/subescalas (Tarefa e Ego), com

diversos estudos demonstrando a adequação de seus índices de consistência interna

(Fonseca, Paula-Brito, 2005). Importante característica para preenchimento do

questionário refere-se à época em que os jovens se sentem mais bem sucedidos em

seu esporte, procurando se posicionar em todas os itens com base neste período.

Na tentativa de aprimorar as informações levantadas é oferecida versão

alternativa do TEOSQ para treinadores, o que também foi traduzida, adaptada e

validada para o português europeu, designado Questionário de Orientação para o Ego

e para a Tarefa, versão Treinador – TEOSQpt (Fonseca, Paula-Brito, 2005), mas não

no português brasileiro. Neste caso, a intenção é obter referência de como os jovens

interpretam o modo como os treinadores configuram seus objetivos de realização. Na

versão alternativa, antecedendo os 13 itens apresentados aos respondentes,

distribuídos pelos dois fatores/subescalas (Ego e Tarefa), é anunciada a questão: “Para

o/a treinador/a tenho mais sucesso no meu esporte quando...”.

Perceived Motivational Climate in Sport Questionnaire (PMCSQ):

O PMCSQ foi idealizado por Seifriz, Duda e Chi (1992) com finalidade de

analisar clima motivacional específico do esporte, como Tarefa e Ego, respectivamente

intitulado de mestria e performance. Característica principal do questionário é a

identificação de possíveis causas de sucesso no esporte. Os itens foram projetados

para analisar grau de percepção da motivação intrínseca oferecendo ênfase ao

envolvimento na mestria e na performance. Inicialmente, a partir de considerações

teóricas e empíricas, o questionário foi proposto com 106 itens. Na sequência, foi

reduzido para 40 itens e finalizou com 21 itens, dos quais, nove se identificam com o

fator/subescala de mestria e 12 com o fator/subescala de performance, recebendo

25

denominação de PMCSQ-1.

Os itens do fator/subescala de mestria descrevem a ênfase no

esforço/dedicação, no aperfeiçoamento das habilidades envolvidas, na percepção da

contribuição de cada membro para a equipe, nos erros aceitos como parte do processo

de aprendizagem e na cooperação/coesão reforçada pelos membros da equipe. Os

itens do fator/subescala de performance enfatizam a rivalidade intra-equipe, o reforço

baseado no alto nível de habilidade, a punição dos erros e o favorecimento aos

esportistas de destaque na equipe. O questionário apresenta escala de medida de tipo

Likert de cinco pontos (1 = “Discordo Totalmente” a 5 = “Concordo Totalmente”)

precedida pela frase “Na nossa equipe ...”. Os níveis de consistência interna

encontrados foram equivalentes a 0,86 e 0,77 para os fatores/subescalas mestria e

performance, respectivamente.

Mais recentemente ocorreram importantes ajustes na versão original do PMCSQ,

repercutindo favoravelmente no aprimoramento de sua qualidade psicométrica,

intitulada PMCSQ-2. A estrutura inicialmente proposta para o questionário foi

preservada; contudo, ocorreram adaptações na formulação dos itens, estendendo para

33 itens. Neste caso, os valores equivalentes aos coeficientes de α de Cronbach para

os fatores/subescalas equivalentes ao clima motivacional de mestria e performance se

aproximaram de 0,88 (Newton, Duda, Yin, 2000). Encontram-se versões traduzidas e

validadas do PMCSQ-2 para outros idiomas, inclusive português brasileiro (Benck,

2006).

Com denominação de Perceived Motivational Climate in Exercise Questionnaire

(PMCEQ) e com similar estrutura de itens e subescalas foi idealizada versão

direcionada especificamente para análise em situação de prática de exercício físico

(Thomas, Barron, 2006). Adaptação realizada apresentou níveis de consistências

internas equivalentes a 0,86 e 0,77 para fatores/subescala de mestria e performance,

respectivamente. Contudo, não foi apresentada qualquer informação adicional sobre

sua validade de construto. Versão adaptada ao exercício físico já foi traduzida para o

português europeu (Cid, Moutão, Leitão, Alves, 2012) e brasileiro (Frejomil, Casal,

2009).

26

Sport Motivation Scale (SMS):

Respaldado pela TaD, inicialmente foi desenvolvido questionário denominado

Éclelle de Motivation dans lês Sports no idioma francês (Brière, Vallerand, Blais,

Pelletier, 1995). Posteriormente, quando de sua tradução e adaptação para o idioma

inglês recebeu a denominação Sport Motivation Scale – SMS (Pelletier, Tuson, Fortier,

Vallerand, Briére, Blais, 1995). Mais recentemente, o SMS vem sendo traduzido para

vários idiomas, sendo considerado um dos instrumentos mais utilizados para identificar

os motivos para prática de esporte. A versão brasileira recebeu a denominação Escala

de Motivação no Esporte - EME-BR (Costa, Albuquerque, Lopes, Noce, Costa, Ferreira,

Samulski, 2011).

A SMS é designada para representar especificamente o continuum da TaD e

identifica diferentes formas de motivação intrínseca, motivação extrínseca e

desmotivação. O questionário é composto por 28 itens, iniciando com o enunciado

“Participo e me esforço para a prática de esporte ...”, acompanhado de escala de

medida de tipo Likert de sete pontos (1 = “Não Corresponde Nada” a 7 = “Corresponde

Exatamente”).

Contudo, mais recentemente, limitações teóricas e empíricas da SMS, entre

outros motivos, em razão da versão original contemplar unicamente itens com conteúdo

equivalente a cinco dos seis tipos de regulação motivacional previsto na TaD, e de

alguns fatores/subescalas apresentarem índices de consistência interna marginalmente

inferior ao valor limite de α de Cronbach de 0,70, deram origem a SMS-6 (Mallett,

Kawabata, Newcombe, Otero-Ferero, Jackson, 2007). Neste caso, os seis

fatores/subescalas contemplados na SMS-6 são desmotivação, motivação extrínseca

de regulação externa, motivação extrínseca de regulação introjetada, motivação

extrínseca de regulação identificada, motivação extrínseca de regulação integrada e

motivação intrínseca. A versão revisada SMS-6 demonstra propriedades psicométricas

superiores às relatadas na versão original.

27

Perception of Success Questionnaire (POSQ):

Roberts, Treasure e Balagué (1998) desenvolveram questionário para identificar

as orientações de metas (Tarefa e Ego) no contexto esportivo. Inicialmente, elaboraram

conjunto de 48 itens selecionados a partir da literatura e de outros questionários que se

dirigem à percepção de sucesso no esporte. Na sequência, mediante verificação das

diferentes abordagens, o conjunto de itens foi reduzido para 26, definindo a escala

inicial do POSQ. No entanto, após uma sequência de aplicações e análises estatísticas

em vários estudos com objetivo de aprimorar sua qualidade, o questionário apontou

validade satisfatória com não mais que 12 itens (seis itens para cada orientação de

metas), definindo a versão atual do questionário.

Ainda, foram elaboradas duas outras versões do POSQ, uma especificamente

para ser utilizada em adolescentes e outra em adultos. Em ambas as versões o

questionário tem como finalidade a percepção de sucesso relacionado à tarefa e ao ego

no esporte, sendo que os itens indagam como o respondente percebe o seu sucesso

quanto à prática de esporte. Cada um dos questionários inicia com a questão “Eu me

sinto realmente com mais sucesso no esporte quando ...”, em que são apresentados 12

itens/situações possíveis de ocorrer no contexto esportivo, sendo que as opções de

posicionamento estão dispostas em uma escala de medida de tipo Likert de cinco

pontos, ancorados nos seus extremos de 1 = “Concordo Completamente” a 5 =

“Discordo Completamente”.

