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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTADUAL DA ZONA OESTE COLEGIADO DE CIÊNCIAS BIOLOGICAS E DA SAÚDE ANTI-INFLAMATÓRIOS E O CÂNCER DE CÓLON E RETO Rodrigo Cavalheiro da Silva Rio de Janeiro 2012

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTADUAL DA ZONA OESTE

COLEGIADO DE CIÊNCIAS BIOLOGICAS E DA SAÚDE

ANTI-INFLAMATÓRIOS E O CÂNCER DE CÓLON E

RETO

Rodrigo Cavalheiro da Silva

Rio de Janeiro

2012

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RODRIGO CAVALHEIRO DA SILVA

Discente do Curso Superior de Farmácia

Matrícula 0823800015

ANTI-INFLAMATÓRIOS E O CÂNCER DE CÓLON E

RETO

Trabalho de Conclusão de Curso, TCC, apresentado

ao Curso Superior de Farmácia, da UEZO como

parte dos requisitos para a obtenção do grau de

Bacharel em Farmácia, sob a orientação do professor

Daniel Escorsim Machado.

Rio de Janeiro

Junho de 2012

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ANTI-INFLAMATÓRIOS E O CÂNCER DE CÓLON E

RETO

Elaborado por Rodrigo Cavalheiro da Silva

Discente do Curso de Farmácia da UEZO

Este trabalho de Graduação foi analisado e aprovado com grau:................

Rio de Janeiro, 29 de Junho de 2012

_______________________________________________

Profº Daniel Escorsim Machado, Doutor (orientador)

________________________________________________

Profª Jamila Alessandra Perini, Doutora

________________________________________________

Profº Leandro Medeiros Motta, Doutor.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

Junho de 2012

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Dedico este trabalho a Deus acima de tudo,

à minha família e à minha noiva que são o

meu alicerce e sem eles eu nada conseguiria

e aos meus amigos que fizeram a jornada

acadêmica ser mais suave.

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AGRADECIMENTOS

Devo agradecer, primeiramente, e acima de tudo a Deus, Pai misericordioso que

sempre está ao meu lado, me iluminando, me inspirando e por me privilegiar de estar

prestes a poder exercer uma profissão magnífica.

Aos meus pais, José e Sonia, meu irmão José Roberto e minha tia Ana Maria, que me

deram toda a estrutura para que me tornasse a pessoa que sou hoje. Pela confiança e pelo

amor que me fortalece todos os dias; mas também pela desconfiança e incerteza que me

motivaram a querer ser sempre melhor.

Em especial, à minha noiva Michelle, que foi um pilar que me sustentou, me apoiou,

me amparou, me fortaleceu e sempre me motivou a seguir em frente. Por ter vivenciado

comigo passo a passo todos os detalhes deste trabalho, por ter me dado todo o apoio que

necessitava nos momentos difíceis, todo carinho, respeito, por ter me aturado nos

momentos de estresse. Tenho certeza absoluta que sem o seu amor, eu nada seria!

Aos meus saudosos amigo-irmão Raphael Moreno e tio Carlos Eduardo (Cadu) pelos

conselhos, pela paciência, pelo companheirismo e por terem me mostrado que a vida pode

ser mais bonita, quando é bem vivida e bem acompanhada.

Ao meu orientador Professor Daniel Escorsim Machado por todos os ensinamentos

relativos à orientação e melhor produção do trabalho. A todos os meus professores, futuros

colegas e acima de tudo por terem se tornado grandes amigos, fazendo com que eu

continuasse e chegasse até onde cheguei. Às três professoras que foram Coordenadoras do

curso de Farmácia: Priscila Souza, Jamila Perini e Alessandra Micherla pelo apoio e

suporte incondicional que sempre foi dado à turma, sem que houvesse distinção alguma

entre alunos.

Aos amigos Bruno Pinheiro, Rosana Salles e Thamires Torres. Pessoas companheiras

de jornada e que compartilharam, tecnicamente, de dúvidas e angústias e que estarão para

sempre nas minhas boas lembranças do período acadêmico. À primeira turma de Farmácia

da UEZO por ter me adotado e pela qual nutro um sentimento paternal por todos.

Há muito mais a quem agradecer: a todos aqueles que, embora não nomeados, me

apoiaram: todos vocês são coautores deste trabalho.

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“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém

viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou

sobre aquilo que todo mundo vê”.

