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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC José Fernando Baldo Caneiro Trabalho Final – História da Arte “Auto Van Gogh” São Paulo 2005

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC

José Fernando Baldo Caneiro

Trabalho Final – História da Arte

“Auto Van Gogh”

São Paulo2005

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INTRODUÇÃO

Van Gogh foi um artista como poucos. Influências de vários movimentos e artistas

foram vitais para sua obra, mas não evitaram que Van Gogh desenvolvesse um

estilo próprio, que sofreu mutações ao longo de sua curta e conturbada vida.

Após a introdução de Van Gogh ao impressionismo, em 1886, começa a ficar

claro em sua obra a influência deste movimento – levando historiadores a

classificarem o artista como pós-impressionista – e do pontilhismo, seguindo

assim um estilo próprio de pintura.

Outro aspecto bastante característico desta fase de sua pintura é o uso das cores

complementares em profusão, de modo a aumentar o brilho de cada cor. Como

disse Van Gogh numa carta:

“Eu quero usar cores que complementem umas às outras, que façam com

que cada uma delas brilhem espetacularmente, que completem a si

mesmas como homem e mulher”.

Assim, algumas obras de Van Gogh – aliadas também à sua condição mental que

se deteriorava cada vez mais, levando o pintor a internar-se numa clínica para

tratamento – apresentam características bastante próprias. É o caso, por

exemplo, de “Noite Estrelada”, de 1889:

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Também nessa obra é bastante perceptível a utilização de espirais (outra

característica forte, presente em várias obras de Van Gogh a partir desta época) a

utilização de cores fortes, complementares.

A mesma técnica com certas diferenças fica evidente também em outras pinturas,

como este auto-retrato, também de 1889:

Já neste outro auto-retrato, de 1887, suas pinceladas ficam ainda mais soltas:

Assim, estabelecidas essas pinturas – e esse período da vida do artista – como

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referência, o intuito do trabalho era criar um sistema de pintura simples mas que

permitisse ao usuário realizar pinceladas eletrônicas que, à primeira vista,

remetessem ao trabalho de Van Gogh.

O trabalho tornou-se então um trabalho de produção de interface dinâmica, ou

seja, o que é criado pelo usuário deve remeter às características do artista; nesse

sentido, a interface imediata (do programa ou website de pintura) nada mais é do

que suporte para este objetivo.

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PROJETO - PINTURA

A parte de pintura do projeto tomou como base as obras já citadas como objetivo

final. A idéia era permitir ao usuário que, clicando o mouse sobre a área de edição

do programa – o canvas – uma linha fosse desenhada (segundo o caminho

traçado pelo mouse) com características da pintura desta época de Van Gogh.

Assim, o primeiro passo foi criar um mecanismo para um website ou programa

que permitisse o desenho livre. Para tanto, foi utilizado o Macromedia Flash,

criando-se um componente que pudesse ser visualizado tanto em browsers como

em executáveis stand-alone. Através de código próprio, este componente permitia

a criação de traços com o mouse, como num programa de edição de imagens

comum.

O resultado é uma linha simples, sem nenhuma das características desejadas do

artista. Baseado nas pinturas analisas, estabeleceu-se que um dos detalhes mais

perceptíveis era a presença de pinceladas rápidas, em seqüência. O próximo

passo então foi modificar o processo de desenho de modo que fosse criada uma

linha baseada em pequenas manchas, simulando as pinceladas de Van Gogh.

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Além disso, as manchas variam sua distância conforme a rapidez do movimento

realizado pelo mouse. Dessa forma, é possível um controle natural da força do

traço. O traço também deve acompanhar a direção do movimento do mouse, ou

seja, cada “pincelada” deve ser rotacionada de acordo com o ângulo de

movimentação. Através de cálculos trigonométricos, é possível levar em

consideração esse ângulo e então fazer com que o traço se comporte de acordo,

e assim também simular as espirais traçadas por Van Gogh em seus quadros.

Faltava ainda permitir uma variação maior da distância entre cada pincelada, já

que a ferramenta até agora só permitia a realização de linhas simples. Foi

adicionado então um recurso de tamanho do traço, que alterava o raio de ação de

cada pincelada realizada, fazendo com que elas fossem desenhadas em posições

aleatórias dentro do raio de ação do pincel virtual.

Depois, foi adicionado ao código um controle simples de cor.

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Também nesse ponto, no entanto, era necessária uma intervenção para que o

resultado fosse mais condizente com as características do pintor. Nesse caso, de

acordo com o trabalho de cores de Van Gogh, a necessidade mais óbvia era

permitir uma mesclagem automática de cores, utilizando variações de uma

mesma cor. Assim, foi criado um controle de variação de cor, que alterava a

pureza da cor pintada, permitindo uma mescla de cores e a elevação eventual de

sua saturação.

Nos casos acima, embora a cor média seja ainda o mesmo verde, ela teve sua

variação aumentada progressivamente, produzindo uma mescla mais rica de

cores.

Criado isso, o próximo passo foi desenvolver a interface do website/programa.

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PROJETO – INTERFACE

Embora fosse só suporte para o verdadeiro objetivo do projeto – permitir uma

pintura com características simples de Van Gogh – a interface deveria

disponibilizar ao usuário o controle das características da pintura (cor, espessura

do traço, variação), bem como outros recursos simples de edição (desfazer,

apagar).

