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CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM MASSOTERAPIA CHINESA SÍNDROME DE EXCESSO DE CALOR NO CORAÇÃO: UMA PROPOSTA DE TRATAMENTO PELA MASSOTERAPIA CHINESA ELISA SANT’ANNA MARTINS FLORIANÓPOLIS – SC FEV/ 2010

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CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM

PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM MASSOTERAPIA CHINESA

SÍNDROME DE EXCESSO DE CALOR NO CORAÇÃO:

UMA PROPOSTA DE TRATAMENTO PELA MASSOTERAPIA

CHINESA

ELISA SANT’ANNA MARTINS

FLORIANÓPOLIS – SC

FEV/ 2010

SÍNDROME DE EXCESSO DE CALOR NO CORAÇÃO:

UMA PROPOSTA DE TRATAMENTO PELA MASSOTERAPIA

CHINESA

Monografia apresentada ao Centro Integrado de Estudos e Pesquisas do Homem como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Massoterapia Chinesa

Florianópolis, fevereiro de 2010

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CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM

PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM MASSOTERAPIA

CHINESA

SÍNDROME DO EXCESSO DE CALOR NO CORAÇÃO: UMA

PROPOSTA DE TRATAMENTO PELA MASSOTERAPIA

CHINESA

Elaborada por

ELISA SANT’ANNA MARTINS

COMISSÃO EXAMINADORA:

_______________________________________________________

Prof. Marcelo Fabian Oliva Moyano, Esp

Orientador/ Presidente da Banca

________________________________________________________

Prof. Analyce Claudino dos Santos, Esp

Membro da Banca

_______________________________________________________

Prof. Luisa Regina Pericolo Erwig, Msc

Membro da Banca

Florianópolis, fevereiro de 2010.

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Dedico este estudo a minha família, pelo apoio e incentivo.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pela sua proteção;

Aos professores, pela socialização de saberes;

E a todos que contribuíram para o desenvolvimento do trabalho.

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Assim sendo apreensão e ansiedade, pensamentos obsessivos e preocupações prejudicam os espíritos. Prejudicados os espíritos, sob os efeitos do medo e do temor, algo transborda sem parar. Em estado de tristeza e de aflição, nos comovemos no centro; algo seca e se interrompe e a vida se perde. Na alacridade e na alegria profunda, os espíritos se assustam e se dispersam; portanto, não há mais entesouramento. Na opressão e no pesar os sopros se fecham e se bloqueiam; portanto, não há mais circulação. Na cólera crescente, nós nos perturbamos e nos desviamos; portanto, nada mais está sob controle. No medo e no temor, os espíritos se agitam e se assustam; portanto, já não podem se conter. Elisabeth Rochat de La Vallée e Claude Larre

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SUMÁRIO

RESUMO_______________________________________________________ 08 1 INTRODUÇÃO_________________________________________________

09

1.1 O PROBLEMA E A SUA RELEVÂNCIA___________________________ 09 1.2 OBJETIVOS_________________________________________________ 10 1.2.1 Geral______________________________________________________ 10 1.2.2 Específicos_________________________________________________ 10 1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO____________________________________ 10 2 REVISÃO DA LITERATURA______________________________________ 11 2.1 MEDICINA TRADICIONAL CHINESA_____________________________ 11 2.1.1 Yin/ Yang__________________________________________________ 11 2.1.2 Os Cinco Elementos__________________________________________ 13 2.1.3 Qi________________________________________________________ 14 2.1.4 Zang/ Fu___________________________________________________ 15 2.1.5 Canais____________________________________________________ 16 2.1.6 Shen (Mente)_______________________________________________ 18 2.2 MASSOTERAPIA – UMA VISÃO GERAL__________________________ 24 2.2.1 Desenvolvimento da Massagem na China_________________________ 25 2.3 SÍNDROME DE EXCESSO DE CALOR NO CORAÇÃO_______________ 29 2.4 SÍNDROME DE EXCESSO DE CALOR NO CORAÇÃO – UMA PROPOSTA DE TRATAMENTO____________________________________

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3 METODOLOGIA DO ESTUDO____________________________________ 35 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS_______________________________________ 36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS__________________________________ 38

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RESUMO

Título: Síndrome de Excesso de Calor no Coração: Uma Proposta de Tratamento pela Massoterapia Chinesa Autora: MARTINS, Elisa Sant’Anna Orientador: Marcelo Fabian Oliva Moyano

A presente pesquisa tem por objetivo descrever uma proposta de tratamento para a Síndrome de Excesso de Calor no Coração, pela Massoterapia Chinesa. Atualmente esse recurso terapêutico vem ganhando destaque pela eficácia e variedade de enfermidades tratadas com sucesso. As pesquisas evidenciam a importância dessa modalidade de tratamento, principalmente devido ao seu baixo custo financeiro e excelentes resultados em curto prazo de tempo. Sabe-se que a Síndrome de Excesso de Calor no Coração, envolve uma variedade de sintomas como: taquicardia, insônia, irritação, estresse, opressão torácica, entre outros, causando prejuízos significativos a sua saúde em geral, principalmente pela sua cronicidade. As teorias da Medicina Tradicional Chinesa correspondem a um tema novo na nossa cultura e, as referências acerca desse assunto são escassas. Com isso, propõe-se com esse estudo, trazer conhecimentos e esclarecer acerca da massoterapia, tão antiga na civilização oriental, e que se torna um recurso favorável para tratar essa enfermidade que cada vez mais acomete a população mundial sem distinção de sexo, raça e gênero.

Palavras-chave: Massoterapia Chinesa. Síndrome de Excesso de Calor no Coração. Medicina Tradicional Chinesa. CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM - CIEPH PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM MASSOTERAPIA CHINESA Florianópolis, fevereiro de 2010.

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1 INTRODUÇÃO

1.1 O PROBLEMA E A SUA RELEVÂNCIA

A idéia dessa pesquisa surgiu no decorrer do Curso de Especialização

em Massoterapia Chinesa, quando se estudou a técnica no tratamento da

síndrome de excesso de calor no Coração, com resultados significativos e

positivos. Por isso, este trabalho pretende enfocar os conceitos e tratamentos

dessa síndrome energética.

O modelo da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) coloca as atividades

mentais diretamente relacionadas às funções dos seus sistemas de Zang/Fu

(Órgãos e Vísceras), de Xue (Sangue), de Jing (Essência), dificultando o seu

entendimento para a medicina ocidental.

A massoterapia chinesa é uma técnica de massagem terapêutica usada

pelos profissionais da saúde para tratar diversas patologias físicas e

emocionais. Ela utiliza técnicas da MTC, exercidas por meio de toques,

proporcionando ótimos resultados terapêuticos, relaxantes, anti-estressantes e

emocionais, facilitando o maior contato com o corpo físico, valorizando a

respiração e desenvolvendo uma melhor percepção corporal, aumentando a

consciência e dando a devida importância ao equilíbrio na vida no dia-a-dia

(ARCHANGE, 1986).

As técnicas utilizadas pelo massoterapeuta são muitas e se destinam

aqueles que buscam o toque direto com o corpo, como forma de manter o seu

estado de equilíbrio.

Mc Gilvery et al (1993) consideram-na como uma alternativa para a cura

dos fatores estressantes da humanidade e, ainda acrescentam que as

civilizações tem se beneficiado da massoterapia por meio do amassamento dos

dedos, a fim de aliviar e relaxar os desconfortos corporais.

