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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAO TECNOLGICA PAULA SOUZA
UNIDADE DE PS-GRADUAO, EXTENSO E PESQUISA
MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTO E TECNOLOGIA EM SISTEMAS
PRODUTIVOS
MURILO STANKEVIX
CONTRIBUIES DA IMPLANTAO DE UM PROGRAMA DE EXCELNCIA PARA
A MELHORIA DAS DIMENSES COMPETITIVAS DE UMA EMPRESA DO
COMRCIO ELETRNICO
So Paulo
Maro/2018
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MURILO STANKEVIX
CONTRIBUIES DA IMPLANTAO DE UM PROGRAMA DE EXCELNCIA PARA
A MELHORIA DAS DIMENSES COMPETITIVAS DE UMA EMPRESA DO
COMRCIO ELETRNICO
Dissertao apresentada como exigncia
parcial para a obteno do ttulo de Mestre em
Gesto e Tecnologia em Sistemas Produtivos
do Centro Estadual de Educao Tecnolgica
Paula Souza, no Programa de Mestrado
Profissional em Gesto e Tecnologia em
Sistemas Produtivos, sob a orientao do Prof.
Dr. Jos Manoel Souza das Neves.
So Paulo
Maro/2018
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FICHA ELABORADA PELA BIBLIOTECA NELSON ALVES VIANA
FATEC-SP / CPS
Stankevix, Murilo
S786c
Contribuies da implantao de um programa de excelncia para a melhoria das dimenses competitivas de uma empresa do comrcio eletrnico / Murilo Stankevix. So Paulo : CPS, 2018.
102 f. : il.
Orientador: Prof. Dr. Jos Manoel Souza das Neves. Dissertao (Mestrado Profissional em Gesto e Tecnologia em
Sistemas Produtivos) Centro Estadual de Educao Tecnolgica Paula Souza, 2018.
1. Qualidade. 2. Programa de excelncia. 3. Comrcio
eletrnico. 4. Dimenses competitivas. 5. Sistemas produtivos. I. Neves, Jos Manoel Souza das. II. Centro Estadual de Educao Tecnolgica Paula Souza. III. Ttulo.
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Com muito amor, carinho e gratido, dedico
este trabalho ao Senhor Deus, fonte de todo o
conhecimento e sabedoria, e Santssima
Virgem Maria, Me de Deus e Nossa Senhora.
minha me, Ana, minha av Olga, minha
esposa Jaqueline, e ao meu filho, Estvo, por
todo o incentivo e por estarem todo o tempo ao
meu lado.
minha av Maria Thereza (in memoriam).
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AGRADECIMENTOS
A Deus, por todas as graas concedidas e pela oportunidade de ter cursado este
Programa de Mestrado, evento profundo e marcante, que significou uma grande evoluo e
aprendizado em todos os aspectos da minha vida.
Ao Professor Doutor Jos Manoel Souza das Neves, homem sbio e de vasto
conhecimento, que com competncia e pacincia, me orientou de forma dedicada e excelente,
contribuindo para minha formao, o que fez com que o presente trabalho se concretizasse, e
pelo qual tenho grande admirao e gratido.
Ao Professor Doutor Marcelo Tsuguio Okano, Professora Doutora Eliane Antonio
Simes e ao Professor Doutor Jos Manoel Souza das Neves, membros da banca avaliadora
do Seminrio de Pesquisa, que com as crticas e sugestes realizadas, muito contriburam para
a realizao deste trabalho.
Ao Professor Doutor Nelson Tavares Matias, Professora Doutora Marilia Macorin de
Azevedo e ao Professor Doutor Jos Manoel Souza das Neves, pela disponibilidade, crticas e
sugestes, que contriburam grandemente para o enriquecimento do trabalho nas fases de
Qualificao e de Defesa.
Ao Professor Doutor Getlio Kazue Akabane, Professora Doutora Celi Langhi, e aos
demais Professores do Programa de Mestrado Profissional em Gesto e Tecnologia em
Sistemas Produtivos do Centro Paula Souza, que foram fundamentais para minha formao,
sendo referncias para mim, e pelos quais tenho grande gratido.
Aos amigos e colegas do Programa de Mestrado Profissional em Gesto em
Tecnologia em Sistemas Produtivos do Centro Paula Souza, turma 04/2016, pessoas muito
sbias, com as quais muito pude aprender e formar grandes parcerias.
minha famlia, principalmente minha esposa, meus pais, avs, irmo e sogros, por
todo o apoio, interesse e pacincia demonstrados. Foram fundamentais durante todo a
caminho percorrido, antes, durante e aps a realizao.
empresa, objeto do estudo, pela oportunidade da realizao desta pesquisa de
campo, que muito contribuiu para o meio acadmico.
E a todos que ao longo dessa jornada, me apoiaram e me incentivaram.
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Que a tua vida no seja uma vida estril. - Seja til. - Deixe rastro. - Ilumine com o
resplendor da tua f e do teu amor..
So Josemaria Escriv
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RESUMO
STANKEVIX, M. Contribuies da implantao de um programa de excelncia para a
melhoria das dimenses competitivas de uma empresa do comrcio eletrnico. 102 f.
Dissertao (Mestrado Profissional em Gesto e Tecnologia em Sistemas Produtivos). Centro
Estadual de Educao Tecnolgica Paula Souza, So Paulo, 2018.
O presente trabalho teve como objetivo investigar a contribuio da implantao de um
programa de excelncia, aplicado na operao logstica de uma empresa do comrcio
eletrnico, para a melhoria das suas dimenses competitivas. Foi realizada uma
fundamentao terica sobre o histrico da qualidade e sua importncia para as organizaes,
modelos de excelncia, comrcio eletrnico, dimenses competitivas, e sobre indicadores de
desempenho. Quanto sua abordagem e natureza, a pesquisa se caracterizou como qualitativa
e aplicada, sendo descritiva e explicativa quanto aos seus objetivos, e um estudo de caso
quanto aos seus procedimentos. O referencial terico construdo foi determinante para
subsidiar o estudo de caso realizado na empresa do comrcio eletrnico, que implantou um
programa de excelncia durante o ano de 2016 nas suas reas de operao logstica.
Verificou-se, por meio da comparao dos resultados dos indicadores de desempenho
adotados, que a implantao do programa de excelncia contribuiu significativamente para a
melhoria de todas as dimenses competitivas da empresa do comrcio eletrnico, com maior
melhoria em Qualidade, Entrega e Inovao, e menor em Custo. Concluiu-se que apesar das
dificuldades iniciais apresentadas, alguns fatores contriburam para que as mesmas fossem
superadas, sendo que desta forma, o programa de excelncia foi incorporado pela empresa no
como uma atividade a mais a ser realizada, mas como uma nova prtica organizacional, sendo
esta a forma padronizada de realizar os processos da operao logstica, contribuindo para o
conhecimento de todos os funcionrios sobre novas ferramentas de gesto, o negcio no qual
esto inseridos, e formas de gerenci-lo e melhor-lo.
Palavras-chave: Qualidade; Programa de Excelncia; Comrcio Eletrnico; Dimenses
Competitivas; Sistemas Produtivos.
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ABSTRACT
STANKEVIX, M. Contributions of the implementation of an excellence model for the
improvement of the competitive dimensions of an electronic commerce company. 102 p.
Dissertao (Mestrado Profissional em Gesto e Tecnologia em Sistemas Produtivos). Centro
Estadual de Educao Tecnolgica Paula Souza, So Paulo, 2018.
This work aimed to investigate the contribution of the implementation of an excellence
model, applied in the logistics operation of an electronic commerce company, in order to
improve its competitive dimensions. A theoretical background was made on the history of
quality and its importance for organizations, excellence models, electronic commerce,
competitive dimensions, and performance indicators. Considering its approach and nature, the
research was characterized as qualitative and applied, being descriptive and explanatory for its
objectives, and a case study for its procedures. The building of theoretical framework was
decisive in supporting the case study carried out in an electronic commerce company, which
implemented a program of excellence during the year 2016 in its areas of logistics operation.
Through the comparison of the results from the adopted performance indicators, was verified
that the implementation of the program of excellence has contributed significantly to the
improvement of all the competitive dimensions of the e-commerce company, with greater
improvement in Quality, Delivery and Innovation, and lower improvement in Cost. It was
concluded that in spite of the initial difficulties presented, some factors contributed to
overcome them, so that the excellence model was incorporated by the company not as one
more activity to be carried out, but as a new organizational practice, being the standardized
way to carry out the processes of logistics operation, contributing to the knowledge of all
employees about new management tools, the business in which they are inserted, and ways to
manage and improve it.
Keywords: Quality; Excellence Model; Electronic Commerce; Competitive Dimensions;
Productive Systems.
