CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PARA JOVENS … · É importante que o educando jovem e...

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                 CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PARA JOVENS E ADULTOS  CEEBJA GUARAPUAVA Rua Saldanha Marinho, 2131 – Bairro Batel - CEP 85.010.290 Telefone/Fax: (42) 3623-7423 - Guarapuava – Paraná CONCEPÇÃO, CONTEÚDOS E SEUS RESPECTIVOS ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS DISCIPLINA: BIOLOGIA ENSINO MÉDIO CONCEPÇÃO DO ENSINO DE BIOLOGIA A Educação de Jovens e Adultos - EJA, no Estado do Paraná, de acordo com suas Diretrizes Curriculares e em consonância com o documento apresentado como a segunda proposta preliminar das Diretrizes Curriculares Estaduais para o ensino Médio de Biologia da Rede Estadual de Ensino do Paraná, apresenta os fundamentos teóricos, metodológicos e avaliativos do ensino de Biologia, que norteiam a elaboração da proposta curricular desta disciplina. Partindo do pressuposto que a ciência não se constitui numa verdade absoluta, pronta e acabada, é indispensável rever o processo de ensino e aprendizagem da Biologia no contexto escolar, de modo que o modelo tradicional de ensino dessa disciplina, no qual se prioriza a memorização dos conteúdos, sem a devida reflexão, seja superado por um modelo que desenvolva a capacidade dos educandos em buscar explicações científicas para os fatos, através de posturas críticas, referenciadas pelo conhecimento científico. É necessário distinguir os campos de atuação da ciência, seus contextos e valores, como também, os objetivos dispensados à disciplina de Biologia no contexto escolar. Segundo as Diretrizes Curriculares de Biologia - Ensino Médio, desta Secretaria de Estado da Educação, é objeto de estudo da Biologia o fenômeno vida em toda sua diversidade de 

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                 CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PARA JOVENS E 

ADULTOS 

 CEEBJA GUARAPUAVA 

Rua Saldanha Marinho, 2131 – Bairro Batel ­ CEP 85.010.290 

Telefone/Fax: (42) 3623­7423 ­ Guarapuava – Paraná

CONCEPÇÃO, CONTEÚDOS E SEUS RESPECTIVOS ENCAMINHAMENTOS 

METODOLÓGICOS

DISCIPLINA: BIOLOGIA

ENSINO MÉDIO

CONCEPÇÃO DO ENSINO DE BIOLOGIA

A Educação de Jovens e Adultos ­ EJA, no Estado do Paraná, de acordo com 

suas Diretrizes Curriculares e em consonância com o documento apresentado como a 

segunda proposta preliminar das Diretrizes Curriculares Estaduais para o ensino Médio 

de Biologia da Rede Estadual de Ensino do Paraná, apresenta os fundamentos teóricos, 

metodológicos   e   avaliativos   do   ensino   de   Biologia,   que   norteiam   a   elaboração   da 

proposta curricular desta disciplina. 

Partindo   do   pressuposto   que   a   ciência   não   se   constitui   numa   verdade 

absoluta, pronta e acabada, é indispensável rever o processo de ensino e aprendizagem 

da Biologia no contexto escolar, de modo que o modelo tradicional de ensino dessa 

disciplina, no qual se prioriza a memorização dos conteúdos, sem a devida reflexão, seja 

superado   por   um   modelo   que   desenvolva   a   capacidade   dos   educandos   em   buscar 

explicações  científicas  para  os   fatos,  através  de  posturas  críticas,   referenciadas  pelo 

conhecimento científico.

É necessário distinguir os campos de atuação da ciência, seus contextos e 

valores, como também, os objetivos dispensados à disciplina de Biologia no contexto 

escolar.

Segundo   as   Diretrizes   Curriculares   de   Biologia   ­   Ensino   Médio,   desta 

Secretaria de Estado da Educação, 

é objeto de estudo da Biologia o fenômeno vida em toda sua diversidade de 

manifestações. Esse fenômeno se caracteriza por um conjunto de processos organizados e integrados, quer no nível de uma célula, de um indivíduo, ou ainda,   de   organismos   no   seu   meio.   Um   sistema   vivo   é   sempre   fruto   da interação entre seus elementos constituintes e da interação entre esse mesmo sistema e os demais componentes de seu meio. As diferentes formas de vida estão sujeitas a transformações que ocorrem no tempo e no espaço, sendo, ao mesmo tempo, transformadas e transformadoras do ambiente.

Ainda nas Diretrizes, afirma­se que 

ao   longo   da   história   da   humanidade   várias   foram   as   explicações   para   o surgimento  e  a  diversidade  da  vida,  de  modo que os  modelos  científicos conviveram e convivem com outros sistemas explicativos como, por exemplo, os de inspiração filosófica ou religiosa. Elementos da História e da Filosofia tornam possível, aos alunos, a compreensão de que há uma ampla rede de relações  entre  a  produção  científica  e  os  contextos   sociais,   econômicos  e políticos.   É   possível   verificar   que   a   formulação,   a   validade   ou   não   das diferentes teorias científicas está associada a seu momento histórico.

As Diretrizes do Ensino Médio para a disciplina de Biologia consideram que

o conhecimento do campo da Biologia deve subsidiar a análise e reflexão de questões   polêmicas   que   dizem   respeito   ao   desenvolvimento,   ao aproveitamento   de   recursos   naturais   e   a   utilização   de   tecnologias   que implicam em intensa intervenção humana no ambiente, levando­se em conta a   dinâmica   dos   ecossistemas,   dos   organismos,   enfim,   o   modo   como   a natureza se comporta e a vida se processa. Sabe­se que desde o surgimento do   planeta   Terra,   a   espécie   humana,   ou  Homo   sapiens,   não   foi   o   ser predominante,  e muito menos, o ser vivo mais importante dentre todos os diversos seres vivos que por aqui passaram. Por outro lado, ao longo deste processo de humanização, que durou aproximadamente três milhões de anos, o homem criou a linguagem, a escrita e a fala, diferenciando­se de todas as demais   formas   de   vida.   Isso   possibilitou   ao   homem   a   socialização,   a organização dos espaços físicos, a fabricação de instrumentos utilitários e o início das atividades agrícolas.

