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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS PROGRAMA DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS NELSON FENDER A ESCOLHA PROFISSIONAL DE ALUNOS DE CURSOS SUPERIORES DE CURTA DURAÇÃO EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO MODALIDADE TECNÓLOGOS SÃO PAULO SP 2016

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS PROGRAMA DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS

NELSON FENDER

A ESCOLHA PROFISSIONAL DE ALUNOS DE CURSOS SUPERIORES DE CURTA

DURAÇÃO EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO – MODALIDADE

TECNÓLOGOS

SÃO PAULO – SP 2016

NELSON FENDER

A ESCOLHA PROFISSIONAL DE ALUNOS DE CURSOS SUPERIORES DE CURTA

DURAÇÃO EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO – MODALIDADE

TECNÓLOGOS

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Administração do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas, sob a orientação da Profa. Dra. Izabel Petraglia, como requisito parcial para a obtenção do título de mestre em Administração.

SÃO PAULO 2016

NELSON FENDER

Fender, Nelson

A escolha profissional de alunos de cursos superiores de curta duração em tecnologia da informação: modalidade tecnólogos / Nelson Fender. – São Paulo: N. Fender, 2016.

159 f. : il. ; 30 cm Orientadora: Izabel Cristina Petraglia Dissertação (Mestrado) – Faculdades Metropolitanas Unidas,

Mestrado em Administração, 2016. 1. Orientação profissional. 2. Administração de carreira. 3.

Escolha profissional. I. Título. II. Orientador. CDD 658

A ESCOLHA PROFISSIONAL DE ALUNOS DE CURSOS SUPERIORES DE CURTA

DURAÇÃO EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO – MODALIDADE

TECNÓLOGOS

Data da defesa: 23 de fevereiro de 2017.

Banca Examinadora:

Presidente: Profa. Dra. Izabel Cristina Petraglia Centro Universitário da Faculdade Metropolitana Unidas

Membro externo: Profª. Drª. Maria Margarida Cavalcanti Limena Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Membro interno: Profª. Drª. Elza Fátima Rosa Veloso Centro Universitário da Faculdade Metropolitana Unidas

Dedicatória

A Deus, minha fonte de energia.

A minha esposa que sempre me apoia.

A minha filha que me inspira e me motiva.

A minha família que sempre acreditou em mim.

AGRADECIMENTOS

A minha querida orientadora Profª. Drª. Izabel Cristina Petraglia,

que sempre me desafiou e, mais que uma orientadora,

foi minha mestra e amiga.

Às professoras que participaram da minha banca examinadora,

Profª. Drª. Elza Fatima Rosa Veloso,

Profª. Drª. Maria Margarida Cavalcanti Limena, pelas ricas contribuições.

Aos dirigentes das Instituições de Ensino Superior que

permitiram a pesquisa de campo e aos alunos que

gentilmente participaram deste trabalho.

Ao professor Dr. Rogério Moreira Bandeira, pelo

apoio e incentivo.

Ao Prof. Dr. Alessandro Marco Rosini, pelas contribuições e apoio.

Ao meu colega de sala Vagner de Jesus Silva, pela parceria e

contribuições oferecidas ao longo do curso.

À Iara Vieira Rocha, pela brilhante dissertação sobre

Carreira na Percepção da Mulher Negra, que contribuiu

com a minha pesquisa.

Enfim, a Vocare Carreira, que patrocinou

esta conquista.

A todos, meu muito obrigado!

RESUMO Esta pesquisa sobre a escolha profissional de alunos de cursos superiores de curta duração em Tecnologia da Informação - Modalidade Tecnólogos tem como objetivo a compreensão do processo de escolha profissional de estudantes dos cursos de TI na modalidade de curta duração e da satisfação pela escolha realizada, buscando identificar as motivações e influências sobre o processo de escolha e os aspectos psicológicos presentes nesta escolha. O estudo objetiva, também, compreender como os jovens estão planejando a carreira e o apoio que as corporações oferecem para realização deste plano. A escolha pelo tema nasceu da experiência do pesquisador como professor da disciplina de Gestão/Planejamento de Carreira, que permitiu a constatação da insatisfação dos alunos acerca da escolha realizada, e como consultor, atendendo jovens na fase da escolha profissional, que demonstram muitas incertezas e dúvidas no momento de escolher. Para alicerçar esta pesquisa, a base teórica escolhida recaiu sobre os seguintes autores: Schein (1996), Bohoslavsky (1977) e Dutra (2007), entre outros. Na abordagem sobre a história da Orientação Profissional, o estudo contou, principalmente, com Dias e Soares (2009), Ferretti (1988) e Bock (2006), entre outros autores que discorreram sobre o tema e contribuíram com suas teorias e percepções e indicaram caminhos e subsídios para se trabalhar com o jovem e sobre a temática da escolha profissional. O presente trabalho, de natureza qualitativa, contou com a aplicação de entrevista semiestruturada e do inventário de âncoras de carreira, aplicados a 20 estudantes de duas Instituições de Ensino Superior, sendo uma pública e outra privada. Os dados coletados foram tratados por meio da análise de conteúdo, conforme orientado por Bardin (2011), e ratificam a posição de que os jovens escolhem carreiras de forma precoce e sem muita clareza de suas características/perfil psicológico, habilidades e aptidões e com desconhecimento das características da profissão escolhida. Identificou-se também a influência que o meio e a família exercem sobre a escolha e o pouco apoio que as escolas de ensino médio oferecem aos jovens nos aspectos de escolha profissional. O estudo também identificou que os alunos ainda não se mostram atentos a planejarem suas carreiras e sua atuação no futuro e pouco contam com o apoio das organizações nas quais trabalham para atingirem os objetivos de carreira idealizados. Palavras-chave: carreira; orientação profissional; administração de carreira; escolha profissional.

ABSTRACT

This current research on professional choice of students from Information Technology (IT) courses in Higher Education aims to investigate the process of students’ professional choice of IT in the category of short courses and their satisfaction with their choices. We also seek to identify the motivational mechanisms and influences on the process of choice and the psychological aspects present in professional choice. This study also aims to analyze how young people are planning career and facing support that corporations offer to carry out their plan. The choice for this theme has emerged from the researcher’s experience as a teacher in the Management / Career Planning discipline, which allowed to verify the students’ dissatisfaction about professional choices, and as a consultant, attending to the youngsters in the professional choice phase, in which students demonstrate many uncertainties during the process. The theoretical framework chosen considered the following authors: Schein (1996), Bohoslavsky (1977), and Dutra (2007), among others. On the approach to the history of Professional Orientation, this study relied mainly on studies by Dias and Soares (2009), Ferretti (1988), and Bock (2006), among other authors who have discussed the subject and contributed with their theories, indicating directions to work with young people on professional choice theme. Thus, this qualitative study conducted a semi-structured interview and an inventory of career anchors, applied to 20 students from two Higher Education Institutions (one public and one private). The collected data were analyzed through content analysis, as taught by Bardin (2011), and confirmed the hypothesis that young people choose careers in an early and not very clear way, not considering their psychological characteristics, skills and abilities and with lack of knowledge characteristics of the professions. We also identified the influence that environment and family have on the choice and the little support that the high schools offer to young people on the aspects of professional choice. Finally, this study also found that students are unwilling to plan their careers and future professional performance but have little support from organizations to achieve their career goals.

Keywords: career; professional orientation; career management; professional choice.

LISTA DE FIGURA

Figura 1 – Tipos psicológicos 29

Figura 2 – Principais etapas de carreira 41

Figura 3 – Fatores de inter-relação vocacional 47

Figura 4 – Ordem institucional 48

Figura 5 – Sistema de administração de carreira 57

Figura 6 – Análise de ambiente 60

Figura 7 – Matriz curricular 71

Figura 8 – Diferenciais da IES 71

Figura 9 – Fluxograma da pesquisa 82

Figura 10 – Fluxograma de Categorias 85

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Teorias de escolha e orientação vocacional 25

Quadro 2 – Modalidade estatística x Modalidade clínica 45

Quadro 3 – Planejamento de carreira 61

Quadro 4 – Matriz Curricular 75

Quadro 5 – Perguntas vs. Referencial Teórico vs. Categorias de Análise 80

Quadro 6 – Fases da análise de conteúdos 83

Quadro 7 – Resumo – Categoria 1 – A Escolha Profissional 97

Quadro 8 – Resumo – Categoria 2 – Mercado de Trabalho 100

Quadro 9 – Resumo – Categoria 3 – Planejamento de Carreira 104

Quadro 10 – Resumo – Categoria 4 – Satisfação e Influência do Meio 107

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Faixa etária da amostra da IES privada 73

Tabela 2 – Vínculos empregatícios da amostra da IES privada 74

Tabela 3 – Faixa etária da amostra da IES pública 76

Tabela 4 – Vínculos empregatícios da IES pública 77

Tabela 5 – Faixa etária da amostra das IES 78

Tabela 6 – Vínculos empregatícios das IES 78

Tabela 7 – Respostas da IES privada 86

Tabela 8 – Respostas da IES pública 86

Tabela 9 – Dados consolidados do total de respondentes 87

Tabela 10 – Âncoras de carreira escolhidas pela IES privada 88

Tabela 11 – Âncoras de carreira escolhidas pela IES pública 89

Tabela 12 – Dados consolidados da Âncoras das duas IES 90

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 13

1.1 Justificativa da pesquisa 15

1.2 Objetivos geral e específicos do estudo 15

1.3 Estrutura da pesquisa 21

2 REVISÃO TEÓRICA 22

2.1 Correntes teóricas da escolha profissional 22

2.1.1 Teorias não-psicológicas 24

2.1.2 Teorias psicológicas 24

2.1.3 Teorias gerais 30

2.2 Carreira sob a ótica dos motivadores profissionais 32

2.2.1 Descrição das Âncoras de Carreira 34

2.2.2 Etapas da Carreira 37

2.3 Orientação vocacional – A Estratégia Clínica 42

2.3.1 Identidade ocupacional 49

2.4 Carreira e organizações 52

2.4.1 Estruturas de carreira 63

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 65

3.1 Metodologia da pesquisa e caracterização das IES e dos sujeitos 65

3.2 Entrevista teste 67

3.3 Qualificação das IES 68

3.3.1 Instituição particular/privada 68

3.3.2 Caracterização da amostra da IES privada 73

3.4 Instituição pública 74

3.4.1 Qualificação da população entrevistada 75

3.4.2 Caracterização da amostra da IES pública 76

3.4.3 Caracterização da amostra geral pesquisada 77

3.5 Análise das entrevistas 79

3.5.1 Fluxo da metodologia 81

3.6 Análise dos dados 82

4ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS 85

4.1 Estatística descritiva – Âncoras de Carreira 86

4.1.1 Respostas ao instrumento 86

4.2 Análise da IES privada 87

4.3 Análise da IES pública 89

4.4 Carreira Externa x Carreira Interna 91

4.5 Categoria 1 – A Escolha Profissional 92

4.6 O jovem e a problemática da escolha profissional 94

4.7 Categoria 2 – Mercado de Trabalho 98

4.8 Categoria 3 – Planejamento de Carreira 100

4.9 Categoria 4 – Satisfação e Influência do Meio 105

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 109

REFERÊNCIAS 114

APÊNDICES 118

13

1 INTRODUÇÃO

Pensar em orientação profissional é pensar em escolha, o que também significa abrir

mão de algo a favor de alguma outra opção; não é diferente quando falamos em efetuar a escolha

profissional, pois muitas vezes abrimos mão de algum sonho ou desejo em função de uma

carreira, sem considerar o impacto e as consequências dessa atitude.

A prática de Orientação Profissional (OP) nasceu nos Estados Unidos e na Europa, no

início do século XX, com o principal objetivo de avaliar profissionais que não possuíam

habilidades e/ou competências para o desenvolvimento de determinada função, em especial na

indústria que ganhava cada vez mais força com o processo de mecanização e industrialização.

Historicamente, a OP surgiu no vigor da Terceira Revolução Industrial, cujo apelo era

o aumento significativo da produção e o estímulo ao consumo de massa, o que,

consequentemente, propiciava uma quantidade significativa de postos de trabalho para dar

conta das demandas geradas e, nesse contexto socioeconômico, garantir a produtividade

industrial, a rentabilidade e o lucro, frutos de uma sociedade capitalista cujo foco é o dinheiro.

O mundo se baseava nas teorias Fordista e Taylorista e a OP se pautava nos princípios

da cientificidade, na Psicologia Diferencial e na forte presença da psicometria (Testes

Vocacionais), culminando com o desenvolvimento da Teoria dos Traços e Fator, cuja tônica

principal era o ajustamento do homem à ocupação. Para tanto, tal teoria apregoava a utilização

de testes de aptidões, habilidades e interesses, que determinariam se o “orientando” era hábil

para produzir de maneira eficiente, sem levar em consideração o ajustamento da pessoa à função

e a autopercepção da mesma em relação aos interesses, perspectivas de satisfação e

autorrealização.

Na segunda metade do século XX, e com a decadência da sociedade industrial, novos

valores foram surgindo em detrimento a antigos conceitos de adaptabilidade e cientificidade do

processo de escolha. A OP tomou novos rumos, sendo um dos seus protagonistas o psicólogo

Carl Rogers, que teve um papel essencial e significativo nesse novo cenário, influenciando a

prática da orientação pela técnica da Terapia Centrada no Cliente. Outros caminhos da OP

também aconteceram com o surgimento da não diretividade e também das ideias propostas por

Donald Super, em que a escolha profissional passou a ser um processo integrado ao

desenvolvimento vital do orientando. O processo é transferido da produção resultante para o

sujeito da escolha, centrada na satisfação e nos sentimentos de realização do jovem a ser

orientado.

14

Com o forte avanço do desenvolvimento tecnológico e novas formas de trabalho, muitas

outras profissões e carreiras foram sendo criadas naquele novo cenário. A Orientação ganha um

papel essencial, no que tange a identificação de interesses e o entendimento de perfil

psicológico associado ao exercício das diversas possibilidades de carreira. Sob esta ótica, o

Orientador Profissional tem a responsabilidade de contribuir com seus orientandos no processo

de identificação de uma carreira isenta de qualquer viés que possa comprometer o processo de

escolha ou induzir o orientando pelos valores e crença do profissional orientador. O centro da

orientação passou a ser o Orientando, seus valores, interesses, desejos e sonhos. Alguns outros

pensadores se envolveram com a questão, tais como Jacque Pelletier, Donald Super, Rodolpho

Bohoslavsky, entre outros.

O jovem ocupa, inicialmente, posições de menor complexidade e, com a aquisição de

novos conhecimentos e o aumento da experiência profissional, vai sendo exposto às atividades

de maior complexidade. Nesse sentido, há de se explorar se a escolha levou em consideração

seu perfil, interesses e sonhos e outros componentes presentes no processo de escolha e se estes

estarão presentes no dia a dia do trabalho.

A partir da teoria definida por Edgard Schein, procuramos entender se a projeção da

carreira interna é condizente com a carreira externa e como se dá a escolha (carreira interna),

valendo-se dos sonhos que permeiam o momento de decisão do jovem e a percepção de como

está sendo construída e desenvolvida sua carreira (carreira externa). Foi necessário ainda levar

em consideração em que fase de carreira1 o sujeito se encontra e, para isso, usamos as 10 etapas

propostas no estudo do autor (SCHEIN, 1978).

Embora se constate, em pesquisa realizada nos repositórios acadêmicos, tais como

EBSCO, Google Academic, Scielo e Pepsic, há poucos estudos nesta área. Entretanto, é

crescente a preocupação com a gestão da mesma, que em tempos não muito remotos era de

responsabilidade da empresa, sendo atualmente do profissional (DUTRA, 2007). Vivemos em

um mundo onde transformações ocorrem rapidamente e, nesse sentido, é necessário manter-se

atualizado e antenado às mudanças, investindo tempo e recursos financeiros na aquisição de

novos e diferentes conhecimentos, conforme afirma Veloso (2012, xi-Introdução).

Houve um tempo em que conseguir um bom emprego era garantia de estabilidade profissional, mas atualmente, até as pessoas menos conscientes da necessidade de gerenciar a própria carreira são chamadas a assumir sua evolução profissional, muitas vezes simplesmente para conseguir e se manter no mercado de trabalho.

1 De acordo com pesquisa preliminar de Donald Super e ampliada por Edgard Schein em 1978.

15

1.1Justificativa da pesquisa

Esta pesquisa nasceu da experiência do pesquisador como professor da disciplina de

Gestão de Carreira/Planejamento de Carreira em Instituições de Ensino Superior (IES),

ministrando o conteúdo, geralmente, no 5º semestre, último do curso. Preocupa-nos a

constatação da insatisfação de vários alunos acerca da sua opção profissional, o desencanto e a

preocupação com seu futuro profissional, aliados às perdas financeiras e emocionais de ter

efetuado uma escolha errônea. É grande a incerteza do que fazer no futuro e como efetuar a

reescolha profissional sem correr o risco de se cometer outro erro.

Outra motivação que levou a este tema foi a atuação do autor em consultoria, atendendo

a população jovem em fase de escolha profissional e conduzindo programas voltados à

Orientação Vocacional/Profissional. Ao longo dos últimos 15 anos de vida profissional, foram

mais de 300 atendimentos em processos individuais e em grupos, além dos programas

específicos em conceituadas escolas de ensino médio da cidade de São Paulo, com atividades

vocacionais incluídas na grade curricular, em especial no primeiro semestre do ano letivo em

salas do 2º. e 3º. anos do ensino médio.

1.2 Objetivos geral e específicos do estudo

A pesquisa tem por objetivo geral compreender como se dá o processo de escolha

profissional do jovem estudante do curso de Tecnologia da Informação na modalidade

Tecnólogo e, em sequência, como esta escolha se mantém ou não perene e convicta para o

exercício da profissão e o desenvolvimento profissional.

Os objetivos específicos que a pesquisa propõe, são:

1. Conhecer e aprofundar o estudo sobre carreira, identificando motivações e

influências em suas etapas, sob a ótica de Edgard Schein, a partir das etapas de carreiras e dos

motivadores profissionais (Âncoras de Carreira).

2. Estudar e distinguir as correntes teóricas que contribuem com a escolha

profissional, apoiando-se na Estratégia Clínica, elaborada por Rodolfo Bohoslavsky.

3. Verificar como ocorre a gestão de carreira do indivíduo no mundo do trabalho e

nas organizações, de acordo com os pressupostos elaborados por Joel de Souza Dutra.

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Este estudo tem como objeto a Escolha Profissional principalmente, como esta se deu e

o nível de satisfação, considerando o meio, a família, as relações pessoais e influências das

redes sociais, dúvidas e problemáticas enfrentadas por alunos do último semestre do curso de

Tecnologia da Informação na modalidade Tecnólogo (também conhecido como curso de curta

duração). Trataremos, mais especificamente, da verificação da escolha frente ao perfil

psicológico, desejos, interesses e motivadores profissionais do jovem, bem como sua aceitação

no mercado de trabalho, com as perspectivas de crescimento profissional.

O universo estudado são alunos do 5º e último semestre, lembrando que este curso, na

modalidade de Tecnólogo, possui apenas cinco semestres letivo, isto é, dois anos e meio de

duração. São alunos pertencentes a duas Instituições de Ensino Superior (IES), sendo uma

particular e outra pública, a saber: IES Privada, faculdade localizada na região sul de São Paulo,

que oferece exclusivamente cursos voltados à Tecnologia da Informação na modalidade

Tecnólogo e Faculdade de Tecnologia Pública - Unidade Ipiranga, também na cidade de São

Paulo. A quantidade de entrevistas seguiu a estratégia de exaustão das respostas e foram

realizadas 10 entrevistas em cada IES, sendo, percentualmente, a IES Privada equivalente a

50% e na Pública 56% de alunos em sala de último semestre. A entrevista de cunho exploratório

foi realizada de forma individual e o tratamento dos dados se deu por meio da técnica de análise

do conteúdo. As categorias emergiram das entrevistas. Tais aspectos serão detalhados no

capítulo intitulado Metodologia e Pesquisa de Campo.

Para este trabalho, três principais teóricos direcionam a fundamentação e a análise da

pesquisa. São eles:

1 – Edgard Schein – Professor do MIT (Massachusetts Institute of Technology) e

psicólogo, estudioso de carreira e liderança que, por meio da teoria dos Motivadores

Profissionais/Âncoras de Carreira, contribui com a ferramenta que identificou o principal

motivador da carreira que ampara e fideliza uma escolha profissional, identificando interesses

reais. Essa ferramenta foi utilizada com os entrevistados de forma eletrônica e os resultados

enviados aos respondentes (ver formulário no Anexo 1).

A Âncora de Carreira, para o autor, é uma combinação das áreas percebidas de

competência, motivos e valores que a pessoa não abandonaria e representa o seu verdadeiro

“eu” (SCHEIN, 2006).

2 – Rodolfo Bohoslavski – Psicólogo argentino radicado no Brasil, onde desenvolveu

a metodologia denominada Estratégia Clínica no processo de Orientação Profissional, com

enfoque na análise do comportamento e em questionamentos acerca do perfil pessoal e

profissional. O autor se embasa na teoria psicanalítica, pautado na ideia de que é preciso

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maturidade para se efetuar uma escolha e se manter perene à mesma. O foco reside, então, em

ver o orientando/aluno não somente como profissional, mas também como uma pessoa

complexa.

3 – Joel Souza Dutra – Professor Doutor em Administração de Empresa, que contribui

com o estudo da inserção de pessoas no mundo organizacional, definindo papéis específicos,

tanto para o profissional quanto para as empresas. O autor introduz a ideia da importância da

Gestão de Carreira no mundo organizacional, atribuindo-lhe uma visão crítica.

Dutra (2007 p. 9) define que:

Para tornarmos o trabalho uma atividade alegre e criativa, como queria Sweezy, não basta apenas alterarmos as formas de organização do trabalho, mas é também fundamental que seja estimulada uma revisão da postura das pessoas frente ao trabalho, a partir do autoconhecimento em termos de preferências e projeto de vida.

Veloso (2012), valendo-se de Dutra (1996), London e Stumph (1982) entende que a

carreira é conceituada por uma série de estágios e transições que variam conforme pressões

originadas no próprio indivíduo e no ambiente e não a partir da suposição de que uma carreira

possa ser linear.

A conjunção dos três principais autores que se constituem no quadro teórico desse

trabalho resulta no entendimento da escolha profissional e da atuação do jovem no mundo do

trabalho. Por trabalho, entendemos qualquer atuação que produza um resultado, tanto financeiro

como de realização pessoal, não importando, neste momento, a forma de vínculo que o

profissional terá com a organização. O aluno investigado poderá ter um contrato formal de

trabalho, ser autônomo ou, ainda, ser prestador de serviço, porém o importante para o estudo é

a conjunção da tríade: escolha profissional - exercício da atividade educacional - atuação

profissional, em um mundo que se encontra em constante e rápida mudança nos ambientes

organizacionais e educacionais, alavancada pelo avanço tecnológico.

Neste sentido, Schein contribui com os motivadores profissionais / Âncoras de Carreira

e fases de carreira. Bohoslavsky contribui com os aspectos psicológicos da escolha e a

maturidade para efetuar uma escolha consciente e madura e Dutra, com a administração e gestão

da carreira no mundo organizacional, papéis da pessoa e da empresa no planejamento de

carreira. Tais subsídios teóricos inter-relacionados serão discutidos nesta dissertação.

O problema desta investigação é: Como se deu o processo de escolha profissional do

estudante de último ano do curso profissional de Tecnologia da Informação, modalidade

Tecnólogo? O estudante está satisfeito com a escola e preparado para o exercício da profissão

e o desenvolvimento profissional?

Questões como essas são o norte desta pesquisa.

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Atualmente, o jovem, no momento da escolha de carreira, se depara com um universo

de 112 possíveis graduações, organizadas em 13 eixos tecnológicos, conforme descreve o

Catálogo Nacional dos Cursos Superiores2, o que poderá gerar questionamentos e dúvidas em

relação ao processo de escolha, em especial se o aluno não tiver trabalhado aspectos de

autoconhecimento, interesses, habilidades, aptidões, entre outros, conforme aborda Dutra

(2007).

O jovem de último ano do curso profissional de Tecnologia da Informação, modalidade

Tecnólogo, nem sempre está satisfeito com sua escolha profissional, mas a mantém porque já

está no final da formação e investiu recursos financeiros e emocionais, além de tempo, no

processo do curso. Esta constatação se deu quando da atuação deste autor em sala de aula, com

alunos de último semestre dos cursos de TI. Tais alunos apresentavam essa problemática,

deixando claro as angústias e a insatisfação em relação à escolha efetuada. Reforça-se que,

muitas vezes, essa escolha se dava por influência do meio social, dos pais ou até por

perceberem, no mercado de trabalho, a possibilidade de terem uma carreira promissora,

independe de sua vocação ou desejo interno.

A escolha profissional não é garantia de sucesso na carreira e também não determina

que será uma constante com o passar do tempo.

Em pesquisa aos repositórios acadêmicos, encontramos alguns trabalhos com

abordagem científica no tema aqui proposto.

Mauro de Oliveira Magalhães (2005), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul,

por meio do Curso de Pós Graduação em Psicologia do Desenvolvimento, em sua dissertação

de Mestrado, investigou no tema interesses vocacionais e o desenvolvimento psicossocial e de

carreira na vida adulta. Para esse estudo, o autor apoiou-se nos interesses vocacionais de J.

Holland, que considera a escolha de carreira como expressão da personalidade. O estudo teve

característica quantitativa e efetuou análise em relação aos seis grandes interesses ou fatores de

personalidade vocacional proposto pela teoria, sendo eles: realista, investigativo, artístico,

social, empreendedor e convencional. O estudo abordou o mercado de trabalho, que requer

profissionais adaptáveis e capazes de gerenciar suas próprias carreiras e, neste sentido, o autor

faz uso dos conceitos de comprometimento e entrincheiramento de carreira como objetos de

estudo e de atenção por parte dos profissionais estudados.

2Fonte: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=7237-catalogo-nacioanl-cursos-superiores-tecnologia-2010&category_slug=dezembro-2010-pdf&Itemid=30192, consultada em 03/04/2016

19

Por comprometimento, entende-se que inclui a identificação com o trabalho e o

planejamento de carreira propriamente dito, e entrincheiramento refere-se à mobilização do

indivíduo a uma ocupação, devido à falta de alternativas de carreira e ao medo de mudança.

Ainda, o estudo de Magalhães (2005) mostra que adultos na meia idade são propensos

a essa condição devido à restrição de suas oportunidades de crescimento profissional e ao

surgimento de preocupações generativas. Generatividade significa o envolvimento do indivíduo

com o bem estar das próximas gerações e também com a perenidade de suas escolhas.

O estudo contou com 743 profissionais (415 homens e 318 mulheres), com idades entre

25 a 65 anos e com, no mínimo, cinco anos de carreira profissional. Todos os participantes

responderam ao questionário de Medidas de Interesses Vocacionais, generatividade e

comprometimento com a carreira, sendo que várias estudos estatísticos foram adotados na

pesquisa e o apoio teórico sustentou a análise do trabalho.

Joselene Lopes Alvim, na sua dissertação de Mestrado em Educação, da Universidade

Estadual Paulista, de Presidente Prudente, em 2011, cujo título é O Papel da Escola na

Orientação Profissional: Uma Análise Contemporânea da Dimensão Teórica e Prática na

Cidade de Presidente Prudente, ressalta a importância que as escolas possuem no processo de

Orientação Vocacional. O interesse da autora nasceu da observação e do diálogo com jovens

em relação ao processo de escolha de carreira e de como as realizaram, constatando que, em

muitas vezes, tais escolhas foram feitas de forma precipitada, com desconhecimento de si e das

profissões.

Alvim (2011) também destaca que as escolas públicas não direcionam quaisquer

esforços para o tema, deixando os alunos a sua própria sorte e as poucas escolas particulares

que tratam do tema, o fazem de maneira superficial, demonstrando maior preocupação em

ministrar conteúdos que possam aprovar seus alunos nos vestibulares, mas com pouca ou

nenhuma preocupação com a escolha realizada.

A autora inicia o trabalho considerando alguns pesquisadores e teóricos que suportam o

processo de orientação vocacional e, na sequência, faz uma pesquisa de campo, por meio de

questionários e entrevistas com Diretores e Coordenadores Pedagógicos de quatro escolas da

região de Presidente Prudente, estado de São Paulo. Sua constatação foi que, embora as escolas

tenham um discurso favorável ao tema, na realidade, as ações não são condizentes com esse

discurso e a preocupação reside única e exclusivamente em fazer com que os alunos tenham

sucesso nos vestibulares.

Marúcia Bardagi et al. (2006), no artigo intitulado Escolha Profissional e Inserção no

Mercado de Trabalho: Percepções de Estudantes Formados – Satisfação Profissional de

20

formandos, investigam o nível de satisfação com a escolha profissional e as expectativas quanto

à entrada no mundo do trabalho em 340 alunos formandos da UFRS de ambos os sexos com

idade média de 25 anos.

O estudo desses autores se deu pela metodologia quantitativa e uso de questionários

específicos, abordando o quanto esses alunos estavam satisfeitos com sua escolha (Bardagi et

al, 2006) em termos de carreira e formação e a preocupação com o mercado de trabalho, após a

conclusão do curso. O estudo aponta ainda a importância da intervenção vocacional durante a

formação universitária e a preparação do jovem para enfrentar as dificuldades de inserção no

mercado de trabalho. Além disso, a pesquisa abordou o entendimento do desenvolvimento

vocacional desses jovens em relação ao processo de escolha e as aflições que o mercado de

trabalho brasileiro proporciona ao jovem, quando este percebe que seu curso está findando e o

desafio de ingressar no mercado de trabalho se torna uma grande ameaça à sua escolha

profissional.

Dias (2012) analisa e escolha profissional em relação ao direcionamento de carreira de

universitários e com base na teoria de Vygotsky. A metodologia utilizada foi qualitativa e por

análise de discurso e entrevista semiestruturada, tendo sido entrevistados 14 formandos. O

trabalho buscou identificar como tais jovens efetuaram suas escolhas profissionais, emergindo

as seguintes categorias: Escolher sem Saber, O Diploma considerado mais importante do que o

trabalho e o medo do mercado.

O estudo revelou que as carreiras, para os universitários, se traduzem em ambiguidades,

satisfação e insatisfação em relação ao curso escolhido e, ao término do mesmo, a busca por

um trabalho que seja bem remunerado e atenda às necessidades financeiras do jovem e de sua

família se torna incansável. Nesse momento, não importa a atividade desenvolvida e se esta é

coerente com a sua área de formação, gerando, por conseguinte a insatisfação e a percepção do

jovem de ter efetuado uma escolha não aderente ao seu perfil, interesse e objetivos de carreira.

Esse trabalho teve como objetivo principal a reflexão de como os formandos interpretam

a escolha de carreira frente ao ingresso no mundo do trabalho.

Ainda há alguns outros trabalhos publicados em revistas científicas e nos repertórios

acadêmicos que contribuem com a reflexão do tema em questão, porém selecionamos somente

aqueles que mais se relacionam com os objetivos desta pesquisa.

21

1.3 Estrutura da pesquisa

Assim, a estrutura deste trabalho será de cinco capítulos, precedidos pela presente

introdução e concluído com as considerações finais. No primeiro capítulo, intitulado Correntes

Teóricas da Escolha Profissional, abordamos o tema sob a ótica da psicologia e as escolas que

a nortearam ao longo da história. No segundo capítulo, denominado Carreira e Orientação

Profissional, abordamos o tema com base nas pesquisas realizadas por Edgard Schein,

considerando as fases de carreiras e os reais motivadores profissionais, também conhecidos

como Âncoras de Carreira, Orientação Vocacional com o enfoque Clínico, conforme descrito

por Rodolfo Bohoslavsky, considerando aspectos psicológicos para a realização de uma escolha

madura e ajustada. O capítulo finaliza com Joel de Souza Dutra, com o tema Gestão de Carreira

nas Organizações, estabelecendo papéis tanto para a pessoa como para empresa e propondo a

elaboração de um plano de carreira coerente com os objetivos traçados para a vida profissional.

O capítulo 3 aborda a metodologia de campo e a pesquisa e os primeiros resultados,

qualificando as IES e os sujeitos entrevistados. O quarto capítulo analisa e interpreta os dados

coletados, discutindo teoricamente os achados com base nas categorias que emergiram da

análise de conteúdo, por fim, no capítulo 5, as conclusões nas considerações finais são

apresentadas.

Por fim, este trabalho não pretende ser a exposição da verdade, mas sim uma

contribuição com o tema Carreira, ainda pouco explorado no universo acadêmico brasileiro.

Julgamos a presente pesquisa relevante para o nosso próprio conhecimento, como também à

comunidade universitária e à sociedade.

22

2 REVISÃO TEÓRICA

Este capítulo traz os temas abordados na etapa de pesquisa teórica deste estudo, de

acordo com os trabalhos mais relevantes e os achados científicos que deram suporte a este

estudo, a saber, sobre Carreira e Orientação Profissional.

2.1 Correntes teóricas da escolha profissional

Ao pensar em uma profissão, o jovem se depara com um universo de centenas de cursos

de formação. Atualmente, a quantidade supera a marca de 938 possibilidades, de acordo com o

Guia do Estudante – 2014, considerando-se, neste universo, os cursos de Bacharelado, suas

especializações/ramificações e os cursos de Tecnólogos, também conhecidos como de curta

duração. Esse grande universo de possibilidades poderá levar o jovem a uma profunda reflexão,

objetivando melhor compreensão do processo de escolha, vivenciando conflitos entre a Carreira

Externa e Interna. Por outro lado, a grande gama de escolhas pode ainda deixar o processo de

escolha profissional sem consciência, fazendo com que o jovem chegue ao final do curso com

dúvidas e perguntas acerca dessa escolha e sua atuação no mercado de trabalho

(SCHEIN,1993).

As teorias que seguem explicitadas neste capítulo serviram como referencial para a

pesquisa de campo, considerando as abordagens descritas a seguir.

Edgard Schein, por meio da teoria dos Motivadores Profissionais/Âncoras de Carreira,

proporcionou a identificação do principal motivador de carreira que ampara e fideliza uma

escolha profissional. Para o autor, os interesses reais contribuem com a identificação da Âncora

de Carreira, sendo esta uma combinação das áreas percebidas de competência, motivos e

valores que a pessoa não abandonaria que representa o seu verdadeiro “eu” (SCHEIN, 2006).

Outro autor que subsidia esta pesquisa é Rodolfo Bohoslavsky, com a metodologia da

Estratégia Clínica - processo de análise do comportamento e questionamentos acerca do perfil

pessoal e profissional, embasado na teoria psicanalítica e pautada na maturidade para efetuar

uma escolha e manter-se convicto da mesma. O foco do autor reside em ver o jovem não

somente como profissional, mas também como pessoa. O jovem passa a ser o protagonista da

escolha e considera seus conteúdos internos, sendo que o orientador assume o papel de

instigador dessa questão.

Dutra contribui com enfoque na administração, considerando aspectos que conduzem

pessoas e empresas na obtenção do sucesso, atribuindo responsabilidades tanto às empresas

23

quanto aos profissionais que nela atuam no tocante à administração da carreira. O autor

instrumentaliza as pessoas para terem o pensamento nas suas carreiras e em como investir no

desenvolvimento pessoal e profissional. Por outro lado, oferece ao mundo organizacional

conceitos e ferramentas para se executar uma gestão adequada dos recursos humanos, que

podemos considerar, na atualidade, como o maior patrimônio de uma organização.

O conjunto da obra de Dutra proporcionou, à pesquisa em questão, uma análise crítica

sobre a Administração de Carreira frente a uma escolha profissional, respeitando as

características, interesses e aptidões e conceituando, de forma simples, porém não reducionista,

o ato de trabalhar e do fazer da profissão uma atividade alegre e criativa.

Conforme aborda Dutra (2007, pag. 9).

...quis fazer referências ao trabalho neste momento para discutirmos a importância do posicionamento individual em relação ao continum da vida profissional, em que somente a consciência de como o trabalho (e a relação que com ele estabelecemos) está inserido em nosso projeto de vida pode gerar envolvimento verdadeiro e profundo; pode, ainda, gerar uma entrega que possibilite o desenvolvimento pessoal e da organização.

Nada mais propício do que considerar as análises críticas do autor, temas e pressupostos,

para que possamos discutir a escolha profissional frente àquele que escolhe e frente ao local

onde a escolha profissional terá papel fundamental no exercício da profissão: o mundo

organizacional, tema que será mais amplamente discutido no capítulo quatro deste trabalho.

Segundo Bock (BOCK, 2006) a questão da escolha profissional é considerada, ao longo

da história universal, como sendo um problema de ordem natural, sempre coexistindo com o

ser humano. O capitalismo coloca a questão da escolha profissional como sendo algo além da

sobrevivência de forma autônoma, como a necessidade de vender a força de trabalho, surgindo

à ideia de que a pessoa escolhe seu caminho a partir das condições em que vive, considerando

as questões de vontades, aptidões e sonhos que surgem nesse momento.

A análise das teorias de OP se deu sob esse prisma, sendo que a escolha profissional é

um fenômeno determinado, que surge a partir de um dado momento da história da humanidade.

Bock (2006, p.27), valendo-se de Crites, agrupa essas correntes em três grandes grupos;

são elas: não-psicológicas, psicológicas e gerais.

2.1.1 Teorias não-psicológicas

Esta abordagem entende que a escolha de uma profissão é efetuada por elementos

externos à pessoa, suportada pelas Teorias do Acidente, Econômica, Cultural e Sociológica, de

24

forma generalizada e ocorrida durante a vida da pessoa. Os tais acidentes são considerados

situações específicas que efetuam uma marca significativa e que leva a uma ponderação em

relação à escolha. São teorias que somente consideram a inserção do indivíduo no mundo do

trabalho, sem considerar qualquer papel ativo por parte da pessoa que está escolhendo,

desconsiderando qualquer possibilidade de “orientabilidade”. Entende-se, por este termo,

qualquer possibilidade do orientando planejar uma rotina para efetuar a escolha ou até mesmo

contar com o apoio de um profissional nesse processo.

Bock (2007), valendo-se de Pimenta (1979), considera que as teorias não-psicológicas,

embora não reconheçam variáveis individuais no processo de escolha, podem provocar um

sociologismo ou economismo na OP, à medida que tendem a impor a esse fenômeno decisional

padrões e esquemas utilizados nas ciências econômicas e sociológicas, sem dar a oportunidade

ao decisor para lidar com esses fenômenos.

Forças atuando no processo e no indivíduo apenas como fatos explicativos, todavia sem

a interferência ou crítica do orientando podem intervir no processo de escolha. Vale ressaltar

que as teorias não-psicológicas não foram muito empregadas no Brasil e as teorias psicológicas

tiveram maior repercussão, sendo utilizadas na prática de Orientação Vocacional, como era

assim denominado o atual processo de escolha profissional.

2.1.2 Teorias psicológicas

Estas teorias fazem largo uso da análise dos determinantes internos (conteúdos internos)

do indivíduo para explicar o processo de escolha profissional.

Tais determinantes têm um papel fundamental e ativo no processo de escolha

profissional, enquanto as variáveis socioeconômico-culturais têm função secundária.

As teorias psicológicas valorizam a efetiva participação do orientando e ainda

consideram a presença e/ou participação de um profissional especialista no processo de escolha,

no sentido de facilitar ou até mesmo dar um sentido científico a esse processo.

As teorias desta classificação mais disseminadas e sobre as quais faremos um breve

relato são: teoria de traço e fator, teorias psicodinâmicas, teorias evolutiva/desenvolvimentistas,

teorias tipológicas e teoria de decisão.

A seguir, o Quadro 1, demonstrativo elaborado por Ferretti (1988), descrevem-se as

quatro teorias e seus principais autores:

25

Quadro 1 - Teorias de escolha e orientação profissional

Grupos Teóricos Autores

Teoria traço e fator Parsons

Teorias Psicodinâmicas

Bordin, Nachman&Segall

Roe

Holland

Teorias evolutistas/desenvolvimentista

Ginzberg

Super

Tiedeman& O’Hara

Pelletier

Teorias decisionais

Gellat

Hilton

Hersheson e Roth

Fonte: extraído de Uma Nova Proposta de Orientação Profissional (FERRETTI, 1988, p. 17)

A Teoria Traço e Fator parte do princípio de que as pessoas diferem em suas

habilidades, interesses e traços de personalidades e que cada profissão requer indivíduos com

aptidões específicas. Essa teoria enfatiza que há a necessidade de se alocar a pessoa certa no

lugar certo; neste sentido, pode tornar-se engessada e não possibilitar maior e melhor reflexão

acerca do mundo das profissões e suas possibilidades de atuação. Ressaltamos que nem sempre

o jovem tende a escolher apenas por interesses e pode se dispor a enfrentar desafios e

dificuldades em relação ao seu perfil em detrimento a uma profissão que melhor o remunere ou

possibilite adequação ao seu status quo.

Essa teoria teve forte aceitação no Brasil, especialmente por fazer uso dos Testes

Vocacionais, amplamente utilizados nas décadas de 1960 e 1970, tendo como principal

ferramenta o Teste DAT3, que nasceu da teoria de Frank Parsons, considerado, pela literatura,

como pai da Orientação Vocacional, Profissional e de Carreira nos EUA, mais especificamente

na cidade de Boston. Seu método é considerado a primeira forma estruturada ou técnico

sistêmica de contribuir com o orientando no processo de escolha, utilizando-se de um sistema

racional e objetivo, uma vez que há alguns pressupostos teóricos que apoiam esse princípio.

Ferretti (1988, p.18) descreve assim tais pressupostos teóricos:

A) Os indivíduos diferenciam-se entre si em termos de habilidades físicas, aptidões, interesses e características pessoais;

3 O teste DAT (Differential Apititude Tests) foi traduzido e adaptado para o Brasil pelos técnicos do Instituto de Seleção e Orientação Profissional (Isop) da Fundação Getúlio Vargas, em 1955.