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 As quatro eras da Qualidade ............................................................................... 30
Quadro 2 Critrios e itens do Prmio Deming da Qualidade ............................................. 34
Quadro 3 Critrios e itens do Prmio Baldrige da Qualidade ............................................ 37
Quadro 4 Critrios e itens do Prmio Nacional da Qualidade ............................................ 40
Quadro 5 Comparativo entre a logstica tradicional e a logstica do varejo eletrnico ...... 46
Quadro 6 Dimenses competitivas da manufatura mais citadas ........................................ 48
Quadro 7 Seleo de indicadores por dimenso competitiva ............................................. 55
Quadro 8 Protocolo do estudo de caso. .............................................................................. 61
Quadro 9 Dimenses competitivas adotadas por autor ...................................................... 66
Quadro 10 Caractersticas dos indicadores e sua relao com as dimenses competitivas . 70
Quadro 11 Comparativo entre o PNQ e o PEO .................................................................... 77
Quadro 12 Pontuao por categorias do PEO ...................................................................... 78
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Publicaes relacionadas a modelo de excelncia em gesto ............................. 19
Figura 2 rea dos trabalhos publicados ............................................................................ 20
Figura 3 Meio de publicao dos trabalhos ....................................................................... 21
Figura 4 Idioma dos trabalhos publicados ......................................................................... 21
Figura 5 Citaes por peridico ........................................................................................ 22
Figura 6 Citaes por autor ............................................................................................... 23
Figura 7 Modelos de excelncia ao longo do tempo ......................................................... 32
Figura 8 Modelo de Excelncia em Gesto (MEG) .......................................................... 39
Figura 9 Modelo para conduo de estudos de caso ......................................................... 59
Figura 10 Etapas de conduo da pesquisa ......................................................................... 63
Figura 11 Indicadores relacionados a Custo antes ........................................................... 71
Figura 12 Indicadores relacionados a Qualidade antes .................................................... 72
Figura 13 Indicadores relacionados a Entrega antes ........................................................ 73
Figura 14 Indicadores relacionados a Flexibilidade antes ............................................... 74
Figura 15 Indicadores relacionados a Inovao antes ...................................................... 75
Figura 16 Indicadores relacionados a Custo depois ......................................................... 81
Figura 17 Indicadores relacionados a Qualidade depois .................................................. 82
Figura 18 Indicadores relacionados a Entrega depois ...................................................... 83
Figura 19 Indicadores relacionados a Flexibilidade depois ............................................. 84
Figura 20 Indicadores relacionados a Inovao depois ................................................... 85
Figura 21 Comparativo dos resultados referentes a Custo .................................................. 86
Figura 22 Comparativo dos resultados referentes a Qualidade........................................... 88
Figura 23 Comparativo dos resultados referentes a Entrega............................................... 89
Figura 24 Comparativo dos resultados referentes a Flexibilidade ...................................... 90
Figura 25 Comparativo dos resultados referentes a Inovao ............................................ 91
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LISTA DE SIGLAS
APQC American Productivity and Quality Center
B2B Business to Business
B2C Business to Customer
C2B Customer to Business
C2C Customer to Customer
CAPES Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior
CCQ Crculo de Controle da Qualidade
CD Centro de Distribuio
CWQC Company Wide Quality Control
DVD Digital Video Disc
EFQM European Foundation for Quality Management
FISPQ Ficha de Informaes de Segurana de Produto Qumico
FMEA Failure Mode and Effect Analysis
FNQ Fundao Nacional da Qualidade
Hd Homens x horas disponveis
ISI Institute for Scientific Information
ISO International Organization for Standardization
JUSE Union of Japanese Scientists and Engineers
kR$ Mil reais
MEG Modelo de Excelncia em Gesto
MR$ Milhes de reais
N. Nmero
NIST National Institute of Standards and Technology
OCDE Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico
PDCA Plan, Do, Check, Act
Ped. Pedidos
PEO Programa de Excelncia em Operaes
PNQ Prmio Nacional da Qualidade
SEC Sada Efetiva do Caminho
TQC Total Quality Control
TQM Total Quality Management
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SUMRIO
INTRODUO ...................................................................................................................... 15
Relevncia do tema e da pesquisa ......................................................................................... 17
Questo de pesquisa ............................................................................................................... 24
Objetivo geral .......................................................................................................................... 24
Objetivos especficos ............................................................................................................... 24
1 FUNDAMENTAO TERICA ...................................................................................... 25
1.1 Histrico da qualidade e importncia para as organizaes ........................................ 25
1.2 Modelos e Programas de Excelncia ............................................................................... 31
1.2.1 Prmio Deming da Qualidade ......................................................................................... 33
1.2.2 Prmio Malcolm Baldrige ............................................................................................... 36
1.2.3 Prmio Europeu da Qualidade ........................................................................................ 38
1.2.4 Prmio Nacional da Qualidade ....................................................................................... 38
1.3 Comrcio Eletrnico ......................................................................................................... 41
1.3.1 Tipos de comrcio eletrnico .......................................................................................... 42
1.3.2 Diferenciao entre comrcio fsico e eletrnico............................................................ 43
1.3.3 Vantagens do comrcio eletrnico .................................................................................. 44
1.3.4 Operao logstica no comrcio eletrnico .................................................................... 45
1.4 Dimenses Competitivas .................................................................................................. 47
1.4.1 Abordagens das dimenses competitivas ........................................................................ 47
1.4.2 Custo ................................................................................................................................ 49
1.4.3 Qualidade ........................................................................................................................ 50
1.4.4 Entrega ............................................................................................................................ 51
1.4.5 Flexibilidade .................................................................................................................... 51
1.4.6 Inovao .......................................................................................................................... 52
1.4.7 Gesto de ativos .............................................................................................................. 52
1.5 Indicadores de Desempenho ............................................................................................ 53
1.5.1 A gesto estratgica baseada em indicadores de desempenho ....................................... 54
1.5.2 Dimenses competitivas e indicadores de desempenho .................................................. 54
2 MTODO DE PESQUISA ................................................................................................. 56
2.1 Tcnicas de Pesquisa ........................................................................................................ 59
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3 ESTUDO DE CASO ............................................................................................................ 64
3.1 Caracterizao da empresa ............................................................................................. 64
3.1.1 Caracterizao das reas pesquisadas ........................................................................... 65
3.2 Escolha das dimenses competitivas ............................................................................... 66
3.3 Indicadores de desempenho adotados pela empresa ..................................................... 67
3.3.1 Estado inicial dos indicadores de desempenho ............................................................... 71
3.4 Caractersticas do programa de excelncia adotado ..................................................... 76
3.4.1 Motivaes para a implantao do programa de excelncia.......................................... 79
4 RESULTADOS E DISCUSSO ........................................................................................ 80
4.1 Comparativo dos resultados aps a implantao do programa de excelncia ............ 86
4.1.1 Comparativo de Custo ..................................................................................................... 86
4.1.2 Comparativo de Qualidade ............................................................................................. 88
4.1.3 Comparativo de Entrega ................................................................................................. 89
4.1.4 Comparativo de Flexibilidade ......................................................................................... 90
4.1.5 Comparativo de Inovao ............................................................................................... 91
4.2 Dificuldades na implantao do programa de excelncia ............................................. 92
CONSIDERAES FINAIS ................................................................................................. 93
REFERNCIAS ..................................................................................................................... 96
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INTRODUO
Na produo artesanal, o conceito da qualidade era baseado em atender as
caractersticas especficas requisitadas pelos clientes, no havendo grande preocupao com a
padronizao, sendo esta, somente um dos objetivos a partir da Revoluo Industrial, por
conta do incio da produo em massa (CARVALHO; PALADINI, 2012).
Com as linhas de montagem e o incio da Administrao Cientfica, surgem funes
especficas dentro das companhias para verificao da qualidade do que era fornecido. Na
dcada de 1920, Walter A. Shewhart trouxe os conceitos de grficos de controle e Plan, Do,
Check, Act (PDCA), princpios para resoluo de problemas.
Segundo Carvalho e Paladini (2012), nos Estados Unidos, nasce em 1951 o conceito
do programa Total Quality Control (TQC), que aplicado no Japo ps 2 Guerra Mundial e
agregado s inovaes da poca, tais como as ferramentas da qualidade, deu origem ao
chamado Company Wide Quality Control (CWQC), conhecido como modelo japons. Nesse
modelo, todos os departamentos da empresa eram responsveis pela conduo da qualidade,
surgindo o conceito fundamental da melhoria contnua em busca da excelncia. Assim, pelo
sucesso obtido nas empresas em que foram empregadas, as prticas do TQC e do CWCQ se
difundiram na dcada de 1980 por todo o mundo e inspiraram o modelo normativo da
International Organization for Standardization (ISO) na dcada de 1980. Tais modelos
chegaram ao Brasil ainda nesta dcada e se difundiram principalmente a partir da dcada de
1990.
Na dcada de 1990, inicia-se a era da Gesto Estratgica da Qualidade, marcada pela
considerao da Qualidade como uma oportunidade de diferenciao da concorrncia, em que
todos na empresa so responsveis pela qualidade e os profissionais da qualidade estabelecem
metas, consultoria a outros departamentos e desenvolvimento de programas de excelncia
(GARVIN, 1992).
Perante este cenrio e inspirado no Prmio da Qualidade, iniciado no Japo em 1951, a
Fundao Nacional da Qualidade (FNQ) iniciou o Prmio Nacional da Qualidade em 1992,
que visa avaliar as empresas quanto Qualidade Total, porm, com enfoque na excelncia em
desempenho, promovendo que, por meio de estratgias e aes, alcancem resultados
positivos.
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A dcada de 1990 tambm foi marcada pelo incio de um maior acesso tecnologia da
informao, culminando nos dias atuais com grande nmero de empresas de comrcio
eletrnico, forma de comrcio em expanso no pas (E-BIT, 2015). Porm, estas empresas
precisam melhorar continuamente para se diferenciar e se destacar, manter o seu negcio em
funcionamento e expandir-se.
Com o maior acesso s tecnologias da informao, principalmente nas duas ltimas
dcadas, observa-se a abertura de novas oportunidades para o conhecimento e para novas
maneiras de realizao de atividades como relaes sociais por meio de redes especficas,
transaes bancrias, pesquisas, aprendizado, entretenimento audiovisual e compras
(ALBERTIN, 2004).
Mesmo assim, ainda comum ao cliente realizar suas compras por meio do varejo
tradicional, buscar um ponto de venda, apresentar sua demanda ao vendedor, conhecer a
oferta de produtos e concluir ou no o negcio, ou ainda comprar por meio de catlogos
distribudos pelo vendedor que chega at ao cliente. Porm, assim, gasta-se tempo e esforo
para satisfazer as necessidades de consumo, que nem sempre sero atendidas.
Em contrapartida, o comrcio eletrnico apresenta diferenciais ao consumidor, como
pesquisar o produto sem a necessidade de deslocamento, comparar preos, muitas vezes mais
baixos que nas lojas fsicas, consultar disponibilidade, prazos e fretes, avaliar a variao dos
preos e por fim realizar a compra, recebendo o produto onde acreditar ser mais conveniente,
com o direito ao arrependimento e suporte aps a compra (VISSOTTO; BONIATI, 2013).