Ressaltam também, 

o papel da Ciência e da sociedade como pontos articuladores entre a realidade social   e   o   saber   científico.   Cabe   aos   seres   humanos,   enquanto   sujeitos históricos   atuantes   num   determinado   grupo   social,   reconhecerem   suas fragilidades e buscarem novas concepções sobre a natureza (...) É preciso que estes sujeitos percebam que sua sobrevivência, enquanto espécie, depende do equilíbrio e do respeito a todas as formas de vida que fazem do planeta o maior ser vivo conhecido.

 É importante que o educando jovem e adulto tenha acesso ao conhecimento 

científico a fim de compreender conceitos e relações existentes entre o ambiente, os 

seres  vivos  e  o universo,  numa concepção flexível  e  processual,  por  meio do saber 

questionador e reflexivo. Da mesma forma, se faz necessário que perceba os aspectos 

positivos   e   negativos   da   ciência   e   da   tecnologia,   para   que   possa   atuar   de   forma 

consciente em seu meio social e interferir no ambiente, considerando a ética e os valores 

sociais, morais e políticos que sustentam a vida.

ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS

O conjunto de saberes do educando deve ser considerado o ponto de partida 

para o processo de ensino e aprendizagem, estabelecendo relações com o mundo do 

trabalho e com outras dimensões do meio social.

Conforme as Diretrizes Curriculares para a disciplina de Biologia­ Ensino 

Médio – SEED­PR, “na escola, a Biologia deve ir além das funções que já desempenha 

no   currículo   escolar.   Ela   deve   discutir   com   os   jovens   instrumentalizando­os   para 

resolver problemas que atingem direta ou indiretamente sua perspectiva de futuro”.

As   Diretrizes,   ainda,   consideram   que   para   a   discussão   de   todas   estas 

características socioambientais  e do papel do ensino formal de Biologia,  as relações 

estabelecidas entre professor­aluno e aluno­aluno, são determinantes na efetivação do 

processo ensino­aprendizagem, e para isto, há necessidade de leitura e conhecimento 

sobre   metodologia   de   ensino   para   que   as   aulas   de   Biologia   sejam   dinâmicas, 

interessantes, produtivas, e resultem em verdadeira aprendizagem.

Ressaltam também que, 

pensar criticamente,  ser  capaz de analisar  fatos e fenômenos ocorridos no ambiente, relacionar fatores sociais, políticos, econômicos e ambientais exige do aluno  investigação,  leitura,  pesquisa.  No ensino de Biologia,  diferentes metodologias  podem ser  utilizadas  com este  propósito.  A metodologia  de investigação, por exemplo, permite ao aluno investigar a realidade buscando respostas para solucionar determinados problemas.

Na medida em que se acredita numa Ciência aberta, inacabada, produto da 

ação de seres humanos inseridos num contexto próprio relativo ao seu tempo e espaço e, 

ainda na disciplina de Biologia, como forma de resgate e de construção de melhores 

possibilidades de vida individuais e coletivas, há que se optar por uma metodologia de 

ensino   e   aprendizagem adequada   à   realidade  do  aluno  da  EJA.  Segundo  RIBEIRO 

(1999, p.8),

criar   novas   formas   de   promover   a   aprendizagem   fora   dos   limites   da organização tradicional é  uma tarefa, portanto, que impõem, antes de mais nada,   um   enorme   desafio   para   os   educadores   (...),   romper   o   modelo   de instrução tradicional implica um alto grau de competência pedagógica, pois para isso o professor precisará  decidir,  em cada situação,  quais formas de agrupamento, sequenciação, meios didáticos e interações propiciarão o maior progresso   possível   dos   alunos,   considerando   a   diversidade   que inevitavelmente caracteriza o público da educação de jovens e adultos.

Nessa perspectiva, destaca­se a importância de propiciar aos educandos, a 

compreensão   dos   conceitos   científicos   de   forma   significativa,   ou   seja,   que   o 

conhecimento possa estar sendo percebido em seu contexto mais amplo, não somente 

nos afazeres diários, mas na forma de perceber a realidade local e global, o que lhe 

permitirá posicionar­se e interferir na sociedade de forma crítica e autônoma. Para tanto, 

o educador da EJA deve partir dos saberes adquiridos previamente pelos educandos, 

respeitando seu tempo próprio de construção da aprendizagem, considerando:

­  que o educador é  mediador  e  estimulador  do processo,  respeitando,  de 

forma real, como ponto de partida o conjunto de saberes trazidos pelos educandos;

­ as experiências dos educandos no mundo do trabalho;

­ a necessária acomodação entre o tempo e o espaço do educando, o tempo 

pedagógico e o físico, visto que os mesmos interferem na sua “formação” científica;

­ as relações entre o cotidiano dos educandos e o conhecimento científico.

Nesse contexto, ressalta­se a importância de trabalhar a disciplina de forma 

contextualizada, ou seja, com situações que permitam ao educando jovem e adulto a 

inter­relação dos vínculos do conteúdo estudado com as diferentes situações com que se 

deparam   no   seu   dia­a­dia.   Essa   contextualização   pode­se   dar   a   partir   de   uma 

problematização,   ou   seja,   em   lançar   desafios   que   necessitem   de   respostas   para 

determinadas situações. 