26

B) As ocupações também se diferenciam entre si, cada uma exigindo, para um desempenho produtivo, que o profissional apresente aptidões, interesses e características pessoais requeridas pela profissão; C) É possível conduzir à compatibilização ideal dessa dupla ordem de fatores através de um processo racional de escolha

Nesse sentido e considerando a visão de Parsons, cabe ao indivíduo que escolhe

considerar suas características pessoais, habilidades compatibilizando-as com as exigências das

profissões e ao Orientador, a organização e estruturação de características das profissões e os

dados pessoais do orientando para que este possa ter dados realísticos para poder efetuar uma

escolha, além de ser o responsável por conduzir as entrevistas de aconselhamento.

No intuito de levantar características pessoais, interesses e aptidões, Parsons elaborou

um questionário de autoanálise (Personal record and self-analysis), intitulado Um completo

estudo sobre si mesmo. Esse questionário é composto por 116 questões, abordando diferentes

temas, tais como características físicas (altura, peso e saúde), ocupações dos membros da

família, vida escolar e cultural, experiências de trabalho, interesses, habilidades, ambições e

limitações. O questionário traz perguntas muitas vezes, à primeira vista sem propósito, tais

como a de número 98: Descreva os vizinhos da sua casa. Este questionário foi o precursor dos

testes vocacionais.

Embora muito utilizado nas décadas de 1960 e 1970, hoje o processo de orientação não

faz mais uso de instrumentos dessa natureza.

A Teoria Evolutiva ou Desenvolvimentista surgiu como alternativa à Teoria Traço e

Fator e passou a defender a concepção da escolha profissional como um processo contínuo que

vai desde a infância até a velhice, denominado como desenvolvimento vocacional, persistindo

por toda a vida, defendendo a ideia do desenvolvimento vocacional e apregoando quatro

proposições.

Segundo Ferretti (1984, p. 18), as quatro proposições são:

1. A escolha profissional é um processo de desenvolvimento que se estende da pré-puberdade até aproximadamente os 20 anos.

2. Considera-se como um processo irreversível, uma vez que a experiência adquirida ao longo destes primeiros anos não pode ser nula.

3. Esse processo implica um compromisso entre os interesses, capacidades, valores e oportunidades oferecidas pelo meio.

4. O processo da escolha profissional pode ser divido em vários períodos: Fantasia, baseado no desejo de se tornar adulto, se estende da infância até os onze anos; Provisório, determinado primeiramente pelos interesses e depois pelas capacidades e valores, dos 11 aos 17 anos; Realista, ocorre a partir dos 17 anos e possui as fases: de exploração, cristalização e especificação e termina quando há uma compatibilidade de interesses, capacidades, valores e oportunidades ocupacionais.

27

Super (1976) é um dos principais autores dessa teoria e, para ele, a pessoa opta entre

diferentes alternativas ocupacionais, usando com base a escolhas anteriores de forma sucessiva,

considerando as características pessoais e supondo que a fará em função do autoconceito.

O processo de desenvolvimento vocacional encontra-se dividido em cinco estágios de

crescimento. São eles: crescimento, exploração, estabelecimento, manutenção e o declínio. O

padrão de carreira está intimamente ligado ao nível socioeconômico familiar, pela habilidade

mental, características de personalidade e oportunidades oferecidas pelo meio. Schein (1978)

utilizou-se dos cincos estágios de Super, ampliando-os para as dez fases de carreira.

No papel de Orientador Profissional, levamos em considerações alguns pressupostos

abordados nessa teoria, bem como a metodologia desenvolvida por Pelletier (1977), que faz uso

de processo de aprendizagem que permitem cumprir tarefas do desenvolvimento vocacional e

assim efetuar escolhas mais maduras.

A Teoria Psicodinâmica explica que a escolha profissional é fruto da personalidade.

Fundamenta-se na psicanálise e, para tanto, tem a visão de que o desenvolvimento afetivo

sexual, estabelecido especialmente na primeira infância, desencadeia as aptidões, interesses e

características individuais. Adota a concepção dos instintos (aspectos internos que garantem o

nível de sobrevivência e edifica a personalidade). Há uma continuidade no desenvolvimento

entre as atividades primárias e físicas e as intelectuais complexas e abstratas do organismo. A

formação da personalidade ocorre até os seis anos de idade e a escolha profissional se dá por

conta da reinterpretação das brincadeiras infantis projetadas na vida adulta.

O trabalho é a sublimação dos instintos e as gratificações recebidas no complexo mundo

adulto são semelhantes aos prazeres da fase infantil.

A Teoria Tipológica consiste em efetuar uma correlação entre a personalidade e os

modelos ambientais, adequando a profissão ao seu tipo psicológico.

Para Santos (1974, p. 65), há várias formas de conceituar o termo personalidade, sendo

que existem as fisiológicas e as psicológicas. O autor define personalidade como sendo

“conjunto integrado, dinâmico e funcional de todos os atributos físicos e psíquicos que

caracterizam o indivíduo e que o diferenciam dos demais” e, por tipo psicológico, define-se

conjunto de características comportamentais semelhantes entre grupos de indivíduos. Jung

(1974) classifica os tipos psicológicos conforme os hábitos, características pessoais,

preferências e iniciativas. Esta definição tipológica contempla quatro pares de preferências

opostas e que inter-relacionadas resultam em 16 tipos psicológicos; a comparação entre a

personalidade e a tipologia remete a possíveis profissões.

28

As escalas de personalidade foram construídas levando-se em consideração as

preferências, que, segundo a teoria Junguiana, são inatas, porém o meio pode alavancar ou

coibir tais preferências.

As quatro escalas estão dispostas da forma relatada a seguir (MYERS; MYERS, 1977,

p. 30 e 31).

Duas escalas com enfoque nas atitudes, sendo elas: Extroversão – Introversão e

Julgamento – Percepção. Há duas escalas com enfoque nos processos mentais e na estruturação

do pensamento são: Sensação – Intuição e Pensamento - Sentimento.

Primeira Escala (E/I) - Concentração e Motivação/Energia, disposta em duas

preferências distintas: Extroversão (E) – Preferência em retirar a energia do mundo externo.

Motiva-se por fatos e acontecimentos externos. Costumam comunicar-se verbalmente e

apresentam interesses diversificados.

Introversão (I) – Preferência em retirar a energia do mundo interno. Motiva-se pelos

pensamentos e ideias. Costumam comunicar-se por escrito e aprendem por meio da reflexão.

Segunda Escala (S/N) - Preferência em obter informações e observar o mundo:

Sensação (S) – Preferência em obter informações por meio do que é real e concreto.

Costumam ser concretas e objetivas e com foco na realidade.

Intuição (N) – Preferência em obter informações por meio do que é abstrato e teórico.

Costuma ser estratégicos e imaginativos.

Terceira Escala (T/F) – Preferência em tomar decisões e efetuar julgamentos:

Pensamento (T) – Preferência em tomar decisões pautadas na lógica e na razão. Costuma

ser analíticas, objetivas e impessoais, porém justas.

Sentimento (F) – Preferência em tomar decisões baseadas nos valores e necessidades

humanas. Costumam ser cordiais, calorosas e compreensivas.

Quarta Escala (J/P) – Maneira como as pessoas estruturam e organizam a vida:

Julgamento (J) – Preferência em ter uma vida organizada e planejada. Costumam ser

programadas e sistemáticas e gostam de atividades com regras e definições.

Percepção (P) – Preferência em ter uma vida mais flexível e adaptável. Costumam ser

espontâneas, informais e gostam de desprendimento e mudanças.

As combinações das oito preferências resultam em dezesseis tipos psicológicos e cada

um deles possuem características e se adequam melhor em determinadas profissões. Abaixo, a

Figura 1 contém as dezesseis combinações tipológicas.

29

Figura 1 - Tipos Psicológicos Fonte: Introdução aos Tipos Psicológicos (MYERS; MYERS, 1997, p.26)

A Teoria Decisional refere-se ao fato do indivíduo efetuar uma criteriosa análise dos

elementos que compõem seu ambiente e que possam, por conseguinte, intervir no processo de

escolha. Nesse contexto, se faz a identificação das possibilidades oferecidas, a análise das

consequências, a avaliação e a tomada de decisão.

Segundo Bock (2006), as teorias decisionais são oriundas da Administração de

Empresas e da Economia e visam a racionalidade na escolha, logo a decisão é fruto de uma

análise minuciosa dos elementos que possam intervir no processo.

A racionalidade prevê uma etapa denominada de preditiva, em que se identificam as

possibilidades oferecidas e se faz uma criteriosa análise das consequências de cada opção. A

segunda etapa é denominada avaliativa, em que se analisa a “desejabilidade” das consequências

levantadas na fase preditiva; por último, há a decisória, na qual, finalmente, acontece a escolha.

2.1.3 Teorias gerais

Procuram entender a escolha profissional ora por componentes voltados aos aspectos

psicológicos, ora por aqueles oriundos do meio ambiente e de seus respectivos padrões

socioeconômicos. Essas teorias não desenham uma nova abordagem, mas se contrapõem às

demais.

30

Blau et al. (1976), autores dos principais representantes dessa linha, desenvolvem um

conceito com aportes da psicologia, da economia e da sociologia. Sua análise reside no seguinte

questionamento: “Por que será que as pessoas abraçam diferentes profissões?” (BLAU et al.,

1976, p. 70).

As teorias sociológicas enfatizam a importância das influências socioeconômicas e

culturais. A família, a raça, a nacionalidade, a classe social, as oportunidades culturais e

educacionais são fatores decisivos na escolha da ocupação. O indivíduo, ao fazer escolha, é

estimulado principalmente pela expectativa de status da classe social a que pertence.

De acordo com as Teorias Econômicas, o fator determinante da escolha profissional

recai sobre a vantagem econômica oferecida pela profissão. Dessa forma, os indivíduos

tenderiam a escolher a ocupação que oferecesse melhor salário e a distribuição dos

trabalhadores no mercado de trabalho, seria, portanto, de acordo com a lei da oferta e da

procura.

Outro fator importante nesse contexto é o despreparo do jovem para o processo de

escolha e o não adequado desenvolvimento da fase da exploração (SUPER, 1953).

Muitos jovens sofrem ação do momento socioeconômico-cultural ou a proteção da

família, deixando-o no eterno momento do crescimento. Bohoslavsky (1977), ao desenvolver

sua estratégia clínica, atribui que a dificuldade apresentada por muitos jovens na escolha de

uma profissão é proveniente do medo de lidar com seus lutos. Esses lutos provenientes da perda

do seu corpo infantil, com a transformação para o corpo de adolescente, da perda da

superproteção dos pais e a necessidade de ganhar independência e autonomia, a sua nova

sexualidade e, por fim, a sua nova identidade.

Não podemos deixar de considerar o modelo percebido durante o crescimento e a

imposição/direcionamento/sugestionamento dos pais quanto à profissão a ser seguida, uma vez

que o jovem poderá ser visto como uma oportunidade de continuidade dos negócios da família

ou de melhoria de padrão da qualidade de vida. Outra possibilidade é que venha a fazer escolhas

inadequadas a partir do modismo, divulgação nas mídias, do mercado de trabalho, de ganhos

excepcionais atribuídos às novas ou tradicionais carreiras, ou ainda, em função da facilidade de

ingresso em cursos tecnológicos de curta duração.

O princípio básico para a identificação de uma profissão é ter conhecimento de seus

interesses, traços de personalidade, informações sobre as profissões, mercado de trabalho,

rotinas das profissões, cursos, vantagens e desvantagens, conforme relata Bock (2006). O autor

destaca a abordagem sócio-histórica e entende que a questão da escolha profissional é um

31

problema que atinge a sociedade global, pois se baseia nos aspectos materiais, no capital e não

somente na questão da sobrevivência.

Teorias, estudos, conceitos antigos e novos, buscam compreender o significado da

escolha, porém as perguntas continuam a existir:

Fiz a escolha certa?

Ela é consistente?

Estou satisfeito?

O propósito deste trabalho não é discutir qual é a melhor teoria para efetivar o processo

de decisão quanto à profissão, mas sim como esta decisão se mantém quanto à satisfação,

manutenção, perenidade e consistência ao longo do curso de formação.

Todas as teorias são relevantes e abordam de maneira científica o processo de escolha,

mas o grau de satisfação ou insatisfação do indivíduo pela escolha se baseia em processos

decisórios que levem em consideração aspectos ora ligados ao mundo externo, ora ao interno.

A seguir, trataremos mais especificamente da carreira de tal forma que se obtenha

motivação para o exercício de uma atividade profissional. Analisaremos as contribuições de

Edgard Schein, procurando compreender as fases de carreira e o uso da ferramenta denominada

Âncoras de Carreira.

32

2.2 Carreira sob a ótica dos motivadores profissionais

“Por favor, o senhor poderia me dizer que caminho devo tomar para ir embora daqui?” – disse Alice. “Isso depende

em grande parte do lugar que você quer ir” – respondeu o Gato. “Eu não ligo muito para o lugar” – disse Alice.

“Neste caso, pouco importa o caminho que você vai tomar” – declarou o Gato. “Contanto que eu chegue em algum

lugar” – explicou o Alice. “Oh”, disse o Gato, “Você pode estar certa de chegar lá, só que vai andar muito tempo”

(CARROL, 2002, p. 104 – 105) 4.

Sabemos que temos que caminhar, enfrentar desafios e ter uma meta, porém não

sabemos onde é este lugar, quais são as melhores estradas e as escolhas mais adequadas que

possam contribuir com o alcance efetivo da meta a que nos dispomos.

Escolher uma carreira, ainda que pareça fácil, não é, pois existem diversas opções e o

momento da escolha, muitas vezes, não é o mais apropriado.

Na visão de Edgard Schein (2006), há forte necessidade de se identificar motivadores

para se refletir sobre valores e como estes se relacionam com as escolhas profissionais

(SCHEIN, 2006). O autor realizou uma pesquisa de caráter longitudinal, desenvolvida para

compreender melhor a evolução de carreiras gerenciais e como as pessoas aprendiam os valores

e procedimentos de suas organizações. Essa pesquisa foi realizada em 1961, com 44 ex-alunos

do Programa de Mestrado da Escola Sloan de Administração, escola ligada ao MIT

(Massachusetts Institute of Technology - EUA), com entrevistas realizadas em 1961, 1962 e

1963, e todos os sujeitos foram entrevistados no local de trabalho.

Os jovens foram novamente entrevistados seis meses após a conclusão do curso e após

um ano de formados, com objetivo de identificar dificuldades e problemas enfrentados durante

a fase de transição da escola para as empresas.

Todos os entrevistados responderam também a um questionário cinco anos após a

formatura e em acompanhamento quando já tinham de 10 a 12 anos de carreira, sendo

abordados em relação às suas realizações durante esses anos de forma cronológica e detalhada.

Foi solicitado que identificassem não apenas escolhas e eventos, mas especificamente o porquê

haviam feito essas escolhas.

O formato do questionário originou a ferramenta intitulada Âncoras de Carreira. Este

título faz alusão a um forte interesse voltado ao ambiente de trabalho, do qual o profissional

4 Fonte: file:///C:/Users/Nelson/Dropbox/MESTRADO%20FMU/Textos%20de%20Apoio/Alice%20No%20Pais%20Das%20Maravilhas2%20-%20Lewis%20Carroll.pdf – acesso em 17/10/2016

33

jamais abriria mão, constituindo-se na percepção de sua autoimagem básica, capaz de se

propagar em cada estágio do seu desenvolvimento profissional.

Foram descritos oito motivadores, a saber (SCHEIN, 2006, p. 7):

1. Competência Técnica/Funcional;

2. Competência Gerência Geral;

3. Autonomia e Independência;

4. Segurança/Estabilidade;

5. Criatividade Empreendedora;

6. Serviço/Dedicação a uma Causa;

7. Desafio Puro;

8. Estilo de Vida.

Schein (2006, p. 8) afirma, em seu estudo, que, com o desenvolvimento da carreira, a

pessoa desenvolve também o autoconceito, que contribui para a aquisição de respostas a

algumas perguntas, tais como:

⋅ Quais são meus talentos, habilidades e áreas de competências?

⋅ Quais são minhas forças e minhas fraquezas?

⋅ Quais são meus principais motivos, necessidades e metas na vida?

⋅ Quais são meus valores?

⋅ Estou em uma profissão congruente com meus valores? Entre outras questões explicitas

e conscientes.

O autor afirma (2006) que esse autoconceito em termos de carreira é desenhado pelas

pessoas por meio dos insights, somados às suas experiências educacionais na juventude e pela

experiência de vida. Afirma ainda que tais insights não estão maduros e essa maturidade dar-

se-á por meio de sua experiência profissional que o levará a reconhecer seus talentos, forças,

valores e demais motivos que estejam presentes na profissão. Estes aspectos ficam entrelaçados

e o profissional aprende a se valorizar e a se motivar pelas coisas que domina e que o fazem

sentir-se bem.

Nas atividades de OP conduzidas com jovens na faixa etária de 17 a 25 anos em processos

orientativos de consultoria, percebemos que existe uma conjunção de duas ou mais âncoras. Por

exemplo, o orientando identifica a Competência Técnica /Funcional que empata com Estilo de

Vida e, questionado sobre as duas respostas, não hesita em responder que se identifica com a

vida de especialista, porém não deixaria a vida social em segundo plano e jamais adotará o

comportamento de seus pais, que somente vivem para o trabalho. É essencial se ter Estilo de

Vida e/ou poder conjugar trabalho e lazer.

34

2.2.1 Descrição das Âncoras de Carreira

A seguir, será explicitado o significado de cada âncora à luz da teoria ora apresentada,

de acordo com Schein (2006, p. 8-25):

1. Competência Técnica/Funcional

As pessoas ancoradas na Competência Técnica/Funcional não abrem mão da

oportunidade de aplicarem suas habilidades nessa área e de continuarem

desenvolvendo essas habilidades a um nível cada vez mais alto. Obtêm seu senso de

identidade com o exercício dessas habilidades e sentem-se realizadas quando seu

trabalho lhes permite serem desafiadas nessas áreas.

2. Competência para Gerência Geral

As pessoas ancoradas na Gerência Geral não abrem mão da oportunidade de subir a

um nível alto, o suficiente que lhes permita integrar os esforços de outras pessoas em

suas funções e serem responsáveis pelo resultado de determinada unidade da

organização. Querem ter responsabilidade pelos resultados e identificam seu próprio

trabalho com o sucesso da organização para qual trabalham e ambicionam alcançar

um cargo com funções generalistas o quanto antes.

3. Autonomia/Independência

As pessoas ancoradas em Autonomia / Independência não renunciam à oportunidade

de definir seu próprio trabalho, à sua própria maneira. Se estiverem numa organização,

querem permanecer em funções que lhes permitam flexibilidade com relação a quando

e a como trabalhar. Não toleram regras e restrições organizacionais de qualquer

espécie e buscam ocupações nas quais tenham a liberdade que procuram, tais como

representações comerciais ou consultoria. Para manterem a autonomia, podem recusar

oportunidades de promoção ou avanço. Talvez procurem ter um negócio próprio para

alcançarem a sensação de autonomia; entretanto este motivo não é o mesmo que

impulsionam as pessoas com âncora em criatividade empreendedora descrita mais

adiante.

4. Segurança/Estabilidade

As pessoas ancoradas em Segurança e Estabilidade não abrem mão da sua segurança

ou estabilidade no trabalho ou organização. A principal preocupação é alcançarem a

sensação de serem bem sucedidas, para ficarem tranquilas. A âncora está demonstrada

na preocupação pela segurança financeira (tais como aposentadoria e planos de

pensão) ou segurança no emprego. Essa estabilidade pode significar trocar qualquer

coisa por uma promessa de garantia de emprego. Tendem a se preocupar menos com

35

o conteúdo do trabalho e o posto que podem alcançar, embora possam chegar a um

alto nível, se seus talentos assim as permitir. Todo mundo tem certas necessidades de

segurança e estabilidade, especialmente em épocas que os encargos financeiros são

grandes ou quando se está para enfrentar a aposentadoria. Entretanto, as pessoas

ancoradas dessa maneira estão sempre preocupadas com essas questões e constroem

sua autoimagem em torno do gerenciamento da segurança e estabilidade.

5. Criatividade Empreendedora

As pessoas ancoradas em Criatividade Empreendedora não renunciariam à

oportunidade de criar sua própria organização ou empreendimento, desenvolvidas

com sua própria capacidade e disposição de assumir riscos e superar obstáculos.

Querem provar ao mundo que podem criar um empreendimento que seja o resultado

do seu próprio esforço. Talvez trabalhem para outros em alguma organização,

enquanto aprendem e avaliam oportunidades futuras, mas seguirão seu próprio

caminho assim que sentirem que têm condições para isso. Querem que seu

empreendimento seja financeiramente bem sucedido, como prova de sua capacidade.

6. Serviço/Dedicação a uma Causa

As pessoas ancoradas em Serviço /Dedicação a uma Causa não renunciam à

oportunidade de procurar um trabalho em que possam realizar alguma coisa útil, como

por exemplo, tornar o mundo um lugar melhor para viver, solucionar problemas

ambientais, melhorar a harmonia entre as pessoas, ajudar aos outros, melhorar a

segurança das pessoas, curar doenças através de novos produtos, ensinar e contribuir

com a sociedade etc. Buscam essas oportunidades, mesmo que isto signifique mudar

de organização e não aceitar transferências ou promoções que as desviem do trabalho

que preencha esses valores.

7. Desafio Puro

As pessoas ancoradas em Desafio Puro não abrem mão da oportunidade de trabalhar

na solução de problemas aparentemente insolúveis, para vencerem oponentes duros

ou superarem obstáculos difíceis. A única razão significativa para buscarem um

trabalho ou carreira é que estes lhes permitam vencer o impossível. Algumas pessoas

encontram esse desafio puro em alguns trabalhos intelectuais, como por exemplo, o

engenheiro interessado apenas em desenhos extremamente difíceis; outras encontram

seu desafio em situações complexas, tais como um consultor estrategista, interessado

apenas em clientes à beira da falência e que já esgotaram todos os recursos; algumas

o encontram na competição interpessoal, como o atleta profissional ou o vendedor que

define cada venda como uma vitória ou derrota. A novidade, variedade e dificuldade

tornam-se um fim em si e se alguma coisa é fácil, imediatamente torna-se monótona.

36

8. Estilo de Vida

As pessoas ancoradas em Estilo de Vida não abrem mão de uma situação que lhes

permitam equilibrar e integrar suas necessidades pessoais, familiares e as exigências

de sua carreira. Querem fazer todos os principais segmentos de sua vida trabalhar em

conjunto para um todo integrado e, portanto, precisam de uma situação de carreira que

lhes dê suficiente flexibilidade para alcançarem tal integração. Definem o sucesso em

termos mais amplos do que simplesmente sucesso na carreira.

Edgard Schein (2006, p.31) define carreira como:

Carreira tem várias definições e conotações. Às vezes, o termo carreira é usado para referir-se apenas a alguém que tenha uma profissão ou cuja vida ocupacional seja bem estruturada e envolva progressos constantes. No contexto de âncoras de carreira, a carreira inclui o modo como a vida profissional de uma pessoa se desenvolve ao longo do tempo e como esta é percebida pela própria pessoa.

Consideraremos que a maneira como o indivíduo percebe sua carreira é um aspecto

subjetivo, que leva em consideração suas motivações e desejos. Schein (2006) denominou esta

percepção como “Carreira Interna”, o oposto, a forma objetiva seria o como a carreira se

desenvolveu ao longo do tempo, cargos e posições ocupadas durante sua trajetória profissional,

aquela oferecida pelo mercado. O autor (2006) denomina esta constatação de “Carreira

Externa”. Carreira é um confronto que implica na relação entre o que é objetivo e subjetivo, a

inter-relação entre a carreira externa e a interna, o que o mercado de trabalho oferece e o seus

motivadores internos.

Um grande conflito pode se estabelecer nesse aspecto, porque a “Carreira Externa”

depende do macro ambiente, das condições de mercado de trabalho que oscilam de acordo com

a política e o momento socioeconômico. Cabe ressaltar que, muitas vezes, por condições de

vida, o jovem aceita uma posição de trabalho completamente diferente da que planejou para si,

daquela que definiu internamente (Carreira Interna), por medo do fracasso e de não conquistar

o sucesso que idealizou para si. Torna-se um eterno estudante, frequentando os bancos

universitários e especializando-se de forma constante e sendo percebido, pelo mercado de

trabalho, como um profissional excessivamente teórico e sem vivência na operação e no mundo

corporativo ou um profissional extremamente qualificado que não se submeteria às regras

salariais praticadas pela organização.

Esta teoria ainda aborda as principais etapas da carreira, com apoio da pesquisa realizada

por Super e Bohn (1970), que demonstraram que há cinco grandes fases de carreira. São

elas:

37

– Crescimento: formação do autoconceito na relação com as figuras adultas significativas.

– Exploração: exploração das possibilidades ocupacionais.

– Estabelecimento: ocupar um lugar no mundo ocupacional.

– Permanência: manutenção do lugar conquistado.

– Declínio: diminuição da atividade ocupacional (Aposentadoria).

2.2.2 Etapas de carreira

Schein (1978) ampliou este conceito para dez etapas ou unidades que são reconhecidas

tanto pelo profissional como pelo mercado de trabalho. Deve-se ressaltar que a idade

cronológica pode variar de pessoa para pessoa e também depende da ocupação na qual o

profissional se encontra. Abaixo, segue um pequeno descrito das dez etapas ampliadas do

estudo de Super e Bohn (1970):

Etapa 1 – Crescimento, Fantasia e Exploração Nesse período, geralmente associado com a infância e a pré-adolescência, a ocupação é

uma mera ideia e a carreira tem pouco significado, exceto em termos de estereótipos

ocupacionais e metas superficiais de “sucesso”.

Nessa etapa, a pessoa inicia o processo de treinamento ou educação necessário para

qualquer que seja a ocupação escolhida.

Etapa 2 – Educação e Treinamento Durante essa etapa, as metas ocupacionais vão sendo esclarecidas e modificadas.

Existem muitos pontos de escolha e, dependendo da ocupação, esse processo tanto pode ser

muito complicado quanto mínimo, podendo demorar desde alguns meses até vários anos.

Etapa 3 – Ingresso no mundo do trabalho Para a maioria das pessoas, independentemente de seu nível de preparo, essa é uma

época de adaptação importante, à medida que aprendem as realidades do trabalho e suas

próprias reações. O processo educacional raramente prepara as pessoas para o lado

aparentemente irracional e para a dimensão política da vida organizacional, ou para o fato de

38

que muito do trabalho em cada ocupação envolve não apenas lógica e razão, mas também

trabalhar com pessoas e seus sentimentos.

O principal aprendizado pessoal começa nesse ponto e um autoconceito ocupacional

começa a se desenvolver quando o ocupante da carreira põe em prática seus próprios talentos,

motivos e valores na aflitiva situação do trabalho real.

Etapa 4 – Treinamento básico e socialização

A duração e intensidade desse período diferem em razão da ocupação, da complexidade

do trabalho, do grau de responsabilidade que a sociedade atribui à profissão e da posição da

empresa quanto à importância do ensino dos elementos da cultura aos novos membros. Quanto

maior a responsabilidade da profissão, maior e mais intenso é o período de socialização. Essa

etapa é uma fonte importante de aprendizado pessoal, porque nela a organização começa a fazer

exigências às quais o indivíduo precisa responder. O ocupante da carreira enfrenta escolhas

reais quanto a permanecer ou não na profissão e/ou organização, e isso também depende de

como ele reage ao processo de socialização.

Etapa 5 – Ganhando aceitação De alguma forma, o indivíduo reconhece, por meio de rituais formais ou tipos de

atribuições recebidas, que passou do estágio de treinamento e foi aceito como colaborador

integral. Nessa etapa, começa a surgir uma autoimagem significativa como membro da

profissão ou organização. Motivos e valores começam a ser esclarecidos pela percepção das

reações às diferentes situações desafiadoras em que escolhas precisam ser feitas. Começa-se a

ter uma percepção mais apurada das próprias capacidades, forças e fraquezas.

Etapa 6 – Ganhando segurança e participação permanente São nos primeiros cinco a dez anos de uma carreira que a maioria das organizações

decide se o indivíduo pode contar com um futuro de longo prazo de permanência na carreira. A

posse é concedida formal ou simbolicamente, dependendo da ocupação ou da empresa. Na

maioria das organizações, o processo não é tão formal, mas ainda assim existem certas regras,

tais como promoção por resultados alcançados e/ou tempo de serviço.

Etapa 7 – Crise do meio de carreira e reavaliação

39

Embora não seja claro se essa é uma crise ou uma etapa, existem evidências crescentes

de que, em sua maioria, as pessoas passam por algum tipo de reavaliação sobre si mesma

quando estão bastante avançadas em suas carreiras, questionando-se sobre suas escolhas iniciais

(escolhi a carreira certa?), sobre seus níveis de realização (realizei tudo o que esperei realizar?)

e sobre seu futuro (devo continuar ou mudar?).

Esse tipo de reflexão indolor, muitas vezes, leva a uma redescoberta de carreira ou à

reafirmação de metas que estavam presentes, mas não conscientes. Quando as pessoas tornam

essas metas mais conscientes, dão a impressão de estarem fazendo importantes mudanças de

carreira. Entretanto, essas mudanças raramente são vivenciadas pelo ocupante da carreira, como

grandes crises ou ruptura, mas é uma fase criticamente importante, geralmente vivenciada como

uma reavaliação do tipo “finalmente estou fazendo o que realmente quero fazer com minha

vida!”.

Etapa 8 – Mantendo, recuperando ou nivelando o ímpeto O conhecimento resultante dessa reavaliação leva a decisões sobre como o restante da

carreira será administrado. Nessa etapa, cada pessoa desenvolve uma solução pessoal que a

orientará nos seus próximos passos. Para algumas, é a determinação de galgar a escada tão alto

quanto o possível; para outras é a redefinição das áreas de trabalho que querem seguir, sendo

que, para muitas, envolve uma avaliação complexa de como equilibrar as exigências do

trabalho, família e assuntos pessoais. Aquelas, cujas aptidões não lhes permitam maior ascensão

profissional, podem ter de enfrentar uma difícil adaptação psicológica. Para muitas pessoas,

porém, a estabilização nessa fase é uma escolha baseada na percepção de que suas aptidões,

objetivos, motivos e valores não requerem maiores aspirações.

Etapa 9 – Desvinculação Inevitavelmente, a pessoa desacelera seu ritmo de atividades, torna-se menos envolvida,

começa a pensar na aposentadoria e se prepara para essa etapa; entretanto, algumas pessoas

enfrentam a perspectiva da aposentadoria, negando agressivamente sua realidade, continuando

a trabalhar normalmente e evitando a todo custo tentativas de outras pessoas para ajudá-los

nessa preparação.

40

Etapa 10 – Aposentadoria Nessa fase, o profissional sente que, tendo se preparado ou não, a organização ou a

profissão não lhes proporcionam mais um papel significativo. O que acontece à autoimagem

ocupacional varia muito de pessoa para pessoa. Alguns se aposentam cedo porque a ocupação

os incentiva a fazê-lo (por exemplo, atletas profissionais) ou porque desejam e têm condições

de começar outras carreiras. Para outros, a aposentadoria pode ser traumática, resultando na

perda de saúde física ou mental.

Essas etapas, então, podem servir de um cronograma, de um guia. Todavia, elas podem

ser longas ou breves, podem se repetir se o profissional realizar um movimento de carreira

passando de uma para outra carreira e não necessariamente estarão relacionadas à idade. Em

algumas posições/ocupações, a idade poderá ser considerada, lembrando que etapas e idade

podem diferenciar de posição para posição. Por exemplo: o tempo de formação, treinamento e

ingresso no mercado de trabalho para Medicina difere substancialmente de outras ocupações

como Engenharia, Advocacia, Contabilidade etc.

Considerando o universo pesquisado, alunos do último semestre de cursos de Tecnólogo

com faixa etária que varia de 17 a 25 anos, na sua totalidade, estão vivenciando a etapa três e

migrando para a quatro, isto é começam a ter acesso ao mundo do trabalho e a socializar-se no

ambiente organizacional, deparando-se com dificuldades que este mundo oferece e dando conta

da realidade que se choca com o ideal que planejou para sua carreira, gerando certo conflito.

Outro fator observado junto à população atendida em atividades de Planejamento de

Carreira e Orientação Profissional é a antecipação das etapas mencionadas, pois percebemos

que cada geração vivencia mais rapidamente cada etapa. A Figura 2 traz cada etapa da carreira.

41

Figura 2 - Principais Etapas de Carreira5

5

As etapas descritas foram extraídas da pesquisa preliminar de Donald Super e foram ampliadas com base em pesquisa própria do autor (Schein, 1978; Super & Bohn, 1970). Também foi incorporado o trabalho mais recente sobre estágios de carreira e de vida por Arthur, Hal & Lawrence (1989); Dalton & Thompaon (1986); Derr (1986); Feldman (1988) e Levinson (1978, 1988).

Etapa 10 Aposentadoria

Etapa 8 Mantendo, recuperando ou nivelando o ímpeto

Etapa 7 Crise de meio da carreira - Reavaliação

Etapa 6 Ganado segurança e participação permanente

Etapa 5 Ganhando aceitação

Etapa 4

Treinamento básico - Socialização

T

Etapa 3 Ingresso nomundo do trabalho

Etapa 2 Educação - Treinamento

Etapa 1 Crescimento – Fantasia - Exploração

Etapa 9 Desligamento

42

Âncoras de Carreira são entendidas como a representação da sua autoimagem

profissional. Embora ainda não haja comprovações de que são permanentes, as consideraremos

como uma ferramenta situacional; entretanto, há fortes indícios que são internalizados, como

autoimagem, e que não ocorrem mudanças na âncora.

O universo desta pesquisa são alunos de cursos da modalidade tecnólogo em Tecnologia

da Informação, que serão considerados os autores e atores de sua própria vida e do seu plano

de carreira e, como tal, responsáveis por suas escolhas e pelas consequências das mesmas. A

ferramenta Motivadores Profissionais / Âncoras de Carreira (Anexo 1) será um subsídio para a

compreensão dos motivos de escolhas e contribuirá com a identificação da Carreira Interna,

oferecendo ainda subsídio para comparação no desenho da Carreira Externa, identificando

dissociações entre elas (Subjetivo x Objetivo), o que pode impactar na perenidade e manutenção

da opção de carreira.

Como abordam Dias e Soares (2009, p.35):

Entendemos o sujeito, como autor e ator de sua própria vida, isto é, como um ser capaz de realizar e levar a cabo o seu projeto de vida, no qual muitas vezes o escolher está entre o aceitar ou não a escolha que já está dada. As escolhas se limitam a oportunidades sempre temporais e contextuais.

O jovem deve assumir o controle da sua vida e ser o protagonista das escolhas,

considerando aspectos que terão impacto na vida como um todo e no seu projeto de vida. Nesse

contexto, deverá estar atento aos fatos e também às questões psicológicas que são inerentes às

pessoas.

A seção seguinte terá especial atenção aos componentes psicológicos que subsidiam

uma escolha profissional, sob a percepção proposta por Rodolfo Bohoslavsky, abordando a

Estratégia Clínica.

2.3 Orientação Vocacional - A Estratégia Clínica

Rodolfo Bohoslavsky, no contexto desta pesquisa, ganha destaque especial. Sua

importância para a atividade de Orientação Profissional é de extrema valia, tornando

imprescindível falar um pouco sobre sua meteórica trajetória de vida e sua obra.

Bohoslavsky nasceu na Argentina, em 1942, e sempre manifestou o desejo de

compreender os seres humanos, o que pode ter sido condicionante para a decisão de cursar

Psicologia, formação esta concluída em 1966 pela Universidade Nacional de Buenos Aires,

onde o pesquisador também começou a lecionar no último ano do curso. Foi pioneiro no

43

trabalho de Orientação Vocacional, enfrentando diversos obstáculos e resistências na aceitação

dos seus pontos de vista, em especial por parte da ala mais conservadora da Psicologia, que

adota a psicometria (medidas psicológicas/testes) como verdade absoluta e se respaldava na

teoria de Traço e Fator no processo de OP.

Em 1927, Bohoslavsky escreveu a publicação “Orientação Vocacional – A Estratégia

Clínica”, com a primeira edição no Brasil, em 1977, enfrentando duras críticas em um contexto

socioeconômico que privilegiava o ser profissional, enquanto Rodolfo procurava os verdadeiros

objetivos humanos e, em sua perspectiva, procurava entender e perceber os indivíduos como

pessoas e não somente como profissionais.

Em 1974, surge a ideia e se obtém recursos para a implantação de um curso com o autor

na Universidade de São Paulo (USP), curso este realizado em fevereiro de 1975, para

psicólogos, o qual foi coroado de êxito.

A partir do sucesso do curso na USP, Bohoslavsky passou a ser procurado por

Orientadores Profissionais e se sensibilizou pela causa dos mesmos, aceitando o convite para

participar do curso de aperfeiçoamento para Orientadores Educacionais das redes Estadual e

Municipal de São Paulo, promovido por ambas as Secretarias de Educação de São Paulo (abril

a junho de 1975). A partir daquele momento, passou a integrar o quadro de professores

convidados da USP e, paralelamente, desenvolvia um projeto intitulado Laboratório de

Relações Humanas. Este projeto foi uma forte experiência, que levava o indivíduo a ter novas

percepções de si e do mundo. O psicólogo atuou também em outras instituições e universidades

como PUC – São Paulo, PUC – Rio de Janeiro, GEPSA (Grupo de Estudos em Psicologia

Social), entre outras.

Bohoslavsky recebeu um parecer médico desfavorável, que o impediu de ser contratado

pela USP, situação que o fragilizou bastante, sentindo-se desiludido frente à estrutura inflexível

e extremamente burocratizada, competitiva e ambígua da instituição de ensino. Diante disso,

retornou ao Rio de Janeiro e entregou-se à vida boêmia.

Envolveu-se com o teatro e pretendia escrever e encenar uma peça, que teria como pano

de fundo o circo em que representaria o mágico. Ele amava a poesia e também as escrevia, além

de gostar de declamar.

Acometido, desde criança, por uma lesão cardíaca e endocardite, dava pouca atenção à

sua saúde, que ficava cada vez mais prejudicada em função do estilo e ritmo desenfreado de

vida que adotou. Em abril de 1977 teve um AVC (acidente vascular cerebral) que o levou a

óbito.

44

Na época da publicação da primeira edição da obra “Orientação Vocacional – A

Estratégia Clínica”, as condições que orientavam a Orientação Profissional no país levaram ao

enfoque predominante à Teoria Traço Fator (O homem certo no lugar certo) e a prática da

aplicação dos chamados testes vocacionais. Tais testes se valiam da psicometria para traduzir

ou trazer à consciência características psicológicas, interesses e aptidões do orientando, sem

considerar o meio, a educação, a família e outros aspectos, apresentavam conclusões e

resultados, na maioria das vezes não esperados, levando à frustração, à descrença do processo

e, consequentemente, às escolhas errôneas.

O pressuposto da estratégia clínica como modalidade de orientação profissional se apoia

no sentido de oferecer aos jovens condições de assumir a situação que enfrenta e ter consciência

de seus interesses para efetuar uma escolha consciente, pessoal e responsável, tendo como

principal instrumento da orientação a entrevista, em que se concentram os três principais

“acontecerem” clínicos. São eles: 1) ter uma visão compreensiva e ampla dos problemas da

juventude; 2) estabelecer relações causais entre os diversos fenômenos que ocorrem na escolha,

e 3) distinguir entre problemas vocacionais e demais problemas da personalidade, sendo que o

orientador adota um estilo não diretivo, tendo como referencial teórico a metodologia do

psicólogo americano Carl Roger (1902-1987).

A terapia Rogeriana foi definida como não diretiva e centrada no cliente (palavra que

Rogers preferia à paciente), porque cabe a ele a responsabilidade pela condução e pelo sucesso

do tratamento. Para Rogers, o terapeuta apenas facilitava o processo. Tal vertente surgiu como

uma terceira via entre os dois campos predominantes da psicologia, em meados do século XX.

Até então, de um lado havia a psicanálise, criada por Sigmund Freud (1856-1939), com sua

prática balizada pela ortodoxia, e, de outro, o behaviorismo, que na época tinha B. F. Skinner

(1904-1990) como expoente e se caracteriza pela submissão à biologia. A corrente de Rogers

ficou conhecida como humanista, porque, em acentuado contraste com a teoria freudiana, ela

se baseia numa visão otimista do homem.

O método Rogeriano era mais aplicado nos EUA, enquanto na Argentina, cidade natal

de Bohoslavsky, o método foi notoriamente influenciado pelas contribuições psicanalíticas da

Escola Inglesa e pela Psicologia do Ego, sendo considerada a pioneira nesta prática, sendo

denominada por Bleger como Psicanálise Clínica.

Vamos considerar, para este estudo duas modalidades, conforme transcrição do Quadro

2, em que a principal crença será a dualidade entre Modalidade Estatística – Quantas referências

tem e o que escolhe e Modalidade Clínica – A quem é e como escolhe.

45

Quadro Comparativo 2 – Modalidade Estatística x Modalidade Clínica

MODALIDADE ESTATÍSTICA MODALIDADE CLÍNICA

1) O adolescente, dados a dimensão e o tipo de

conflito que enfrenta, não está em condições de

chegar a uma decisão por si mesmo.

1) O adolescente pode chegar a uma decisão, se

conseguir elaborar os conflitos e ansiedades que

experimenta em relação ao seu futuro.