J para as empresas, o comrcio realizado por meio eletrnico permite que as suas
lojas fiquem disponveis a todas as pessoas e em todos os lugares com acesso eletrnico,
durante perodo ininterrupto e com informaes sobre os produtos que esto sendo vendidos,
alm da possibilidade de suporte eletrnico, significando um alcance maior de pblico com
custos menores.
Por conta desses fatores, o comrcio eletrnico se estabelece como uma forma de
negcio que possui alto ndice de crescimento no mundo de uma maneira geral, com
tendncia de crescimento contnuo at o ano de 2020, pelo menos (EMARKETER, 2016).
Como exemplo, mesmo com um cenrio econmico em dificuldade, o Brasil apresentou em
2014 um faturamento 24% maior em relao a 2013, representando um ndice contnuo de
crescimento (E-BIT, 2015).
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Observa-se, ainda, que empresas que antes apenas trabalhavam com o varejo
tradicional comearam a comercializar seus produtos tambm por meio do comrcio
eletrnico. Assim, para obter vantagem competitiva, da qualidade ao custo, da produtividade
flexibilidade, as empresas precisaram melhorar seus sistemas de produo e gesto (NEVES,
2011).
Segundo Mller e Berger (2012), os modelos de excelncia so ferramentas capazes
de localizar foras e fraquezas nas organizaes, e sua aplicao colabora de forma favorvel
para o processo de gesto como um todo.
Diante deste cenrio, este trabalho de pesquisa busca contribuir para a ampliao do
conhecimento acerca do processo de implantao de um programa de excelncia em empresa
do comrcio eletrnico, e da melhora das suas dimenses competitivas a partir dessa
implantao. Busca-se ainda analisar quais fatores apoiam essa implantao.
Relevncia do tema e da pesquisa
Com o objetivo de avaliar a relevncia do tema tratado neste trabalho, foi realizado um
estudo bibliomtrico sobre o tema Modelos de Excelncia com enfoque em desempenho.
O termo Bibliometria (statistical bibliography) foi utilizado pela primeira vez em
1922, por Edward Wyndham Hulme, passando a ser reutilizado somente em 1944 por
Gosnell, em artigo sobre a obsolescncia da literatura (PRITCHARD, 1969).
Desde ento, a Bibliometria foi tambm utilizada para analisar citaes em trabalhos
cientficos (GUEDES; BORSCHIVER, 2005).
Contribuindo para a tomada de decises quanto gesto da informao e do
conhecimento por meio da organizao das informaes relacionadas cincia e tecnologia, a
Bibliometria se caracteriza por ser uma ferramenta quantitativa (GUEDES; BORSCHIVER,
2005).
Segundo Arajo (2007), a Bibliometria regida por trs leis clssicas: a Lei de Lotka,
que analisa a produtividade dos autores, a Lei de Bradford, que analisa a produtividade de
peridicos, e a Lei de Zipf, que analisa a frequncia da ocorrncia de palavras.
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Para Arajo (2007), outra importante rea nos estudos bibliomtricos a anlise de
citaes. Ela permite identificar frentes de pesquisa de determinadas reas cientficas, por
meio de um conjunto de autores, que se citam na literatura sobre o assunto, revelando um
padro de relao entre eles (GUEDES; BORSCHIVER, 2005).
Na anlise de citaes, o conceito de fator de impacto extremamente significativo
(ARAJO, 2007), sendo este o indicador mais utilizado para determinar a relevncia de um
peridico cientfico (VAN LEEUWEN; MOHED, 2002).
O fator de impacto de um peridico determinado por meio da verificao do nmero
de vezes que os artigos publicados durante o perodo de dois anos foram citados em revistas
durante o ano seguinte. Esse nmero dividido pelo nmero total de artigos que foram
publicados durante esse mesmo perodo de dois anos (GARFIELD, 2006).
Outro conjunto de leis da Bibliometria est relacionado com a obsolescncia e a vida
mdia da literatura, podendo ir de clssica (vida longa e mdia) a efmera (vida curta)
(ARAJO, 2007).
Para este trabalho foi realizada uma pesquisa quantitativa entre os meses de junho e
julho de 2017, com carter exploratrio e com foco na produo bibliogrfica dos ltimos
vinte anos (1996 a 2016).
A coleta de dados foi realizada por meio do Banco de Teses e Dissertaes da
Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES), do Portal de
Peridicos da CAPES, da base cientfica Institute for Scientific Information (ISI) Web of
Science, acessada pelo Portal de Peridicos da CAPES, pelo Centro Paula Souza, e pelo
Google Acadmico. Estas bases contam com dados de trabalhos de vrios pases, em vrias
reas do conhecimento cientfico.
Para o Banco de Teses e Dissertaes da CAPES foi realizada a pesquisa utilizando-se
o termo Modelo de Excelncia-Desempenho. O mesmo foi realizado na lngua inglesa, sendo
pesquisado o termo Excellence Model-Performance.
O Portal de Peridicos da CAPES permite utilizar filtros especficos, como ano de
publicao, autor, e se revisado por pares. Para esta pesquisa foram utilizados os filtros de
ano de publicao, de 1996 a 2016, e se foi revisado por pares. Foi pesquisado o termo
Modelo de Excelncia e Desempenho. O mesmo foi realizado na lngua inglesa, sendo
pesquisado o termo Excellence Model e Performance.
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Como o Portal de Peridicos da CAPES no traz o nmero de citaes dos trabalhos,
foi utilizado o Google Acadmico para a obteno do nmero de citaes de cada um deles.
O Portal do ISI Web of Science permite a pesquisa utilizando filtros especficos,
como nome do autor, peridicos, palavras-chave e contedo. Para este trabalho foi utilizada a
busca com os filtros de perodo, de 1996 a 2016, e palavras que constem no documento. Foi
ento pesquisado o termo Modelo de Excelncia e Desempenho. O mesmo foi realizado na
lngua inglesa, sendo pesquisado o termo Excellence Model e Performance.
Aps a realizao da pesquisa e obteno dos dados, estes foram transferidos para uma
planilha e tratados, para que fossem retiradas as duplicidades de trabalhos. Ento foram
realizados clculos, e elaborados grficos e tabelas.
Aps o agrupamento dos dados obtidos nos diferentes idiomas e fontes, e excluso dos
que estavam em duplicidade, observou-se que os trabalhos com o tema Modelo de Excelncia
com enfoque em Desempenho, realizados entre 1996 e 2016, totalizam 1639 trabalhos,
conforme a Figura 1.
Figura 1 Publicaes relacionadas a modelo de excelncia em gesto
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Observa-se que o tema apresenta crescimento ano aps ano, principalmente nos
ltimos dez anos, uma vez que 64% dos trabalhos foram realizados neste perodo, mostrando
tendncia de crescimento do interesse de pesquisa quanto ao tema.
3 1831
48 4563
8166
8372 79 70
90 86 94109 104
116132
121 1280% 1% 3%
6% 9%13%
18% 22%27% 31%
36% 40%46%
51%57%
63%70%
77%85%
92% 100%
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Nmero de trabalhos publicados Participao - acumulado
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20
Pode-se perceber ainda que os trabalhos so distribudos em vrias reas, tendo sua
maior participao a Gesto Organizacional, seguida por Sade e Educao, conforme a
Figura 2.
Figura 2 rea dos trabalhos publicados
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Assim, evidencia-se o maior interesse pelos Modelos de Excelncia na rea de Gesto
das Organizaes, correspondendo a aproximadamente 71% do total.
Quanto aos meios de publicao dos trabalhos, o mais utilizado foi revista,
correspondendo a aproximadamente 92% do total, conforme a Figura 3.
1160
210
1165746
3218
Gesto Organizacional
Sade
Educao
Adm. Pblica
Const. Civil
TI
Outros
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21
Figura 3 Meio de publicao dos trabalhos
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Os trabalhos foram publicados em sua maior parte na lngua inglesa, representando
esta, aproximadamente 94% do total, conforme a Figura 4.
Figura 4 Idioma dos trabalhos publicados
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
O estudo identificou tambm os peridicos com artigos mais citados. Observa-se que
os 1639 trabalhos pesquisados apresentaram um total de 65576 citaes. Dentre os 574
veculos de publicao, foram destacados os 16 com maior nmero de citaes, conforme a
Figura 5, sendo que estes representam aproximadamente 50% do total de citaes.
1511
585794
Revista
Anais
Dissertao
Resenha
Tese
1543
66167
7Ingls
Portugus
Espanhol
Alemo
Outros
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Figura 5 Citaes por peridico
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Os 3 peridicos com mais citaes foram International Journal of Quality &
Reliability Management, com 6461 citaes, seguido por International Journal of Operations
& Production Management, com 5244 citaes, e depois por International Journal of Project
Management, com 2643 citaes.
O estudo tambm identificou os autores mais citados. Dentre os 2980 autores
pesquisados, foram destacados os 25 autores com maior nmero de citaes, conforme a
Figura 6, sendo que estes representam 17% do total de citaes por autor.
806
874
888
1.077
1.159
1.324
1.364
1.388
1.505
1.705
1.981
2.124
2.280
2.643
5.244
6.461
0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000
The TQM Journal
International Journal for Quality in Health Care
Journal of Operations Management
International Journal of Production Economics
International Journal of Productivity and Performance Management
Quality Assurance in Education
Benchmarking
Measuring Business Excellence
Total Quality Management & Business Excellence
International Journal of Health Care Quality Assurance
Total Quality Management
Business Process Management Journal
Benchmarking: An International Journal
International Journal of Project Management
International Journal of Operations & Production Management
International Journal of Quality & Reliability Management
-
23
Figura 6 Citaes por autor
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Os resultados mostraram que ao longo dos ltimos anos, o tema Modelos de
Excelncia com enfoque em desempenho tem sido discutido amplamente, com significativo
nmero de trabalhos publicados e com tendncia de crescimento. Estes foram publicados nos
mais diversos meios, e em diversas reas, evidenciando que possui relevncia.
A relevncia do tema tambm se d pela possibilidade de estudar todo o processo de
implantao do programa de excelncia na operao logstica da empresa e examinar os xitos
e dificuldades geradas durante implantao.
