CENTRO UNIVERSITÁRIO DO CERRADO PATROCÍNIO Graduação … · minha alegria e me dar coragem em...
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO CERRADO
PATROCÍNIO
Graduação em Fonoaudiologia
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO AUDIOMÉTRICO DA POPULAÇÃO DO
CENTRO DE SAÚDE – UNICERP DE PATROCÍNIO/MG NO SETOR
DE AUDIOLOGIA CLÍNICA
Mirian Zaccaro
PATROCÍNIO - MG
2018
MIRIAN ZACCARO
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO AUDIOMÉTRICO DA POPULAÇÃO DO
CENTRO DE SAÚDE – UNICERP DE PATROCÍNIO/MG NO SETOR
DE AUDIOLOGIA CLÍNICA
Trabalho de conclusão de curso apresentado
como exigência parcial para obtenção do grau
de Bacharelado em Fonoaudiologia, pelo
Centro Universitário do Cerrado Patrocínio.
Orientadora: Profª Esp. Ester Fannya Lucas
Melo de Deus
PATROCÍNIO - MG
2018
FICHA CATALOGRÁFICA
616.855 Zaccaro, Mirian Z16p Perfil epidemiológico audiométrico da população do Centro de Saúde – UNICERP de
Patrocínio/MG no setor de audiologia clínica/ Mirian Zaccaro. – Patrocínio: Centro
Universitário do Cerrado, 2018.
Trabalho de conclusão de curso – Centro Universitário do Cerrado – Faculdade de
Fonoaudiologia.
Orientadora: Prof. Esp. Ester Fannya Lucas Melo de Deus
1. Audição. 2. Epidemiologia. 3. Perda auditiva.
DEDICO esta pesquisa aos meus pais, que, impreterivelmente, me
apoiaram sempre; e a todos os pacientes que realizaram o exame
audiométrico na Clínica de Saúde do UNICERP.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, a Deus por sempre me dar forças, por estar sempre comigo, por ser
minha alegria e me dar coragem em todos os momentos da minha vida.
À minha família pelo amor, carinho e paciência prestados durante todo esse período em
que estive ocupada com todas as minhas atividades.
Aos meus amigos que não permitiram que eu perdesse o foco nos momentos de dúvida,
e por todos os sorrisos que me proporcionaram.
À minha orientadora, Ester Fannya Lucas Melo de Deus, por sua dedicação, confiança
e paciência para me ajudar na elaboração deste trabalho.
À professora Vanessa Veis Ribeiro, pela contribuição, conhecimentos e tempo
dedicados a me ajudar neste estudo.
À coordenadora do curso de Fonoaudiologia, Marlice Fernandes de Oliveira, por
permitir que este trabalho fosse feito na Clínica de Saúde do UNICERP.
A todos que de alguma forma, direta ou indiretamente, contribuíram com o resultado
deste processo.
RESUMO
Introdução: A audição é um sentido fundamental que possibilita a comunicação entre os seres
humanos. Sendo assim, qualquer irregularidade que ocorra na audição, que é chamada de
deficiência auditiva, irá interferir na comunicação humana e causará um impacto na qualidade
de vida do indivíduo. Existem no mundo, 466 milhões de pessoas com deficiência auditiva,
sendo 34 milhões de crianças. Dentre os fatores de perda auditiva, podem ser citados as causas
genéticas, doenças infecciosas, infecções crônicas do ouvido, uso de medicamentos ototóxicos,
exposição a níveis de pressão sonora elevados e o envelhecimento. A Epidemiologia é o estudo
que analisa a distribuição das ocorrências, as causas das doenças e seus fatores relativos com a
saúde nas coletividades humanas. Através do estudo epidemiológico é possível reunir fontes de
informações que vão auxiliar nos planejamentos e decisões quanto à atenção à saúde e
necessidades da população e fatores decisivos de agravos e doenças. Objetivo: Caracterizar e
associar as variáveis do perfil epidemiológico e audiométrico da população do Centro de Saúde
– UNICERP, conforme sexo, faixa etária, origem do encaminhamento e diagnóstico
audiométrico (tipo de perda, grau da perda e lateralidade). Material e métodos: Estudo do tipo
epidemiológico, analítico-descritivo, transversal, quantitativo e retrospectivo. Após a obtenção
de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do UNICERP, as informações foram colhidas
através da análise de prontuários de indivíduos do setor de Audiologia da Clínica de Saúde -
UNICERP conforme sexo, faixa etária, origem do encaminhamento e diagnóstico audiométrico,
nos anos de 2014 a 2017. Resultados: Na amostra, houve maior frequência de pacientes do
sexo feminino, na faixa etária de idosos e, que vieram encaminhados pelos médicos
otorrinolaringologistas, ocupacionais e SASA/UFU. Com relação ao diagnóstico audiométrico,
quando analisados separadamente com a audição normal, houve maior frequência de pacientes
com resultado normal ou com grau leve, com tipo de perda auditiva mista e com lateralidade
bilateral. Conclusão: Somando-se todos as perdas auditivas, a maioria dos indivíduos
investigados obtiveram perda auditiva em relação a audição normal, mas, quando comparados
individualmente com os indivíduos sem perda auditiva, prevaleceu a normalidade, com maior
proporção do sexo feminino, na faixa etária de idosos e encaminhados pelos médicos
otorrinolaringologistas, ocupacionais e SASA/UFU.
Palavras-chave: Audição. Epidemiologia. Perda auditiva.
LISTA DE FIGURAS DA MONOGRAFIA
Figura 1- Classificação do tipo de perda auditiva de acordo com Silman e
Silverman (1997)................................................................................. 18
Figura 2- Classificação do grau da perda auditiva, de acordo com Lloyd e
Kaplan (1978)...................................................................................... 19
Figura 3-
Classificação do grau da perda auditiva de acordo com Davis (1970-
1978)....................................................................................................
19
Figura 4- Classificação do grau de perda de acordo com BIAP
(1996)...................................................................................................
20
Figura 5- Classificação do grau da perda auditiva segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS, 2014)...........................................................
20
Figura 6- Classificação do grau de perda auditiva para crianças de até 7 anos
de idade, de acordo com Northern e Downs
(2002)...................................................................................................
21
Figura 7- Classificação do grau da perda auditiva para crianças, de acordo com
OMS (2002).........................................................................................
21
Figura 8- Classificação de Silman e Silverman (1997) adaptada de Carhart
(1945) e Lloyd e Kaplan (1978)............................................................
22
LISTA DE FIGURAS DO ARTIGO
Figura 1- Análise da proporção da variável sexo, por ano de
atendimento..........................................................................................
34
Figura 2- Análise da proporção da variável faixa etária, por ano de
atendimento..........................................................................................
34
Figura 3- Análise da proporção da variável origem do encaminhamento, por
ano de atendimento..............................................................................
35
Figura 4- Análise da proporção da variável tipo de perda, por ano de
atendimento..........................................................................................
35
Figura 5- Análise da proporção da variável lateralidade, por ano de
atendimento..........................................................................................
37
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Análise descritiva das variáveis ano, sexo, faixa etária, origem do
encaminhamento, lateralidade, tipo de perda e grau da perda......................
32
Tabela 2- Análise da proporção da variável grau da perda, por ano de atendimento... 36
Tabela 3- Análise da associação entre as variáveis ano e faixa etária.......................... 37
Tabela 4- Análise da associação entre as variáveis ano e origem do encaminhamento 38
Tabela 5- Análise da associação entre as variáveis ano e tipo de perda....................... 38
Tabela 6- Análise da associação entre as variáveis ano e grau da perda....................... 39
Tabela 7- Análise da associação entre as variáveis tipo de perda e faixa etária........... 40
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
OMS Organização Mundial da Saúde
GM/MS GM/MS Gabinete do Ministro/Ministério da Saúde
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
SUS Sistema Único de Saúde
COEP Comitê de Ética em Pesquisa
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
PSF Programa de Saúde da Família
UBS Unidade Básica de Saúde
MG Minas Gerais
CCI Células ciliadas internas
CCE Células ciliadas externas
Nº Número
EPI’s Equipamentos de proteção individual
dB Decibel
NA Níveis de audição
kHz Quilohertz
FIG Figura
AASI Aparelho de Amplificação Sonora Individual
SASA Serviço de Atenção à Saúde Auditiva
UFU Universidade Federal de Uberlândia
LISTA DE SÍMBOLOS
% Porcentagem
= Igual
< Menor
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 13
2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................... 15
2.1. Anatomia e fisiologia da audição .................................................................................. 15
2.1.1 Orelha externa ................................................................................................................ 15
2.1.2 Orelha média .................................................................................................................. 16
2.1.3 Orelha interna ................................................................................................................ 17
2.2 Classificação das perdas auditivas ................................................................................. 18
2.2.1 Tipos de perdas auditivas ............................................................................................... 18
2.2.2 Grau das perdas auditivas .............................................................................................. 18
2.2.3 Configuração audiométrica ............................................................................................ 21
2.2.4 Lateralidade ................................................................................................................... 22
2.2.5 Curva audiométrica ........................................................................................................ 22
2.3 Impactos da perda auditiva na qualidade de vida .......................................................... 23
2.4 Estudos epidemiológicos ............................................................................................... 24
2.5 Estudos epidemiológicos em audiologia ....................................................................... 25
3 OBJETIVOS .................................................................................................................. 27
3.1 Objetivo geral .................................................................................................................. 27
3.2 Objetivos específicos ....................................................................................................... 27
4. DESENVOLVIMENTO ................................................................................................ 28
4.1 Introdução ........................................................................................................................ 29
4.2 Material e métodos .......................................................................................................... 30
4.3 Resultados ........................................................................................................................ 32
4.4 Discussão ......................................................................................................................... 40
4.5 Conclusão ........................................................................................................................ 44
4.6 Referências ...................................................................................................................... 45
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 48
6 CONCLUSÕES ............................................................................................................... 49
7 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 50
ANEXOS.........................................................................................................................53
13
1 INTRODUÇÃO
A audição é um sentido fundamental para o desenvolvimento e uso da linguagem, que
possibilita a comunicação entre os seres humanos. Sendo assim, qualquer irregularidade que
ocorra na audição, definida de deficiência auditiva, causa um impacto na qualidade de vida do
indivíduo (BENTES et al., 2011).
Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS (2018), existem no mundo 466
milhões de pessoas com deficiência auditiva, sendo 34 milhões, crianças. A perda auditiva pode
trazer um impacto na qualidade de vida, como isolamento social, solidão e frustração. Dentre
os fatores de perda auditiva, podem ser citados as causas genéticas, doenças infecciosas,
infecções crônicas do ouvido, uso de medicamentos ototóxicos, exposição a níveis de pressão
sonora elevados e o envelhecimento.
As deficiências auditivas podem ser classificadas de diferentes formas; conforme o seu
tipo, podem ser do tipo condutiva, neurossensorial ou mista. A perda condutiva é causada por
problemas na orelha média e/ou externa; a neurossensorial é causada por problemas na orelha
interna e/ou nervo coclear; e a mista é causada por uma combinação das perdas condutivas e
neurossensoriais (ITO et al., 2010). Também são classificadas segundo o seu grau, como
normal, leve, moderada, moderadamente severa, severa ou profunda (LLOYD E KAPLAN,
1978 apud SISTEMA DE CONSELHOS DE FONOAUDIOLOGIA, 2017). Outra classificação
é quanto à lateralidade, classificadas em bilateral quando as duas orelhas são normais ou
afetadas e unilateral quando apenas um dos lados está afetado (SISTEMA DE CONSELHOS
DE FONOAUDIOLOGIA, 2017).
Em 28 de setembro de 2004 pela portaria GM/MS Nº 2.073, o Ministério da Saúde
instituiu a Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva, realizando ações de promoção à
saúde auditiva, prevenção e identificação precoce dos problemas auditivos, diagnósticos,
exames auditivos, reabilitação auditiva, indicação do uso do aparelho de amplificação sonora
individual e/ou cirurgias de implante coclear. Para estas ações serem realizadas é preciso levar
em consideração as características sociais, epidemiológicas e sanitárias da população em cada
território (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).
A Epidemiologia é o estudo que analisa a distribuição das ocorrências, as causas das
doenças e seus fatores relativos com a saúde nas coletividades humanas. Através dos estudos
14
epidemiológicos, é possível determinar fontes de informação que são fundamentais para a
investigação do pesquisador, bem como para o bom exercício profissional. Portanto, a
epidemiologia tem fundamental relevância para aplicação em qualquer área da saúde, tanto para
a pesquisa como para a prática profissional dos serviços (FERRITE; SANTANA, 2014).
Através do estudo da distribuição de estados de saúde e eventos em populações,
abrangendo não apenas a doença, mas também os estados fisiológicos, mensurações
psicológicas e desfechos positivos, tais como imunidade a doenças, tendo como foco as
distribuições na população, objetivando determinar a origem das doenças e dos agravos à saúde,
é possível descobrir a razão das enfermidades e das prevenções que podem ser feitas para
controlá-las (ROTHMAN et al., 2016).
Sendo assim, coletar dados epidemiológicos é essencial para realizar os planejamentos
e tomadas de decisões necessárias quanto à atenção à saúde e necessidades da população e
fatores decisivos de agravos e doenças. Portanto, é importante a realização de levantamentos
epidemiológicos para caracterizar a população que é direcionada ao referido centro, com o
intuito de implementar políticas públicas em relação ao atendimento audiométrico no município
de Patrocínio – Minas Gerais.
15
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Anatomia e fisiologia da audição
2.1.1 Orelha externa
Para Momensohn-Santos et al. (2011), a orelha externa é constituída pelo pavilhão
auricular, meato acústico externo e pela membrana timpânica. O pavilhão auricular fica
localizado na face lateral do crânio, sendo composto por hélix, anti-hélix, tragus, antitragus,
concha e lóbulo. O papel do pavilhão auricular é captar as ondas sonoras e afunilá-las para o
meato acústico externo.
O meato acústico externo tem a função de conduzir o som até a membrana timpânica e
estabelece a comunicação entre a orelha média e o meio externo (MOMENSOHN-SANTOS et
al., 2011).
Na porção final do meato acústico externo se encontra a membrana timpânica, que é
uma estrutura delgada, côncava e semitransparente. Esta membrana é dividida em duas partes:
a parte tensa, que ocupa a maior área e, a parte flácida, que ocupa a parte mais superior da
membrana (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011).
A orelha externa é constituída pelo pavilhão auricular e meato acústico externo. O
pavilhão auricular é uma estrutura flexível que apresenta uma série de pregas e sulcos, sendo
elas, a concha auricular, hélice, tragus e lóbulo. Estas pregas e sulcos permitem ao pavilhão
auricular, a função de filtrar a onda sonora e fornecer informações sobre a localização da fonte
sonora (DURANTE et al., 2014).
O meato acústico externo, possui a função de captar, filtrar, amplificar e concentrar a
energia sonora na membrana timpânica, permitindo a comunicação do meio ambiente com a
orelha média. Também protege as estruturas mais internas da orelha e mantém a temperatura e
a umidade necessárias à preservação da elasticidade da membrana timpânica. Em seu interior,
possui folículos pilosos, glândulas sebáceas e glândulas ceruminosas. A cera é uma combinação
16
das secreções das glândulas sebáceas e ceruminosas e serve de proteção (DURANTE et al.,
2014).
2.1.2 Orelha média
A orelha média é um local dentro da parte petrosa do osso temporal preenchido por ar.
É constituída pela membrana timpânica, nervo facial, músculo estapédio, antro da mastoide,
janela do vestíbulo (oval), janela timpânica (redonda ou da cóclea), promontório, tuba auditiva
e semicanal do músculo tensor do tímpano, células timpânicas, bulbo da veia jugular e artéria
carótida interna e fina lâmina óssea que separa a cavidade timpânica das meninges que revestem
a fossa temporal (MOMENSOHN-SANTOS et al, 2011).
Para Momensohn-Santos et al. (2011) a cadeia ossicular é constituída por três ossículos,
o martelo, a bigorna e o estribo e estes são mantidos em posição por uma série de ligamentos e
por dois músculos (músculo tensor do tímpano e músculo estapédio), que funcionam como uma
ponte que liga a membrana timpânica à orelha interna.
Ainda para este mesmo autor citado anteriormente, a energia sonora que é captada pelo
pavilhão auricular, é transmitida através do meato acústico externo até a membrana timpânica,
promovendo a contração reflexa dos músculos da orelha média. Sempre que um fluxo de
energia sonora percorre este caminho, ocorre uma vibração no sistema tímpano-ossicular, sendo
transmitida até a orelha interna.
Para Durante et al. (2014), a orelha média é composta da seguinte forma:
“A orelha média é formada pela cavidade timpânica, pela tuba auditiva e pelas células
aeradas da mastoide (osso temporal). Essas cavidades são revestidas por um epitélio
do tipo respiratório em grande parte. Seu limite lateral, em que se comunica com a
orelha externa e de onde recebe o estímulo acústico, é a membrana timpânica. Esse
estímulo é conduzido pela cadeia ossicular (martelo, bigorna e estribo) até seu limite
medial, a janela oval, de onde entra em contato com a orelha interna e seu labirinto
membranoso, preenchido por líquido (DURANTE, et al., 2014, pg. 1414).”
A fixação dos ossículos da orelha média na membrana timpânica, o seu formato e a sua
disposição, favorecem a condução da energia com concentração para a orelha interna. A
cavidade aérea da orelha média tem uma tendência à pressão negativa, com isso, a tuba auditiva
comunica a nasofaringe com a cavidade do tímpano, possibilitando que a cavidade se abra e
permita uma nova entrada de ar para a regularização dessa pressão (DURANTE et al., 2014).
17
2.1.3 Orelha interna
Segundo Momensohn-Santos et al. (2011), a estruturação da orelha interna, constitui-se
assim: “A orelha interna, também chamada de labirinto, localiza-se na porção petrosa do osso
temporal; constitui-se por uma série de cavidades e passagens dentro do osso que é
chamada de labirinto ósseo. O labirinto ósseo compreende anteriormente a cóclea, que
possui função auditiva, medialmente o vestíbulo e, posteriormente, os canais
semicirculares (anterior, posterior e lateral), que possuem função de detecção e
orientação da cabeça no espaço. Dentro do labirinto ósseo localiza-se o labirinto
membranoso, e o espaço entre eles é preenchido pela perilinfa que é rica em sódio e
pobre em potássio. O labirinto membranoso contém endolinfa que é rica em potássio
e pobre em sódio. É constituído pelo ducto coclear, pelo sáculo e utrículo, pelo ducto
e saco endolinfático (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011, pg. 23).”