Arthur Schopenhauer

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RESUMO

O termo câncer refere-se ao conjunto que engloba mais de 100 doenças, as quais tem

em comum a perda do controle da divisão celular, o que leva a um crescimento

desordenado, a invasão local de outras estruturas orgânicas e a capacidade de formar

metástases distantes. É uma das principais causas de mortalidade em todo o mundo. Uma

clara associação entre doenças inflamatórias intestinais (principalmente Doença de Crohn e

Retocolite Ulcerativa) e a carcinogênese colorretal tem sido proposta nos últimos anos.

Isso decorre do fato que o agravamento progressivo das doenças inflamatórias intestinais

leva à formação de pólipos que, em última análise, podem originar os tumores colorretais.

Dessa maneira, a necessidade do estudo sobre os anti-inflamatórios como forma de

tratamento e/ou prevenção do câncer de cólon e reto faz se necessária, seja para entender se

de alguma maneira são efetivos na profilaxia da doença ou se são capazes de controlar o

microambiente inflamatório do desenvolvimento do tumor como um tratamento adjuvante

aos já preconizados e reconhecidos pela eficácia. Este trabalho tem por objetivo revisar a

literatura, a fim de descobrir se há uma associação entre o uso de anti-inflamatórios como

forma de prevenção e/ou tratamento do câncer colorretal, avaliando a eficácia do

tratamento com inibidores seletivos da COX-2, com análogos do ácido 5-amino salicílico

(5-ASA) e com inibidores não-seletivos da COX. A conclusão deste trabalho é que os anti-

inflamatórios tem resultados promissores como forma de prevenção do câncer colorretal

em longo prazo.

Palavas-chave: câncer, inflamação, anti-inflamatórios, colorretal.

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ABSTRACT

The term cancer refers to the set comprises more than one hundred diseases which

have in common the loss of control of cell division leading to an uncontrolled growth, local

invasion of other organic structures and the ability to form distant metastases. It is a major

cause of mortality worldwide. A clear association between inflammatory bowel disease

(especially Crohn's disease and ulcerative colitis) and colorectal carcinogenesis has been

proposed in recent years. This stems from the fact that the progressive worsening of

inflammatory bowel disease leads to the formation of polyps that ultimately can lead to

colorectal tumors. Thus, the need for the study of anti-inflammatory drugs as a treatment

and / or prevention of cancer of the colon and rectum makes it necessary. Is to be

understood in any way are effective in the prophylaxis or are capable of controlling the

microenvironment of inflammatory tumor development, or as an adjunct therapy to already

known and recommended by efficacy. This paper aims to review the literature in order to

find out if there is an association between use of anti-inflammatory drugs for prevention

and / or treatment of colorectal cancer, evaluating the effectiveness of treatment with

selective COX-2, analogs of 5-amino salicylic acid (5-ASA) and non-selective inhibitor of

COX. The conclusion reached is that the anti-inflammatory drugs have promising results

for prevention of colorectal cancer in the long term.

Keywords: cancer, inflammation, anti-inflammatory, colorectal.

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SUMÁRIO

RESUMO .................................................................................................................................... vii

ABSTRACT ............................................................................................................................... viii

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................... xi

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ................................................................................... xii

1. INTRODUÇÃO .....................................................................................................................1

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................2

2.1. CÂNCER ...................................................................................................................2

2.1.1. DEFINIÇÃO...........................................................................................................2

2.1.2. NOMENCLATURA ...............................................................................................2

2.1.3. EPIDEMIOLOGIA DO CÂNCER ..........................................................................5

2.2. TRATO GASTROINTESTINAL ................................................................................7

2.3. CÂNCER DE CÓLON E RETO .................................................................................8

2.4. DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL ..............................................................9

2.5. DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL x CÂNCER COLORRETAL .............. 11

2.6. AINEs ...................................................................................................................... 12

3. OBJETIVO GERAL ............................................................................................................. 17

3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................... 17

4. DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 17

4.1. AINES ...................................................................................................................... 17

4.2. Mesalazina................................................................................................................ 18

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4.3. COX-2 ...................................................................................................................... 20

4.4. Angiogênese ............................................................................................................. 23

5. CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 24

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 25

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Incidência de Câncer no Brasil em 2010 .............................................................6

Figura 2. Anatomia do Sistema Gastrointestinal ................................................................7

Figura 3. Desenvolvimento do Pólipo e Entrada na Corrente Linfática ..............................9

Figura 4. Inflamação e Alterações Endoteliais...................................................................11

Figura 5. Cascata do Ácido Araquidônico e Ação dos AINEs........................................... 14

Figura 6. Diferença Estrutural entre COX-1 e COX-2........................................................15

