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1 Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina - CEFET-SC Paulo Gilberto Schier, Paulo Valério Mendonça da Silva, Talles Roberto Machado. Projetos na EJA: Uma Análise de Experiências Sociais Florianópolis 2007

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Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina -

CEFET-SC

Paulo Gilberto Schier, Paulo Valério Mendonça da Silva,

Talles Roberto Machado.

Projetos na EJA: Uma Análise de Experiências Sociais

Florianópolis

2007

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Paulo G. Schier, Paulo V.M. da Silva, Talles R. Machado.

Projetos na EJA: Uma Análise de Experiências Sociais

Monografia apresentada como requisito parcial ao Programa de Especialização em Educação profissional Técnica de Nível Médio Integrada ao Ensino Médio na Modalidade de Jovens e Adultos do CEFET-SC. Orientador Prof. Ms. César Augusto Jungblut.

Florianópolis

2007

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FICHA CATALOGRÁFICA

GILBERTO SCHIER, Paulo; VALÉRIO MENDONÇA DA SILVA, Paulo; ROBERTO MACHADO, Talles; Projetos na EJA: Uma Análise de Experiências Sociais orientação de César Augusto Jungblut. Florianópolis, Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina, 2007. Monografia do Curso de Especialização em Educação

fi i l Té i d Ní l Médi I d E i

Paulo G. Schier, Paulo V.M. da Silva, Talles R. Machado.

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Projetos na EJA: Uma Análise de Experiências Sociais

Esta Monografia foi julgada adequada

como requisito parcial à obtenção do

título de Especialista, pelo Centro

Federal de Educação Tecnológica de

Santa Catarina.

_____________________________________________________ Prof. MsCésar Augusto Jungblut

Professor Orientador

Banca Examinadora:

_____________________________________________________ Prof.Ms Gláucia Dias da Costa

_____________________________________________________ Prof.Ms Fernando Goulart Rocha

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Agradecimentos

Gostaríamos de agradecer, a todos que nos ajudaram, não só na realização

desta Monografia, que sem dúvida foram de grande relevância, mas a todos que

apoiaram durante este breve período de nossas vidas, que foram os meses que

passamos dentro desta instituição. Citamos os amigos, Murilo, sempre ao nosso

lado, e sempre leal a nossa amizade. Grato somos também ao Eduardo, que por

diversas vezes nos auxiliou com sua performance acadêmica e amizade sincera.

Agradeço também ao Fabio “Grande” Coração, pela sua espirutuosidade e

perspicácia, que tornava nossos dias, no Cefet, uma grande festa. Grato somos

também a Teresinha, que se revelou uma grande amiga. Agradecemos ao Prof.

César Augusto, o qual sentimos uma enorme admiração e também pela sua

paciência na orientação deste trabalho de conclusão. Reconhecimento também ao

Henrique Tobal, que com seu bom humor e irreverência convertia os dias mais

tempestuosos em belos finais de semanas ensolarados. Lembramos também a Carla,

sempre generosa com seus elogios em relação a nós, e nós a ela, por tê-la por uma

grande amiga. Agradeço também a nossos familiares, por terem sido quase sempre

pacientes conosco. E agradecemos a Deus, por sempre iluminar o nosso caminho, e

nos presentear com a concretização de nossos objetivos.

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RESUMO

A educação de jovens e adultos é uma modalidade de ensino que caminha a

passos largos. Atualmente observamos um interesse institucional que ainda não

acompanha a demanda social, mas ações concretas tem sinalizado um caminho a

ser seguido.

Com base em nossas práticas na área da EJA, discutimos em nossa

monografia aspectos da realidade docente, destacando problemas e soluções

encontradas no exercício da mesma.

Atuando nas esferas, privada, municipal e estadual e com uma experiência

que somando nossas trajetórias já dura cerca de dez anos, nos sentimos livres para

demonstrar nossas considerações sobre o ensino na EJA, sempre focalizando as

disciplinas de história e geografia e sua interação as realidades de nossos

educandos, que no nosso entendimento deve apresentar-se como um elemento

facilitador no processo de aprendizagem na EJA.

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SUMÁRIO

Introdução 07

Capitulo 01 10

Capítulo 02 22

Considerações Finais 32

Fontes 34

Bibliografia 35

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Introdução

A função da escola é, além de ser um centro de preservação cultural da

sociedade, ela deve ser também um centro onde o ser humano é formado; onde ele

aprende a se relacionar com o seu meio, onde percebe que o que está a seu redor é

tão ou mais importante do que o Império Romano, que ele também deve conhecer,

mas, não pode esquecer da sua realidade.

A escola tradicional está cheia de problemas. Essa é uma constatação, e, se

vamos um pouco além dela, nos indagamos. Se a situação no ensino regular é ruim,

como seria na Educação de Jovens e Adultos? Menos tempo, alunos cansados,

professores sem formação adequada.

Essa era nossa expectativa ao iniciarmos as pesquisas e conversas com os

profissionais dessa área de atuação. Mas, qual não foi nossa surpresa ao

descobrirmos um manancial de boas idéias. Obviamente que há muito a ser feito,

mas, o que está sendo realizado por alguns profissionais, que ainda são poucos, dá

certo alento para o que pode vir pela frente. Afinal esses profissionais precisam se

multiplicar.

Percebemos, em nossas conversas como os profissionais que encontramos

pelo caminho já tem consciência de seu papel, e, de certa maneira, trabalham para

organizá-lo de uma maneira que seja compreensível a todos os que a eles tiverem

acesso. Os muitos pontos positivos que consideramos no uso de projetos para se

trabalhar em sala de aula é o fato de que eles possibilitam um trato muito mais

humano entre professores e alunos. O trabalho com projeto não parte de algo

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pronto, acabado em que o aluno apenas age como receptor de informações, ao

contrário, o ensino, a relação de quem ensina e quem aprende, acaba diluindo as

fronteiras, pois ambos aprendem e ambos ensinam. É claro que ao professor cabe

um papel extremamente importante, como guia do aluno, mas, quem disse que o

aluno não pode encontrar um novo caminho e mostrá-lo ao professor?