A interface não foi projetada no papel nem de nenhum outro modo antes de ser

criada. Ao invés, ela foi nascendo junto com o programa, e elementos de interface

– como botões – foram sendo adicionados a ela conforme cada recurso era

inserido no trabalho.

Assim, a primeira interface criada era bastante simples, possuindo somente

alguns botões para teste dos recursos que estavam sendo criados.

Devidamente programado, o recurso de pintura precisava então de uma interface

condizente com o projeto.

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Em primeira instância, utilizou-se como base a pintura “Quarto em Arles”, pintada

por Van Gogh em 1889.

Embora as características utilizadas no mecanismo de pintura não sejam tão

fortes nessa pintura, ela apresentava um elemento bastante conveniente: a cama

retratada por Van Gogh, que acabou se tornando suporte da palheta de

ferramentas do programa.

Para a paleta, foram criado inicialmente dois sliders – botões deslizantes, como

seletores de volume – que permitem a seleção da variação de cor (entre nula e

total) e do tamanho do traço (pequeno a grande) através de um valor

quantificável.

A tipografia escolhida foi a fonte Vincent, produzida pela fonthouse P22 baseada

em cartas e manuscritos de Van Gogh. Embora não seja a melhor opção em

termos de legibilidade, quaisquer outras seleções de fontes acabavam por distoar

demais do conceito presente na interface. Por não se tratar de nenhuma

informação de compreensão vital – é possível compreender o funcionamento dos

sliders simplesmente usando-os – essa fonte foi usada.

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Para seleção de cor, foi utilizada uma metáfora de mistura de tintas, representada

por baldes contendo as três misturas de cores básicas para composição por

subtração: ciano, magenta e amarelo (CMY). Girando-se cada balde, adiciona-se

mais de cada cor à tinta final (mostrada logo abaixo). Na verdade, trata-se de uma

seleção de vermelho, verde e azul (RGB) às avessas: o balde ciano, por exemplo,

retira o vermelho da cor branca, ao invés de adicionar ciano a uma mistura branca

(como está representado na interface). O resultado final é o mesmo.

Para ambas os casos citados (sliders e baldes de tintas), existe uma área de

visualização que permite obter uma prévia de como o traço ficará com aquelas

configurações. Sempre que a cor, o tamanho ou a variação de cor são mudadas,

a visualização é refeita para retratar as opções de pintura escolhidas.

Existem ainda dois botões que permitem realizar tarefas comuns em programas

de edição: um botão que desfaz a última ação, e um que apaga todo o conteúdo

desenhado.

Embora desprovidos de texto explicativo, a função é bem óbvia após a primeira

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utilização; a interface adquire assim um tom mais abstrato, nem tão literal, e deve

ser explorada para perfeita compreensão.

Na primeirsa versão “completa” da interface, também foi usada a pintura intitulada

“Parque Conor com uma grama radiante” (de 1890) no fundo para preencher

parte do vazio do programa e servir para suporte de edição.

No entanto, embora a interface esteja condizente com a proposta – utilizar

características da pintura de Van Gogh em seus elementos gráficos – ela assume

uma aparência quase alegórica, desnecessária; há muito ruído. Ao mesmo tempo,

o espaço de pintura fica limitado pelas bordas do programa.

Assim, decidiu-se liberar o espaço de interação de quaisquer limites. Criou-se

uma palheta flutuante simplificada, que pode ser movida livremente pela tela,

inclusive sobre a superfície de desenho; assim, toda a área do programa fica

disponível para a pintura. Da mesma forma, o programa pode ter seu tamanho

modificado, ou seja, ele pode se adequar a qualquer tamanho de tela; toda a área

pode ser pintada.

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Obviamente, o programa se comporta de forma semelhante quando acessado

através de um browser.

Assim, pode-se dizer que a interface é algo de extrema simplicidade, visto que

deve ceder o lugar na atenção do usuário ao verdadeiro objetivo do trabalho – o

mecanismo de pintura.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como já foi dito, o objetivo original do trabalho era permitir ao usuário a realização

de pinturas com certas características encontradas nas pinturas de Van Gogh.

Obviamente ignorando o fato de que existem muito mais elementos na pintura

desse artista que podem ser detectados à primeira vista, e guardadas as devidas

proporções artísticas e técnicas, acredito que o trabalho realizado foi suficiente

para atender a este objetivo – como exemplo, são mostrados abaixo duas

pinturas refeitas no programa sem muito esforço, baseadas nas referências

citadas na introdução.

Vale ainda ressaltar um ponto curioso. A idéia inicial do trabalho era criar um

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mecanismo de edição que permitisse ao usuário realizar desenhos seguindo as

características da pintura de vários artistas diferentes; Van Gogh era, meramente,

o primeiro da lista. No entanto, conforme a pesquisa com outros artistas foi

realizada, ficou claro que nenhum possuía um traço tão característico como o da

fase impressionista de Van Gogh – nenhum permitia, na realidade, que elementos

de sua pintura fossem simulados somente por um traço realizado num canvas

virtual; daí a decisão de focar o trabalho na obra de Van Gogh.

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REFERÊNCIAS

Van Gogh at Wikipedia; http://en.wikipedia.org/wiki/Van_Gogh

Olga's Gallery; http://www.abcgallery.com/V/vangogh/vangogh-2.html