“A essência do problema é a necessidade (...), um obstáculo que é necessário transpor, uma dificuldade que precisa ser superada, uma dúvida que não pode deixar de ser dissipada”   “As   dúvidas   são   muito   comuns   na   disciplina   de   Biologia,   devendo   ser aproveitadas para reflexão sobre o problema a ser analisado, e assim, para o educador, o desafio consiste em realizar esta contextualização, sem reduzir os conteúdos   apenas   à   sua   aplicação   prática,   deixando   de   lado   o   saber acadêmico” (SAVIANI, 1993, p.26).

Um aspecto importante a ser considerado no trabalho com a disciplina de 

Biologia é a retomada histórica e epistemológica das origens e evolução do pensamento 

da Ciência, propiciando condições para que o educando perceba o significado do estudo 

dessa  disciplina,   bem como  a  compreensão  de   sua   linguagem própria   e  da   cultura 

científica e tecnológica oriundas desse processo.

É importante salientar o uso criativo das metodologias pelo educador, que 

será indispensável em todos os momentos do seu trabalho, bem como o olhar atento e 

crítico sobre a realidade trazida pelos educandos. 

A busca de soluções  para as  problematizações  constitui­se em referência 

fundamental no ensino de Biologia. Quando elaborada individual ou coletivamente deve 

ser registrada, sendo valorizados os saberes trazidos pelos educandos e a evolução do 

processo   de   aprendizagem.   É   importante   lembrar   que   a   cultura   científica   deve   ser 

incentivada   mesmo   que   de   forma   gradual,   respeitando   o   tempo   de   cada   grupo   ou 

indivíduo.

Uma   estratégia   comum   em   Biologia   é   a   utilização   de   experimentos   e 

práticas realizadas em laboratório. É importante que seja definido com clareza o sentido 

e o objetivo dessa alternativa metodológica,  visto que muitas vezes, situações muito 

ricas do cotidiano são deixadas de lado em detrimento do uso do laboratório. Deve­se 

considerar a possibilidade de aproveitamento de materiais  do cotidiano,  assim como 

espaços alternativos, situações ou eventos para se desenvolver uma atividade científica. 

A utilização de experimentos e práticas realizadas em laboratório devem ser vistas como 

uma atividade comum e diversificada e que não abrem mão do rigor científico, devendo 

ser acompanhada pelo professor. Segundo BIZZO (2002, p.75), 

é importante que o professor perceba que a experimentação é um elemento essencial  nas  aulas  de  ciências,  mas  que ela,  por   si  só,  não garante  bom aprendizado. (...) a realização de experimentos é uma tarefa importante, mas não dispensa o acompanhamento constante do professor, que deve pesquisar quais   são   as   explicações   apresentadas   pelos   alunos   para   os   resultados encontrados.  É  comum que seja necessário propor uma nova situação que desafie a explicação encontrada pelos alunos.

Um outro aspecto a ser considerado no trabalho docente, é a utilização do 

material de apoio didático como uma das alternativas metodológicas, de tal forma que 

não seja o único recurso a ser utilizado pelo educador. A respeito do livro didático, 

BIZZO (2002, p. 66) propõe que ele deve ser utilizado como um dos materiais de apoio, 

como   outros   que   se   fazem   necessários,   cabendo   ao   professor,   selecionar   o   melhor 

material  disponível  diante  de sua própria   realidade,  onde as   informações  devem ser 

apresentadas de forma adequada à realidade dos alunos.

Ao pensar na organização dos conteúdos, o educador deve priorizar aqueles 

que possam ter significado real à vida dos educandos jovens e adultos. Os conteúdos 

devem possibilitar aos mesmos a percepção de que existem diversas visões sobre um 

determinado fenômeno e, a partir das relações entre os diversos saberes, estimular a 

autonomia   intelectual.  Os conteúdos podem ser  organizados sem a   rígida  seqüência 

linear   proposta   nos   livros  didáticos.  Para   tanto,   deve   ser   avaliada   a   relevância   e   a 

necessidade dos mesmos, bem como a coerência dos mesmos no processo educativo.

O processo avaliativo precisa ser reconhecido como meio de desenvolver a 

reflexão, de como vem ocorrendo o processo de aquisição do conhecimento por parte do 

educando. A verificação da aquisição do conhecimento deve ser ponto de partida para a 

revisão   e   reconstrução   do   caminho   metodológico   percorrido   pelo   educando   e, 

principalmente, pelo educador. 

O ensino  de Biologia na EJA deve propiciar  o  questionamento reflexivo 

tanto de educandos como de educadores, a fim de que reflitam sobre o processo de 

ensino e aprendizagem. Desta forma, o educador terá condições de dialogar sobre a sua 

prática   a   fim   de   retomar   o   conteúdo   com   enfoque   metodológico   diferenciado   e 

estratégias   diversificadas,   sendo   essencial   valorizar   os   acertos,   considerando  o   erro 

como ponto de partida para que o educando e o educador compreendam e ajam sobre o 

processo   de   construção   do   conhecimento,   caracterizando­o   como   um   exercício   de 

aprendizagem.

Partindo da idéia de que a metodologia deve estar respeitando o conjunto de 

saberes do educando, o processo avaliativo deve ser diagnóstico no sentido de resgatar o 

conhecimento já adquirido pelo educando permitindo estabelecer relações entre esses 

conhecimentos. Desta forma, o educador  terá possibilidades de perceber e valorizar as 

transformações ocorridas na forma de pensar e de agir dos educandos, antes, durante e 

depois do processo.

A   avaliação   não   pode   ter   caráter   exclusivamente   mensurável   ou 

classificatório, visto que o ensino de Biologia deve respeitar e valorizar a realidade do 

educando em todos os seus aspectos, principalmente naqueles que deram origem à sua 

exclusão do processo educativo.

ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS DE  BIOLOGIA 

A proposta de sugestão de conteúdos básicos para a elaboração do currículo 

da disciplina de Biologia na Educação de Jovens e Adultos – EJA, fundamenta­se nas 

“Diretrizes  Curriculares   de  Biologia  –  Ensino  Médio”,   da  Secretaria   de  Estado  da 

Educação do Paraná– SEED – PR.