Na orelha interna, encontram-se dois sistemas funcionais. Um deles contém os órgãos
do equilíbrio e o outro contém os órgãos responsáveis pela transmissão da energia elétrica das
ondas sonoras aos neurônios aferentes que conduzirão esta informação sensorial ao sistema
nervoso central (DURANTE et al., 2014).
A cóclea é a porção mais medial do labirinto ósseo que se compõe em um sistema de
canais e cavidades; sua estrutura óssea possui um orifício no qual se insere o estribo e que é
chamado de janela oval. Dentro do labirinto ósseo há um labirinto membranoso, que é
preenchido por endolinfa, e entre o labirinto ósseo e o membranoso existe um líquido que é
chamado de perilinfa (DURANTE et al., 2014).
De acordo com Durante et al. (2014), o líquido circula dentro da orelha interna, desta
forma:
“A compressão do estribo na janela oval provoca uma onda de pressão no líquido que
se propaga pela rampa vestibular até o helicotrema (no ápice da cóclea) e retorna à
base, deslocando pela rampa timpânica projetando a janela redonda, no sentido da
orelha média (DURANTE et al., 2014, pg. 1416).”
Dentro da cóclea existe um órgão, que é chamado de órgão de Corti, que contém as
células primordiais para a audição, as células receptivas e as células de sustentação (DURANTE
et al, 2014). As células receptoras (sensitivas) são constituídas pelas células ciliadas internas
(CCI) e pelas células ciliadas externas (CCE). O movimento das CCE adiciona energia ao
movimento da membrana basilar, aumentando o estímulo para as CCI onde, assim, pode ser
estimulada a enviar a mensagem auditiva ao cérebro (DURANTE et al., 2014).
18
2.2 Classificação das perdas auditivas
2.2.1. Tipos de perdas auditivas
As perdas auditivas podem ser classificadas em condutiva, neurossensorial ou sensório-
neural e mista (SILMAN E SILVERMAN, 1997 apud SISTEMA DE CONSELHOS DE
FONOAUDIOLOGIA, 2017).
Figura 1 - Classificação do tipo de perda auditiva de acordo com Silman e Silverman (1997)
Fonte: Sistema de Conselhos de Fonoaudiologia, 2017.
2.2.2 Grau das perdas auditivas
Existem diversas classificações que podem ser utilizadas para determinar o grau das
perdas auditivas. São elas:
19
Figura 2 - Classificação do grau da perda auditiva, de acordo com Lloyd e Kaplan (1978)
Fonte: Sistema de Conselhos de Fonoaudiologia, 2017.
Figura 3 - Classificação do grau da perda auditiva de acordo com Davis (1970-1978)
Fonte: Sistema de Conselhos de Fonoaudiologia, 2017.
20
Figura 4 - Classificação do grau de perda de acordo com BIAP (1996)
Fonte: Sistema de Conselhos de Fonoaudiologia, 2017.
Figura 5 - Classificação do grau da perda auditiva segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS, 2014)
Fonte: Sistema de Conselhos de Fonoaudiologia, 2017.
21
Figura 6 - Classificação do grau de perda auditiva para crianças de até 7 anos de idade, de acordo
com Northern e Downs (2002)
Fonte: Sistema de Conselhos de Fonoaudiologia, 2017.
Figura 7 - Classificação do grau da perda auditiva para crianças, de acordo com OMS (2002)
Fonte: Sistema de Conselhos de Fonoaudiologia, 2017.
2.2.3 Configuração audiométrica
22
Para esta classificação, a configuração dos limiares auditivos de via aérea de cada orelha
é levada em consideração (SISTEMA DE CONSELHOS DE FONOAUDIOLOGIA, 2017).
Figura 8 - Classificação de Silman e Silverman (1997) adaptada de Carhart (1945) e Lloyd e Kaplan
(1978)
Fonte: Sistemas de Conselhos de Fonoaudiologia, 2017.
2.2.4 Lateralidade
Quando a classificação é bilateral, indica que ambas as orelhas possuem deficiência
auditiva ou audição normal. Quando a classificação é unilateral, indica que só uma das orelhas
possui deficiência auditiva (SISTEMA DE CONSELHOS DE FONOAUDIOLOGIA, 2017).
2.2.5 Curva audiométrica
As curvas audiométricas podem ser classificadas em simétricas, quando apresentam a
mesma configuração audiométrica e/ou mesma configuração; ou assimétricas, quando
apresentam configuração audiométrica e/ou grau diferentes (SISTEMA DE CONSELHOS DE
FONOAUDIOLOGIA, 2017).
23
2.3 Impactos da perda auditiva na qualidade de vida
Para Buscaglia (1997), as pessoas portadoras de algum tipo de deficiência no geral,
buscam esconder tais privações para evitarem experiências interpessoais negativas,
principalmente no início de um relacionamento, como se assim, estivessem em um nível maior
de igualdade com quem não apresenta deficiência.
Conforme Marin e Góes (2006), um dos problemas enfrentados pelos deficientes
auditivos são em relação a emprego, pois os empregadores geralmente apresentam resistência
e quando essas pessoas são contratadas, apresentam dificuldades para se relacionarem com os
outros indivíduos do mesmo ambiente de trabalho. Também se sentem restritos quanto a ida em
lojas, supermercados, bancos e clínicas médicas, onde necessitam do acompanhamento de
algum familiar, uma vez que estes estabelecimentos na maioria das vezes não possuem suporte
para atender alguém com deficiência auditiva.
De acordo com Francelin et al (2010), as pessoas que apresentam algum tipo de perda
auditiva apresentam dificuldades no relacionamento social, como a discriminação, isolamento
e vergonha de ter deficiência auditiva. Para os familiares que acompanham estas pessoas, são
visíveis as exclusões sociais que eles enfrentam, a alteração de comportamento, insegurança,
estresse e dependência.
Este impacto da deficiência auditiva na qualidade de vida do ser humano, faz com que,
estes indivíduos sejam encaminhados para o processo de reabilitação, com a seleção e a
adaptação de próteses auditivas. Sendo feito o diagnóstico precoce da perda auditiva e
realizando a adaptação o quanto antes, proporcionará aos indivíduos a melhora da interação
social, evitando o isolamento e diminuindo a privação sensorial (RUSSO; ALMEIDA, 1996;
MAGNI, et al, 2005 apud Teixeira, et al, 2008).
O estudo de Teixeira et al (2008), mostra que o uso constante de AASI (Aparelho de
Amplificação Sonora Individual) melhora a qualidade de vida, não somente no aspecto auditivo,
mas também, no aspecto emocional, possibilitando que retomem a sua rotina anterior,
principalmente no convívio social do ambiente em que vivem.
É de grande relevância a reabilitação auditiva e a orientação para o paciente e sua família
com estratégias de comunicação e de como resolver as situações de dificuldades auditivas para
se obter maior aproveitamento do AASI (Marques et al., 2004).
24
2.4 Estudos epidemiológicos
Os estudos epidemiológicos buscam explicar os fatores responsáveis pela distribuição
das doenças, pois os agravos à saúde em uma população não acontecem inesperadamente.
Sendo possível obter o conhecimento dos fatores determinantes das doenças, é possível aplicar
medidas preventivas com o objetivo de resolver o problema (PEREIRA, 1995).
Por intermédio da epidemiologia é possível investigar de forma minuciosa as
explicações sobre a ocorrência e a distribuição de doenças nos indivíduos. Consequentemente,
a epidemiologia vem sendo muito utilizada nos programas clínicos de pesquisa e em outras
áreas de saúde. O estudo epidemiológico, além de caracterizar as doenças infecciosas e
parasitárias, também examina todo o conjunto de enfermidades (GOLDBAUM, 1996).
A epidemiologia é o estudo da distribuição e frequência dos acontecimentos
relacionados à saúde, estados e processos em populações específicas, incluindo o estudo dos
fatores que influenciam esses processos e a aplicação desse conhecimento para controlar os
problemas de saúde em específicas populações. O estudo epidemiológico inclui a vigilância,
observação, triagem, testes de hipóteses, análise de pesquisa, experimentos e previsão. A
epidemiologia busca analisar a distribuição (refere-se à análise por tempo, local e população),
os determinantes (são os geofísicos, fatores biológicos, comportamentais, sociais, culturais,
econômicos e políticos que influenciam a saúde), os eventos (são estados e processos
relacionados à saúde que incluem surtos, doenças, distúrbios, causas de morte,
comportamentos, processos ambientais e socioeconômicos, efeitos de programas preventivos e
uso de serviços sociais e de saúde) e as populações específicas (refere-se aqueles com contextos
comuns e características identificáveis). Desta forma, a epidemiologia busca promover,
proteger, restaurar a saúde e avançar o conhecimento científico (UNIT et al., 2008).
A etimologia da palavra epidemiologia vem do grego: epi=sobre; demos=população; e
logo=estudo. Para se realizar o estudo epidemiológico é preciso fazer a coleta e avaliação de
dados existentes e formular as hipóteses; realizar observações pessoais para aconselhar com a
elaboração de novas hipóteses e analisar os dados, para testar o verdadeiro valor da hipótese
formulada (MATHIAS, 2014).
Pode-se usar quatro medidas básicas para medir a frequência de ocorrência de doenças:
os tempos de incidência (são os tempos, após um evento referencial comum, em que novos
casos da doença ocorrem entre membros da população), taxa de incidência (mede a ocorrência
25
de novos casos da doença por unidade pessoa-tempo), proporção de incidência (mensura a
proporção de pessoas que desenvolvem nova doença durante um período de tempo
especificado) e prevalência (uma medida de status que ao invés de ocorrência de casos novos
de doença, mede a proporção de pessoas que têm a doença em um tempo específico)
(ROTHMAN et al., 2016).