Desta forma, considerou-se o problema de pesquisa desse estudo: Por

quê a massoterapia chinesa está indicada para o tratamento da síndrome

energética caracterizada por excesso de calor que afeta o Coração?

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1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Geral

Descrever uma proposta de tratamento pela Massoterapia Chinesa para

a Síndrome de Excesso de Calor no Coração

1.2.2 Específicos

• Entender os princípios básicos que regem a teoria da MTC;

• Conhecer a origem e o desenvolvimento da massoterapia, especialmente a

chinesa;

• Discorrer sobre os determinantes energéticos que caracterizam a Síndrome

de Excesso de Calor no Coração;

• Criar uma proposta de tratamento pela massoterapia chinesa para tratar a

síndrome energética.

1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Esta pesquisa foi realizada a partir de consultas em fontes bibliográficas

acerca do temas: massoterapia e Síndrome de Excesso de Calor no Coração.

Destaca-se que não foi encontrada uma fonte específica sobre o tratamento

com o recurso de tratamento da massoterapia chinesa. A partir daí, viu-se a

necessidade de abordá-la com a consulta em bibliografias e traçar uma

estratégia específica, para que a mesma sirva de consultas futuras para o

tratamento da síndrome energética.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

Esta pesquisa enfoca teorias pertencentes a medicina oriental acerca da

Síndrome de Excesso de Calor no Coração. Portanto, julgou-se necessário

esclarecer alguns conceitos básicos acerca da MTC. E, para poder se entender

o mesmo, as atividades mentais, denominadas de Shen (Mente), é necessário

conhecimentos das teorias do Yin e Yang, cinco elementos, Zang/Fu (Órgãos e

Vísceras), Jing (Essência), Xue (sangue), entre outros.

A origem da MTC provém das comunidades tribais da sociedade

primitiva chinesa. A teoria básica surgiu da observação empírica das relações

do homem com o meio ambiente. Ele ao observar os fenômenos que ocorrem

na natureza, conseguiu criar uma estrutura conceitual filosófica, que permeia

até os dias atuais a cultura chinesa. Todo esse conteúdo filosófico foi

transposto para o corpo humano, dando origem aos conceitos da teoria

(MACIOCIA, 1996).

A MTC tem um corpo teórico-prático diferente da medicina ocidental, na

qual a anatomia, a fisiologia, a patologia, o diagnóstico, as causas das

doenças, o tratamento e o prognóstico se inter-relacionam, formando um

modelo explicativo tanto para a prevenção e manutenção da saúde, como para

o diagnóstico e tratamento das doenças no homem.

2.1.1 Yin/ Yang

Essa teoria surgiu da observação dos fenômenos naturais. Inicialmente

indicava a orientação da luz do sol, onde a face do sol correspondia ao Yang e

a face das costas do sol ao Yin (WANG, 2001).

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O ideograma que representa o Yin e Yang tem o significado de uma

montanha, onde o lado ensolarado representa o Yang e o lado da sombra o

Yin. Possivelmente esta teoria nasceu da observação sobre a alternância

cíclica do dia e da noite (MACIOCIA, 1996).

Maciocia (1996) defende que ao observar a natureza, percebeu-se que

esta dualidade se repetia em todos os fenômenos naturais, e que a existência

de um fenômeno dependia da existência do outro, ou seja, a percepção do dia

e do sol somente é possível pela existência da noite. Também descobriu-se

algumas características típicas da noite como ser fria, conduzir ao recolhimento

ao repouso, ser escura e outras, e as características do dia como ter o calor do

sol, o sair para fora, a expansão, o movimento, o trabalho e outras.

Assim, tornou-se clara a existência de outros dois fenômenos naturais

fundamentais para a sobrevivência do homem com a água com suas

propriedades de ser fria e parada, foi classificada como Yin, e o fogo que por

ser quente e elevar suas chamas, corresponde ao Yang (WANG, 2001).

Portanto, todos os fenômenos que apresentassem as características do

sol e do fogo foram agrupados como Yang ou o movimento, o ascender, o

calor, o dia, a atividade, o homem, o alto, a claridade, o exterior, a ação, o

verão, o leste e o sul, a esquerda, entre outros. E os que apresentassem

características semelhantes a noite e a água foram agrupadas como Yin ou o

repouso, o descender, o frio, a noite, a lua, a mulher, o baixo, o escuro, o

interior, o material, a sombra, o oeste e o norte, a substâncias, entre outros

(WEN, 1985).

Essa teoria está presente em todos os conceitos da MTC, sendo as

descrições anatômicas e funcionais, as alterações patológicas e seu

tratamento, possuem características Yin ou Yang (XINNONG, 1999).

A aplicação da teoria de Yin/Yang no ser humano parte do princípio de

que o corpo é um todo integrado, sendo que seus órgãos e tecidos estão

conectados organicamente e podem ser divididos em dois aspectos opostos e

complementares. Cada aspecto do corpo humano possui características Yin ou

Yang (ROSS, 1994).

Em anatomia, as vísceras denominadas Xiao Chang (Intestino Grosso),

Da Chang (Intestino Delgado), Pang Guang (Bexiga), Dan (Vesícula Biliar), Wei

(Estômago) e San Jiao (Triplo Aquecedor), a região superior, lateral, dorsal, a

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superfície do corpo, os pêlos, a pele e a face externa dos membros são Yang,

enquanto que os órgãos Gan (Fígado), Fei (Pulmão), Shen (Rim), Xin

(Coração), Xin Bao (Circulação-Sexo) e Pi (Baço/Pâncreas), a região inferior,

ventral, o interior, a face interna dos membros, o lado medial, os músculo, os

ossos, e o sangue são Yin (ROSS, 1994).

Já o desequilíbrio entre Yin e Yang, traduzido pelo excesso ou

deficiência de um ou de outro, gera a patologia. Esta desarmonia gera uma

série de sinais e sintomas físicos e mentais que são identificados através da

história clínica e do exame físico do indivíduo, fornecendo os subsídios

necessários para a identificação do padrão de desarmonia. Após a

identificação destes padrões, o paciente poderá ser tratado com qualquer um

dos recursos que a MTC oferece: acupuntura, massoterapia, entre outros. O

tratamento das doenças é o restabelecimento do equilíbrio entre Yin e Yang

(XINNONG, 1999).

2.1.2 Os Cinco Elementos

Acredita-se que no mundo natural existem cinco categorias

denominadas madeira, fogo, terra, metal e água. Os fenômenos do universo

correspondem a esses elementos, estando em um estado de constante

movimento e mudança (XINNONG, 1999).

Os fenômenos naturais como as estações, as direções, as cores, os

sabores, os climas, os planetas, os animais domésticos, os grãos e os estágios

de desenvolvimento foram agrupados de acordo com as propriedades

semelhantes dos cinco elementos.

Parte-se do princípio de que um elemento pode gerar outro e que cada

um tem seu elemento controlador, onde tudo gira num círculo contínuo de

geração e controle mútuo. Assim, a madeira gera o fogo, que gera a terra, que

gera o metal, que gera a água, que gera a madeira. Esta relação é conhecida

como “mãe e filho”. Enquanto que a relação de “controle” ocorre na seguinte

ordem: a madeira controla a terra, que controla a água, que controla o fogo,

que controla o metal, que controla a madeira. Estes dois aspectos de geração e

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controle são inseparáveis e indispensáveis da teoria. Outro aspecto é a contra-

dominância, na qual o elemento que deveria dominar passa a ser dominado.