Se isso acontece, os resultados do trabalho estão surtindo efeito e o professor

pode se considerar um vencedor, em uma disputa em que não há perdedores, pois

o aluno também ganhou, e muito.

Também notamos, em nossas conversas como a relação com o ensino de

disciplinas de licenciatura em faculdades tem deixado a desejar. Todos os

professores com quem conversamos independente de terem prestado entrevista

formal a nós, nos garantiram que o ensino de disciplinas de licenciatura é deixado

de lado, feito de qualquer maneira, nas faculdades. E, ficamos a nos perguntar,

como esperar que a qualidade da educação melhore se não trabalharmos para isso?

O que esperar, que os abnegados, que como dissemos, são poucos, vençam todas as

barreiras? Que os profissionais dedicados se tornem à regra sem qualquer ajuda dos

que formam os professores? A impressão que todos têm – nós inclusive – é a de que

os alunos são formados para serem pesquisadores ignorando a atividade docente.

Ao final da faculdade, todos se tornam professores sem qualquer qualificação.

Muitos aprendem na prática mesmo, mas, sem qualquer prevenção, sem qualquer

possibilidade de terem posto em prática algumas idéias.

A monografia está dividida em duas partes. No primeiro capítulo é feita uma

discussão em cima da prática do ensino. Abordaremos a prática mais comumente

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utilizada pelos professores, que é a aula expositiva. É bom deixar claro, já na

introdução, que este trabalho antes de ser uma crítica pura e simples à maneira de

como a prática do ensino é utilizada, tem como objetivo mostrar como o uso de

projetos pode colaborar com o aprendizado em sala de aula, tornando a aula

dinâmica e mais interessante aos alunos. A aplicação de tecnologias como música,

imagens, vídeo torna viável ao professor uma aula mais dinâmica, pois desperta a

atenção dos alunos.

No segundo capítulo iremos nos prender mais na importância do projeto e

no tipo de aluno que o Ensino de Jovens e Adultos recebe. As expectativas, a forma

de trabalho, como o projeto auxilia um bom andamento das aulas e influencia no

desenvolvimento pessoal dos alunos.

A base principal da construção deste trabalho é a utilização da nossa

experiência social, entrevistas, formais e conversas informais com colegas de

profissão que atuam ou atuaram com a Educação de Jovens e Adultos.

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Capítulo 1

Da arte de Ensinar:

Os desafios da Educação para Jovens e Adultos

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A educação de jovens e adultos é algo que deve ser compreendida além do

simples ato de sentar-se em um banco escolar e assimilar o que está sendo dito pelo

educador. Essa educação vai, além disso. Ao contrário de uma criança ou

adolescente muitos dos assuntos abordados nas aulas do EJA têm uma relação com

o cotidiano dessas pessoas, e essa experiência pode ser aproveitada com o intuito de

tornar a aula mais dinâmica. Conforme Sérgio Haddad e Maria Clara Di Pierrô:

“No passado como no presente a educação de jovens e adultos sempre compreendeu um conjunto muito diverso de processos e práticas formais e informais relacionadas à aquisição ou ampliação de conhecimentos básicos de competências técnicas e profissionais ou de habilidades socioculturais.” 1 E, procurar algo que torne essa educação interessante é talvez um dos

grandes desafios que o profissional que atua nesse ramo tem que buscar. Não dá

para acreditar que a informação, por si só vai resolver todos os problemas dos

alunos, essa informação precisa ser moldada e transformada em um produto que

possa ser compreendido e entendido pelos alunos.

Trabalhar com a educação de jovens e adultos é um grande desafio e, ao mesmo

tempo, uma deliciosa conquista. Desafio por que é imperioso que o educador

consiga não só cativar o educando, mas, despertar nele o sentimento de que sua

opinião, seus pensamentos têm relevância e merecem ser discutidos. Há que inserir

no educando o sentimento de pertencimento que foi dele alijado pela sociedade. A

conquista vem quando esse objetivo é alcançado, a sensação de dever cumprido é

reconfortante e serve de incentivo para as turmas vindouras.

1 HADDAD, Sérgio. DI PIERRO, Maria Clara. Escolarização de Jovens e Adultos. In: Revista Brasileira de Educação. Maio/Jun/Jul/Ago 2000. nº14. p. 108

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Um dos primeiros questionamentos que se faz sobre a Educação de Jovens e

Adultos é a de que será que ela funciona? Afinal de contas seu público alvo são

pessoas que já passaram a muito do período escolar, são pessoas que têm que

ganhar a vida, trabalhando muito e têm suas aulas no período noturno quando já

estão cansadas e sua capacidade de reter algo é baixa. Esses questionamentos são

todos corretos, mas, e, caso a Educação de Jovens e Adultos não ocorra, essas

pessoas ficaram fora do processo formal do conhecimento? Ou haveria uma nova

forma de trabalhar a questão do ensino indo além do básico, o professor ensina o

aluno aprende; atitude essa que não funciona nem com os alunos regulares das

séries iniciais. Com a dinâmica que o mundo adquiriu as pessoas têm cada vez mais

a ensinar umas às outras e ouvir os alunos da Educação para Jovens e Adultos

talvez seja uma forma importante de captar e prender o interesse desses alunos.

Pensar a educação como uma possibilidade importante de inserção social é

um dos grandes desafios de sociedades com grande desigualdade social, como o

Brasil. O problema é que muitas vezes a educação não consegue atender às

necessidades do estudante e ele acaba se desencantando com os rumos que sua vida

toma dentro dos limites escolares. Essa desilusão, aliada à necessidade familiar de

garantir o sustento de todos os seus membros acaba por empurrar o estudante para

o ganho diário da vida impossibilitando ao mesmo um desenvolvimento intelectual

que possa oferecer-lhe uma vida melhor. Há muito a fazer até modificarmos esse

quadro, mas, estando com ele posto, à nossa frente, não podemos nem devemos

esmorecer; há muito a ser feito. Um trabalho importante é estabelecer um trabalho

de Educação de Jovens e Adultos competente que ofereça aos alunos um

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conhecimento sólido, baseado não só na tradição cientifica na qual a escola está

assentada, mas, ao mesmo tempo, ofereça uma ponte entre esse conhecimento

formal e o conhecimento que cada um dos alunos trás de sua vivencia cotidiana.