2) Cada carreira ou profissão requer aptidões

específicas. Estas são:

a) Definíveis a priori

b) Mensuráveis

c) Mais ou menos estáveis ao longo da vida

2) As carreiras e profissões requerem potencialidades

que não são específicas. Portanto, estas não podem

ser definidas a priori, nem muito menos medidas.

Estas potencialidades não são estáticas, mas

modificam-se no transcurso da vida, incluindo, por

certo, o tempo de estudante e de profissional.

3) A satisfação no estudo e na profissão depende do

interesse que se tenha por eles. O interesse é

específico, mensurável e desconhecido pelo sujeito.

3) O prazer no estudo e na profissão depende do tipo de

vínculo que se estabelece com eles. O vínculo depende

personalidade, que não é um a priori, mas que se

define na ação (incluindo certamente, a ação de estudar e

trabalhar em determinada disciplina).

O interesse não é desconhecido pelo sujeito, mesmo

que, possivelmente, o sejam os motivos que determinaram

esse interesse específico.

4) As profissões não mudam. A realidade sociocultural,

tampouco. Por isso, pode se predizer, conhecendo a

situação atual, o desempenho futuro de quem hoje

se ajusta, por suas aptidões, ao que hoje é

determinada carreira ou profissão. Se o jovem tem

aptidões suficientes, não terá que enfrentar

obstáculos.

Fará uma carreira bem-sucedida.

4) A realidade sociocultural muda incessantemente.

Surgem novas carreiras especializações e campos de

trabalho, continuamente.

Conhecer a situação atual é importante. Mais

importante é antecipar a situação futura. Ninguém

pode predizer o sucesso, a menos que seja entendido

como a possibilidade de superar obstáculos com

maturidade.

5) O psicólogo/orientador deve desempenhar um papel

ativo, aconselhando o jovem. Deixar de fazê-lo

aumenta indevidamente sua ansiedade, quando esta deve

ser diminuída.

5) O jovem deve desempenhar um papel ativo. A tarefa

do psicólogo/orientador é esclarecer e informar. A

ansiedade não deve ser amenizada, mas resolvida; e

isto somente se o adolescente elabora os conflitos

que deram origem.

Fonte: Bohoslavsky (1977, p. 4-5)

No exercício da profissão de Orientador Profissional, percebemos que não há uma

modalidade melhor ou pior, certa ou errada; alguns aspectos elencados na modalidade

estatística contribuem com a decisão, porém buscam suporte na modalidade clínica. Logo,

entendemos que podem assumir um papel complementar, suportando o processo de escolha e

fornecendo subsídios para a escolha consciente e madura.

46

Por fim, entendemos que a Estratégia Clínica se concentrará na compreensão do jovem

em relação à sua escolha profissional, servindo-se do Orientador como um canalizador de

informações e um profissional que o apoiará frente à situação, proporcionando-lhe reflexões

sobre suas características, estilos, aptidões, habilidade, comportamentos, fortalezas e fraquezas,

além de dados disponibilizados pelo mercado acerca das profissões, suas áreas de atuação,

especializações e mercado de trabalho como fatores que indicarão seu sucesso.

Inicialmente, definiremos a Estratégia Clínica e, para facilitar a compreensão da

mesma, as duas palavras que compõem o termo serão definidas isoladamente, de acordo com

Bohoslavsky (2003, p. 5 e 6):

Estratégia� Vocábulo relacionado à guerra, de origem militar e refere-se às ações que

serão adotadas para combater o inimigo, fazendo uso de planejamento com intuito de efetuar

mudanças em determinados propósitos. Logo, toda e qualquer estratégia tem um caráter

intencional e consciente, isto é, quem a emprega sabe por que e para que a está utilizando.

Clínica� Buscando o significado no contexto da língua portuguesa, clínica refere-se à

preleção médica realizada em hospitais e consultórios médicos; todavia, no ambiente de

aconselhamento/orientação de carreira, o termo terá a conotação de vivenciar, compreender o

indivíduo, suas características e desejos/sonhos. É contribuir com o jovem na reflexão sobre os

aspectos mencionados e levá-lo à ação da escolha. Conforme afirma Ulhoa (1964, p.20), “A

Reflexão e a Ação estão solidamente unidas, de modo que o observar, o pensar e o agir ou

mudar integram uma unidade de atuação”.

Logo, a Estratégia Clínica será uma ação planejada intencional e consciente, que levará

o orientando a vivenciar e compreender suas características, habilidades, aptidões e sonhos na

busca da identificação com uma profissão, ancorada nos seus interesses e motivações. Esses

interesses, conforme descreve Bohoslavsky (2006), valendo-se de Donald Super, encontram a

disponibilidade para ser motivado por uma área da realidade de modo discriminativo em relação

a outras. É um instinto, uma necessidade que tende a ser satisfeita, ocupar-se de certos objetos

e orientar-se para certas atividades.

Conforme descrito por Bohoslavsky (1977, p.23a), “o jovem no processo de escolha

demonstra estar preocupado consigo mesmo (Pessoal) e preocupado com o seu futuro e, nesse

sentido, recorre ao orientador (Outro). Nesta tríade, um fica dependente do outro e há uma forte

relação entre as partes”.

Segundo Gerth e Mills (1963, p.18), “o que ocorrer com o processo de orientação

vocacional terá inter-relação com três fatores, entretanto devem-se considerar aspectos

emergentes do contexto social e do ambiente que a pessoa está inserida, tais como a ordem

47

social, a ordem institucional educacional e a ordem institucional da produção”. A Figura 3

mostra os fatores de inter-relação mencionados.

Figura 3 – Fatores de Inter-relação Vocacional

Fonte: Bohoslavsky (2003, p. 23)

No contexto social, a análise recai sobre o termo ordens e esferas institucionais e por

ordem, Gerth e Mills (1963) entendem o conjunto de instituições. São elas: religiosa, política,

militar, familiar e da produção (ver Figura 4 a seguir). E, no processo de orientação profissional,

duas destas instituições são de maior valia: a ordem institucional da produção e a ordem

institucional familiar.

48

Figura 4 – Ordem Institucional

Fonte: Bohoslavski (2003, p. 24)

Na relação entre a Pessoa, Futuro e Outro e nas esferas em que a pessoa está inserida,

consideraremos a educação com uma ordem institucional e tudo o que ocorre nesta tríade é

emergente de um contexto mais amplo.

Essa relação engloba a estrutura social e, no sentido mais restrito da ordem institucional,

a produção, família e educação, ambiente que é parte da vida dos sujeitos deste estudo. Assim,

devemos levar em consideração que o jovem tem um olhar para o futuro e deste dependerá o

contato que teve com a instituição educacional e como esta o preparou para vivenciar e vincular-

se à ordem institucional da produção.

Bohoslavsky (1977) entende que, para o jovem, o futuro tem relação com a instituição

educacional, quando ele solicita aconselhamento aos membros dessa ordem e ainda assume o

papel de ser o meio para levá-lo a um papel ocupacional adulto, isto é, o jovem enxerga, no

futuro, uma carreira, a universidade, professores, enfim, tudo que o cerca dentro deste universo.

Não se trata de um futuro abstrato, mas sim de um futuro personificado e, ao mesmo tempo,

desconhecido e em alguns momentos assustador. O futuro também passa pela ordem familiar,

pela inclusão da ordem institucional produtiva, inserção no mundo do trabalho, ocupar um lugar

na sociedade, ter uma função, um dever e uma trajetória.

49

No processo da escolha profissional deve, ainda, ser levada em consideração a relação

com o outro, e neste “outro” estão incluídos a figura das pessoas do seu meio familiar, social,

educacional e orientadores envolvidos no processo, bem como a classe social e aspectos

psicológicos que são fatores determinantes na elaboração do ideal de futuro do jovem, portanto

essa escolha se relaciona com o outro, quer seja ele real ou imaginário.

O futuro está presente na vida do jovem de forma personificada, na figura do

profissional que idealiza ou adota como modelo ou referência, na faculdade que sonha cursar,

bem como considera que o futuro implica em comportamentos e desempenhos de uma pessoa

adulta que ele percebe como um profissional de sucesso e projeta nesse indivíduo poderes como

se fossem os seus.

Há de se considerar que o jovem está em um momento em que enfrenta uma série de

escolhas que terão impacto em sua vida, fato que o deixa susceptível a angústias e dúvidas que

terão forte ressonância em seu futuro. Mesmo diante de tantas crises, ele tem que efetuar uma

escolha profissional e considerar os cenários ideológicos, religiosos, éticos e os aspectos sexuais

e, não menos importante, a sua identidade ocupacional.

2.3.1 Identidade ocupacional

Entende-se por identidade ocupacional a autopercepção de como a pessoa ascenderá a

papéis sociais adultos. Quando esse ajustamento ocorre em níveis psicológicos, podemos

concluir que a identidade ocupacional foi alcançada. Todavia, este conceito derruba a afirmação

que a vocação é algo definido, um “chamado” interior ou destino preestabelecido que se deve

estar atento para se descobrir, entendendo esta afirmação como um sistema interligado à

personalidade do indivíduo. Assim, entendemos, então, que problemas vocacionais são

problemas de personalidade.

Vale ressaltar que a identidade ocupacional é a autopercepção dos papéis ocupacionais

assumidos ao longo do tempo e, por ocupação, o conjunto de expectativas desse papel. Assim

sendo, ocupação não é algo existente de dentro para fora ou de fora para dentro, mas sim, da

interação dos dois universos.

O processo de escolha profissional, além de ser, como define Bohoslavsky (2006), um

processo de reparação de conteúdos internos danificados, pode também ser um meio de

identificação ocupacional e esta se desenvolve como um aspecto da identidade pessoal do

jovem, sendo ainda sujeito a influências do meio em que a pessoa que decide está envolvida.

50

Todo o movimento de tomada de decisão envolve uma forte avaliação do mundo, os

objetos, pessoas, valores e atividades que o ego percebe e com os quais se envolve. Tais

aspectos são convertidos em algo próprio e pessoal, sedimentando dimensões específicas da

identidade ocupacional.

Segundo Bohoslavsky (2006, p.32-36), a identidade ocupacional se apoia em alguns

aspectos considerados essenciais, tais como:

a) O ideal do ego e sua gênese (as relações gratificantes e ou frustradoras com

pessoas que desempenham papéis sociais);

b) Identificações com o grupo familiar (valor dado pela família e a forma como

os membros familiares realizaram a escolha);

c) Identificação com o grupo de pares (semelhante ao grupo familiar, porém

sem a percepção negativa da escolha);

d) Identificações sexuais (O jovem atribui valor às profissões e as divide por

gênero – Profissões de Homens e de Mulheres);

e) A crise de identidade na adolescência (Como o jovem lida com a crise da

adolescência e reestrutura sua personalidade);

f) Luto (Como se lida com os três lutos básicos vividos na adolescência: o luto

pelos pais, pelo corpo infantil e pelas formas infantis de relação).

A problemática vocacional se depara com uma série de perguntas que devem ser

respondidas, tais como: Quem eu sou? No que eu creio? O que eu não quero? O que eu devo

abandonar? O que há de importante para minha vida? E outras mais, porém estas respostas

devem ser obtidas rapidamente porque a sociedade em que o sujeito está inserido lhe cobra

respostas e escolhas. Bohoslavsky (1977, p. 43), valendo-se de Erickson, denomina este prazo

de moratória psicossocial, e as tarefas fundamentais são a discriminação, a seleção e a escolha

das identificações. Vale lembrar que, nessa fase, lidamos com um jovem/adolescente que

enfrenta a crise de identidade e a vivência de seus lutos, além de, em alguns momentos, ter que

também lidar com a identidade negativa. O jovem com escolhas opostas ou valores recusados

pelo grupo familiar pode ainda enfrentar problemas de desempenho escolar, abandono dos

estudos e, em alguns casos, perda da identidade ocupacional.

O jovem, ao ficar de frente com problemas de escolha profissional, poderá se deparar

com aspectos de uma exploração. Considerando o nível de ansiedade, o tipo de conflitos e as

defesas que o orientando possui, teremos quatro tipos de situações, como defende Bohoslavsky

(1977, p. 46). São elas:

51

1) Predilemáticas.

2) Dilemáticas.

3) Problemáticas.

4) Resolução.

1 – Predilemática – O jovem não se dá conta do que deve explorar e não sabe porque

deve escolher e, especialmente, o que escolher, geralmente com predomínio de imaturidade e

busca relação paternal com o orientador e tende a transferir a escolha para o orientador.

2–Dilemática - Tem certa percepção de que algo acontece ao seu redor e certo senso de

urgência na escolha, porém, carregado de muita ansiedade que poderá levar a confusões de

papéis e identidades, há predomínio de conflitos que são ambíguos e ambivalentes, tais como

quando falam em carreiras falam de matérias escolares, quando falam dos professores estão

falando dos pais etc. Se aparece uma negação, podem ser levados a uma situação predilemática.

3–Problemática – O jovem mostra-se preocupado com o processo de escolha, porém

vivencia situações que oscilam nos níveis persecutórios ou depressivos. Conflitos bivalentes

formulam situações dicotômicas, isto é “Gostaria de fazer tal curso para me realizar, mas outro

vai me dar mais dinheiro”.

4 - Resolução – Surgem sentimentos, neste modelo, que são ambivalentes e

combivalentes. Não há amor ou ódio frente ao objeto que necessita ser abandonado, há a

elaboração do objeto. O jovem tem consciência que tem que encontrar uma solução para seu

problema de escolha. Há a elaboração dos seus lutos. Pode enfrentar algumas regressões e voltar

a estágios anteriores ou negar a escolha, sentir-se cansado, ou acionar mecanismos de defesas,

como abandonar a escolha ou não querer mais pensar nas escolhas.

Em qualquer que seja a fase da escolha há a necessidade de se compreender o motivo

da mesma e, conforme afirma Bohoslavsky (1977, p. 49):

Supõe que as pessoas fazem alguma coisa “por” alguma coisa e que a fazem “para”

alguma coisa, entretanto essa coisa não está claramente definida.

Nesse contexto, podemos dizer que o jovem, ao se identificar esta “alguma coisa”, pode

defender a posição de que encontrou sua identidade vocacional e com ela identificada

encontrará, certamente, a sua identidade ocupacional. Isto se dará quando der conta de

responder às questões: Sei o que fazer, de que modo farei, em que contexto farei. A identidade

ocupacional incluirá: quando, à maneira de quem, com quem, como e onde.

52

Enfim, o processo de escolha profissional deve estar pautado em uma escolha madura e

ajustada. Escolha madura é aquela em que os conflitos estão elaborados e não negados; é aquela

que se baseia na possibilidade de passar do uso defensivo das suas identificações para uma

maneira instrumentalizada dessas identificações. É entender seus gostos, seus interesses,

aspirações e se autoconhecer. Uma escolha ajustada é aquela em que seus interesses, gostos,

sua maturidade coincidem com aspectos externos; é a conjunção entre a responsabilidade

consigo mesmo e a responsabilidade social.

Em resumo, uma escolha madura e ajustada, segundo Bohoslavsky (1977, p. 67), é

aquela que:

1 – Se faz com conhecimento do que se pode ou não se pode escolher.

2 – É a escolha de uma profissão que coincida com seus interesses e com a realidade da

profissão escolhida.

3 – É a escolha que “combina mais” com seus interesses e aspectos de sua identidade

vocacional.

A contribuição proporcionada por Rodolfo Bohoslavsky está voltada ao entendimento

dos aspectos psicológicos, para se realizar uma escolha, que considere a personalidade do

jovem, seus anseios, desejos e suas características como pessoa. Tais aspectos levarão o jovem

a efetuar uma escolha madura e consciente.

O passo seguinte é compreender como a pessoa, após ter identificado seus motivadores

de carreira e ter realizado uma escolha aderente aos aspectos internos, terá espaço no mundo

organizacional. A próxima seção descreverá as contribuições de Dutra, com aspectos que

definem os papéis, tanto às pessoas como às empresas, bem como suas ideias para a construção

de um plano de carreira consistente.

2.4 Carreira e organizações

O jovem, após a escolha de um curso superior, investe tempo, recursos financeiros e

dedicação na aquisição de novos conhecimentos, técnicas e conteúdos, que permitirão o

exercício de uma atividade profissional. Muitos atuarão em uma organização, sonhando e

planejando uma carreira de sucesso e ocuparão, com o passar do tempo e o acúmulo da

experiência, posições com maior responsabilidade e com atividades de alta complexidade.

Neste sentido, por estarmos falando de um ambiente organizacional e empresarial, vale abordar

o tema carreira sob a ótica da Administração. Para tanto, esta dissertação se vale das

53

considerações contidas na obra intitulada “Administração de Carreiras: Uma Proposta para

Repensar a Gestão de Pessoas”, de Joel Souza Dutra, cuja primeira edição é do ano de 2007.

O professor Joel de Souza Dutra é Livre Docente da Faculdade de Economia e

Administração da Universidade de São Paulo – FEA-USP; leciona na graduação e na pós-

graduação, possui mestrado na Fundação Getúlio Vargas e doutorado na FEA-USP. Acumula,

ainda, as posições de Diretor Geral de Recursos Humanos da USP, Coordenador do Programa

de Gestão de Pessoas – PROGEP/FEA-USP e Vice Coordenador do Curso da mesma IES. O

autor atua também como Consultor de Gestão de Pessoas em importantes empresas do Brasil;

é Diretor-Instituidor da Growth Consultoria Desenvolvimento de Pessoas e Organizações e

autor de várias publicações que abordam os temas: Administração de Empresas, Carreira,

Competências e Remuneração, entre outros.

Carreira não é um tema muito abordado no universo das organizações, mais

especificamente no Brasil. O estudo emergiu com a industrialização e é fundamentado nos

conceitos Taylorista-Fordista da administração e na necessidade das pessoas ocuparem

posições dentro das empresas. O tema ganha maior destaque com a estruturação da visão de

desenvolvimento dos Recursos Humanos da organização e a preocupação em se ter

profissionais realizados com a profissão, em ambiente produtivo e saudável, em termos de

clima. Nesse sentido, a obra elabora por Joel Dutra passa a ser uma resposta para as

necessidades da empresa moderna e para o exercício da gestão de pessoas. Por um lado, tem o

propósito de instrumentalizar as pessoas e desenvolver o pensamento de carreira, por outro lado,

oferece às empresas conceitos e ferramentas necessários para instituir a Gestão de RH com

visão estratégica, integrando políticas e práticas na administração de pessoas. De acordo com o

posicionamento do autor:

Apesar de sua relevância para a administração moderna, não encontramos literatura em língua portuguesa sobre Administração de Carreira. Este livro tem o objetivo de cobrir esta lacuna e é endereçado a profissionais preocupados com gestão de pessoas, a estudantes interessados no tema e as pessoas interessadas em pensar suas carreiras. (DUTRA, 2007 p. 7).

A visão do homem no mundo do trabalho tem que ser levada em consideração, quando

abordamos o pleno exercício de uma atividade profissional dentro do ambiente empresarial,

visto que este exercício consome a maior parte do tempo das pessoas. Neste ambiente, tanto a

carreira como a empresa devem estar preparadas para proporcionar condições de ascensão e

desenvolvimento aos profissionais, como também proporcionar um ambiente em que as

relações pessoais sejam amistosas e produtivas, além de contribuir com novas tecnologias e

desafios aos recursos humanos internos.

54

Valendo-se de Sweezy no prefácio do livro de Braverman intitulado “Trabalho e Capital

Monopolista”, Dutra (2007, p. 5 e 6) afirma:

Meu espanto ante a capacidade da humanidade para criar um sistema tão monstruoso só é ultrapassado pelo estarrecimento ante sua disposição a tolerar a continuação de um dispositivo tão evidentemente destrutivo do bem-estar e felicidade de seres humanos. Como seria maravilhoso este mundo se o mesmo esforço, ou apenas a metade dele, fosse dedicado a tornar o trabalho uma atividade alegre e criativa como pode ser.

O homem, atualmente inserido no mundo do trabalho, pode, muitas vezes, carregar

sentimentos destrutivos em relação a si mesmo e à sua identidade profissional. Usa aceitação

como membro de um grupo produtivo e exerce uma atividade que apenas lhe traz recursos

financeiros e nenhuma realização profissional. É evidente que todo o sistema sócio-político-

econômico ditado pelo capitalismo também corrobora com esta condição, mas temos que

concordar que, se as organizações dedicassem pelo menos uma parte do esforço para tornar esse

ambiente mais feliz, certamente teria, como consequência, maior retorno financeiro.

Algumas atitudes devem ser levadas em consideração para se proporcionar um mundo

do trabalho melhor, mais eficiente e produtivo, tais como: a) efetuar uma revisão nos

paradigmas empresariais, cujo foco é única e exclusivamente a obtenção do lucro e ganhos de

produtividade, levando seus colaboradores a níveis exacerbados de esgotamentos físicos e

psicológicos; b) a modificação acentuada nas formas de competição e concorrência entre as

empresas; c) melhor compreensão dos impactos tecnológicos na natureza do trabalho e d) forte

atenção às mudanças comportamentais, tanto individuais como coletivas, modificando as

expectativas quanto às relações de trabalho.

Os profissionais que hoje se encontram no exercício de suas atividades estão

despertando para uma visão mais crítica quanto à relação Homem x Trabalho e buscam, no

autoconhecimento, a identificação de seus reais interesses e valores, para se situarem no

contexto de uma carreira. Assim, são capazes de questionar o status quo e, se necessário,

proceder a mudanças de rota, escolher outra vez e encarar novas alternativas de trabalho, com

o intuito de alcançarem felicidade e realização.

A preocupação aqui é entender papéis que estão presentes na administração da carreira

e o que cabe a cada um dos atores deste espetáculo, isto é, o papel das pessoas, das empresas e

o compartilhamento dessa gestão entre as duas partes.

Para sustentar este presente trabalho, é necessário conceituar carreira e, para este termo,

encontramos diferentes definições. A conceituação se torna difícil por haver entendimentos

complexos e ao mesmo tempo ambíguos na sua natureza. O termo carreira pode estar associado

à questão da mobilidade ocupacional, valendo para tanto da trajetória profissional que um

55

indivíduo desenha para sua vida. Carreira poderá ter a conotação de uma profissão específica,

tendo como exemplo a carreira militar ou acadêmica.

Carreira pode ser definida como um caminho estruturado e organizado ao longo do

tempo e espaço (VAN MAANEN, 1977). Dutra (2007, p. 17), valendo-se de Hall (1976),

assume a seguinte definição:

Carreira é uma sequência de atitudes e comportamentos, associada com

experiências e atividades relacionadas ao trabalho, durante o período de vida

de uma pessoa.

Para este trabalho, nos valemos do conceito de carreira definido por London e Stumph

(1982, p. 4), considerando ser este bem aceito pela comunidade científica envolvida com o tema

e também o que mais se adequa aos propósitos desta pesquisa.

Carreira são as sequencias de posições ocupadas e de trabalhos realizados durante a vida de uma pessoa. A carreira envolve uma série de estágios e a ocorrência de transições que refletem necessidades, motivos e aspirações individuais e expectativas do indivíduo; engloba o entendimento e a avaliação de sua experiência profissional, enquanto, da perspectiva da organização, engloba políticas, procedimentos e decisões ligadas a espaços ocupacionais, níveis organizacionais, compensação e movimentos de pessoas. Estas perspectivas são conciliadas pela carreira dentro de um contexto de constante ajuste, desenvolvimento e mudanças. (grifo do autor)

É importante reforçar que esse conceito não trata a carreira como estrutura linear, que

não leva em consideração estágios de vida da pessoa, ambiente, posição, atividade a ser

produzida, possibilidades de mudança e constante reflexão. Com essa definição, os autores

mostram, ainda, que uma carreira conta com a participação do profissional e do meio em que

está inserida, ou seja, há uma relação clara entre pessoa e empresa com dinamismo e

conciliação.

Mas se a carreira é uma relação dinâmica e conciliatória entre pessoa e empresa, o que

cabe a cada um destes protagonistas é executar uma boa gestão.

Cabe às pessoas manterem o olhar crítico sobre seus propósitos e objetivos a serem

atingidos, identificando qual o melhor caminho e de que estratégias farão uso para obterem

sucesso na sua empreitada. Esses caminhos deverão estar permeados de ações que as conduzam

ao alcance das metas e que possuam aderência às suas expectativas, perfil, estilo e interesses.

Todavia, identificamos na literatura aqui utilizada, que há uma forte resistência das pessoas em

efetuarem o planejamento de sua carreira, pois ainda encaram a trajetória profissional como

algo de responsabilidade da empresa, atitude herdada dos pais que, por receio e submissão,

destinavam tal atividade aos empregadores (DUTRA, 2007, p. 21).

56

A questão da resistência ao planejamento de carreira por parte dos profissionais não se

restringe somente ao Brasil, pois se estende a diversos outros países. O foco do planejamento

de carreira se resume a aspectos externos, que tenham reflexos imediatos na vida do

profissional, tais como: remuneração, status, prestígio, poder e, muitas vezes, são

desconsideradas preferências pessoais, interesses e objetivos profissionais.

Entendemos que esse quadro poderá sofrer mudanças, desencadeadas pelo

comportamento que as organizações empresariais têm adotado e também pela força da pressão

socioeconômica e a visão crítica das novas gerações. Nota-se uma maior preocupação pelo tema

aqui abordado, especialmente em momentos de crises sociais e políticas, quando há aumento

de desemprego, o que proporciona ao profissional elaborar um plano que possa dar sustentação

aos seus objetivos.

Ainda, as empresas têm demonstrado preocupação em gerar estímulos aos seus

colaboradores para que tracem objetivos e planos para a vida profissional e são diversos os

fatores que levam as corporações a mudarem o comportamento e agirem como estimuladoras

de Planos Individuais de Desenvolvimento (PDI). Entre esses fatores, identificamos: a) a

preocupação em manter-se mais bem posicionada e competitiva no mercado e na sociedade; b)

redefinição de perfil profissional; c) desenvolvimento de novas tecnologias; d) redução de

níveis hierárquicos (downsizing); e) forte estímulo à inovação e ao empreendedorismo (com a

visão de que o colaborador cuide do negócio como se fosse próprio), entre outros fatores.

O estímulo oferecido às pessoas pelas empresas na atualidade tem sido visto como

importante instrumento para torná-las autônomas e responsáveis pela condução de sua própria

carreira. No entanto, Dutra (2007) lembra que, no Brasil, ainda existem poucas empresas que

oferecem tal estímulo, apoio e orientação. Devemos considerar também, nesse novo cenário, a

pressão social gerada pelo meio, adotando argumentos como o aumento das possibilidades de

carreiras e oportunidades profissionais, quer no âmbito interno, quer no externo, o aumento da

tecnologia, revisões estruturais e hierárquicas, possibilidades de alternativas de sistemas de

trabalho. Como exemplo dessas alternativas temos o Home Office – trabalhar de casa e o reporte

matricial, que significa responder a dois ou mais gestores. A complexidade organizacional,

diversificação de produtos, de serviços e de mercado, bem como aspectos ligados às

características dos profissionais também são levados em consideração.

A visão de que as pessoas são capazes de influenciar suas próprias carreiras e a

disseminação do conceito de manter-se em constante desenvolvimento profissional, estarem

abertas às novas possibilidades, aceitarem desafios nunca antes enfrentados, serem flexíveis,

57

com competências comportamentais nos padrões de excelência e estarem abertas a constantes

mudanças de localidades (mobilidade) são fatores que influenciam a gestão da carreira.

São várias as respostas que se buscam para manter um adequado planejamento de

carreira e também são várias as considerações que devemos ter a respeito das escolhas

profissionais. Esse fato antecede a elaboração do plano de carreira, porém efetuar uma inversão

de ordem pode ser benéfico, uma vez que propicia uma análise abrangente sobre o tema e, para

tanto, a construção de um plano baseado no diagrama de etapas do processo de planejamento

de carreira proposto por London e Stumph (1982), que acreditam que o planejamento de carreira

depende de três grandes etapas; são elas (DUTRA, 2007, p. 24 – 25):

1 – Autoavaliação - avaliar suas qualidades, pontos forte, interesses e potencialidade

para atuar em diversos e variados espaços organizacionais.

2 – Estabelecimento de objetivos de carreira - ser realista na elaboração do plano,

pautando-se na autoavaliação e nas oportunidades oferecidas pela empresa.

3 – Implementação do plano de carreira - estar apto e capacitado para acessar as

experiências profissionais necessárias para, assim, ter condições de competir com

oportunidades de trabalho e, consequentemente, atingir sua meta profissional.

A seguir, encontra-se, na Figura 5, o diagrama em que Dutra, valendo-se de London &

Stumph utiliza para demonstrar as fases do processo de planejamento de carreira (DUTRA,

2007, p. 25).

Figura 5 – Sistema de Administração de Carreira

Fonte: Dutra (2007, p. 25)

Fonte: LONDON, Manuel, STUMPF, Stephen. Managing careers. Reading: Addison-Wesley, Massachusetts, 1982 p. 32.

Estabelecimento de objetivos de

carreira

Identificação de oportunidades de

carreiras

Implementação

Plano de ação

Auto avaliação

58

Como subsídios para a realização de um plano de carreira adequado, existem

formulários e questionários que os suportam. Há ferramentas elaboradas por diversos autores,

cujo principal mote é a estruturação de ações disposta na linha do tempo e com

responsabilidades definidas ao planejador ou patrocinadores das ações.

É de fundamental valia que o planejamento de carreira seja compartilhado com a

empresa e que as expectativas individuais de carreira sejam negociadas com as necessidades

organizacionais, bem como as tarefas de desenvolvimento também tenham participação não só

do profissional como da organização.

A seguir, está descrita uma proposta apresentada por Rothweel e Kazanas (1988), com

sete passos a serem seguidos para a elaboração de um planejamento de carreira. Conforme

descreve Dutra (2007, p. 27 – 30), tal atividade requer empenho e dedicação por parte do

profissional para que este tenha clareza e condições de realizar uma discussão consigo mesmo

sobre seus objetivos, bem como se municiar de argumentos para negociar com a empresa a

participação no desenvolvimento do projeto.

1º. Passo - Clarificação da Identidade Individual – Fazer uso de técnicas que

possibilitem a avaliação das preferências individuais como parte do autoconhecimento.

2º. Passo – Avaliação dos Pontos Fortes e Fracos da Carreira - Identificação dos

pontos fortes, também chamados de vantagens, e dos pontos fracos, chamados de desvantagens

que possam se constituir como aspectos competitivos tanto para o mercado interno (empresa

em que o indivíduo já atua profissionalmente) como para o mercado externo (posições abertas

e circulantes no mercado). Essas vantagens são constituídas pela qualidade da formação, da

experiência adquirida, resultados obtidos, níveis de desenvolvimento de competências, relações

pessoais existentes neste cenário e das características de personalidade.

3º. Passo – Análise do Ambiente – Para realização de um planejamento de carreira

adequado, convém fazer uma análise profunda do ambiente em que o profissional está inserido,

considerando quatro possíveis cenários. São eles:

1) Dentro da empresa e da ocupação.

2) Dentro da empresa e fora da ocupação.

3) Dentro da ocupação e fora da empresa.

4) Fora da ocupação e fora da empresa (ver Figura 6 a seguir).

Considerando essas possibilidades, convém, ainda, averiguar oportunidades e ameaças

externas que possam contribuir com o resultado do plano e/ou prejudicar o planejamento.

Consideraremos como ameaças externas fatores tais como: política econômica, mudanças de

59

tecnologia, aspectos sociais, geográficos e governamentais de mercado, mudança de líderes e

de políticas internas das organizações, entre outros.

Figura 6–Análise de Ambiente

Fonte: Dutra (2007, p. 28)

4º. Passo – Identificação das Estratégias de Carreira e seu Alcance - Elaborar uma

análise detalhada das oportunidades e ameaças dentro e fora da organização e/ou ocupação,

com o objetivo de identificar a estratégia mais adequada à situação, de acordo com a

problemática eminente, tendo as seguintes possibilidades:

a) Crescimento – Investir no caminho que está sendo trilhado;

b) Desaceleração – Canalizar energia da empresa e da atual ocupação para buscar uma

nova empresa ou uma nova posição – Considerado como estratégia para o curto prazo e

pouco efetivo para o médio e longo prazo;

c) Diversificação – Procurar um novo trabalho, emprego ou ocupação;

d) Integração – Buscar uma atividade ou empresa complementar à atual;

e) Revisão – Repensar totalmente a carreira;

f) Combinação – Combinar duas ou mais estratégias.

Se o objetivo for a mudança de ocupação e de empresa simultaneamente, a dificuldade

de realização deste objetivo será excessivamente pesado, sendo aconselhável, inicialmente,

fazer a mudança de ocupação dentro da empresa atual, por se tratar de um ambiente conhecido

EMPRESA

OCUPAÇÃO

(1) dentro da empresa e dentro da ocupação

(2) dentro da empresa e fora da ocupação

(3) fora da empresa e dentro da ocupação

(4) fora da empresa e fora da ocupação

Fonte: ROTHWEEL, William e KANZANAS, H. C. Strategics humans ressources management. NewInserv: Rentice Hall,1988 p. 266

60

e com a confiança de gestores e do ambiente interno, tronando-se o processo mais fácil e menos

arriscado.

5º. Passo – Seleção de Objetivos de Carreira – Após a identificação das estratégias

indicadas no passo anterior, cabe à pessoa e elaborar um plano de ação com objetivos de curto

de prazo (1 ano), médio prazo (1 a 3 anos) e longo prazo (3 a 5 anos), considerando os seguintes

aspectos: profissional, educacional e social/familiar (pessoal), conforme o Quadro 3 a seguir.

Quadro3 - Planejamento de carreira

Fonte: elaborado pelo autor.

6º. Passo - Implementação da Estratégia de Carreira - Parte essencial do

planejamento, porém a mais delicada, face às mudanças comportamentais, alteração de rotina,

revisão de relacionamentos com pessoas e com a empresa em que se está contratado, entre

outros fatores comportamentais e psicológicos, podendo ocorrer resistências, frustrações e

decepções, comprometendo os passos anteriores. Vale salientar que, para o sucesso de um

planejamento, é ideal que se definam metas realistas e factíveis, fazendo uso da metodologia

SMART (Metas Específicas; Mensuráveis; Atingíveis; Relevante e Temporal - dentro de um

espaço de tempo).

7º. Passo – Avaliação de Resultados das Estratégias de Carreira – Trata-se de efetuar

constantemente a observação das metas definidas, com o intuito de avaliar a consistências das

estratégias e como estão sendo conduzidas as ações para o sucesso do plano. Havendo dúvidas

quanto às ações e metas, vale uma reflexão e/ou revisão das mesmas.

CU R T O PR AZO 1 AN O

M É DIO PR AZ O 2 A 3 AN O S

L O NG O PR AZ O 3 A 5 AN O S

E ST RAT ÉG IA PAR A AT ING IR A M E T A

E NV O LV IM EN T O DE O UT R O S N A M ET A

PL ANO ALT ER N AT IV O P LAN O B

R EF ER EN T E A M ET A DE C UR T O PR A ZO - 1 o . AN O

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61

Até aqui, refletiu-se sobre o papel da pessoa no planejamento da carreira, porém trata-

se de uma via de mão dupla e, de acordo com a proposta de Dutra (2007), a empresa também

possui responsabilidades sobre a gestão da carreira, papel este que passaremos a descrever.

Os profissionais que estão na organização têm um papel importante para a mesma, é por

meio deles que a empresa obtém resultados e operacionaliza suas estratégias na busca do lucro

e de resultados. Nesse sentido, cabe a ela direcionar esforços para que seu contingente possa

crescer e desenvolver-se na carreira, de acordo com objetivos e metas de carreira estabelecidas

no plano individual. Porém, considerando o elevado contingente de profissionais existentes,

essa missão ganha uma conotação de dificuldade elevada, tornando-se complexo administrar

e/ou conciliar os interesses e objetivos de cada um de seus colaboradores com as necessidades

organizacionais (DUTRA, 2007).

Assim sendo, cabe à empresa a implantação de um sistema que ofereça possibilidades e

diretrizes para a Administração da Carreira. Todavia, não pode e não deve ser esse um sistema

engessado, que não permita alterações e que deva ser seguido, obrigatoriamente, por todos, mas

sim que permita estruturar opções e organizar possibilidades, oferecendo suporte e

contribuições para que o profissional obtenha um norte em seus planos (DUTRA, 2007).

Diferentes autores definem um Sistema de Administração de Carreira, sendo que esta

pesquisa adota, como base para este conceito, a proferida por Leibowitz et al. (1986), que

conforme também afirmado por Dutra:

Caracterizam o sistema de Administração de Carreira constituído de diretrizes; instrumentos de gestão de carreira, integrados aos demais instrumentos de gestão de recursos humanos; estrutura de carreira e um conjunto de políticas e procedimentos que visam conciliar as expectativas das pessoas e da empresa (DUTRA, 2007, p.54).

Todo e qualquer sistema de Administração de Carreira deve ser estruturado e edificado

em princípios acordados entre as parte envolvidas, isto é o Profissional e a Empresa, e revistos

de tempos em tempos, para que ajustes possam ser promovidos e delineadas alterações de

objetivos de ambos os lados. Porém, é sabido que tais alterações e/ou ajustes demandam tempo

para serem processados, bem como os projetos de carreira requerem tempo para sua

solidificação.

Outro ponto de responsabilidade da empresa é oferecer uma estrutura adequada de

carreira, que dará suporte ao sistema de administração que, vale ressaltar, poderá ter o enfoque

centrado no trabalho, com atenção e direcionamento voltados a cargos com uma sequência

lógica de posições ou centrado na pessoa. Tal estrutura poderá ter um desenho que vise atender

62

efetivamente aos valores organizacionais, às estratégias de recursos humanos da organização,

às categorias profissionais, ao mercado local, às suas políticas internas e ao momento vivido

pela empresa.

2.4.1 Estruturas de carreira

Considerando esses aspectos, a empresa poderá optar por três formas estruturais, ainda

de acordo com Dutra (2007, p.81). São elas:

1. Estrutura em linha.

2. Estrutura em rede.

3. Estruturas paralelas.

Ressalta-se que a empresa poderá optar por uma estrutura única ou por um modelo

híbrido que combine aspectos pertencentes às três modalidades.

A seguir, definem-se os três tipos de estruturas para melhor compreensão do sistema de

carreira e seus formatos hierárquicos.

Estruturas em linha: desenho elaborado de forma sequencial, no qual as posições estão

alinhadas em direção única e não proporcionam às pessoas opções de mobilidade. Cada posição

terá uma responsabilidade específica e um grau de complexidade, que aumenta com cargos

hierárquicos superiores, sendo que o profissional ascende aos degraus na medida em que investe

nas suas qualificações e competências. Tal dinâmica é considerada a forma mais tradicional de

desenho de carreira e a mais encontrada no mundo organizacional e é também a estrutura mais

fácil de ser administrada.

Estruturas em rede: caracterizada por oferecer diferentes opções para cada posição da

empresa, possibilita que a pessoa estabeleça sua trajetória profissional a partir dos conceitos e

critérios discutidos com a empresa. Apresenta foco no sistema centrado no trabalho e está

fortemente vinculado à estrutura organizacional, criando limitações tanto para as pessoas como

para as empresas.

Isso pode dar às pessoas uma falsa ideia de escolha, porém estas ficam restritas. Todavia,

essas escolhas poderá levá-las a posições gerenciais e não possibilitam uma discussão prévia

entre as partes, sobre o caminho a ser percorrido e/ou mudanças de rotas ao longo da trajetória

profissional. Já para a empresa, esse modelo oferece pouca ou nenhuma possibilidade de

mobilidade ou reconfiguração das estruturas organizacionais, bem como apresenta uma

relevante dificuldade de conciliar as expectativas entre as pessoas e a própria empresa.

63

Estruturas paralelas: também conhecida como carreira Y, a qual é construída

considerando a existência de um eixo principal e deste bifurcando-se em dois braços

específicos. Esse eixo representa a formação básica do profissional, que na sequência opta pela

área técnica ou gerencial, sendo que o crescimento tanto em nível de responsabilidade e

complexidade das atividades desenvolvidas como nas condições de remuneração ocorre em

ambos os lados. Nessa situação, nada impede que o profissional migre do técnico para o

gerencial, porém com respeito às suas características, interesses e identidade ocupacional.

Outro elemento a ser considerado como essencial e de responsabilidade da organização

é a implantação e estruturação de um plano de sucessão que identifique potenciais ocupantes às

posições hierárquicas de maior responsabilidade e complexidade, independentemente da opção

da estrutura de cargos adotada para a gestão da carreira.

Dutra (2007, p.60), valendo-se de Pontes (1988), define um plano de sucessão como

sendo a extrapolação de uma atuação presente para a empresa: “Verifica os possíveis substitutos

para vagas futuras. Deve indicar pelo menos dois prováveis candidatos às vagas futuras. O

estudo destes candidatos advém do inventário interno dos recursos humanos internos”.

Walkers (1980) efetua algumas críticas com relação a este modelo de plano sucessório,

uma vez que tal projeto pouco leva em consideração os requisitos da atual posição e da futura;

o processo é subjetivo e não há discussões e acordos de expectativas com as pessoas indicadas

para a sucessão e, ainda, considera como papel e responsabilidade da empresa no sistema de

Administração de Carreira oferecer constantes desafios aos seus profissionais. Dessa forma,

cabe à empresa propiciar a aquisição de novos conhecimentos técnicos e/ou gerenciais,

ambiente saudável que permita boas relações e respeito à individualidade e à diversidade em

todos os sentidos, a existência de tecnologias avançadas que permitam a boa execução das

atividades e, por sua vez, a manutenção deste parque tecnológico. Além disso, tal modelo

permite a existência de processos constantes, de centro de avaliações e sistemas estruturados

para feedback, políticas claras de remuneração e programas de treinamentos que possibilitem o

desenvolvimento de novas competências, programa de comunicação interna, que mantenha os

colaboradores sempre atualizados e informados acerca das diretrizes organizacionais e, por fim,

apoio à elaboração e execução do plano de desenvolvimento individual (PDI).