Como exemplo, o metal que controla a madeira, na contra-dominância, passa a

ser dominado por ela. É um ciclo patológico (XINNONG, 1999).

Na aplicação desta teoria na MTC, a classificação destes fenômenos é

utilizada para explicar tanto a fisiologia como a patologia do corpo humano.

Cada órgão e víscera pertencem a um elemento e cada um é capaz de gerar e

controlar outro. Assim, Gan (Fígado) pertence à madeira e gera Xin (Coração)

que pertence ao fogo, que gera Pi (Baço-Pâncreas) que pertence à terra e gera

Fei (Pulmão), que pertence ao metal, que gera Shen (Rim), que pertence à

água e gera a madeira. O ciclo de inter-controle faz-se igual ao que já foi

descrito anteriormente.

2.1.3 Qi

Ele foi traduzido pelo ocidente por Morant (1990), como “energia”. O

autor reconhece que o termo não é adequado para o sentido do que é Qi para

a cultura chinesa, porém na ausência de um termo melhor sugere esta

denominação.

Deste modo, a MTC considera Qi como a substância fundamental que

constitui o universo, sendo que todos os fenômenos foram produzidos pelas

mudanças e movimentos de Qi (XINNONG, 1999).

Segundo Xinnong (1999), as diferentes manifestações de Qi têm como

funções principais o aquecimento do corpo, a proteção do organismo dos

ataques dos fatores patogênicos, o movimento ou a impulsão da atividade

fisiológica de todo o organismo, a atividade de controle do sangue, da

sudorese, da diurese e da menstruação, a atividade de transformação, a

atividade funcional dos órgãos e vísceras, a distribuição de Qi e sangue, os

movimentos de entrada e saída, subida e descida do Qi. Ainda, segundo este

mesmo autor: “Qi é demasiadamente rarefeito para ser visto e sua existência é

manifestada nas funções dos órgãos e vísceras” (p.35).

De forma sucinta, o termo Qi denota tanto a matéria (corpo) como a

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atividade funcional dos órgãos, vísceras e tecidos. É percebido funcionalmente

pelo que faz, sendo a força motriz de todos os processos fisiológicos e é a

forma física dos seres que, ao mesmo tempo, produz e ordena a atividade que

dá vida a esta forma física (MACIOCIA, 1996).

2.1.4 Zang/ Fu

Zang/Fu é o termo que denomina os órgãos e vísceras sob o modelo da

teoria da MTC (XINNONG, 1999).

Ele deu origem a um sistema teórico sobre a fisiologia e a patologia.

Então Zang (órgãos) são Xin (Coração), Gan (Fígado), Fei (Pulmão), Shen

(Rim), Pi (Baço-Pâncreas) e Xin Bao (Circulação-Sexo), enquanto que Fu

(vísceras) são Dan (Vesícula Biliar), Xiao Chang (Intestino Grosso), Da Chang

(Intestino Delgado), Wei (Estômago), Pang Guang (Bexiga) e San Jiao (Triplo

Aquecedor), mesmo tendo uma denominação igual aos órgãos da anatomia

ocidental, não tem semelhança com os conceitos fisiológicos e patológicos

contemporâneos (BONTEMPO, 1994).

Para a MTC os órgãos são Yin, não tem contato com o exterior, são

maciços e tem como funções fabricar e armazenar as substâncias

fundamentais, enquanto que as vísceras são Yang, ocas, têm contato com o

exterior e impulsionam as substâncias (XINNONG, 1999).

Assim para a MTC o sistema Xin (Coração) tem as seguintes

características: é considerado o monarca de todos os Zang/ Fu, tem como

função fazer circular Xue (sangue) dentro dos vasos, por isso é dito que Xin

(Coração), manifesta-se na face, abre-se na língua e abriga Shen (mente), sua

emoção é a alegria, controla a sudorese, a coerência da fala, o sono e os

sonhos. Esse sistema é considerado de extrema importância nas atividades

mentais, e é ele quem comanda Shen (mente) e guarda o espírito. As

atividades de pensamento consciente estão relacionadas com todos os outros

Zang, porém correspondem principalmente as atividades fisiológicas do

sistema Xin (Coração), principalmente a de Xue de Xin (sangue do coração)

(ROSS, 1994).

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O sistema Gan (Fígado) tem como função armazenar Xue (sangue),

manter o livre fluxo de Qi, controlar os tendões, manifestar-se nas unhas, abrir-

se nos olhos, é responsável pela visão e abriga Hun (alma etérea), sua emoção

é a raiva, a ira e também auxilia o controle dos sonhos.

O sistema Pi (Baço-Pâncreas) tem como função produzir a

transformação e transporte dos alimentos para serem absorvidos, por isso

exerce papel importante na formação de Xue (sangue) e de Qi, ainda mantém

o Xue (sangue) dentro dos vasos sanguíneos impedindo os extravasamentos,

domina as carnes e os músculos, abre-se na boca e manifesta-se nos lábios,

responsável pelo paladar, abriga o Yi (intenção) e sua emoção é a

preocupação.

O sistema Fei (Pulmão) é responsável por dominar Qi e controlar a

respiração. É responsável pela distribuição de Qi e líquidos orgânicos para todo

o corpo, abre-se no nariz, manifesta-se na pele, controla a força da voz,

responsável pelo olfato, abriga o Po (alma corpórea) e sua emoção é a tristeza.

O sistema Shen (Rim) é responsável por armazenar Jing (essência) e

controlar o crescimento, desenvolvimento e a reprodução, domina o

metabolismo da água, recebe Qi de Fei (Pulmão) domina os ossos, os dentes,

produz a medula e manifesta-se nos cabelos, sua abertura para o exterior é a

orelha, responsável pela audição e domina os orifícios inferiores, abriga Zhi

(força de vontade) e sua emoção é o medo.

2.1.5 Canais

Cada Zang/Fu possui na superfície do corpo uma série de pontos, que

ligados entre si, constituem os canais ou meridianos.

O ideograma utilizado desde a antiguidade para designar essas linhas

de pontos, está composto por elementos que dão a idéia de alinhamento, e

pronuncia-se "Tsing".

Morant (1990) cita as seguintes observações:

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• Quando um órgão está alterado, existe uma série de pontos que se

tornam sensíveis, e formam uma linha;

• Em pessoas sensíveis, a linha dos canais é dolorosa;

• Muitos doentes, no momento da picada da agulha, referem sentir uma

sensação que segue uma linha e que coincide com o trajeto do canal do

ponto que fora picado.

Os canais principais são em número de doze, bilaterais e corresponde a

função dos seis órgãos e seis vísceras.

Para cada membro superior existem três canais principais de natureza

Yin e três de natureza Yang, o mesmo ocorrendo em relação ao membro

inferior, apresentando-se da seguinte maneira:

• 03 canais (Yin do membro inferior): Baço-Pâncreas, Fígado e Rim;

• 03 canais (Yang do membro inferior): Estômago, Bexiga e Vesícula

Biliar;

• 03 canais (Yin do membro superior): Pulmão, Circulação-Sexo, e

Coração;

• 03 canais (Yang do membro superior): Intestino Grosso, Intestino

Delgado, e Triplo Aquecedor.