É   importante considerar que a organização dos conteúdos curriculares da 

disciplina de Biologia na EJA tem o objetivo de contemplar as necessidades e o perfil 

dos educandos desta modalidade de ensino da Educação Básica.

Segundo as Diretrizes Curriculares de Biologia – Ensino Médio – SEED­

PR,

os   conteúdos   básicos   são   entendidos   como   os   saberes   mais   amplos   da disciplina  que podem ser  desdobrados  nos   conteúdos  pontuais  que   fazem parte   de   um   corpo   estruturado   de   saberes   construídos   e   acumulados historicamente   e   que   identificam   a   disciplina   como   um   campo   do conhecimento. Dentro da perspectiva dos conteúdos escolares como saberes, o termo "conteúdo" não se refere apenas a fatos, conceitos ou explicações destinados aos alunos para que estes conheçam, memorizem, compreendam, apliquem,   relacionem,   etc.   Hoje,   o   critério   que   decide   se   certos conhecimentos concretos devem ser incluídos no currículo não se restringe ao seu valor epistemológico e aceitação como conhecimento válido: a relevância cultural, o valor que lhes é atribuído no âmbito de uma cultura particular em um determinado momento histórico, entra em cena.

Segundo as Diretrizes,

estabelecer   os   conteúdos   básicos   para   o   ensino   de   Biologia   requer   uma análise desse momento histórico, social, político e econômico que vivemos; da   relevância   e   abrangência   dos   conhecimentos   que   se   pretendem   serem desenvolvidos nessa modalidade de ensino; da atuação do professor em sala de aula; dos materiais didáticos disponíveis no mercado; das condições de vida dos alunos e dos seus objetivos. A decisão sobre o que e como ensinar Biologia no Ensino Médio deve ocorrer de forma a promover as finalidades e objetivos dessa modalidade de ensino e da disciplina em questão. Não se trata de   estabelecer   uma   lista   de   conteúdos   em   detrimento   de   outra   por manutenção   tradicional   ou   por   inovação   arbitrária.   Referimo­nos   aos conceitos e concepções que têm a ver com a construção de uma visão de mundo;  outros  práticos   e   instrumentais  para   a   ação,   e   ainda  aqueles  que permitem   a   formação   de   um   sujeito   crítico.   Precisaremos   estabelecer conteúdos básicos que, por sua abrangência, atendem às realidades regionais e, ao mesmo tempo garantem a identidade da disciplina.

Na proposta, elaborada a partir das discussões com os professores do Ensino 

Médio Regular, propõe­se ampliar a integração entre os conteúdos básicos, destacando 

os aspectos essenciais sobre a vida e a vida humana que vão ser trabalhados por meio 

dos conhecimentos científicos referenciados na prática.

A sugestão de conteúdos básicos estão descritos a seguir:

ORGANIZAÇÃO EDISTRIBUIÇÃO

DOS SERES VIVOS

BIODIVERSIDADE PROCESSO DEMODIFICAÇÃO DOS

SERES VIVOS

MANIPULAÇÃO GENÉTICA                  

Organização celulare molecular:- membrana,- citoplasma e núcleo- divisão celular- tecidosOs seres vivos e oAmbienteSaúde

Biomas terrestre eAquáticosEcossistemasCiclosBiogeoquímicosDesequilíbrioambiental urbano erural

Origem   e   evolução   da VidaOrigem das espéciesGenética,Embriologia,Fisiologia comparada

Ciência e saúdePesquisascientíficasBiológicasBioéticaBiotecnologia

Ainda no que consta nas Diretrizes Curriculares de Biologia – Ensino 

Médio – SEED­PR, há a justificativa para a organização e distribuição dos Conteúdos 

básicos, descrita a seguir:

Os Conteúdos básicos de Biologia ao mesmo tempo agrupam as diferentes áreas da Biologia e proporcionam um novo pensar sobre como relacioná­los sem que   se  perca  de  vista  o  objetivo  do  ensino  da  disciplina  no  Ensino Médio. A nova proposta pretende modificar a estrutura firmada pela trajetória que o ensino de Biologia vem atravessando nestas últimas décadas. 

Estabelece os conteúdos básicos e um novo olhar de forma a relacioná­los 

com seus conteúdos pontuais sob os pontos de vista vertical, transversal e horizontal, 

procurando uma lógica dialética que leve o professor a integrá­los e relacioná­los de 

maneira que o aluno não tenha mais uma visão fragmentada da biologia.

Organização e distribuição dos seres vivos

O   estudo   acerca   da   organização   dos   seres   vivos,   iniciou­se   com   as 

observações macroscópicas dos animais e plantas da natureza.

Somente  com o advento  da   invenção  do  microscópio  por  Robert  Hooke 

século XVII, com base nos estudos sobre lentes de Antonie Von Leewenhoeck, o mundo 

microscópico até então não observado foi evidenciado à luz da Ciência e da Tecnologia.

A descoberta do mundo microscópico colocou em xeque várias teorias sobre 

o surgimento da vida e proporcionou estudos específicos sobre as estruturas celulares. 

Como exemplos desta influência têm­se o estudo da anatomia das células das plantas 

pelo holandês Jan Swammerdam e, o aperfeiçoamento das Teorias Evolucionistas ambas 

no séc. XVII.

No   séc.   XIX,   à   luz   destas   descobertas   e   Teorias,   o   alemão   Christian 

Heineich Pander  e  o  estoniano Karl  Ernst  Von Baer  desenvolveram estudos sobre a 

embriologia que estabeleceram as bases para estudos da Teoria Celular. Hugo Von Mohl 

descobriu a existência do núcleo e do protoplasma da célula; Walther Fleming estudou o 

processo de mitose nos animais e Eduard Strasburger estudou este processo nas plantas.