Agindo como mediador o educador poderá oferecer ao estudante a possibilidade de

visualizar que sua experiência de vida é tão importante quanto o conhecimento

posto nos livros.

Atualmente os programas de educação de jovens e adultos têm permitido a

inserção e o retorno de indivíduos, há muito tempo fora dos bancos escolares.

Trabalhar com esse contingente escolar especial, implica em enxergar as diferenças

e aproveitá-las, sabendo que cada pessoa traz consigo experiências próprias,

problemas e uma identidade cultural específica.

As disciplinas da área de humanas como, a História e Geografia,

proporcionam o ambiente intelectual rico e atuam como um facilitador dessa

mediação que privilegia a socialização, a troca de experiências, enfim o contato

humano tão necessário, para que haja um bom processo de ensino aprendizagem. O

uso de temas dessa disciplina como desencadeadores de discussões, a partir da

experiência dos alunos dá mais dinâmica às aulas e evita que os alunos se entediem

e acabem por abandonar as aulas. Há também a possibilidade de se utilizar

tecnologia em sala, uma vez que, o ensino de História em sala de aula normalmente

é considerado algo maçante, estático, salvo algumas exceções. Por ser

simplesmente, o papel do professor um mero repassador de conteúdos, reprodutor

de conhecimento, deixando muito a desejar na sua função de educador, para a qual

não foi corretamente preparado. Neste caso a aula expositiva, ministrada por um

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profissional desqualificado, torna-se desastrosa, algo difícil de ser digerido para o

publico alvo, os alunos. Voltamos a afirmar que a aula expositiva tem enorme

relevância, mas por si só não é o suficiente para o ensino de história nos dia atuais.

É comum hoje em dia encontrarmos profissionais egressos de cursos de graduação

de história, atuando no mercado de trabalho, desprovidos da qualificação

apropriada, deficientes para o exercício da função. Isso se dá justamente pela total

falta de cooperação entre a as disciplinas do bacharelado com as disciplinas de

licenciatura, prejudicando desta forma os acadêmicos do curso de história de nossa

universidade, perpetuando assim uma pratica obsoleta, arcaica de ensinar história.

Transformar informação em conhecimento é o desafio do professor, por isso

ele não pode ficar parado no tempo e deve procurar se empenhar o máximo que

puder para fazer de sua aula uma espécie de laboratório de análise onde os alunos

se exponham e façam perguntas, e participem da aula.

Devemos ter em mente conceitos bem claros relativos a História como um todo,

devemos pensar a história e sua utilidade, sua relevância. De acordo com Vavy

Pacheco Borges:

“A História, como vimos, não é só o levantamento de dados ou fatos; ela os relaciona entre si, ela interpreta seu sentido”. A História, como toda forma de conhecimento, procura explicar uma relação desconhecida. Nessa explicação, temos duas ordens de elementos: os fatos e sua interpretação. Esses dois elementos estão presentes, inseparavelmente, num trabalho de história.” 2

Cabe ao professor fazer com que os alunos se sintam mais à vontade para

externar o que pensam, e, para fazer isso, o professor precisa demonstrar que a

opinião do aluno é importante, que ele, professor, não é o único detentor do saber e

2 BORGES, Vavy Pacheco. O que é História. 7ªed. São Paulo: Coleção Primeiros Passos, 1984. P.62

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que juntos, professor e alunos, podem construir um saber que se baseia na

experiência de vida de ambos. Ao possibilitar ao aluno a chance de se expressar, o

professor estará compartilhando o desenvolvimento da aula, chamando o aluno a

se posicionar sobre qualquer assunto.

A outro ponto importantíssimo no que se refere à educação de jovens e adultos, a

qualificação do corpo docente. A formação oferecida aos profissionais em educação,

pelas faculdades é, via de regra, voltada ao ensino de crianças e adolescentes em

um período letivo anual. Raramente os profissionais estão preparados para

condensar a matéria, de um modo atrativo aos alunos, conforme aponta o professor

Paulo Valério Mendonça da Silva, 31 anos, atuando há dois anos na educação de

jovens e adultos na cidade de Palhoça:

“Acertar a linguagem para os alunos do EJA foi bastante complicado. Havia me preparado para um determinado público e, na primeira aula no EJA já percebi que a linguagem tinha que ser outra. Depois de conversar com alguns colegas que lecionavam já há algum tempo percebi que mais do que uma aula expositiva, o que valeria e interessaria aos alunos do EJA seria uma aula mais dialogada. Uma aula em que eles pudessem expor suas opiniões, ver as semelhanças entre a história e nossa realidade.”

Já o professor, Paulo Gilberto Schier 34 anos, atuando há Quatro anos na

educação de jovens e adultos no Colégio Eureka em São José, que de certa maneira

já previa a necessidade de uma nova mudança de linguagem nos disse que em sua

primeira aula, já passou trechos de um filme, “O Incrível Exército de Brancaleone”

com o intuito de discutir o servilismo, tanto medieval, quanto contemporâneo.

Schier nos contou que:

“Eu já previa que a abordagem com os alunos devia ser diferenciada, eles tinham uma experiência da vida que deveria obrigatoriamente ser aproveitada. Em uma manhã tive o estalo, fazer relações, usando filmes, entre o passado e o presente, entre as experiências históricas dos trabalhadores, e as experiências dos próprios alunos.”