Auteroche et Navailh (1986) destacam que além dos canais principais, o

corpo humano possui outras vias que também cobrem todas as áreas externas

e internas por onde circulam as energias. São conhecidos como canais

secundários. São eles:

1) Canais extraordinários ou curiosos: São assim chamados porque não

têm comunicações especiais com as vísceras. Além disso, não há

correspondência nem reunião entre eles. É nisso que são diferentes dos

canais regulares que cruzam e lhes pedem pontos. Estão agrupados em

04 canais Yang : Du Mai, Dai mai, Yang Qiao Mai, Yang Wei Mai e 4

canais Yin: Ren Mai, Chong mai, Yin Qiao Mai e Yin Wei Mai. A principal

função é de reforçar os liames entre os canais regulares, a fim de

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regularizar o Qi e o sangue. O excesso destes nos 12 canais principais

se escoa e se concentra nos 08 canais extraordinários, onde é guardado

como reserva para ser distribuído quando há insuficiência de Qi e de

sangue. Cada um dos canais extraordinários (vasos maravilhosos)

possui um ponto de comando situado num canal principal, da mesma

forma que os outros pontos. Com exceção de Ren Mai e Du Mai, os

canais extraordinários não possuem pontos próprios, sendo seus

trajetos constituídos por pontos dos canais principais;

2) Maridianos distintos (Jing Bie): São em número de 12, partem dos 12

meridianos principais e dependem deles. Têm ação importante, que

consiste em ligar os meridianos principais aos órgãos internos;

3) Meridianos tendino-musculares: A principal é proteger o corpo das

influências externas. Possuem a energia defensiva, que circula nos

meridianos Yang de dia, e nos meridianos Yin à noite;

4) Meridianos de ligação ou Luo Mai: Se dividem em dois tipos:

a) as ramificações mais grossas - Há no total 15 Bie Luo, sendo

12 meridianos principais, os meridianos Du Mai e Ren Mai, e o grande

Luo do baço. O Bie Luo liga um meridiano Yin e um meridiano Yang;

b) a circulação na superfície apela para ramificações cada vez

menores dos Luo, chamadas Fu Luo e Yun Luo.

2.1.6 Shen (Mente)

Segundo Morant (1990), discutir o modelo para a atividade mental da

MTC, denominado de Shen (Mente), apresenta muitas dificuldades, iniciando

pelo seu conceito abstrato e por que esta atividade para a MTC esta

relacionada diretamente com as funções de Zang, especialmente de Xin

(Coração).

Porém segundo Maciocia (1996) desde a dinastia Ming (1368-1644) que

alguns médicos atribuíam as funções da inteligência e da memória ao cérebro

e não ao Xin (Coração).

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Para a MTC, Shen (Mente) é considerado um dos três tesouros, os

outros dois são Qi e Jing (Essência).

O modelo Shen (Mente) tem dois significados: de forma ampla indica a

aparência exterior das atividades vitais do corpo humano tais como coloração

da face, expressão dos olhos, força da voz, coerência da fala, movimentos dos

membros, reações sensitivas. No diagnóstico a expressão “ter Shen” adquire

este significado, onde a vitalidade do paciente é avaliada pela impressão que o

paciente transmite ao médico. Shen é a vida e perdê-la é a morte, ou seja,

neste aspecto, demonstra a gravidade da doença (LI, DARELLA E PEREIRA,

2000).

Para se falar da origem de Shen é necessário entender o conceito de

Jing. Para a MTC existe Jing do pai e Jing da mãe, quando ocorre a união

destas duas essências forma-se Jing hereditário que é a carga genética contida

no espermatozóide e óvulo. No momento em que Jing do pai e da mãe se

encontram Shen está formado. Após o nascimento, Jing é armazenado no

sistema Shen (Rim) e é a base biológica de Shen (Mente). (Maciocia, 1996).

Shen (Mente) indica o conjunto de todas as atividades mentais,

consciência e pensamento representando as funções cerebrais e na MTC,

estas funções são atribuídas ao sistema Xin (LI, DARELLA E PEREIRA, 2000).

Segundo Maciocia (1996) as diferentes atividades mentais que compõe

Shen (Mente) são: consciência, pensamento, memória, cognição, sono,

inteligência, sabedoria, idéias e “insight”. Ainda segundo este autor, se Shen

(Mente) estiver forte o pensamento será claro, se pelo contrário estiver fraca ou

perturbada, o pensamento será lento e embotado. Já a memória não depende

somente de Shen (Mente) de Xin (Coração), mas também de outros Zang,

assim a memória relacionada com a capacidade de lembrar os conteúdos

estudados ou trabalhados relaciona-se com o sistema Pi. Enquanto que a

memória para fatos passados pertence ao sistema Xin e a de fatos presentes

pertence ao sistema Shen (Rim). Para a MTC a medida que se vai

envelhecendo Jing armazenada em Shen (Rim) vai se esgotando, então a

memória relacionada com esta função vai se tornando deficiente. Para este

autor a consciência indica a totalidade dos pensamentos e das percepções, e

também o estado de ser consciente.

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Com relação às emoções, cada uma delas afeta seu Zang em

particular, porém a capacidade de reconhecimento desta emoção é de Shen. A

cognição indica a capacidade de Shen em perceber e compreender os

estímulos. O sono também depende do estado de Shen, se esta estiver calma

e equilibrada, a pessoa dorme bem. Ao contrário o sono será ruim. Já a

inteligência não depende somente de Shen, mas sim também de Jing

hereditário, porem se Shen e Xin forem fortes o individuo poderá ser inteligente

e brilhante. As idéias, projetos e sonhos que proporcionam objetivos na vida

também dependem da função de Shen. A sabedoria é proveniente de um Xin

forte e Shen saudável. Como Shen é responsável pelo conhecimento e pela

percepção, também proporciona a capacidade das pessoas aplicarem os

conhecimentos de forma crítica e sábia (MACIOCIA, 1996).

Então para este autor, se o sistema Xin for afetado e Shen estiver fraco

ou perturbado a pessoa será incapaz de pensar claramente, a memória será

fraca, a consciência estará obscurecida, o discernimento será ruim, o sono

inquieto, terá pouca inteligência, as idéias estarão confusas e pode agir de

forma insensata.

Shen além de ser responsável pelas atividades mentais é também

responsável pelos órgãos do sentido. Nestas funções o sistema Xin Shen com

sua função de impulsionar o Xue para nutrir as estruturas e ser a “morada” de

Shen atuam em conjunto com o Zang específico. Assim o sistema Gan

(Fígado) é responsável pela visão que necessita de Xue (Sangue) para ser

nutrido e de Shen para reconhecer o estimulo visual, já a audição pertence ao

sistema Shen (rim) que também necessita de Xue para sua nutrição e de Shen

para o reconhecimento auditivo. Em resumo o olfato do sistema Fei, o paladar

cuja língua na anatomia da MTC é considerada o “broto de Xin” e o tato que

necessita da cognição e da organização das sensações aos estímulos externos

necessitam de Xue (Sangue) para serem nutridos e Shen para terem os

respectivos estímulos reconhecidos. (LI, DARELLA E PEREIRA, 2000).