Assim, como relatam GAGLIARD & GIORDAN (apud BASTOS, 1998, p 

255)

...   a   relação   entre   o   nível   microscópico   e   o   macroscópico   é   um conceito   básicos:   uma   vez   que   o   aluno   tenha   adquirido   poderá entender que a compreensão de todos os fenômenos de um ser vivo 

requer um conhecimento dos níveis moleculares subjacentes. Justifica­se este conteúdo básico por ser a base do pensamento biológico sobre a organização celular do ser vivo, relacionando­a com a distribuição dos   seres   vivos   na   Natureza,   o   que   proporcionará   ao   aluno compreender a organização e o funcionamento dos fenômenos vitais e estabelecer conexões com os demais conteúdos básico da disciplina.

Biodiversidade

A curiosidade humana sobre os fenômenos naturais e a necessidade de caçar 

para se alimentar e vestir, tentar curar doenças, entre outras atividades vitais, fizeram 

com que o homem passasse a estudar e observar a Natureza.  Tem­se registros deste 

conhecimento biológico empírico das atividades humanas, através das representações de 

animais e plantas nas pinturas rupestres realizadas nas cavernas e também de alguns 

manuscritos deixados pelos Babilônios por volta do ano 1800 a.C.

A organização dos seres vivos começou a ser registrada em documentos com 

o Filósofo Aristóteles, que viveu no século IV a.C. e através de suas observações ele 

escreveu o livro “As Partes dos Animais”. Seu discípulo Teofasto deteve­se mais aos 

estudos  das  plantas,   iniciando   uma  pré­classificação  dos  vegetais   agrupando­as   em 

espécies afins. Pelos seus estudos detalhados dos órgãos vegetais e descrição dos tecidos 

que as formam, Teofasto é considerado o fundador da anatomia vegetal.

Percebe­se que as primeiras áreas da Biologia foram a zoologia e a botânica, 

não só pela curiosidade e necessidade, mas também pela facilidade de observação.

Justifica­se estudá­las pelos mesmos motivos dos povos antigos que seria 

conhecer a diversidade de plantas e animais que habitam a Terra, qual sua utilidade para 

a nossa sobrevivência e a sobrevivência de todos os seres vivos.

Além destes aspectos,  há  a necessidade de se estudar outras  implicações 

decorrentes da história da humanidade que permeiam hoje as atividades agrícolas, de 

manejo de Florestas,  o  mau uso dos recursos  naturais,  a  destruição das espécies  de 

animais e vegetais, a construção de cidades em lugares impróprios para habitação, como 

também, a influência da tecnologia em nosso cotidiano. Esclarecer que ao estudar a 

Biodiversidade estaremos diante de grandes desafios diante do progresso científico

O   significado   científico,   econômico   e   ético   do   estudo   da   diversidade 

biológica deve ser compreendido pelos alunos, não só como análise de espécimes mas 

entendendo que a observação e sistematização do observado é uma atividade científica 

relevante   que   se   consolida   nos   sistemas   de   classificação   e   na   taxionomia. 

(KRASILCHIK,2004)

Processo de modificação dos seres vivos

No século XVII com a invenção do microscópio pelo holandês Antonie van 

Leewenhoock   (ROOSI,   2001),   a   biologia   chamada   celular   e  molecular   tiveram  um 

grande avanço significativo em suas descobertas. Marcelo Malpighi examinou grande 

quantidade de tecidos animais e vegetais, Robert Hooke descobriu a estrutura celular, e 

os   primeiros   microorganismos,   inicialmente   denominados   animáculos,   foram 

observados (ROSSI, 2001).

Houve muitos avanços tecnológicos decorrentes do advento do microscópio, 

inclusive a formulação de novas teorias sobre o surgimento da vida, colocando à prova 

teorias   tão dogmáticas  como foi  a  Teoria  da  Geração Espontânea.  Diferentes   idéias 

transformistas foram se consolidando entre os cientistas, mas o grande marco para o 

mundo   científico   e   biológico   foi   a   publicação  do   livro   “Origens  das   Espécies”  de 

Charles  Darwin,  no   século  XIX.  Foi   também,  na  mesma época  que  Louis  Pasteur, 

demonstrou   o   papel   desempenhado   pelos   microorganismos   no   desenvolvimento   de 

doenças infecciosas e realizou estudos sobre a fermentação.

No século XX com o advento da invenção do microscópio eletrônico foi 

possível em 1953, a descoberta do DNA (ácido desoxirribonucléico), material químico 

que   constitui   o   gene.   Foram   desenvolvidas   técnicas   de   manipulação   do   DNA,   que 

permitem  modificar   espécies   de   seres   vivos;   produzir   substâncias   como  a   insulina, 

através  de bactérias;  criação de cabras  que produzem remédios  no   leite;  criação de 

plantas com toxinas contra pragas e, de porcos com carne menos gordurosa. Além disso, 

a terapia gênica tem sido bastante estudada com fins de eliminar doenças geneticamente 

transmitidas.

A Biologia ajuda a compreender melhor essas e outras técnicas que podem 

transformar a nossa vida e aprofundar o conhecimento que temos de nós mesmos. Daí a 

importância do seu estudo, dar o mínimo de conhecimento a todas as pessoas, para que 

elas possam opinar e criticar a utilização dessas técnicas, uma vez que o controle delas e 

a aplicação destas descobertas científicas são função importante da própria sociedade.

Implicações dos avanços biológicos no contexto da vida

Os   avanços   científicos   atuais   permitiram   que   a   genética   e   a   biologia 

molecular alcançassem uma formidável capacidade tecnológica, que se torna 

cada   vez   mais   efetiva,   como,   por   exemplo,   em   poder­se   modificar 

substancialmente um vírus,  bactérias,  plantas,  animais  e  os próprios seres 

humanos. (SIDEKUM, 2002)

Esse   acelerado   desenvolvimento   científico   e   tecnológico   nos   deixa 

atordoados,   sem   saber   exatamente   até   onde   podemos   chegar   e   do   que   realmente 

podemos nos apropriar, mas por outro lado, estes avanços nos proporcionam um enorme 

conhecimento sobre a natureza, nos colocando muitas vezes acima dela.