Dessa forma, espera-se que, a partir da bibliografia pesquisada e da anlise do estudo
de caso, o tema proposto contribua para a teorizao e descrio do processo de implantao
de programa de excelncia, com nfase na melhoria do desempenho operacional, com reflexo
nas dimenses competitivas.
612640643686
774920920920920920999100910091009104010401040105811021138114211731224
29363912
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
Thiry, MichelLuther, Robert
Hassan, TMSohal, Amrik
Sila, IsmailBourne, Mike
Kennerley, MikeRichards, Huw
Platts, KenMills, John
Schiuma, GianniSarkis, Joseph
Helms, MarilynHervani, ArefRoca-Puig, V
Beltran-Martin, IBou-Llusar, JC
Bititci, U.S.Gregory, Mike
Escrig-Tena, ABMarr, Bernard
Kanji, Gopal K.Dale, Barrie G.
Neely, AndyMcAdam, Rodney
-
24
Questo de pesquisa
Diante do abordado, surge a seguinte Questo de Pesquisa: Qual a contribuio da
implantao de um programa de excelncia, aplicado na operao logstica de uma
empresa do comrcio eletrnico, para a melhoria das suas dimenses competitivas?
Objetivo geral
Com o objetivo de responder questo de pesquisa, o estudo busca investigar a
contribuio da implantao de um programa de excelncia, aplicado na operao
logstica de uma empresa do comrcio eletrnico, para a melhoria das suas dimenses
competitivas.
Objetivos especficos
1. Evidenciar quais os indicadores de desempenho que podem ser utilizados para
avaliar a melhoria das dimenses competitivas em uma empresa do comrcio eletrnico;
2. Examinar a receptividade do programa de excelncia pelas reas da operao
logstica da empresa;
3. Identificar os fatores que apoiaram a implantao do programa de excelncia e
como auxiliaram a superao das dificuldades identificadas;
4. Avaliar as contribuies da implantao do programa de excelncia para a melhoria
das dimenses competitivas da empresa do comrcio eletrnico.
-
25
1 FUNDAMENTAO TERICA
Este captulo tem o objetivo de apresentar definies, conceitos e modelos do tema
objeto de estudo, que permitam conhecer a Qualidade, os Programas de Excelncia, as
Dimenses Competitivas, os indicadores de desempenho, sua relao e contribuio para as
organizaes, mais especificamente, do comrcio eletrnico.
1.1 Histrico da qualidade e importncia para as organizaes
As abordagens modernas da qualidade so resultado de uma evoluo regular. Esta
evoluo se deu por meio de uma srie de descobertas organizadas em quatro eras da
qualidade: Inspeo, Controle Estatstico da Qualidade, Garantia da Qualidade e Gesto
Estratgica da Qualidade (GARVIN, 1992).
At h dois sculos, quase todos os produtos eram produzidos em pequenas
quantidades e ajustados manualmente por artesos, sendo a inspeo somente necessria com
a produo em massa.
Segundo Garvin (1992), tendo em vista que aumentar o volume de produo sem
afetar a qualidade exigia um grupo numeroso de pessoas qualificadas, aumentando o custo e o
tempo de produo, foi criado nos Estados Unidos um sistema de medidas, gabaritos e
acessrios. Este sistema concedeu inspeo um novo grau de importncia, pois deixando de
ser realizada levando em considerao a avaliao pessoal do inspetor, aumentou-se muito a
probabilidade de diferentes inspetores chegarem ao mesmo resultado.
Radford, em 1922, relacionou as atividades de inspeo com o controle da qualidade
de maneira mais formal, e assim a nfase era a conformidade, de forma a atender s
especificaes estabelecidas (RADFORD, 1922). Esta nova forma de aplicao da inspeo
inaugurou a era de Inspeo da qualidade.
Em 1931, por meio da obra Economic Control of Quality of Manufactured Product,
Walter A. Shewhart trouxe uma definio mensurvel do controle de fabricao, com tcnicas
de acompanhamento e avaliao da produo diria, propondo formas de melhorar a
-
26
qualidade, dando incio era de Controle Estatstico da Qualidade. Shewhart constatou que
haveria variao entre as peas fabricadas, devido a certo grau de variao entre matrias-
primas, da habilidade dos operadores e dos equipamentos (SHEWHART, 1931).
Entendeu-se ento que a variao continuaria existindo, mas se deveriam distinguir as
variaes aceitveis das que gerassem problemas, obtendo um nvel de qualidade aceitvel.
Shewhart (1931) props que, utilizando tcnicas estatsticas, podem-se determinar os limites
aceitveis da no qualidade e que a representao dos valores obtidos na produo capaz de
formar um grfico aplicado para controle do processo.
Aplicadas inicialmente na indstria de telefones, as tcnicas propostas por Shewhart
foram mais difundidas a partir da utilizao com sucesso na Segunda Guerra Mundial, diante
da necessidade de se produzirem armas em grande escala. Desta forma, o controle da
qualidade se estabeleceu com seus mtodos estatsticos (LONGO, 1996).
Com o modelo da qualidade at ento adotado, tinha-se a noo de que os defeitos
geravam custos, mas no se sabia como quantifica-los. Juran (1951) aborda esta questo por
meio do livro Quality Control Handbook, que dividia os custos para se atingir nveis de
qualidade entre evitveis e no evitveis, marcando o incio da era da Garantia da Qualidade,
e mais especificamente, da quantificao dos custos da qualidade.
Por definio, os custos inevitveis so os associados preveno da gerao dos
defeitos dos produtos, como iniciativas do controle da qualidade, enquanto que os evitveis
so os gerados por meio dos defeitos dos produtos (GARVIN, 1992).
Dentro da era da Garantia da Qualidade, Armand Feigenbaum props em 1956 o TQC
(QI, 1999), que tendo em vista que o processo de levar qualquer produto da fase de projeto ao
mercado envolve, de forma aproximada, as mesmas atividades, afirma que, para estes
produtos terem xito, necessria a cooperao entre muitos departamentos. Dentre eles, os
departamentos de marketing, engenharia, compras, fabricao, expedio e atendimento ao
cliente.
Desta forma, alm da inspeo e medio para controlar a fabricao, o sistema da
qualidade incluiu o desenvolvimento de produtos, seleo de fornecedores e atendimento aos
clientes, trazendo a necessidade de habilidades gerenciais.
O Japo, aps a Segunda Guerra Mundial, passa por revitalizao da sua indstria,
buscando a realizao da inspeo com maior eficcia, aplicando os conceitos introduzidos
por Williams Edwards Deming (CARVALHO; PALADINI, 2012).
-
27
Dentre os conceitos desenvolvidos no perodo, est o do ciclo PDCA, utilizado
largamente pelas empresas desde ento com o objetivo de melhorar processos, obtendo
sucesso na sua aplicao (SLACK et al., 2006).
De acordo com Carvalho e Paladini (2012), esta revitalizao promoveu a evoluo da
qualidade no Japo, que foi marcada pela introduo, na dcada de 1960, do conceito de
Controle Total da Qualidade, que adaptado no Japo, foi chamado de CWQC.
Segundo Ishikawa (1985), a diferena entre os modelos de Controle Total da
Qualidade, desenvolvido nos Estados Unidos, e o de Controle da Qualidade por Toda a
Companhia, desenvolvido no Japo, que, em sua concepo, o primeiro modelo deve ser
conduzido por especialistas, enquanto que o segundo no exige a exclusividade de
especialistas quanto sua conduo.
Desta forma, caractersticas polticas e culturais, que so diferentes entre os dois
pases, podem explicar a diferena entre estes dois modelos da era da Gesto da Qualidade
(MARTNEZ-LORENTE; DEWHURST; DALE, 1998).
Ainda na dcada de 1960, o governo dos Estados Unidos constatou que alguns dos
seus equipamentos militares apresentavam queda de confiabilidade, o que levou criao de
mtodos de previso do desempenho destes ao longo do tempo, como a distribuio de
Weibull e a curva da banheira, esta ltima uma referncia taxa de falhas, que alta no
incio, por conta do perodo de adaptao, reduzida, e volta a aumentar devido fase de
desgaste e deteriorao do produto (GARVIN, 1992).
Ainda segundo Garvin (1992), assim, d-se incio Engenharia da Confiabilidade,
dentro da era da Garantia da Qualidade.
Como o objetivo tambm era melhorar a confiabilidade e reduzir as falhas, foram
aplicadas tcnicas como o Failure Mode and Effect Analysis (FMEA), que analisa como um
produto pode falhar e prope projetos alternativos (LAURENTI; VILLARI; ROZENFELD,
2012), a anlise de componentes individuais, que avalia a probabilidade de falha de cada
componente, para que se reforce ou elimine o componente mais propenso a falhas, a
redundncia, que exige a utilizao de sistemas alternativos ao principal para o caso de falhas
e o acompanhamento das falhas em campo.
Segundo S e Miranda (2004), em 1961 a Martin Company ofereceu estmulos aos
seus empregados para reduzir o ndice de defeitos e intensificar testes e inspeo, o que fez
com que fosse entregue ao governo dos Estados Unidos msseis sem defeitos. A Martin
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28
Company percebeu ento que era possvel se fabricar sem defeito, desenvolvendo o programa
Zero Defeito, no qual o foco era fazer o trabalho certo na primeira vez.
Segundo Garvin (1992), a General Electric contribuiu essencialmente por meio da
adoo da filosofia de que o nico padro aceitvel era o zero defeito, mostrando que os
empregados seriam responsveis por ela, por meio de treinamento, estabelecimento de metas
e divulgao de resultados. Indo de encontro com o conceito do nvel de qualidade aceitvel,
o Zero Defeito foi a ltima inovao expressiva que se deu dentro da era da Garantia da
Qualidade.
Na dcada de 1980, com o aumento da concorrncia externa, viu-se a necessidade de a
qualidade ser redefinida conceitualmente, desapegando-se dos padres internos e fixos.
Desta forma, os clientes tm a ltima palavra sobre quanto um produto satisfaz suas
expectativas e a satisfao est relacionada com o que oferecido pela concorrncia. Esta
satisfao se d ao longo da vida til do produto, indo alm do momento da compra,
necessitando ainda de um conjunto de atributos para que seja proporcionada a mxima
satisfao ao cliente.