A seguir, trataremos da Metodologia da Pesquisa de Campo, bem como qualificaremos

as IES e os sujeitos da pesquisa, nosso campo de estudo.

64

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este capítulo apresenta as etapas da pesquisa empírica desta dissertação, apresentando

os métodos, universo de pesquisa e os sujeitos envolvidos.

3.1 Metodologia da pesquisa e caracterização das IES e dos sujeitos

A parte empírica desta pesquisa deu-se nos meses de agosto e setembro do ano de 2016,

em duas Instituições de Ensino Superior (IES), sendo uma particular e outra pública, com alunos

na faixa etária de 18 a 42 anos.

Um dos requisitos para a participação neste estudo era que os alunos pesquisados

deveriam estar em exercício profissional ou já terem vivenciado o mundo corporativo, podendo

ou não estar atuando no campo de formação. Porém, era condição sinequa non que estivessem

já ocupando uma posição no mercado de trabalho em empresas de qualquer natureza e não se

limitando ao tipo de vínculo profissional, porte e segmento da empresa.

O método da pesquisa é qualitativo, e a coleta das informações se deu por meio de

entrevistas semiestruturadas; o tratamento dos dados se deu pelo método da análise do

conteúdo.

De acordo com Bardin (2011, p. 93):

A entrevista é um método investigatório de coleta de dados e de interação com o outro e pode ser diretiva ou não diretiva, dependendo do grau de profundidade do material colhido. As entrevistas consideradas não diretivas, também conhecidas como semiestruturadas, têm como características serem mais curtas e mais fáceis de serem conduzidas. Por um lado, possuem um plano ou um guia que contribui com os questionamentos a serem realizados durante o processo e, por outro lado, permitem também certa espontaneidade.

Optamos, ainda, pela modalidade semiestruturada por permitir maior flexibilidade na

realização, sem, contudo deixar o momento da entrevista engessado, sendo que, se o momento

assim requerer, o entrevistador poderá ampliar o roteiro, com o objetivo de coletar mais dados

que sejam essenciais para a pesquisa.

Toda entrevista tem o objetivo de obter informações objetivas e subjetivas que possam

subsidiar a análise de uma situação ou dos dados que possam contribuir com a constatação ou

não de uma hipótese.

Para Bardin (1977), a análise de conteúdo, enquanto método, constitui-se em um

conjunto de técnicas de análises das comunicações que utiliza de procedimentos sistemáticos e

objetivos de descrição das mensagens expressas no discurso e que dele extrai estruturas

65

traduzíveis em modelos, baseando-se na dedução e inferência. Bardin (1977, p. 20) descreve

que “por detrás do discurso aparente, geralmente simbólico e polissêmico, esconde-se um

sentido que convém desvendar”.

Foi por detrás desse discurso que obtivemos contribuições para o entendimento das

ideias e dúvidas que cercam a população entrevistada e delas emergiram respostas para as

seguintes perguntas:

� Como se processou a escolha profissional?

� Qual o impacto desta decisão no exercício da profissão e no mercado de

trabalho?

� Que visão o jovem tem em relação a si mesmo, seu perfil, seus valores,

interesses, aptidões, competências e como estão presentes na escolha realizada?

Como planejam suas carreira e que ações adotam para realização dos planos?

� Chegam ao final do curso com certezas e/ou dúvidas quanto à escolha realizada.

Estão satisfeitos com opção realizada? Foram influenciados na decisão da

carreira?

Esta pesquisa seguiu um roteiro previamente elaborado (ver Apendice 2), aplicado para

10 alunos de cada IES, totalizando 20 entrevistas. Antes da realização das mesmas, foram

coletadas as assinaturas do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (ver Anexo 3),

preenchida uma ficha com dados cadastrais e, além disso, as entrevistas foram gravadas, com a

devida autorização dos entrevistados e transcritas na íntegra (ver Apêndice 3).

O roteiro de entrevista foi elaborado para atender às perguntas e inquietações que

levaram à realização desta dissertação e com o propósito de levantar respostas em relação às

percepções que os jovens possuem quanto à escolha profissional, satisfação da escolha e planos

futuros de carreira. A entrevista foi pautada nos teóricos que fundamentam este trabalho e que

foram abordados nos capítulos iniciais. O universo entrevistado foram jovens que estão no final

do curso de TI, com conclusão do curso prevista para o final do ano de 2016.

O roteiro apoiou-se no referencial teórico, isto é, as perguntas estão aderentes às teorias

aqui utilizadas, conforme questionário (Apendice 2), além de ter sido submetido a uma

entrevista teste, realizada no dia 09/05/2016, que passamos a descrever, de forma resumida.

66

3.2 Entrevista teste

O entrevistado José (nome fictício) encontrava-se no último semestre do curso de

Sistemas de Informação, com ênfase em Designer de Produtos, de um grande centro

universitário, localizado na cidade de São Paulo, com previsão de conclusão no final do

primeiro semestre do ano de 2016.

José tem 23 anos de idade e é oriundo de família de classe média, sendo que seus pais

são professores universitários e fortes incentivadores da formação da modalidade Tecnólogo.

Além disso, ministram aulas em renomadas IES privadas.

O entrevistado relatou que efetuou a escolha profissional em virtude de ter afinidade

com a Tecnologia da Informação, todavia desconhecia aspectos da profissão e tampouco suas

características psicológicas, desejos e interesses que pudessem contribuir com a escolha. A

única orientação que teve em relação à profissão foi alguns poucos detalhes que seu pai lhe

apresentou, quando realizou uma pesquisa em matérias jornalísticas.

José informou, ainda, que a escola de Ensino Médio não contribuiu com o processo de

escolha e tampouco a IES. A faculdade apenas forneceu algumas indicações de estágio

obrigatório, mas não proporcionou qualquer programa de Orientação Profissional que pudesse

contribuir e esclarecer dúvidas acerca da profissão e de sua escolha profissional.

Categoricamente, o jovem afirma que efetuou a escolha profissional de forma isolada e

autônoma, sem qualquer influência familiar, do ciclo de amizades e de um profissional da área

de Carreira.

O entrevistado não se sente confortável com a escolha e apresenta dúvidas em relação à

mesma. Nesse sentido, procurou um serviço externo de apoio e orientação profissional. Este

programa tem contribuído com a identificação de seu perfil, levantamento de habilidades,

interesses e aptidões, discutindo as diversas profissões e mercado de trabalho, identificando

suas características psicológicas e efetuando o cruzamento com as características das profissões.

José chegou ao serviço de OP em situação “Problemática”, com oscilações entre o que

escolheu e o que definitivamente deveria ter escolhido. Apresenta, também, certa dificuldade

de elaborar seus lutos, especialmente em deixar de lado os momentos de adolescência e da

extrema proteção familiar, o que dificulta o processo de definição da carreira e de

posicionamento frente as suas escolhas.

Em termos dos motivadores profissionais (Âncoras de Carreira), o entrevistado

apresentou score mais elevado em Criatividade Empreendedora (17), seguido de Qualidade de

Vida (15), isto é: José busca uma atividade em que possa usar seu potencial criativo e autônomo,

67

associado a manter um ritmo de trabalho que possa conciliar sua vida profissional com a

pessoal.

O entrevistado busca se realizar profissionalmente, especialmente em uma profissão em

que possa usar seu potencial criativo. Pretende efetuar uma nova escolha profissional pautada

nas discussões e ferramentas utilizadas e se inserir no mercado de trabalho em uma carreira que

lhe permita administrar seu tempo, valorizar a qualidade de vida e usar suas habilidades de

desenho, criatividade e componentes artísticos.

Por ocasião da Copa do Mundo, no Brasil (2014), José prestou serviços em sua área de

formação à FIFA, ocasião em que pode colocar em prática os conteúdos adquiridos no curso.

Sentiu-se realizado, porém não completamente e, ao término daquela atividade profissional,

atuou em uma área e segmento diametralmente oposto, como tentativa de se achar em uma nova

profissão. Foi atuar na área de gastronomia, todavia sem sucesso.

O jovem validou o questionário utilizado, porém sugeriu a inclusão de uma questão que

remetesse ao apoio, em termos de administração de carreira, por parte da IES. Concluiu a

entrevista sem qualquer outra consideração.

A entrevista teve a duração de, aproximadamente, 15 minutos e transcorreu em clima

de tranquilidade e confiança.

3.3 Qualificação das IES

A pesquisa de campo foi realizada em duas IES, conforme qualificação abaixo.

3.3.1 Instituição Particular/Privada

A IES particular utilizada nesta pesquisa divulga o slogan: “A Faculdade de TI que faz

a diferença em seu futuro”.

A instituição afirma que é uma faculdade que vai além de um curso superior tradicional

e que investe em infraestrutura especializada, moderna e arrojada, que suporta o processo de

ensino aprendizagem e que possibilita aos seus alunos a prática na aquisição dos

conhecimentos. Nesse sentido, possui laboratórios de ponta e o constante incentivo para o

desenvolvimento de projetos integrados, preparando seus alunos para o mercado de trabalho

global de tecnologia.

68

A escola utiliza-se das dependências de um colégio tradicional, reduto de ensino

fundamental e médio de São Paulo. A faculdade associa seu nome a essa conceituada escola,

reforçando a imagem da IES. Localiza-se na zona sul de São Paulo, no bairro do Paraíso, com

fácil acesso e com vários recursos de transporte público, incluindo metrô, ônibus e facilidade

de acesso para carros; porém, por ser um bairro densamente habitado, tem certa carência em

estacionamentos para veículos particulares.

O bairro do Paraíso pertence à subprefeitura da Vila Mariana, que administra três

grandes distritos, Moema, Saúde e Vila Mariana, totalizando 26,50 Km² e, de acordo com o

senso demográfico de 2010, possui uma população de 344.632 habitantes, com densidade

demográfica de 13,005 hab/km², segundo informações disponibilizadas pelo site da

Subprefeitura6.

A Faculdade disponibiliza três cursos de graduação (modalidade Tecnólogo), todos com

cinco semestres de duração e as aulas são ministradas de segundas a sexta-feiras, das 19 horas

às 23 horas. São os seguintes cursos oferecidos:

⋅ Análise e Desenvolvimento de Sistemas.

⋅ Banco de Dados.

⋅ Redes de Computadores.

A IES atualmente conta com 300 alunos e 22 professores, além das equipes de

administradores escolares, operação e infraestrutura e de suporte aos alunos e professores, todos

bem preparados e devidamente identificados e uniformizados.

Um dos diferenciais desta IES é propiciar aos alunos um “Escritório de Projetos”, um

programa estruturado que permite que os discentes criem produtos e serviços “nas nuvens”, a

partir do conteúdo aprendido em sala de aula, fazendo do uso de metodologias ágeis e da prática

de gestão de projetos, alocando mais de 500 horas de aulas práticas. Esse projeto contribui com

a solidificação dos conhecimentos teóricos, além de desenvolver habilidades e competências

essenciais para a prática de uma profissão no mercado de trabalho, bem como promove o

desenvolvimento de competências como Trabalho em Equipe, Liderança, Gestão de Negócios,

Foco no Cliente, entre outras.

A escolha da amostra de pesquisa recaiu sobre o curso de Análise e Desenvolvimento

de Sistemas (ADS), que tem como objetivo principal desenvolver uma visão integrada de

sistemas e soluções de tecnologia da informação, em conformidade com os negócios,

6 Subprefeitura da Vila Mariana - https://www.portalvilamariana.com/artigos/bairro-paraiso-sp.asp, acesso em 17/10/2016

69

capacitando o aluno para efetuar análises, projetar, documentar, especificar, testar, implantar e

manter sistemas computacional em prol da agilidade e credibilidade das informações.

É um curso dinâmico, com foco na inovação e no ensino do desenvolvimento de

aplicações para recursos mobile (iOS, Android e Windows IPhone) e HTMS5. Estes recursos

já fazem parte do curso desde 2013, garantindo a agilidade da informação e a utilização de

diversos recursos tecnológicos disponíveis no mercado.

O curso acompanha as tendências de mercado e os principais frameworks e tecnologias

como Java, NET, MVC, JSF, banco de dados Oracle e SQL Server, além de metodologias ágeis

de desenvolvimento de sistemas.

Outro diferencial que a IES oferece para os cursos de tecnólogos inclui aulas de Inglês,

que preparam os alunos para exames internacionais de proficiência neste idioma ao término do

curso. O teste é aplicado seguindo a metodologia TOEFEL (Test of English as a Foreign

Language /Teste de Inglês para línguas estrangeiras), sendo este o instrumento mais respeitado

no mundo e reconhecido por mais de 9.000 instituições de ensino superior, universidades e com

agências em mais de 130 países.

O curso de ADS, quinto e último semestre, conta hoje com 18 alunos em fase de

conclusão e obteve o conceito 4 junto ao MEC.

A matriz curricular está dividida em ciclos, conforme as Figuras 7 e 8 a seguir,

contemplando a fase inicial o vestibular e a final a graduação.

70

Figura 7 - Matriz Curricular – ADS

Fonte: Site da IES

Figura 8 - Diferenciais da IES

Fonte: Site da IES

Essa IES oferece infraestrutura de ponta e professores especializados. O corpo docente

é constituído por professores especialistas, mestres e doutores e 75% das aulas são ministradas

em laboratórios com uso de tablets e notebook.

A escola foi escolhida como case da Microsoft, por fazer uso do Microsoft Azure no

Brasil, uma combinação de “serviço de nuvem integrado” que é utilizado no Escritório de

Projetos.

A instituição ainda possui uma biblioteca com mais de 2.000 itens, permanentemente

atualizados que, além de conter as bibliografias dos cursos, incentiva e promove o

71

desenvolvimento da literatura científica e cultural junto aos alunos, além de catálogo online

para consulta e 130 postos de estudos.

Todas as salas de aulas estão equipadas com recursos multimídias, sendo que a IES

disponibiliza, ainda, amplos espaços de convivência, lanchonetes, auditório e rede wireless.

Possui um departamento denominado NAP (Núcleo de Apoio Profissional), que

contribui com os alunos no que tange a orientação de carreira e de estágios, promovendo

encontros com profissionais de mercado, buscando ofertas de estágios e organizando

semestralmente uma semana dedicada à discussão de temas voltados à carreira, profissões e

mercado de trabalho. Essa semana de eventos é intitulada “Career Week”, um momento em que

muitos alunos entram em contato com a realidade corporativa e podem obter propostas de

estágios e até mesmo ofertas de trabalho.

A mensalidade praticada hoje para o curso de ADS é de R$ 995,00 (novecentos e

noventa e cinco reais). A IES possui um programa de financiamento do curso, que concede um

crédito para pagamento do curso integral e parcela o montante em 60 vezes, hoje com parcelas

no valor de R$ 497,00 (Quatrocentos e noventa e sete reais), ou seja, cerca de 49% do valor da

prestação oficial, porém ampliando o prazo de pagamento para cinco anos.

As entrevistas ocorreram nas dependências da IES em sala adequada isolada e com total

apoio do corpo docente, direção, coordenação e do NAP. Foram realizadas em dois dias, 22 e

29 de agosto de 2016, e totalizaram 10 alunos entrevistados, todos convidados pela IES sem a

obrigatoriedade de comparecimento. Os entrevistados, após a explicação dos objetivos do

pesquisador, concordaram em assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, parte

integrante deste trabalho e inserido no capítulo Anexos, bem como concordaram em fornecer

informações e dados durante a entrevista e de responderem a ferramenta de Motivadores

Profissionais (Âncoras de Carreira) eletronicamente, no dia seguinte. A entrevista fora

encaminhada ao e-mail de cada aluno, com o arquivo da ferramenta; depois de respondido e

reenviado ao pesquisador, o questionário foi tabulado e, de imediato, foi encaminhado o

relatório aos alunos (ver modelo no Apêndice 4).

72

3.3.2 Caracterização da amostra da IES privada

Faixa Etária:

Os entrevistados tinham idade que variava de 18 a 42 anos, com concentração entre 18

a 23 anos, sendo esta faixa 50% da amostra. A Tabela 1 mostram a quantidade de alunos e os

percentuais de faixa etária.

Tabela 1 – Faixa etária da amostra da IES Privada

Fonte: dados da pesquisa

Gênero

Todos os entrevistados, ou seja, 100% da amostra eram do sexo masculino. Nessa turma

há somente dois alunos do sexo feminino, que não participaram das entrevistas por opção.

Vínculo de Trabalho

� Todos os entrevistados trabalham ou já estiveram em atividade profissional, sendo que

uma pequena parcela está em busca de uma nova oportunidade de trabalho. Abaixo a

distribuição nas categorias:

� Contrato CLT.

� Estágio.

� Pessoa Jurídica/Autônomo.

� Proprietário/Empreendedor.

� Desempregado.

Nota-se que a maior concentração está em profissionais com vínculo CLT, embora

alguns alunos tenham manifestado o desejo de atuar como empreendedores, sendo tal prática

estimulada pela IES, que mantém na grade curricular algumas disciplinas que abordam o tema,

como Empreendedorismo e Escritório de Projeto. A Tabela 2 traz os dados empregatícios da

amostra.

Faixa Qtde %

18 a 23 5 50%24 a 29 2 20%30 a 35 2 20%acima de 35 1 10%Total 10 100%

73

Tabela 2 – Vínculos empregatícios da amostra da IES Privada

Fonte: dados da pesquisa

3.4 Instituição pública

Localizada no bairro do Ipiranga, a IES oferece cursos voltados à Tecnologia da

Informação e Gestão Empresarial. O foco da pesquisa recaiu no curso de Análise e

Desenvolvimento de Sistemas – ADS.

O bairro do Ipiranga pertence à subprefeitura do Ipiranga, que administra três grandes

distritos, Cursino, Ipiranga e Sacomã. A IES localiza-se no Sacomã e os três subdistritos

ocupam uma área de 37,50 Km² e, de acordo com o senso demográfico de 2010, possui uma

população de 463.804 habitantes, com densidade demográfica de 12,454 hab/km², segundo

informações disponibilizadas pelo site da Subprefeitura7.

A missão da IES é promover uma educação de alto valor agregado e tornar-se um

referencial de excelência no mundo do trabalho. Sua missão é consolidar-se como um centro

de educação tecnológica que estimula o desenvolvimento humano e atenda as demandas sociais

no mundo do trabalho.

A instituição possui alguns objetivos estratégicos, como atender demandas sociais,

satisfazer os públicos que se utilizam desta IES e intensificar continuamente os processo

educacionais, sendo considerada uma escola que garante a aprendizagem e investe no

desenvolvimento tecnológico, sendo inovadora e arrojada.

O curso de ADS forma o tecnólogo que analisa, projeta, documenta, especifica, testa,

implanta e mantém sistemas computacionais de informação. Esse profissional trabalha,

também, com ferramentas computacionais, equipamentos de informática e metodologia de

projetos na produção de sistemas. Raciocínio lógico, emprego de linguagens de programação e

de metodologias de construção de projetos, preocupação com a qualidade, usabilidade,

7 Fonte: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/subprefeituras/dados_demograficos/index.php?p=12758

CLT 80%

Estagiário 10%

Desempregado 0%

Pessoa Jurídica/Autônomo 10%

Proprietário/Empreendedor 0%

Total 100%

74

integridade e segurança de programas computacionais são fundamentais à atuação desse

profissional.

O Quadro 4 traz a matriz curricular das disciplinas da IES pública pesquisada.

Quadro 4- Matriz Curricular:

Fonte: Site da IES, acesso em 01/06/2016

3.4.1 Qualificação da população entrevistada

Foram entrevistados 10 alunos do curso noturno de ADS de uma sala composta por 20

alunos, isto é, 50% do contingente da sala. As entrevistas foram realizadas nas dependências da

escola em salas, muitas vezes, improvisadas, o que em alguns momentos comprometeu a

gravação, mas sem prejuízo do conteúdo captado.

Em 18 de agosto de 2016, na presença do Coordenador do Curso, o projeto foi

apresentado aos alunos pelo pesquisador em sala de aula, com esclarecimentos sobre o tema, a

metodologia e a ferramenta a ser disponibilizada (Âncoras de Carreira), com questionário a ser

respondido posteriormente.

As entrevistas ocorreram em dois dias, no período noturno, antes do início das aulas ou

no intervalo das mesmas. Todos os entrevistados participaram de livre e espontânea vontade e

75

concordaram em disponibilizar as informações coletadas, assinando o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido.

3.4.2 Caracterização da amostra da IES pública

Faixa Etária:

Os entrevistados tinham idade que variava de 18 a 35 anos, com concentração entre 18

a 23 anos, sendo essa faixa 60% da amostra. A Tabela 3 apresenta esses dados.

Tabela 3 – Faixa etária da amostra da IES pública

Fonte: dados da pesquisa

Gênero

A amostra pela categoria gênero ficou equilibrada entre o sexo feminino e masculino,

com 50% para cada sexo.

Vínculo de Trabalho

Os entrevistados trabalham ou já exerceram uma atividade profissional. Identificamos

alguns alunos que estão desempregados e atribuem o fato à crise econômica que abate o país.

Abaixo a distribuição nas categorias:

� Contrato CLT.

� Estágio.

� Pessoa Jurídica /Autônomo.

� Proprietário/Empreendedor.

� Desempregado.

Faixa Qtde %

18 a 23 6 60%

24 a 29 3 30%

30 a 35 1 10%

Total 10 100%

76

Nota-se que a maior concentração está em profissionais com vínculo CLT. Nesta IES,

também há estímulos às atividades como empreendedor, existindo na matriz curricular uma

disciplina voltada ao tema.

Ressaltamos que a IES propicia estágio em entidades governamentais, como UBS ou

órgãos municipais, embora a atividade desenvolvida no estágio, nem sempre atenda ao projeto

pedagógico, segundo depoimentos dos entrevistados e também da coordenação. A maior

concentração, 60% da amostra, exerce atividade na modalidade Estágio. A Tabela 4 e a Figura

11 demonstram esses dados.

Tabela 4 – Vínculos empregatícios da IES pública

Fonte: dados da amostra

3.4.3 Caracterização da amostra geral pesquisada

Com o objetivo de ter uma visão ampla da amostra pesquisada, encontram-se, a seguir,

os dados obtidos nas escolas e consolidados nos seguintes itens:

� Faixa Etária.

� Gênero.

� Vínculo Empregatício.

Faixa Etária:

A concentração se dá na faixa de 18 a 23 anos, população jovem e dinâmica que, somada

à faixa seguinte (24 a 29 anos), perfaz 80% da amostra na etapa de Ingresso no mundo do

trabalho e socialização (1978) – Os dados estão mostrados na Tabela 4.

CLT 20%

Estagiário 60%

Desempregado 20%

Pessoa Jurídica/Autônomo 0%

Proprietário/Empreendedor 0%

Total 100%

77

Tabela 5 – Faixa etária da amostra das IES

Fonte: dados da pesquisa

Gênero

Nota-se que, na amostra, a maior concentração em termos de gênero se dá no sexo

masculino, 15 alunos (75% da amostra), e 5 alunas (25%) do sexo feminino.

Coletamos algumas percepções nas entrevistas, especialmente do gênero feminino,

afirmando que a profissão de Tecnologia da Informação é, ainda, muito destinada aos homens,

com certo preconceito em relação às mulheres, especialmente frente ao mundo do trabalho e

nos processos seletivos.

Vínculo Empregatício

Metade da população entrevistada desenvolve atividade profissional, sendo contratados

de acordo com as normas trabalhistas, com vínculo formal de emprego. Também, 35% da

população está estagiando de acordo com as normas vigentes.

Nota-se, ainda, o reflexo da atual crise político/econômica, o que faz com que tenhamos

alunos que já atuaram no mercado de trabalho e hoje estão em busca de uma nova oportunidade

no mercado. A Tabela 6traz esses dados.

Tabela 6 – Vínculos empregatícios da amostra total

Fonte: dados da pesquisa

Faixa Qtde %

18 a 23 11 55%

24 a 29 5 25%

30 a 35 3 15%

acima de 35 1 5%

Total 20 100%

Modalidade %

CLT 50%

Estagiário 35%

Desempregado 10%

Pessoa Jurídica/Autônomo 5%

Proprietário/Empreendedor 0%

Total 100%

78

3.5 Análise das entrevistas

A análise terá sustentação no método proposto por Bardin (1977), acontecendo em três

fases:

1 – Pré-análise – Fase de organização que tem como principal objetivo

operacionalizar e sistematizar as ideias de forma factível e processual, sem que o processo,

contudo, seja engessado, possibilitando a sua flexibilidade. (BARDIN, 1977, p. 125).

2 – Exploração do material – Consiste basicamente na análise do material

coletado nas entrevistas e transcrito para sustentar as codificações, decomposição ou

enumeração das categorias (BARDIN, 1977, p. 131).

A coleta do material ocorreu nos meses de agosto e setembro de 2016 e as

entrevista foram transcrita, respeitando a forma coloquial proferida pelos entrevistados (ver

Apêndice 3).

3 – Tratamento dos Resultados Obtidos e Interpretações – Consiste em

lapidar as informações obtidas de forma a serem significativas e válidas, facilitando as

inferências por parte do pesquisador e interpretações frente às descobertas realizadas.

(BARDIN, 1977, p. 131).

Optamos pelo método qualitativo por este dar a oportunidade de aprofundar a

compreensão das respostas e não deixar o processo excessivamente engessado, bem como

possibilitou que o entrevistado relatasse com liberdade e fluidez suas experiências,

objetivos/planejamento de carreira e expectativas futuras, além de possibilitar a identificação

de sonhos e perspectivas no que tange à profissão escolhida.

Richardson (1999, p. 90) define que:

A pesquisa qualitativa pode ser considerada como a tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produção de medidas quantitativas de características ou comportamentos.

A seguir, encontra-se o Quadro 5, com as perguntas utilizadas nas entrevistas,

correlacionando as perguntas com o referencial teórico e categorias analisadas que emergiram

das respostas e que serão trabalhadas no próximo capítulo.

79

Quadro 5 - Perguntas vs. Referencial Teórico vs. Categorias de Análise

Pergunta Referência Teórica (Tema) Autor(es) Categoria de

Análise 1. Como você fez a escolha do

curso em andamento? Fases de Carreira e Motivadores Profissionais (Âncoras de Carreira)

Edgard Schein

Orientação Profissional

Influência do

Meio

2. Você teve alguma forma de

orientação para efetuar esta

escolha?

Papel do Orientador e Reparação dos conteúdos internos como fatores da escolha profissional

Rodolfo Bohoslavsky

3. A escola de Ensino Médio

teve alguma participação nesta

escolha? Forneceu algum

programa de apoio ao processo

de escolha?

O papel da Orientação Profissional

4. A Instituição de Ensino atual

fornece algum apoio em relação à

Orientação e/ou Planejamento

de Carreira e continuidade da

mesma?

O papel do indivíduo e das empresas (meio) no processo de gestão de carreira

Joel Dutra

5. Sua família (pai, mãe,

irmãos) teve alguma

influência na escolha?

Identidade Ocupacional, Pensamento do futuro e Interferências dos outros no processo de escolha profissional (O meio, a família, e os outros)

Rodolfo Bohoslavsky Edgard Schein

6. Você está satisfeito com o

curso e a oportunidade de

carreira que esta profissão

oferece?

Planejamento de Carreira Joel Dutra

Satisfação na escolha

profissional

Planejamento de Carreira e Futuro

80

Pergunta Referência Teórica (Tema) Autor (es) Categoria de

Análise 7. Se não está satisfeito, como

pretende efetuar uma reescolha? Que

variáveis considerará para a

nova escolha?

Identidade Ocupacional Rodolfo Bohoslavsky

Satisfação na escolha

profissional

Mercado de Trabalho e

Carreira 8. Quais são seus objetivos de

carreira e como pretende

alcançá-los?

Você possui algum plano

estruturado para seu futuro

profissional?

Planejamento de Carreira Maturidade e Consciência da Escolha Profissional

Rodolfo Bohoslavsky

Joel Dutra

Mercado de Trabalho e

Carreira

Planejamento de Carreira e Futuro

9. Sua atual empresa lhe

oferece algum programa de

planejamento de carreira e

suporte ao seu desenvolvimento

profissional?

O papel da empresa no planejamento de carreira. Implantação de um programa de Planejamento de Carreira

Joel Dutra

Mercado de Trabalho e

Carreira

Planejamento de Carreira e Futuro

10. Tem alguma coisa a mais que

gostaria de contar? Não se aplica Não se aplica Não se aplica

Fonte: elaborado pelo autor

3.5.1 Fluxo da Metodologia

A Figura 9 a seguir traz o fluxograma que demonstra a sequência utilizada, em termos

de meses e ações realizadas, para obtenção dos dados junto aos entrevistados nas IES alvo.

Foram contatadas quatro escolas, sendo duas particulares e duas públicas. A opção se

deu por duas instituições específicas, em função da localidade e da disponibilidade dos alunos,

bem como dos cursos oferecidos.

81

Figura 9 – Fluxograma da pesquisa

Fonte: elaborado pelo autor

3.6 Análise dos dados

Os dados obtidos nas entrevistas foram tratados por meio da análise de conteúdo que

Bardin assim define:

Um conjunto de instrumentos metodológicos cada vez mais sutis em constante aperfeiçoamento, que se aplicam a “discursos” (conteúdos e continentes) extremamente diversificados. O fator comum dessas técnicas múltiplas e multiplicadas – desde dos cálculos de frequência que fornece dados cifrados, até de estruturas traduzíveis em modelos – é uma hermenêutica controlada, baseada na dedução: a inferência (Bardin, p.15, 2011).

Apoiado na metodologia que Bardin desenvolveu, este estudo utilizou-se da análise

categorial, sendo considerada esta a mais antiga e a mais utilizada, segundo Bardin (2011, p.

201). Essa análise funciona por operações e desmembramento das informações obtidas nos

textos em unidades, em categorias segundo reagrupamentos analógicos. A análise temática é a

mais rápida e eficaz para o contexto desta pesquisa.

O Quadro 6, a seguir, mostra a síntese das fases da análise de conteúdo.

Maio/2016

•Elaboração do roteiro de Perguntas com suporte do referencial teórico;

•Realização da Entrevista Teste;

•Readequação do roteiro de perguntas baseado na entrevista teste.

Junho/2016

•Contato com IES privadas e públicas para identificação do público alvo da pesquisa;

•Encaminhamento de documentação do Pesquisador às IES para autorização das entrevistas.

Agosto e

Setembro /2016

•Realização das entrevistas de campo;

•Transcrição das entrevistas gravadas;

•Definição das categorias a serem analisadas

Agosto e

Setembro /2016

•Análise dos Dados;

•Inferência sobre os dados coletados e categorias identificas

82

Quadro 6- Fases da Análise de Conteúdos

Pré-análise

Fase de organização cujo foco é a sistematização e operacionalização das ideias e proporcionam a introdução de novos procedimentos; trata-se de um período intuitivo, sendo as seguintes etapas principais: leitura flutuante, escolhas dos documentos e preparação de todos os recursos. Elementos desta fase: Elaboração de roteiro semiestruturado de entrevista, coleta de dados nas entrevistas, transcrição dos áudios das entrevistas, permitindo uma leitura flutuante, possibilitando levantamento de impressões. Material organizado e preservado em arquivos específicos para consultas futuras, além das transcrições inseridas como Apêndice.

Codificação

Trata-se de efetuar uma transformação, seguindo regras elaboradas, considerando os dados brutos do texto, recortando, agregando e enumerando os fatos. Permite representar o conteúdo ou a expressão das ideias, contribuindo com a elaboração de índices. Elementos desta fase: Identificação temática com apoio dos objetivos específicos e identificação dos temas de análise, como: Orientação Profissional; Mercado de Trabalho e Carreira; Planejamento de Carreira e Futuro; Satisfação da Escolha e Influência.

Categorização

Consiste na classificação de elementos constitutivos de conjuntos diferenciados, fazer o reagrupamento por analogia, seguindo critérios previamente elaborados. As categorias são rubricas ou classes que reúnem grupos de elementos com características em comum, também denominados de unidades de registro e associado a um título mais genérico, sintático (verbos/adjetivos), com sentido (léxico) e expressivo. Elementos desta fase: Quadros transformando dados brutos em dados organizados, conforme consta do Quadro7: Perguntas X Referencial Teórico X Categorias de Análise. * Ver quadros abaixo contendo de forma estruturada e composta pelas unidades de análise, separados de acordo com a classificação temática e respeitando critérios de análise horizontal, decifração estrutural das entrevistas e tratando os dados com flexibilidade e abstração para compreensão na totalidade do conteúdo.

Inferência

Parte essencial de toda a análise. Trata-se da identificação de inferir (efetuar uma dedução lógica) de conhecimentos relativos às condições da produção, de tudo que o foi recebido na coleta de dados e que possa gerar indicadores tanto quantitativo como qualitativos. Elementos desta fase: Dedução lógica com apoio dos teóricos que suportam este trabalho e discussão dos resultados.

Fonte: adaptado de Bardin (2011, p. 125-171).

De acordo com Bardin (2011), a análise de conteúdo pode ser empregada em estudos

qualitativos e quantitativos. Nos estudos quantitativos, esta metodologia fará uso de frequências

de aparição de determinados componentes da mensagem, utilizando-se de recursos estatísticos,

enquanto em estudos qualitativos faz uso de indicadores não frequentes e susceptíveis de

inferência, isto é, a presença ou a ausência de um determinado elemento poderá ser tanto ou

mais valioso do que a frequência.

Este estudo teve como metodologia a abordagem qualitativa e de natureza exploratória.

Mesmo tendo-se algumas frequências identificadas durante a coleta de dados, adotamos um

processo mais intuitivo, que permite maior maleabilidade e adaptabilidade aos objetivos (geral

e específico), além de uma interpretação mais ajustada ao referencial teórico. De acordo com a

83

idealizadora da metodologia, a análise de conteúdo não rejeita toda e qualquer forma de dados

quantificados (Bardin, 2011, p. 145 – 146).

Na sequência, são abordadas as entrevistas realizadas e aplicação do instrumento

Âncoras de Carreira, com os dados obtidos que suportaram a análise das seguintes categorias,

tema este que será abordado no capítulo 4.

84

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Este capítulo tem como objetivo analisar os dados coletados nas entrevistas e discuti-

los com base no referencial teórico. As informações foram extraídas dos conteúdos das

entrevistas e do instrumento Âncoras de Carreira.

A seguir apresentam-se as categorias que emergiram da análise do conteúdo das

entrevistas, que estão apresentadas na Figura 10.

Figura 10 – Fluxograma de Categorias

Fonte: dados da pesquisa

1 - Orientação Profissional - A maneira como o indivíduo foi orientado ou não em

relação à escolha profissional ou reescolha profissional e o apoio da família, escola ou faculdade

e dos subsídios ou iniciativas oferecidas ou que oferecem à pessoa que se encontra em fase de

conclusão do cursos superior.

2 – Mercado de Trabalho e Carreira - O comportamento do mercado de trabalho e

demandas que o mesmo oferece aos jovens que estão em vias de conclusão do ensino superior,

quer seja por meio de um vínculo formal de trabalho (CLT) e proporcionando atividades que

possam contribuir com a formação e aprimoramento dos conhecimentos, quer seja pela via

empreendedora, com atuação no seu próprio negócio. O jovem pode ainda ser contratado como

pessoa jurídica ou adotar alguma alternativa de trabalho, até mesmo não legalizada.

ES

CO

LHA

PR

OF

ISS

ION

AL

1 - Orientação Profissional

2- Mercado de Trabalho e Carreira

3 - Planejamento de Carreira e Futuro

4 - Satisfação e Influência

85

3 – Planejamento de Carreira e Futuro - Como está planejando o futuro da sua

carreira e atitudes, ações que os indivíduos vêm tomando para garantir a concretização dos

planos traçados.

4 – Satisfação e Influência - Os aspectos emocionais e subjetivos que apoiam a escolha

profissional, considerando os motivadores internos, seus sonhos e projetos. A escolha

influenciada pelo meio, como família, amigos, gestores, o modismo, entre outros fatores, que

possam contribuir ou induzir a uma escolha não madura e não muito consciente. A estruturação

dos planos de carreira, bem como a contribuição que as empresas proporcionam para viabilizar

tais planejamentos; a atividade profissional, sua experiência com fator de escolha e de

planejamento de carreira no futuro.

4.1 Estatística descritiva - Âncoras de Carreira

O instrumento “Motivadores Profissionais” (Âncoras de Carreira) foi respondido pelos

alunos das duas IES por via eletrônica, enviado aos mesmos no dia seguinte à entrevista, por e-

mail. Posteriormente, foi encaminhado aos alunos o relatório contendo as âncoras identificadas

(ver modelo do relatório no Apêndice 4).

4.1.1.Respostas ao instrumento

As Tabelas 7, 8 e 9 abaixo trazem os percentuais de resposta dos inquiridos nesta

pesquisa.

Tabela 7 – Respostas da IES – privada

Fonte: dados da pesquisa

Tabela 8 - Respostas da IES – pública

Fonte: dados da pesquisa

Respondidos 80% 8

Não Respondido 20% 2

Total 100% 10

Respondidos 90% 9

Não Respondido 10% 1

Total 100% 10

86

Tabela 9 - Dados consolidados do total de respostas

Fonte: dados da pesquisa

Nota-se que o percentual de não resposta ao instrumento, 15 % nos dados consolidados,

é relativamente baixo. Questionou-se sobre as abstinências nas duas IES e recebeu-se a

informação que um dos alunos da IES particular não tem comparecido às aulas e consta como

abandono de curso; o outro aluno não se posicionou. Com relação ao aluno da IES pública,

também não tem comparecido à mesma.

Buscaram-se indícios comportamentais nas entrevistas dos não respondentes que

pudessem justificar a não resposta e encontraram-se os seguintes fatos:

a) O entrevistado FBA07 foi excessivamente evasivo nas respostas, sem se aprofundar

em nenhumas delas, havendo predomínio de várias negativas e frases como: “Que eu saiba,

não.”

b) O entrevistado BEN06 também se colocou de forma simplista e com pouco

detalhamento nas respostas, demonstrando certo receio em se expor, sendo mais diretivo e sem

muito aprofundamento.

c) Já o entrevistado BES07 surpreendeu com a não realização do AC, pois possui uma

entrevista rica em detalhes e com contribuições significativas.

Passamos, a seguir, à análise das âncoras com maiores pontuações:

4.2 Análise da IES – privada

Encontramos, conforme demonstra a Tabela 10 a seguir, que a Âncora de Carreira

Segurança e Estabilidade (03 entrevistados) é o motivador de maior incidência, isto é, os alunos

hoje se motivam por uma atividade profissional que lhes dê condições de se sentirem seguros e

estáveis, com uma jornada de trabalho definida, remuneração adequada e possíveis benefícios

que uma organização formal possa oferecer. Isto se justifica em função da etapa de carreira que

se encontram, de acordo com o proposto por Schein (2006). Os jovens da faixa etária entre 18

a 25 anos estão ingressando no mundo do trabalho, sendo essa considerada uma época de

adaptação, uma vez que as escolas raramente preparam as pessoas para o mundo corporativo e

as mesmas, ao serem inseridas nas empresas, sentem o choque da realidade e, neste sentido,

buscam segurança e estabilidade, além de estarem iniciando suas vidas e assumindo

Respondidos 85% 17

Não Respondido 15% 3

Total 100% 20

87

compromissos financeiros para os quais necessitam do amparo que as empresas fornecem,

embora de forma relativa.

Nota-se também que há empate entre Criatividade Empreendedora (02 entrevistados) e

Competência Técnica/Funcional (02 entrevistados), reforçando o interesse do jovem em

constituir sua própria empresa ou ser um profissional com vínculo de pessoa jurídica (PJ),

modalidade de contratação que vem sendo muito praticada por empresas do segmento de

Tecnologia da Informação.

Tabela 10 – Âncoras de carreira escolhidas pela IES privada

Fonte: dados da pesquisa

Identificamos alguns conteúdos nas entrevistas que justificam esta AC – Segurança e

Estabilidade, que se passa a relatar:

“...quero seguir essa carreira de negócios, quero virar consultor lá mesmo... mas a minha carreira é ser Consultor, Consultor. Que a empresa é uma Consultoria, né!?” (Entrevistado BES07) “...e quem sabe um emprego em uma empresa legal. Uma empresa legal é uma empresa que seja no padrão, né! Que pague, pague certo, que respeite o funcionário, e ... traba...trabalhar na área que eu quero atuar em si, já vai ser muito legal, não importa a empresa.” (Entrevistado BEN06) “... eu quero me tornar um Líder de Equipe, é... quero participar da gestão de projetos, desenvolvimento e quem sabe num futuro longo, me tornar um Consultor...” (Entrevistado BLC05) “Então tô próximo de acabar o meu estágio e já... e ser efetivado, já me falaram que seria já.” (Entrevistado BMS09)

AC SIGLA QTD

Estilo de Vida EV 0

Desafio Puro DP 0

Serviço/Dedicação a causa DC 0

Criatividade Empreendedora CE 2

Segurança e Estabilidade SE 3

Autonomia e Independência AI 1

Competência para Gerência Geral GG 0

Competência Técnica/Funcional CT 2

Total 8

88

“Bom, eu tenho a pretensão de chegar a um nível de Diretoria é em uma grande empresa...”. (Entrevistado BPR08)

É importante considerar o interesse pela âncora Criatividade Empreendedora, definida

por Schein (2006) como o forte interesse em criar sua própria organização ou empreendimento

e que, para tanto, utiliza-se da capacidade de assumir riscos e superar obstáculos. Abaixo alguns

trechos de entrevistas que justificam esta AC:

“... as matérias me ajudaram a enxergar a possibilidade de ser uma pessoa, um empresário né! De ter meu próprio negócio... e ultimamente tenho pensado nisso. De ser um empreendedor.” (Entrevistado BHS01). “... eu acredito que o ... a... o incentivo traz ideias novas e faz empreendedores novos...” (Entrevistado BJL02). “... eu posso trabalhar e fazer com que esse meu projeto que tá nascendo aqui na faculdade possa virar um empreendimento e pode virar um grande negócio de mercado.” (Entrevistado BSS04).