É importante o estudo da biotecnologia, dos avanços científicos e de suas 

implicações éticas e morais na sociedade, para que os estudantes no caso, de biologia, 

possam discutir questões como nutrição, saúde, emprego e preservação do ambiente que 

indiretamente influenciam suas vidas.

A   análise   de   fenômenos   biotecnológicos   serve   também   para   diminuir   a 

divisão entre a escola e o mundo em que os estudantes vivem, na medida em 

que estes podem constatar as relações entre a pesquisa científica e a produção 

industrial   ou   a   tecnologia   tradicionalmente  usada  em sua   comunidade.  A 

busca das raízes científicas destas tecnologias tradicionais e de maneiras de 

aprimorá­las, a fim de que melhor sirvam à necessidade de elevar a qualidade 

de vida é uma forma de vincular o ensino à realidade em que vive o aluno. 

(KRASILCHIK, 2004, p. 186)

Quanto às questões éticas, a atual discussão sobre a manipulação genética do 

ser humano provoca inúmeras controvérsias sobre o uso da tecnologia (biotecnologia) e 

as perspectivas de mudanças de valores morais. Para CHAUÍ, 1995, “nossos sentimentos 

e  nossas   ações  exprimem nosso   senso  moral”   e  movidos  pela   sensibilidade,   somos 

capazes de reagir, de questionar, de nos manifestar contra ou a favor de determinadas 

atitudes para procurar esclarecer ou resolver problemas.

Porém,   questões   sobre   aborto,   eutanásia,   clonagem,   transgenia,   geram 

dúvidas quanto à decisão a ser tomada e põem à prova, além do nosso senso moral, 

nossa consciência moral, “... pois exigem que decidamos o que fazer, que justifiquemos 

para nós mesmos e para os outros as razões de nossas decisões e que assumamos todas 

as   conseqüências  delas,   porque   somos   responsáveis  por  nossas  decisões”.   (CHAUÍ, 

1995).

Caberá ao professor de Biologia indicar temas de discussão ética e auxiliar o 

aluno na análise “à luz dos princípios, regras e direitos alternativos, além de levar em 

conta a avaliação intuitiva do aluno” (KRASILCHIK, 2004).

CONTEÚDOS POR REGISTRO

1.º REGISTRO

BÁSICOS

1. Classificação dos seres vivos; critérios taxonômicos e filogenéticos.

2. Sistemas biológicos: anatomia, morfologia e fisiologia.

3. Mecanismos celulares biofísicos e bioquímicos.

4. Teorias evolutivas.

5. Transmissão de características hereditárias.

6. Dinâmica dos ecossistemas: relações entre os seres vivos e a interdependência com o 

ambiente.

7. Organismos geneticamente modificados.

ESPECÍFICOS

* Identificar a organização biológica, as características, as formas de vida e níveis de or­

ganização dos seres vivos.

* Descrever noções de composição química da célula e suas estruturas moleculares.

* Diferenciar os tipos de células relacionando as funções vitais com seus componentes e 

processos.

* Relacionar e diferenciar a divisão celular.

* Identificar estágios de desenvolvimento do embrião até o nascimento.

* Identificar os tipos de tecidos e suas funções.

2.º REGISTRO

BÁSICOS

1. Classificação dos seres vivos; critérios taxonômicos e filogenéticos.

2. Sistemas biológicos: anatomia, morfologia e fisiologia.

3. Mecanismos celulares biofísicos e bioquímicos.

4. Teorias evolutivas.

5. Transmissão de características hereditárias.

6. Dinâmica dos ecossistemas: relações entre os seres vivos e a interdependência com o 

ambiente.

7. Organismos geneticamente modificados.

ESPECÍFICOS

* Identificar os seres vivos dos diferentes tipos de reinos;

* Utilizar os critérios científicos para a classificação dos seres vivos;

* Entender a estrutura e a ação dos vírus nos seres vivos;

* Compreender a organização dos seres nos reinos Monera, Protista, Fungi, Plantae e 

Animallia, a sua importância no ecossistema.

* Entender os mecanismos de disseminação das doenças provocadas pelos seres vivos e 

a sua profilaxia.

3.º REGISTRO

BÁSICOS

1. Classificação dos seres vivos; critérios taxonômicos e filogenéticos.

2. Sistemas biológicos: anatomia, morfologia e fisiologia.

3. Mecanismos celulares biofísicos e bioquímicos.

4. Teorias evolutivas.

5. Transmissão de características hereditárias.

6. Dinâmica dos ecossistemas: relações entre os seres vivos e a interdependência com o 

ambiente.

7. Organismos geneticamente modificados.

ESPECÍFICOS

* Conhecer e identificar os animais pertencentes as diferentes classes; reconhecer a sua 

importância ecológica;

* Diferenciar os órgãos que formam os diferentes sistemas, a sua anatomia e fisiologia;

* Tomar consciência sobre os cuidados que devem ser tomados para prevenir­se das 

doenças causadas pelo uso de drogas lícitas/ilícitas;

* Abordar assuntos relacionados à violência provocados pela drogadição, DSTs e 

métodos contraceptivos.

4.º REGISTRO

BÁSICOS

1. Classificação dos seres vivos; critérios taxonômicos e filogenéticos.

2. Sistemas biológicos: anatomia, morfologia E fisiologia.

3. Mecanismos celulares biofísicos e bioquímicos.

4. Teorias evolutivas.

5. Transmissão de características hereditárias.

6. Dinâmica dos ecossistemas: relações entre os seres vivos e a interdependência com o 

ambiente.