Os índices originais de consistência interna, utilizando como referência o

coeficiente α de Cronbach, foram de 0,92 para orientação à Tarefa e 0,90 para

orientação ao Ego. Estudos traduziram e validaram o POSQ para outros idiomas

atestando sua qualidade psicométrica, inclusive português europeu (Fonseca, Paula-

Brito, 2001) e brasileiro (Benck, 2006).

Situational Motivation Scale (SIMS)

Elaborada inicialmente para uso no contexto educacional, a SIMS tem por

objetivo analisar a motivação intrínseca e a desmotivação (Guay, Vallerand, Blanchard,

2000). Preliminarmente, a SIMS foi constituída por 26 itens; contudo, os resultados

28

iniciais mostraram que 10 desses itens apresentavam baixa relação com itens que se

identificavam no mesmo fator/subescala motivacional. Logo, foram excluídos,

resultando em um instrumento composto por 16 itens.

Neste caso, o respondente se posiciona frente à questão “Why are you currently

engaged in this task/activity?”, mediante escala de medida de tipo Likert de sete pontos,

em que 1 equivale a “Correspond not at all” e 7 “Correspond exactly”, com escore

intermediário de 4 equivalente a “Correspond moderately”. Especificamente no contexto

esportivo, a SIMS tem demonstrado satisfatórias características psicométricas, com

valores equivalentes aos coeficientes de Alfa de Cronbach oscilando entre 0,63

(desmotivação) e 0,87 (motivação intrínseca). Explica-se a menor consistência interna

relacionada ao fator de desmotivação em razão da menor quantidade de itens que

compõe o fator/subescala (Standage, Treasure, Duda, Prusak, 2003). Existem versões

traduzidas e adaptadas para outros idiomas além da língua inglesa; porém, não é o

caso do português europeu ou brasileiro.

Inventário de Motivação à Pratica Regular de Atividade Física ou Esportiva (IMPRAFE)

Elaborado por Balbinotti (2004), o inventário foi idealizado com intuito de definir

um instrumento de âmbito nacional, não envolvendo traduções e adaptações de

instrumentos internacionais. Foi proposto para quantificar e ordenar seis possíveis

fatores/subescalas associados aos motivos para prática de atividade física em um

contexto amplo, inclusive envolvendo o esporte. Portanto, diferentemente dos demais

questionários disponibilizados na literatura, o IMPRAFE procura identificar os motivos

voltados a todo tipo de prática regular de atividade física, como é o caso de exercício

físico e lazer ativo, e não especificamente a prática de esporte.

Consiste em questionário com 120 itens, agrupando 20 itens para cada um dos

seis fatores/subescalas considerados: (a) controle de estresse; (b) saúde; (c)

sociabilidade; (d) competitividade; (e) estética; e (d) prazer. O questionário inicia com a

expressão “Realizo atividade física/esporte para ...”, em que o respondente deverá se

posicionar mediante escala bidirecional, de tipo Likert, graduada em 5 pontos,

transitando entre (1) “Isto me motiva pouquíssimo” e (5) “Isto me motiva muitíssimo”. O

29

questionário conta ainda com uma escala de verificação que permite analisar o nível de

atenção do respondente durante sua aplicação. Seis itens, um de cada fator/subescala,

tomado aleatoriamente, são repetidos no final do questionário. Logo, medida de

validade da aplicação pode ser obtida mediante concordância entre as respostas.

Estudos têm confirmado a qualidade psicométrica do IMPRAFE (Balbinotti, 2004;

Barbosa, Balbinotti, 2006), apontando valores equivalentes ao coeficiente de α de

Cronbach entre 0,89 e 0,94 para os seis fatores/subescalas de motivação

considerados. No entanto, na tentativa de simplificar a aplicação do questionário e

diminuir o tempo dedicado ao seu preenchimento, recursos estatísticos de análises

fatoriais exploratória e confirmatória permitiram idealizar versão resumida do

questionário, mantendo sua qualidade psicométrica.

A versão resumida do IMPRAFE manteve tanto a proposta original de identificar

seis fatores/subescalas, quanto à estrutura de apresentação dos itens. Neste caso, o

questionário é composto por 48 itens, agrupando oito itens para cada um dos seis

fatores/subescalas considerados. Foi igualmente mantida a escala de verificação, de

forma que juntam-se aos 48 itens, seis itens tomados aleatoriamente na própria escala.

Valores equivalentes ao coeficiente de α de Cronbach foram identificados entre 0,82 e

0,94 para os seis fatores/subescalas de motivação consideradas (Barbosa, Balbinotti,

2006).

Behavioral Regulation in Sport Questionnaire (BRSQ):

Elaborado por Lonsdale, Hogde e Rose (2008), o questionário propõe identificar

os motivos para a prática de esporte em adolescentes e jovens adultos. Seus

idealizadores não orientam a utilização do BRSQ em outros contextos de atividade

física, como é o caso da educação física e do exercício físico, devendo, portanto, ser

aplicado particularmente no meio esportivo, envolvendo atletas de competição.

Versão inicial do BRSQ é constituída por 42 itens complementares à expressão

“Eu prático o meu esporte ....”, acompanhada de escala de medida de tipo Likert de

sete pontos, variando entre (1) ”Não Corresponde Nada” e (7) “Corresponde

Exatamente”, intermediado por (4) “Corresponde Moderadamente”. Na sequência, em

30

análises confirmatórias de validação o questionário foi reduzido para 36 itens, reunido

em nove fatores/subescalas de regulação motivacional: (a) amotivação; (b) motivação

extrínseca de regulação externa; (c) motivação extrínseca introjetada; (d) motivação

extrínseca identificada; (e) motivação extrínseca integrada; (f) motivação intrínseca para

atingir objetivos; (g) motivação intrínseca para experiências estimulantes; (h) motivação

intrínseca para conhecer; e (i) motivação intrínseca.

De maneira alternativa, é proposto o uso de medida multidimensional para a

motivação intrínseca, removendo-se, desse modo, a subescala de motivação intrínseca,

assumindo oito/subescalas; porém, mantendo os 36 itens, o que é denominado BRSQ-

8. Ainda, medida geral de motivação intrínseca também pode ser empregada,

removendo-se os fatores/subescalas de regulação motivacional associados à

motivação intrínseca para atingir objetivos, à motivação intrínseca para experiências

estimulantes e à motivação intrínseca para conhecer, resultando, desse modo, em

análise da motivação em seis fatores/subescalas com 24 itens, o que é denominado

BRSQ-6.

Com relação às propriedades psicométricas, em estudos envolvendo jovens de

diferentes idades e experiência de prática de esporte, foram identificadas fortes cargas

fatoriais, valores de consistência interna e reprodutibilidades elevados tanto para o

BRSQ-8, como para o BRSQ-6 (Lonsdale, Hodge, Rose, 2008). Ambas as versões

foram traduzidas e validadas para o português brasileiro, recebendo a denominação

Questionário de Regulação do Comportamento no Esporte - QRCE (Vasconcellos,

2011).