2.5 Estudos epidemiológicos em audiologia
No estudo do perfil epidemiológico e audiológico de Sakae et al. (2006), a amostra foi
composta por 18.473 trabalhadores, sendo realizados 30.903 exames audiométricos. Destes,
77% (14.226) eram do sexo masculino e 23% (4.247) do sexo feminino. A média de idade foi
de 31,185 anos, variando entre 15 e 77 anos. A prevalência de perda auditiva foi de 25,9%. O
tipo de perda bilateral foi o mais frequente, com 14,2%. A perda auditiva à esquerda prevaleceu
sobre a perda auditiva à direita.
De acordo com o estudo do perfil audiológico de Jardim et al. (2010), foram avaliados
217 indivíduos, sendo 94 (43,3%) do sexo masculino e 123 (56,7%) do sexo feminino com
idade média de 54,3 anos. Foi observado que 79 (36,4%) indivíduos apresentaram audição
normal, 39 (18%) indivíduos apresentaram perda auditiva unilateral e 99 (45,6%) com perda
auditiva bilateral. Com relação ao tipo da perda auditiva, 4 (10,3%) indivíduos apresentaram
condutiva, 7 (17,9%) mista e 28 (71,8%) neurossensorial. Dentre os indivíduos com perda
auditiva, 20 (51,3%) indivíduos apresentaram grau leve, 6 (15,4%) moderado, 2 (5,1%)
moderadamente severo, 5 (12,8%) severo e 6 (15,4%) com grau profundo.
Em um estudo da prevalência e fatores determinantes da deficiência auditiva de Gondim
et al. (2012), foram avaliados 379 indivíduos, onde 45,38% eram do sexo masculino e 54,62%
feminino. A faixa etária era de: 11,34% até 10 anos; 64,39% 10 a 60 anos e 24,27% acima de
60 anos. Os avaliados apresentaram: 74,1% audição normal;18,9% deficiência auditiva leve;
5,1% moderada; e 1,9% grave.
No estudo do perfil epidemiológico de Reis et al. (2012), foram analisados 480
prontuários, sendo encontrados 55,2% (265) do gênero feminino e 44,8% (215) do gênero
masculino. Na faixa etária, a média de idade foi de 49,1 anos, variando entre 4 e 93 anos. Com
relação a cidade de origem, 392 (81,6%) indivíduos residem em Petrolina e 82 (18,4%) em
outras cidades de Pernambuco. Em relação ao tipo de perda auditiva, 220 (22,9%) orelhas
26
tinham limiares auditivos normais, 572 (59,5%) com perda auditiva neurossensorial, 134
(13,9%) mistas e 34 (3,5%) condutivas.
Na pesquisa de levantamento e análise de dados de Gresele et al. (2013), foram
encontrados 830 (52,8%) idosos, 302 (19,21%) adultos de meia-idade, 222 (14,12%) adultos
jovens, seguidos de 150 (9,54%) crianças e 68 (4,33%) adolescentes, sendo 796 (50,64%) do
sexo masculino e 776 (49,36%) do sexo feminino. Em relação ao tipo da perda auditiva, das
3144 orelhas analisadas, 2299 (73,12%) apresentaram perda auditiva do tipo neurossensorial,
653 (20,77%) apresentaram perda auditiva do tipo mista, 104 (3,31%) apresentaram perda
condutiva e 88 (2,8%) apresentaram audição normal. Quanto ao grau da perda auditiva, 1720
(54,7%) apresentaram grau moderado, 554 (17,62%) grau severo, 477 (15,17%) profundo, 305
(9,7%) leve e 88 (2,8%) audição normal.
27
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Este estudo teve por objetivo caracterizar e associar as variáveis do perfil
epidemiológico e audiométrico da população que procura o Centro de Saúde - UNICERP do
município de Patrocínio – Minas Gerais (MG) na área de Audiologia Clínica.
3.2 Objetivos específicos
Caracterizar e associar as variáveis do perfil epidemiológico e audiométrico da
população conforme: sexo, faixa etária, origem do encaminhamento e diagnóstico audiométrico
(tipo de perda, grau da perda e lateralidade).
28
4 DESENVOLVIMENTO
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO AUDIOMÉTRICO DA POPULAÇÃO DO CENTRO
DE SAÚDE – UNICERP DE PATROCÍNIO/MG NO SETOR DE AUDIOLOGIA
CLÍNICA
MIRIAN ZACCARO¹
ESTER FANNYA LUCAS MELO DE DEUS²
RESUMO
Introdução: A deficiência auditiva além de interferir na comunicação humana, causa impacto
na qualidade de vida do ser humano. Através do estudo epidemiológico é possível reunir fontes
de informações que vão auxiliar nos planejamentos e decisões quanto à atenção à saúde.
Objetivo: Caracterizar e associar as variáveis do perfil epidemiológico e audiométrico da
população em um centro de saúde conforme sexo, faixa etária, origem do encaminhamento e
diagnóstico audiométrico. Material e métodos: Estudo do tipo epidemiológico, analítico-
descritivo, transversal, quantitativo e retrospectivo, através de análise de prontuários de
indivíduos do setor de audiologia da clínica de saúde em estudo nos anos de 2014 a 2017.
Resultados: Houve maior frequência de pacientes do sexo feminino, na faixa etária de idosos,
e que vieram encaminhados pelos médicos otorrinolaringologistas, ocupacionais e SASA/UFU.
No diagnóstico audiométrico foi evidenciado que a maioria dos pacientes investigados
obtiveram perda auditiva quando todos os graus de perda foram somados juntos quando
comparados com a audição normal. O grau de perda leve, o tipo de perda mista e com
lateralidade bilateral foram os mais encontrados. Conclusão: Somando-se todos as perdas
auditivas, a maioria dos indivíduos investigados obtiveram perda auditiva em relação a audição
normal, mas, quando comparados individualmente com os indivíduos sem perda auditiva,
prevaleceu a normalidade, com maior proporção do sexo feminino, na faixa etária de idosos e
encaminhados pelos médicos otorrinolaringologistas, ocupacionais e SASA/UFU.
Palavras-chave: Audição. Epidemiologia. Perda auditiva.
_____________________
1 Graduanda em Fonoaudiologia pelo Centro Universitário Patrocínio – UNICERP, Patrocínio - MG.
Endereço eletrônico: [email protected] 2 Mestranda em Educação pela Universidade De Uberaba. Especialista em Audiologia pelo Conselho
Federal de Fonoaudiologia. Docente do Curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário do Cerrado –
UNICERP, Patrocínio - MG. Endereço eletrônico: [email protected]
*Endereço para correspondência: Departamento de Fonoaudiologia, Centro Universitário do Cerrado
Patrocínio – UNICERP, Av. Líria Terezinha Lassi Capuano, 466 - Chácara das Rosas, Patrocínio - MG,
Brasil, CEP 38740-000
29
AUDIOMETRIC EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF THE POPULATION OF THE
HEALTH CENTER - UNICERP OF PATROCÍNIO / MG IN THE CLINICAL
AUDIOLOGY SECTOR
ABSTRACT
Introduction: Hearing impairment, besides interfering with human communication, has an
impact on the quality of life of the human being. Through the epidemiological study it is
possible to gather sources of information that will aid in health care planning and decision
making. Objective: To characterize and associate the variables of the audiometric
epidemiological profile of the population in a health center according to gender, age, origin of
referral and audiometric diagnosis. Material and methods: Epidemiological, descriptive,
cross-sectional, quantitative and retrospective epidemiological study by means of medical
record analysis of individuals from the audiology sector of the health clinic under study from
2014 to 2017. Results: There was a higher frequency of female patients, in the elderly, who
were referred by otorhinolaryngologists, occupational and SASA/UFU doctors. In the
audiometric diagnosis it was evidenced that most of the patients investigated had hearing loss
when all degrees of loss were added together when compared to normal hearing. The degree of
mild loss, type of mixed loss and with bilateral laterality were the most found. Conclusion: In
addition to all hearing losses, most of the individuals investigated had hearing loss in relation
to normal hearing, but when compared with individuals without hearing loss, normality
prevailed, with a higher proportion of females in the age group of the elderly and referred by
otorhinolaryngologists, occupational and SASA/UFU doctors.
Keywords: Hearing. Epidemiology. Hearing Loss.
4.1 INTRODUÇÃO
A audição é um sentido fundamental para o desenvolvimento e uso da linguagem que
possibilita a comunicação entre os seres humanos. Sendo assim, qualquer irregularidade que
ocorra na audição, que é chamada de deficiência auditiva, causa um impacto na qualidade de
vida do indivíduo (BENTES et al, 2011).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (2018), existem no mundo 466 milhões de
pessoas com deficiência auditiva, sendo 34 milhões de crianças. A perda auditiva pode trazer
um impacto na qualidade de vida, como isolamento social, solidão e frustração. Dentre os
fatores de perda auditiva, podem ser citados as causas genéticas, doenças infecciosas, infecções
crônicas do ouvido, uso de medicamentos ototóxicos, exposição a níveis de pressão sonora
elevados e o envelhecimento. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
identificou no ano de 2013, 2.239,12 milhões de pessoas com deficiência auditiva no Brasil,
sendo 127,96 mil na Região Norte, 598,05 mil na Região Nordeste, 950,50 mil na Região
30
Sudeste, 415,13 mil na Região Sul e 147,47 mil na Região Centro-Oeste. No Estado de Minas
Gerais, foram identificadas 221,63 mil pessoas com deficiência auditiva (IBGE, Tabela 5719,
2013).