4.3 Análise da IES pública Nesta seção, analisam-se as Âncoras de Carreiras da IES Pública, conforme consta na Tabela 11 abaixo.

Tabela 11 – Âncoras de carreira escolhidas pela IES pública

Fonte: dados da pesquisa

A Âncora de Carreira Competência Técnica/Funcional (03 entrevistados) predominou

neste grupo, e trata do forte interesse em ser um especialista que domina os conteúdos da área

de formação e obtém seu senso de identidade com o exercício da habilidade técnica (SCHEIN,

2006). A seguir estão alguns conteúdos obtidos nas entrevistas que justificam esse motivador.

AC SIGLA QTD

Estilo de Vida EV 0

Desafio Puro DP 0

Serviço/Dedicação a causa DC 1

Criatividade Empreendedora CE 2

Segurança e Estabilidade SE 1

Autonomia e Independência AI 2

Competência para Gerência Geral GG 0

Competência Técnica/Funcional CT 3

Total 9

89

“... Ah!... ser um Analista de Sistemas... fazer projetos... desenvolver programas.” (Entrevistado FBA07)

“... olha quero muito desenvolver para a área de saúde, né! Programação, fazer sistemas para a área de saúde...” (Entrevistado FRS10)

“Meu objetivo é trabalhar na área de desenvolvimento de jogos” (Entrevistado FMS03) “... eu gostaria de trabalhar na parte mais funcional que seria a Engenharia de Software.” (Entrevistado FBS08)

A título de proporcionar uma visão ampliada, analisaram-se as âncoras, considerando

um universo maior e consolidando-se os resultados das duas IES, obtendo-se a seguinte

distribuição:

Tabela 12 – Dados consolidados das Âncoras das duas IES

Fonte: dados da pesquisa Esses resultados refletem a realidade observada durante as entrevistas. Supomos

que os alunos tendem, inicialmente, a apoiarem a carreira na Competência Técnica/Funcional,

serem os especialistas, podendo na, sequência, conquistarem um emprego formal que lhes

ofereça Segurança e Estabilidade. Depois de terem atingidos os objetivos pessoais, podem

migrarem suas carreiras para a Criatividade Empreendedora, cujo maior motivador é conduzir

seu próprio negócio, fator atribuído, muitas vezes às condições de mercado e incentivo das IES

que hoje abordam e criam estratégias para essa condição de carreira.

AC SIGLA QTD

Estilo de Vida EV 0

Desafio Puro DP 0

Serviço/Dedicação a causa DC 1

Criatividade Empreendedora CE 4

Segurança e Estabilidade SE 4

Autonomia e Independência AI 3

Competência para Gerência Geral GG 0

Competência Técnica/Funcional CT 5

Total 17

90

4.4 Carreira Externa x Carreira Interna

Schein (2006) discute, em sua teoria, a questão da congruência entre a Carreira Interna,

como o indivíduo percebe a carreira, e a Carreira Externa, como esta se desenvolve ao longo da

trajetória profissional.

Entendendo-se que pode haver um grande conflito entre o que é objetivo (carreira

externa) e o que é subjetivo (carreira interna), coletaram-se algumas reflexões das entrevistas

realizadas nas IES, que vêm ao encontro destas preposições:

“...Nossa, eu tô perdidasso! Nunca tive aquele... prazer , nossa! Eu adoro fazer isso...” (Entrevistado FMR09); “... Acho que as paixões e essas coisas que a gente ama a gente nunca abandona a gente às vezes deixa um pouco de lado pra fazer o tem que fazer né! Mas eu... com certeza, nas horas vagas e assim que tiver estabilidade financeira e profissional eu vou, vou fazer um curso aí de música mesmo, de cinema... eu toco piano... piano... né! É o que eu gosto mais.” Então... é que pra mim... eu tô dividido em dois mundos nesse sentido de carreira, porque existe a carreira que eu tenho que percorrer, que é a que eu tô e tem a carreira que eu gostaria de percorrer, que é o sonho, então talvez eu divida entre o realismo, né! Realidade e realmente a fantasia... (Entrevistado FRF05); “... hoje eu tenho interesse por... por outras áreas... é... engraçado que eu sempre é... me interessei pela área de humanas... É... é... gosto bastante de filosofia, gosto bastante de literatura... mais... acabei entrando na área de exatas. Às vezes me sinto um peixinho fora da água por que... eu tenho dificuldades, né de... de...matemática...” “... Eu sempre falo para ela (a esposa) assim: uma segunda faculdade eu faria Filosofia, mais pelo gosto, não pra trabalhar na área e... mais eu ainda flerto com a área de humanas, ainda gosto, talvez possa fazer realizar esse sonho de fazer filosofia. A biologia ficou pra traz.” (Entrevistado BHS01); “... Então eu acho que tem muito do lado do sonho de você ir ao encontro com aquilo que você quer fazer e que vai te dar prazer, né; não só o lado profissional, que é muito importante né tá sustentando financeiramente, algo que vai te fazer crescer financeiramente e pessoalmente, mas algo que te dá prazer também.” “... Eu gasto mais tempo no trabalho do que em casa, né! Então se eu não tiver satisfeito lá com certeza a minha vida não vai ser

91

produtiva porque eu vou tá triste comigo mesmo.” (Entrevistado BJM03); “... eu acho que a questão da carreira a pessoa é, é acima de tudo tem que realmente gostar do que está escolhendo, não simplesmente é... é... eu vejo pessoas que entraram no curso, no começo, e... entraram falando: ah! Eu tô entrando em TI porque dá dinheiro... isso é em qualquer carreira, você não pode escolher uma carreira pensando no lado profissão, é financeiro; você tem que pensar no lado pessoal.” (Entrevistado BSS04).

Uma análise mais profunda destes depoimentos comprova a preocupação dessa geração.

Eles buscam fazer uma escolha que vá ao encontro dos seus sonhos e de uma atividade que lhes

dê prazer e traga recursos tanto emocionais como financeiros que possam ser traduzidos em

estar-se realizado.

Vale ressaltar também que, nos atendimentos em consultoria de carreira, observa-se

mais intensamente esta preocupação e o desejo de envolver-se em uma profissão que garanta a

plena realização tanto como pessoa como profissional.

A seção a seguir passa para a análise das categorias.

4.5 Categoria 1 – A Escolha Profissional

O processo da escolha profissional ocorre relativamente cedo na vida de um jovem, em

momentos de vida em que ele passa por diversos questionamentos e está susceptível a diversas

influências e conflitos/crises inerentes à fase de crescimento e amadurecimento.

Para Schein (2006), a carreira pode ser uma referência a alguém que tenha uma profissão

ou que a vida ocupacional esteja adequadamente estruturada ou, ainda, ao modo como a vida

profissional se desenvolve ao longo do tempo e como é percebida pela própria pessoa. Assim,

a escolha recai sobre seus motivadores internos, porém pode sofrer a interferência do macro

ambiente e de condições mercadológicas.

O autor, ampliando o conceito de etapas de carreira desenvolvido por Donald Super e

Bohn (1970), considera que a escolha da carreira inicia-se na etapa de crescimento, fantasia e

exploração, período associado à infância e a pré-adolescência e, nesta etapa, a ocupação é

meramente uma ideia e carreira tem pouco significado e ocupa apenas estereótipos ocupacionais

ou modelos de heróis (SCHEIN, 2006).

92

Na etapa seguinte, da Educação e Treinamento, essas metas ocupacionais vão sendo

esclarecidas e modificadas e o adolescente começa a explorar e encontrar maior significado nas

ocupações.

Observaram-se alguns relatos, nas entrevistas desta pesquisa, que justificam o

posicionamento de Schein:

“Então, a minha escolha foi feita através de uma pesquisa” (Entrevistado BES07); “Olha desde pequena eu sempre gostei muito da parte de informática” (Entrevistado FRS10); “Porque eu tenho um primo que... mexe com essas coisas e eu sempre achei muito interessante...” (Entrevistado FBS08).

Para Bohoslavsky (2003), o adolescente tem que assumir a situação que está enfrentando

e lidar com seus conteúdos internos, seus conflitos e angústia, com o objetivo de efetuar uma

escolha com consciência e considerando seus interesses, aptidões e maturidade, para realizá-la

de forma madura e ajustada.

A modalidade clínica coloca o jovem no centro da escolha e procura contribuir com o

“como escolhe” e não com o “que escolhe”, se pautando na elaboração dos conflitos e

ansiedades, em especial com o futuro, considerando que a potencialidades requeridas pelas

profissões não são estáticas e sim passíveis mudanças. O vínculo com a profissão depende da

personalidade do jovem, considerada como um dos elementos determinantes, assim como os

interesses e a constante evolução nas carreiras e, neste contexto, o jovem deve assumir um papel

ativo e de protagonista no processo da escolha.

O papel do orientador profissional é o de canalizador destas reflexões, cujas respostas

estão no próprio jovem que faz as escolhas, sendo que, ainda, o orientando deve considerar a

relação consigo mesmo, com o futuro e com os outros, pois estes três fatores se correlacionam.

Complementando esta análise, Gerth e Mills (1963) entendem que a escolha profissional

também deve considerar os aspectos emergentes do contexto social e do ambiente em que o

jovem está inserido, a ordem social, a ordem institucional educacional e a ordem institucional

da produção.

A seguir estão alguns relatos das entrevistas que consideram a pessoa, o futuro e as

ordens educacionais e de produção:

“Com base em mercado, procura de... procura... de material humano (Entrevistado BMS09);

93

“Bom eu já trabalhava na área, exercia a função e sentia a necessidade de ter um diploma... Um curso específico exatamente do que eu fazia, da função do que eu exercia seria mais prazeroso, mais interessante (Entrevistado BHS01); “Meu interesse, na época pela, pela robótica... foi ai que partiu meu, meu interesse na... pra área de tecnologia (Entrevistado BLC05); “... tenho uma certa identidade com essa área de desenvolvimento... (Entrevistado FEL04);

É possível destacar, nos relatos acima, as considerações com relação ao jovem como o

ponto central da escolha e as considerações dele para com ele mesmo, com o futuro e com o

meio, subsidiando o processo da escolha e sentindo-se parte integrante do mundo do trabalho e

ocupando um lugar na sociedade. Essa postura se reflete na identidade ocupacional, isto é, a

autopercepção de como ele ascenderá a papéis sociais adultos, como aborda o entrevistado

BEN06:

“É a escolha do meu curso foi bastante influenciada pela... minha infância... eu tenho um tio que trabalha na área, né! Ele me influenciou .”

4.6 O jovem e a problemática da escolha profissional O jovem, ao se deparar com o processo de escolha profissional, deve atuar de maneira

exploratória e considerar seu nível de ansiedade, o tipo de conflito que enfrenta no momento e

as defesas que possui (BOHOSLAVASKY, 2006).

Nesse caso, existem quatro tipos de situações que o jovem, explicadas a seguir.

Predilemática: o jovem não se dá conta do que deve explorar e não sabe o que deve

escolher e especialmente o que escolher.

“Então, não fui bem que escolhi... eu tinha feito design de interiores... eu não sei se vou fazer uma reescolha ou se vou tentar seguir na parte de engenharia. Ninguém nunca me fez pensar o que eu vou fazer da minha carreira... (Entrevistado FAG01); “Nossa, eu tô perdidasso! Eu... realmente TI, eu fiquei meio desanimado assim... eu não me encontro em TI... Eu já trabalhei em várias áreas, fiz vários cursos, mas eu nunca falei: nossa! é realmente o que eu gosto, é isso que

94

vou seguir. Eu não tive ainda essa... Então eu tô levando. (Entrevistado FMR09); “... definitivamente eu não sou da área assim... minha personalidade meu, meu gosto, então na verdade foi, eu tive a intenção porque eu sabia que está crescendo... (Entrevistado FRF05);

Dilemática: demonstra alguma preocupação com a escolha e entende que algo acontece

a sua volta, apresenta um senso de urgência na escolha, mas traz consigo muita ansiedade, que

poderá conduzi-lo a confusões de papéis e identidades; age de forma ambivalente. Quando os

jovens falam em carreiras falam de matérias escolares e, se aparece uma negação, podem

retornar à situação de predilemática.

“Eu fiz um curso na E... de informática e lá eu conheci... programação e desenvolvimento de sistemas, me encantei muito... (Entrevistado BEO10); “...eu fiz um curso de técnico, um técnico de informática e através do curso técnico eu conheci uma matéria que me despertou a atenção... uma matéria de banco de dados... (Entrevistado BES07); “Então eu... na. Na disciplina de algoritimos eu fiz um projetinho e eu... acabei me interessando. (Entrevistado FBA07);

Problemática: demonstra preocupação com o processo de escolha, mas vivencia

situações oscilantes que variam de níveis persecutórios ou depressivos. Conflitos bivalentes e

formulam-se situações dicotômicas.

“... então, eu tinha feito técnico de design de interiores e terminei em 2014... assim não gostei muito da área para seguir e fazer arquitetura mesmo, que era meu plano. Só que minha mãe falou: Oh! Tá aberto vaga na F...tenta em Análise e Desenvolvimento de Sistemas... é de exatas e você gosta de contas... (Entrevistado FAG01); “...isso é bem complicado... porque eu tô fazendo algo que não gosto... eu faço porque eu vejo que a área de TI cresce cada vez mais e eu acredito que vou ter oportunidade de emprego e estabilidade financeira e etc. Então na verdade eu não gosto (Entrevistado FRF05); “... eu enxergo que a minha atuação principal não vai ser nesse curso. Vai ser na área de jogos, desenvolvimento de jogos. Acaba se cruzando um pouco, mas tem lá as diferenças (Entrevistado FMS03);

95

“... só por ter as matérias mesmo eu decidi fazer. Mas eu não trabalho na área ainda. Eu sou vendedor, eu vendo acessórios pra celular (Entrevistado BEO10); “... depois que eu me formar aqui quero fazer uma pós-graduação na área de negócios, tá, quero seguir essa carreira de negócios... (Entrevistado BES07);

Resolução: o jovem tem total consciência do seu problema de escolha e elabora seus

lutos e conflitos, porém pode enfrentar regressões e voltar a estágios anteriores ou ainda

abandonar a escolha como mecanismo de defesa e não querer mais pensar nelas.

“...tenho uma certa identidade com essa área de desenvolvimento (Entrevistado FEL04); “...eu sempre tive muito interesse em tecnologia eu... sempre gostei muito de programação e desta parte gerencial de processos... (Entrevistado BPR08);

O processo de escolha profissional deve ser maduro e ajustado, isto é, deve se ter

conhecimento do que se pode ou não escolher, sendo que a escolha deve coincidir com os

interesses e com a realidade da profissão que se escolheu.

Certamente, uma escolha madura e ajustada refletirá no desempenho da profissão,

impactando o desenvolvimento da carreira. Analisaremos estes aspectos sob a ótica de Joel

Dutra.

O ponto inicial desta discussão se apoia na relação Homem x Trabalho e a satisfação

que se tem ao exercer uma profissão, sem considerar apenas o lado financeiro da atividade

profissional.

Ainda tem-se em conta como o profissional está planejando a continuidade e

desenvolvimento da sua carreira, direcionando esforços para tanto e como as empresas

contribuem com esse processo. Encontram-se algumas colocações nas entrevistas que

justificam tais pressupostos.

“... hoje eu trabalho há 20 anos com desenvolvimento de sistemas e resolvi me aprofundar em banco de dados pra exatamente tirar proveito pro mercado. (Entrevistado BSS04); “Eu tô muito satisfeita assim... cada dia que meu curso... eu já tô no último ano, mas cada vez que eu vou avançando eu me apaixono mais (Entrevistado FCF02);

96

“Apoio assim eles não me dão porque eu não estou precisando atualmente, eu tô conseguindo me erguer bem... escalar meu caminho sozinho. Mas caso necessário acredito que os meus chefes me ajudariam sim. Plano de carreira é mais voltado para área de desenvolvimento, pra área que eu quero seguir, não (Entrevistado BEN06); “Plano de carreira? Prá... terceiros não, só pra funcionários (Entrevistado BHS01);

A seguir, o Quadro 7 traz o resumo dessa categoria, que tem como objetivo fornecer

uma visão geral, fazendo associações entre o referencial teórico com as questões do roteiro de

entrevista e com as respostas obtidas.

Quadro 7 - Resumo - Categoria 1 – A Escolha Profissional

Categoria

CA

TE

GO

RIA

1 -

ES

CO

LH

A P

RO

FIS

SIO

NA

L

Escolha Profissional / Orientação Profissional Influências internas e externas que atuam no processo da escolha profissional Perguntas relativas ao tema: 1, 2, 3, 4, 6

Definição A maneira como foi orientado ou não em relação à escolha profissional ou reescolha profissional e o apoio que a família, escola ou faculdade e dos subsídios ou iniciativas oferecidas ou que oferecem ao indivíduo que se encontra em fase de conclusão do cursos superior.

Referencial Teórico O processo da escolha profissional sob a ótica de Bohoslavsky e o desenvolvimento da identidade ocupacional e aspectos psicológicos desta escolha. O processo de escolha profissional pautada em uma escolha madura e ajustada. A carreira no contexto interno do indivíduo e no ambiente externo, aspectos da carreira interna e externa. Como o individuo enxerga sua carreira e como esta se desenvolve efetivamente (Schein).

Frases identificadas nas entrevistas que suportam o referencial teórico Ent - BES07 - Então, a minha escolha foi feita através de uma pesquisa... Ent - BMS09 - Com base em mercado, procura de... Procura de... material humano. Ent - BHS01 - Bom, eu já trabalhava na área, exercia a função e sentia a necessidade de ter um diploma... Um curso específico exatamente do que eu fazia, da função do que eu exercia seria mais prazeroso, mais interessante . Ent - BEN06 - É a escolha do meu curso foi bastante influenciada pela... minha infância... eu tenho um tio que trabalha na área, né! Ele me influenciou... Ent BJL02- ...uma matéria me chamou a atenção... Ent - BLC05... meu interesse, na época pela, pela robótica... foi ai que partiu meu, meu interesse na... pra área de tecnologia... Ent - FBS08 ...porque eu tenho um primo que... mexe com essas coisas e eu sempre achei muito interessante... O mercado de ADS já cobra muito das pessoas. Ent - FBA07 ... como eu tinha sido apresentado brevemente ao algoritmo pelo fato de eu, eu ter ido bem eu resolvi seguir essa... esse curso. Ent - FCF02- ...mexer um pouquinho em banco de dados e eu me apaixonei por isso. Ent -FEL04 ...tenho uma certa identidade com essa área de desenvolvimento... Ent - FMR09 - É na verdade... foi mais ser um curso de tecnologia e por ser público... Ent - FRS10 - Olha desde pequena eu sempre gostei muito da parte de informática...

Fonte: dados da pesquisa

97

4.7 Categoria 2 – Mercado de Trabalho

É importante entender o mercado de trabalho e considerar que existe uma relação de

dualidade entre a pessoa e a empresa, relação esta que possui papéis e responsabilidades

definidos para cada parte. Isto significa que cabe à pessoa o controle e ações para seu

desenvolvimento e crescimento tanto em relação aos seus conhecimentos e competências

quanto às entregas que faz para a organização. Para a empresa cabe propiciar condições para

este desenvolvimento, oferecer desafios que possam promover o conhecimento e expor as

atividades de maior complexidade, oferecendo suporte técnico, humano e de ferramentas

adequadas, além de um plano de carreira que atenda às expectativas de ambas as partes.

Dutra (2007) aborda o tema das responsabilidades entre pessoa e empresa, estimulando

a existência de um planejamento adequado e estruturado. Porém, sobre isso, há resistência por

partes das empresas, tanto no Brasil como em outros países, sendo que, muitas vezes, este

planejamento se restringe às questões de remuneração, poder, prestígio e status e não considera

interesses, perfil, expectativa de carreira e de vida pessoal e os objetivos profissionais que a

pessoa possui.

Identifica-se, nas entrevistas, que algumas empresas restringem o planejamento de

carreira para áreas específicas em detrimento a outras áreas internas, conturbando o ambiente

interno e danificando a motivação dos colaboradores. Todavia, há empresas com estruturas mais

arrojadas que entendem a necessidade de se ter um plano de estratégico de crescimento dos seus

colaboradores e até mesmo planos de sucessão que objetivam ter profissionais capacitados e

prontos para assumirem posições maiores, possibilitando o crescimento em cadeia.

Identificamos, nesta categoria, alguns relatos que vêm ao encontro dos propósitos de

Dutra:

“... sim a empresa estimula; quando você entra você é obrigado a fazer, fazer cursos mandatórios e você vai ter um classificação no site deles... você tem uma avaliação contínua...” (Entrevistado BES07); “... eu sou novo na empresa... porém o que eu pude perceber é que eles dão apoio sim para o desenvolvimento da própria carreira, você vai desenvolver a sua carreira verticalmente lá dentro da empresa... (Entrevistado BJL06); “Possui, mas é bem defasado... eles têm uma filosofia lá de que você sobe de acordo com certas métricas que tem

98

que bater... mas na prática não funciona muito bem não...” (Entrevistado BJM03); “Não diretamente, objetivamente não. Eles sempre fazem alguma coisinha... uma ou outra, mas aquela coisa muito superficial, sempre pensando na empresa, mas não no profissional...” (Entrevistado BSS04); “...Programa de orientação de carreira? Que eu saiba, não.” (Entrevistado FBA07); “...hoje consigo enxergar que posso ser um empreendedor na área de tecnologia e a minha carreira seria algo além do simplesmente um funcionário; ... infelizmente... as empresas não investem nos funcionários.” (Entrevistado BSS04);

Em algumas situações, o profissional, ao se deparar com a resistência da empresa em

contribuir com seu plano de carreira, sua expectativa de carreira e/ou com o seu

desenvolvimento interno, tende a buscar novas oportunidades no mercado de trabalho ou se

apoiar na sua autoimagem de carreira, demonstrada pelo resultado da âncora de carreira e assim

redirecionar seus esforços para uma atuação como empreendedor, como se pode observar no

relato do entrevistado BSS04 acima.

O Quadro 8 traz o resumo da Categoria 2, em relação aos dados levantados nesta

pesquisa e ao referencial teórico.

99

Quadro 8 - Resumo - Categoria 2 – Mercado de Trabalho

Categoria C

AT

EG

OR

IA 2

– M

ER

CA

DO

DE

TR

AB

AL

HO

Mercado de trabalho formal e informal, bem como carreiras alternativas como: Empreendedorismo, Negócio Próprio e Pessoa Jurídica. Perguntas relativas ao tema: 6, 7, 8

Definição O comportamento do mercado de trabalho e demandas que o mesmo oferece aos jovens que estão em vias de conclusão do ensino superior, quer seja por meio de um vínculo formal de trabalho (CLT) e proporcionando atividades que possam contribuir com a formação e aprimoramento dos conhecimentos, quer seja pela via empreendedora com atuação no seu próprio negócio ou sendo contratado como pessoa jurídica ou, ainda, adotando alguma alternativa de trabalho, até mesmo não legalizada.

Referencial Teórico A responsabilidade da pessoa e da empresa no desenvolvimento da carreira, conforme explana Joel Dutra, bem como os possíveis desenhos de carreira tanto no mundo corporativo/organiza- cional como no empreendedorismo.

Frases identificadas nas entrevistas que suportam o referencial teórico Ent - BES07 -... sim estimula; quando você entra é obrigado a fazer, fazer cursos, está me direcionando legal... Então tem uma avaliação contínua nesses dois anos (Trainee). Ent - BEN06- ... Aprendi bastante coisa na área, hoje a minha cabeça é bem diferente; ...apoio assim eles não me dão porque eu não estou precisando atualmente, eu estou conseguindo me erguer bem ... me sustentar até agora, conseguir escalar meu caminho sozinho; ...Plano de carreira é mais voltado para área de desenvolvimento, para a área que eu quero seguir não. Ent - BEO10 ...para mim é mais difícil porque eu já tenho família, pra ingressar no estágio, o salário é muito baixo... Ent - BHS01 -...as matérias me ajudaram a enxergar a possibilidade de ser uma pessoa, um empresário né! De ter meu próprio negócio... De ser um empreendedor; ...Eu tenho meu CNPJ e eu presto serviço diretamente para outra empresa. Ent - BJL02- ...não tem um mês que eu estou trabalhando lá, porém o que eu pude perceber é que eles dão um apoio para o desenvolvimento da própria carreira, você desenvolve a sua carreira verticalmente lá dentro da empresa e... Ent - BJM03 - Carreira... Eu pretendo trabalhar fora do país em uma multinacional voltada para TI. Ent - BEN06- ...eu acho que sim, quando me foi a presentado a vaga eles falaram sobre um possível plano de carreira, então eu acho que... existe sim. Ent - BEN06- ...eles queriam um estagiário para aprender e virar um funcionário deles. Então tô próximo ...e já... e ser efetivado, já me falaram que seria... Ent - BPR08 -...eu tô muito satisfeito, eu já consegui um... um emprego na área; ...tem planejamento, ela te oferece uma... um plano de carreira, dentro da empresa e tem subsídio também... Ent - BSS04- ...hoje consigo enxergar que posso ser um empreendedor na área de tecnologia e a minha carreira seria algo além do simplesmente um funcionário; ... infelizmente... as empresas não investem nos funcionários. Ent - FAG01- Ninguém nunca me fez pensar o que eu vou fazer da minha carreira. Ent - FBS08- Não... não... na verdade não estou satisfeita pela forma que as empresas querem o profissional; ... agora tô nesse... nesse emprego, ele é Trainee, então eu começo pequeno e vou crescendo. Ent - FEL04- ... no começo pretendo trabalhar em uma empresa formal mesmo, não sei, mais para frente não sei, não tenho muito aquele perfil empreendedor... Ent - FRS10- ...futuramente abrir... uma empresa para tratar dessas coisas... Pra integrar medicina com tecnologia.

100

4. 8 Categoria 3 – Planejamento de Carreira Esta categoria emergiu dos questionamentos em relação ao futuro da profissão, de como

o entrevistado se percebe no desenvolvimento atual da sua carreira e a projeção que faz da

mesma no futuro, bem como das ações que desenvolve hoje para ter repercussão neste futuro

pretendido de maneira projetada.

Dutra (2007) considera que os profissionais da atualidade devem manter o olhar para

um plano estruturado que considere, de forma arquitetada e sequencial, os pontos fortes,

interesses e potencialidade; o autor denomina esse movimento de “autoavaliação”, sendo que o

indivíduo deve, na sequência, definir o objetivo profissional, considerando a autoavaliação e as

oportunidades detectadas na carreira e/ou na empresa na qual atua e, por fim, criar ações que

contribuam com o atingimento destes planos.

O profissional deve assumir o papel de protagonista da administração da sua carreira,

considerando aspectos que estejam ligados aos seus interesses, o meio em que está inserido,

oportunidades futuras e seu perfil. Deve direcionar ações para algumas áreas, como o

profissional, o educacional e o pessoal, considerando o curto, médio e longo prazos e possíveis

obstáculos que interfiram na concretização desses planos e, nesse sentido, vale considerar ter

alternativas ou contingências que diminuam as consequências dos obstáculos com que, por

ventura, venha a se deparar.

Alguns relatos que identificamos nas entrevistas justificam o ter ou não ter planos

definidos:

“Então, depois que eu me formar aqui quero fazer uma pós-graduação na área de negócios... virar consultor...” (Entrevistado BES07); “O meu plano futuro é ser um DBA, né! Planejo trabalhar em Banco de Dados... vou buscar fazer bastantes certificados, certificações, vou buscar uma pós-graduação boa e quem sabe um emprego em uma empresa legal.” (Entrevistado BEN06); “Quando eu entrei aqui eu queria ser apenas um profissional da área de tecnologia; é... instruído e diferenciado, mas as orientações que eu tive aqui me ajudaram a enxergar a possibilidade de ser uma pessoa, um empresário...” (Entrevistado BHS01); “Então, eu pretendo fazer uma especialização, após a especialização realizar um mestrado e, posteriormente um doutorado e entrar para a área acadêmica...” (Entrevistado BJL02);

101

“... eu pretendo trabalhar fora do país em uma multinacional voltada para TI...” (Entrevistado BJM03); “... eu tenho a pretensão de chegar a um nível de Diretoria... em uma grande empresa...” (Entrevistado BPR08); “... pensava em melhorar meu lado profissional... ter mais qualificações, buscar objetivos maiores, um cargo maior... essa faculdade mostrou pra mim tudo o que eu posso atingir... hoje consigo enxergar que eu posso ser um empreendedor...” (Entrevistado BSS04); “ninguém nunca me faz pensar o que eu vou fazer da minha carreira...” (Entrevistado FAG01); “Nossa eu tô perdidasso!... fiquei meio desanimado... Então eu tô levando...” (Entrevistado FMR09); “No começo pretendo trabalhar em uma empresa formal mesmo, não sei, mais pra frente não sei, não tenho aquele perfil de empreendedor, no começo seria trabalhar em uma empresa.” (Entrevistado FEL04); “...quero muito desenvolver para a área da saúde... Estou estudando por conta própria para entrar em Medicina.” (Entrevistado FRS01); “...Isso é complicado... porque como eu tô fazendo algo que eu não gosto, eu faço porque eu vejo que a área de TI cresce cada vez mais...vou ter a oportunidade de emprego e estabilidade financeira...” (Entrevistado FRF05); “Meu objetivo é trabalhar na área de desenvolvimento de jogos... Atualmente estudo Inglês tanto na faculdade quanto por fora... estou fazendo esses cursos exatamente porque acredito que eles dão uma certa viabilidade pra eu conseguir estudar lá fora. Eu já mirei alguns países como Coreia do Sul, Canadá e França porque são polos de desenvolvimento de jogos...” (Entrevistado FMS03); “Eu não sei ainda. Não sei, não sei. Nenhuma ideia.” (Entrevistado FCH08);

Observa-se que vários entrevistados possuem clareza dos seus objetivos de carreira e já

se empenham em estabelecer um plano que viabilize seus projetos, quer seja como profissional

que atue como um funcionário em corporações quer seja como acadêmico ou empreendedor.

102

Identificaram-se entrevistados que pretendem uma atuação internacional, aventando a

possibilidade não só de atuar profissionalmente, mas também de dar continuidade aos estudos

em países que tradicionalmente investem na área de interesse do aluno. Assim também se

identificou que há alunos que não possuem objetivos definidos, para os quais as escolhas estão

desajustadas, que desconsideram o futuro, por não terem clareza de sua escolha profissional;

estes não elaboram qualquer planejamento, visto que não sabem que rumo dar à sua vida

profissional.

Considerando as teorias que suportam este estudo, pode-se perceber que os

entrevistados que não possuem um plano de carreira definido enfrentam uma situação de

predelimática e a escolha não está ajustada e consistente. Tal situação demonstra que os jovens

que estão vivenciando este momento não possuem a autopercepção do papel social adulto que

devem ocupar na sociedade, isto é não encontram sua identidade ocupacional.

Identifica-se ainda que há certa preocupação das IES com relação ao tema carreira e o

planejamento da mesma, visto que as instituições oferecem apoio e orientação para a construção

da carreira de forma estruturada e planejada.

Com relação ao papel da empresa na gestão da carreira, identificou-se que algumas

corporações preocupam-se com o tema e oferecem algum recurso que possa contribuir com

seus colaboradores, sendo que outras desprezam o tema e deixam seus funcionários à mercê de

sua própria sorte.

O Quadro 9 traz o resumo da Categoria 3, contextualizando os estudos e achados desta

pesquisa.

103

Quadro 9 - Resumo - Categoria 3 – Planejamento de Carreira

Categoria

CA

TE

GO

RIA

3 –

PL

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EJA

ME

NT

O D

E C

AR

RE

IRA

Planejamento de Carreira e a formação como elemento de sustentação dos planos futuros, bem como a experiência profissional como elemento de contribuição destes planos. A relação entre a Carreira Interna versus a Externa. Perguntas relativas ao tema: 8 e 9

Definição Como está planejando o futuro da sua carreira e atitudes, ações que vem tomando para garantir a concretização destes planos, bem como a contribuição que as empresas proporcionam para viabilizar tais planejamentos. A atividade profissional, sua experiência com fator de escolha e de planejamento de carreira no futuro.

Referencial Teórico Compreender a dualidade existente no mundo das carreiras considerando como o profissional percebe internamente sua carreira e a relação com o que efetivamente ocorre com a mesma (Carreira Interna x Carreira Externa) - Schein. Como estruturar um plano de carreira que possa perseguir as fases demonstradas por Joel Dutra.

Frases identificadas nas entrevistas que suportam o referencial teórico Ent - BES07 - ...sim estimula; quando você entra é obrigado a fazer, fazer cursos, está me direcionando legal... tem uma avaliação contínua... Ent - BEN06 - ... Aprendi bastante coisa na área, hoje a minha cabeça é bem diferente; ...apoio assim eles não me dão porque eu não estou precisando atualmente, eu estou conseguindo me erguer bem, eu me, me, me sustentar até agora, conseguir escalar meu caminho sozinho; ...Plano de carreira é mais voltado para área de desenvolvimento, para a área que eu quero seguir não. Ent - BEO10 ...para mim é mais difícil porque eu já tenho família, pra ingressar no estágio, o salário é muito baixo... Ent - BHS01 -... matérias me ajudaram a enxergar a possibilidade de ser uma pessoa, um empresário né! De ter meu próprio negócio... ultimamente eu tenho pensado nisso. De ser um empreendedor; ...Eu tenho meu CNPJ e eu presto serviço... Ent - BJL02 - ...não tem um mês que eu estou trabalhando lá, porém o que eu pude perceber é que eles dão um apoio para o desenvolvimento da própria carreira, você desenvolve a sua carreira verticalmente lá dentro da empresa e... Ent - BJM03 - Carreira... Eu pretendo trabalhar fora do país em uma multinacional... Ent - BEN06 - ... eu acho que sim, quando me foi a presentado a vaga eles falaram sobre um possível plano de carreira, então eu acho que... existe sim. Ent - BEN06 - ...eles queriam um estagiário para aprender e virar um funcionário deles. Então tô próximo ... e já... e ser efetivado, já me falaram que seria... Ent - BPR08 -... tô muito satisfeito, eu já consegui um... um emprego na área; ...tem planejamento, ela te oferece ... um plano de carreira, dentro da empresa e tem subsídio... Ent - BSS04 - ...hoje consigo enxergar que posso ser um empreendedor na área de tecnologia e a minha carreira seria algo além do simplesmente um funcionário; ... infelizmente... as empresas não investem nos funcionários. Ent - FAG01 - Ninguém nunca me fez pensar o que eu vou fazer da minha carreira. Ent - FBS08 - não... na verdade não estou satisfeita pela forma que as empresas querem o profissional; ... agora tô nesse... nesse emprego, ele é Trainee, então eu começo pequeno e vou crescendo. Ent - FEL04 - ... no começo pretendo trabalhar em uma empresa formal mesmo, não sei, mais para frente não sei, não tenho muito aquele perfil empreendedor... Ent - FRS10 - ... futuramente abrir... uma empresa para tratar dessas coisas... Pra integrar medicina com tecnologia. Ent – FRF05 - ...eu não tenho muita certeza de onde eu daqui assim... no mercado sabe ...que realmente as pessoas fazem saindo do curso de ADS... estou fazendo algo que não gosto ... faço porque vejo que a área de TI cresce cada vez mais e eu acredito que eu vou ter oportunidade de emprego e estabilidade financeira e etc. Ent – FMS03 – Meu objetivo é trabalhar na área de desenvolvimento de jogos Ent – FCH08 – Quero ir para Coréia.

Fonte: dados da pesquisa

104

4.9 Categoria 4 – Satisfação e Influência do meio A categoria Satisfação e Influência do Meio apoia-se nos aspectos emocionais da

escolha, considerando os motivadores internos e a percepção que os entrevistados têm sobre si,

sobre o mundo, o presente e o futuro e, quanto o meio influencia nesta escolha.

Motivadores internos estão sustentados pelos sonhos e pela percepção que o indivíduo

possui internamente sobre sua carreira profissional. Schein (2006) intitula esta categoria de

Carreira Interna, afirmando que há forte necessidade de se identificar tais motivadores e o

quanto eles contribuem com a reflexão sobre valores que estão intimamente relacionados com

a escolha profissional; para tanto, nesta pesquisa, fez-se uso do instrumento Âncoras de Carreira

para dar suporte a esta análise. Salienta-se que o tema Âncoras de Carreira já foi trabalhado

neste estudo.

Bohoslavsky (2006) afirma que as escolhas profissionais devem “combinar” com os

interesses e aspectos da identidade vocacional e, quando esta combinação está adequada, a

escolha se torna ajustada e madura.

Ainda considerando a estratégia clínica no processo, toda escolha pode sofrer influência

advinda do meio, dos pais, amigos, irmão, professores e outros coadjuvantes que estão inseridos

na vida da pessoa. Em algumas situações, estas influências podem não contribuir para uma

escolha ajustada e levar a uma situação de dilemática ou contradizer a âncora de carreira

predominante e, consequentemente, prejudicar o exercício da atividade profissional, quando o

jovem for inserido no mundo do trabalho.

O jovem na idade que deve efetuar a escolha de uma profissão está lidando com diversos

conteúdos oriundos do processo de amadurecimento. Nessa fase, o indivíduo frequenta o ensino

médio, todavia a escola pouco contribui com a orientação profissional, quando poderia

proporcionar um programa de apoio à escolha e oferecer suporte a esta fase de vida do jovem.

Questionou-se sobre a participação da escola no processo de escolha e obtivemos a

certificação do baixo comprometimento das mesmas em relação ao tema.

No questionamento sobre esse tema, obtiveram-se quase a totalidade de afirmações que

a escola de ensino médio não proporcionou algum projeto que contribuísse com a escolha

profissional.

A seguir, estão alguns depoimentos que justificam uma escolha ajustada e madura e

que tem o meio como agente de influência na escolha profissional.

105

Escolha ajustada e madura:

“...tô satisfeito com o curso...”

“...minha mãe teve influência na minha educação até a 4ª série, porque ela não é formada...” (Entrevistado BES07); “... eu vim com bastante expectativa... ai no decorrer do curso eu fiquei um pouco decepcionado, não era aquilo que eu imaginei...” (Entrevistado BHS01); “Não... Não... na verdade eu não estou satisfeita... (Entrevistado FBS08); “Interessante... porque eu não tô satisfeito, não (risos). Já pensei em fazer uma ré escolha...” (Entrevistado FMR09); “É... (risos) então é que... eu ainda me considero muito leigo na área, por eu te... tá só dois anos nisso para mim a informática é uma coisa muito nova...” (Entrevistado FRF05);

Influência do meio:

“...meu tio mesmo, a influência foi total dele” (Entrevistado BEN06); “Minha mãe falou: Presta lá porque está aberto e eu prestei e passei fui seguindo...” (Entrevistado FAG01); “Meu primo mexia com essas coisas e eu achava muito interessante, muito legal, queria fazer também.” (Entrevistado FBS08); “...eu assistindo Matrix e ai eu gostava da cara que ficava no computador, então o que isso dai?...” (Entrevistado BJM03); “...não sei se você conhece... Bil Gates e Steve Jobs, eram para mim um espelho e acabei me motivando por causa disso.” (Entrevistado FRS10).

O Quadro 10 expõe o resumo da Categoria 4, frente aos resultados obtidos nesta pesquisa.

106

Quadro 10 - Resumo - Categoria 4 – Satisfação e Influência do Meio

Categoria C

AT

EG

OR

IA 4

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AT

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DO

ME

IO

Satisfação pela escolha profissional e a Influência do Meio A realização do sonho e o prazer na execução de uma atividade profissional; aspectos subjetivos. Pergunta relativa ao tema: 1,5,6 e 7

Definição Os aspectos emocionais e subjetivos apoiando a escolha profissional, considerando os motivadores internos, seus sonhos e projetos. A escolha influenciada pelo meio, como família, amigos, gestores, o modismo entre outros fatores que possam contribuir ou induzir a uma escolha não madura e não muito consciente.

Referencial Teórico Os aspectos emocionais como apoio na escolha profissional. A escolha pautada nos sonhos, no prazer e na realização profissional e pessoa. (Bohoslavsky); Carreira Interna e Carreira Externa (Schein).