2.5. Proposição do Behavioral Regulation in Sport Questionnaire (BRSQ)

O BRSQ foi elaborado com o intuito de preencher as lacunas deixadas pelo

Sport Motivation Scale – SMS (Pelletier et al., 1995) e pela versão revisada dessa

escala, a SMS–6 (Mallet et al., 2007), quando às propriedades psicométricas, oriundas,

sobretudo, pela ausência da forma mais autodeterminada de relação extrema, a

regulação integrada.

A versão original do BRSQ consiste em 36 questões dividas em nove

31

subescalas/fatores acompanhadas de uma escala tipo Likert de sete pontos. As

regulações ou fatores são: amotivação (AM), motivação extrínseca de regulação

externa (MERE), motivação extrínseca introjetada (MEIJ), motivação extrínseca

identificada (MEID), motivação extrínseca integrada (MEIG), motivação intrínseca para

atingir objetivos (MIAO), motivação intrínseca para experiências estimulantes (MIEE),

motivação intrínseca para conhecer (MIC) e motivação intrínseca (MI). Os autores da

escala propõe ainda uma medida multidimensional da motivação intrínseca,

removendo-se os itens MI, deixando assim a escala com oito fatores – 32 itens;

alternativamente, uma medida geral da motivação intrínseca também pode ser

empregada, bastando neste caso, remover os itens MAIO, MIEE e MIC, resultando

numa análise da motivação em 6 fatores – 24 itens.

Estudo tem procurado investigar a validade e a reprodutibilidade da escala,

criada a partir das formas de regulação do comportamento propostas por Ryan e Deci

(2002) e as três formas de motivação intrínseca identificadas por Vallerand (1997).

Neste momento, 382 atletas da Nova Zelândia (206 homens), com idade média de

24.20 anos, representando 20 esportes diferentes, responderam a versão de 32 itens

do BRSQ. Chegou-se a conclusão de que esta versão de 32 itens, chamada de BRSQ-

8, por retratar as oito formas de regulação do comportamento a que se propunha,

apresentou fortes cargas fatoriais e valores de consistência interna nas subescalas. Por

outro lado, esta versão não possibilita uma avaliação mais generalizada da motivação

intrínseca, através de uma única subescala que possa representar o constructo

(Lonsdale, Hodge, Rose, 2008).

Novo estudo foi realizado com objetivo de examinar a validade e a

reprodutibilidade das duas versões do BRSQ: a de oito itens e a de seis itens. Os

achados confirmaram que ambas as versões podem ser utilizadas de forma e validade

confiável; porém, a versão BRSQ-8 demonstrou escores superiores de consistência

interna e validade fatorial. Já a versão BRSQ-6, no entanto, não parece ter

demonstrado seis níveis de regulação ao longo do continuum, tendo os autores

chamados a atenção para a utilização desta versão quando o objetivo for analisar a

autodeterminação em quatro formas distintas (amotivação, motivação extrinsecamente

controlada, motivação extrinsecamente autônoma, e intrinsecamente motivada).

32

Em seguida, os idealizadores do BRSQ tiveram como proposta central examinar

a validade e a reprodutibilidade da escala em atletas que não fossem de elite,

diferentemente dos estudos anteriores, e também comparar as propriedades

psicométricas do BRSQ-6 e BRSQ-8 com versões original da SMS (Palletier et al.,

1995) e da SMS-6 (Mallet et al., 2007). Especificamente com base nos resultados

desse estudo foram apresentadas evidencias indicando que os valores de consistência

interna e validade fatorial do BRSQ foram superiores aos encontrados na SMS e na

SMS-6, considerando assim, o BRSQ com qualidades psicométricas superiores às

escalas a que foi comparado.

Importante estudo produzido por Barcza (2010), utilizando o BRSQ como forma

de avaliação da motivação em atletas, investigou a relação entre as regulações

motivacionais, perfeccionismo, Burnout e comportamento percebido dos treinadores.

Verificou que as três formas menos autodeterminadas de regulação do comportamento

(amotivação, regulação externa e regulação introjetada) estiveram inversamente

relacionadas ao perfeccionismo, ou seja, a busca pela excelência esportiva não se

aplica a comportamentos pouco autodeterminados.

Em síntese, os estudos citados comprovam as qualidades psicométricas do

instrumento proposto, o BRSQ, em relação aos outros instrumentos de avaliação da

motivação baseados na regulação do comportamento utilizado até o momento.

Analisadas essas evidências, próxima ação para consolidar o BRSQ, enquanto

ferramenta confiável na análise da motivação sob perspectiva da TaD, é disseminar sua

metodologia e procedimentos na área do esporte; sobretudo em idades jovens.

33

3. DESENVOLVIMENTO

A plataforma eletrônica para uso do BRSQ em versão online foi desenvolvida por

meio de aplicativo da internet (web) que utilizou linguagem de programação Hypertext

Preprocessor 5 (PHP-5), script Java Script 2.0. O mesmo possui interface gráfica que

permite os usuários interagirem. O PHP-5 é uma linguagem de programação voltada à

Internet com eficiente suporte matemático, sistema multiplataforma, suporte a grande

quantidade de banco de dados, além de possuir código fonte aberto, possibilitando

desenvolvimento de websites dinâmicos, que retornam para o programador uma página

tempo real (Niederauer 2011).

O BRSQ em versão online está hospedado no site

www.dartagnanguedes.com.br e poderá ser acessado por meio de navegadores da

internet (Internet Explorer, Mozilla, Google Crome, Opera).

O BRSQ em versão online foi composto pela mesma estrutura do instrumento

impresso, diferenciando apenas o modo de interface de preenchimento dos itens. Foi

adicionado sistema de armazenamento das respostas em arquivos individuais

utilizando-se código de identificação do respondente. Essa ferramenta possibilita a

geração de relatórios, que podem ser exportados para planilhas eletrônicas no formato

Excel for Windows. Na utilização da versão online, para assinalar as respostas, os

respondentes (alunos, atletas e outros) deverão receber instruções para selecionar uma

das respostas disponíveis para cada item (assinalar uma alternativa no questionário), e

assim liberando os itens, as próximas perguntas subsequentes até cumprir o

preenchimento dos 36 itens do BRSQ.

Para acessar a versão eletrônica do BRSQ o usuário de deverá clicar na opção

QUESTIONÁRIOS, conforme ilustra a figura 1.

34

Figura 1 – Pagina inicial do site http://www.dartagnanguedes.com.br

35

Nessa tela deverá abrir o link para a página de acesso à versão online do BRSQ

– figura 2.

Figura 2 – Tela de entrada para a versão online do BRSQ

Ao clicar na opção de acesso ao link em destaque o usuário deverá ser

encaminhado para iniciar o preenchimento do questionário – figura 3.

Neste caso, conforme design do questionário, são disponibilizadas as opções da

escala Likert para seleção do respondente entre 1 e 7 pontos. O respondente deverá

indicar o grau de importancia que cada item do questionário poderá oferecer para a

prática de seu esporte. O respondente necessariamente deverá assinalar (clicar) uma

opção de resposta para cada item do questionário, sendo que, quando isso ocorrer, o

escore assinalado passará para a cor vermelha, chamando sua atenção quanto à

opção assinalada. O questionário registrará um única resposta por item, podendo o

usuário alterar a resposta antes de finalizar todas as questões de seu levantamento.

36

Figura 3 – Disposição dos itens do BRSQ na versão online

37

Apontando o grau de importancia de cada um dos 36 itens do questionário, o

respondente deverá clicar no icone “Calcular resultados do Questionário” – figura 4.