Em 28 de setembro de 2004, pela portaria GM/MS Nº 2.073, o Ministério da Saúde
instituiu a Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva, realizando ações de promoção à
saúde auditiva, prevenção e identificação precoce dos problemas auditivos, diagnósticos,
exames auditivos, reabilitação auditiva, indicação do uso do aparelho de amplificação sonora
individual e/ou cirurgias de implante coclear. Para estas ações serem realizadas é preciso levar
em consideração as características sociais, epidemiológicas e sanitárias da população em cada
território (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).
A Epidemiologia é o estudo que analisa a distribuição das ocorrências, as causas das
doenças e seus fatores relativos com a saúde nas coletividades humanas. Através dos estudos
epidemiológicos, é possível determinar fontes de informação que são fundamentais para a
investigação do pesquisador, bem como para o bom exercício profissional. Portanto, a
Epidemiologia tem fundamental relevância para aplicação em qualquer área da saúde, tanto
para a pesquisa como para a prática profissional dos serviços (FERRITE; SANTANA, 2014).
Sendo assim, é fundamental a realização de levantamentos epidemiológicos para
caracterizar a população que é direcionada ao referido centro, com o intuito de implementar
políticas públicas em relação ao atendimento audiométrico no município. Perante as
consequências provocadas pela deficiência auditiva na comunicação do ser humano, esta
pesquisa teve o objetivo de caracterizar e associar o perfil epidemiológico e audiométrico da
população que procuram o Centro de Saúde – UNICERP do município de Patrocínio - Minas
Gerais, conforme: sexo, faixa etária, origem do encaminhamento e diagnóstico audiométrico
(tipo de perda, grau da perda e lateralidade).
4.2 MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo é do tipo epidemiológico, analítico-descritivo, transversal, quantitativo e
retrospectivo. A pesquisa foi realizada no Centro de Saúde do Centro Universitário do Cerrado
- UNICERP na cidade de Patrocínio/MG.
O Centro de Saúde do Centro Universitário do Cerrado - UNICERP é um local
acadêmico e de serviços, vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS), onde professores e
alunos, na prática dos estágios curriculares, realizam atendimentos à comunidade nas áreas de
31
Fonoaudiologia, Fisioterapia, Nutrição, Psicologia e Enfermagem. O local oferece à população
e às cidades vizinhas, avaliações, diagnósticos e tratamentos nas áreas de saúde que lá atuam.
Participaram do estudo os pacientes atendidos no Centro de Saúde – UNICERP no Setor
de Audiologia Clínica. Para a seleção, foram estabelecidos critérios de inclusão e exclusão. Nos
critérios de inclusão, foram incluídos no estudo todos os pacientes atendidos no referido Centro
de Saúde, no período de 2014 a 2017. Nos critérios de exclusão, foram excluídos do estudo
aqueles pacientes cujas fichas de dados não foram preenchidas de forma satisfatória, com
exames incompletos ou que utilizaram outras classificações de diagnóstico audiométrico que
não foram consideradas nesta pesquisa.
Esta pesquisa teve a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (COEP) do Centro
Universitário do Cerrado – UNICERP sob protocolo de número 20181450F0N001. A pesquisa
foi realizada através da coleta de dados, sendo extraídas as informações necessárias quanto ao
sexo, faixa etária, origem do encaminhamento e diagnóstico audiométrico (tipo de perda, grau
da perda e lateralidade: unilateral ou bilateral) dos pacientes. Estes dados foram coletados à
partir da análise dos prontuários (fichas de anamneses e laudos dos exames audiométricos) dos
últimos quatro anos (2014 – 2017) da população atendida no Setor de Audiologia Clínica do
Centro de Saúde do Centro Universitário do Cerrado – UNICERP da cidade de
Patrocínio/Minas Gerais (MG). Para a classificação do diagnóstico audiométrico, os achados
audiométricos quanto ao grau e ao tipo de perda foram divididos por indivíduos e não por
orelhas; quanto ao tipo de perda auditiva, foi adotada a classificação de Silman e Silverman
(1997), quanto ao grau de perda auditiva, foi adotada a classificação Lloyd e Kaplan (1978)
para adultos e a classificação de Northern e Downs (1984) para crianças até 07 anos.
O presente estudo está de acordo com a Resolução nº 466 de 12 de dezembro de 2012.
Foram cumpridos todos os requisitos do Comitê de Ética em Pesquisa (COEP) do Centro
Universitário do Cerrado – UNICERP, bem como todos os documentos necessários à realização
deste projeto devidamente preenchidos. A coleta de dados nos prontuários só ocorreu após a
devida aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa e após a autorização do Reitor da Instituição.
Por este trabalho se tratar de análise documental retrospectiva de prontuários e não utilizar
abordagem direta com os participantes, foi dispensado o uso do Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (TCLE).
Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e inferencial utilizando-se
o software Statistica 13.0.
Todas as variáveis analisadas são qualitativas nominais. A análise descritiva das
variáveis foi realizada por frequência relativa e porcentagem. Para a análise inferencial das
32
variáveis, utilizou-se o teste Qui-Quadrado de Pearson para associar os dados, e o Teste de
Igualdade de Duas Proporções para comparar as proporções das categorias de resposta para
cada variável, tomando como base a de maior proporção.
O nível de significância adotado para todas as análises estatísticas inferenciais foi de
5% (p<0,05).
4.3 RESULTADOS
Participaram do estudo 1115 pacientes atendidos no Setor de Audiologia da Clínica de
Saúde do UNICERP, sendo assim divididos: no ano de 2014 (n=58; 5,20%), 2015 (n=173;
15,52%), 2016 (n=479; 42,96%) e 2017 (n=405; 36,32%).
De acordo com a TAB. 1, na amostra havia maior frequência de pacientes do sexo
feminino (n=633; 56,77%), na faixa etária de idosos (n=484; 43,41%), e que vieram
encaminhados pelos médicos otorrinolaringologistas e ocupacionais e do SASA/UFU (n=855;
76,68%). Na somatória de todas as perdas auditivas (n=716; 64,22%), houve maior frequência
em relação a audição normal. Quando analisados separadamente com a audição normal, com
relação ao grau de perda auditiva, houve maior frequência de pacientes com resultado normal
(n=399; 35,78%) ou leve (n=189; 16,95%). No que se refere ao tipo de perda auditiva, houve
maior frequência de pacientes com resultado normal (n=399; 35,78%) ou com tipo de perda
mista (n=262; 23,50%). A lateralidade do tipo bilateral (n=651; 58,39%) se manifestou na
maioria dos indivíduos.
Tabela 1 – Análise descritiva das variáveis ano, sexo, faixa etária, origem do encaminhamento, lateralidade, tipo
de perda e grau da perda
(continua)
Variável Categoria n %
Ano
2014 58 5,20
2015 173 15,52
2016 479 42,96
2017 405 36,32
Sexo Feminino 633 56,77
Masculino 482 43,23
Faixa etária
Idosos 484 43,41
Adultos 432 38,74
Jovens 83 7,44
Adolescentes 60 5,38
Crianças 56 5,02
Origem do encaminhamento Médicos otorrinolaringologistas e
ocupacionais e SASA/UFU (SUS) 855 76,68
33
Médico - PSF 15 1,35
Fonoaudiólogos (Policlínica) 183 16,41
Unicerp 58 5,20
Clínica Unicerp 4 0,36
Sem alteração Normal 399 35,78
Com alteração Total de perdas 716 64,22
Lateralidade Unilateral 65 5,83
Bilateral 651 58,39
Tipo de perda
Normal 399 35,78475
Condutiva 65 5,829596
Neurossensorial 158 14,1704
Mista 262 23,49776
Condutiva e Neurossensorial 38 3,408072
Condutiva e Mista 71 6,367713
Neurossensorial e Mista 122 10,9417
Grau da perda
(Foram consideradas as
classificações
de Lloyd e Kaplan (1978) para
adultos e de Northern e Downs
(1984)
para crianças de até 7 anos)
Normal 399 35,78
Leve 189 16,95
Moderado 77 6,91
Moderadamente severo 178 15,96
Severo 78 7,00
Profundo 34 3,05
Discreta e Leve 1 0,09
Leve e Moderado 33 2,96
Leve e Moderadamente severo 26 2,33
Leve e Severo 14 1,26
Leve e Profundo 2 0,18
Moderado e Moderadamente severo 32 2,87
Moderado e Severo 14 1,26
Moderado e Profundo 2 0,18
Moderadamente severo e Severo 23 2,06
Moderadamente severo e Profundo 7 0,63
Severo e Profundo 6 0,54
Legenda: n=número; DP=desvio padrão
Fonte: Dados da pesquisa.
A FIG. 1 mostra que houve maior proporção de pacientes do sexo feminino, sendo
significativamente maior a do sexo masculino nos anos de 2015 (p<0,001), 2016 (p=0,046) e
2017 (p=0,002). Foi utilizado o Teste de Igualdade de Duas Proporções, com valor de p<0,05.
(continuação)
34
Figura 1 – Análise da Proporção da variável sexo por ano de atendimento
Fonte: Dados da pesquisa.