Frases identificadas nas entrevistas que suportam o referencial teórico Ent – BES07 Estou satisfeito com o curso ...minha mãe teve influência na minha educação até a 4ª. Série... ela não é formada e não conseguiu ajudar mais depois da 4ª. Série... Ent – BEN06 -...estou satisfeito...bastante feliz... a influência pelo escolha foi do meu tio...influência total dele e pelo meu gosto também... Sempre gostei, de pequeno sempre jogava muito... era meio nerd.Ent – BHS01 - ... no meio do curso fiquei meio decepcionado . não era tudo aquilo que eu imaginei... dentro do trabalho eu acabei sendo influenciado ...era uma função que eu gostava... sempre tive facilidade com tecnologia, mas não era aquilo que eu queria estudar... sempre quis ser biólogo... hoje tenho interesse por outras áreas ... eu gosto bastante de filosofia... não sou bom em matemática Ent – BJL02 - ... sim estou muito satisfeito... até acima da expectativa que eu tinha... acho pelo professor de banco de dados ...a matéria me atraiu Ent – BJM03... estou satisfeito sim com a escolha... no meu trabalho meu gestor me dava algumas dicas e ai ... eu escolhi... Ent – BLC05 ...estou satisfeito, acho que oferece bons salários...influência dos meus pais e primos... Ent – BMS09 ...estou satisfeito...estou aprendendo como pessoa e como profissional...enxergo oportunidades de carreira... Ent – BPR08 - ...sim estou bem satisfeito... pesquisei mercado e cursos...ninguém me influenciou. Ent – BSS04 - ...eu trabalho na área há 20 anos... e até por não ter um curso superior algumas oportunidades foram perdidas. – influência? Meu irmão... como referência, mas não como influência. Ent – FAG01 – Não estou satisfeito, quero acabar ele de uma vez assim... Minha mãe falou: Presta lá porque está aberto e, eu prestei passei e fui seguindo... Ent – FBS08 - ...Não, na verdade não estou satisfeita pela forma que as empresas querem... as empresas pedem estagiários com experiência. Como vai ter experiência...sabe! – Influência? Meu primo mexia com essas coisas e eu achava muito interessante, muito legal, queria fazer também. Ent – FBA07 – Sim... estou satisfeito. Influência ... Na primeira faculdade ... meu pai é Engenheiro e eu acabei seguindo os passos dele, mas não era o que eu queira ...Talvez eu sentisse mais segurança em trabalhar em uma empresa que taria trabalhando, essa facilidade né! Mas não era isso ... a matéria de algoritimos me interessou... Ent – FCF02 -...mexer um pouquinho com Banco de Dados e eu me apaixonei, por isso... Então resolvi ... escolher um curso de tecnologia pra fazer ... eu tô muito satisfeita... já estou no último ano, mas cada vez que eu vou avançando eu me apaixono mais...a influência foi pela loja virtual que eu abri... Ent – FMR09 - Interessante... porque eu não tô satisfeito, não (risos). Já pensei em fazer uma reescolha, ... só que eu não sei se conseguiria, não sei se teria paciência... Nossa, eu tô perdidasso!... eu já trabalhei com várias áreas, já fiz vários cursos diferentes, mas eu nunca falei: Nossa! É realmente o que eu gosto, é isso que eu vou seguir. Eu não tive ainda essa... Então eu tô levando...Influência? Meu pai um dia comprou um computador quando eu tinha uns quatro anos de idade e então ela me mostrava um pouco o mundo da computação... mas não teve uma orientação; Faça isso. Ent – FRS10 – Sim, eu estou satisfeita, eu sou feliz! ...meus amigos e meus pais também me influenciaram bastante... também tenho muita influência de ... é...não sei se você conhece... Bil Gates e Steve Jobs, eram para mim um espelho e acabei me motivando por causa disso. Ent – FRF05 - ... ainda me considero muito leigo na área... por eu tá... tá só dois anos nisso para mim a informática é uma coisa muito nova... definitivamente eu não sou da área assim... minha personalidade meu, meu gosto, então na verdade foi... área tem um bom salário. Influência? Meu pai é médico, ele trabalha em uma UBS... um dia fui conhecer lá e ele me apresentou uns colegas... um desses colegas, ele trabalha na parte de TI, era uma rapaz que tinha feito ADS na F... e ai ele me sugeriu

107

fazer... Então... é que pra mim... eu tô dividido em dois mundos, nesse sentido de carreira, porque existe a carreira que eu tenho que percorrer, que é a que eu tô e atem a carreira que eu gostaria de percorrer, que é o sonho... então talvez eu divida em realidade e fantasia...Queria estar tocando na orquestra filarmônica de Berlim (risos), sabe... piano, mas... sabe que seja descer um pouco e só tocar na OSESP ou ser um compositor também...qualquer coisa na área de cinema desde escrever um roteiro e... dirigir, atuar, qualquer coisa neste sentido, criar estória, tudo para mim é fascinante. Isso também é uma coisa meio inatingível! Ent – FMS03 – Sim, tô bem satisfeito... eu enxergo que a minha atuação principal não vai ser nesse curso; vai ser na área de jogos, desenvolvimento de jogos... Influência...Não... na verdade n... foi bem eu mesmo. Ent – FCH08 - ...Sim... tô... gostei um pouco... a Influência veio do intercâmbio mesmo... Quero ir para Coréia.

Fonte: dados da pesquisa As entrevistas contribuíram com os pressupostos teóricos que nortearam esse estudo,

fornecendo informações relevantes para respondermos às questões que levantamos no início

deste estudo. A seguir, discutem-se as considerações finais.

108

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta dissertação teve como objetivo compreender a escolha profissional e de carreira de

jovens estudantes do curso de Tecnologia da Informação, na modalidade de Tecnólogo, e

verificar qual a convicção que possuem em relação à mesma. A análise também considerou essa

escolha no exercício da atividade profissional e, para tanto, esse trabalho apoiou-se nos

seguintes objetivos específicos:

1 - Estudar e distinguir as correntes teóricas que contribuem com a escolha profissional,

apoiando-se na Estratégia Clínica, elaborada por Rodolfo Bohoslavsky.

2 - Conhecer e aprofundar o estudo sobre carreira, identificando motivações e

influências em suas etapas, sob a ótica de Edgard Schein, a partir das etapas de carreiras e dos

motivadores profissionais (Âncoras de Carreira).

3 - Verificar como ocorre a gestão de carreira do indivíduo no mundo do trabalho e nas

organizações, de acordo com os pressupostos elaborados por Joel de Souza Dutra.

Para que fossem alcançados esses objetivos, foram utilizados dois instrumentos que

suportaram a análise e desenvolvimento da pesquisa, sendo eles o roteiro de entrevista

semiestruturada (Apêndice 2) e o Inventário de Motivadores Profissionais – Âncoras de

Carreira (Anexo 1), que possibilitaram entender os motivadores intrínsecos em termos da

ocupação no mundo do trabalho, além do interesse profissional voltado para o futuro.

As respostas obtidas nas entrevistas foram analisadas sob a luz da Matriz de Análise de

Conteúdos, quando se procedeu ao cruzamento entre as perguntas, o referencial teórico e as

categorias que emergiram da análise (descrita no capítulo 3).

A estrutura da pesquisa contou com uma introdução que abordou a evolução dos estudos

de orientação profissional ao longo da história e as correntes psicológicas que contribuíram para

o entendimento da orientação no campo da escolha, a definição dos objetivos, o problema

norteador da investigação e a amarração desses objetivos com os teóricos que suportaram a

análise e contribuíram com a consistência metodológica desse estudo. Na sequência,

apresentaram- se os capítulos reservados ao entendimento da teoria de base, com enfoque aos

motivadores profissionais e etapas de carreira, a estratégia clínica na orientação vocacional e a

administração de carreira e, a seguir, a metodologia da pesquisa de campo, coleta dos dados nas

IES escolhidas para o estudo e os critérios de análise e interpretação dos dados obtidos na

pesquisa de campo.

109

As entrevistas de campo indicaram os conteúdos coletados e definiram as categorias da

análise que emergiram: Orientação Profissional, Mercado de Trabalho e Carreira, Planejamento

de Carreira e Futuro, Satisfação e Influência como pilares de sustentação da Escolha

Profissional.

As respostas obtidas contribuíram para o entendimento de como foi realizada a escolha

profissional do jovem, investigando se o entrevistado contou ou não com alguma orientação

para realizar a mesma, tanto de familiares como da escola de ensino médio e/ou da IES que

frequenta.

Ainda, obtiveram-se subsídios para entender o nível de influência que a família e o meio

tiveram no processo de escolha, além da satisfação em relação à escolha e a carreira que

pretende assumir e, em não havendo a satisfação em relação à escolha, como o entrevistado

pretende realizar uma reescolha.

No campo do trabalho, investigaram-se os objetivos de carreira e ações que os jovens

vêm tomando para concretizar tais objetivos, isto é, como estão planejando o futuro e que

variáveis podem intervir nos seus planos, bem como a participação das empresas na construção

e viabilização do planejamento de carreira.

Por meio dessas análises, entendeu-se o nível de satisfação ou de angústias que esses

jovens possuem acerca da escolha profissional e dos planos futuros de carreira. Vale ressaltar

aspectos importantes de satisfação, como o depoimento a seguir, que demonstra a realização de

objetivos e de uma escolha madura e ajustada:

“Sim, sim estou bem satisfeito, é... por ser assim, por ser um curso de... é de curta duração, eu tô muito satisfeito, porque eu tô aprendendo, eu já consegui um... um emprego na área, então, isso fez com que eu absorvesse de maneira mais fácil o que é passado aqui. Eu tô bem satisfeito.” (Entrevistado BPR08)

Assim também foram obtidos depoimentos significativos que demonstram imaturidade

da escolha, carregados de muita dúvida e incerteza, gerando sentimentos de angústia.

“Não... eu quero acabar ele de uma vez assim... Eu não sei se vou fazer uma reescolha, ou se vou tentar seguir na parte de engenharia que foi a parte do curso que pelo menos, foi à parte do curso que eu mais gostei, que não é tanto programa, mas sim desenvolver o projeto e tal, porque essa parte até que eu gosto dela ou se eu vou... não sei, se eu vou fazer uma reescolha ou se vou voltar pra artes, mas igual designer de interiores,

110

mas pra artes mesmo, porque... eu não sei... tô bem aberta.” (Entrevistado FAG01)

A análise sobre a maturidade para realizar uma escolha de forma ajustada leva a entender

que os aspectos relativos à idade cronológica e à etapa de carreira em que a pessoa se encontra

impactam diretamente a satisfação da mesma e o direcionamento de ações para realização dos

objetivos de carreira, como identificado na resposta do Entrevistado BPR08 e também em uma

situação contrária com resposta carregada de incertezas, dúvidas e angústias, como encontrado

no entrevistado FAG01.

Outro fator predominante identificado é que os alunos da IES privada se mostraram mais

certos da escolha e recebem apoio da escola em relação ao planejamento de suas carreiras.

Os alunos da IES pública se mostraram mais incertos com a escolha e com pouco

planejamento da carreira e não contam com o apoio da escola. Não há programas elaborados

para contribuírem com os alunos nesse sentido, apenas orientações de cunho informal da parte

dos professores.

Considerando que o processo da escolha profissional inicia-se no ensino médio, a

pesquisa constatou que programas desta natureza estão ausentes das escolas, faltam políticas

públicas condizentes com a natureza da escolha e programas educacionais que ajudem os jovens

no momento da decisão.

De um modo geral, nota-se que o tema ainda é pouco trabalhado tanto pelas esferas

governamentais como por escolas particulares e organismos que administram o processo

educacional, fato que reforça a posição dos estudos encontrados abordando o tema, quando do

levantamento do estado da arte para a realização desta pesquisa.

Por meio das análises dos resultados obtidos no instrumento Âncoras de Carreira,

concluiu-se que os jovens estão planejando suas carreiras de forma a irem ao encontro de seus

motivadores profissionais, como podemos avaliar na resposta do entrevistado BLC05, que

apresenta a âncora de carreira Segurança e Estabilidade como a principal:

“Bom, daqui pra frente eu quero me tornar um líder de equipe, provavelmente, é... quero participar da gestão de projetos, desenvolvimento e quem sabe no futuro me tornar um consultor, dar curso para fora, trabalhar em uma grande empresa...”

Ainda, cabe destaque à visão que esses jovens apresentam sobre o mundo do trabalho e

a consciência que demonstram que o trabalho tem que estar em consonância com os interesses

e desejos, tem que ser prazeroso e levar à autorrealização. Não dissociam os interesses

111

profissionais dos pessoais, visto que, ao serem introduzidos no mundo do trabalho, eles passam

a maior parte do tempo nas empresas e, neste sentido, o ambiente deve ser saudável e de

respeitos aos interesses pessoais e estimular o desenvolvimento profissional.

A busca pela realização profissional e a escolha que vá ao encontro dos sonhos e da

percepção interna da carreira esteve presente nos discursos dos entrevistados.

“A profissão tem que ser aquela coisa que realmente... que você tenha prazer de, de acordar e falar: Eu vou fazer aquilo que eu gosto...” (Entrevistado BSS04)

Esta pesquisa revela que ainda há muito por fazer no campo da carreira e da orientação

para uma escolha consciente e ajustada; é um campo que requer ainda muita dedicação e

exploração.

Aprendemos que cabe a nós, profissionais da administração que atuamos com

desenvolvimento e aos educadores em geral que se tem que contribuir com os jovens

profissionais, no sentido de proporcionar recursos e ferramentas de apoio à escolha e

planejamento de carreira, objetivando formarmos profissionais realizados e satisfeitos com a

profissão e a carreira escolhida.

Não podemos deixar o tema à mercê da vontade política, temos que encarar os desafios

de cooperar com a sociedade e com os jovens. Cabe a nós favorecer a construção de uma

sociedade melhor e mais justa e, para tanto, temos que alertar as organizações do papel no

planejamento da carreira de seus colaboradores e não deixar o tema como um singelo discurso

inserido nas políticas de Recursos Humanos, mas sim como um compromisso com o ser

humano e com a sociedade.

Ainda, no sentido da Orientação Profissional, cabe a nós profissionais de mercado e

cientistas sociais lutarmos pela disseminação do tema propondo sua inclusão nos currículos do

ensino médio e superior e diminuirmos o índice de abandono dos bancos escolares por decisões

que foram tomadas por impulso ou de forma não consciente, decisões que não vão ao encontro

dos sonhos e desejos, que não vão em direção à carreira interna.

A dificuldade dos jovens em falar sobre o processo da escolha, dos seus interesses e

perfil, bem como dos planos futuros foi compreendida como uma das limitações do estudo,

assim como a pouca interação que houve entre o pesquisador e os entrevistados, uma vez que a

entrevista ocorria antes das aulas ou intervalo entre elas e, o aluno queria voltar rapidamente às

atividades de sala de aula para que não se prejudicasse em termos dos conteúdos que estavam

sendo transmitidos na aula.

112

O tema ainda é novo junto à comunidade científica e, como sugestão a pesquisas futuras,

aponta-se a ampliação dos cursos, não se limitando apenas à modalidade tecnólogo, mas

ampliando-se a amostra a cursos de bacharelado e de outras áreas de formação, e não apenas

aos cursos de Tecnologia da Informação.

Encerrando este estudo, fica a mensagem do Entrevistado FRF05, que resume o desejo

de contribuir para escolhas certas e definidas, pois, afinal, o futuro depende das escolhas:

“Acho que as paixões e essas coisas que a gente ama a gente nunca abandona, a gente às vezes deixa um pouco de lado para fazer o que tem que fazer, né! ...Eu toco piano... piano...é o que eu gosto.”

113

REFERÊNCIAS

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UFSC - Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em Ciências Sociais https://periodicos.ufsc.br/index.php/emtese/article/view/18027- (acesso em 01/06/2016).

117

APÊNDICES

118

Apêndice 1 – E-mail de solicitação de entrevistas

Caro (a)________________,

Conforme conversamos, seguem informações com relação a minha Dissertação de Mestrado para realização das entrevistas qualitativas.

Tema: A consistência e a manutenção da escolha profissional de alunos de cursos superiores de curta duração – Tecnólogos

Objeto da Pesquisa: Carreira Profissional

Objetivo Geral: Analisar a perenidade da escolha profissional, dúvidas e problemáticas enfrentadas no final do curso por alunos de 5º semestre do curso de Tecnologia da Informação de IES em São Paulo – Capital, de duas Faculdades sendo 1 FATEC e 1 Particular.

Público Alvo: alunos do último semestre de cursos de Tecnólogos em Tecnologia da Informação e que já estejam no exercício de uma atividade profissional, não há a necessidade de ter um vínculo efetivo, pode ser autônomo, estágio outra modalidade e também não há a exigência de ser atividade voltada a TI.

Quantidade de Entrevistas (aproximadamente): 07 alunos de cada IES

Forma de Investigação da Pesquisa: Qualitativa com entrevistas semiestruturadas e com a Análise de Conteúdo. Será fornecido ao aluno o Termo de Aceite e Livre Consentimento. A pesquisa também contará com a aplicação de uma ferramenta de interesse profissional, Ancoras de Carreira (Edgard Schein) que disponibilizaremos o arquivo ao aluno para ser respondido posteriormente e após recebimento do mesmo será feita a tabulação e enviado o resultado aos participantes da entrevista/ alunos, sem qualquer custo e ônus.

Orientadora: Profa. Dra. Izabel Cristina Petraglia

Faculdade Responsável: Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU)

Aluno: Nelson Fender

Anexo meu Bio CV para subsidiar informações a meu respeito, bem como copio minha Orientadora para dirimir eventuais dúvidas.

Desde já gostaria de agradecer sua contribuição, meu muito obrigado.

119

Apêndice 2 – Questionário de entrevista

QUESTÕES PARA ENTREVISTA DE CAMPO

1. Como você fez a escolha do curso em andamento?

2. Você teve alguma forma de orientação para efetuar esta escolha?

3. A escola de Ensino Médio teve alguma participação nesta escolha? Forneceu algum

programa de apoio ao processo de escolha?

4. A Instituição de Ensino atual fornece algum apoio em relação à Orientação e/ou

Planejamento de Carreira e continuidade da mesma?

5. Sua família (pai, mãe, irmãos) teve alguma influência na escolha?

6. Você está satisfeito com o curso e a oportunidade de carreira que esta profissão

oferece?

7. Se não está satisfeito como pretende efetuar uma reescolha? Que variáveis considerará

para a nova escolha?

8. Quais são seus objetivos de carreira e como pretende alcançá-los? Você possui algum

plano estruturado para seu futuro profissional?

9. Sua atual empresa lhe oferece algum programa de planejamento de carreira e suporte

ao seu desenvolvimento profissional?

10. Tem alguma coisa a mais que gostaria de contar?

120

Apêndice 3 – Transcrição das Entrevistas

3.1 – Escola Particular

Entrevistado: BES07

AC: Não respondido

1. Como você fez a escolha do curso em andamento?

“- Então, a minha escolha foi feita através de uma pesquisa né8! Porque antes eu estava fazendo curso de automação e controle na... Instituto Federal de São Paulo, e... com esse curso que eu estava fazendo lá eu vi que o mercado não estava sendo muito agradável pra mim né! e eu vi que tecnologia estava crescendo pra caramba, a parte de TI estava crescendo e aí eu escolhi esse curso por causa disso. Aí escolhi a Faculdade também pelo fato de ter um bom nome... O pessoal estava todo comentando da faculdade, estava bem no auge de ser implantada aqui, aí tentei pelo Prouni. Mas foi por pesquisa. Sim fiz uma pesquisa, colhi informações, ver como é que estava à área, a área estava muito propícia e aí escolhi a área de TI mesmo. Foi só pesquisando no google.”

2. Você teve alguma forma de orientação para efetuar esta escolha? “- Não, não foi só pesquisando no google mesmo.”

3. A escola de Ensino Médio teve alguma participação nesta escolha? Forneceu algum programa de apoio ao processo de escolha? “- Não. A escola de ensino médio não deu nenhuma participação, zero, nas minhas escolhas profissionais, porque quando eu estava no ensino médio, por mim só, porque graças assim, deu um “up”, porque deu uma certa percentagem, vamos dizer.... porque bem no terceiro colegial tinha aquele programa do Etapa que era um programa de ..... e de fazer cursinho e tentar bolsa de 100% e aí que eu vi que eu estava tão defasado no ensino, porque quando eu fui fazer o curso, cursinho etapa que eu vi que eu não tinha aprendido nada no ensino médio. Fiquei 3 anos da minha vida lá sentado sem aprender nada. Ai eu tive contato com outras pessoas, aí com a ajuda do Etapa, passei em um curso técnico, e ai que eu tive um ciclo de amizades diferente do ensino médio, que eu vi que eu estava muito atrasado, comecei fazer o curso técnico e aí que eu comecei a eu mesmo direcionar os curso que eu queria fazer , Ninguém me orientou não”.

4. A Instituição de Ensino atual fornece algum apoio em relação à Orientação e/ou Planejamento de Carreira e continuidade da mesma? “- Tem, tem, no começo teve um programa de orientação vocacional aqui e era sempre paralelo aos cursos e ainda tem, que tá...tá.. mudando a faculdade agora, a parte administrativa né! , mas ainda tem sim, o pessoal ajuda a gente aqui. A gente vai lá, a gente pergunta né qual é o tipo de orientação que a você quer, as psicólogas ajudam a gente aqui e aí direciona você. Tem no começo, quando você entra na faculdade tem uma prova também uma prova se você quer fazer o curso, uma prova para direcionar também se você quer isso, se isso mesmo que você quer. Tem umas aulas antes também. Tem muita desistência esse curso de TI, né! E aí o pessoal fica meio em dúvida, quer fazer por causa de modinha e acaba não gostando.

5. Você atribui as desistências pelo fato de escolherem por modismo? É, na verdade a grande parte das pessoas escolhem por exemplo. Estava na moda aí fazer, um tempo atrás aí... fazer arquitetura; estava no auge, teve até um, acho que foi 2 anos atrás, foi o tema a matéria mais concorrida da Universidade Federal, mais que medicina, então assim muita gente queria fazer arquitetura, mas do nada assim, queria fazer arquitetura; Então são uns auges que surgem ... e como estudei na Federal, daquelas pessoas que entraram na Federal eu vi que muita gente desistiu da arquitetura. Desistiu grande parte, então assim, o pessoal foi, mas acabou não gostando, acabou. Tem que pesquisar antes, né!?

6. Sua família (Pai, Mãe, Irmãos) teve alguma influência na escolha?

8 A transcrição das entrevistas mantiveram na íntegra as respostas fornecidas e o respeito à linguagem coloquial dos alunos.

121

“-Não, não, nenhuma, nunca. Minha mãe teve influência na minha, na minha educação até a 4ª série, porque ela não tem, ela não é formada, né! Então ela não conseguiu e ajudar mais depois da 4ª série. Então foi por mim, espontânea vontade mesmo, pesquisando, aprendendo, dando umas cabeçadas (risos).”

7. Você está satisfeito com o curso e a oportunidade de carreira que esta profissão oferece? “- Tô, tô satisfeito com o curso. O curso aqui é muito bom, está me direcionando legal; eu estava numa outra empresa que era a área de tecnologia eletrônica, eu trabalhei 5 anos numa empresa anterior, essa empresa que eu tô, tô recente, eu sou Trainee, entrei graças aqui, né, entrei aqui, entrei nessa empresa em julho. É IPRO, uma empresa indiana e tô lá, tô lá, é muito conhecimento, é muita coisa nova, tem as dificuldades no começo, mas a gente tem que enfrentar né!! Aí eu saí daquela empresa que eu estava há 5 anos , de experiência na área de suporte de eletrônica e tô nessa agora.”

8. E essa empresa ela estimula um plano de carreira? “-Sim, sim, estimula; quando você entra você é obrigado a fazer, fazer cursos mandatórios, depois desses cursos mandatórios você vai ter uma classificação no site deles lá e, esse site vai te avaliar desde que você entrou até o final. O programa de Trainee são dois anos. Esses dois anos tem, tem reuniões todos os meses com todos os 44 Trainees que entraram. Você vai apresentar suas dificuldades, o que que você não gostou, é... se está tendo alguma dificuldade em tal ou em tal ferramenta, então tem uma avaliação contínua nesses 2 anos , está tendo uma avaliação contínua nesses dois anos.”

9. Quais são seus objetivos de carreira e como pretende alcançá-los? “-Então, depois que eu me formar aqui quero fazer uma pós-graduação na área de negócios, tá, quero seguir essa carreira de negócios, quero virar consultor; lá mesmo né! E pra virar consultor tem que seguir essa carreira, eu também tô com vontade de fazer a parte de segurança, mas não sei, tô em dúvida ainda, mas a minha carreira é ser consultor, ser consultor. Que a empresa é uma consultoria né!? , quero trabalhar na parte de consultoria mesmo. Na verdade tem que ter, na empresa IPRO, tem que fazer todos os cursos mandatórios além quando você faz os mandatórios, você vai crescendo e aí você vai mudando de nível. No 3º nível você tem que viajar e aí você faz um curso de gestão lá; lá na Índia. Depois você volta e aí.... você vai pegar um projeto, então como ela faz vários projetos lá, você vai gerenciar um projeto e vai trabalhar você, o cliente e a sua equipe . Então você vai procurar alguns clientes que querem, querem as ferramentas de tecnologia que nós fornecemos e aí a gente vai fazer uma consultoria pra aquele cliente, fazer um plano de, plano de desenvolvimento pra aquele cliente também. Ó tal ponto você vai chegar assim se usar essa ferramenta! Ai.... vou direcionar pra ele usar aquela ferramenta e ao mesmo tempo a gente vai dar infraestrutura, vai dar sustentação do sistema”.

10. A faculdade atualmente tem algum programa de apoio à escolha profissional? “-Um programa de apoio à escolha da carreira, não conheço. Ela tem, ela tem, ela tem, todo mês... acho que agosto, ela trás as empresas aqui e faz uma semana de carreira. Então vem bancos, vem um monte de coisa legal, aí nessa semana, é a semana “week”, então vem várias empresa dar palestras, então ela pesquisa, convida as empresas para virem aqui, para, mostrar pros alunos do 5º semestre e do do 3º e 4º que é o que as empresa pedem. Mas não é um programa em si, é que ela está modificando ainda várias coisas, mas ela traz um monte de empresa pra fazer, em uma semana, só palestra”.

11. Tem alguma coisa a mais que gostaria de contar? “-Não”.

122

Entrevista: BEN06

AC: Não respondido até o momento

1. Como você fez a escolha do curso em andamento?

“-É... a escolha do meu curso foi bastante influenciada pela... minha infância. Desde pequeno eu sempre fui, tive bastante contato com a área eletrônica em geral, bastante contato com vídeo games, com computadores e eu tenho um tio que trabalha na área né! E ele me influenciou bastante, sempre me mostrou o que ele fez e eu sempre achei muito legal. Ai, teve uma época da minha vida, por volta dos 16 ou 17 anos que eu estava terminando a escola e não sábia muito bem o que ia seguir ai ele me falou: Porque você não faz um curso tal e tal lugar? Aí eu vim parar aqui, acabei gostando e tô continuando.”

2. Você teve alguma forma de orientação para efetuar esta escolha? “-É...Orientação Profissional? Se o curso me ajudou atualmente é... atualmente na área que eu tô não muito, mas na área que eu pretendo atuar vai me ajudar sim.”

3. A escola de Ensino Médio teve alguma participação nesta escolha? Forneceu algum programa de apoio ao processo de escolha? “-Não, não, nenhuma.”

4. A Instituição de Ensino atual fornece algum apoio em relação à Orientação e/ou Planejamento de Carreira e continuidade da mesma? “- Sim, fornece, porque o curso é bastante abrangente, por mais que seja na área de desenvolvimento, os professores sempre conversam bastante com a gente, eles... se você está com alguma dúvida de que área seguir, depois em alguma pós-graduação, como continuar seu caminho, eles informam bastante coisas, eles contam um pouco da experiência deles, porque a maioria dos professores são bastante experientes, têm bastante... o currículo deles é bem... é muito pesado no mercado, então eles tem um ... muita vida experiência... O curso é legal. Programa estruturado, mais os professores.”

5. Sua família (Pai, Mãe, Irmãos) tive alguma influência na escolha? “-Mais o meu tio mesmo, a influência foi total dele e.... foi total deles e mais pelo meu gosto mesmo, eu sempre gostei mais dessa área assim.... Sempre gostei, de pequeno sempre jogava muito ... era meio nerd.”

6. Você está satisfeito com o curso e a oportunidade de carreira que esta profissão oferece? “- Sim, tô bastante satisfeito , eu tô... bastante feliz e se eu conseguir o trabalho, a longo prazo, na área que eu espero, que o curso tá me ajudando a me fortalecer pra fazer o próximo... o próximo passo de vida né, meu próximo plano, porque eu entrei aqui bastante cru né! Aí eu aprendi bastante coisa na área, hoje em dia minha cabeça é bem mais formada para... pra área de TI em si e...Eu tô gostando muito. Eu me surpreendi.”

7. Quais são seus objetivos de carreira e como pretende alcançá-los? “- O meu plano futuro é ser um DBA né! Planejo trabalhar mexendo em Banco de Dados, administrando, gerenciando. Eu planejo alcançar esse... meu futuro, essa minha futura carreira, vou buscar fazer bastante certificados, certificações, vou, vou buscar uma pós-graduação boa e, quem sabe um emprego em uma empresa legal. Uma empresa legal é uma empresa que seja, seja no padrão né! Que pague, pague certo, que respeite funcionário, e ...traba... trabalhar na área que eu quero atuar em si já vai ser um muito legal, não importa a empresa. Se na área hospitalar, se na área de que seja por que hoje em dia banco de dados é um ... tudo tem que ter um banco de dados hoje em dia, a integridade da informação tem que salva, precisa ser protegida e eu quero atuar nessa área. Atualmente eu trabalho, na área hospitalar, com TI na área de suporte.”

8. A empresa em que você trabalha te dá algum apoio em termos de carreira? “- Apoio assim eles não me dão porque eu não estou precisando atualmente, eu tô conseguindo me erguer bem, eu me, me, me sustentar até agora conseguir escalar meu caminho sozinho. Mas caso necessário acredito que os meus chefes me ajudariam sim. Plano de carreira é mais voltado para área de desenvolvimento, pra área que eu quero seguir não.”

9. Tem alguma coisa a mais que gostaria de contar? “- Não.”

123

Entrevistado - BEO10

AC: Não respondido até o momento

1. Como você fez a escolha do curso em andamento? “- Eu fiz um curso técnico na ETEC de informática e lá eu conheci... programação, que é desenvolvimento de sistemas, me encantei muito e por isso decidi fazer análise e desenvolvimento de sistemas.”

2. Você teve alguma forma de orientação para efetuar esta escolha? “- Só do curso mesmo.”

3. A escola de Ensino Médio teve alguma participação nesta escolha? Forneceu algum programa de apoio ao processo de escolha? “- Não, não tinha não. Só por ter as matérias mesmo eu decidi fazer. Mas eu não trabalho na área ainda. Eu sou vendedor, eu vendo acessórios pra celular.”

4. A Instituição de Ensino atual fornece algum apoio em relação à Orientação e/ou Planejamento de Carreira e continuidade da mesma? “- Tem, tem uma semana aqui que é Carreira Week onde você tem, vem diversas empresas, aí tem palestras com pessoas da área, e tal.”

5. Sua família (Pai, Mãe, Irmãos) teve alguma influência na escolha? “- Não, não teve.”

6. Você está satisfeito com o curso e a oportunidade de carreira que esta profissão oferece? “- Estou, tem, pra mim é mais difícil porque eu já tenho família, pra eu ingressar no estágio, o salário é muito baixo, eu tenho primeiro dar meio que uma estabilizada pra eu conseguir entrar. Sou casado e tenho um filho.”

7. Quais são seus objetivos de carreira e como pretende alcançá-los? “-Me tornar um desenvolvedor, e... crescer cada dia mais na programação mesmo. Não, só tô fazendo a faculdade, mas após o término eu pretendo fazer um curso, tipo um curso orientado a... a web mesmo, voltado direto pra web.”

8. Aonde você trabalha hoje, não existe nenhum programa de orientação e planejamento de carreira? “- Não, não.”

9. Tem alguma coisa a mais que gostaria de contar? “- Não.”

124

Entrevista:BHS01 AC9: DT + AI + DC

1. Como você fez a escolha do curso em andamento? “- Bom, eu já trabalhava na área, exercia a função e sentia a necessidade de ter um diploma e como era a área que eu já trabalhava então busquei um curso mais específico porque eu já tinha feito um curso de tecnologia anteriormente e era um curso que eu não tinha gostado tanto e eu imaginei que um curso específico exatamente do que eu fazia, da função que eu exercia seria mais prazeroso, mais interessante.”

2. O curso que você fez anteriormente era superior ou era um curso livre? “- Não, era superior; fiz um curso de processamento de dados na FATEC.”

3. Na FATEC? “- Isso”

4. Você o concluiu? “-Não, eu não conclui.”

5. Não concluiu? “- Não.”

6. E aí você veio fazer Banco de Dados, agora? “-Isso, ai eu vim fazer o curso de Banco de Dados porque era a área que eu já estava trabalhando.”

7. Você teve alguma forma de orientação para efetuar esta escolha? “- Ah.., acho que pelo meio que eu vivia dentro do trabalho eu acabei sendo influenciado né, é uma.... era uma função que eu gostava de exercer, é... tinha atividades que era prazerosas e eu vi oportunidade de crescimento.”

8. A escola de Ensino Médio teve alguma participação nesta escolha? Forneceu algum programa de apoio ao processo de escolha? “- Houve, houve... algumas vezes, eu estudei em escola pública, tivemos alguns, algumas atividades assim.”

9. A Instituição de Ensino atual fornece algum apoio em relação à Orientação e/ou Planejamento de Carreira e continuidade da mesma? “- Olha... oficialmente não. O que nós temos é orientação dos professores mais informalmente mesmo. A gente tem essa liberdade...”

10. Sua família (Pai, Mãe, Irmãos) teve alguma influência na escolha? “- Não. Eu fui, da minha família, acho que fui o primeiro a ir fazer um curso superior.”

11. Você está satisfeito com o curso e a oportunidade de carreira que esta profissão oferece? “- Olha, com o curso... é..... eu vim com bastante expectativa, ha.... e... aí no decorrer do curso eu fiquei um pouco decepcionado, que não era..... não.... não era tudo aquilo que eu imaginei. Mas é um curso bom, é... tô satisfeito e acredito que ele pode sim ajudar na minha carreira.”

12. Quais são seus objetivos de carreira e como pretende alcançá-los? “- Bom, é... os meus objetivos, meu objetivo ele mudou depois que eu entrei pra faculdade né! pra essa faculdade. Quando eu entrei aqui eu queria ser apenas um profissional da área de tecnologia; é... instruído, diferenciado, mas as orientações que eu tive aqui dentro e as matérias me ajudaram a enxergar a possibilidade de ser uma pessoa, um empresário né! De ter meu próprio negócio... e ultimamente eu tenho pensado nisso. De ser um empreendedor.”

13. E o que você tem feito para atingir esse objetivo? “- Esse objetivo? Bom, é... primeiramente eu tem..., é.... eu entendi que pra ser um empreendedor eu tenho que conhecer outras áreas, não posso ficar preso só na minha área, na área de tecnologia; e eu tenho...... participado de feiras... assistido palestras pra tentar encontra alguma coisa que eu....... me sinto confortável de, de fazer.”

14. Você hoje trabalha como PJ mas presta serviço para alguma empresa específica? “- Eu tenho a minha empresa. Meu CNPJ e eu presto serviço diretamente para uma outra empresa.”

9 AC – Âncoras de Carreira- DT = Desafio Técnico – AI = autonomia e Independência – DC = Dedicação a uma Causa

125

15. Para uma empresa ou para várias empresas? “- Para uma só.”

16. Essa empresa a qual você presta serviço, ela tem algum apoio em relação à carreira, há planejamento da carreira, ao seu desenvolvimento profissional? “- Pra... terceiros não, só pra funcionários.”

17. Tem alguma coisa a mais que gostaria de contar sobre sua escolha profissional, sua carreira ou seus planos futuros? “- Acredito... é... A minha escolha profissional vem sendo, né! Voltando um pouco no passado.... Quando eu tava no ensino médio eu tinha .... eu tinha interesse em estudar outras coisas né! E... conforme eu fui entrando na área de... no mercado de trabalho é... eu acabei... tendo outras visões, conhecendo outras áreas... e isso acabou me influenciado bastante. É... sempre tive facilidade com tecnologia, interesse, mais... não era aquilo que eu queria estudar ! Eu sempre quis ser biólogo. Sempre quis ser biólogo. Prestei é... fiz cursinho, prestei vestibular pra faculdades públicas , é... acabei indo bem né! passando na... nas primeiras fases; mas... como eu já estava numa empresa de tecnologia, eu comecei a olhar pra onde, pro meio onde eu tava e comecei me familiarizar com aquela, com aquelas atividades, com aquele.... com aquela carreira e... eu acabei optando por estudar tecnologia. Foi onde eu procurei no primeiro curso superior e aí eu não fiquei satisfeito com o.... com o curso, eu achava que não era um curso muito focado, eu aprendia muitas matérias que.... que... como eu tava na área eu via que... que tava meio defasado, né! E aí eu acabei parando, por um tempo, e depois procurei uma faculdade mais específica aonde tivesse uma grade mais moderna e pudesse me auxiliar no crescimento profissional.”

18. E como... onde ficou a biologia? “- A biologia ficou no meio do caminho (risos), hoje eu tenho interesse por... por outras áreas... é... engraçado que eu sempre é.... me interessei pela área de humanas.. É... é... gosto bastante de filosofia, gosto bastante de literatura... mais... acabei entrando na área de exatas. Às vezes eu me sinto um peixinho fora d´água por que.... eu tenho dificuldades, né de.....de.... matemática; acho que é normal de todo mundo que é de humanas.... mais... eu consegui me adaptar.” “É... engraçado que você me fez lembrar de uma pergunta que a minha esposa me fez na ... no final de semana: Qual o curso que você vai fazer depois que você terminar a faculdade? . Eu sempre falo para ela assim: uma segunda faculdade eu faria filosofia, mais pelo gosto, não pra trabalhar na área e... mais eu ainda flerto com a área de humanas, ainda gosto, talvez possa fazer, realizar esse sonho de fazer filosofia. Mas a biologia ficou pra traz.”

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Entrevista: BJL02 AC10: SE + AI + GG

1. Como você fez a escolha do curso em andamento? “- Então, é um curso que.... eu sempre tive em mente entrar na carreira de TI, e para entrar na carreira de TI eu...eu ... ( silêncio). Bom, eu comecei a.... a minha trajetória pra entrar na carreira de TI, é. bem jovem mesmo, fiz um curso técnico, um técnico em informática e através do curso técnico em informática uma matéria me despertou a atenção, chamou; todas chamaram a atenção mas teve uma em especial que me fez tomar a decisão de vir para a área de Banco de dados; que foi a .... .uma matéria de banco de dados que eu tive no curso, não sei se foi o jeito do professor ministrar aquela matéria que atraiu, porém quando eu terminei aquele curso eu tava decidido que eu entraria para um curso tecnólogo em banco de dados. Foi aí que eu comecei a procurar e através de algum sistema, sistema de bolsa de estudo, eu consegui a , a bolsa na faculdade e entrei para o curso de banco de dados.” “- É.... a partir do momento que eu entrei na área de banco de dados eu percebi que era isso mesmo que eu queria para minha carreira e foquei mesmo, me desenvolvi bastante e tudo, desde, desde o primeiro semestre até agora houve uma constante evolução e... tá... caminhando para o sucesso, vamos dizer assim.”

2. Você teve alguma forma de orientação para efetuar esta escolha? “- Sim, professores... professores da área, é..... meu professor do curso técnico, amigos que trabalham já na área; eu busquei orientação por fora.”

3. A escola de Ensino Médio teve alguma participação nesta escolha? Forneceu algum programa de apoio ao processo de escolha? “- Não. Eu tive que correr por conta própria mesmo, tanto que o curso técnico, ele não fazia parte da escola de ensino médio e... lá ... eles focam mais para o empreendedorismo , porém você vai buscan... buscando auxílio tudo, eles auxiliaram tudo mais eu que tive que correr atrás, nada de um programa efetivo.”

4. A Instituição de Ensino atual fornece algum apoio em relação à Orientação e/ou Planejamento de Carreira e continuidade da mesma? “- Sim, é..... eu , eu busquei orientação desde como formar um currículo por orientação dos coordenadores e.... toda vez que eu procurei eles foram prontos a... .a me ajudar; e através disso teve já feiras, é...... como semana de carreira da própria faculdade, que tem todo ano , é.... eles mostram como... o que o mercado espera do profissional, como você deve se portar para poder conseguir o que você almeja mesmo no mercado; e isso ajuda bastante.”

5. Sua família (Pai, Mãe, Irmãos) teve alguma influência na escolha? “- Positivamente, eles nunca negaram... nunca foram contra, vamos dizer, às minhas decisões, eles sempre apoiaram positivamente.”

6. Você está satisfeito com o curso e a oportunidade de carreira que esta profissão oferece? “- Sim, sim, muito satisfeito. Até acima da mi... da expectativa que eu tinha.”

7. Quais são seus objetivos de carreira e como pretende alcançá-los? “- Então, eu pretendo fazer uma especialização, após a especialização realizar um mestrado e, posteriormente um doutorado e entrar para a área acadêmica.”

8. Então o seu plano de carreira é atuar como professor na área de tecnologia? “- Exatamente. Isso...”

9. Você trabalha atualmente? “- Sim.”

10. E a sua atual empresa lhe oferece algum programa de planejamento de carreira, suporte ou desenvolvimento profissional? “- E eu sou novo na empresa, não tem nem um mês ainda que eu estou trabalhando lá, porém o que eu pude perceber é que eles dão um apoio sim para o desenvolvimento da própria carreira, você desenvolver a sua carreira verticalmente lá dentro da empresa e.... por exemplo, você entrou como Júnior em uma determinada área, você tem total possibilidade de você daqui... em um determinado período de tempo

10 AC – Âncoras de Carreira – SE= Segurança e Estabilidade – AI = Autonomia e Independência – GG = Gerência Geral

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você estar como Pleno Sênior, é...líder de uma área técnica... até por que a empresa visa isso e prega isso no cotidiano.”

11. Qual é o seu cargo lá? “- Analista de Desenvolvimento Junior.”

12. Tem alguma coisa a mais que gostaria de contar? “- Aqui na faculdade eu acho interessante que... uma metodologia que eles tão trazendo agora é a parte do empreendedorismo; que você tem a oportunidade de no seu escritório de projetos, todo final de semestre você criar uma ideia nova e... você levar isso para o mercado. Algo que não tem no mercado, às vezes é uma coisa que parece ser tão simples, porém falta no mercado e tem pessoas necessitando disso; isso é um problema que existe e você pode solucionar. E agora é... que eu estou percebendo que agora que tem a parte o foco mesmo pra poder alavancar a parte do empreendedorismo; tanto que eu e meu grupo é... desenvolvemos um projeto e tivemos um grande retorno é... visto pelo mercado. Nós apresentamos na FIESP, ganhamos, no semestre passado, como o melhor projeto de banco de dados e... e vimos que isso trouxe uma possibilidade enorme de empreendedorismo e a faculdade está adotando essa.... A faculdade está estimulando, isso eu acho sensacional.”