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Já para o professor Henrique Tobal 30 anos, atuando a dois anos na educação

de jovens e adultos no EEB. Ildefonso Linhares em Florianópolis há que se

encontrar uma maneira de não se superficializar o conteúdo ministrado por que o

mesmo tem que ser oferecido em um tempo reduzido. A solução encontrada pelo

professor foi usar o conteúdo em forma de temas, relações sociais, culturais,

religiosidade, e, a partir desses temas, criar uma empatia dos alunos com o tema e, a

partir deles, discutir não só o período estudado, mas, também nosso próprio

período. Para Tobal:

“Fiquei pensando, sabe, como conseguir condensar todos os conteúdos em um semestre! Não queria ser superficial, pois acreditava que os alunos não iriam compreender; mas, também se quisesse abordar todos os assuntos, faltaria tempo. Então, um dia, lendo um livro, percebi que se abordasse por temas os assuntos, seria tudo mais fácil, uniria tanto a necessidade de trabalhar todo o conteúdo, e, ao mesmo tempo, teria condições de aprofundá-los pois, quase todos são temas polêmicos que abrem a possibilidade ao debate fazendo com que os educandos se posicionem e defendam suas idéias.”3

Essa dúvida do professor Henrique Tobal é bastante preocupante no debate

sobre a Educação de Jovens e Adultos. A nosso ver, a metodologia usada pelo

professor Tobal é muito interessante, pois une o conteúdo, bem trabalhado com a

questão do tempo, que é muito importante na Educação de Jovens e Adultos.

O professor Sandro Medeiros, 28 anos, atuando a 5 na educação de jovens e

adultos na cidade de biguaçu enfrentou um problema semelhante, mas, segundo ele

mesmo, não encontrou uma equação que o agradasse.

“Trabalhei um semestre todo e, durante todo esse semestre não consegui visualizar nos alunos um interesse tanto na matéria como no debate. Elaborava umas aulas que imaginava que dariam certo, e chegava em sala de aula, e nada acontecia. Os alunos emitiam opinião, mas, não acontecia o debate, eu até tentava introduzir umas questões como a da fome na África, as diferenças econômicas e sociais, mas, as aulas sempre patinavam sem chegarmos a um ponto em que eu considerasse o aprendizado atingido por todos. Isso foi decepcionante

3 TOBAL, Henrique, Entrevista concedida a Talles Roberto Pacheco. Florianópolis 24/Fev.2007.

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para mim, tanto que não quis mais trabalhar com Educação para Jovens e Adultos pois percebi que não estava bem preparado para atuar nessa área.”4

A constatação do professor Medeiros, é como já afirmamos decorrente da

formação que os profissionais trazem da faculdade. Há que se ter mais atenção às

disciplinas de licenciatura, pois a maior parte dos graduandos, após a conclusão do

curso, provavelmente irá atuar como docente. Não podemos exigir que a

universidade nos prepare integramente para o exercício da docência, mesmo

porque, muitas experiências no ocorrerão no decorrer das nossas vidas enquanto

profissionais da área da educação, mas acredito que é possível dar um pouco mais

de atenção a licenciatura e suas disciplinas, tão importantes para a formação de um

profissional qualificado. Os nossos entrevistados têm toda uma opinião semelhante

quanto a não qualificação oferecida pela Universidade no que se refere à atividade

de professor.

Para o professor Tobal:

“Passei pelas disciplinas da licenciatura como quem passa por uma aula de grego. Não aprendi nada. Nada de prático nos foi passado, os professores das disciplinas de licenciatura nos falavam de uma escola utópica, muito mais no plano das idéias do que num plano real. Só fui aprender a como trabalhar, exercendo a atividade de professor e na conversa com outros colegas, pelos meus professores aprendi muito pouco, posso até afirmar que com eles aprendi muito do que não fazer mais até do que o que fazer.”5

Essa constatação feita pelo professor Henrique Tobal bem como a de outros

profissionais nos leva a constatação de que é necessário que exista uma

especialização para quem se dedicar a lecionar na área de Educação para Jovens e

4 MEDEIROS, Sandro. Entrevista concedida a Paulo Gilberto Schier. São José 10/Mar.2007. 5 TOBAL, Henrique, Entrevista concedida a Talles Roberto Pacheco. Florianópolis 24/Fev.2007

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Adultos evitando assim que os profissionais aprendam as coisas na base da

tentativa e erro.

O professor Paulo Valério afirma que:

“É necessária uma formação específica para a área em que o profissional é posto a lecionar, de nada adianta simplesmente jogar o professor em sala sem que ele esteja preparado para extrair o melhor dos alunos.”

Os profissionais que se propõem a trabalhar com Educação de Jovens e

Adultos devem ter em mente que as prioridades dadas aos alunos são diferentes

das que são importantes para os alunos de um curso regular.

Por ser voltada para um público específico e com defasagens claras de

aprendizagem formal, e, ao mesmo tempo com um conhecimento que foi aprendido

além dos muros da escola, e que não deve ser deixado de lado, a Educação de

Jovens e Adultos necessita de profissionais bem formados e não “de profissionais que

estão lá para fazer um bico e querendo apenas garantir um complemento salarial”6,

conforme aponta o professor Sandro Medeiros. Já para o professor Mendonça:

“Há que se ter uma atitude muito séria no que se refere à Educação de Jovens e Adultos. Pois os já sabidos problemas educacionais que o país enfrenta há anos ainda é agravado pelos problemas que os alunos desse setor do ensino. Muitos alunos têm problemas de estima que devem ser trabalhados no sentido de extrair dos alunos o que eles de melhor possam contribuir.” O que é necessário, seguindo o raciocínio não só dos professores

entrevistados, mas, também nosso, é o de valorizar o conteúdo trabalhado.