Visualiza-se na FIG. 2 que houve maior proporção de pacientes na faixa etária de adultos
no ano de 2015, sendo significativamente maior que a de idosos (p=0,037), jovens (p=0,002),
adolescentes (p=0,035) e crianças (p=0,004). Já nos anos de 2016 e 2017 houve maior
proporção de pacientes na faixa etária de idosos, com proporção significativamente maior que
a de adultos (p=0,016; p=0,047, respectivamente), jovens (p<0,001; p=0,001, respectivamente),
adolescentes (p<0,001; p=0,001, respectivamente) e crianças (p<0,001; p=0,001,
respectivamente). Foi utilizado o Teste de Igualdade de Duas Proporções, com valor de p<0,05.
Figura 2 - Análise da proporção da variável faixa etária, por ano de atendimento
Fonte: Dados da pesquisa.
Observa-se na FIG. 3 que houve proporção significativamente maior de
encaminhamentos dos médicos otorrinolaringologistas e ocupacionais e SASA/UFU (Serviço
de Atenção à Saúde Auditiva/Universidade Federal de Uberlândia), para todos os anos
analisados. Foi utilizado o Teste de Igualdade de Duas Proporções, com valor de p<0,05.
41,38%
36,99%
46,14% 42,72%
58,62%63,01%
53,86% 57,28%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
Ano 2014 Ano 2015 Ano 2016 Ano 2017
*p<0,05
Masculino
Feminino
5,17%6,36%
2,71%
7,16%12,07%
2,31%
5,64%
5,43%
6,90%8,09% 8,35%
6,17%
46,55%
49,13%
36,33%36,05%
29,31%
34,10%
46,97%
45,19%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
Ano 2014 Ano 2015 Ano 2016 Ano 2017
*p<0,05
Crianças
Adolescentes
Jovens
Adultos
Idosos
35
Figura 3 - Análise da proporção da origem de encaminhamento, por ano de atendimento
Fonte: Dados da pesquisa.
A FIG. 4 mostra que houve proporção significativamente maior de pacientes com o
resultado normal de audição nos anos de 2015, 2016 e 2017, sendo significativamente maior
que todos os tipos de perda auditiva, exceto para perda do tipo mista no ano de 2014 (p=0,069).
Foi utilizado o Teste de Igualdade de Duas Proporções, com valor de p<0,05.
Figura 4 - Análise da proporção da variável tipo de perda, por ano de atendimento
Fonte: Dados da pesquisa.
75,86% 76,88% 79,12%73,83%
0,00% 0,00%2,51% 0,74%
24,14% 23,12%
11,06%18,77%
0,00% 0,00%
7,10%5,93%
0,00% 0,00%
0,21% 0,74%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
Ano 2014 Ano 2015 Ano 2016 Ano 2017
*p<0,05
Médico Otorrinolaringologista e Ocupacional e SASA/UFU (SUS)Médico - PSFFonoaudiólogo (Policlínica)UnicerpClínica de Saúde - Unicerp
36,21% 35,84% 36,33% 35,06%
5,17%6,94%
4,38%7,16%
6,90%
15,03% 14,82% 14,07%
39,66%
19,65% 20,67%
26,17%
0,00%2,89% 4,18% 3,21%
6,90% 8,09% 5,01% 7,16%5,17%
11,56%14,61%
7,16%
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
40,00%
45,00%
2014 2015 2016 2017
*p<0,05
Normal Condutiva Neurossensorial
Mista Condutiva e Neurossensorial Condutiva e Mista
Neurossensorial e Mista
36
Observa-se na TAB. 2 que no ano de 2014 houve proporção significativamente maior
de resultados normais em relação aos graus de perda severo (p=0,018), discreto e leve
(p=0,024), leve e moderado (p=0,018), leve e moderadamente severo (p=0,024), leve e severo
(p=0,024), leve e profundo (p=0,018), moderado e severo (p=0,024), moderado e profundo
(p=0,018), moderadamente severo e severo (p=0,024), moderadamente severo e profundo
(p=0,018) e severo e profundo (p=0,024). Nos anos de 2015, 2016 e 2017 houve proporção
significativamente maior de resultado normal, em relação aos demais graus de perda, exceto
para perda de grau leve em 2015 (p=0,078). Foram consideradas as classificações de Lloyd e
Kaplan (1978) para adultos e de Northern e Downs (1984) para crianças de até 7 anos.
Tabela 2 – Análise da proporção da variável grau da perda, por ano de atendimento
Categoria Ano 2014 Ano 2015 Ano 2016 Ano 2017
n % p-valor n % p-valor n % p-valor n % p-valor
Normal 21 36,21% Ref. 62 35,84% Ref. 174 36,33% Ref. 142 35,06% Ref.
Leve 3 5,17% 0,147 39 22,54% 0,078 76 15,87% <0,001* 71 17,53% 0,004*
Moderado 10 17,24% 0,147 18 10,40% 0,020* 17 3,55% 0,003* 32 7,90% 0,001*
Moderadamente
severo 10 17,24% 0,147 18 10,40% 0,020* 99 20,67% 0,005* 51 12,59% 0,001*
Severo 0 0,00% 0,018* 13 7,51% 0,023* 37 7,72% <0,001* 28 6,91% 0,001*
Profundo 4 6,90% 0,131 4 2,31% 0,008* 16 3,34% 0,004* 10 2,47% 0,018*
Discreta e Leve 1 1,72% 0,024* 0 0,00% <0,001* 0 0,00% 0,003* 0 0,00% 0,012*
Leve e Moderado 0 0,00% 0,018* 2 1,16% 0,015* 13 2,71% 0,007* 18 4,44% 0,004*
Leve e
Moderadamente
severo
1 1,72% 0,024* 5 2,89% 0,029* 11 2,30% 0,011* 9 2,22% 0,022*
Leve e Severo 1 1,72% 0,024* 1 0,58% 0,010* 6 1,25% 0,040* 6 1,48% 0,045*
Leve e Profundo 0 0,00% 0,018* 0 0,00% <0,001* 0 0,00% 0,003* 2 0,49% 0,015*
Moderado e
Moderadamente
severo
4 6,90% 0,131 3 1,73% 0,011* 14 2,92% 0,006* 11 2,72% 0,014*
Moderado e Severo 1 1,72% 0,024* 3 1,73% 0,011* 2 0,42% 0,014* 8 1,98% 0,027*
Moderado e Profundo 0 0,00% 0,018* 0 0,00% <0,001* 0 0,00% 0,003* 2 0,49% 0,015*
Moderadamente
severo e Severo 1 1,72% 0,024* 2 1,16% 0,015* 9 1,88% 0,018* 11 2,72% 0,014*
Moderadamente
severo e Profundo 0 0,00% 0,018* 2 1,16% 0,015* 3 0,63% 0,010* 2 0,49% 0,015*
Severo e Profundo 1 1,72% 0,024* 1 0,58% 0,010* 2 0,42% 0,014* 2 0,49% 0,015*
*p<0,05 – Teste de Igualdade de Duas Proporções
Legenda: n=número (frequência relativa); %=porcentagem; Ref.=proporção de referência para comparação
Fonte: Dados da pesquisa.
37
Houve proporção significativamente maior de lateralidade do tipo bilateral em todos os
anos de atendimento analisados, conforme mostra a FIG. 5. Foi utilizado o Teste de Igualdade
de Duas proporções, com valor de p<0,05.
Figura 5 - Análise da proporção da variável lateralidade, por ano de atendimento
Fonte: Dados da pesquisa.
A Tabela 3 mostra que houve frequência significativamente maior de atendimentos a
adultos nos anos de 2014 e 2015, e idosos nos anos de 2016 e 2017 (p<0,001), com diferença
para as demais faixas etárias.
Tabela 3 - Análise da associação entre as variáveis ano e faixa etária
Categoria Ano 2014 Ano 2015 Ano 2016 Ano 2017 Total p-valor
Idosos n 17 59 225 183 484
<0,001*
% 29,31% 34,10% 46,97% 45,19%
Adultos n 27 85 174 146 432
% 46,55% 49,13% 36,33% 36,05%
Jovens n 4 14 40 25 83
% 6,90% 8,09% 8,35% 6,17%
Adolescentes n 7 4 27 22 60
% 12,07% 2,31% 5,64% 5,43%
Crianças n 3 11 13 29 56
% 5,17% 6,36% 2,71% 7,16%
Total 58 173 479 405 1115
*p<0,05 – Teste Qui-Quadrado de Pearson
Legenda: n=número (frequência relativa); %=porcentagem
Fonte: Dados da pesquisa.
36,21% 35,84% 36,33% 35,06%
1,72%
9,83%
3,97%6,91%
62,07%
54,34%
59,71% 58,02%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
Ano 2014 Ano 2015 Ano 2016 Ano 2017
*p<0,05Normal Unilateral Bilateral
38
Observa-se na TAB. 4 que houve frequência significativamente maior de
encaminhamentos realizados pelos médicos otorrinolaringologistas e ocupacionais e
SASA/UFU em todos os anos analisados, com diferença para as demais origens dos
encaminhamentos (p<0,001).
Tabela 4 - Análise da associação entre as variáveis ano e origem do encaminhamento
Categoria Ano 2014 Ano 2015 Ano 2016 Ano 2017 Total p-valor
Médicos Otorrinolaringologistas e
Ocupacionais e
SASA/UFU (SUS)
n 44 133 379 299 855
<0,001*
% 75,86% 76,88% 79,12% 73,83%
Médico - PSF n 0 0 12 3 15
% 0,00% 0,00% 2,51% 0,74%
Fonoaudiólogo (Policlínica) n 14 40 53 76 183
% 24,14% 23,12% 11,06% 18,77%
Unicerp n 0 0 34 24 58
% 0,00% 0,00% 7,10% 5,93%
Clínica Unicerp n 0 0 1 3 4
% 0,00% 0,00% 0,21% 0,74%
Total 58 173 479 405 1115
*p<0,05 – Teste Qui-Quadrado de Pearson
Legenda: n=número (frequência relativa); %=porcentagem
Fonte: Dados da pesquisa.