Ainda para o modelo da MTC existem cinco aspectos mentais e

espirituais que compõem o sistema Shen (Mente). Além do aspecto de Shen

discutido anteriormente cada Zang tem um aspecto mental e uma emoção que

lhe é peculiar, porém fazem parte da totalidade complementaria do sistema

Shen. São eles: Hun (Alma Etérea), Po (Alma Corpórea), Zhi (Força de

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Vontade) e Yi (Intenção). Estes quatro aspectos associados a Shen forma o

que a MTC denomina de Espírito.

O Hun (Alma Etérea) é aspecto mental é que mais se aproxima do

conceito de alma ou espírito. Hun existe desde o nascimento, é de natureza

etérea e celestial e após a morte sobrevive ao corpo e retorna ao Tian (Céu).

Segundo Maciocia (1996) céu no conceito chinês antigo é um estado de

energias e seres sutis e não substanciais. Existem três tipos de Hun: a

vegetativa (comum aos vegetais, animais e seres humanos), a animal (comum

aos animais e seres humanos) e a humana (somente dos seres humanos). Hun

representa o Yin dentro do Yang. Está enraizado em Yin de Gan (Fígado). Se o

sistema Gan (Fígado) estiver deficiente Hun perde sua “morada” ficando sem

raiz e a pessoa pode apresentar insônia, timidez, medo e perda do sentido de

direção na vida (ROSS, 2003).

Se Hun estiver corretamente enraizado, a pessoa fará seus planos,

traçará seus objetivos de forma coerente e realizável (LI, DARELLA E

PEREIRA, 2000).

Hun também fornece a Shen a capacidade de auto-discernimento,

introspecção e a capacidade de se comunicar com o mundo exterior.

O ser humano em algum momento de sua existência apresenta

diferentes emoções como alegria, tristeza, raiva, medos, preocupações, que

quando não é excessiva, repentina e prolongada não causa doença. Hun que é

responsável pela parte mais intuitiva e inconsciente da mente é quem impede

que as emoções se tornem excessivas e se transformem em causas das

doenças. Então se Hun estiver bem enraizado a pessoa apresentará uma vida

emocional equilibrada e feliz (LI, DARELLA E PEREIRA, 2001).

Hun influencia a capacidade de planejar e dar direção a vida. A perda de

rumo na vida e a confusão mental, segundo a MTC podem ser causadas pela

falta de enraizamento do Hun, que fica “vagueando” sem rumo. Sensações

muitas vezes não explicadas pela medicina Ocidental encontram explicações

na MTC, por exemplo, aquela sensação de flutuar um pouco antes do

adormecer pode ser causado por uma deficiência de Yin que deixa Hun sem

raiz (LI, DARELLA E PEREIRA, 2000).

Fei (Pulmão) é a residência de Po (Alma Corpórea). É inseparável do

corpo e vai para a terra quando ele morre. Segundo Maciocia (1996), no

22

começo da vida de um individuo o corpo é formado; o espírito do corpo é Po.

Quando Po está no interior, há Yang Qi. Po é composto dos cinco sentidos, do

movimento dos membros como agilidade, equilíbrio e coordenação.

Po surge após o Jing Hereditário ser formado, e é proveniente da mãe.

Pode-se descrevê-lo como a manifestação de Jing (Essência) na esfera das

sensações e sentimentos, fazendo com que esta participe de todos os

processos fisiológicos corporais. Sem Po, Jing (Essência) seria uma substância

preciosa e vital, porem inerte.

Segundo Li, Darella e Pereira (2000), Po é responsável pela

sensibilidade e mobilidade inerentes como a audição, a visão, o olfato, as

sensações térmicas, prurido, os movimentos dos membros e a sucção e o

choro dos recém nascidos.

Po está relacionado com a capacidade de sentir dor física e emocional.

Assim quando a pessoa foi colocada frente a tristeza e desgostos e por isso

chora, é Po que é responsável por esta atitude.

Como Po reside em Fei (Pulmão) está relacionado com a respiração e

com as funções de Fei (Pulmão) em descender Qi e Líquidos Orgânicos.

Hun é responsável pela maneira como as pessoas se relacionam entre

si, enquanto que Po protege o individuo das influencias psíquicas externas.

Segundo Maciocia (1996), Yi (inteligência) reside no sistema Pi (Baço-

Pâncreas) e é responsável pelo pensamento aplicado, pelo estudo, pela

memorização, pela focalização, pela produção de idéias e pela concentração.

Qi e Xue (Sangue) são as bases fisiológicas de Yi. Como Qi e Xue dependem

de Pi (Baço-Pâncreas), se este for forte o pensamento será claro, a memória

boa, a capacidade de concentração, estudo e produção de idéias também

serão boas. Com relação ao pensamento, a lembrança e a memória, há uma

ligação entre Yi, Shen e Zhi (Força de Vontade). Então Pi (Baço) é responsável

pela memorização de dados durante o trabalho ou o estudo, enquanto que Xin

(Coração) e Shen (Rim) são responsáveis pela memória de acontecimentos

presentes ou passados.

Segundo Maciocia (1996), Zhi (força de vontade) pode ter três

significados: memória, força de vontade e os cinco aspectos mentais (Shen,

Hun, Po, Yi e Zhi). Zhi está alojado no sistema Shen (Rim) e indica direção,

determinação, um único propósito na busca dos objetivos e motivação. Quando

23

alguém pensa em alguma coisa, decide sobre ela e então age sobre ela, isto se

chama Zhi (Força de Vontade). Portanto se o sistema Shen (Rim) estiver forte

Zhi estará também forte e a pessoa terá direção, determinação na busca de

seus objetivos e não se desencorajará e nem se desviará facilmente de seus

objetivos.

Yi e Zhi relacionam-se com Shen Jing (Essência do Rim). Sendo que Yi

é o pensamento ainda não consolidado e Zhi é a decisão de terminar um

trabalho ou memorizar um pensamento consolidado (LI, DARELLA E

PEREIRA, 2000).

24

2.2 MASSOTERAPIA – UMA VISÃO GERAL

Não se sabe ao certo onde e como a massagem iniciou. No entanto,

acredita-se que todas as grandes civilizações orientais desenvolveram essa

prática. Existem provas documentadas da prática de massagem em muitas

culturas antigas: a egípcia, a grega, a romana, a indiana, a chinesa e a

japonesa. Quase todos esses povos desenvolveram sistemas terapêuticos com

tal prática. Entre essas civilizações, vários autores apontam a China como a

que mais desenvolveu e sistematizou métodos de massagens, influenciando

outras civilizações (SOUZA, ASLANI, 1998).

A autora cita que a linguagem do toque é universal. Através do instinto

esfregamos os locais doloridos para acalmar uma dor. A massagem seria uma

das técnicas mais antigas usada para obter bem-estar e saúde. Parece ter

nascido desde o instante em que o homem tomou consciência de que poderia

tocar o seu corpo, e desenvolver sensações agradáveis.

Por milhares de anos, alguma forma de massagem, ou de superposição

das mãos, tem sido utilizada, com o objetivo de melhorar e aliviar os enfermos.

Para os antigos médicos gregos e romanos, a massagem era um dos principais

meios de aliviar a dor. No início do século V a.C., Hipócrates escreve que o

médico deve ter experiência em muitas coisas, mas certamente deve ter

habilidade na fricção, porque a fricção pode unir uma junta que está com folga

e afrouxar outra que está rígida (FRITZ, 2000).

Depois da queda de Roma no século V d.C., houve pouco progresso, no

âmbito das terapias. Assim, coube aos árabes o estudo e o desenvolvimento

dos ensinamentos do mundo clássico.