“Nos cursos supletivos, quase sempre a idéia defendida, é a de superficializar os conteúdos; aligeirar a aprendizagem, pois é corrente o pensamento de que o jovem e o adulto podem aprender mais rapidamente por deterem experiência de vida. Na prática essa idéia nunca se confirmou, mostrando que, às vezes, o tempo necessário é o mesmo da criança e, talvez, até mesmo maior.”7

6 MEDEIROS, Sandro. Entrevista concedida a Paulo Gilberto Schier. São José 10/Mar.2007. 7 Série Educação de Jovens e Adultos – Programa nº8 14/05/97. p. 1-2

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Em conversas informais com alguns alunos da Educação de Jovens e Adultos

percebe-se como o trabalho de seus professores, que se preparam para exercer

atividade nessa área, é importante. Um dos alunos, que preferimos não identificar

nos disse que:

“Fui fazer o supletivo por que precisava do diploma para arrumar um emprego. Não tinha muita vontade de estudar, mas, as aulas eram tão boas de ver, os professores gostavam e até pediam para que nós déssemos nossa opinião que no final, eu já estava gostando bem mais das aulas”8 Outro aluno nos disse: “pela primeira vez me senti respeitado, quando eu falava de

mim, não era olhado com pena, mas, com respeito principalmente pelos professores”9. Esses

depoimentos mostra como o que o professor Mendonça havia dito é tão importante,

além de passar o conteúdo o professor necessita também resgatar a auto estima do

aluno. Então, o problema que se coloca, é como trabalhar as diferenças de várias

naturezas e níveis, incentivando a socialização entre os educando e privilegiando

suas experiências individuais em benefício da coletividade em sala de aula.

O corpo docente que pretenda alcançar algo com os estudantes da Educação

para Jovens e Adultos, deve refletir muito sobre seus objetivos e como valorizá-los,

para evitar criar um mundo a parte do que vive o estudante, prejudicando tanto o

processo de ensino aprendizagem quanto a troca de experiências entre os alunos.

O que temos observado em nossas saídas a campo e também em nossa

atuação nessa área de atuação, como professores, e, já fazendo uma relação com a

teoria por nós discutidas no curso percebemos que há a necessidade de que a

situação extra-sala do estudante seja compreendida. O desemprego, a baixa estima,

8 Entrevista concedida a Paulo Gilberto Schier. São José 02/Abr.2007. 9 Entrevista concedida a Paulo Gilberto Schier. São José 02/Abr.2007.

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problemas familiares, preconceito social, dificuldade na compreensão tanto no

aspecto escolar como na vida mesmo de situações prosaicas, interferem e muito no

processo de inserção do aluno em sala e nas discussões. A nosso ver, essas variáveis

devem ser consideradas pelo educador no momento de realizar seu trabalho com

esse público. Entretanto isso implica em uma mudança de atitude do educador, “o

professor tem que respeitar a experiência de vida do aluno” isso faz bem ao aluno “a gente

tem mais vontade de participar quando nota que o professor respeita nossa opinião”10 . Esse

talvez seja o grande objetivo da educação, tornar a escola um lugar agradável para

os alunos, em qualquer nível; uma vez sentindo-se bem na escola, os alunos

claramente se tornarão mais participativos e, Alunos críticos, capazes de

compreender o que lêem, o que ouvem, o que vêem só se formam se o professor

instigá-los com questionamentos que estejam próximos da realidade em que eles

vivem. Até para tornar a aula mais dinâmica, trazendo a história para perto do

aluno, perto da sua realidade.

Ao longo de nossa pesquisa sobre a prática do ensino na Educação para

Jovens e Adultos, percebemos é que há a necessidade de uma formação específica

para a atuação na educação de Jovens e Adultos, isso evitaria um dos grandes

problemas da educação de jovens e adultos; a superficialidade com que os

conteúdos são abordados. Sob a desculpa da falta de tempo, os profissionais

acabam não aprofundando qualquer assunto, e com isso não despertam nos

estudantes o interesse, fazendo com que eles se interessem apenas por notas e pela

aprovação no final do período em que estão em sala conseguindo o tão ansiado

10 Entrevista concedida a Paulo Gilberto Schier. São José 02/Abr.2007.

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diploma, mas, sem qualquer conhecimento que ofereça subsídio intelectual ao

documento que eles recebem.

Com essa prática uma vez mais os alunos da Educação para Jovens e Adultos

são prejudicados socialmente, se num primeiro momento foram prejudicados pelo

mercado, que os obrigou a inserirem-se no mercado de trabalho antes de estarem

aptos para ele. Depois desse primeiro golpe, são prejudicados por aqueles que os

deveriam ajudar, essa talvez seja a pior das traições, pois o golpe vem de onde

menos se espera.

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Capítulo 2

Os Projetos

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Um dos pontos principais e diferenciais da Educação para Jovens e Adultos é

o fato de trabalhar com projetos. Isso facilita o aprendizado e permite ao aluno

visualizar o aprendizado como pertencente a um processo global, e não apenas

como algo localizado a determinada disciplina e sem qualquer relação com seu

cotidiano. Como assinala Emir Sader no prefácio de Para além do Capital”, livro de

István Mészáros,

A diferença entre explicar e entender pode dar conta da diferença entre acumulação de conhecimentos e compreensão do mundo. Explicar é reproduzir o discurso midiático, entender é desalienar-se, é decifrar, antes de tudo, o mistério da mercadoria, é ir para além do capital. [...] Os que lutam contra a exploração, a opressão, a dominação e a alienação – isto é, contra o domínio do capital – tem como tarefa educacional a “transformação social ampla emancipadora”.11

A nosso ver, a atitude de um professor, te quem ser justamente a de procurar

que seu aluno tenha mais do que um acúmulo de informações, um aprendizado do

que está sendo passado a ele. Só com o aprendizado o aluno poderá libertar-se da

condição em que se encontra sair do fundo da caverna platônica e poder vislumbrar

o mundo em que vive e não apenas as sombras criadas, não pelos objetos em si,

mas, pelas classes dominantes.

O profissional da educação deve lutar sempre contra a alienação como

produto final da educação, deve postar-se na vanguarda do ensino e fazer de sua

atividade de professor como um auxiliar do aluno para que ele tenha isso como um

aprendizado não só para a escola, mas, para a vida.