Figura 4 – Opção para realizar o tratamento das informações do BRSQ.

Na sequência, deverá ser disponibilizado na tela os resultados atribuídos ao

continuum de autodeterminação equivalente aos escores atribuidos pelo respondente –

figura 5.

Figura 5 – Resultados do continuum de autodeterminação para prática de esporte.

38

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47

Artigo Científico

BEHAVIORAL REGULATION IN SPORT QUESTIONNAIRE:

TRADUÇÃO E VALIDAÇÃO PSICOMÉTRICA PARA USO EM ATLETAS JOVENS

BRASILEIROS

BEHAVIORAL REGULATION IN SPORT QUESTIONNAIRE:

TRANSLATION AND PSYCHOMETRIC VALIDATION FOR USE IN BRAZILIAN

YOUNG ATHLETES

Título Abreviado:

BRSQ para atletas jovens brasileiros

Autores:

Vilmar Aparecido Caus

Dartagnan Pinto Guedes

Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde

Universidade Norte do Paraná - UNOPAR

48

Resumo

Os objetivos do estudo foram traduzir para o idioma português, realizar a adaptação

transcultural e identificar as propriedades psicométricas para atletas jovens brasileiros

do Behavioral Regulation in Sport Questionnaire (BRSQ). A versão original foi traduzida

de acordo com recomendações internacionais. Um comitê de juízes foi formado para

analisar as versões traduzidas do questionário. O comitê utilizou como critério de

análise as equivalências semântica, idiomática, cultural e conceitual. A versão final do

questionário traduzido foi administrada em uma amostra de 1217 atletas jovens (410

moças e 807 rapazes) com idades entre 12 e 17 anos. Para identificar as propriedades

psicométricas foi realizada análise fatorial confirmatória e, na sequência, para análise

da consistência interna de cada fator associado à motivação para a prática de esporte,

foi empregado coeficiente alfa de Cronbach. Após discretas modificações apontadas no

processo de tradução, o comitê de juízes considerou que a versão para o idioma

português do BRSQ apresentou equivalências semântica, idiomática, cultural e

conceitual. A análise fatorial confirmou a estrutura de oito fatores originalmente

proposta, mediante indicadores estatísticos equivalentes à χ2/gl = 1,87, ao GFI = 0,945,

AGFI = 0,958 e RMSR = 0,052 (IC95% 0,043-0,062). O alfa de Cronbach apresentou

coeficientes entre 0,71 e 0,85. Concluindo, a tradução, a adaptação transcultural e as

qualidades psicométricas do BRSQ foram satisfatórias, o que viabiliza sua aplicação em

futuros estudos no Brasil.

Palavras-chaves: BRSQ; Questionário; Psicometria; Treino esportivo; Adolescentes;

Brasil.

49

Abstract

The objectives of this study were to translate for the Portuguese language, describe the

cross-cultural adaptation and identify the psychometric properties to the Brazilian young

athletes of the Behavioral Regulation in Sport Questionnaire (BRSQ). The original

questionnaire was translated following international recommendations. Translated

versions of the questionnaire were analyzes by a committee of experts. The committee

used semantic, idiomatic, cultural and conceptual equivalences as criteria of analysis.

The final version of the translated questionnaire was administered in a sample of 1217

young athletes (410 girls and 807 boys) aged 12 to 17 years-old. To identify the

psychometric properties confirmatory factorial analysis were completed. Cronbach’s

alpha coefficient was used to assess the internal consistency of each factor of the

BRSQ associated to motivation for the practice of sport. After minor changes identified in

the translation process, the committee of experts considered that the Portuguese

version of the BRSQ showed semantic, idiomatic, cultural and conceptual equivalences.

The factorial analysis confirmed the structure of eight factors originally proposed,

through statistical indicators equivalent to χ2/gl = 1,87, ao GFI = 0,945, AGFI = 0,958 e

RMSR = 0,052 (IC95% 0,043-0,062). The Cronbach-alpha ranged from 0,71 to 0,85. In

conclusion, the translation, cross-cultural adaptation and psychometric qualities of the

BRSQ were satisfactory, thus enabling its application in future studies in Brazil.

Uniterms: BRSQ; Questionnaire; Psychometrics; Sports training; Adolescents; Brazil.

50

Introdução

O perfil motivacional de jovens para a prática de esporte é um dos assuntos que

vem atraindo a atenção de pesquisadores e profissionais da área. Evidências disso são

as aproximações teóricas sugeridas recentemente para tentar explicar a conduta

motivacional no contexto esportivo (Gill, Williams, 2008; Ntoumanis, 2012; Ryan, Deci,

2007) e o esforço direcionado à proposição e à validação de instrumentos para

identificar e dimensionar indicadores motivacionais que levam os jovens a optarem por

iniciar, permanecer, ou ao contrário, abandonar a prática de esporte (Biddle et al., 2001;

Newton, Duda, Yin, 2000).

Na atualidade, especialmente na última década, vem se destacado a Teoria de

Autodeterminação (TaD) como uma possibilidade mais consistente e específica para

análise de aspectos motivacionais que envolvem a prática de esporte (Calvo et al.,

2010; Hagger, Chatzisarantis, 2007; Koh et al., 2012; Ryan, Deci, 2007; Singerland et

al., 2014; Vallerand, 2007; Van de Berghe et al., 2014; Vlachopoulos et al., 2000). Na

realidade, a TaD é uma teoria geral da motivação humana, que procura analisar o grau

com que as condutas relacionadas são autodeterminadas, ou seja, a intensidade com

que as pessoas realizam ações de forma voluntária, por sua própria escolha (Deci,

Ryan, 1985; 2012; Ryan, Deci, 2000).

Neste caso, a TaD procura estabelecer diferentes categorias de motivação

dispostas em um continuum de posição menos autodeterminada para mais

autodeterminada. Nos extremos opostos do continuum estão localizados os constructos

relacionados à amotivação e à motivação intrínseca e, por sua vez, na parte central

encontram-se os constructos identificados com a motivação extrínseca e suas

51

respectivas regulações – externa, introjetada, identificada e integrada (Ryan, Deci,

2000). Detalhamentos quanto à concepção e à caracterização da TaD e suas

implicações para a prática de esporte vêm sendo amplamente difundidos em outras

publicações (Ntoumanis, 2012; Ryan, Deci, 2007; Vallerand, 2007; Vlachopouloa et al.,

2000).

Nessa perspectiva, para se considerar os pressupostos de uma teoria é

necessário dispor de instrumentos de medida capazes de identificar e dimensionar os

atributos associados. Particularmente no contexto do esporte, encontram-se disponíveis

na literatura dois questionários idealizados especificamente para atender os

pressupostos da TaD: Sports Motivation Scale – SMS (Pelletier et al, 1995;) e

Behavioral Regulation in Sport Questionnaire – BRSQ (Lonsdale, Hodge, Rose, 2008).