Com pesquisas indicando que as empresas cujos produtos possuam um nvel mais
elevado de qualidade obtiveram um retorno maior sobre o investimento, um nmero crescente
de empresas considerou a qualidade como meio agressivo da concorrncia nas organizaes,
tida diretamente ligada lucratividade das mesmas. Assim, tem-se incio a era da Gesto
Estratgica da Qualidade (GARVIN, 1992).
Essa era tambm chamada de Total Quality Management (TQM) (CARVALHO;
PALADINI, 2012).
O enfoque passou ento a ser no mais o estabelecimento e o alcance do nvel de
qualidade aceitvel, mas a melhoria contnua, que exigia o compromisso de todos os
empregados. As empresas promoviam a melhoria contnua por meio de programas.
Na era da Gesto Estratgica da Qualidade, mesmo tendo sido includa no
planejamento estratgico das empresas, no h a negao das eras anteriores, mas uma
extenso, j que algumas ferramentas, como o controle estatstico, continuam sendo
utilizadas.
As Eras da Qualidade e suas respectivas caractersticas so exibidas comparativamente
por meio do Quadro 1, pelo qual possvel perceber que a responsabilidade da qualidade
-
29
evolui da responsabilidade de apenas uma rea, para todos na organizao, passando de
apenas um processo de medio, para um fator estratgico para as organizaes.
Percebe-se tambm que a nfase, antes dada uniformidade do produto passa a ser
dada s necessidades do consumidor, mostrando que os clientes passam a ser determinantes
no processo da qualidade dentro das empresas.
Dessa forma, cada vez mais evidente que a qualidade no se limita apenas a agentes
internos da organizao, mas a atender aspectos das diversas partes interessadas, ou
stakeholders.
-
30
Quadro 1 As quatro eras da Qualidade
Caractersticas Inspeo Controle Estatstico
da Qualidade Garantia da Qualidade
Gerenciamento Estratgico da
Qualidade
Preocupao Bsica
Verificao Controle Coordenao Impacto Estratgico
Viso da Qualidade
Um problema a ser resolvido
Um problema a ser resolvido
Um problema a ser resolvido, mas que seja enfrentado pro
ativamente
Uma oportunidade de concorrncia
nfase Uniformidade do
produto
Uniformidade do produto com menos
inspeo
Toda a cadeia de produo, desde o
projeto at o mercado, a contribuio de todos os grupos
funcionais, especialmente os projetistas, para
impedir falhas de qualidade
As necessidades de mercado e do consumidor
Mtodos Instrumento de
medio Instrumentos e
tcnicas estatsticas Programas e sistemas
Planejamento estratgico,
estabelecimento de objetivos e a
mobilizao da organizao
Papel dos profissionais da qualidade
Inspeo, classificao,
contagem e avaliao
Soluo de problemas e a aplicao de
mtodos estatsticos
Mensurao da qualidade,
planejamento da qualidade e projeto de
programas
Estabelecimento de objetivos, educao e treinamento, trabalho consultivo com outros
departamentos e delineamento de
programas
Quem o responsvel
pela qualidade
O departamento de inspeo
Os departamentos de produo e engenharia
Todos os departamentos,
embora a alta gerncia s se envolva
perifericamente com o projeto, o
planejamento e a execuo das polticas
da qualidade
Todos na empresa, com a alta gerncia
exercendo forte liderana
Orientao e abordagem
"Inspeciona" a qualidade
"Controla" a qualidade
"Constri" a qualidade
"Gerencia" a qualidade
Fonte: Garvin (1992)
-
31
1.2 Modelos e Programas de Excelncia
A era da Gesto Estratgica da Qualidade, marcada por abranger diversas reas da
organizao, diferentes conceitos, que envolvem a manufatura e os servios.
Dentro desta era, a qualidade ento passou por mais uma evoluo, que partiu das
partes interessadas das organizaes, os stakeholders, pela busca da excelncia em
desempenho (CARVALHO; PALADINI, 2012).
A percepo que as organizaes no poderiam focar seus esforos apenas no
desempenho financeiro motivou o desenvolvimento de um novo modelo. Dessa forma, o
modelo atual deve considerar pessoal e processos, se estruturando para atender as demandas
dos agentes internos e externos da organizao, surgindo a necessidade de modelos de
excelncia nas organizaes.
Segundo o National Institute of Standards and Technology (NIST) (2016), excelncia
operacional se refere a uma abordagem integrada para a gesto do desempenho
organizacional, que resulta no aumento da entrega aos clientes e demais partes interessadas,
na melhoria da eficcia e capabilidade organizacional, e no aprendizado pessoal e
organizacional.
De acordo com Ghobadian e Seng Woo (1996), os modelos de excelncia formam
ento o modelo de prmio nacional da qualidade. Esses modelos so compostos por um
conjunto de itens e critrios que as organizaes devem atender para que seus resultados
atinjam a excelncia. Os prmios da qualidade avaliam as organizaes quanto ao
atendimento a esses itens e critrios (OLIVEIRA, 2014).
As prticas das organizaes so avaliadas por meio de um relatrio de gesto que
quando comparado com os itens e critrios dos modelos de excelncia, geram uma pontuao
de 0 a 1000 pontos. As organizaes que atingem pontuao entre 700 e 800 pontos so
premiadas, recebendo notoriedade pela excelncia no seu desempenho.
O Prmio Deming da Qualidade, criado em 1951, foi o primeiro prmio da qualidade,
e se caracterizava por prescrever as prticas a serem empregadas nas companhias, o que o
diferia dos modelos de excelncia desenvolvidos posteriormente (BOAS; COSTA, 2011).
Tendo sido aberto a organizaes no japonesas em 1984, o prmio japons da
qualidade foi remodelado na dcada de 1990, para um modelo de acordo com o Prmio
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32
Nacional da Qualidade Malcolm Baldrige, dos Estados Unidos, sendo denominado Japan
Quality Award (Prmio Japons da Qualidade).
Na dcada de 1980 nos Estados Unidos, um conjunto de empresas reconhecidas por
terem bom desempenho foi analisado por um grupo de pesquisadores. O trabalho identificou
caractersticas em comum, consideradas como sendo o diferencial em relao s demais
empresas e como o fundamento da gesto voltada para a excelncia (GARVIN, 1992).
Este fundamento levou criao, em 1988 nos Estados Unidos, o Prmio Nacional da
Qualidade Malcolm Baldrige, que alm de referncia para o prmio japons, tornou-se
referncia para modelos de excelncia da qualidade em outros pases.
Desde o lanamento do Prmio Nacional da Qualidade Malcolm Baldrige, muitos
outros modelos de excelncia foram propostos em diferentes regies ao redor do mundo,
como o Prmio Europeu da Qualidade, estabelecido em 1989 na Blgica como um prmio
regional, e o Prmio Nacional da Qualidade, estabelecido em 1991 no Brasil.
Um modelo relacionando o estabelecimento de modelos de excelncia por meio de
programas da qualidade ao longo do tempo pode ser observado por meio da Figura 7.
Figura 7 Modelos de excelncia ao longo do tempo
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Segundo Boas e Costa (2011), as principais categorias consideradas para os prmios
de excelncia so: clientes, produto, processos da organizao, fornecedores, econmico-
financeiros, mercado, pessoas e sociedade.
1950 1955 [...] 1985 1990 1995
Prmio Deming da Qualidade -
Japo, 1951
Prmio Europeu da Qualidade -Blgica, 1989
Prmio Nacional da Qualidade Malcolm Baldrige - Estados
Unidos, 1988
Prmio Nacional da Qualidade -
Brasil, 1991
-
33
Assim, tendo sido criados ao longo da evoluo da qualidade e melhor desenvolvidos
na era estratgica da qualidade, embasados principalmente pelo Prmio Nacional da
Qualidade Malcolm Baldrige, dos Estados Unidos, os modelos e programas de excelncia
trazem itens e critrios, direcionando as companhias a aplicar os conceitos estratgicos da
qualidade (OLIVEIRA, 2014).
1.2.1 Prmio Deming da Qualidade
O Prmio Deming, que recebeu este nome em homenagem a William Edward Deming,
foi criado para reconhecer os servios prestados pelas companhias indstria japonesa,
elaborado pela Union of Japanese Scientists and Engineers (JUSE). Esta entidade
responsvel pela manuteno e pela distribuio dos prmios (BOAS; COSTA, 2011).
Tendo como participantes empresas japonesas de qualquer porte, a partir de1984 foi
aberta a participao de empresas tambm no japonesas. Alm de empresas, o prmio
tambm concedido a indivduos.
Bohoris (1995) nos traz que o prmio possui cinco categorias, sendo elas Prmio
Deming para Indivduos, Aplicao do Prmio Deming, Aplicao do Prmio Deming para
pequenas empresas, Aplicao do Prmio Deming para Divises e Prmio Controle de
Qualidade para Fbricas.
O prmio possui como mais alta premiao a Medalha Japonesa do Controle da
Qualidade, criada em 1970. Podem concorrer a esta medalha as empresas vencedoras do
Prmio Deming, aps cinco anos da premiao.
No h limite para empresas premiadas, sendo que os critrios para concorrer
premiao mais elevada so os mesmos para concorrer ao Prmio Deming (HIENE;
TURRIONI, 2001).
Em 1996 o Prmio Deming foi remodelado, seguindo como modelo o Prmio
Nacional da Qualidade Malcolm Baldrige, dos Estados Unidos.
O Prmio Japons da Qualidade composto por dez critrios de anlise, sendo eles a
Poltica, Organizao e sua operao, Informao, Padronizao, Recursos Humanos,
-
34
Garantia da qualidade, Manuteno, Melhoria, Efeitos (Resultados) e Planos futuros
(CARVALHO; PALADINI, 2012).
Cada critrio de anlise ainda composto por um conjunto de itens a serem
verificados, tambm chamados de pontos de verificao, conforme o Quadro 2.