E, como fazer isso? Como transformar pensamento em ação? Como sair da

teoria de um ensino para vida, para a prática da vida com o ensino? Um dos

11 SADER, Emir. Prefácio. In: MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital. São Paulo: Boitempo Editorial, 2005. p 18

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primeiros, e primordiais, passos é a elaboração de projetos. Os projetos servem

como guias em que se tem um ponto de partida e, ao mesmo tempo, um ponto de

chegada que pode ter sua rota alterada ao longo do percurso, mas, ao menos há

algo em que se possa modificar. Para que isso ocorra verdadeiramente há

necessidade de um engajamento por parte do profissional em que ele tenha

condições de conhecer seus alunos, isso lhe possibilita elaborar propostas de

trabalho, elaborar atividades compatíveis com o nível e os interesses de seu grupo.

Sob esse aspecto, a Educação para Jovens e Adultos é um desafio aos professores,

pois exige uma sensibilidade educacional, por parte de quem se propõe a trabalhar

com educação, muito grande.

Ao elaborar um projeto o profissional em educação está traçando um

caminho a ser seguido, isso não impede de fazer desvios na rota programada. De

acordo com nossa experiência profissional, o projeto funciona melhor quanto maior

for o envolvimento, segundo o professor Paulo Valério Mendonça:

“Desenvolvemos, certa vez, um projeto sobre negritude que foi ótimo. Abordamos vários aspectos. Eu, em história, trabalhei com as justificativas históricas para a escravidão. O professor de geografia abordou as relações humanas e geográficas, a professora em ciências aproveitou para estudar a genética e, mostrar aos alunos que a diferença povos é apenas cultural e de adaptação ao local em que eles vivem e não tem superioridade alguma entre um europeu e um africano; mas, apenas cada qual está adaptado a viver na região em que nasceu. Em português foram estudados alguns poemas e discursos a favor e contrário à escravidão africana. Ao final de tudo, foi gratificante ver o quanto os alunos aprenderam como os debates estavam fluindo, como a interdisciplinaridade realmente acontecia, ou seja, as matérias não se restringiam ao seu período, ao contrário, eram usadas informações de uma disciplina para dar consistência aos argumentos elaborados pelos alunos.”

Esse comportamento dos alunos, descrito pelo professor Mendonça, é o

objetivo final da educação. Você conseguir extrair dos alunos um interesse pelo que

está sendo estudado de uma forma que o conhecimento é adquirido retrabalhado e

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devolvido em forma de opinião. Através desse depoimento, percebemos que houve

um comprometimento de toda a comunidade escolar. Os professores elaboraram

suas aulas de acordo com o projeto inicial, relações entre brancos e negros baseada

no preconceito. Usando suas disciplinas, os professores mostraram, com base

cientifica, o equivoco do preconceito. Ao fazer isso, os professores conseguiram

despertar, em seus alunos, o interesse pelo assunto, tornando as aulas um palco de

aprendizado e também de discussões em que o que foi aprendido foi revertido em

opinião, baseado em tudo que aprendeu, o aluno pôde se expressar com

propriedade.

Outro ponto importante a ser ressaltado é que os professores tiveram a

sensibilidade de escolher um projeto que seduzisse seus alunos de uma maneira

que eles se sentiram envolvidos no projeto.

“No início não havia um entendimento direito dos alunos de onde queríamos

chegar, mas, ao cabo de uns dias, eles mesmos já estavam propondo atividades,

questões. Como a leitura não era um hábito deles, as propostas diziam mais

respeito à televisão. Por que havia poucos negros nela? Por que quase não havia

negros em destaque? Por que os negros estavam restritos, quase que apenas, aos

esportes? Por que não se vêem negros concorrendo em cargos para o executivo? As

questões levantadas por eles foram todas respondidas por eles, nesse ponto, nós

professores optamos por rebater as perguntas com outras dúvidas, se algum aluno

perguntasse se referindo a algo que ele considerava um mito, ‘professor, mas, isso é

um mito!? – O que é um mito para você?’. Levávamos os alunos a elaborarem as

suas respostas, o que é muito mais interessante do que darmos nossa opinião.”

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Entretanto é bom ressaltar, nas palavras do professor Mendonça, “todos os

professores pegaram junto”, ou seja, houve uma participação de todos os

profissionais, pesquisando, procurando material, elaborando cada qual um projeto

para sua disciplina que encaixava no projeto maior – Escravidão e Preconceito. O

título do projeto já é por si interessante, une dois assuntos históricos e

contemporâneos. A escravidão que só foi possível devido ao preconceito que existia

entre os povos. Hoje temos a escravidão branca, que é tratada com tanto horror

como se a escravidão negra fosse menos horrorosa, e, o preconceito, ainda mais

presente hoje em que as pessoas são forçadas a se enquadrarem em determinados

tipos ou então são excluídas. Ao colocar o aluno como membro participante de um

projeto, estar-se-á dando a ele a oportunidade de vivenciar uma experiência nova,

ele estará sendo posto em uma situação em que a construção do conhecimento

estará integrada às práticas vividas. Esse aluno deixa de ser, nesta perspectiva,

apenas um aprendiz do conteúdo de uma área do de conhecimento qualquer e irá

se transformar em um agente transformador do conteúdo. Por isso é importante

não homogeneizar os alunos, desconsiderando sua história, seus modos de viver,

suas experiências culturais, considerando os conteúdos como se fossem neutros.

Nessa mudança de perspectiva, os conteúdos deixam de ser um fim em si

mesmo e passam a ser os meios para ampliar a formação dos alunos e sua interação

com a realidade de forma crítica e dinâmica. Essa mudança traz conseqüências na

forma de selecionar os conteúdos que antes era cumulativo, ou seja, a apresentação

de um conteúdo por vez. Os projetos de trabalho trazem, devido à sua natureza

mais flexível, uma relação mais dinâmica com os conteúdos, que são tratados de

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maneira mais abrangente e dinâmica, uma vez que a sua realização depende da

participação de todos.