Durante a idade média, na Europa pouco se falou da massagem. Mas

essa arte foi revivida no século XVI, principalmente em decorrência da obra de

Ambroise Paré, que foi considerado “o pai da massagem”. Depois, no início do

25

século XIX, o sueco Per Henrik Ling, desenvolveu o que atualmente é

conhecido como massagem sueca, sintetizando seu sistema com base em seu

conhecimento da ginástica e da fisiologia, e também das técnicas chinesa e

egípcia, grega e romana. Em 1813, foi fundada em Estocolmo a primeira escola

que oferecia massagem como parte do currículo, e desde então se alastraram

por todo o continente europeu os institutos e as estações de banho que

incluíam a massagem em seus programas (FRITZ, 2000).

Hoje, o valor terapêutico da massagem foi novamente reconhecido, e

essa arte continua a florescer em todo o mundo ocidental.

No Oriente, as técnicas de massagem sempre foram mais valorizadas

do que no ocidente, e seu uso tem tido uma continuidade ininterrupta desde as

eras mais remotas. As diferenças que até pouco tempo atrás existiam entre as

atitudes orientais e ocidental com relação à massagem tem origem na

revolução científica ocorrida no mundo ocidental há cerca de 250 anos. Em

decorrência dessa nova ciência, conceitos mais antigos, que ligavam o corpo à

mente e ao espírito, foram descartados como não-científicos e, com o passar

do tempo, o corpo passou a ser considerado um tipo de máquina sofisticada,

que podia ser consertada e mantida por pessoas altamente treinadas e

especializadas, como os médicos (FRITZ, 2000).

Hoje, apresenta-se uma grande diversidade de nomes e variações da

prática de massagem tanto no Oriente quanto no Ocidente, que em sua grande

maioria vem sendo empregada como um recurso terapêutico. Seus benefícios

estariam também situados no paradigma no qual se insere. Nas culturas

orientais, como a da China e do Japão, a técnica da massagem está inserida

no paradigma vitalista e na teoria da inter-relação homem e meio. Na cultura

ocidental, os benefícios da massagem atuam relaxando o corpo e influenciando

diretamente o sistema linfático, osteo-muscular, nervoso, respiratório e

circulatório (FRITZ, 2000).

2.2.1 Desenvolvimento da Massagem na China

26

Archange (1986) descreve que a origem da massagem chinesa provém

da época dos HAN (2º. Século AC – 3º. Século DC). O seu uso foi freqüente e

se ampliou no tempo dos SOUEI e dos TANG (618-901). Na época dos

TSONG (Séculos 10 a 14), foi restrita e usada mais em crianças. A sua

revalorização foi na época dos MING (Século 14) e a partir daí, as técnicas se

ampliaram e aperfeiçoaram. A prática na criança não era mais o elemento

essencial.

A massagem na China compartilha com outras práticas da MTC os

princípios teóricos e conceituais que a baseiam. Fundamentadas na existência

do Qi, tem como finalidade ativar ou dissipar o Qi acumulado nos canais de

circulação, também chamados de meridianos, que o distribuem no indivíduo.

Os canais ou meridianos recebem em grande parte um nome relativo a

um determinado Órgão do corpo, mas isso não implica que ele esteja ligado

exatamente a esse Órgão, e sim à função metabólica que desempenha. Não

existe estrutura anatômica verificável para encontrar as evidências dos

caminhos percorridos pelo Qi. No entanto, o Qi percorre caminhos bastante

definidos, chamados de “canais principais”, “canais maravilhosos”, “distintos”,

“Lo” e “tendino-musculares” (BONTEMPO, 1985).

Shen (1999) destaca que a massagem é um método seguro e confiável,

mas existem algumas contra-indicações: gestantes, fraqueza, evitar massagear

a região lombar e os quadris na mulher menstruada, não manipula em fraturas,

em pessoas com febre alta ou hipertensão arterial, em tumores malignos,

hemorragia interna, dermatites graves, abscessos, etc.

Tui-Ná ou Tuiná são os nomes pelos quais é conhecida a massagem

terapêutica chinesa. O termo significa “empurrar e agarrar”. Essa técnica

específica da MTC, não se confunde com uma massagem comum de

relaxamento, pois tem em conta o diagnóstico do indivíduo no momento

presente avaliando os cinco princípios em que se baseia toda a filosofia da

MTC, que se manifestam nos níveis físicos e psíquicos, enquanto que o

tratamento procura restaura o equilíbrio entre eles através da massagem em

determinados pontos dos meridianos e zonas do corpo (ARCHANGE, 1986).

Em 1949, com a revolução comunista, a MTC voltou a ser estimulada e

avançou novamente. Porém, voltou a sofrer declínio entre 1960 e início de

1970, com a Revolução Cultural e voltando a se desenvolver por volta de 1979.

27

Apesar de induzir um forte relaxamento muscular, o objetivo não é somente

este. Através do restabelecimento dos desequilíbrios energéticos, a massagem

é uma técnica muito eficaz para a contribuição da cura da maioria das doenças

(FREIRE, 1989).

Os mesmos canais trabalhados pela acupuntura são a base do

tratamento na Tuiná e é freqüentemente utilizada junto com outras técnicas

terapêuticas como a acupuntura, moxibustão, fitoterapia chinesa, entre outros.

Ela age, sobretudo, na circulação do Qi e no Sangue. É como uma fonte

de água cristalina que alimenta o corpo, promovendo o equilíbrio e proteção

através de varias técnicas de dispersão, tonificação e harmonização.

Há também uma longa tradição de massagem Tuiná específica para

crianças, o que é bastante útil como substituto da acupuntura. Como a energia

das crianças é particularmente forte e vibrante, elas costumam reagir ao

tratamento mais rapidamente que os adultos. Os efeitos são especialmente

benéficos com crianças até aos cinco anos. Nas crianças, pode tratar mesmo

doenças como asma ou diarréia (FREIRE, 1989).

A Tuiná foi praticada no Oriente e serviu para curar e aliviar inúmeros

problemas, ao mesmo tempo em que relaxava por completo o corpo. Desde

sempre foi considerada como uma vertente importante ao nível da saúde na

China.

Os benefícios desta arte são amplos e comprovados, pois não apresenta

qualquer efeito secundário, é eficaz no combate e prevenção de doenças, e há

ainda quem considere que esta massagem é um meio para conseguir viver por

mais tempo. As mãos são o canal transmissor de energia, e é através delas

que se cura o plano emocional e físico. Relaxa o corpo e a mente, e alivia a

tensão diária do ser humano. Pessoas com problemas de circulação,

hipertensão, insônias, ou dores de cabeça, podem sair da massagem com uma

enorme sensação de bem-estar e relaxamento (ARCHANGE, 1986).

As massagens atuam no sistema nervoso, reprodutor, digestivo e

circulatório, o que proporciona benefícios aos tecidos cutâneos, à circulação

sanguínea, bem como a toda a estrutura óssea. Assim, toda a saúde

emocional, mental, e física, do indivíduo è privilegiada com esta massagem. O

fato deste gênero de massagens não atuar somente ao nível dos músculos,

28

acaba por ser uma das vertentes mais exploradas e estudadas na China, à

qual tantas pessoas recorrem (ARCHANGE, 1986).