Inicialmente, a proposição do SMS recebeu severas críticas, entre outros motivos, pela

particularidade de não contemplar em sua estrutura original a forma mais autônoma de

motivação extrínseca prevista na TaD: a regulação integrada (Vallerand, Rousseau,

2001). Em vista disso, na sequência, foi disponibilizada versão ajustada do SMS, o que

se denominou SMS-6, mantendo a estrutura original da escala; porém, adicionando

mais um fator equivalente à regulação integrada (Mallet et al., 2007). Mais

recentemente, houve uma tentativa de apresentar versão revisada deste instrumento, o

chamado SMS-II (Pelletier et al., 2013). Contudo, apesar dos esforços de seus

idealizadores, importantes limitações estatísticas com relação às propriedades

psicométricas foram identificadas em ambas versões do SMS, sobretudo quanto à

validade fatorial e à consistência interna dos itens que compõe o instrumento.

52

O BRSQ foi idealizado com intuito de minimizar as limitações apresentadas por

ambas versões do SMS, e atualmente vem recebendo grande destaque na literatura

especializada. Originalmente, o BRSQ foi proposto em língua inglesa; no entanto,

pesquisadores de países de outros idiomas se interessaram pela sua tradução e

validação, o que vem permitindo a expansão de seu uso para outras culturas (Viladrich

et al., 2011). Especificamente no Brasil, constata-se que já houve uma tentativa de

traduzir e validar o BRSQ para uso na realidade brasileira (Vasconcellos, 2011).

Contudo, no delineamento do estudo não foi oferecida a devida atenção ao rigor

metodológico recomendado para os processos de tradução e adaptação transcultural

de questionários com essas características. Além do que, para identificar as

propriedades psicométricas da versão traduzida do BRSQ foi selecionada amostra

excessivamente heterogenia quanto ao escalão etário e com quantidade insuficiente de

sujeitos para que se pudesse alcançar ajuste do modelo fatorial estatisticamente

adequado para um instrumento de 36 itens. Por consequência, sólidos critérios

conceituais previstos na TaD cederam preferência aos comprometidos achados

estatísticos.

Em sendo assim, o objetivo do presente estudo foi realizar a tradução e a

adaptação transcultural para o idioma português e, na sequência, identificar as

propriedades psicométricas do BRSQ para uso em atletas jovens brasileiros.

Métodos

Instrumento

A versão original do BRSQ foi concebida com 36 itens, precedidos pelo

enunciado “I participate in my sport ....”, em que o respondente indica o grau de

53

concordância que mais se aplica ao seu caso, por intermédio de uma escala de medida

tipo Likert de sete pontos (1 = “Not at all true”; 4 = “Somewhat true”; 7 = “Very true”). Na

sequência, mediante tratamento dos escores atribuídos a cada item e baseando-se no

continuum de autodeterminação, torna-se possível identificar, dimensionar e ordenar

nove escalas/subescalas de motivação: (a) amotivação (AMOT); (b) motivação

extrínseca de regulação externa (REEX); (c) motivação extrínseca de regulação

introjetada (REIJ); (d) motivação extrínseca de regulação identificada (REID); (e)

motivação extrínseca de regulação integrada (REIG); (f) motivação intrínseca global

(MIGL); (g) motivação intrínseca para alcance de objetivos (MIOB); (h) motivação

intrínseca para vivencia de experiências estimulantes (MIEE); e (i) motivação intrínseca

para domínio de conhecimentos (MICH).

De acordo com o objetivo e o detalhamento necessário na interpretação das

informações apresentadas pelo respondente, o conjunto dos 36 itens que compõe o

BRSQ permite a análise do continuum de autodeterminação mediante dois formatos, os

chamados BRSQ-6 e BRSQ-8. A diferença entre ambos os formatos refere-se à

abrangência de análise pretendida para a motivação intrínseca. No caso do BRSQ-6, a

motivação intrínseca é considerada de maneira global, desconsiderando, portanto, as

especificidades relacionadas ao alcance de objetivos, à vivencia de experiências

estimulantes e ao domínio de conhecimento. Logo, neste formato, os itens agrupados

nas subescalas MIOB, MIEE e MICH são ignorados, considerando para efeito de

análise apenas as seis escalas (AMOT, REEX, REIJ, REID, REIG, MIGL). Por outro

lado, o BRSQ-8 procura atender as subescalas designadas para identificar os três tipos

de motivação intrínseca, sugeridas por Vallerand e Rousseau (2001), considerando

para efeito de análise oito escalas/subescalas (AMOT, REEX, REIJ, REID, REIG,

54

MIOB, MIEE, MICH), desconsiderando, neste caso, a escala global equivalente à

motivação intrínseca (MIGL).

Tradução e Adaptação Transcultural

Os protocolos de tradução e adaptação transcultural acompanharam

procedimentos sugeridos internacionalmente (Hambleton, 2005). A tradução inicial do

idioma original (inglês) para o português foi realizada de maneira independente por dois

pesquisadores com entendimento detalhado do BRSQ. Os dois pesquisadores tinham

como idioma nativo o português e amplo domínio do idioma inglês, com experiência em

traduções de textos acadêmicos. Além da tradução, foi solicitado que registrassem

expressões que poderiam oferecer dúbia interpretação.

Um grupo bilíngue formado por três pesquisadores da área de esporte comparou

os textos traduzidos, uniformizando o uso de expressões divergentes, e foi produzida

uma versão única do questionário que sintetizou as duas versões anteriores. Em

seguida, ocorreu a retrotradução do questionário por dois outros tradutores de maneira

independente. Os tradutores escolhidos para essa etapa tinham como idioma nativo o

inglês, domínio do idioma português e atuação como docente universitário em

Instituição brasileira. Solicitou-se aos tradutores que registrassem expressões que

pudessem gerar dúvidas no processo de retrotradução. O grupo bilíngue comparou

ambos os textos retrotraduzidos, produzindo versão única.

Um comitê analisou o processo de tradução e os resultados alcançados nas

etapas anteriores. O comitê foi formado por nove membros, incluindo os autores do

estudo, tradutores que participaram do processo de tradução/retrodução e três

docentes universitários da área do esporte, todos bilíngue inglês-português. O comitê

55

realizou revisão das sete versões do BRSQ disponível: versão original em língua

inglesa, duas versões traduzidas para o idioma português, versão síntese de ambas as

traduções para o idioma português, duas versões de retrotradução e versão síntese de

ambas as retrotraduções.

O comitê realizou apreciação dos tipos de equivalências entre o instrumento

original e a versão no idioma português. Os membros receberam orientações por

escrito sobre o objetivo do estudo e as definições adotadas para as equivalências.

Cada um respondeu individualmente a um formulário de análise que comparava cada

item do questionário original, da versão síntese traduzida para o idioma português e da

versão síntese de retrotradução, em relação às equivalências semântica, idiomática,

cultural e conceitual. O formulário de análise foi estruturado mediante escala diferencial

com alternativas discretas: “inalterada”, “pouco alterada”, “muito alterada” e

“completamente alterada”.

Sujeitos

Próxima etapa do estudo foi realizar testagem do BRSQ traduzido para o

português, com intuito de identificar os indicadores de validade psicométrica. Para

tanto, o BRSQ foi aplicado em uma amostra de atletas jovens participantes dos Jogos

da Juventude do Paraná no ano 2013. Por volta de 3600 atletas jovens participavam

nesta competição em diferentes modalidades: basquetebol, handebol, voleibol, futsal,

futebol, atletismo, natação, ciclismo, ginástica, judô, caratê, taekwondo e tênis. Para

seleção da amostra utilizou-se método não probabilístico casual. Para tanto,

previamente ao início das competições, todos os técnicos e dirigentes participantes dos

Jogos foram contatados e informados quanto à natureza, aos objetivos do estudo e ao

56

princípio de sigilo. Na sequência, foi solicitado autorização para contatar e convidar os

atletas jovens para participarem do estudo. Mediante confirmação pelo Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido, 1217 atletas jovens (410 moças e 807 rapazes),

com idades entre 12 e 17 anos, concordaram em participar do estudo, o que

representou por volta de 30% do universo de participantes da competição.