“A idéia fundamental dos projetos como forma de organizar os conhecimentos escolares é que os alunos se iniciem na aprendizagem de procedimentos que lhes permitam organizar a informação, descobrindo as relações que podem ser estabelecidas a partir de um tema ou problema. A função principal do projeto é possibilitar aos alunos o desenvolvimento de estratégias e globalizadoras de organização dos conhecimentos escolares, mediante o tratamento da informação”.12

Tal prática pedagógica está apoiada nos princípios da interdisciplinaridade e

da transversalidade, que são fundamentais para a qualidade da aprendizagem dos

alunos colaborando para sua emancipação.

Entendemos interdisciplinaridade o modo de lidar com o conhecimento produzido

pela humanidade e como se lança mão das diversas ciências. Com ela garante-se

que a realidade seja entendida com a colaboração de variados olhares, sem perder

de vista a perspectiva histórica. Podemos citar como exemplo a história cultural,

que aborda temas que não são considerados “relevantes” pela chamada “história

tradicional”, mas, que servem para que possamos entender e compreender quais

eram os modos de vida de determinado período histórico, o que pensavam as

pessoas comuns, quais eram suas crenças, seus medos, etc. Outra vantagem para o

ensino da história, sob a ótica da cultura é que se pode relacionar, mais facilmente, com

outros campos do conhecimento, como a literatura, sociologia, antropologia, mostrando,

dessa forma, aos alunos, que história não é só uma seqüência de fatos, mas uma relação entre

o meio onde as pessoas vivem e a sua maneira de se relacionar com o mesmo. 13

12 HERNÁNDEZ, Fernando; VENTURA Montserrat. A organização do currículo por projetos de trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio. 5. ed. Porto Alegre: ARTMED, 1998. p.199 13 Um livro que trata a história cultural de forma bastante didática e que pode ser usado pelos professores em sala de aula é o livro de PESAVENTO, Sandra J. História e História cultura. Belo Horizonte: Autentica 2003.

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Outro ponto que pode ajudar ao professor ao trabalhar projetos é o uso de

tecnologias, filmes e imagens, reportam muito bem sobre o comportamento de

sociedades passadas. Isso certamente colabora muito com a visualização do que se

espera. O professor Schier também tem uma experiência de pesquisa sobre o uso de

tecnologia em educação fundamental, seu Trabalho de Conclusão de Curso em

História abordava justamente o tema. Em seu TCC ele escreve:

“A primeira vez que fiz uso de computador e internet como recurso nas aulas de história, tive uma experiência no mínimo interessante, os alunos estavam aguardando a velha aula decoreba, qual não foi à surpresa dos mesmos quando após conversa prévia com a direção, falei em voz alta: Todos para o laboratório de informática! Foi uma festa, embora tivessem uma vaga idéia do que os aguardava, o que os deixou mais entusiasmados era o fato que iriam ter uma aula diferente. É óbvio que anteriormente a isto, fiz um estudo e uma análise referente aos meus objetivos, por não seria prudente nem responsável irmos para um laboratório de informática sem um projeto em mente.”14

Essa experiência pode muito ser transferida para a Educação de Jovens e

Adultos, afinal de contas, somos todos seres visuais, e compreendemos melhor se

pudermos visualizar o que está sendo descrito. É claro que para essa experiência

tenha um resultado semelhante, há necessidade de que o professor conheça bem os

alunos com quem vai trabalhar, pois somente dessa forma poderá haver um ganho

real de aprendizagem.

Também é importante que o professor tenha em mente que o processo de

ensino aprendizagem é válido para ele também. Nem sempre irá acertar tudo de

saída. Como já afirmamos antes, um projeto é um guia não um molde que nos

engessa e não nos permite sairmos da rota. Há uma idéia inicial, mas, se ela vai

seguir nela até o final ou não, é algo que só se saberá ao longo do percurso. 14 SCHIER, Paulo. Novas Tecnologias e Antigas Propostas no Ensino de História: aplicações, práticas e resistências. Florianópolis. 2003. p. 32

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Mas, qual o interesse dos alunos ao ingressarem na Educação de Jovens e Adultos?

Qual o seu perfil? Em 2000, pela primeira vez, o Censo IBGE forneceu dados relativos à

freqüência escolar pela rede freqüentada: 79% dos alunos estão matriculados na rede pública

e gratuita de ensino, o que reforça a necessidade de compreensão da oferta pública de

educação como direito. A despeito desses dados, o número absoluto de sujeitos de 15 anos ou

mais (que representam 119,5 milhões de pessoas do total da população) sem conclusão do

ensino fundamental (nove anos de escolaridade 15), como etapa constituidora do direito

constitucional de todos à educação, é ainda de 65,9 milhões de brasileiros. Da população

economicamente ativa, 10 milhões de pessoas maiores de 14 anos e integradas à atividade

produtiva são analfabetos ou subescolarizadas. 16

Como reflexo das desigualdades, negros e pardos com mais de dez anos de idade

também são mais vitimados nesse processo, com menos anos de escolarização do

que brancos. Nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste as diferenças se

apresentam de forma mais aguda. Na Região Sul o problema educacional tem

menos distorções, mas isso não significa que não exista problema algum. Ao

contrário, existem desigualdades e, por serem menores que em outras regiões do

Brasil, podem ser mais bem trabalhadas. Há algumas possibilidades, como o ensino

profissionalizante que vai além do que ocorre geralmente que é a busca pelo que já

deveria ter sido aprendido, a recuperação da defasagem. A nosso ver, independe o

objetivo a que se quer chegar, se profissionalizante se conteúdo de recuperação, o

que é importante é que a opção que seja feita, seja bem embasada, com profissionais

15 A Lei Federal n. 11.114, de maio de 2005, modifica a redação dos artigos 6º, 30º, 32º e 87º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) 9394/96, tornando obrigatória a matrícula das crianças a partir dos seis anos de idade no ensino fundamental. 16 Fonte: PROEJA. Documento base. Originário da Portaria no 2.080, de 13 de junho de 2005. p. 14

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capacitados, usando de várias possibilidades para ensinar seus alunos e ajudá-los

em seu caminho de recuperação de auto-estima e também de uma melhora

considerável em sua situação social e econômica.