O autor acima ainda sustenta que ela tem por objetivo equilibrar o fluxo

de energia do organismo, caso esteja em quantidade reduzida, ‘eliminá-la’, se

estiver em excesso, ou tonificá-la, caso esteja enfraquecida. E, é só a partir do

equilíbrio da energia que se consegue atingir a saúde plena, em todas as suas

vertentes.

Através de sinais e sintomas que o corpo revela podem ser detectados

futuros problemas que ainda não são visíveis ao paciente, e assim, contribuir

para a prevenção e proteção do indivíduo, através das técnicas de massagem

que visam a eliminação desses indícios de desequilíbrio.

Freire (1989) sustenta que a Tuiná acalma e tranqüiliza o corpo e a

mente, o que representa uma elevada ajuda para as pessoas que sofrem de

depressão ou de alguma forma de ansiedade.

29

2.3 SÍNDROME DE EXCESSO DE CALOR NO CORAÇÃO

Segundo Vallée e Larre (2007), quando o coração se fixa ansiosamente,

o efeito nocivo se propaga através dos pensamentos obsessivos e

preocupações em direção aos espíritos, rompendo o equilíbrio interior e

perdendo a paz e desestabilizando o indivíduo e desequilibrando os cinco

Zang.

As autoras ainda citam que se os cinco Zang não estão tranqüilos, não

temos a posse de nossas ações e reações e somos submetidos a apreensão e

a ansiedade. Eles rupturam as comunicações benéficas entre o alto e baixo ou

entre o Coração e Rins.

Na teoria dos cinco elementos, estão relacionadas às correspondências

entre os elementos, órgãos-vísceras e emoções. No ciclo de geração (Sheng),

cada emoção pode aumentar a próxima, pela relação "mãe-filho" (ROSS,

2003).

Nogueira Perez (2007) define que o movimento fogo rege a língua e a

palavra, vasos e artérias e impulsiona a energia no sangue.

As causas psicoafetivas deste movimento afetam a energia cósmica, e o

excesso de calor, má alimentação e abuso de bebidas, vão provocar um hiper

funcionamento máximo do Yang. Como conseqüência, diminuirá os líquidos

orgânicos Yin a nível do Triplo Aquecedor Inferior, por predomínio excessivo do

Yang do Triplo Aquecedor Superior (NOGUEIRA PEREZ, 2007).

O elemento fogo é a morada do Shen (Rim) ou consciência, sendo

responsável pelas doenças emocionais e mentais. O tratamento das

psicopatologias desse elemento emprega métodos que proporcionam aos

indivíduos a capacidade de relaxar e centrar-se. O fortalecimento do elemento

água e das raízes também diminui os excessos do fogo (CAMPIGLIA, 2004).

30

A etiopatogenia da MTC está relacionada com lesões do Coração, que

em excesso lesionam o Yin do Rim favorecendo a subida do Fogo, gerando

falta de comunicação entre Coração e Rim. Também, a alimentação

inadequada, favorece o acúmulo de umidade e, por sua vez, de fleuma, que

acumulada se transforma em calor e, combinados ascendem para prejudicar o

Coração e o espírito. A repressão de sentimentos e a irritabilidade provocam

ascensão de Fogo do Fígado, sendo outra causa da enfermidade (CAMPIGLIA,

2004).

Um dos aspectos mais importantes é a visão dos sistemas internos

como dimensões físicas, mentais e emocionais. Uma vez que o corpo-mente

forma um todo integrado e inseparável, as emoções podem não somente

causar um desequilíbrio, como também serem causadas por este. Nos "Três

Tesouros" a Essência (Jing) é a matéria básica do Qi e da Mente (Shen),

constituindo o fundamento para um equilíbrio mental e emocional da vida

(MACIOCIA, 1996).

Requena (1990) aponta para a compreensão da atividade psíquica não

separada da atividade orgânica, ou seja, uma falha dos órgãos produz uma

modificação do comportamento psíquico correspondente, ao contrário, uma

tendência psíquica excessiva ou errada, causa a perturbação orgânica

correspondente.

Nogueira Perez (2007) descreve as fases da evolução das enfermidades

mentais e destaca que na 1º. fase correspondente a Fase Neurótica Yang, o

órgão Mestre do Coração é afetado e se não for tratado, a patologia evolui para

fases mais graves. Os seus sintomas agudos de plenitude desencadeiam

taquicardia, arritmia, opressão torácica, insônia, irritação, estresse, etc. Se o

desequilíbrio não for tratado, este evolui para a 2º. Fase denominada Ansiosa,

afetando o Shen do Baço-Pâncreas e do Fígado. Nela, as características Yang

promovem alterações no Fígado, favorecendo o materialismo, a

possessividade e a competitividade, tornando o indivíduo inquieto, irritado,

raivoso, com falta de foco, hiperativo, entre outros.

Ross (2003) descreve que as manifestações psíquicas conforme o

estado energético de excesso de calor no Coração se dá pela ansiedade. A

sua sintomatologia clínica se destaca pela palpitação, insônia, confusão

31

mental, sonhos abundantes, agitação mental, risos sem causa, perturbações

da consciência, entre outros.

Na MTC a síndrome é entendida como um distúrbio do Coração, regido

pelo elemento Fogo, na qual a ansiedade pode afetar os Órgãos e Vísceras.

Embora o Coração seja o guardião da mente (Shen), este inclui respostas

emocionais aos estímulos. Quando existe uma perturbação, um estado

emocional desequilibrado pode ocorrer. Assim, o Shen fica perturbado

(MACIOCIA, 1996).

O autor ainda destaca que a desarmonia de excesso de calor no

Coração se manifesta por: ataques de pânico, respiração rápida, falta de ar,

palpitações, opressão torácica, insônia, excessos de sono. A língua é pálida

com manchas escuras e o pulso é fraco, fino e possivelmente irregular.

32

2.4 SÍNDROME DE EXCESSO DE CALOR NO CORAÇAO – UMA

PROPOSTA DE TRATAMENTO

A MTC trata o indivíduo num todo, procurando fazer o reequilíbrio

energético. Por isso não se concebe praticar a massagem com o objetivo

apenas somático. O característico da massagem chinesa é de ser

individualizada e adaptada a cada caso. É preciso levar em conta não apenas a

doença atual que se trata de curar, mas a maneira de reagir do doente. Assim,

se torna possível entender os processos fisiopatológicos que o levaram a

enfermidade atual, adaptar a terapêutica, a escolha de zonas e pontos a

massagear (ARCHANGE, 1986).

O mesmo autor sustenta que a massagem de forma geral, deve atuar

sobre o corpo humano drenando os Jing Lo, regulando a defesa,

estabelecendo a circulação sanguínea normal, equilibrando o Yin e Yang e

estimulando o sistema imunológico para resistir as doenças.

Nogueira Perez (2007) sugere que o tratamento do excesso de calor no

Coração deve equilibrar a Água e o Fogo, Yin e Yang e Líquidos Orgânicos.

Ye (2006) define que por excesso de Fogo, o Yin do Rim não pode subir

para conseguindo controlar o Yang, sustentar o Coração e o ânimo,

aparecendo assim a palpitação e a ansiedade. O tratamento deve nutrir o Rim

e eliminar o fogo do Coração. São escolhidos principalmente os pontos Shu

(dorsal) e dos meridianos Shao Yin do pé e Jue Yin da mão, sendo aplicados

métodos de tonificação e dispersão ao mesmo tempo.