13. Você se acha empreendedor? “- Ainda não, ainda não, mas eu... eu acredito que o... a... o incentivo traz ideias novas e traz empreendedores novos.”

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Entrevista: BJM03 AC11: DT + PD + GG

1. Como você fez a escolha do curso em andamento? Você teve alguma orientação para fazer a escolha por esse curso? “- Tive, porque eu comecei trabalhando e depois que eu fui para a faculdade, então no meu trabalho, o meu gestor, eu comecei na área de TI, é... o meu gestor me dava algumas dicas e aí... eu escolhi entre Redes e Programação.”

2. Então o seu gestor te orientou em termos da escolha entre duas profissões distintas, ou duas áreas distintas de TI? “- Isso, ele fez Ciências da Computação, eu queria fazer um Tecnólogo então ele me ajudou nisso aí.”

3. Você teve alguma forma de orientação para efetuar esta escolha? “- A do meu Gestor.”

4. A escola de Ensino Médio teve alguma participação nesta escolha? Forneceu algum programa de apoio ao processo de escolha? “- Não, nenhum.”

5. A Instituição de Ensino atual fornece algum apoio em relação à Orientação e/ou Planejamento de Carreira e continuidade da mesma? “- Sim, sim, primeiro os professores eles tem um... um trabalho bem da parte informal né... a gente consegue tirar todas as dicas que.... e dúvidas que a gente precisa da área profissional, não só da acadêmica e também tem um projeto da, da... faculdade, eu não participo muito, mas tem um projeto que ele é só voltado para essa parte, né! Eu já, já participei que é voltado pra parte de, de carreira.”

6. Sua família (Pai, Mãe, Irmãos) teve alguma influência na escolha? “- Não.”

7. Você está satisfeito com o curso e a oportunidade de carreira que esta profissão oferece? “- Sim, sim, bem satisfeito. Lógico que eu preciso... Eu sei que o mercado, ele demanda... é....certificações e etc.. mas estou satisfeito sim.”

8. Quais são seus objetivos de carreira e como pretende alcançá-los? “- Carreira... Eu pretendo trabalhar fora do país em uma multinacional voltada pra TI.”

9. E o que você está fazendo para alcançar esse plano? “- Feito... é...tô terminando a minha faculdade agora, já tenho um inglês intermediário, é... tenho alguns contatos já que eu sei que eu posso, é..... enviar o meu currículo, assim que... que eu terminar a faculdade, por que...... sem a faculdade eu não vou conseguir, e... atualmente só isso, não...não... tô fazendo nada além. Tô indo um passo de cada vez.”

10. No seu trabalho atual, você usa tudo que você está aprendendo aqui na faculdade? O meu cargo hã... não usa tudo, é bem pouco porque... é um cargo de suporte ainda , mas por exemplo atualmente eu uso inglês que é o que eu aprendo aqui na faculdade. Em um outro projeto que eu estava eu usei algumas coisas sim, mas não tudo não.”

11. A sua atual empresa não possui um plano de planejamento de carreira ou suporte para o seu desenvolvimento profissional, ou possui? “- Possui, mas é defasado. Eles têm um, uma filosofia lá de... de plano de carreira, no qual você sobe de acordo com certas métricas que tem que bater e algumas coisas assim; é... mas na prática não funciona muito bem não.” “- Eu acredito que o suporte da faculdade seja melhor, porque eu tô no 5º semestre, minha visão é um pouco diferente, né? Hã... Os professores que tem aqui, a maioria é de mercado né! Então... eu acredito que pra conseguir uma oportunidade diferente é mais fácil até falando com um professor do que eu esperar o meu nome no trabalho, hã..... ter uma oportunidade concorrida por diversas pessoas; uma indicação é bem mais rápido às vezes. Eu acredito que nesse aspecto a faculdade me ajuda mais a subir de carreira profissionalmente do que o meu trabalho.”

12. Tem alguma coisa a mais que gostaria de contar?

11 AC – Âncoras de Carreira: DT = Desafio Técnico – PD = Puro Desafio – GG = Gerência Geral

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“- Sim, eu acho que não é só a Carreira né! A questão profissional vai muito do que você quer pro seu futuro né? Por exemplo, o meu trabalho é extremamente estressante porque eu lido com problemas, o dia inteiro, problemas, mas... eu gosto né! Então eu acho que...tem o lado do gostar do que você faz porque a tendência é eu, eu faça isso o resto da vida né! Então se eu tô indo de encontro do meu sonho né.... foi assim que eu... eu entrei no ramo. Eu assistindo Matrix e aí eu gostava do cara ficava no computador, então o que que isso daí? Um computador (interrogação) e aí que fui aprendendo e desenvolvendo o gosto. Então eu acho que tem muito o lado do sonho de você ir de encontro com aquilo que você quer fazer e que vai te dar um prazer né, não só o lado profissional, que é muito importante né tá sustentado financeiramente, algo que vai te fazer crescer financeiramente e pessoalmente, mas algo que te dá prazer também.”

13. Então você está me dizendo que uma escolha profissional ou uma carreira ou profissão você tem que aliar a realização do seu sonho, dos seus desejos, daquilo que você gosta e depois a questão da remuneração? “- Sim, sim, é o primordial acho. Por que de fato o dinheiro não é tudo né, ele compra muita coisa né? Quem não quer ter uma vida que o Neymar tem. Mas não necessariamente você vai ser feliz. E eu gasto mais tempo e vejo mais as pessoas do meu trabalho do que a minha família. Eu gasto mais tempo no trabalho do que em casa, né! Então se eu não tiver satisfeito lá com certeza a minha vida não vai ser produtiva porque eu vou tá triste comigo mesmo.”

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Entrevistado: BLC05 AC12: SE + DT + DC

1. Como você fez a escolha do curso em andamento? “- Bom..., tudo começou quando eu tava, no fundamental, eu estudei no Bradesco, e... lá eles incentivam a fazer outros cursos por fora, seja esporte...seja algo voltado.... achar alguma coisa que você se identifica e, e correr atrás disso e eu me interessei, na época pela, pela robótica, pelo curso de robótica que eles têm lá dentro, então foi aí que partiu meu, meu interesse na.. pra área de tecnologia. Comecei a gostar, comecei a estudar mais sobre isso, no final do ensino médio passei... numa Federal no Paraná, fui pra lá, fiquei seis meses, não me adaptei, voltei pra São Paulo, aí eu acabei escolhendo a BANDTEC porque era uma das melhores faculdades que eu conseguia. Na Federal eu fazia Engenharia da Computação, e como lá eu vi programação e gostei da área de programação, eu falei: vou.. vou tentar aqui e fiquei e me apaixonei e tô aí até hoje.”

2. Você teve alguma forma de orientação para efetuar esta escolha? “- A escolha do curso? Eu sempre fui influenciado pelos meus pais e meus primos que vieram da área de TI, então eu tenho uma influência deles, então acho que seria... com certeza, tenho certeza que foi isso que eu escolhi a área de TI.”

3. A escola de Ensino Médio teve alguma participação nesta escolha? Forneceu algum programa de apoio ao processo de escolha? “- Bom, o, o Bradesco, ele sempre incentivou os alunos, primeiro com a robótica, incentivando os alunos a entrar na robótica, logo depois eles têm um programa... que é um curso técnico, pra quem tá terminando o ensino médio se quiser fazer um curso de técnico de tecnologia e inclusive eles ........ en... en... encaixam alunos em faculdades , então eles tem parceria com FIAP, com a BANDTEC inclusive, então eles apoiam assim. Eles não tem uma pessoa específica pra isso, eles fazem palestras, mas não têm uma pessoa que você possa ir lá e.... e conversar, ou que passa orientação, não existe.”

4. A Instituição de Ensino atual fornece algum apoio em relação à Orientação e/ou Planejamento de Carreira e continuidade da mesma? “- Bom, acho que sim, antigamente tinha o programa H que hoje, atualmente não existe mais, por causa da troca da faculdade né! Do, do, do da equipe da faculdade, mas tinha sim, não era tão presente então vamos dizer... influenciava... influenciava as atitudes das pessoas e as suas escolhas. Mas existia, eles tentavam não fazer... E... atualmente eu tô vendo que faz uns dois ou três meses que o pessoal tá começando a.... criar novas coisas aqui dentro e eu acho que agora tão... acho que agora vai funcionar .”

5. Sua família (Pai, Mãe, Irmãos) teve alguma influência na escolha? “- Meus pais e primos, por que... bom é... meu pai ele, ele era... trabalhou na Xerox e ele chegava em casa com computador, com máquina de impressora e a gente desmontava e montava de novo... Então eu acho que... era desses momentos que eu tinha com ele, meu primo, por exemplo. Meu primo me ensinou a montar computador, me ensinou a mexer, a desenvolver ... é... programinhas assim.. então... eu acho que desses momentos que a gente tem quando a gente é criança que a, a gente lembra que a gente fala assim: isso aqui é... gostar e acho... que é por isso.”

6. Você está satisfeito com o curso e a oportunidade de carreira que esta profissão oferece? “- Sim, sim eu acho que oferece bons salários, oferece uma boa é... vão dizer, é...uma boa situação, por que com a crise fica difícil , mais um plano de carreira bom, eu acho que sim, a faculdade ajuda e o curso também. A faculdade ajuda com os ensinamentos que ela passa, por que é... eu comparando o ....da Federal, eu comparei muito quando eu vim pra cá, porque a metodologia é diferente e eu sinto que eles, aqui chegam quase no mesmo nível ou até melhor em algumas matérias, como programação; eu falei “putz” é isso... é aqui que eu tô aprendendo e eu vou ficar por aqui, porque acho que é o caminho certo. Então acho que em questão de, de, de ensino mesmo.”

7. Quais são seus objetivos de carreira e como pretende alcançá-los? “-Bom daqui pra frente eu quero me tornar um líder de equipe, provavelmente, é.... quero participar da gestão de projetos, desenvolvimento e quem sabe num futuro, longo, me tornar um consultor, dar curso pra fora, talvez criar uma tecnologia nova, não sei. Eu trabalho aqui, comecei quarta feira passada, na

12 AC – Âncoras de Carreira: SE = Segurança e Estabilidade – DT = Desafio Técnico – DC = Dedicação a uma Causa.

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área de desenvolvimento.” (Demonstrou orgulho ao falar que fora contratado como colaborador da faculdade).

8. Embora seja pouco tempo que você está aqui, você sabe se existe algum plano, algum programa de planejamento de carreira, suporte a você enquanto profissional? “- Então, isso eu não sei dizer, por causa, do pouco tempo que eu tô aqui dentro. Mas eu acho que sim, quando me foi apresentada a vaga eles falaram sobre um possível plano de carreira, então eu acho que... existe sim e como a faculdade tenta mostrar isso para os alunos durante as aulas eu acho que ela como empresa também tem pra oferecer isso. Ela mostra isso nas aulas de empreendedorismo, gestão de projetos , é.... é... mas na área de gestão, não na área de programação, é... das formas assim... é... quando você for escolher uma empresa , talvez...você...traça um caminho e você mudar esse caminho não seja a melhor escolha mesmo que a oportunidade seja melhor entendeu? Então posso ganhar mais dinheiro, posso, mas esse plano que eu tracei aqui talvez seja melhor a longo prazo, ou a médio prazo. Então eles tentam mostrar isso pra gente. Tem uma matéria de Escritório de Projetos, que tentam na verdade eles tentam passar um pouco das situações como é nas empresas, então dão um projeto pra gente desenvolver a gente tem 6 meses, um pouco mais de 5 meses e a gente tem que entregar esse projeto no final do semestre.”

9. Tem alguma coisa a mais que gostaria de contar? “- Acho que não.”

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Entrevistado:BMS09 AC13: AI + DT + PD

1. Como você fez a escolha do curso em andamento? “- Com base em mercado, procura de...procura de... material humano mesmo por parte das, das empresas. Eu vi que o volume de busca por parte das empresas de tecnologia por desenvolvedores, por analistas é muito maior do que em outras... em outras áreas , outros campos de estudos.”

2. Você teve alguma forma de orientação para efetuar esta escolha? “- Sozinho.”

3. A escola de Ensino Médio teve alguma participação nesta escolha? Forneceu algum programa de apoio ao processo de escolha? “- Não.”

4. A Instituição de Ensino atual fornece algum apoio em relação à Orientação e/ou Planejamento de Carreira e continuidade da mesma? “- Não, o que eles têm muito é uma... é uma transferência de experiências com os professores que trabalham muito no..... no mercado então a gente acaba tendo uma...... uma pessoa em quem se espelhar e ver as possibilidades que a gente pode galgar. É mais informal.”

5. Sua família (Pai, Mãe, Irmãos) teve alguma influência na escolha? “- Não, só na parte de apoio. A gente, é ... meus pais são pessoas que não tiveram estudo, mas eles sempre me apoiaram na parte financeira... emocional em toda essa parte pra que eu fosse..... pra que eu seguisse o que eu quisesse ser.” (Demonstrou muita emoção ao dar esta resposta).

6. Você está satisfeito com o curso e a oportunidade de carreira que esta profissão oferece? “- Estou satisfeito, estou satisfeito. Estou aprendendo, estou crescendo como pessoa e como profissional, não cheguei ainda onde eu queria, mas por, no nível de conhecimento que eu tenho, estou satisfeito . Enxergo oportunidades de carreira sim.”

7. A empresa onde você estagia te oferece algum programa de orientação de carreira? “- Sim, eles logo que eu fiz a entrevista como Estagiário, a primeira coisa que me falaram é que eles não queriam Estagiário pra passar o tempo de estágio, eles queriam um Estagiário pra aprender e virar um funcionário deles. Então tô próximo de acabar o meu estágio e já ... e ser efetivado, já me falaram que seria já.”

8. Quais são seus objetivos de carreira e como pretende alcançá-los? “- Eu quero ser um... Analista Desenvolvedor de de Sistemas, mas, mas, voltado ao produto Microsoft, eu quero trabalhar com C-Charp, Dot. Net, essa, alguns produtos que a Microsoft trabalha mesmo voltada para a Web que é o que eu acredito que vá ser dar, de uns anos pra traz, pra frente. Tenho feito cursos extracurriculares e até mesmo estudos por fora, cursos online, é Youtube, é... tem algumas academias de, de cursos gratuitos na, na internet, então vou fazendo alguns curso por fora e cursos pagos e não pagos também.”

9. Tem alguma coisa a mais que gostaria de contar? “- Não.”

13 AC: Âncoras de Carreira: AI = Autonomia e Independência – DT = Desafio Técnico – PD = Puro Desafio

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Entrevistado: BPR08 AC14:DE + GG + QV

1. Como você fez a escolha do curso em andamento? “- Bom é... inicialmente eu fiz uma pesquisa no mercado né! Eu sempre tive muito interesse em tecnologia, eu... sempre gostei muito de programação e desta parte gerencial de processos e, e tudo mais, inovação esse tipo de coisa... aí eu fiz um, um estudo no mercado assim, eu vi quais as faculdades que tinham um curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas; as faculdades públicas e só que eu não cheguei nem a prestar um... um... um vestibular em uma faculdade pública, eu já prestei o vestibular na particular e.... assim, eu o Band foi o que eu achei mais viável por contada localização e da estrutura, da infraestrutura, daí eu acabei me inscrevendo aqui e tô.”

2. Você teve alguma forma de orientação para efetuar esta escolha? “- Não, não eu fui tudo sozinho mesmo, eu que fui fazendo, não teve...”

3. A escola de Ensino Médio teve alguma participação nesta escolha? Forneceu algum programa de apoio ao processo de escolha? “- Não, pelo menos na que eu estava, é que na verdade eu tive um ensino médio que foi muito é... eu fiz, por exemplo, eu fiz o meu fundamental no SESI, e aí depois eu tive a oportunidade de continuar é... no pra fazer o ensino médio e tal e continuar o SENAI, só que em paralelo a isso jogava futebol e por conta do futebol eu acabei escolhendo continuar, seguir carreira no futebol, que na época ainda eu jogava e aí eu fui pra uma escola pública e eu não tive essa, essa, essa, esse cuidado assim.”

4. A Instituição de Ensino atual fornece algum apoio em relação à Orientação e/ou Planejamento de Carreira e continuidade da mesma? “- Sim, sim, eles te mostram todas as áreas na verdade, na qual você pode atuar depois de formado, entendeu, então é... por exemplo: eu faço Análise e Desenvolvimento de Sistema normalmente o pessoal, que ir pra parte de programação tal, quer mais mexer com código, só que eles também te mostram outros caminhos, eles mostram caminho de processos, uma parte mais gerencial, é...que você vai, uma parte mais de gestão também que você não vai mexer tanto com código mas é mais é... administrando, uma equipe esse tipo de coisa entendeu? Que aí... Aí fica à sua escolha.”

5. Sua família (Pai, Mãe, Irmãos) teve alguma influência na escolha? “- Não, não foi somente eu.”

6. Você está satisfeito com o curso e a oportunidade de carreira que esta profissão oferece? “- Sim, sim eu tô bem satisfeito, é... por ser assim por ser um curso de... é... de curta duração, eu tô muito satisfeito, por que eu tô aprendendo, eu já consegui um... um emprego na área, então , isso fez com que eu absorvesse de maneira mais fácil que que passado aqui. Então eu tô bem satisfeito.”

7. Na empresa que você trabalha hoje, ela tem algum planejamento de carreira, ele fornece algum subsídios nesse sentido? Que tipo? “- Sim, sim, ela tem planejamento, ela te oferece uma... um plano de carreira, dentro da empresa e tem um subsídio também. Só que você tem que... ter boas notas, claro, e... às vezes eu noto também que é meio difícil pra... por exemplo, pelo menos aonde eu trabalho, rola uma certa indicação, entendeu? Então você não basta você ser somente esforçado e tal, esse tipo de coisa. Sempre rola uma... sempre tem um indicado de uma pessoa, de um cargo maior e isso acaba dificultando as pessoas que conseguem entrar por mérito próprio entendeu!?!?”

8. Quais são seus objetivos de carreira e como pretende alcançá-los? “- Bom, eu tenho a eu tenho a pretensão de chegar a um nível de Diretoria, é... em uma grande empresa, e... depois desse passo que é o que eu almejo assim a... a... assim que eu tenho em mente realmente no momento é... depois eu quero abrir a minha própria empresa, então é... eu quero adquirir experiência, estudar, até é... como eu estou trabalhando na área, então eu acho que isso vai me ajudar muito; depois eu quero abrir a minha própria empresa pra poder tocar ela com aquilo que eu aprendi durante, durante o tempo né! Eu tenho me aperfeiçoado, tenho... é... assim, eu não tenho muito tempo para poder tá fazendo curso, então eu costumo, eu costumo ler muito livro , então eu pego livros de.... de... específicos pra... de gestão e de processos, é pra... pras áreas que eu quero atuar então eu sempre procuro tá estudando o... o... do jeito que eu consigo, entendeu? Já que o tempo hoje é uma coisa que eu não tenho por conta da faculdade.”

14 AC – Âncoras de Carreira: DE = Desafio Empreendedor + GG = Gerência Geral – QV = Qualidade de Vida

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9. Tem alguma coisa a mais que gostaria de contar? “-Não.”

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Entrevistado: BSS04 AC15: DE + AI + PD

1. Como você fez a escolha do curso em andamento? “- Bom, é... eu trabalho na área já há algum tempo, com análise e desenvolvimento de sistemas, e nesse emprego atual que eu tô, é.... a gente utiliza muito banco de dados na parte de desenvolvimento, isso me fez criar uma... um... um... um gosto mais pela, pelo banco de dados, e me fez procurar o curso de tecnólogo em banco de dados”.

2. Você teve alguma forma de orientação para efetuar esta escolha? “- Não, como eu trabalho há muitos anos na área, então assim, é..... eu vim é.... realmente trabalhando a parte que eu... a parte de conhecimento mesmo; eu trabalho na área há.... 20 anos, na área de, de, de desenvolvimento de software e sempre voltado junto com o banco de dados, porque realmente e um, é uma...., são disciplinas que se , são ligadas, só que cada um segue um caminho no, no mercado; e... quando eu entrei nessa empresa, eu via o potencial que poderia ser ... ser usufruído do banco de dados junto com a análise e desenvolvimento de sistemas; como eu trabalhava já na área de desenvolvimento de sistemas eu sentia falta de, de, de conhecer melhor o banco pra poder exercer melhor a minha profissão. E por fim , quando eu escolhi fazer o curso de banco de dados me fez assim enxergar algo a mais além até inclusive do eu imaginava, mas eu não tive uma orientação direta por conta disso, porque realmente foi no dia a dia, muitos anos trabalhando e vendo as necessidades, inclusive do, das empresas e tudo mais que, é.... sempre tem aquela intriga interna no, no, no.... no mercado , é... os... a empre... o, o desenvolvedor cria o sistema pra usar um banco de dados e aí existe sempre um problema, aí o pessoal de sistema fala que é banco e o pessoal de banco fala que é sistema, e... e eu , e aí é uma coisa minha, eu fico, eu peguei e pensei assim: não , eu sempre tive essa essa visão: Sempre pode ter outro o lado também, então é onde que hoje eu trabalho há 20 anos com desenvolvimento de sistemas e resolvi me aprofundar em banco pra exatamente tirar esse proveito pro mercado.”

3. A escola de Ensino Médio teve alguma participação nesta escolha? Forneceu algum programa de apoio ao processo de escolha? “- Não, não, na minha época é.... isso em 90... 93, né! E eu fiz colégio técnico em processamento de dados, é... na verdade o que me chamou para área foi o fato que meu irmão, que é 5 anos mais velho que eu, ele fez o curso e eu via ele trabalhando com aquilo, ele comprou um computador e aquilo me fascinou, e aí... eu falei: eu quer , é isso que eu quero pra mim. E quando eu... eu fiz o curso eu tive a certeza mesmo que era, mas na época quando eu fiz não tinha tanto.... tanta ...preocupação com esse suporte pra... pra quem tava entrando na carreira como é agora.”

4. A Instituição de Ensino atual fornece algum apoio em relação à Orientação e/ou Planejamento de Carreira e continuidade da mesma? “- Sim, uma vez que você entra na, na faculdade eles sempre tão preocupados em fazer é... eventos, na qual eles mostram como que é a carreira, e... e como você....sentir se aquela carreira realmente é aquilo que o teu perfil ou não e qual, qual o caminho que ela vai te mostrar. Isso, eles têm essa preocupação realmente; a cada... todo ano, uma vez por ano , eles tem uma semana que é a “carrer week” e é exatamente uma semana voltada pra isso, pra palestras de carreira na, na área de tecnologia.”

5. Sua família (Pai, Mãe, Irmãos) teve alguma influência na escolha? “- Meu irmão... pela... é... como referência, mas não como influência é...Hããã... faz que é legal! Não eu simplesmente eu via fazer e... eu falei: poxa é isso que... que eu acho legal, eu vou seguir vou seguir o caminho do meu irmão.”

6. Você está satisfeito com o curso e a oportunidade de carreira que esta profissão oferece? “- Estou, é... tanto que tem tantos anos trabalhando na área é... até por não ter o, o, o curso superior, algumas oportunidades foram perdidas, é... porém é... é. tem toda parte da, da vida pessoal né? As pessoas, elas... isso é normal até né? Se a pessoa, quando a pessoa casa aí ela acaba segurando o lado pessoal que entra essa parte da profissão, do estudo e tudo mais e foi o que aconteceu comigo, é... A vou fazer faculdade! Não consegui entrar, logo comecei a namorar, casei e aí fui protelando, protelando , até que chegou uma hora que eu falei: Eu preciso dar uma alavancada na carreira, eu mesmo acabei segurando ela, mas é... o mercado em si você encontra muita oportunidade, pra crescer, desde que você, esteja disposto a correr atrás.”

7. Quais são seus objetivos de carreira e como pretende alcançá-los?

15 AC- Âncoras de Carreira: DE = Desafio Empreendedor +AI = Autonomia e Independência + PD = Puro Desafio

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“- Tá, é... quando eu, antes de eu ingressar na faculdade, eu realmente tava pensando nessa coisa do, do melhorar o meu lado profissional, é... ter mais qualificação, buscar objetivos maiores, um cargo maior, é... a forma que essa faculdade mostrou pra mim tudo que eu posso atingir, me fez mudar, hoje eu consigo enxergar que eu posso ser um empreendedor na área de tecnologia, é... a minha carreira seria algo além do simplesmente um funcionário, é... tanto que ... nosso projeto, como temos uma disciplina de escritório de projetos, isso aguçou muito em mim, é uma coisa que sempre tive, acho que é do brasileiro, ter o seu próprio negócio, mas sempre esbarra no como? E... a faculdade, com a disciplina de escritório de projetos, me mostrou como, e... juntando como essa vontade mesmo de ter o próprio negócio, hoje eu vejo que eu posso ter assim... uma empresa de tecnologia com uma dimensão que... pela forma que eu aprendi as coisas, que assim... é... de forma assim que o céu é o limite; eu posso trabalhar e fazer com que esse meu projeto que tá nascendo aqui na faculdade possa virar um empreendimento e pode virar um grande negócio de mercado.”

8. A tua atual empresa, onde você trabalha hoje, ela oferece algum programa de planejamento de carreira ou suporte para o seu desenvolvimento profissional? “- Não, diretamente, objetivamente não. Eles sempre fazem alguma coisinha... uma outra, mas aquela coisa muito superficial, sempre é pensando na empresa, mas não no profissional. Porque a empresa cresce com o profissional, pelo menos é a minha visão, mas eles não, eles, eles, é... quando eles vê, eles veem que a empresa precisa daquele profissional aí eles investem, caso contrário... vai tocando aí... tanto que a faculdade eu tô... é um, é um curso que realmente envolve muito o que a empresa faz, só que quem tá pagando sou eu. Então ... eu falei que ia fazer o curso... ah legal ! Parabéns... só isso... então é... sinto muita falta disso daí, e não é... exclusividade dessa empresa, infelizmente muitas empresas, é uma empresa de pequeno e médio porte né! E as ... e as... empresa de pequeno e médio porte ainda têm essa mentalidade de é... achar que pagar um curso para um funcionário é um custo e não um investimento. A gente sofre muito com isso.”

9. Tem alguma coisa a mais que gostaria de contar? “- Ah... acho que... não, acho que não vem nada assim na minha cabeça... acho que é... fui bem direto em cima das, das coisas, eu acho que a, a, a questão de carreira a pessoa é, é acima de tudo tem que realmente gostar do que tá escolhendo, não é simplesmente, é... é... eu vejo pessoas que entraram no curso, no começo, e... entraram falando: a eu tô entrando em TI porque ... dá dinheiro; e aí não se envolve, não é só TI, isso é qualquer carreira , você não pode escolher uma carreira pensando no lado profissão, é financeiro, você tem que pensar no lado pessoal. É profissional, mas no lado pessoal, porque você é... é... é um casamento, uma profissão é um casamento, porque eu vejo pessoas hoje que foram pra uma profissão e hoje estão tentando mudar, elas tem que dar um passo atrás, e é muito difícil, então é assim, quando você escolhe pra você mudar é difícil... é a mesma coisa num casamento, quando você casa com alguém, pra você largar, tem toda aquela burocracia, toda aquela coisa, dependendo se tem filhos e tudo mais, então se você vive numa profissão um, dois, três, cinco anos, você ainda consegue voltar, mas já sente ainda uma dificuldade, se você começa passar disso é aquela, a dificuldade fica quase que... impossível de mudar. A profissão tem que ser aquela coisa que você realmente... que você tenha prazer de, de acordar e falar: Eu vou fazer aquilo. Eu brinco muito, eu converso com o pessoal, até... eu sou um pouco mais de idade, eu converso com o pessoal, você... o teu trabalho tem que ser aquela coisa que quando chegar no domingo, e escutar a musiquinha do fantástico, você não pode ficar nervoso... A amanhã é segunda, eu tenho que trabalhar! Quer dizer aquilo pra você é uma obrigação e tudo que agente faz obrigado, não é gostoso, não é bom, é... eu brinco, outra coisa com o pessoal, porque a gente fala: a... trabalho..., trabalho é uma palavra que ... eu fiz uma pesquisa, uma vez eu escutei isso e pesquisei né! E realmente trabalho antigamente na escravidão era usado como instrumento de tortura né... a gente fala trabalho, então assim... eu não trabalho... eu... .tenho uma profissão, eu faço um serviço, não trabalho, porque... eu gosto do que eu faço, eu não sofro com o que eu faço, agora se você sofre então você tem um trabalho. O primeiro elemento pra escolher uma profissão é gostar....É fechar o olho e se ver fazendo aquilo, depois vem a financeira, a financeira hoje, é ... N... todas as profissões dão dinheiro, sabe, pouco ou muito, aí depende muito da tua ambição e tudo mais, mas se você se ver... por exemplo: uma pessoa que gosta de trabalhar, que é..... gosta de fazer trabalho social, elas trabalham em ONGs e tudo mais , elas não tão visando dinheiro porque pra elas aquilo não é o que importa, elas fazem por prazer, uma pessoa que vai trabalhar naquilo pensando: Ah mas aquilo não dá dinheiro... Então você não está preocupado coma profissão, você tá preocupado com dinheiro, então você não é uma pessoa que tem a certeza do que realmente quer fazer na vida. Porque é... onde der dinheiro você vai e aí é onde são aquelas pessoas que ficam perdidas começa fazer tal coisa, aí chega naquele ponto que ela não consegue mais voltar como que eu falei, você começa fazer tal coisa , pensando em dinheiro, aí de repente aquilo para de dar dinheiro aquilo fica ruim pra você, então você não é, você não tem prazer a profissão, você tem prazer ao dinheiro, e aí a gente vê o que acontece, muitas vezes as pessoas

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veem que ganham rios de dinheiro e chegam a certo ponto que a coisa estagna, perde todo o dinheiro... muitas vezes chegam até a se suicidar porquê? Porque aquilo não é o que ela escolheu, aquilo lá ela fez simplesmente pelo dinheiro.”

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3.2 – Escola Pública

Entrevistado: FAG01 AC16: DE + AI + QV

1. Como você fez a escolha do curso em andamento? “- Então, não foi eu bem que escolhi, porque ... eu tinha feito... técnico de design de interiores e eu terminei em 2014, no meio do ano de 2014 e aí eu não quis muito... assim eu não gostei muito da área assim pra seguir e fazer arquitetura mesmo, que era o meu plano. Só que minha mãe falou: Oh tá aberto vaga na FATEC, tenta! Só que ela falou: Tenta em Análise e Desenvolvimento de Sistemas ... porque... é de exatas e você gosta de contas. Eu gosto muito de contas, mas eu gosto de contas ... matemática pura. Mas aí eu me inscrevi, eu passei e eu tô aqui, só que no fim eu não gosto muito de, de programação, eu não... não ... eu não fico: Nossa! Eu vou programar! Eu gosto mais da parte de contas mesmo. Quando a gente teve estatística, as matérias mais voltadas para matemática mesmo, aí eu ficava muito feliz, mas na parte de programar nem tanto. A parte de desenvolvimento de software tipo a documentação toda de engenharia de software eu até que também tô gostando, mais legal, mas não é o que... eu acho que eu esperava. Eu não sinto como eu seguiria por essa carreira, eu... não sei. O que eu mais gosto é história ... Eu gosto de matemática e história e de artes ... aí eu fico muito...minha mãe mandou eu prestar o curso... eu fui, porque eu passei eu vim... e eu fico lendo e aí eu consigo fazer as coisas , eu... até consigo me sair bem , mas é porque eu gosto de fazer tudo que eu faço muito bem então eu acabo não treinando o que eu não gosto muito.”

2. Você teve alguma forma de orientação para efetuar esta escolha? “- Não, foi ela que falou: Presta porque tá aberto. Há! É bom.... porque meu irmão tava fazendo... FATEC só que de São Caetano, já jogos digitais. Mas na parte da FATEC dele, no caso, ele gostou de desenvolver o jogo, mas ele não gostou de programar o jogo. Tanto eu quanto ele não gostamos muito de programar não. A gente prefere outras histórias e tal.”

3. A escola de Ensino Médio teve alguma participação nesta escolha? Forneceu algum programa de apoio ao processo de escolha? “- Não, foi a ETEC Getúlio Vargas, ai... foi bem...”

4. A Instituição de Ensino atual fornece algum apoio em relação à Orientação e/ou Planejamento de Carreira e continuidade da mesma? “- Ah... até agora, não sei, pelo menos agora no 5º semestre tem empreendedorismo e outras matérias que parece que eles querem mostra pra gente como e o mercado de trabalho e tudo mais. Mas orientação assim... eu ainda me sinto bem perdida... de como seguir, o que eu vou fazer quando sair daqui.”

5. Sua família (Pai, Mãe, Irmãos) teve alguma influência na escolha? “- Minha mãe falou: Presta lá porque está aberto e eu prestei e passei fui seguindo e porque eu pensei que seria mais exatas do que eu esperava, mas tem mais programação ... apesar de também ser considerado exatas, não é contas puras. Eu quero acabar ele de uma vez assim....”

6. Você está satisfeito com o curso e a oportunidade de carreira que esta profissão oferece? “- Não... Eu quero acabar ele de uma vez assim...”

7. Se não está satisfeito como pretende efetuar uma reescolha? Que variáveis considerará para a nova escolha? “- Eu não sei se eu vou fazer uma reescolha, ou se eu vou tentar seguir na parte de engenharia que foi a parte do curso que pelo menos foi a parte do curso que eu mais gostei, que não é tanto programa, mas sim desenvolver o projeto e tal, porque essa parte até que eu gosto dela ou se eu vou... não sei, eu não sei se eu vou fazer reescolha ou se vou voltar pra artes, mas igual design de interiores , mais pra artes mesmo, porque .. eu não sei... tô bem aberto.”

8. Quais são seus objetivos de carreira e como pretende alcançá-los? “- Ninguém nunca me fez pensar o que eu vou fazer da minha carreira, porque desde que você é pequena te perguntam no pré: O que você vai ser quando crescer? Aí falam: Ah! Pode falar o que você quiser! E eu lembro que quando eu tava no pré eu respondi que 500 profissões, eu falei que eu ia ser bailarina, que eu ia ser cozinheira, eu falei que eu ser professora; eu pensava que... Quando eu era pequena,

16 AC: Âncoras de Carreira: DE = Desafio Empreendedor – AI – Autonomia e Independência – QV = Qualidade de Vida

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ninguém nunca explicou isso sabe!(Demonstrou muita emoção e ao mesmo tempo indignação). Eu pensava que quando você saísse da escola você já pudesse ser o que quisesse; eu nem imaginava que existisse faculdade, eu achava que era só se formar e pronto! Que adulto já podia fazer o que quisesse! Aí eu fui crescendo e falaram: Não você tem que decidir, depois tem faculdade e eu ficava: Há!!! Uou! Que difícil! Como se faz isso gente! Eu fiquei muito confusa e isso foi seguindo assim.... Quando chegou na 8ª série pro Ensino Médio: Olha você está perto da faculdade! O que você vai fazer? E eu falei: Meu Deus! O que eu vou fazer ? Porque até lá é sempre as mesmas matérias é sempre o mesmo padrão, que você vai seguindo, vai fazendo e quando você chega, você tem que decidir! Uma aí você fica se perguntando: E agora? Você fica bem perdido com tantas opções e não sabe o que escolher direito.”

9. Você está estagiando hoje, você está trabalhando? “- Tô, na SUBES, é da coordenadoria de saúde, é... que é uma sigla... é uma supervisão, não sei direito o nome, mas é uma supervisão pra epidemia; ela é da prefeitura também. É a gente não segue muito na área de programar mas dá suporte pras pessoas, então.... A partir do estágio eu até que gosto bastante assim... Eu percebi que eu faço mais coisas de escritório, porque o que eu ajudo elas bastante lá é preencher fichas, elas têm muitas fichas de doenças e o que eu aprendo lá dentro é mais da saúde mesmo. Eu aprendo sobre doença de Dengue, Raiva, agora tô aprendendo sobre HIV, AIDS. Digitando as fichas você tem que analisar e... eu aprendi mais sobre isso e eu acho bem até que divertido, até que eu me divirto, porque cada caso de uma pessoa você tem que analisar e ver uma coisa diferente e depois tem que arrumar e eu tenho um pouco de TOC de deixar todas as fichas bonitinha e organizadas, então eu gosto muito de poder deixar tudo bonitinho e fazer tudo certo pra ajudar ela. Mas... na parte de Tecnologia até que eu dou suporte, nem tem tanta coisa pra dar suporte lá porque os recursos são limitados, então se falta um cabo, hoje tava com problema de rede no computador, por causa do cabo, a gente troca o cabo porque não tava conectando direito, mas não tinha outro cabo melhor pra por, a gente tem que solicitar e então fica bem difícil... Aí não tem muito o que fazer da área, mas eu me divirto com o, com as pessoas de lá, são bem legais.”

10. Você tem alguma coisa que você gostaria de me contar que possa agregar a sua entrevista ou me fazer alguma pergunta? Silêncio... eu... nossa! Eu acho que poderia fazer muitas perguntas, Eu gostaria de ficar conversando mesmo porque é muito lega, poder ficar trocando ideias e as perguntas vão surgindo, mas... não...”

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Entrevistado: FBS08 AC17: DT + SE + QV

1. Como você fez a escolha do curso em andamento? “- Olha... eu comecei bem... na verdade eu nunca quis ADS de primeira, eu comecei... Fiz cursinho junto com o ensino médio e não deu muito certo...E aí, quando eu prestei, eu prestei para engenharia química, pois é... aí... depois quando eu prestei para engenharia química eu não passei e aí eu fiquei sem fazer nada e aí surgiu o governo com o programa de... de técnico – PROFITEC e eu acabei indo fazer, eu nem escolhi direito eu só sei que eu gostava de química porque eu tinha gostado de química no cursinho, por causa de um professor, então pensei: há!... deve ser isso que eu quero fazer e prestei o técnico de farmácia, aí chegou no técnico de farmácia, meu, vi que não era que eu gostava muito da área mas não era uma área que me traria retorno da forma que eu queria, então eu já tinha pensado em prestar FATEC, mas pensava assim: há não... não vou prestar e no fim eu acabei prestando a FATEC no último semestre do meu técnico, aí eu me formei, me formei com bastante força, minha mãe me pedindo pra me formar sendo que eu queria abandonar já. Daí eu prestei a FATEC, passei e comecei a fazer, só que eu nem tinha assim... muita visão de como era o curso de ADS, eu cheguei sem nenhuma visão; não sabia assim muita coisa. E eu escolhi ADS porque eu tenho um primo que .... mexe com essas coisas e eu sempre achei muito interessante então pensei né! como visão ele. E aí agora eu tô no 5º semestre, fazendo a ADS e... É bem complicado o mercado, eu acho que o mercado de ADS , o mercado já cobra muito das pessoas e o mercado de ADS cobra muito. Eles pedem muito conhecimento em muitas áreas, muitas coisas e só que você aprende na faculdade não é suficiente, não serve nem de base praticamente pra quando você entra no mercado é uma visão totalmente diferente. E... pra entrar no mercado mesmo de... nessa parte de TI que é ser analista é.... um desfio, um desafio muito grande.”

2. Você teve alguma forma de orientação para efetuar esta escolha? “- Não, nenhuma, nenhuma, nenhuma.”

3. A escola de Ensino Médio teve alguma participação nesta escolha? Forneceu algum programa de apoio ao processo de escolha? “- Não... não tinha nada. Eu fiz, eu fiz escola pública e... lá não tinha nada, nada, nada, nada. O técnico que eu fiz também ele também foi pago pelo governo. Eu sempre busquei forma né de... como minha família não tem condições de bancar estudos pra mim eu sempre fui buscado as forma de.... conseguir entrar nas coisas sem ter que custear, então a FATEC veio mais por causa, mais por causa de não ter que pagar né esses coisas.”

4. A Instituição de Ensino atual fornece algum apoio em relação à Orientação e/ou Planejamento de Carreira e continuidade da mesma? “- Nunca vi, se tem não me contaram.”

5. Sua família (Pai, Mãe, Irmãos) teve alguma influência na escolha? “- Meu primo mexia com essas coisas e eu achava muito interessante, muito legal, queria fazer também...”

6. Você está satisfeito com o curso e a oportunidade de carreira que esta profissão oferece? “- Não... não... na verdade eu não estou satisfeita pela forma que as empresas querem, por exemplo, é...você tem que arrumar um estágio. Em estágio você pode cobrar muita coisa por que a pessoa ainda está fazendo faculdade, precisa daquela experiência e, muitas das vagas de TI por aí, na verdade quase todas, sempre pede experiência. Como vai ter experiência ... sabe! Não tem oportunidade. Você tem que dar, arrumar um jeito de entrar, é muito difícil, ninguém vai ter experiência pra um estágio, ninguém vai ter... conhecimentos, diversos conhecimentos sendo que faz faculdade ainda.”

7. Você esta me trazendo que talvez a sua insatisfação seja pelo mercado de trabalho, por aquilo que você esta aprendendo pra aplicar no mercado de trabalho. Mas você gosta da área de Administração de Sistemas? “- Então... tem muitas áreas que eu já me identifiquei aqui, não é... eu... eu entre agora recentemente, a semana passada, na área de, de TI. Não é exatamente a área que eu quero, que é Desenvolvimento, não queria essa área; gostaria de trabalhar com uma parte mais funcional que seria Engenharia de Software, mas isso por causa de influência dos professores daqui da FATEC, então em relação a desenvolvimento não, mas é o que eu estou fazendo no momento, mas foi mesmo só pra entrar no mercado de trabalho.”