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

5-ASA Ácido 5-amino salicílico

AINEs Antiinflamatórios não-esteroidais

COX Ciclooxigenase

CRC Câncer colorretal

DII Doença Inflamatória Intestinal

IL-1 Interleucina-1

INCA Instituto Nacional de Câncer

NCI National Cancer Institute

TNF-α Fator de Necrose Tumoral α

WHO

DNA

CU

APC

PPAR-gama

NF-κB

TXA2

PG

VEGF

PDGF

World Health Organization

Ácido Desoxrribonucleico

Colite Ulcerativa

Polipose Adenomatosa do Cólon

Receptor Ativado pelo Proliferador de Peroxissoma

Fator de Transcrição Nuclear

Tromboxano A2

Prostaglandina

Fator de Crescimento Endotelial Vascular

Fator de Crescimento Derivado de Plaquetas

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1. INTRODUÇÃO

Em linhas gerais, o termo câncer refere-se ao conjunto que engloba mais de 100

doenças, as quais tem em comum a perda do controle da divisão celular, o que leva a um

crescimento desordenado, a invasão local de outras estruturas orgânicas e a capacidade de

formar metástases distantes.

O câncer é uma das principais causas de mortalidade em todo o mundo. Apesar de

ser considerado uma doença genética, já que inicia-se devido a alterações no DNA da

célula, não é necessariamente uma doença hereditária, pois resulta da interação entre

fatores genéticos e ambientais.

Uma clara associação entre doenças inflamatórias intestinais (principalmente Doença

de Crohn e Retocolite Ulcerativa) e a carcinogênese colorretal tem sido proposta nos

últimos anos. Isso decorre do fato que o agravamento progressivo das doenças

inflamatórias intestinais leva a formação de pólipos que, em última análise, podem originar

os tumores colorretais.

O câncer colorretal compreende tumores desde o cólon até o reto. Apesar de ter

como característica principal o seu alto poder de invasão em outras células, quando

diagnosticado precocemente, é tratável e até curável. O seu desenvolvimento ocorre,

principalmente, a partir de pólipos que crescem no tecido intestinal interno.

Reconhecidamente a enzima COX-2 (ciclooxigenase do tipo 2) tem uma participação

muito importante no processo tumoral, já que, quando super-expressa, é responsável pela

ativação de carcinógenos, iniciação e promoção tumoral, inibição do processo apoptótico,

promotora do processo de angiogênese, dentre outros.

Dessa maneira, a necessidade do estudo sobre os antiinflamatórios como forma de

tratamento e/ou prevenção do câncer de cólon e reto faz se necessária. Seja para entender

se de alguma maneira são efetivos na profilaxia da doença ou se são capazes de controlar o

microambiente inflamatório do desenvolvimento do tumor, ou seja, como um tratamento

adjuvante aos já preconizados e reconhecidos pela eficácia.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. CÂNCER

2.1.1. DEFINIÇÃO

Neoplasia significa literalmente o processo de um “novo crescimento”, sendo este

chamado de neoplasma. O termo tumor foi originalmente aplicado ao edema causado por

uma inflamação. Oncologia (do grego oncos, “tumor” e também do grego “logos”, estudo

ou discurso racional) é o estudo de tumores ou neoplasmas. [37]

Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer) e o NCI (National Cancer Institute) o

termo “câncer” é usado para definir um conjunto de mais de 100 doenças que tem como

peculiaridade o crescimento desordenado de células, que invadem tecidos e órgãos

podendo se espalhar para outras regiões do corpo. Para se espalhar, geralmente, as células

cancerosas utilizam o sangue e o sistema linfático. [28,45]

Apesar das origens antigas do termo “câncer” serem relativamente incertas,

provavelmente deriva do termo em latim para caranguejo, câncer – presumivelmente

porque um câncer “agarra-se de maneira obstinada a qualquer parte de que se apodera,

assim como um caranguejo”. [37]

2.1.2. NOMENCLATURA

A maioria dos cânceres são nomeados segundo o órgão ou o tipo celular que invadem e

promovem a iniciação: por exemplo, se o processo cancerígeno origina-se no pulmão, é

chamado câncer de pulmão. [45]

Todos os tumores benignos e malignos apresentam dois componentes básicos: (1)

células neoplásicas em proliferação que constituem seu parênquima e (2) o estroma de

sustentação formado por tecido conjuntivo e vasos sanguíneos. Apesar das células

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parenquimatosas representarem a parte proliferativa dos neoplasmas e assim determinarem

seu comportamento e consequências patológicas, o crescimento e evolução dos neoplasmas

são criticamente dependentes do seu estroma. É fundamental a existência de um adequado

suporte sanguíneo do estroma, e o estroma do tecido conjuntivo fornece a estrutura para o

parênquima. A nomenclatura dos tumores é, no entanto, baseada no componente

parenquimatoso. [37]

Em geral, os tumores benignos são designados com a inclusão do sufixo oma na célula

de origem. Os tumores de células mesenquimais geralmente seguem essa regra. Por

exemplo, um tumor benigno que surge a partir de células fibroblásticas é chamado de um

fibroma, Em contraste, a nomenclatura dos tumores epiteliais benignos é mais complexa.