De toda sorte, independente de qualquer coisa, o que salta aos olhos a todas

as pesquisas feitas, é como as políticas educacionais perpetradas pelo governo –

qualquer governo – têm sido equivocadas e ineficientes. Há também o desinteresse

“natural” de muitos alunos, que deve ser combatido não com uma atitude

repressiva por parte do educador, mas de canalizar esse desinteresse, instigar o

aluno a falar sobre ele, perceber o porquê que ele não gosta da aula, é tarefa do

professor trazer os mais recalcitrantes para a aula, não só em matéria, mas em

espírito também.

É comum ouvirmos de alunos da Educação de Jovens e Adultos a frase, “estou aqui

para conseguir o diploma”, traduzindo, não quero me incomodar, quero ficar aqui

o tempo exigido para receber esse pedaço de papel que poderá indicar que, na

teoria, estou apto para desenvolver certas atividades. Esse é o ponto de vista com

que a maioria dos alunos chega para cursar um ensino diferenciado.

“No primeiro dia de aula perguntamos aos alunos o que queriam ao matricular-se na Educação de Jovens e Adultos, quais suas expectativas, a maioria esmagadora das respostas foram: O diploma e espero conseguir um emprego melhor, ou um emprego, para os que estavam desempregados. Nenhuma resposta a respeito do ensino, nenhuma resposta dizendo que queria adquirir conhecimento. O período em que passariam conosco era uma espécie de pena imposta pela sociedade para que eles conseguissem aquilo que já deveriam ter um diploma. A possibilidade de aprender algo novo estava distante de suas expectativas. Entretanto, antes mesmo do final do período eles já haviam modificado sua opinião, viam a importância do que estavam aprendendo, e, sentiam-se mais confiantes em se expor. Isso foi sem duvida uma vitória do grupo. Tanto dos professores que incentivaram esses alunos a desenvolverem-se por si, quanto dos alunos mesmos que nos deram uma chance de mostrar a eles que a Educação de Jovens e Adultos ia além de um simples limite de tempo entre eles e o diploma que deveria ser vencido.”17

17 TOBAL, Henrique, Entrevista concedida a Talles Roberto Pacheco. Florianópolis 24/Fev.2007.

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O educador deve sempre procurar levar em consideração que é necessário

usar de todos os artifícios possíveis para atrair esses alunos, distantes das

possibilidades do ensino para que ele faça uso de suas capacidades de uma maneira

mais independente. Para isso, há a possibilidade do uso de tecnologia, buscando

sempre levá-las para sala de aula, colocando-as em contato com os alunos,

mostrando aos alunos como é possível aprender de um novo jeito, e, que o

aprendizado não deve, e não pode ser algo com gosto de pó de giz acompanhado

do desinteresse dos alunos.

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Considerações Finais

Ao chegar ao final de mais uma etapa na vida percebemos o quanto

crescemos, o quanto melhoramos em nossa atividade profissional, em nossa vida

pessoal. O trabalho, hercúleo, de escrever uma monografia parece ser demasiado

grande para ser realizado em um espaço de tempo tão curto, um semestre, no

entanto chega-se ao fim. E quando chega ao fim é que nos damos conta de que não

foi tão difícil assim, tanto que acabada a redação do trabalho nos perguntamos, mas

é só isso? Bem, talvez não seja só isso, muitas outras coisas devem vir pela frente,

mas, a conclusão de mais uma etapa em nossa formação profissional certamente é

um passo importante.

Com a realização do trabalho, pudemos perceber que cabe ao professor em

geral oferecer aos alunos possibilidades de se sentirem como personagens ativos na

construção do processo de ensino aprendizagem. Foi possível vislumbrar, na

conversa com outros profissionais que é possível e necessário que o professor se

interesse e procure tornar as suas aulas mais dinâmicas, mais perto da realidade

vivida pelos alunos.

Os exemplos dados pelos professores entrevistados, que foram utilizados por

eles em suas atividades como docentes no EJA mostra que é possível realizar um

bom trabalho tendo pouco material, o que é imprescindível é despertar nos alunos a

vontade de aprender. O que é preciso é organização por parte do professor,

acontecendo isso, os resultados virão certamente.

Pelo que foi possível observar muitas das situações de sala de aula em que há

desinteresse por parte dos alunos são responsabilidade do professor que não

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desperta nos alunos a sua curiosidade, vontade de expor as suas opiniões, de se

mostrar.

Como observa o professor Mendonça:

“É obrigação de o professor despertar o interesse dos alunos, fazer com que eles saiam da defensiva e passem a se expor, a expor suas opiniões, a mostrar que eles pensam e o que pensam pode e deve ser considerado. É obrigação do professor mostrar para os alunos que eles também podem escrever a história, que eles fazem parte da história, que a vida deles, da comunidade em que vivem pode e é tão relevante quando a II Guerra Mundial.”

Essa opinião do professor Paulo Valério Mendonça calha muito bem com a

atitude que os professores da Educação de Jovens e Adultos devem ter uma atitude

de conquista de seus alunos, para que eles se sintam animados e vão, aos poucos

recuperando, ou ganhando uma auto-estima que irá lhes ser úteis não só em sala de

aula como também para a vida.

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Fontes:

Paulo Gilberto Schier

Paulo Valério Mendonça da Silva

Talles Roberto Pacheco

Entrevistas:

- Sandro Medeiros, Graduado em História pela UFSC em 2002.

- Henrique Tobal Junior, Graduado em História pela UFSC em 2005.

- Alunos Matriculados na Modalidade CEJA e Colégio Eureka.

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