Procedimentos

O BRSQ foi aplicado em um único momento, individualmente para cada atleta

jovem e por dois pesquisadores. Procurou-se evitar a aplicação do questionário em

situações em que os atletas jovens pudessem estar imerso em estresse pré ou pós-

competição. Neste caso, utilizaram-se os momentos em que os atletas jovens não se

encontravam em ambiente de competição ou quando eram tão somente expectadores

das competições. Os atletas jovens receberam o questionário com instruções e

recomendações para o seu preenchimento, não sendo estabelecido limite de tempo

para o seu término. Eventuais dúvidas manifestadas pelos respondentes foram

prontamente esclarecidas pelos pesquisadores que acompanhavam a coleta dos

dados.

Tratamento Estatístico

No intuito de identificar a validade de construto do BRSQ para uso na análise do

continuum de autodeterminação de atletas jovens foi empregada a análise fatorial

confirmatória com o método de estimativa Maximum Likelihood (máxima

verossimilhança). Inicialmente, com auxílio do Gráfico de Bigodes, descartou-se a

presença de casos outliers, atendendo-se, desse modo, importante pressuposto para

os procedimentos da análise fatorial confirmatória. Para testar o ajuste entre o modelo

57

teórico proposto e a matriz de coleta de dados foram utilizados múltiplos critérios: razão

entre qui-quadrado e graus de liberdade (χ2/gl), Goodness-of-Fit Index (GFI), Adjusted

Goodness-of-Fit Index (AGFI) e Root Mean Square Residual (RMSR). Neste caso, χ2/gl

< 2, GFI e AGFI ≥ 0,9 juntos com valores de RMSR ≤ 0,08 sugerem um bom ajuste de

modelo (Hu, Bentler, 1999).

Na sequência, a validade fatorial dos escores derivados dos 36 itens foi

observada mediante análise da saturação fatorial itens-escalas/subescalas. Para tanto,

recorreu-se as correlações bivariadas por intermédio do coeficiente de correlação de

Pearson. Neste caso, foi assumido como critério de exclusão aqueles itens com

saturação fatorial inferior a 0,40 ou que estivessem representados em mais de um fator

com saturação fatorial ≥ 0,40.

Para análise da consistência interna foram empregados os cálculos de alfa de

Cronbach. Também, foram calculados valores de média e desvio-padrão,

acompanhados das indicações de simetria e curtose de cada item do questionário e

escala/subescala identificada no modelo. Os dados foram tratados utilizando-se os

pacotes estatísticos computadorizados SPSS versão 20.0 e AMOS versão 17.0. O

estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da

Universidade Norte do Paraná – Plataforma Brasil (Parecer 208.975/2013).

Resultados

Discretas divergências no uso de expressões foram observadas nas etapas do

processo de tradução. As eventuais divergências foram discutidas no comitê de análise

e prevaleceram as expressões de mais fácil compreensão e de uso frequente para

facilitar o entendimento. Dos 36 itens da versão traduzida do BRSQ, em 31 deles (86%)

58

os membros do comitê de análise apontaram como “inalterada” as equivalências

semântica, idiomática, cultural e conceitual. Nos cinco restantes (14%), os membros do

comitê apontaram “pouco alterada” pelo menos em uma das equivalências. Nenhum

item da versão traduzida do BRSQ apresentou as opções “muito alterada” ou

“completamente alterada” assinaladas em comparação com a versão original. Versão

traduzida do BRSQ pode ser conferida em anexo.

Características demográficas e histórico de treino dos atletas jovens

selecionados para o estudo estão descritas na tabela 1. Dos 1217 atletas jovens

envolvidos no estudo, 34% eram moças e, considerando ambos os sexos, 46,4% deles

tinham entre 15 e 16 anos e proporção similar se distribuiu em idades ≤ 14 anos e 17

anos. Contudo, identificou-se maior proporção de moças (31,7%), em comparação com

os rapazes (23,8%), em idades ≤ 14 anos. No que se refere ao histórico de treino,

proporções similares de moças e rapazes iniciaram os treinos em idades ≤ 9 anos; no

entanto, mais elevada proporção de rapazes iniciaram os treinos em idades ≥ 14 anos

(21,1% versus 16,1%). Quanto à experiência de treino, identificou-se menor tempo de

treino entre as moças, sendo que, 31,2% delas apontaram ter ≤ 2 anos de treino em

comparação com 16,1% dos rapazes. Com experiência de treino ≥ 7 anos observou-se

21,2% das moças e 36,8% dos rapazes. De maneira similar em ambos os sexos, menor

proporção de atletas jovens reunidos na amostra relataram treinar ≤ 4 horas/semana

(9,3%), enquanto 46% apontaram treinar ≥ 10 horas/semana. Constatou-se predomínio

de treino em modalidades coletivas (62%) e 69,3% dos atletas jovens demonstraram

experiência em competições de abrangência estadual e regional. Do restante, 21,5% e

9,3% relataram experiência em competições nacionais e internacionais,

respectivamente.

59

Tabela 1 – Indicadores sóciodemográficos e histórico de treino da amostra de atletas jovens analisados no estudo.

Moças (n = 410)

Rapazes (n = 807)

Ambos os Sexos (n = 1217)

Idade ≤ 14 Anos

15 – 16 Anos 17 Anos

Idade de Inicio do Treino ≤ 9 Anos

10 – 11 Anos 12 – 13 Anos

≥ 14 Anos Tempo de Treino

≤ 2 Anos 3 – 4 Anos 5 – 6 Anos

≥ 7 Anos Volume de Treino

≤ 4 horas/semana 5 – 9 horas/semana ≥ 10 horas/semana

Modalidade Esportiva Individual

Coletiva Nível de Competição

Internacional Nacional Estadual

Regional/Municipal

130 (31,7%) 201 (49,0%) 79 (19,3%)

125 (30,5%) 116 (28,3%) 103 (25,1%) 66 (16,1%)

128 (31,2%) 101 (24,7%) 94 (22,9%) 87 (21,2%)

38 (9,3%)

184 (44,9%) 188 (45,8%)

163 (39,8%) 247 (60,2%)

31 (7,6%)

114 (27,8%) 180 (43,9%) 85 (20,7%)

192 (23,8%) 364 (45,1%) 251 (31,1%)

237 (29,4%) 212 (26,2%) 188 (23,3%) 170 (21,1%)

131 (16,1%) 167 (20,7%) 212 (26,3%) 297 (36,9%)

75 (9,3%)

360 (44,6%) 372 (47,2%)

300 (37,2%) 507 (62,8%)

82 (10,2%)

148 (18,3%) 372 (46,1%) 205 (25,4%)

322 (26,5%) 565 (46,4%) 330 (27,1%)

362 (29,7%) 328 (27,0%) 291 (23,9%) 236 (19,4%)

259 (21,3%) 268 (22,0%) 306 (25,1%) 384 (31,6%)

113 (9,3%)

544 (44,8%) 560 (46,0%)

463 (38,0%) 754 (62,0%)

113 (9,3%)

262 (21,5%) 552 (45,4%) 290 (23,9%)

Quanto à validade de construto, em um primeiro momento, a análise fatorial

confirmatória foi conduzida considerando o conjunto dos 36 itens do BRSQ, e os

resultados apontaram indicadores estatísticos equivalentes à χ2/gl = 1,87, ao GFI =

0,945, AGFI = 0,958 e RMSR = 0,052 (IC95% 0,043-0,062). Na sequência, ao testar o

modelo separadamente para cada um dos dois formatos propostos, verificou-se que as

dimensões de adequação ao modelo teórico encontrado, tanto para o formato BRSQ-6

(χ2/gl = 1,52; GFI = 0,961; AGFI = 0,981; RMSR = 0,048 - IC95% 0,040-0,056), como

60

para o formato BRSQ-8 (χ2/gl = 1,96; GFI = 0,926; AGFI = 0,912; RMSR = 0,069 - IC95%

0,058-0,081), atenderam aos critérios sugeridos.