Quadro 2 Critrios e itens do Prmio Deming da Qualidade
Critrios Itens (Pontos de Verificao) Poltica (1) Polticas da qualidade e de controle da qualidade e sua insero na gesto geral do
negcio (2) Clareza das polticas (metas e indicadores de priorizao)
(3) Mtodos e processos para estabelecer as polticas
(4) Relao das polticas e dos planos de curto e longo prazos (5) Comunicao (desdobramento) das polticas e gerenciamento do alcance das polticas
Organizao e sua operao
(1) Adequao da estrutura organizacional para controle da qualidade e status do envolvimento dos funcionrios
(2) Clareza de autoridade e responsabilidade
(3) Status da coordenao interdepartamental
(4) Status do comit de projetos e atividades de projeto
(5) Status das atividades do staff (6) Relacionamento com as empresas associadas (empresas do grupo, fornecedores, etc.)
Informao (1) Adequao da coleta e comunicao das informao externas
(2) Adequao da coleta e comunicao das informao internas
(3) Status da aplicao de tcnicas estatsticas para anlise de dados
(4) Adequao de reteno das informaes
(5) Status da utilizao das informaes
(6) Status da utilizao de computadores para processamento de dados Padronizao (1) Adequao do sistema de normas
(2) Procedimentos para estabelecer, revisar e cancelar normas
(3) Desempenho atual do estabelecimento, reviso e cancelamento de normas
(4) Contedo das normas
(5) Status da utilizao e do cumprimento das normas (6) Status do desenvolvimento, acmulo, tratamento e da utilizao sistemtica da tecnologia
Recursos Humanos
(1) Planos de educao e treinamento, seu desenvolvimento e utilizao dos resultados (2) Status da conscincia da qualidade, sistemas de trabalho e entendimento do controle da qualidade (3) Status do suporte e da motivao para o autodesenvolvimento e a auto realizao
(4) Status do entendimento e da utilizao dos conceitos e mtodos estatsticos (5) Status do desenvolvimento dos crculos de controle da qualidade e sugestes de melhoria (6) Status do suporte para desenvolvimento de recursos humanos na empresas associadas
-
35
Quadro 2 Critrios e itens do Prmio Deming da Qualidade. (continuao)
Critrios Itens (Pontos de Verificao) Garantia da qualidade
(1) Status da gesto das atividades do sistema de garantia da qualidade
(2) Status dos meios para diagnsticos de controle da qualidade
(3) Status do desenvolvimento de novos produtos e da tecnologia (incluindo anlises e desdobramentos da qualidade e atividades de reviso de projeto)
(4) Status do controle de processos
(5) Status da anlise e melhoria dos processos (incluindo estudos de capabilidade)
(6) Status da inspeo, anlise e auditorias da qualidade (7) Status da gesto dos equipamentos de produo, instrumentos de medio e fornecedores (8) Status da embalagem, do transporte, das vendas, do estoque e das atividades de servios (9) Resposta ao uso, disposio, ao recolhimentos e reciclagem de produtos
(10) Status da garantia da qualidade
(11) Status da satisfao dos clientes
(12) Status da confiabilidade, segurana e proteo ambiental Manuteno (1) Giro do ciclo de gesto e controle das atividades (PDCA)
(2) Mtodos para determinar itens de controle e seus nveis
(3) Situaes de controle (utilizao de grficos de controle e outras ferramentas)
(4) Status da tomada de medidas temporrias e permanentes
(5) Status do sistema de gesto das operaes quanto ao custo, qualidade, entrega, etc.
(6) Relacionamento entre as atividades do sistema de garantia da qualidade e outros sistema de gesto operacional
Melhoria (1) Mtodos de selecionar as atividades importantes e itens de priorizao
(2) Ligao entre os mtodos analticos e a tecnologia intrnseca
(3) Status da utilizao de mtodos estatsticos para anlise
(4) Utilizao da anlise de resultados
(5) Status da confirmao dos resultados de melhoria e sua transferncia para a atividades de manuteno e controle
(6) Contribuio das atividades de crculos de controle da qualidade Efeitos (Resultados)
(1) Efeitos tangveis (qualidade, entrega, custos, lucratividade, segurana e meio ambiente) (2) Efeitos intangveis
(3) Mtodos para definio e demonstrao dos resultados
(4) Satisfao dos clientes e satisfao dos funcionrios
(5) Influncia nas empresas relacionadas
(6) Influncia nas comunidades locais e internacionais Planos Futuros
(1) Status para demonstrar a situao atual
(2) Status de conscincia da qualidade, sistemas de trabalho e do controle da qualidade
(3) Status do suporte e motivao para o autodesenvolvimento e auto realizao
(4) Status do entendimento e da utilizao dos conceitos e mtodos estatsticos (5) Status do desenvolvimentos dos crculos de controle da qualidade e sugestes de melhoria (6) Status do suporte para desenvolvimento de recursos humanos nas empresas associadas
Fonte: Carvalho e Paladini (2012)
-
36
1.2.2 Prmio Malcolm Baldrige
Na dcada de 1980, tendo em vista a capacidade competitiva dos Estados Unidos,
lderes de empresas e do governo nos Estados Unidos formaram grupos, participando de
conferncias e comits com o intuito de chegar a formas de melhorar a qualidade de produtos
e servios.
O trabalho, realizado em conjunto entre 175 executivos, lderes empresariais e
acadmicos, e patrocinado pelo American Productivity and Quality Center (APQC),
identificou caractersticas em comum, consideradas como sendo o diferencial em relao s
demais empresas e como o fundamento da gesto voltada para a excelncia.
Este fundamento levou criao, em 1988 nos Estados Unidos, do Prmio Nacional
da Qualidade Malcolm Baldrige, que alm de referncia para o prmio japons, tornou-se
referncia para modelos de excelncia da qualidade em outros pases (CARVALHO;
PALADINI, 2012), significando o mais alto prmio de reconhecimento para o desempenho
em excelncia s organizaes dos Estados Unidos.
A gesto do prmio foi atribuda ao Departamento de Comrcio e ento para o NIST
(NIST, 2016).
A comisso de examinadores consiste em especialistas de empresas nos Estados
Unidos, nos setores de negcios, sade e educao e tambm existe um painel de jurados
constitudo de lderes de todos os setores da economia americana.
Em termos de filosofias e valores, o modelo prescritivo (GHOBADIAN; SENG
WOO, 1996), e as organizaes vencedores do prmio se comprometem a disponibilizar
informaes a outras empresas desde que estas no causem prejuzos estratgicos s empresas
vencedoras.
De acordo com Boas e Costa (2011), o objetivo principal do Prmio Baldrige da
Qualidade aumentar a competitividade das empresas por meio da qualidade, do
reconhecimento dos resultados de excelncia em desempenho e da divulgao dos resultados
para promover o conhecimento por meio da troca de conhecimento.
Podem participar do Prmio Baldrige as organizaes nas categorias de Manufatura,
de Servios, de Pequenos Negcios, de Educao e de Sade, podendo as organizaes
enquadradas nestas duas ltimas categorias ser com ou sem fins lucrativos.
-
37
O Prmio composto por sete critrios, sendo eles a Liderana, Planejamento
Estratgico, Foco no Cliente, Medio, anlise e gesto do conhecimento, Foco na fora de
trabalho, Foco na operao, e Resultados.
Cada critrio composto por itens e cada item corresponde a uma pontuao,
totalizando 1000 pontos, conforme o Quadro 3.
Quadro 3 Critrios e itens do Prmio Baldrige da Qualidade
Critrios e Itens Pontuao
1. Liderana 120
1.1 Alta liderana 70
1.2 Governana e responsabilidade social 50
2. Planejamento estratgico 85
2.1 Desenvolvimento estratgico 40
2.2 Implementao das estratgias 45
3. Foco no cliente 85
3.1 Voz do cliente 40
3.2 Engajamento do cliente 45
4. Medio, anlise e gesto do conhecimento 90
4.1 Medio, anlise e melhoria da performance organizacional 45
4.2 Gesto da informao, do conhecimento e da tecnologia da informao 45
5. Foco na fora de trabalho 85
5.1 Ambiente de trabalho 40
5.2 Engajamento da fora de trabalho 45
6. Foco na operao 85
6.1 Sistemas de trabalho 45
6.2 Processos de trabalho 40
7. Resultados 450
7.1 Resultados dos produtos e processos 120
7.2 Resultados dos clientes 90
7.3 Resultados da fora de trabalho 80
7.4 Resultados da liderana e governana 80
7.5 Resultados financeiros e de mercado 80
Fonte: Carvalho e Paladini (2012)
O Prmio Baldrige da Qualidade foi tomado como modelo para a elaborao e
reformulao de prmios da qualidade em outros pases.
Garvin (1991) salienta que em um perodo de quatro anos, o Prmio Baldrige da
Qualidade se tornou o mais importante meio para transformar as empresas dos Estados
Unidos, reformulando o pensamento interno.
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38
1.2.3 Prmio Europeu da Qualidade
Coordenado pela European Foundation for Quality Management (EFQM), o Prmio
Europeu da Qualidade teve incio em 1992, em parceria com as organizaes, que promovem
o modelo de excelncia na Europa.
Podem participar do prmio organizaes de grandes negcios, unidades de negcios,
unidades de operao das companhias, organizaes do setor pbico, pequenas e mdias
empresas, independentes ou subsidirias.
Segundo Limberger e Mendes (2015), o objetivo do Prmio Europeu da Qualidade
aumentar a competitividade entre as organizaes, tendo em vista a qualidade e suportar o
desenvolvimento sustentvel da economia.
As organizaes so avaliadas de acordo com um modelo composto por nove critrios,
sendo eles Liderana, Pessoas, Estratgia, Parceria e recursos, Processos, produtos e servios,
Resultados das pessoas, Resultados dos clientes, Resultados da sociedade e Resultados do
negcio (EFQM, 2016).
Destaca-se que os critrios esto agrupados em meios (Liderana, Pessoas, Estratgia,
Parceria e recursos, Processos, produtos e servios) e em resultados (Resultados das pessoas,
Resultados dos clientes, Resultados da sociedade e Resultados do negcio), sendo que os
resultados so completamente dependentes do desempenho dos meios.