7. Organismos geneticamente modificados.

ESPECÍFICOS

* Compreender os processos de transmissão das características hereditárias; a 1ª e 2ª Lei 

de Mendel;

* Identificação da manipulação genética na produção de biotecnologias e a bioética;

* Compreender as relações de interdependência entre os seres vivos e o ambiente;

* Identificar a importância da preservação do ambiente bem como a sua diversidade.

RECURSOS

Atenção especial deve ser dada à  maneira como os recursos pedagógicos 

serão  trabalhados e aos critérios político­pedagógicos  da seleção destes recursos,  de 

modo que eles contribuam para uma leitura crítica e para os recortes necessários dos 

conteúdos específicos identificados como significativos para o ensino médio.

O uso de diferentes imagens em vídeo, transparências, fotos, textos de apoio 

usados com freqüência nas aulas de biologia, atividades de leitura e escrita requerem a 

problematização em torno da demonstração e da interpretação.

Estratégias de ensino como a aula dialogada, a leitura, a escrita, a atividade 

experimental, o estudo do meio, os jogos didáticos, entre tantas outras devem favorecer 

a   expressão   dos   alunos,   seus   pensamentos,   suas   percepções,   significações, 

interpretações, uma vez que aprender envolve a produção/criação de novos significados. 

TEMAS SOCIOEDUCACIONAIS

Os chamados “Temas Socioeducacionais” devem passar pelo currículo como 

condições   de   compreensão   do   conteúdo   nesta   totalidade,   fazendo   parte   da 

intencionalidade do recorte do conhecimento na disciplina, isto significa compreendê­

los  como parte  da realidade concreta  e  explicitá­la  nas  múltiplas determinações  que 

produzem   e   explicam   os   fatos   sociais,   tais   como:   Cidadania   e   Direitos   Humanos, 

Educação Ambiental, Educação Fiscal, Enfrentamento à Violência e Prevenção ao uso 

Indevido de Drogas.

Estas  demandas possuem historicidade,  em sua  grande maioria   fruto das 

contradições   da   sociedade   capitalista,   outras   vezes   oriundas   dos   anseios   dos 

movimentos sociais e por isto, prementes na sociedade contemporânea. São aspectos 

considerados de grande relevância para comunidade escolar, pois estão presentes nas 

experiências, práticas, representações e identidades dos educandos e educadores.

Os   “Temas   Socioeducacionais”correspondem   a   questões   importantes, 

urgentes  e  presentes   sob várias   formas  na  vida  cotidiana,  um conjunto articulado e 

aberto a novos temas, buscando um trabalho didático que compreende sua complexidade 

e sua dinâmica, dando­lhes a mesma importância das áreas convencionais, é necessário 

que a escola trate de questões que interferem na vida dos educandos e com os quais se 

vêem confrontados no seu dia a dia.

Vivemos   um   momento   ímpar   e   histórico   na   educação,   passando   pela 

democratização dos saberes, ou ainda melhor dizendo, buscando o fortalecimento e a 

aproximação dos educandos, no sentido de pertencimento e de participação em ações 

visando o enriquecimento de valores e de qualidade nas relações humanas.

                  Com esse propósito, respeitamos a Diversidade  existente   dentro de nosso 

ambiente escolar, assegurando o direito à   igualdade com equidade de oportunidades, 

mas isto não significa um modo igual de educar a todos, mas uma forma de respeito as 

diferenças individuais, priorizando em nossas ações a participação e à aprendizagem de 

todos, independentemente de quaisquer que sejam suas singularidades.

Destacamos   aqui   as   populações   do   campo,   faxinalenses,   agricultores 

familiares,   trabalhadores   rurais   temporários,   quilombolas,   acampados,   assentados, 

negras e negros, povos indígenas, jovens, pessoas lésbicas, gays, travestis e transexuais. 

Bem como, assumir a continuidade das discussões etnicorraciais.

Para isso, nossa escola  tem buscado respaldo, orientações, e em especial 

atitudes coletivas, as quais devem ser constantes, pois são de grande significado para 

todos os profissionais da educação, o reconhecimento dos diferentes sujeitos (educandos 

e  educadores)  e  os  condicionantes  sociais  que determinam o sucesso ou  o  fracasso 

escolar, de forma que possamos criar mecanismos para o enfrentamento dos diversos 

preconceitos existentes e garantir o direito ao acesso e a permanência com qualidade no 

processo educacional.

Ressaltamos   também,   nossas   atividades   relacionadas   à   Educação   das 

Relações Etnicorraciais, e ao ensino da temática da História da Cultura Afro­Brasileira, 

Africana e Indígena, essas ações são resultantes que nós educadores desta instituição de 

ensino   assumimos   na   perspectiva   de   uma   escola   pública,   necessária   para   o 

desenvolvimento de uma sociedade democrática, pluriétnica e multicultural.

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM

A avaliação é um dos aspectos do processo pedagógico que mais carece de 

mudança didática para favorecer uma reflexão crítica de ideias e modificar 

comportamentos   docentes   de   “senso   comum”   muito   persistentes 

(CARVALHO & GIL­PÉREZ, 2001). 

A superação deste senso comum implica em estudos, pesquisas e análises de 

resultados que permitam a elaboração de programas de formação continuada para os 

professores   envolvidos   no   processo   ensino­aprendizagem,   a   fim   de   possibilitar   a 

elaboração   de   uma   concepção   de   avaliação   adequada   à   realidade   escolar   da   qual 

participa. 

Quando a concepção de avaliação é, tão somente classificatória, pautada em critérios que visam medir o aproveitamento, identifica­se erros, dificuldades de   aprendizagem,   porém,   não   se   sabe   o   que   fazer   com   as   informações levantadas e os professores acabam por não se preocuparem em “auxiliar o aluno   a   resolver   suas   dificuldades   ou   a   avançar   no   seu   conhecimento” (HOFFMANN, 2003, p. 121). 