A TAB. 5 mostra que houve frequência significativamente maior de audição normal e
do tipo de perda mista no ano de 2014, e normal nos anos de 2015, 2016 e 2017, com diferença
para os demais tipos de perda (p=0,009).
Tabela 5 - Análise da associação entre as variáveis ano e tipo de perda
(continua)
Categoria Ano 2014 Ano 2015 Ano 2016 Ano 2017 Total p-valor
Normal n 21 62 174 142 399
0,009*
% 36,21% 35,84% 36,33% 35,06%
Condutiva n 3 12 21 29 65
% 5,17% 6,94% 4,38% 7,16%
Neurossensorial n 4 26 71 57 158
% 6,90% 15,03% 14,82% 14,07%
Mista n 23 34 99 106 262
% 39,66% 19,65% 20,67% 26,17%
Condutiva e Neurossensorial n 0 5 20 13 38
% 0,00% 2,89% 4,18% 3,21%
Condutiva e Mista n 4 14 24 29 71
% 6,90% 8,09% 5,01% 7,16%
Neurossensorial e Mista n 3 20 70 29 122
39
% 5,17% 11,56% 14,61% 7,16%
Total 58 173 479 405 1115
*p<0,05 – Teste Qui-Quadrado de Pearson
Legenda: n=número (frequência relativa); %=porcentagem
Fonte: Dados da pesquisa.
Visualiza-se na TAB. 6 que houve frequência significativamente maior de resultado
normal, com diferença para os demais graus de perda para todos os anos analisados (p<0,001).
Tabela 6 - Análise da associação entre as variáveis ano e grau da perda
(continua)
Categoria Ano 2014 Ano 2015 Ano 2016 Ano 2017 Total p-valor
Normal n 21 62 174 142 399
% 36,21% 35,84% 36,33% 35,06%
Leve n 3 39 76 71 189
% 5,17% 22,54% 15,87% 17,53%
Moderado n 10 18 17 32 77
% 17,24% 10,40% 3,55% 7,90%
Moderadamente severo n 10 18 99 51 178
% 17,24% 10,40% 20,67% 12,59%
Severo n 0 13 37 28 78
% 0,00% 7,51% 7,72% 6,91%
Profundo n 4 4 16 10 34
% 6,90% 2,31% 3,34% 2,47%
Discreta e Leve n 1 0 0 0 1
% 1,72% 0,00% 0,00% 0,00%
Leve e Moderado n 0 2 13 18 33
% 0,00% 1,16% 2,71% 4,44%
Leve e Moderadamente severo n 1 5 11 9 26
% 1,72% 2,89% 2,30% 2,22%
Leve e Severo n 1 1 6 6 14
% 1,72% 0,58% 1,25% 1,48%
Leve e Profundo n 0 0 0 2 2
% 0,00% 0,00% 0,00% 0,49%
Moderado e Moderadamente severo n 4 3 14 11 32
% 6,90% 1,73% 2,92% 2,72%
Moderado e Severo n 1 3 2 8 14
% 1,72% 1,73% 0,42% 1,98%
(continuação)
40
Moderado e Profundo
n
0
0
0
2
2
% 0,00% 0,00% 0,00% 0,49%
Moderadamente severo e Severo n 1 2 9 11 23
% 1,72% 1,16% 1,88% 2,72%
Moderadamente severo e Profundo n 0 2 3 2 7
% 0,00% 1,16% 0,63% 0,49%
Severo e Profundo n 1 1 2 2 6
% 1,72% 0,58% 0,42% 0,49%
Total 58 173 479 405 1115
*p<0,05 – Teste Qui-Quadrado de Pearson
Legenda: n=número (frequência relativa); %=porcentagem
Fonte: Dados da pesquisa.
A TAB. 7 mostra que houve frequência significativamente maior de idosos com tipo de
perda condutiva e mista, neurossensorial, neurossensorial e mista, condutiva e neurossensorial,
e mista, sendo que, a maior delas, foi a do tipo neurossensorial e mista, e de adultos com perda
do tipo condutiva e limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade, com diferença em
relação as demais faixas de idade (p<0,001).
Tabela 7 - Análise da associação entre as variáveis tipo de perda e faixa etária
Categoria
Condutiva
e Mista
Neurossensorial
Neurossensorial
e Mista
Mista Normal Condutiva Condutiva e
Neurossensorial Total
p-
valor
Idosos
n 40 104 81 169 54 13 23 484
<0,001
% 56,34% 65,82% 66,39% 64,50% 13,53% 20,00% 60,53%
Adultos
n 25 48 38 71 203 33 14 432
% 35,21% 30,38% 31,15% 27,10% 50,88% 50,77% 36,84%
Jovens
n 4 2 0 9 55 13 0 83
% 5,63% 1,27% 0,00% 3,44% 13,78% 20,00% 0,00%
Adolescentes
n 2 3 3 8 40 4 0 60
% 2,82% 1,90% 2,46% 3,05% 10,03% 6,15% 0,00%
Crianças n 0 1 0 5 47 2 1 56
% 0,00% 0,63% 0,00% 1,91% 11,78% 3,08% 2,63%
Total 71 158 122 262 399 65 38 1115
*p<0,05 – Teste Qui-Quadrado de Pearson
Legenda: n=número (frequência relativa); %=porcentagem Fonte: Dados da pesquisa.
4.4 DISCUSSÃO
REVISTA EDUCAÇÃO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE
_____________________________________________________________________________________
_______
(continuação)
41
A epidemiologia é a estrutura da saúde coletiva. Ela proporciona os suportes para
avaliação das medidas preventivas, fornece pistas para diagnósticos de doenças transmissíveis
e não-transmissíveis e facilita a verificação da consistência de hipóteses de causalidade
(ROUQUAYROL; GOLDBAUM, 2003).
Em relação aos anos analisados (TAB. 1), observou-se que os anos de 2016 e 2017
foram os de maior demanda populacional, devido ao aumento do número de encaminhamentos
para a realização do exame audiométrico. O aumento do número de alunos matriculados no
curso de graduação em Fonoaudiologia do UNICERP permitiu o crescimento do número de
atendimentos realizados pelo Centro de Saúde do UNICERP, o que pode ser considerado um
indício do crescimento da profissão.
No presente estudo, foi possível analisar uma proporção maior de atendimentos a
pessoas do sexo feminino em relação ao sexo masculino (FIG. 1), fato que corrobora o estudo
de Pinheiro (2002), onde a diferença na procura pelos serviços de saúde se justifica pelo perfil
de necessidades de cada sexo. Segundo este autor, enquanto as mulheres buscam mais os
serviços de saúde para realização de exames de rotina e prevenção, os homens procuram mais
estes serviços por motivos de doença. Para Figueiredo (2005), os homens deixam de buscar os
serviços de saúde devido à característica de identidade masculina, por não terem autocuidado
suficiente e por não terem preocupação inicial com a saúde.
Apesar do Brasil ser um país com uma população de predominância jovem, com o
avanço da biotecnologia, da medicina e da conservação da saúde, a expectativa de vida vem
aumentando, contribuindo para uma vida mais longa e saudável, e consequentemente, para o
aumento da população idosa. De acordo com IBGE (2011), o evidente processo de
envelhecimento que a população brasileira vem sofrendo, reverbera-se no aumento da
participação relativa da população em idades mais avançadas, onde o grupo populacional de
idosos passou em 2010 para 4,8% da população, número que tende a aumentar cada vez mais.
Este dado corroborando com a análise desta pesquisa (FIG. 2 e TAB. 3), em que, em relação à
faixa etária, foi observado uma demanda maior da população idosa nos dois últimos anos
pesquisados.
Foi constatado, nesta pesquisa, maior demanda de encaminhamentos dos médicos
otorrinolaringologistas, médicos ocupacionais e do SASA/UFU (FIG. 3 e TAB. 4). Nestes
encaminhamentos, foi observado que, os médicos otorrinolaringologistas foram os que mais
encaminharam pacientes para a realização do exame audiométrico. Segundo Mitre (2003), os
fonoaudiólogos e os otorrinolaringologistas são profissionais que estão intimamente ligados,
seja nos diagnósticos otorrinolaringológicos que precisam da atuação fonoaudiológica ou nos
42
conhecimentos anátomo-funcionais, esclarecimento de patologias e no fornecimento de dados
diagnósticos importantes para o planejamento terapêutico fonoaudiológico. Conforme a análise
de Gonçalves et al. (2014), os fonoaudiólogos constataram que os otorrinolaringologistas são
os profissionais que mais encaminham os pacientes para os serviços fonoaudiológicos.