Quanto à validade fatorial, por intermédio da figura 1 visualizam-se informações

equivalentes à saturação fatorial do modelo proposto. De imediato, constata-se que

todos os valores de r encontrados apontam significância estatística (p < 0,001), não

sendo encontrados itens com saturação fatorial ≥ 0,40 em mais de um fator ou com

saturação insuficiente. Portanto, constata-se que a totalidade dos 36 itens originalmente

considerados na proposição do BRSQ também oferece melhor solução fatorial para ser

utilizado na amostra de atletas jovens selecionada no estudo.

Valores de média, desvio-padrão, assimetria e curtose acompanhados dos

coeficientes alfa de Cronbach para as escalas/subescalas são apresentados na tabela

2. Os escores individuais inclusos no modelo apresentaram distribuição de dados

normal (assimetria < 2; curtose < 7) e valores de média que variaram de 1,91 a 6,01,

com desvios-padrão associados entre 0,41 e 0,96. Esses achados referentes à

estatística descritiva fundamenta fortemente a confiabilidade das estimativas de

consistência interna, considerando que o valor médio de nenhuma das

escalas/subescalas, isoladamente, se aproximou dos escores extremos possíveis (1 ou

7). Destaca-se, ainda, que a variabilidade dos escores individuais foi restrita,

denotando-se, portanto, alguma homogeneidade em sua dispersão, independente do

fator considerado. Ao procederem os cálculos dos coeficientes alfa de Cronbach foram

identificadas dimensões que variaram de 0,71 (REIG) a 0,85 (MICH), o que aponta para

índices desejáveis de consistência interna para ambos os formatos da versão traduzida

do BRSQ.

61

Amotivação

RegulaçãoExterna

RegulaçãoIntrojetada

RegulaçãoIdentificada

RegulaçãoIntegrada

0,70

0,78

0,76

0,74

Item 6

Item 8

Item 17

Item 30

Item 13

Item 18

Item 20

Item 33

Item 5

Item 7

Item 16

Item 24

Item 10

Item 22

Item 27

Item 31

Item 3

Item 4

Item 9

Item 35

0,72

0,77

0,78

0,77

0,73

0,83

0,68

0,75

0,75

0,77

0,76

0,75

0,71

0,78

0,79

0,71

0 , 7 0

- 0 , 0 9

0 , 8 5

0 , 7 8

0 , 7 4

- 0 , 2 9

- 0 , 1 9

- 0 , 1 7

- 0 , 2 5

- 0 , 3 4

- 0 , 2 9

0 , 0 2

- 0 , 3 1

- 0 , 3 3

- 0 , 3 9

- 0 , 2 9

MI - Objetivo

Item 11

Item 12

Item 23

Item 34

0,76

0,79

0,72

0,76

MI - ExperiênciasEstimulantes

Item 2

Item 19

Item 29

Item 32

0,66

0,80

0,75

0,76

MI - Conhecimento

Item 15

Item 26

Item 28

Item 36

0,77

0,85

0,88

0,79

0 , 5 5

0 , 7 9

0 , 6 8

0 , 7 5

0 , 6 1

0 , 5 2

- 0 , 1 9

- 0 , 2 3

- 0 , 1 6

0 , 6 1

0 , 5 7

0 , 5 0

Figura 1 – Estrutura fatorial do Behavioral Regulation in Sport Questionnaire (BRSQ) traduzido e aplicado em atletas jovens brasileiros.

62

Tabela 2 – Estatística descritiva e coeficiente alfa de Cronbach das escalas/subescalas do Behavioral Regulation in Sport Questionnaire (BRSQ) traduzido e aplicado em atletas jovens brasileiros.

Média Desvio-padrão

Assimetria Curtose Alfa de

Cronbach

AMOT

REEX

REIJ

REID

REIG

MIGL

MIOB

MIEE

MICH

1,91

2,27

2,62

5,45

5,79

5,98

5,99

6,01

5,48

0,41

0,50

0,66

0,76

0,88

0,84

0,90

0,96

0,82

1,14

1,72

0,93

-0,93

-0,96

-1,16

-1,10

-0,97

0,87

0,99

1,96

0,03

0,63

0,79

1,38

0,93

0,70

0,30

0,81

0,84

0,83

0,74

0,71

0,82

0,79

0,80

0,85

AMOT: amotivação; REEX: motivação extrínseca de regulação externa; REIJ: motivação extrínseca de regulação introjetada; REID: motivação extrínseca de regulação identificada; REIG: motivação extrínseca de regulação integrada; MIGL: motivação intrínseca global; MIOB: motivação intrínseca para alcance de objetivos; MIEE: motivação intrínseca para vivencia de experiências estimulantes; MICH: motivação intrínseca para domínio de conhecimentos.

Discussão

A efetivação das etapas do processo de tradução do instrumento não apresentou

maior dificuldade devido à metodologia adotada e à estrutura simples e objetiva de

formulação dos itens do BRSQ. A tradução inicial realizada pelos dois tradutores foi

pouco modificada nas etapas subsequentes. A retrotradução, quando comparada ao

63

instrumento original, apresentou discretas discrepâncias, resultantes de ajustes

realizados para atender especificidades de determinados itens. A análise das

equivalências semântica, idiomática, cultural e conceitual, equivalente à adaptação

transcultural, como a etapa de tradução, indicou que o instrumento foi de fácil tradução.

A análise das equivalências mostrou que os domínios do BRSQ são apropriados

e os atributos utilizados na versão original do instrumento são igualmente válidos para a

cultura-alvo, o que atende a equivalência cultural. A equivalência conceitual indicou que

poucos itens necessitaram de ajustes. Os itens puderam ser considerados de maneira

semelhante ao formato original, indicando, mais uma vez, que a estrutura de formulação

do BRSQ foi bem elaborada. No que se refere à equivalência idiomática, a versão

traduzida mostrou que quase a totalidade dos itens foram avaliados como “inalterado” e

nenhum membro do comitê de análise considerou algum item como “muito alterado” ou

“completamente alterado”, quando da comparação entre as versões dos instrumentos

original, traduzido e retrotraduzido.