17 AC: Âncoras de Carreira: DT = Desafio Técnico – SE = Segurança e Estabilidade – QV = Qualidade de Vida

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8. Se não está satisfeito como pretende efetuar uma reescolha? Que variáveis considerará para a nova escolha? “- Eu já pensei nisso, pensei nisso no meio do ano, tanto que eu prestei um concurso pra oficial de serviços administrativos, não tem nada a ver, mas eu pensei em mudar por que .... como eu não tava conseguindo um estágio, não tava conseguindo nada... eu pensei assim: acho que eu não me enquadro, eu não devo me enquadrar nessa parte, então eu pensei sim em mudar, mas também não sei o que seria. Eu acho que seria, sei lá, contabilidade, mas também sem nenhuma noção. Pra sair de ADS então... eu iria pra alguma coisa administrativa.”

9. O que você conhece da área administrativa, contábil? “- Então... é... eu gostaria de trabalhar na área tributária, entrar em um banco assim... mas não conheço muita coisa também.”

10. Quais são seus objetivos de carreira e como pretende alcançá-los? “- Bom, agora que tô nesse...nesse emprego, ele é Trainee, então eu começo pequeno na empresa, sem saber nada e vou crescendo, então esse é meu intuito, começar de baixo e ir seguindo mesmo...”

11. A empresa onde você é Trainee oferece alguma orientação em relação à carreira? “- Olha... eu acho que pra orientação de carreira eu acho que não, mas assim eles tem uns programas de Trainee onde a pessoa entra numa, numa... vaga mais baixa e vai subindo, mas assim..... nem sei.”

12. Tem alguma coisa a mais que gostaria de contar? “- Não.”

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Entrevistado: FBA07 AC: Não respondeu

1. Como você fez a escolha do curso em andamento? “- Eu tava numa faculdade de engenharia e aí eu tive uma matéria de algoritmos, aí eu acabei pegando muitas DPs na minha faculdade e acabei saindo e resolvi... como eu tinha sido apresentado brevemente ao algoritmos pelo fato de eu, eu ter ido bem eu resolvi seguir essa... esse curso.”

2. Você teve alguma forma de orientação para efetuar esta escolha? “- Então eu... na, na disciplina de algoritmos eu fiz um projetinho e eu... acabei me interessando.”

3. A escola de Ensino Médio teve alguma participação nesta escolha? Forneceu algum programa de apoio ao processo de escolha? “- Não.”

4. A Instituição de Ensino atual fornece algum apoio em relação à Orientação e/ou Planejamento de Carreira e continuidade da mesma? “- Não que eu saiba.”

5. Sua família (Pai, Mãe, Irmãos) teve alguma influência na escolha? “- Com relação à ADS não. Na primeira faculdade... meu pai é Engenheiro e eu acabei seguindo os passos dele, mas não era o que eu queria não. Assim, por exemplo, como ele era do ramo né! Talvez eu sentisse mais segurança em trabalhar em uma empresa que ele taria trabalhando, essa facilidades né! Mas não era isso.”

6. Você está satisfeito com o curso e a oportunidade de carreira que esta profissão oferece? “- Sim.”

7. Quais são seus objetivos de carreira e como pretende alcançá-los? “- Ah!... Ser um Analista de Sistemas...fazer projetos... desenvolver programas.”

8. Você está trabalhando/estagiando atualmente? Onde? “- Tô, em uma empresa que chama AR Sistemas e eu sou Suporte.”

9. Essa empresa oferece apoio ou possui algum programa de orientação de carreira? “- Que eu saiba não.”

10. Tem alguma coisa a mais que gostaria de contar? “- Não.”

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Entrevistado: FCF02 AC18: AI + DT + GG

1. Como você fez a escolha do curso em andamento? “- É... teve uma época que eu fiquei desempregada, e... eu resolvi fazer uma loja virtual pra mim assim... foi como uma alternativa pra mim... ganhar dinheiro. E o que aconteceu... o que aconteceu, a loja não deu certo, mas assim... eu tive que mexer muito em muitas coisas que tinha a ver com código, eu tinha que ir em fóruns E descobrir... por exemplo, dava um bug na loja, que dava vários... eu usei a Plataforma Magenta então dava um monte de bug, então eu tinha que ir nos fóruns com o pessoal de TI, o pessoal que entendia e lá eu tinha que descobrir que linha de código que eu alterava , onde eu alterava , que que era fazer um comentário em uma linha por exemplo.... tive, tive que descobrir muitas coisas, mexer um pouquinho em banco de dados e eu me apaixonei, por isso... Então eu resolvi, é... escolher um curso de tecnologia pra fazer.”

2. Você teve alguma forma de orientação para efetuar esta escolha? “- Não, realmente eu fui atrás, eu pesquisei né! Os cursos, eu vi que tinha Ciências da Computação, Análise e Desenvolvimento de Sistemas e eu opte por Análise e Desenvolvimento de Sistemas por ser tecnólogo, então é... ser uma coisa bem focada na parte de desenvolvimento, é... o tecnólogo ele é... é... mão na massa; era o que eu queria. É... quando eu comecei o curso, eu já tava com 24 anos, porque antes do curso, antes de ter feito ter escolhido esse curso, eu tinha escolhido ,eu tinha feito um curso em outra área, que era mecânica industrial, nada a ver comigo, eu conclui, então eu descobri que não era o que eu queria depois através da loja eu descobri que era TI o que eu queria.”

3. A escola de Ensino Médio teve alguma participação nesta escolha? Forneceu algum programa de apoio ao processo de escolha? “- A questão do técnico foi meu irmão, eu me espelhei nele, como ele da área de mecânica industrial ele me mostrava muitas coisas relacionadas... relacionadas a ... da área , eu acabei me espelhando nele e fui fazer o técnico pra ver se era isso mesmo que eu gostava, que... assim ... se eu gostava mesmo, pra depois fazer Engenharia Mecânica, mas aí eu descobri que não era isso. Então como eu já tava com 24 anos, eu, eu escolhi o tecnólogo também por ser mais rápido. Pra ingressar mais rápido no mercado de trabalho.”

4. A Instituição de Ensino atual fornece algum apoio em relação à Orientação e/ou Planejamento de Carreira e continuidade da mesma? “- É, no momento não... não, eles até tem alguns programas é... tem futuros programas que... é... o Lincoln já... é... comentou com a gente né! Mas é.... até então, não.”

5. Sua família (Pai, Mãe, Irmãos) teve alguma influência na escolha? “- Na escolha de Mecânica sim , TI não, TI foi a loja.”

6. Você está satisfeito com o curso e a oportunidade de carreira que esta profissão oferece? “- Eu tô muito satisfeita assim... cada dia que meu curso... eu já tô no último ano, mas cada vez que eu vou avançando eu me apaixono mais.”

7. Quais são seus objetivos de carreira e como pretende alcançá-los? “- Então... é... o meu objetivo é terminar a faculdade e focar em uma linguagem, no caso o JAVA pra poder tirar a certificação, mais pra frente e...é trabalhar um tempo aqui e depois tentar... trabalhar fora do país. Atualmente estou estagiando .... Na verdade é pra prefeitura né na área da saúde , é... eu dou suporte . Mas como a área da saúde, a parte da tecnologia , é... não tem muito investimento em tecnologia é... eu tô tendo a oportunidade de desenvolver um sistema pra eles, então assim... eles gostaram da minha ideia, eu agora eu vou montar um projeto pra definir mesmo, pra gente sentar e ver.”

8. Tem alguma coisa a mais que gostaria de contar? “- É... em questão da FATEC mesmo é... uma questão que eu ia falar por que eu escolhi a FATEC. Porque eu fiz ETEC, eu fiz técnico em mecânica na ETEC, então eu já conhecia o Centro Paula Souza e sabia que era uma instituição é...uma ótima instituição, e... eu tô gostando muito do curso, eu acho que superou todas as minhas expectativas.”

18 AC: Âncoras de Carreira: AI = Autonomia e Independência – DT = Desafio Técnico – GG = Gerência Geral

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Entrevistado: FEL04

AC19: DT + AI + DC 1. Como você fez a escolha do curso em andamento?

“- Já começou, já com o meu tio, há muito tempo atrás quando eu era jovem, porque eu costumava ajudar ele e ele é dessa área de TI, então ele dava suporte de informática e eu já ajudava ele. Esse contato foi desde novo, acho por volta de uns 15... 16 anos por aí! Então eu já tinha contato com a área de TI né! Área de informática. Então acho que foi um pouco mais natural assim a escolha por essa área de.... de TI. Então eu acabei entrando em uma área que acabo me identificando, que tenho uma certa identidade com essa área de desenvolvimento...”

2. Você teve alguma forma de orientação para efetuar esta escolha? “- Acho que pelas oportunidades, pelas oportunidades que a carreira tem, por gostar assim... Por achar interessante essa área de tecnologia né! Apesar de não conhecer tanto assim... de tá tão informado, tão... tão envolvido assim, mas é uma área é legal assim... tudo que a tecnologia proporciona, tudo que ela..... tudo que a gente pode fazer com a tecnologia... Então é bem interessante isso.”

3. A escola de Ensino Médio teve alguma participação nesta escolha? Forneceu algum programa de apoio ao processo de escolha? “- Proporcionou o contato né! É porque era o ensino médio com o técnico, então tinha matérias de informática, ao mesmo tempo que a gente fazia o ensino médio, a gente fazia o técnico, então a gente já tinha contato.”

4. A Instituição de Ensino atual fornece algum apoio em relação à Orientação e/ou Planejamento de Carreira e continuidade da mesma? “- Seria bem parecido com o que eu falei... É... Hã... É a gente conversa com os professores de forma informal, formalmente mesmo não tem assim essa... essa... essa ajuda né! Eu não percebo.”

5. Sua família (Pai, Mãe, Irmãos) teve alguma influência na escolha? “- Acho que... talvez um pouco da minha mãe, porque ela é engenheira né! Formada em engenharia e ela já tinha esse contato com programação com desenvolvimento, então... Acho talvez tenha um pouquinho do... da contribuição dela né!... Dessa área de exatas.”

6. Você está satisfeito com o curso e a oportunidade de carreira que esta profissão oferece? “- Acho que... acho que... agregou sim acho que é interessante né... é bacana assim... assim... ter esse contato e... também sinto um pouco falta de assim... uma parte um pouco mais técnica, uma parte mais científica né! Tem... tem um pouco dessa área mais de empreendedorismo de negócio né... então que é o foco do curso de análise de sistemas e.... mas tá sendo interessante, tá sendo bacana ...”

7. Quais são seus objetivos de carreira e como pretende alcançá-los? “- Acho que... acho que o principal é... que eu vejo assim... é... talvez... Tentar utilizar a tecnologia pra... pra contribuir pra, pra ajudar de alguma forma não só pensando assim na,na carreira pessoal assim particular...assim...de... de desenvolver, mas de alguma forma contribuir vamos dizer assim: o que você pode fazer com o conhecimento que você tem, com a tecnologia, como você pode ajudar de alguma forma né... ou assim... em um setor específico seja saúde, seja... assim educação... então... acho que... ir por esse lado é... assim o que acaba agregando bastante né na escolha da carreira. É... é utilizar assim... os conhecimentos de tecnologia pra esse fim... pra... No começo pretendo trabalhar em uma empresa formal mesmo, não sei, mais pra frente não sei, não tenho muito aquele perfil de empreendedor, no começo seria trabalhar em uma empresa.”

8. Esse estágio (onde você está) o ambulatório ajuda você em termos de escolha profissional em termos de continuidade de carreira? “- Seria ajuda assim... ao que não fazer... Porque lá era suporte então em suporte eu já cheguei a fazer estágio, eu cheguei a trabalhar até como CLT em uma empresa e... é uma área assim que... apesar de ser interessante, de você poder ajudar e tentar contribuir e tentar manter as coisas funcionando, mas eu sinto que não tem aquela realização, aquela realização profissional de você tá desenvolvendo alguma coisa, atendendo assim de alguma forma. Tanto que é mais assim operacional, assim... Algumas coisas que a gente aprende, que a gente acaba conhecendo...mas nada assim....de inovador assim.. nada assim que você sinta aquela satisfação.”

19 AC: Âncoras de Carreira: DT = Desafio Técnico – AI = Autonomia e Independência – DC – Dedicação a uma Causa

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9. Tem alguma coisa a mais que gostaria de contar? “- Acho que talvez assim... quais as opções teria baseado nessa direção de, de contribuir, assim. O que poderia ser dado de orientação assim... que caminho talvez seguir pra atingir esse objetivo de...não só de trabalhar assim pela profissão e de como contribuir de alguma forma...”

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Entrevistado: FMR09 AC:DE + AI +DC

1. Como você fez a escolha do curso em andamento? “- É... na verdade... foi mais por ser um curso de tecnologia e por ser público; foi basicamente por causa disso. Por que antes eu tentei engenharia também, cursei um ano, gostei muito só que eu não conseguia passar nas disciplinas, falei: não, vou tentar outra coisa. E aí eu acabei indo pra TI. Eu gostei muito da faculdade, até me arrependi de ter saído, só que eu não conseguia passar, não tinha muito cabeça de ficar estudando o dia inteiro, então falei: não... vou fazer alguma coisa que eu tenha mais afinidade, então foi mesmo por causa disso.”

2. Você teve alguma forma de orientação para efetuar esta escolha? “- Não nenhuma; foi totalmente eu mesmo.”

3. A escola de Ensino Médio teve alguma participação nesta escolha? Forneceu algum programa de apoio ao processo de escolha? “- Não, nenhuma.”

4. A Instituição de Ensino atual fornece algum apoio em relação à Orientação e/ou Planejamento de Carreira e continuidade da mesma? “- Não, que eu saiba, nunca ouvi falar.”

5. Sua família (Pai, Mãe, Irmãos) teve alguma influência na escolha? “- Olha, creio que não, mas meu pai, ele me mostrou, ele comprou um computador quando eu tinha uns quatro anos de idade e então ele me mostrava um pouco o mundo da computação, mas não que ele falava: Há! você vai seguir isso... Não ele só mostrava muito computador, vídeo game e eu me interessava muito por tecnologia, mais isso, mas não teve uma orientação: faça isso!”

6. Você está satisfeito com o curso e a oportunidade de carreira que esta profissão oferece? “- Interessante..., porque eu não tô satisfeito, não (risos) Já pensei em fazer uma reescolha; já só que eu não sei se eu conseguiria... não... não sei se teria paciência. Nossa! Pensei em muitas coisas e acabou caindo em engenharia elétrica, só que...Nossa! Eu... eu não tenho certeza, sabe! Eu pensei em várias coisas, aí eu ficava em dúvida, só que eu sempre tra...Na verdade eu sempre estudei TI, fiz técnico em informática antes, fiz cursos, então eu continuei. Mas assim... eu tô desempregado atualmente, aí eu tento emprego e eles cobram muita...exigência, muita muito mais do que eu tenho. Mesmo tendo muitos cursos ainda não sou capaz o suficiente pra entrar numa... vaga como Junior. Só que estágio eu já tô relativamente... tô no último semestre e vou fazer 29 anos e aí tô num momento complicado. Aí pensei: acho que vou mudar, só que eu falo: putz se eu mudar vou ter que começar do zero, aí eu fico nessa! e aí eu não sei o que fazer, É! vou acabar ADS, já tô no ultimo semestre, mas... Meu último emprego, esse ano eu trabalhei no suporte da Apple, mas eu já trabalhei no banco Santander, com a área mais de software, trabalhei em infraestrutura de empresa, área de suporte, de servidor...”

7. As empresas em que você trabalhou tinham algum programa de orientação de carreira? “- Davam, assim... Santander bastante. Eu até fiz entrevista para uma vaga interna, pra área de TI, assim... mexer com sistema, mas de outra área do Banco, né! Eu tava na área de risco de crédito de mercado e ai pra área de fechamento, só que mexendo com base de dados... TI mesmo, só que eu sempre fui meio infeliz assim sabe, por isso que eu falo: Acho que não é essa área. Nunca tive aquele... prazer, nossa! Eu adoro fazer isso!”

8. Quais são seus objetivos de carreira e como pretende alcançá-los? “- Nossa, eu tô perdidasso! Risossssssss!Eu... realmente TI, eu fiquei meio desanimado assim, não por causa da TI, por causa que eu não me encontro na TI. Eu já trabalhei com varias áreas, já fiz vários cursos diferentes, mas eu nunca falei: Nossa! É realmente o que eu gosto, é isso que eu vou seguir. Eu não tive ainda essa...Então eu tô levando...”

9. Tem alguma coisa a mais que gostaria de contar? “- Não.”

147

Entrevistado: FRS10 AC20: DC + PD + AI

1. Como você fez a escolha do curso em andamento?

“- Olha desde pequena eu sempre gostei muito da parte de, de informática, e... tanto é que foi até engraçado que minha mãe trabalhava muito com computador que ela tinha uma escola... e aí ela tinha que colocar os dados dos alunos dela no... nos documentos e tudo mais e eu era criança, pequenininha... e eu sempre desligava o computador, mesmo ela salvando ela acabava perdendo alguma coisa e ela resolveu me ensinar a mexer; eu tinha uns 4 anos por aí... e... aí ela me ensinava a mexer pra eu parar de desligar o computador. E aí foi assim... e quando eu tava no ensino médio eu resolvi fazer um curso de técnico de informática e ... com isso lá eu tive a oportunidade de dar aula pros alunos, é... pra quem tava de recuperação e aí foi assim que eu comecei, meu... a escolha pelo curso, foi toda essa estruturada de quando eu era pequena e ensino médio.”

2. Você teve alguma forma de orientação para efetuar esta escolha? “- Olha, acho que mais assim... dos meus amigos e dos meus pais também me influenciaram bastante. Também tenho muita influência de...é... não sei se você conhece... Bill Gates, Steve Jobs eram pra mim um espelho e acabei me motivando por causa disso.”

3. A escola de Ensino Médio teve alguma participação nesta escolha? Forneceu algum programa de apoio ao processo de escolha? “- Assim, a orientação profissional diretamente não tinha, mas como sempre tinha... eu tive muito contato com os professores eu participava de várias coisas na escola, de programas mesmos. E lá tinha um programa chamado Ondas de Comunicação uma coisa assim... é Radio da EDUCON que a, a prefeitura tem, e eu fui participar da Educon e na Educon eu tive todo o contato coma rádio porque durante o intervalo eu colocava as músicas que as pessoas pediam via site, e-mail, facebook e a gente fazia até uma programação, colocava notícias na rádio e... com isso surgiu a oportunidade de participar da Olimpíadas Escolares como câmera e editora e, aí a gente foi disputar com outros alunos e foi assim todo esse contato com a Tecnologia né! Acabamos ficando na final em 4º lugar e o engraçado que nos éramos os únicos alunos que eram do Ensino Médio, o restante era tudo do Fundamental (risossss).”

4. A Instituição de Ensino atual fornece algum apoio em relação a Orientação e/ou Planejamento de Carreira e continuidade da mesma? “- Olha, novamente... tem aquela coisa indiretamente, não tem um programa específico pra tratar disso, né! Mas se você chegar em um professor que você tenha mais afinidade... e tal e pedir a orientação dele, eles sempre te ajudam, eles não negam ajuda, sabe! Quando vêm que o aluno tá meio perdido eles vão lá e falam assim: Olha... acho que se você fazer isso dá certo, pra você seguir a carreira nisso porque você é boa naquilo... e eles orientam dessa forma, né!”

5. Você está satisfeito com o curso e a oportunidade de carreira que esta profissão oferece? “- Sim, eu estou satisfeita, eu sou feliz.”

6. Quais são seus objetivos de carreira e como pretende alcançá-los? “- Olha, eu... quero muito desenvolver pra área da saúde, né! Programação, fazer sistemas pra área da saúde porque é uma área muito carente; é... e é isso, mais pra área da saúde. E eu também quero fazer o curso de medicina em paralelo. Assim é muita coisa, mas eu acho que eu vou conseguir... e... futuramente abrir uma... uma empresa pra tratar dessas coisas...Pra integrar medicina com tecnologia. Por que não sei o Senhor sabe mas é uma coisa que precisa muito. Por mais que a medicina e tecnologia tenham avançado bastante, se elas se fundissem esse avanço ia ser muito mais rápido, né! Essa condição está acontecendo muito lentamente e isso prejudica alguns pontos do país e a sociedade. Estou estudando por conta própria pra entrar em medicina.”

7. Hoje você faz estágio na secretaria de saúde? Eles têm algum programa/suporte de orientação de carreira? “- Não, nenhum. Eu trabalho na farmácia e lá eu ajudo as pessoas, que tem muitos funcionários muito antigos e eles não têm, não tiveram contato com tecnologia como a gente tem, mas precisam mexer em computador e essas coisas, então eu ajudo. Além de ajudar eles eu faço um sistema pra controle de... de zerados, que é controle de zerados, pra mexer com... Deixa eu explicar pra você.”

20 AC: Âncoras de Carreira: DC = Dedicação a uma Causa – PD = Puro Desafio – AI = Autonomia e Independência

148

“No hospital tem vários medicamentos e material hospitalar e aí esse sistema vai contabilizar... toda semana tem que fazer lá uma contabilização de... na região quais são as UBS e AMAS que estão com medicamentos zerados e materiais e quais, por qual motivo que estão zerados. Tem que fazer esse relatório, só que eles fazem tudo isso na mão, literalmente na mão. Abrem a planilha. É um processo muito demorado. Eu sou responsável por essa parte e eu acabo demorando uma semana inteira pra fazer isso pra 22 unidades naquela região. Então demora muito e com o sistema que eu estou desenvolvendo cada um vai fazer o seu e vai agilizar o serviço, vai ser mais fácil né! É um sistema pra Web.”

8. Tem alguma coisa a mais que gostaria de contar? “- Não.”

149

Entrevistado: FRF05 AC21: SE + DT +AI

1. Como você fez a escolha do curso em andamento? “- HÃ... na verdade foi por... Eu conheci através de conhecidos, na verdade, assim... como explicar: O meu pai é médico, ele trabalha em uma UBS e... um dia eu fui conhecer lá e ele me apresentou uns colega se... um desses colegas, ele trabalhava na parte de TI, era um rapaz que tinha feito análise e desenvolvimento de sistemas na FATEC e aí ele me sugeriu fazer.”

2. Você teve alguma forma de orientação para efetuar esta escolha? “- Não, na verdade assim... definitivamente eu não sou da área assim... minha personalidade meu, meu gosto, então na verdade foi, eu tive a intenção porque eu sabia que é uma área que tá crescendo, né! É uma área que geralmente tem bom salário. Então eu... infelizmente agi mais por esses...”

3. A escola de Ensino Médio teve alguma participação nesta escolha? Forneceu algum programa de apoio ao processo de escolha? “- Olha... não que eu lembre... que faz uns 10, 12 anos que eu terminei, mas assim não lembro.... Não no sentido, não no sentido de direcionar pra área de TI pelo menos assim... Isso foi há dois anos atrás que foi realmente foi através de dois amigos mesmo, dois amigos não, um conhecido esse que eu citei e o outro foi um amigo que eu morei junto e ele trabalhava na área e ele ... ele realmente me despertou o interesse.”

4. A Instituição de Ensino atual fornece algum apoio em relação à Orientação e/ou Planejamento de Carreira e continuidade da mesma? “- Silêncio... Olha eu acredito que sim de certa forma, talvez eu não tenha percebido muito... assim... mas eu acho que sim... com certeza acho que se a gente for se informar com os professores e coordenadores , o pessoal da FATEC, eles orientam. Acho que sim ...”

5. Você está satisfeito com o curso e a oportunidade de carreira que esta profissão oferece? “- É...(risos) então é que... eu ainda me considero muito leigo na área, por eu te... tá só dois anos nisso pra mim a informática é uma coisa muito nova, a área de tecnologia da informação. Mas eu considero... é satisfatório assim... Acho que na verdade... talvez esse curso ele envolve muito a parte de negócios também, não é muito.... talvez eu esperasse algo mais... realmente... puramente... computação mesmo, sabe! Voltado pra computação. Tem... mas envolve muita coisa de negócios também, então talvez eu esteja um pouco assim, não esperava muito por isso. Outro fato também é que... eu ainda não tenho muito certeza de onde eu vou daqui assim... no mercado sabe! E que, que realmente....as pessoas fazem saindo da FATEC de Análise e Desenvolvimento de Sistemas.”

6. Quais são seus objetivos de carreira e como pretende alcançá-los? “- Ai... Isso é bem complicado...porque como eu tô fazendo algo que eu não gosto, eu faço porque eu vejo que a área de TI cresce cada vez mais e eu acredito que eu vou ter oportunidade de emprego e estabilidade financeira e etc. Então, na verdade eu não gosto.”

7. Se tivesse que escolher, hoje, por gostar, o que você escolheria? “- Música ou cinema (riso), então, é... carreira pra mim no momento, nesse mundo que eu tô vivendo agora é realmente uma estabilidade profissional e financeira, então qualquer coisa queque me acolher nesse sentido ...”

8. Mas ainda vai fazer Música ou Cinema? “- Sim....Acho que as paixões e essas coisas que a gente ama a gente nunca abandona, a gente as vezes deixa um pouco de lado pra fazer o que tem que fazer, né! Mas eu... com certeza, nas horas vagas e assim que eu tiver uma estabilidade financeira e profissional eu vou, vou fazer um curso aí de música mesmo, de cinema...Eu toco piano... piano... né! É o que eu gosto mais.”

9. Tem alguma coisa a mais que gostaria de contar? “- Então... é que pra mim...eu tô dividido em dois mundo nesse sentido de carreira, porque existe a carreira que eu tenho que percorrer, que é a que eu tô e tem a carreira que eu gostaria de percorrer, que é o sonho, então talvez eu divida até em realismo, né! Realidade e realmente fantasia e a parte realista

21 AC: Âncoras de Carreira: SE = Segurança e Estabilidade – DT – Desafio Técnico – AI = Autonomia e Independência

150

de carreira pra mim é essa... é terminar a FATEC, é me inserir o mercado... fazer um bom estágio e, e.... crescer em uma empresa mesmo, por exemplo, eu não me importo de que hoje parece que é muito comum isso de as pessoas ficarem pouco tempo em empresa e mudar de empresa sempre sabe, mas eu... Até acho que não ligaria, eu ficaria em uma empresa anos desde que tenha uma estabilidade um plano de carreira assim... Cresça e ... Essa é minha realidade de carreira nesse mundo, né que eu tô agora. Realmente é só isso que eu quero estabilidade financeira e profissional. Agora, indo pra parte fantasiosa de sonho mesmo de desejo, aí pô! Queria tá tocando na orquestra filarmônica de Berlim (risos) sabe... piano, mas.... ou sabe que seja, descer um pouco só tocar na OSESP, ou ser compositor também...Adoraria compor... e na parte de cinema, qualquer coisa na área de cinema desde escrever roteiro e... dirigir, atuar.. qualquer coisa nesse sentido, criar estória, tudo pra mim é fascinante, isso. Isso também é uma coisa meio que inatingível. Até lá fora, mesmo na capital do cinema nos EUA ...”

151

Entrevistado: FCH08 AC22: DT + AI + DC

1. Como você fez a escolha do curso em andamento? “- Na verdade é por que...não tinha curso sabe! Eu não sabia o que eu queria fazer, aí me falaram que esse curso de ADS é bom aí.... aí tem intercâmbio também; na verdade eu entrei pelo por intercâmbio... no começo.”

2. Você teve alguma forma de orientação para efetuar esta escolha? “- Minha mãe.”

3. A escola de Ensino Médio teve alguma participação nesta escolha? Forneceu algum programa de apoio ao processo de escolha? “- Não.”

4. A Instituição de Ensino atual fornece algum apoio em relação à Orientação e/ou Planejamento de Carreira e continuidade da mesma? “- Sim, tem. Eles oferecem... estágio.”

5. Sua família (Pai, Mãe, Irmãos) teve alguma influência na escolha? “- Do intercâmbio mesmo. Quero ir pra Coreia.”

6. Você está satisfeito com o curso e a oportunidade de carreira que esta profissão oferece? “- Sim, tô... gostei um pouco... e eu quero terminar.”

7. Quais são seus objetivos de carreira e como pretende alcançá-los? “- Eu não sei ainda. Não, não sei. Nenhuma ideia.”

8. Você está estagiando ou trabalhando? Onde? “- Eu trabalhando em uma escola chinesa. Eu ensino chinês.”

9. A escola te dá algum apoio pra você ir para a china ou para a Coreia? “- Eles têm apoio pra ir para Taiwan.”

10. Tem alguma coisa a mais que gostaria de contar? “- Não.”

22 AC: Âncoras de Carreira: DT = Desafio Técnico – AI = Autonomia e Independência – DC = Dedicação a uma Causa

152

Apêndice 4 – Modelo do relatório de Âncoras de Carreira

ÂNCORAS DE CARREIRA Nome:______________________________________ Data:Setembro/2016

Autonomia / Independência Algumas pessoas descobrem cedo em suas vidas de trabalho que não toleram sujeitar-se a regras estabelecidas por outras pessoas, procedimentos, horário de trabalho, códigos de vestimenta e outros controles, que invariavelmente surgem em qualquer tipo de organização. Seja qual for seu trabalho, essas pessoas têm uma necessidade premente de fazer as coisas à sua própria maneira, no seu próprio ritmo e contra os padrões da organização. Consideram a vida organizacional restritiva, irracional e uma intromissão em suas vidas pessoais; portanto, preferem buscar carreiras mais independentes, impondo suas próprias condições. Se forçada a escolher entre um trabalho atual que lhe proporcione autonomia e outro bem melhor que a force a renunciar a isso, a pessoa ancorada na autonomia/independência ficaria em seu trabalho atual. Até certo ponto, todo mundo tem necessidade de autonomia, que varia ao longo da vida. Entretanto, para algumas pessoas essas necessidades tomam-se prementes; sentem que precisam ser donas de seus próprios destinos, sempre. Pessoas que começam a organizar suas carreiras em torno dessas necessidades são atraídas para profissões autônomas. Quando se interessam pelos negócios ou administração, podem entrar para a consultoria ou ensino ou podem ir para áreas de trabalho nas quais uma certa autonomia é possível, mesmo em grandes organizações - pesquisa e desenvolvimento, vendas externas, processamento de dados, pesquisa de mercado, análise financeira, ou gerenciamento de unidades geograficamente distantes. Desafio Técnico As pessoas técnica e funcionalmente ancoradas comprometem-se com uma vida de especialização, embora estejam dispostas a ser gerentes funcionais, se isso permitir que busquem suas áreas de especialidade. Embora a maioria das carreiras se inicie como técnica/funcional e a fase inicial da maioria das carreiras esteja envolvida com o desenvolvimento de uma especialidade, nem todas as pessoas ficam interessadas em desenvolver-se como especialistas. Para algumas pessoas, o trabalho especializado é um meio para a participação ou segurança organizacional, mais do que um fim em si. Para outras, é simplesmente um degrau a ser escalado na escada hierárquica da organização, uma etapa necessária para chegar à gerência geral. Para outras ainda, é uma oportunidade de aprender algumas habilidades necessárias para lançar-se em atividades independentes ou empreendedoras. Consequentemente, embora a maioria das pessoas comece se especializando, apenas algumas consideram isto intrinsecamente compensador o bastante para desenvolver âncoras de carreira em torno dessas especialidades. Puro Desafio Algumas pessoas ancoram suas carreiras na percepção de que podem conquistar qualquer coisa ou qualquer pessoa. Definem o sucesso como a superação de obstáculos impossíveis, solução de problemas insolúveis ou a vitória sobre oponentes extremamente difíceis. À medida que progridem, procuram desafios cada vez maiores. Para algumas pessoas, isso assume a forma de procurar trabalhos nos quais enfrentem problemas cada vez mais difíceis. Entretanto, essas pessoas não são ancoradas técnica/funcionalmente, porque não parecem importar-se com a área em que o problema ocorre. Alguns consultores de estratégia ou gestão de alto nível parecem enquadrar-se nesse padrão, na medida em que gostam de tarefas estratégicas sempre mais difíceis. A maioria das pessoas procura certo grau de desafio; para a pessoa ancorada no desafio puro, esse é o mais importante. A área de trabalho, o tipo de organização empregadora, os sistemas de remuneração e promoção, e as formas de reconhecimento, estão todos condicionados às constantes oportunidades de auto desafio que o trabalho possa proporcionar. Na falta desse auto desafio constante, ficam entediadas e irritadas. Muitas vezes, essas pessoas falam sobre a importância da variedade em suas carreiras.

15

10

17

9

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12

14

11

Desafio Técnico

Gerencia Geral

Autonomia

Segurança / Estabilidade

Desafio Empreendedor

Dedicação a causas

Puro Desafio

Qualidade de vida

153

Apêndice 5 – Modelo de Ficha Cadastral

ENTREVISTA DE MESTRADO

1 - DADOS PESSOAIS

IES: ( ) Pública - ( ) Privada

Preencher com letra legível ou de Forma. Muito obrigado pela sua participação

Nome completo: _________________________________________________________________________

Tel. cel.___________________________________________________ Data de Nasc.:____/_____/_______

E-mail:________________________________________________________________________________

Curso:_________________________________________________________Semestre________________

Empresa em que trabalha:_________________________________________________________________

Data de admissão:_______________________________________________________________________

Forma de contrato: ( ) CLT ( ) PJ – Pessoa Jurídica ( ) Autônomo ( ) Estágio

Remuneração Mensal (optativo) ____________________________________________________________

Filiação: Pai:_____________________________________________________Profissão_______________________

Mãe:____________________________________________________Profissão ______________________

Renda Familiar (optativo) _________________________________________________________________

2 - USO INTERNO – Não preencher

Data da Entrevista: ____/_____/_______

Entrevistador: Nelson Fender

Nome do Arquivo: __________________________________________________________________________

Entrevista no. : _____________________________________________________________________________

OBSERVAÇÕES:________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

154

ANEXOS

155

Anexo 1

Inclinações Profissionais – Âncoras de Carreira

Para cada um dos 40 itens seguintes, avalie o quanto cada um se aplica a você, de um modo geral, atribuindo-lhe um numero de 1 a 6. Quanto maior o número, mais aquele item reflete o que você verdadeiramente pensa a seu respeito. Por exemplo: Se o item diz “Sonho em ser Presidente de uma Empresa”, você deverá marcar da seguinte forma:

QTD PERGUNTAS NRS 1. Sonho em ser tão bom no que faço que minha opinião de especialista seja sempre solicitada. 2. Sinto-me mais realizado em meu trabalho quando consigo integrar e dirigir o trabalho de outras pessoas. 3. Sonho em ter uma carreira que me dê à liberdade de executar meu trabalho a meu modo e dentro do meu

horário.

4. Considero segurança e estabilidade mais importantes do que liberdade e autonomia. 5. Estou sempre à procura de ideias que me permitam dar início a um empreendimento próprio. 6. Somente considerarei minha carreira um sucesso se achar que contribuí verdadeiramente para o bem estar da

sociedade.

7. Sonho com uma carreira que me possibilite solucionar problemas ou vencer em situações extremamente desafiadoras.

8. Prefiro sair da empresa em que estou a ocupar um cargo que prejudique a possibilidade de satisfazer meus interesses pessoais e familiares.

9. Só vou achar que minha carreira é um sucesso se puder aperfeiçoar minha capacidade técnica ou funcional até o mais alto nível de competência.

10. Sonho em estar à testa de uma organização complexa e tomar decisões que afetem muitas pessoas. 11. Sinto-me mais realizado em meu trabalho quando tenho inteira liberdade de definir minhas tarefas, horários e

métodos.

12. Prefiro sair da empresa em que estou a aceitar um cargo que coloque em risco minha segurança. 13. Acho mais importante tocar minha própria empresa do que ocupar um alto cargo administrativo em uma

empresa alheia.

14. Sinto-me mais realizado em relação à minha carreira quando coloco minha capacidade a serviço de meus semelhantes.

15. Somente vou considerar minha carreira um sucesso se enfrentar superar situações muito difíceis. 16. Sonho com uma carreira que me permita conciliar minhas necessidades pessoais, familiares e profissionais. 17. Tornar-me diretor técnico na área de minha especialidade me atrai mais do que tornar-me Diretor Geral. 18. Somente vou achar que minha carreira é um sucesso se me tornar Diretor de alguma Organização. 19. Somente vou achar que minha carreira é um sucesso se conseguir total autonomia e liberdade. 20. Procuro empregos em organizações que me proporcionem uma sensação de segurança e estabilidade. 21. Sinto-me mais realizado em minha carreira quando consigo construir algo que seja inteiramente resultado

de minhas ideias e esforços.

22. Acho mais importante utilizar minhas aptidões para fazer deste mundo um lugar melhor para se viver e trabalhar do que para alcançar um alto cargo administrativo.

23. Sinto-me mais realizado em relação à minha carreira quando resolvo problemas aparentemente insolúveis ou venço em situações muito adversas.

24. Somente acho que minha vida está sendo bem sucedida quando consigo contrabalançar exigências pessoais, familiares e profissionais.

25. Prefiro sair da empresa onde estou a aceitar um cargo em esquema rotativo que me afaste de minha área de especialidade.

1 Se a afirmação jamais se aplica a você 2ou3 Se a afirmação pode se aplicar a você 4ou5 A afirmação frequentemente se aplica a você

6 A afirmação se aplica totalmente a você

156

26. Tornar-me diretor geral é mais interessante para mim do que ocupar o cargo de diretor técnico do primeiro escalão da minha área de especialidade.

27. Mais do que ter segurança, considero importante à oportunidade de realizar o trabalho do meu modo, livre de regras e limitações.

28. Sinto-me mais realizado em meu trabalho quando acho que tenho inteira segurança financeira e estabilidade no emprego.

29. Somente vou achar que minha carreira é um sucesso se conseguir criar ou construir algo que seja uma produção ou ideia inteiramente minha.

30. Sonho em ter uma carreira que dê uma verdadeira contribuição para a humanidade e sociedade. 31. Procuro oportunidades profissionais que desafiem minha capacidade de solucionar problemas e\ou minha

competitividade.

32. Para mim é mais importante conciliar as demandas de minha vida pessoal e profissional do que alcançar um alto cargo administrativo.

33. Sinto-me mais realizado em meu trabalho quando sou capaz de utilizar minhas aptidões e talentos. 34. Prefiro sair da empresa em que estou a aceitar um cargo que me afaste da carreira administrativa. 35. Prefiro sair da empresa onde estou a aceitar um cargo que reduza minha autonomia e liberdade. 36. Sonho em seguir uma carreira que me permita sentir segurança e assegure estabilidade. 37. Sonho em começar a fazer crescer meu próprio negócio. 38. Prefiro sair da empresa onde estou a aceitar um cargo que prejudique minha habilidade de ser útil aos outros. 39. Acho mais importante solucionar problemas quase insolúveis do que alcançar uma alta posição

administrativa.

40. Sempre procurei oportunidades profissionais que interferissem o mínimo possível em meus interesses pessoais ou familiares.

157

FOLHA DE TABULAÇÃO

Releia suas respostas e localize os itens aos quais você atribuiu mais pontos.

Escolha os 3 (três) itens que mais se aplicam a você e acrescente a cada um 4(quatro) pontos.

Marque o total de pontos.

Copie os números que atribuiu aos itens na tabela abaixo.

Some as colunas e divida por 5 (o número de itens) a fim de obter a média de cada uma das 8 dimensões de pontos

de referência profissional.

Não se esqueça de acrescentar os 4 pontos extras para cada um dos 3 principais itens, antes de somar e tirar a

média de seus resultados.

A média resultante representa sua avaliação de quanto esses itens, verdadeiramente, se aplicam a você.

CT CG IA SE CE DC PD QV

1 2 3 4 5 6 7 8

9 10 11 12 13 14 15 16

17 18 19 20 21 22 23 24

25 26 27 28 29 30 31 32

33 34 35 36 37 38 39 40

TOTAL

MÉDIA Dividido

por 5

LEGENDA: CT� Competência Técnico/Funcional CG�Carreira Gerencial IA� Independência e Autonomia SE� Segurança/Estabilidade CE� Criatividade Empreendedora DC� Dedicação a uma causa / Serviço PD� Puro Desafio QV� Qualidade de Vida / Estilo

158

Anexo 2

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado(a) participante:

Sou estudante do curso de pós-graduação Stricto Sensu (Mestrado)na Faculdade

Metropolitanas Unidas de São Paulo. Estou realizando uma pesquisa sob supervisão da

professora Izabel Cristina Petraglia, cujo objetivo é analisar a perenidade da escolha

profissional, dúvidas e problemáticas enfrentadas no final do curso por alunos de 5º semestre

do curso de Tecnologia da Informação.

Sua participação envolve uma entrevista, que será gravada se assim você permitir, e que

tem a duração aproximada de 60 minutos.

A participação nesse estudo é voluntária e se você decidir não participar ou quiser

desistir de continuar em qualquer momento, tem absoluta liberdade de fazê-lo.

Na publicação dos resultados desta pesquisa, sua identidade será mantida no mais

rigoroso sigilo. Serão omitidas todas as informações que permitam identificá-lo(a).

Mesmo não tendo benefícios diretos em participar, indiretamente você estará

contribuindo para a compreensão do fenômeno estudado e para a produção de conhecimento

científico.

Quaisquer dúvidas relativas à pesquisa poderão ser esclarecidas pelo pesquisador

Nelson Fender – Tel. (11) 9 91550676 ou pela entidade responsável Centro Universitário das

Faculdades Metropolitanas Unidas – FMUSP, fone 11 3132-3000.

Atenciosamente

___________________________ Nelson Fender

Matrícula: 127667/3

São Paulo, ___/_____/______

________________________________________

Izabel Cristina Petraglia – Professora Orientadora Consinto em participar deste estudo e declaro ter recebido uma cópia deste termo

de consentimento.

_____________________________ Nome e assinatura do participante

______________________________ Local e data