Nos encaminhamentos realizados pelos Fonoaudiólogos (FIG. 3 e TAB. 4), estão
incluídos aqueles que atuam na rede pública de saúde. De acordo com o Parecer nº 26 de 16 de
fevereiro de 2006 do Conselho Federal de Fonoaudiologia, a solicitação de exames
audiológicos pode ser realizado por profissionais da área da saúde e da educação e não somente
por médicos. (CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA, 2006). Nos
encaminhamentos realizados pelos médicos do Programa Saúde da Família (PSF), estão
incluídos os médicos clínicos gerais que atendem nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). O
Programa Saúde da Família atua com uma proposta de reorganização da atenção básica como
eixo de reorientação do modelo assistencial com base na promoção da qualidade de vida e
intervenção nos fatores que a colocam em risco, pela incorporação das ações programáticas de
uma forma mais abrangente e do desenvolvimento de ações intersetoriais (PROGRAMA
SAÚDE DA FAMÍLIA, 2000). A atenção à saúde auditiva na atenção básica busca realizar
ações que reproduzam na promoção e proteção da saúde auditiva, a prevenção e a identificação
o mais precocemente possível de dificuldades de audição e a realização de encaminhamentos
para serviços especializados, além da reabilitação (CONSELHO FEDERAL DE
FONOAUDIOLOGIA, 2011).
Os encaminhamentos do Centro Universitário do Cerrado – UNICERP (FIG. 3 e TAB.
4), incluíram os exames periódicos ocupacionais de pessoas contratadas pela Instituição de
Ensino UNICERP que ficam expostas a níveis de pressão sonora elevados. Estes exames
periódicos possibilitam a comparação dos limiares auditivos dos exames audiométricos de um
mesmo trabalhador ao longo do tempo de trabalho na instituição em que atua com o intuito de
prevenir as perdas auditivas (COMISSÃO DE AUDIOLOGIA DO 7º COLEGIADO DO
CONSELHO REGIONAL DE FONOAUDIOLOGIA DA 6ª REGIÃO). As perdas auditivas
causadas por níveis de pressão sonora elevados causam a irreversibilidade e a progressão
gradual com o tempo de exposição ao risco (NORMA REGULAMENTADORA 7, 2011). É
importante que estes funcionários expostos a ruídos elevados façam uso regular de EPI’s
(Equipamentos de Proteção Individual), como o protetor auricular e o abafador de ruído, uma
vez que, cessadas estas exposições, diminuirá o risco de perda auditiva, bem como a sua
progressão.
43
Os encaminhamentos do Centro de Saúde do UNICERP (FIG. 3 e TAB. 4), incluíram
os pacientes encaminhados pelos estagiários dos demais cursos de saúde que atuam no Centro
de Saúde do UNICERP que podem realizar encaminhamentos para qualquer área quando
necessário. Esta integração entre os profissionais da área de saúde é de extrema importância
para a qualidade de vida do paciente em questão. Para Fiorin et al. (2014), a
interdisciplinaridade é primordial para o desenvolvimento do profissional em saúde. Os
profissionais precisam trabalhar em equipe, explorando cada um suas habilidades, visando
qualificar o atendimento, assim como os resultados de seu trabalho.
De acordo com Momensohn-Santos et al. (2011), as perdas auditivas do tipo mistas
resultam de elementos condutivos e neurossensoriais em uma mesma orelha, as perdas auditivas
do tipo neurossensoriais são consequentes de distúrbios que envolvem a cóclea ou o nervo
auditivo e as perdas auditivas condutivas são decorrentes de patologias que atingem a orelha
externa e/ou média. Nos estudos de Jardim et al. (2010), Reis (2012) e Gresele (2013), o tipo
de perda auditiva mais encontrado foi o neurossensorial, ocorrência que não concorda o tipo de
perda auditiva mais encontrada neste estudo, onde, excluindo-se a audição normal, o tipo de
perda mais localizada foi a do tipo mista (FIG. 4 e TAB. 5).
Na amostra considerada, excluindo-se a classificação de grau normal, o grau de perda
auditiva leve foi o que chegou mais perto em relação ao grau normal no ano de 2015 (TAB. 2)
e em relação a todos os anos analisados, o grau normal obteve maior relevância (TAB. 6). No
estudo de Jardim et al. (2010), foram encontrados 51,3% indivíduos com grau de perda leve e
no estudo de Gondim et al (2012), foram encontrados 18,9% indivíduos com este tipo de perda.
Segundo a classificação de Lloyd e Kaplan (1978 apud SISTEMA DE CONSELHOS DE
FONOAUDIOLOGIA, 2017), a classificação de grau normal é aquela em que os limiares tonais
de 500kHz, 1kHz e 2kHz do exame audiométrico são de 25 dB NA para baixo, onde, a pessoa
não apresenta nenhuma dificuldade significativa para ouvir. Já a perda auditiva de grau leve, é
aquela em que a média dos limiares tonais de 500kHz, 1kHz e 2kHz do exame audiométrico
realizado vão de 26 a 40 dB NA e apresentam como características dificuldades para ouvir fala
fraca ou distante.
A lateralidade do tipo bilateral foi a mais detectada em todos os anos analisados (FIG.
5), corroborando os estudos de Sakae (2006) e Jardim et al. (2010), que obtiveram resultados
semelhantes. É fundamental a estimulação de ambos os ouvidos em indivíduos com perda
auditiva bilateral, pois isso garante o desenvolvimento máximo das vias auditivas, propicia
vantagens provenientes da audição binaural, reduz as dificuldades encontradas na percepção da
fala e melhora a qualidade de vida (BEVILACQUA et al., 2014).
44
Na associação entre a faixa etária e o tipo de perda auditiva (TAB. 7), os idosos
apresentaram maior perda do tipo neurossensorial e mista, e os adultos, excluindo-se os limiares
auditivos dentro dos padrões de normalidade, tiveram maior perda do tipo condutiva. De acordo
com Almeida (2014), o tipo de perda auditiva mais encontrada na população idosa é a
neurossensorial, onde as alterações audiométricas consequentes da idade podem ser analisadas
a partir dos quarenta anos de idade com agravamento progressivo dos limiares auditivos na
medida em que a idade aumenta e, geralmente, apresentam queixas em relação à compreensão
de fala quando precisam seguir a conversação em ambientes ruidosos e com muita reverberação.
As perdas auditivas condutivas podem ter sido mais frequentes nos adultos devido à sua
etiologia, pois, segundo Filho (2013), as causas mais comuns de perda auditiva condutiva são
os cerumes impactados, otites, perfurações timpânicas e disfunções tubárias. É importante
ressaltar que esses fatores são mais encontrados em crianças, adolescentes e adultos do que em
idosos.
Ao verificar-se as associações entre as variáveis ano e lateralidade, ano e sexo e tipo de
perda e sexo, observou-se que estas não apresentaram relação entre si, não sendo assim,
apresentadas neste estudo.
4.5 CONCLUSÃO
Ao final deste estudo, concluiu-se que os objetivos foram alcançados, uma vez que a
pesquisa permitiu caracterizar o perfil epidemiológico e audiométrico da população do Centro
de Saúde - UNICERP. Quanto as associações entre as variáveis pesquisadas, houveram
associação entre as variáveis ano e faixa etária, ano e origem do encaminhamento, ano e tipo
de perda, ano e grau da perda e tipo de perda e faixa etária.
Com este estudo, observou-se que o sexo feminino prevaleceu em relação ao sexo
masculino em todos os anos analisados. Os médicos otorrinolaringologistas e ocupacionais e o
SASA/UFU prevaleceram como a origem de encaminhamento mais predominante em todos os
anos. Os idosos prevaleceram sobre a faixa etária que mais realizaram exames audiométricos
em todos os anos. No diagnóstico audiométrico foi evidenciado que a maioria dos pacientes
investigados obtiveram perda auditiva quando todas as perdas auditivas foram somadas juntas.
Ao comparar o grau das perdas auditivas separadamente com os indivíduos normais, prevaleceu
a normalidade. Excluindo-se a audição normal, o grau de perda auditiva mais encontrada foi a
leve, prevaleceram o tipo de perda mista e lateralidade do tipo bilateral.
45
Os estudos epidemiológicos são importantes para produzirem informações que sirvam
de parâmetros para a prevenção, controle e tratamento de doenças, estipulando a partir dos
resultados encontrados, as suas prioridades. Desta forma, podem ser traçadas estratégias dentro
da saúde pública, determinando políticas adequadas para a saúde auditiva para a população.
4.6 REFERÊNCIAS
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especialidades em fonoaudiologia. São Paulo: Roca, 2014, cap. 127.
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48
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização de análise de levantamentos epidemiológicos para caracterizar a população
que é direcionada ao referido centro é importante para a elaboração de estratégias de combate
e prevenção da perda auditiva. Quando há o investimento na epidemiologia, os dados colhidos
favorecem na elaboração de um procedimento de saúde eficaz.
Espera-se que os dados encontrados sirvam de parâmetros de comparação para o sistema
de saúde do Município de Patrocínio/MG e que, a partir destes, possam planejar políticas
públicas em relação ao atendimento audiológico no município.
49
6 CONCLUSÕES
Através dos estudos epidemiológicos podem ser traçados estratégias dentro da saúde
pública, determinando políticas adequadas para a saúde auditiva para a população, uma vez
que, é possível coletar informações que sirvam de parâmetros para a prevenção, controle e
tratamento de doenças, estipulando a partir dos resultados encontrados, as suas prioridades.
Dentro da Fonoaudiologia, os estudos epidemiológicos de caráter quantitativo são
importantes, pois levantam informações acerca de patologias, e sendo assim, pode-se adequar
o atendimento de acordo com o perfil de demanda dos pacientes. Assim, pesquisas com esta
temática auxiliam na compreensão e detalhamento da população portadora de perda auditiva
dentro do município.
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53
ANEXO A - Aprovação do Comitê De Ética Em Pesquisa do UNICERP
54
ANEXO B - Autorização do Centro de Saúde do UNICERP