Eles são classificados de modo diverso, alguns com base nas suas células de origem, outros

na arquitetura microscópica, outros ainda nos seus padrões macroscópicos. [37]

Adenoma é o termo que se refere a um neoplasma epitelial benigno que forma padrões

glandulares assim como tumores derivados de glândulas, mas não necessariamente

reproduzindo os padrões. Quando um neoplasma benigno ou maligno produz projeções

macroscopicamente visível acima de uma superfície mucosa e se projeta, por exemplo, na

luz colônica, é chamado de pólipo. O termo pólipo é preferivelmente restrito a tumores

benignos. Os pólipos malignos são mais bem designados como cânceres polipoides. [37]

A nomenclatura dos tumores malignos segue essencialmente o mesmo esquema usado

para os neoplasmas benignos, com a adição de algumas expressões. Os tumores malignos

que surgem no tecido mesenquimal são geralmente chamados de sarcomas (do grego sar,

“carnoso”) porque apresentam pouco estroma conjuntivo e são carnosos (por exemplo:

fibrossarcoma, liposssarcoma). Os neoplasmas malignos originados a partir das células

epiteliais, derivadas de qualquer uma das três camadas germinativas, são chamados de

carcinomas. Assim, o tumor que surge na epiderme de origem ectodérmica é um

carcinoma, do mesmo modo que um câncer de origem mesodérmica nos túbulos renais e

um tumor derivado de células endodérmicas do revestimento do trato gastrintestinal. Os

carcinomas podem ser ainda mais qualificados. Um com um padrão de crescimento

microscopicamente glandular é chamado de adenocarcinoma, e um tumor que produza

células escamosas identificáveis surgindo em qualquer epitélio do corpo é chamado de

carcinoma de células escamosas. [37]

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É evidente que existem alguns termos inapropriados, porém profundamente inseridos

no uso comum. Ao longo de muitos anos os carcinomas dos melanócitos foram chamados

de melanomas, quando o correto deveria ser melanocarcinomas. Do mesmo modo, os

carcinomas de origem testicular continuam a ser chamados de seminomas. O oposto

também é verdadeiro, uma vez que termos ameaçadores são aplicados para lesões triviais.

Uma diferenciação aberrante pode produzir uma massa de células especializadas,

desorganizadas, mas maduras, ou um tecido originário de um lugar determinado, chamado

de hamartoma. Desse modo, um hamartoma no pulmão pode conter ilhas de cartilagem,

vasos sanguíneos, estruturas do tipo brônquicas e tecido linfoide. Às vezes, a lesão é

puramente cartilaginosa ou puramente angiomatosa, mesmo sendo possível considerar

essas lesões como sendo neoplasmas, a semelhança completa do tecido com a cartilagem

normal ou os vasos sanguíneos e a mistura ocasional de outros elementos é sugestiva de

que a lesão reflete um desenvolvimento anômalo. Em qualquer situação, o hamartoma é

totalmente benigno. [37]

A nomenclatura dos tumores é importante porque designações específicas apresentam

implicações clínicas específicas, mesmo entre os tumores formados no mesmo tecido. O

seminoma é uma forma de carcinoma do testículo que costuma se disseminar para os

linfonodos ao longo das artérias ilíacas e aorta, sendo extremamente radiossensíveis e

podendo ser erradicados pela radioterapia. Em comparação, o carcinoma embrionário do

testículo não é radiossensível e costuma apresentar invasão local além dos limites dos

testículos e se dissemina por todo o corpo. Existem também outras variedades de

neoplasmas testiculares, e, assim, a designação “câncer do testículo” fornece poucas

informações relativas a seu significado clínico. [37]

Recentemente, os cânceres podem ser agrupados em cinco grandes categorias e são

elas: [45]

Carcinoma: câncer que se origina na pele, na mucosa ou nos tecidos que revestem

ou cobrem os órgãos internos;

Sarcoma: câncer que se origina no osso, cartilagem, tecido adiposo, músculo, vasos

sanguíneos ou mesmo tecido conjuntivo de sustentação;

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Leucemia: câncer que se origina nos tecidos formadores de células sanguíneas, tais

como a medula óssea, causando a produção de um grande número de células

sanguíneas anormais;

Linfoma e Mieloma: ambos são cânceres que se originam nas células do sistema

imune e

Cânceres do Sistema Nervoso Central: se originam nos tecidos do cérebro e na

medula espinhal.