Tomando   por   base   as   análises   desenvolvidas   pelas   autoras   Carvalho   e 

Hoffmann,   considera­se   a   necessidade   de   envolvimento   dos   professores   na   análise 

crítica da própria avaliação. Conforme Carvalho & Gil­Pérez (2001) é preciso que os 

professores se envolvam numa análise crítica que considere a avaliação em Biologia um 

instrumento   de   aprendizagem  que   forneça  um  feedback   adequado  para  promover   o 

avanço dos alunos. Ao considerar o professor corresponsável pelos resultados que os 

alunos obtiverem o foco da pergunta muda de “quem merece uma valorização positiva e 

quem não“ para ”que auxílio precisa cada aluno para continuar avançando e alcançar os 

resultados desejados”. Além disso, incentivar a reflexão, por parte do professor, sobre 

sua própria prática. 

Nas   Diretrizes   Curriculares   para   o   ensino   de   Biologia,   ao   assumir 

fundamentos teórico­metodológicos que garantam uma abordagem crítica para o ensino 

de Biologia, propõe­se um trabalho pedagógico em que se perceba o processo cognitivo 

contínuo, inacabado, portanto, em construção. 

Nesta   perspectiva,   a   avaliação   como   momento   do   processo   ensino 

aprendizagem,   abandona   a   ideia   de   que   o   erro   e   a   dúvida   constituem   obstáculos 

impostos à continuidade do processo. Ao contrário, o aparecimento de erros e dúvidas 

dos   alunos   constituem   importantes   elementos   para   avaliar   o   processo  de   mediação 

desencadeado pelo professor entre o conhecimento e o aluno. A ação docente também 

estará  sujeita  a avaliação e exigirá  observação e investigação visando a melhoria da 

qualidade do ensino. 

A   avaliação   é   uma   prática   pedagógica   intrínseca   ao   processo   ensino   e 

aprendizagem, com a função de diagnosticar o nível de apropriação do conhecimento 

pelo aluno.

A   avaliação   é   contínua,   cumulativa   e   processual   devendo   refletir   o 

desenvolvimento global  do aluno e considerar  as características   individuais  deste  no 

conjunto   dos   componentes   curriculares   cursados,   com   preponderância   dos   aspectos 

qualitativos sobre os quantitativos.

A avaliação  é   realizada  em  função  dos  conteúdos,  utilizando  métodos  e 

instrumentos  diversificados  como seminários,   aulas  práticas  de   laboratório,  debates, 

provas   individuais   descritivas   e   de   múltipla   escolha,   trabalhos   em   grupo   e   outros, 

coerentes  com as  concepções  e   finalidades  educativas   expressas  no  Projeto  Político 

Pedagógico da escola.  

Os critérios  de avaliação do aproveitamento escolar  serão elaborados em 

consonância com a organização curricular e descritos no Projeto Político Pedagógico.

A   avaliação   deverá   utilizar   procedimentos   que   assegurem   o 

acompanhamento do pleno desenvolvimento do aluno, evitando­se a comparação dos 

alunos entre si.

O resultado da avaliação deve proporcionar dados que permitam a reflexão 

sobre   a   ação   pedagógica,   contribuindo   para   que   a   escola   possa   reorganizar 

conteúdos/instrumentos/métodos de ensino.  

Na avaliação do aluno devem ser considerados os resultados obtidos durante 

todo   o   período   letivo,   num   processo   contínuo,   expressando   o   seu   desenvolvimento 

escolar, tomado na sua melhor forma.  

Os resultados das atividades avaliativas serão analisados durante o período 

letivo, pelo aluno e pelo professor, observando os avanços e as necessidades detectadas, 

para o estabelecimento de novas ações pedagógicas. 

A recuperação de estudos é direito dos alunos, independentemente do nível 

de apropriação dos conhecimentos básicos.

A recuperação de estudos dar­se­á de forma permanente e concomitante ao 

processo ensino e aprendizagem.

A recuperação será organizada com atividades significativas, por meio de 

procedimentos didáticos e metodológicos diversificados. 

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO POR REGISTRO

1.º REGISTRO

* Reconheça os elementos de uma célula; 

* Diferencie a célula animal de vegetal;

* Identifique os componentes da química celular;

* Classifique os seres vivos quanto ao número de células; quanto ao tipo de organização 

celular; forma de obtenção de energia e tipo de reprodução.

* Avaliação mista ( questões objetivas, descritivas e dissertativas);

* Relatórios das aulas práticas de laboratório.

2.º REGISTRO

Ao término do 2º registro o aluno deverá ser capaz de reconhecer as relações que ocor­

rem nos diferentes reinos;

Identificar e comparar as características dos diferentes grupos dos seres vivos bem 

como, classificá­los filogeneticamente;

Diferenciar as doenças bacterianas das doenças virais e a sua profilaxia.

A avaliação será feita através de provas escritas, relatórios de aulas de laboratório e tra­

balho em grupo.

3.º REGISTRO

Ao término do 3º registro o aluno deverá ser capaz de compreender a anatomia, morfo­

logia e fisiologia dos sistemas digestório, respiratório, cardiovascular, excretor e repro­

dutor; os cuidados com o corpo humano em busca da saúde física, mental e social.

A avaliação será feita através de provas escritas e individuais;

Relatórios, desenhos, mapas conceituais e trabalho em grupo.

4.º REGISTRO

Ao término do 4º registro o aluno deverá ser capaz de compreender o pro­

cesso de transmissão das características hereditárias entre os seres vivos;

Valorizar a diversidade biológica para a manutenção do equilíbrio dos ecos­

sistemas;

Relacionar os conhecimentos biotecnológicos e as alterações por ele provo­

cadas na questão ambiental e genética.

A avaliação será feita através da prova escrita e relatórios de análise de ví­

deos relacionados ao assunto.

REFERÊNCIAS

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