1.2.4 Prmio Nacional da Qualidade
Em 1989 um grupo formado por profissionais de manufatura, de servios, do meio
acadmico e da consultoria do Brasil iniciou o desenvolvimento, por meio de estudos, de um
prmio da qualidade baseado nos prmios j aplicados em outros pases.
O modelo de excelncia foi elaborado em 1991, baseando-se no modelo do Prmio
Malcolm Baldrige da Qualidade. Neste mesmo ano foi instituda a Fundao para o Prmio
Nacional da Qualidade, atualmente Fundao Nacional da Qualidade (FNQ), que administra o
Prmio Nacional da Qualidade (PNQ) (OLIVEIRA, 2014).
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39
Ao longo do tempo em que novos valores de excelncia na gesto so desenvolvidos e
identificados, os fundamentos considerados no modelo de excelncia podem ser atualizados.
As organizaes que podem participar do prmio so as empresas de todos os portes,
indo de micro a grandes empresas, rgos de administrao pblica federal e organizaes de
direito privado sem fins lucrativos.
Segundo Oliveira e Martins (2008), o Prmio Nacional da Qualidade incentiva a
competitividade entre as organizaes, que tm por objetivo serem reconhecidas pela
excelncia no que produzem e comercializam, podendo ser produtos ou servios, atendendo
as necessidades das partes interessadas por conta da utilizao de prticas de gesto.
Tendo em vista os clientes e a sociedade, so estabelecidos os valores e as diretrizes
que, utilizando-se os processos da organizao, devero ser implantados para se alcanar a
excelncia. O modelo de excelncia em gesto constitudo por itens que so agrupados em
oito critrios, que so a Liderana, Estratgias e planos, Clientes, Sociedade, Informaes e
conhecimento, Pessoas, Processos e Resultados, conforme a Figura 8.
Figura 8 Modelo de Excelncia em Gesto (MEG)
Fonte: Oliveira (2014)
6.1 Sistemas de trabalho6.2 Capacitao e desenvolvimento6.3 Qualidade de vida
8.1 Resultados econmico-financeiros8.2 Resultados relativos aos clientes e ao mercado8.3 Resultados relativos sociedade8.4 Resultados relativos s pessoas8.5 Resultados dos processos principais do negcio e dos processos de apoio8.6 Resultados relativos aos fornecedores
7.1 Processos principais do negcio e dos processos de apoio7.2 Processos de relacionamentos com os fornecedores7.3 Processos econmico-financeiros
5.1 Informaes da organizao5.2 Informaes comparativas5.3 Ativos intangveis
3.1 Imagem e conhecimento de mercado3.2 Relacionamento com clientes
1.1 Sistema de liderana1.2 Cultura da excelncia1.3 Anlise do desempenho da organizao
2.1 Formulao de estratgias2.2 Implementao de estratgias
4.1 Responsabilidade socioambiental4.2 tica e desenvolvimento social
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40
Os critrios, por sua vez, so grupos de itens por meio dos quais as organizaes so
avaliadas. Cada item possui uma pontuao e sua soma total equivale a 1000 pontos,
conforme o Quadro 4.
Quadro 4 Critrios e itens do Prmio Nacional da Qualidade
Critrios e Itens Pontuao
1. Liderana 110 1.1 Sistema de liderana 40 1.2 Cultura da excelncia 40 1.3 Anlise do desempenho da organizao 30
2. Estratgias e Planos 60 2.1 Formulao das estratgias 30 2.2 Implementao das estratgias 30
3. Clientes 60 3.1 Imagem e conhecimento de mercado 30 3.2 Relacionamento com clientes 30
4. Sociedade 60 4.1 Responsabilidade socioambiental 30 4.2 tica e desenvolvimento social 30
5. Informaes e Conhecimento 60 5.1 Informaes da organizao 20 5.2 Informaes comparativas 20 5.3 Ativos intangveis 20
6. Pessoas 90 6.1 Sistemas de trabalho 30 6.2 Capacitao e desenvolvimento 30 6.3 Qualidade de vida 30
7. Processos 110 7.1 Processos principais do negcio e dos processos de apoio 50 7.2 Processos de relacionamentos com os fornecedores 30 7.3 Processos econmico-financeiros 30
8. Resultados 450 8.1 Resultados econmico-financeiros 100 8.2 Resultados relativos aos clientes e ao mercado 100 8.3 Resultados relativos sociedade 60 8.4 Resultados relativos s pessoas 60 8.5 Resultados dos processos principais e dos processos de apoio 100 8.6 Resultados relativos a fornecedores 30
Total de pontos possveis 1000 Fonte: FNQ (2013)
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41
Segundo Mller e Berger (2012), os modelos de excelncia so ferramentas capazes
de localizar foras e fraquezas nas organizaes, e sua aplicao colabora de forma favorvel
para o processo de gesto como um todo.
Desta forma, os modelos de excelncia podem ser ferramentas capazes de colaborar
para a melhoria das vantagens e dimenses competitivas em diversos tipos de negcios.
1.3 Comrcio Eletrnico
Partindo de uma rede mundial de computadores, a internet proporcionou novas
oportunidades para o conhecimento e para novas maneiras de realizao de atividades como
relaes sociais por meio de redes especficas, transaes bancrias, pesquisas, aprendizado,
entretenimento audiovisual e compras, principalmente nas duas ltimas dcadas (ALBERTIN,
2004), tornando-se meio essencial para realizao de grande parte destas atividades.
Assim, a dcada de 1990 foi marcada pelo maior acesso tecnologia da informao, o
que impulsionou o aumento do consumo via internet e o consequente crescimento de nmero
de lojas do comrcio eletrnico (E-BIT, 2015).
Segundo Levy e Weitz (2000), o comrcio eletrnico, tambm chamado de e-
commerce, definido como o realizado por meio das tecnologias da informao, sem a
necessidade da interao entre as lojas fsicas e os clientes.
Dentro deste contexto, Albertin (2004) define comrcio eletrnico como a realizao
dos processos de um negcio por meio eletrnico, no qual so empregadas de forma intensa
as tecnologias de informao e comunicao, para que se atinjam os objetivos desse negcio,
de forma que os processos do mesmo podem ser realizados completamente ou parcialmente,
utilizando infraestrutura com acesso pblico, livre e de baixo custo.
O comrcio eletrnico firma-se com alto ndice de crescimento de faturamento no
mundo de uma maneira geral, com tendncia de crescimento contnuo at o ano de 2020, pelo
menos (EMARKETER, 2016). Como exemplo, mesmo com um cenrio econmico em
dificuldade, o Brasil apresentou em 2014 um faturamento 24% maior em relao a 2013,
representando um ndice contnuo de crescimento (E-BIT, 2015).
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42
Com este crescimento, alm do maior nmero de empresas que realizam seus negcios
exclusivamente por meio eletrnico, as empresas que realizavam seus negcios
exclusivamente por meio fsico esto aderindo ao comrcio eletrnico, buscando atender
demanda do mercado formado cada vez mais por consumidores que utilizam o meio virtual
(ALMEIDA; BRENDLE; SPINDOLA, 2014).
Desta forma, segundo Silva e Vital (2010), estas empresas passaram a depender
tambm de plataformas eletrnicas, pelas quais seus produtos e servios so apresentados ao
mercado consumidor por meio de stios eletrnicos, cujo arranjo deve ser interativo, com
facilidade de navegao.
Segundo Castro Neto et al. (2010), com o comrcio eletrnico, houve ento mudanas
nas relaes entre os consumidores e as organizaes, o que exige destas novas estratgias,
como reviso dos seus processos e da cadeia de valor como um todo.
Tais mudanas, segundo Diniz et al. (2011), se configuram como benficas tanto para
as empresas, quanto para os consumidores, pois ao oferecer produtos e servios de forma
direta, reduz-se a necessidade de utilizao de recursos fsicos, o que implica em ganhos para
ambos.
1.3.1 Tipos de comrcio eletrnico
Segundo Almeida, Brendle e Spindola (2014), o comrcio eletrnico pode ser
classificado de acordo com o tipo de agentes que participam da rede de negcios e do tipo de
negcios desenvolvidos.
Assim, Turban, Rainer e Potter (2003) classificam o comrcio eletrnico nas
categorias: Business To Business (B2B), no qual transaes comerciais de informaes,
produtos ou servios ocorrem entre empresas, utilizando inclusive plataformas virtuais alm
da prpria internet, como redes especficas de negcios, podendo haver intermedirios entre
os agentes do negcio, Business To Customers (B2C), que so transaes comerciais entre
empresa e pessoa fsica, sendo o meio mais popular dentro do comrcio eletrnico, podendo
abranger produtos, como eletrnicos e mveis, servios, como manuteno de eletrnicos, ou
ainda ambos, Customer To Business (C2B), em que os clientes apresentam necessidades por
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43
bem ou servio, e as empresas concorrem para atender a essa demanda e pagam por ela. Por
exemplo, oferecimento virtual de servios de criao de stios eletrnicos. E por fim,
Customer To Customers (C2C), no qual o indivduo comercializa produtos ou servios a
outros indivduos, ambos agentes sendo pessoas fsicas. Ocorre por conta da possibilidade de
se ofertar itens ou servios diretamente ao grande pblico, tendo como exemplo os stios
eletrnicos de venda de itens usados e de leiles virtuais.
A maior parte das empresas do comrcio eletrnico no segmento de varejo
categorizada como B2C, como ocorre com a empresa abordada nesta pesquisa.
1.3.2 Diferenciao entre comrcio fsico e eletrnico
Di Giorgi (2015) traz que as principais diferenas entre o comrcio fsico e eletrnico
se do quanto a: poltica comercial, pois no comrcio eletrnico h mais liberdade para
formular-se polticas, reagindo-se rapidamente concorrncia. Enquanto se fazem necessrios
vendedores no comrcio fsico, no comrcio eletrnico no h vendedores. Quanto aos custos
operacionais, pois no comrcio fsico h custos fixos, como aluguel do ponto de venda e
salrios dos empregados das lojas, enquanto que no comrcio eletrnico no h custos
relacionados aos pontos de venda, alm dos custos relacionados estoques e centros de
distribuio. No comrcio eletrnico, os custos so focados na estrutura de tecnologia da
informao, manuteno do estoque e na operao de centros de distribuio. Os custos dos
centros de distribuio do comrcio eletrnico tendem a ser mais elevados devido variedade
de itens.