Quanto à estrutura fatorial do BRSQ traduzido e adaptado no presente estudo

para o idioma português, constatou-se disposição semelhante a encontrada na versão

original proposta por Lonsdale, Hodge, Rose (2008), sendo extraída idêntica quantidade

de fatores equivalentes à motivação, independentemente de se utilizar a versão

reduzida (BRSQ-6) ou a versão ampliada (BRSQ-8). Ainda, com valores equivalentes

ao alfa de Cronbach superiores a 0,70 em todos os fatores de motivação extraído da

estrutura fatorial, pode-se assumir que a versão traduzida do BRSQ apresenta aceitável

consistência interna, o que aponta sua confiabilidade para análise do perfil de

motivação em atletas jovens no contexto brasileiro. Porém, observou-se que, em

comparação com a versão original, a consistência interna de cada escala/subescala de

64

motivação, de modo geral, foi discretamente mais baixa na estrutura fatorial do BRSQ

traduzido para o idioma português. Também, a amplitude de variação entre os escores

mais elevado (0,85) e mais baixo (0,71) foi superior a apresentada pela versão original

do BRSQ (0,91 e 0,76, respectivamente), o que sugere menor equilíbrio entre os fatores

de motivação na versão traduzida para o idioma português.

Provável justificativa para esses achados possam estar associada às

características das amostras selecionadas em um e outro estudo. Originalmente, o

BRSQ foi aplicado e validado em uma amostra de atletas de elite nacional da Nova

Zelândia, com idade média próxima de 25 anos, enquanto no presente estudo foram

reunidos atletas jovens com idades ≤ 17 anos que participavam da etapa final dos

Jogos da Juventude do Paraná, competição estadual que reuni participantes com

experiência de competição/treino bastante diversificada. Portanto, é possível que os

contextos em que ambos os estudos foram realizados possam ter definido diferenças

quanto ao perfil de interesse e motivos para a prática de esporte.

Outra opção de análise da validade dos fatores teóricos que compõem o BRSQ

traduzido para o idioma português é mediante as dimensões dos coeficientes de

correlação inter-fatores decorrentes da definição dos construtos, como forma de

complemento da análise fatorial, uma vez que, em teoria, devem se portar de acordo

com o continuum de autodeterminação. Neste caso, constata-se que a disposição dos

valores de r entre os fatores observados na estrutura fatorial confirmam a presença do

continuum de autodeterminação nas duas versões do BRSQ, considerando que

regulações próximas uma das outras no continuum mostraram estar fortemente

correlacionadas em um sentido positivo, quando comparadas com regulações mais

65

afastadas no continuum. Fato similar também foi relatado no estudo original de

proposição do BRSQ, o que reforça a tese de que este instrumento se define como

ferramenta de análise das regulações de motivação de praticantes de esporte sob a luz

da TaD.

Concluindo, o instrumento BRSQ traduzido e adaptado para o idioma português

alcançou bom desempenho psicométrico frente à amostra do presente estudo,

apresentando satisfatórios coeficientes alfa de Cronbach calculados para os fatores de

motivação gerados. A solução fatorial gerada mediante a análise fatorial confirmatória

foi similar a apresentada originalmente, tanto para versão reduzida (BRSQ-6) como

para versão ampliada (BRSQ-8). No entanto, os achados apontaram que o BRSQ-8

apresentou indicações de validação equivalentes à consistência interna e à validade

fatorial mais adequadas. Desta maneira, ambas as versões do BRSQ disponibilizadas

no presente estudo mostraram-se promissoras para utilização em futuras intervenções

com objetivo de analisar as regulações de motivação para a prática de esporte em

atletas jovens brasileiros.

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69

a

Abaixo estão alguns motivos que podem levar as pessoas a praticarem esporte. Utilizando a escala de medida fornecida, assinale com um círculo no número apropriado o quanto cada um desses motivos é importante para você praticar esporte. Quando decidir se algum destes itens é um motivo pelo qual você pratica esporte, por favor, reflita sobre todos os fatores que o levam à pratica de esporte. Não existem itens certos ou errados. Logo, não dedique muito tempo por item e procure responder da maneira mais honesta possível. Alguns itens podem ser parecidos, mas é importante que todos os itens sejam respondidos.

Eu pratico esporte ....

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.

Nada verdadeiro

Pouco verdadeiro

Algumas vezes verdadeiro

Muito verdadeiro

Totalmente verdadeiro

1. Porque aprecio esporte. 1 2 3 4 5 6 7

2. Pelo prazer que sinto quando estou completamente envolvido no esporte. 1 2 3 4 5 6 7

3. Porque é uma parte de mim. 1 2 3 4 5 6 7

4. Porque é uma oportunidade que tenho de ser eu mesmo. 1 2 3 4 5 6 7

5. Porque me sentiria envergonhado de desistir. 1 2 3 4 5 6 7

6. Mas as razões do por que pratico não estão tão claras para mim. 1 2 3 4 5 6 7

7. Porque me sentiria fracassado se desistisse. 1 2 3 4 5 6 7

8. Mas mesmo assim me pergunto qual a razão de sua pratica. 1 2 3 4 5 6 7

9. Porque o que faço no esporte reflete quem eu sou. 1 2 3 4 5 6 7

10. Porque os benefícios do esporte são importantes para mim. 1 2 3 4 5 6 7

11. Porque gosto da sensação de realização quando tento alcançar objetivos de longo prazo. 1 2 3 4 5 6 7

12. Porque gosto da sensação de sucesso quando estou buscando alcançar algo importante. 1 2 3 4 5 6 7

13. Porque se não praticar, outras pessoas ficarão insatisfeitas comigo. 1 2 3 4 5 6 7

14. Porque adoro esporte. 1 2 3 4 5 6 7

15. Porque gosto de aprender algo novo sobre esporte. 1 2 3 4 5 6 7

16. Porque me sinto obrigado a continuar. 1 2 3 4 5 6 7

17. Mas me questiono porque continuo praticando esporte. 1 2 3 4 5 6 7

18. Porque me sinto pressionado por outras pessoas para praticar. 1 2 3 4 5 6 7

19. Pela empolgação que sinto quando estou realmente envolvido com o esporte. 1 2 3 4 5 6 7

20. Porque as pessoas me pressionam para praticar. 1 2 3 4 5 6 7

70

21. Porque é divertido. 1 2 3 4 5 6 7

22. Porque o esporte me ensina autodisciplina. 1 2 3 4 5 6 7

23. Porque gosto de fazer as coisas o melhor que posso. 1 2 3 4 5 6 7

24. Porque me sentiria culpado se parasse. 1 2 3 4 5 6 7

25. Porque acho prazeroso. 1 2 3 4 5 6 7

26. Porque gosto de aprender como utilizar novas técnicas. 1 2 3 4 5 6 7

27. Porque valorizo os benefícios do esporte. 1 2 3 4 5 6 7

28. Porque gosto de aprender novas técnicas. 1 2 3 4 5 6 7

29. Porque adoro a sensação que sinto quando pratico esporte. 1 2 3 4 5 6 7

30. Mas me questiono por que estou fazendo isso. 1 2 3 4 5 6 7

31. Porque é uma boa maneira de aprender coisas que podem ser úteis em minha vida. 1 2 3 4 5 6 7

32. Por causa da sensação positiva que experimento quando pratico esporte. 1 2 3 4 5 6 7

33. Para satisfazer as pessoas que querem que eu pratique esporte. 1 2 3 4 5 6 7

34. Porque me dá uma sensação de realização quando me esforço para atingir meus objetivos.

1 2 3 4 5 6 7

35. Porque o esporte me permite viver de uma forma que é verdadeira com meus valores. 1 2 3 4 5 6 7

36. Pelo prazer que tenho em saber mais sobre o esporte. 1 2 3 4 5 6 7