Pela escassez de bibliografias referentes a conduta em massoterapia,

em especial na síndrome de excesso de calor no Coração, optou-se por criar

uma proposta de terapêutica que deve seguir as etapas abaixo descritas:

33

• Massagem Profunda: Indicada para as doenças de localização interna

como essa síndrome energética;

• Sedação: Massagem no sentido anti-horário e centrífugo, no sentido

oposto ao fluxo energético do meridiano. O aprofundamento do toque

deve ser realizado de forma rápida e a retirada é lenta, pois assim se

torna indicado tratar o excesso de energia;

• Deslizamento Superficial: Movimentos suaves e ascendentes em toda a

extensão das costas do paciente, promovendo um aumento da

circulação;

• Deslizamento profundo: Com maior força (pressão) no sentido

ascendente a pressão contínua, sendo a mesma do deslizamento

superficial, e realizado em toda a extensão das costas. Ele desobstrui os

poros, melhora a circulação cutânea e exerce efeito calmante sobre os

feixes nervosos;

• Fricção: Com a finalidade de diminuir a rigidez muscular, com

movimentos circulares e pequenos. Ela facilita a liberação de aderências

e fibroses na derme;

• Vibração: Melhora o relaxamento e atividade dos músculos e tendões;

• Amassamento: Com o objetivo de relaxar e manipular o tecido, sendo

enfatizado nas áreas de maior dor, liberando as tensões dos músculos e

tendões retraídos por tensão excessiva e crônica. Ajuda também a ativar

a circulação local e melhora a nutrição dos tecidos moles;

• As finalizações devem ser feitas repetindo-se novamente o deslizamento

profundo seguido do superficial, com creme de massagem neutro ou

com óleos essenciais calmantes, como meio de contato para diminuir o

atrito entre as mãos e a pele.

• A massagem deve levar o sangue da periferia para os meridianos Yang;

• Massagear sem levar o sangue à superfície dos meridianos Yin;

• As zonas doloridas, os sinais de tumefação, contração e calor diferente,

podem determinar onde há insuficiência, excesso ou má distribuição

energética, que pode ser alta, baixa, direita, esquerda, interior ou

exterior.

34

Enfatiza-se que as técnicas citadas devem ser executadas em baixa

velocidade. Esse tipo de massagem produzirá um efeito mecânico, mediante a

pressão, capaz de distorcer as redes de receptores nas terminações nervosas.

A dor sentida no momento da manipulação deve ser levada em

consideração, pois vai permitir determinar com exatidão o local e os sintomas.

Pela teoria da MTC, deve-se também seguir algumas manobras de

massagem indicadas no alívio desses sintomas de excesso de calor no

Coração:

• Pinçar o 4º espaço intermetacarpiano e aquecer para fortificar os Rins,

clarificar o espírito, favorecer a circulação energética e reanimar;

• Esfregar o ponto E36 (Suzanli) nos entorpecimentos e parestesias;

• Massagear os membros inferiores para ativar a circulação energética e

combater a estagnação de sangue;

• Massagear as têmporas até os olhos tem um efeito dispersante;

• Massagear o ponto MC6 (Neiguan) - Yin Wei Mar e serve para clarear a

mente, acalmar e harmonizar o Shen;

• Massagear o ponto C7 (Shennen) - Ponto terra do Coração e serve para

tornar a mente mais reflexiva, acalmando o Coração, liberando força

espiritual;

• Massagear o ponto MC7 (Daling) - Ponto terra do Mestre do Coração,

acalmando o órgão, provocando sedação generalizada;

• Massagear o ponto TA10 (Tiajing) - Ponto terra do Triplo Aquecedor,

pois é acoplado do Mestre do Coração. Ajuda a integrar melhor as

emoções;

• Massagear o ponto VG20(Baihui) - Equilibra Yin e Yang, acalma o Shen,

estimula o cérebro e aclara a cabeça;

• Massagear o ponto VC17 (Zhanzhong) - Ponto Mo do Mestre do

Coração, ativando a raiz Yin, ajudando a manter a homeostase interna e

o nível emocional.

Desta forma, acredita-se que se o profissional da massoterapia seguir

essas orientações, certamente irá equilibrar a síndrome energética.

35

3. METODOLOGIA DO ESTUDO

A presente pesquisa trata-se de um estudo de caráter bibliográfico

exploratório, que aborda a técnica da massoterapia chinesa no tratamento da

Síndrome energética caracterizada por Excesso Calor no Coração.

Destaca-se que após as pesquisas em fontes bibliográficas,

estabeleceu-se um método de intervenção para a síndrome descrita.

Segundo Gil (1994), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de

outras fontes bibliográficas como: livros, revistas científicas, boletins, teses,

relatórios de pesquisa, entre outros, sendo a sua principal vantagem, permitir

ao investigador fundamentar várias questões nas quais é mais difícil pesquisar

diretamente.

Ao realizar as etapas da metodologia da pesquisa, foi possível

estabelecer a articulação dos dados obtidos com a consulta bibliográfica,

obtendo conteúdos significativos ao tema estudado.

36

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Acredita-se que através das mãos, o massoterapeuta dentro de um

conjunto de manobras consegue movimentar todo o sistema muscular e

sangüíneo, promover equilíbrio energético da Síndrome de Excesso de Calor

no Coração.

Quando se retoma o equilíbrio energético, proporciona-se o raciocínio

mais lúcido e a consciência mais viva; permitindo a busca da paz interior, com

a mente tranqüila, equilibrada e em harmonia necessária para se viver feliz;

promovendo a cura emocional.

A massoterapia está passando por um renascimento, na medida em que

as pessoas vêm descobrindo a sua eficácia como método de relaxamento.

Os sintomas de Excesso de Calor no Coração, atualmente já são

caracterizados por um modo de vida aos quais os indivíduos se habituaram, e

com freqüência é depois que fazem ou recebem uma massagem, que

percebem o quanto de sua energia é consumida pelo desequilíbrio. A

massagem revela como é sentir-se mais relaxado e em harmonia, como é

vivenciar o prazer de um corpo que pode respirar corretamente e movimentar-

se livremente.

A prática da massoterapia chinesa para o tratamento do Excesso de

Calor no Coração, ainda é uma novidade em nosso meio científico e

assistencial. A Síndrome afeta uma grande parcela da população, e os meios

de tratamento tradicionais ainda não são totalmente eficazes. Isso torna a

técnica uma opção que poderá ser incorporada à prática clínica e aos estudos

científicos da área.

Fritz (2000) destaca que a pesquisa realizada pela Escola de Medicina

da University of Miami, mostrou que saúde irá incorporar a teoria do toque, da

37

mesma maneira que absorveu as abordagens da terapia de relaxamento,

exercício físico e dieta.

A massoterapia chinesa apresenta algumas vantagens em relação às

práticas contemporâneas, sendo elas: visão holística do indivíduo e busca do

seu reequilíbrio, baixo custo financeiro e efeitos colaterais, variedade de

estímulos, pode ser utilizada em diversos settings terapêuticos, possibilidade

de ser a estratégia principal ou complementar as abordagens psicoterápicas,

além da possibilidade de redução e/ou interrupção da administração de

psicofármacos, entre outros.

Espera-se que num futuro próximo, as pessoas possam ser esclarecidas

acerca das vantagens da massoterapia e que se dirijam com maior freqüência

em busca deste tratamento.

38

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