Ainda segundo o autor, no comrcio fsico, o contato com o cliente pessoal e
personalizado, enquanto que no comrcio eletrnico, realizado de forma automatizada e
impessoal, por central de atendimento. Quanto ao estoque, no comrcio fsico, cada loja um
ponto de estocagem, e seu estoque reposto baseando-se no volume de vendas, validade dos
produtos, estoque do centro de distribuio, rea da loja e rea em que a mercadoria exposta,
e no comrcio eletrnico, o estoque disponvel encontra-se centralizado diretamente nos
centros de distribuio, com maior quantidade e variedade de itens, oferecidos por meio de
loja virtual. Quanto ao mercado e propaganda, enquanto na loja fsica o mercado se refere
vizinhana e a propaganda realizada por meios de comunicao em massa, na loja virtual o
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44
mercado limitado quanto ao acesso do pblico internet, e a propaganda se d por meio
eletrnico, como correio e stios eletrnicos, direcionada com base no comportamento do
pblico alvo.
Finalmente, quanto logstica, o autor destaca que o estoque das lojas fsicas
abastecido por centros de distribuio de acordo com o volume de vendas e os custos com a
transao so repassados aos clientes, e nas lojas virtuais, a mercadoria vai do centro de
distribuio ao cliente diretamente, que paga um valor de frete nesta transao, para receber a
mercadoria de acordo com a sua convenincia (DI GIORGI, 2015).
Tais diferenciaes entre comrcio fsico e eletrnico so relevantes para as empresas,
o que faz com que mesmo atuando em ambos os segmentos simultaneamente, passem muitas
vezes a adotar diferentes polticas internas e externas ao negcio, percebendo-se diferentes
resultados operacionais quando comparados. Por conta disso, mesmo adotando-se um mesmo
nome comercial com o objetivo de se obter penetrao no mercado, operaes fsicas e
operaes eletrnicas tratam-se muitas vezes de empresas distintas. Isso tambm ocorre com a
empresa adotada nesta pesquisa, voltada exclusivamente ao comrcio eletrnico, que mesmo
tendo sua marca utilizada em lojas fsicas, independente delas.
1.3.3 Vantagens do comrcio eletrnico
Quando comparado ao comrcio realizado fisicamente, o comrcio eletrnico possui
algumas vantagens. Segundo Di Giorgi (2015), se destacam como principais vantagens do
comrcio eletrnico s empresas, a reduo dos custos salariais, crescimento por transferncia
de canal de vendas, expanso ilimitada da oferta e estratgias diferenciais de crescimento.
De acordo com Vissotto e Boniati (2013) a reduo de custos salariais se d por conta
da no necessidade de manter funcionrios em lojas fsicas, mesmo que ainda se mantenham
como prprias as atividades internas de logstica e de atendimento ao consumidor. A reduo
destes custos tem representado papel importante para o estabelecimento das empresas do
comrcio eletrnico no mercado (KURNIA; KARNALI; RAHIM, 2015).
O crescimento por transferncia do canal de vendas ocorre por conta do comrcio
eletrnico se apresentar como um canal alternativo ao tradicional, adotado pelo modelo de
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45
lojas fsicas. O canal de vendas eletrnico, que possui uma taxa crescente de penetrao no
mercado, apresenta ao consumidor preos reduzidos, sacrificando muitas vezes a margem de
lucro, para se aumentar o volume de vendas e ganhar-se maior espao no mercado (DI
GIORGI, 2015).
Quanto expanso ilimitada da oferta, enquanto que nas lojas fsicas necessita-se
diluir os custos fixos, como aluguis, e por conta do seu espao, limitar e selecionar os
produtos disponibilizados de acordo com o histrico das vendas, tal prtica no se faz
necessria nas lojas virtuais, que conseguem ofertar ao consumidor produtos que esto fora de
linha e at mesmo itens com baixo giro de estoque (VISSOTTO; BONIATI, 2013).
Segundo Di Giorgi (2015), quanto adoo de estratgias de crescimento, estas sero
diferentes em relao ao comrcio em lojas fsicas, estando ligadas ao fluxo de visitantes
loja. O fluxo de visitas s lojas eletrnicas impulsionado pela praticidade das mesmas serem
disponibilizadas em stios eletrnicos, e est associado ao poder de impacto da marca da loja,
variedade de itens, e principalmente fidelizao do consumidor. Tendo-se em vista que o
maior tempo de navegao nas pginas eletrnicas no dedicado a compras, a fidelizao do
consumidor se dar na confiana obtida em funo da qualidade e da manuteno do nvel de
servio, como prazo e qualidade da entrega (IBARRA; PARTIDA; AGUILAR, 2015).
Ao consumidor, o comrcio eletrnico apresenta como vantagens: a possibilidade de
este pesquisar o produto sem a necessidade de se deslocar loja, comparar preos de diversos
stios eletrnicos, na maioria das vezes mais baixos que nas lojas fsicas, consultar
disponibilidade, prazos e fretes instantaneamente, analisar variao dos preos e por fim
fechar a compra, recebendo o produto onde for mais conveniente a ele, contando com o
direito ao arrependimento e suporte aps a compra (VISSOTTO; BONIATI, 2013).
1.3.4 Operao logstica no comrcio eletrnico
Em um sistema logstico, as empresas podem optar por operar as suas prprias
instalaes de distribuio. Dentro destas instalaes, os produtos so recebidos,
armazenados, classificados, coletados, embalados e expedidos, sendo a gesto destes
processos importante para que se atendam aos requisitos dos pedidos dos clientes
(BOWERSOX et al., 2014).
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Segundo Pedros Filho e Favero (2011), operao logstica pode ser definida como o
conjunto de aes que abrange a administrao dos pedidos do cliente, do recebimento de
mercadorias, dos estoques, da embalagem dos pedidos e do servio de expedio e entrega.
Cano, Becker e Freitas (2002) trazem que mesmo que a disponibilizao da
mercadoria com suas respectivas informaes, e o processo de compra se deem por meio
eletrnico, as empresas do comrcio eletrnico utilizam estruturas fsicas para
operacionalizao dos produtos.
Assim, como no varejo tradicional, o comrcio eletrnico recebe e entrega as suas
demandas por meio da operao logstica (GOUVEIA et al., 2013), tendo em vista seus
processos administrativos e operacionais, passando pelas diversas etapas envolvidas, como
recebimento, armazenamento, embalagem, expedio e entrega dos produtos adquiridos.
Contudo, h diferenas entre a operao logstica do comrcio eletrnico e a logstica
tradicional, conforme o Quadro 5.
Quadro 5 Comparativo entre a logstica tradicional e a logstica do varejo eletrnico
Caracterstica Logstica tradicional Logstica varejo eletrnico
Tipo de carregamento Paletizado Pequenas embalagens
Cliente Conhecidos Desconhecidos
Estilo de Demanda Empurrada Puxada
Fluxo do estoque Unidirecional Bidirecional
Tamanho mdio do pedido > $ 1000 < $ 100
Destino do pedido Concentrado Altamente disperso
Demanda Estvel e consistente Incerta e fragmentada Fonte: Gouveia et al. (2013)
Tais diferenas se do principalmente pelo fato da execuo do varejo eletrnico
chegar a nveis individuais de atendimento.
No processo de operao logstica esto envolvidas todas as etapas de planejamento e
execuo de movimentao de materiais, incluindo a armazenagem e os servios agregados
(BERTAGLIA, 2006).
Por conta de a operao logstica ser abrangente, podem ser encontradas possibilidades
de melhoria de processos e reduo de custos em suas diversas etapas, do recebimento de
materiais entrega ao cliente, e em seus diversos processos envolvidos.
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1.4 Dimenses Competitivas
A saturao dos mercados faz com que cada vez mais as empresas procurem expandir
os seus negcios por novos meios, utilizando recursos tecnolgicos de informao, para
conseguir reduzir os seus preos e estabelecer contato comercial de forma mais rpida e eficaz
(GONALVES et al., 2014). Assim, tomando iniciativas que a concorrncia no consegue
igualar, as empresas obtm vantagens competitivas.
Dentro deste contexto, as Dimenses Competitivas so as prioridades operacionais que
um processo ou cadeia de suprimentos necessita atender para satisfazer seus clientes internos
e externos (JITPAIBOON, 2014).
1.4.1 Abordagens das dimenses competitivas
Diferentes autores na literatura apresentam as dimenses que so melhor capazes de
representar as prioridades competitivas das organizaes.
Pillotto (2006), aps levantamento terico, adota como dimenses competitivas os
Custos, Qualidade, Desempenho de entrega, Flexibilidade e Inovao para uma abordagem
relacionada logstica.
Neves (2011), aps pesquisa bibliogrfica, nos traz que as dimenses competitivas da
manufatura que mais aparecem nos trabalhos publicados so Custo, Qualidade, Flexibilidade
e Entrega, conforme o Quadro 6.
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Quadro 6 Dimenses competitivas da manufatura mais citadas
Dimenses Autores
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Custo X X X X X X X X
Qualidade X X X X X X X X X X X
Flexibilidade X X X X X X X X X X X
Entrega X X X X X X X X
Confiabilidade X X
Preo X X
Capacidade de produo X
Sistema de informao X
Recursos humanos X
Logstica X
Reduo da base de fornecedores X
Lead time X X X
Integrao manufatura-estratgia empresarial X
Conformidade X
Reduo de estoque X
Utilizao da capacidade produtiva X
Flexibilidade de mix de produtos X
Flexibilidade de volume de produo X
Desenvolvimento rpido de novos produtos X
Inovao X X
Reclamao do cliente X
Perfil dos