2.1.3. EPIDEMIOLOGIA DO CÂNCER

Como o câncer é um distúrbio do crescimento e do comportamento celular, sua causa

final deve ser definida nos níveis celulares e sub-celulares. O estudo dos padrões do câncer

nas populações, no entanto, pode contribuir substancialmente para o conhecimento das

origens do câncer. [37]

Dessa maneira, as principais observações relativas à causa do câncer podem ser obtidas

pelos estudos epidemiológicos que relacionam um ambiente particular, a hereditariedade e

influências culturais com a ocorrência de neoplasmas malignos. Além disso, algumas

doenças associadas com um maior risco de desenvolver câncer podem fornecer

observações sobre a patogênese da malignidade, como por exemplo, as doenças

inflamatórias intestinais e o risco aumentado do desenvolvimento de câncer colorretal. [37]

Em 2008 a WHO (World Health Organization) organizou o projeto GLOBOCAN com

o objetivo de estimar a incidência e mortalidade dos principais tipos de câncer em nível

mundial de todos os países. Segundo os dados apurados, o câncer é a causa líder de mortes

em todo o mundo com 13% do total. Aproximadamente, 12,7 milhões de novos casos de

câncer (6,6 milhões em homens e 6,1 milhões em mulheres) e 7,6 milhões de mortes (4,2

milhões em homens e 3,4 milhões em mulheres) ocorreram em 2008.

Ainda de acordo com os dados obtidos pelo projeto GLOBOCAN, o câncer colorretal é

o segundo mais frequente em mulheres (571.000 casos por ano, o que equivale a 9,4% do

total) e o terceiro mais frequente em homens (663.000 casos por ano, o que equivale a 10%

do total). Este tipo de câncer ocorre, prevalentemente, em regiões desenvolvidas do

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mundo, onde estas registram 60% do total de casos e, devido à sua grande agressividade,

vitima 50% dos pacientes que são acometidos.

De acordo com o INCA, em 2010 foram registrados 489.270 casos novos (236.240

para o sexo masculino e 253.030 para o sexo feminino) de câncer. Deste total, cerca de

30.000 casos correspondem ao câncer colorretal (13.310 casos em homens e de 14.800 em

mulheres). Estes valores correspondem a um risco estimado de 14 casos novos a cada 100

mil homens e 15 para cada 100 mil mulheres. Sem considerar os tumores de pele não

melanoma, o câncer de cólon e reto em homens é o terceiro mais frequente nas regiões Sul

(21 para cada 100.000) e Sudeste (19 para cada 100.000). Para as mulheres, é o segundo

mais frequente nas regiões Sul (22 para cada 100.000) e Sudeste (21 para cada 100.000).

[2] (Figura 1)

Figura 1 – Incidência de câncer no Brasil em 2010 (INCA)

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2.2. TRATO GASTROINTESTINAL

O intestino delgado se une ao intestino grosso no abdômen inferior direito. A primeira

parte mais longa e do intestino grosso é o cólon, um tubo muscular de cerca de 5 metros de

comprimento. Água e nutrientes minerais são absorvidos da matéria alimentar no cólon. Os

resíduos restantes deste processo (fezes) passam para o reto, a porção final de seis

centímetros do intestino grosso, sendo depois expulso pelo ânus.

O cólon tem quatro seções: (Figura 2)

A primeira seção é chamada de cólon ascendente. Ela começa onde o intestino

delgado anexa-se ao cólon e se estende para cima no lado direito do abdômen de

uma pessoa.

A segunda seção é chamada de cólon transverso, pois atravessa o corpo da direita

para o lado esquerdo.

A terceira seção, o cólon descendente, continua para baixo no lado esquerdo.

A quarta seção é conhecida como o cólon sigmoide por causa de seu "S". O cólon

sigmoide se junta ao reto, que por sua vez, se junta ao ânus.

Figura 2 – Anatomia do Sistema Gastrointestinal

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2.3. CÂNCER DE CÓLON E RETO

O câncer colorretal é um câncer que começa no cólon ou no reto. Esses

cânceres também podem ser referidos separadamente como câncer de cólon ou

câncer retal, dependendo de onde eles começam, uma vez que tem muitas

características em comum.

O câncer colorretal geralmente se desenvolve lentamente durante um período de 10 a

15 anos. [40] O tumor normalmente começa como um pólipo benigno. Um pólipo é um

crescimento do tecido que se desenvolve no revestimento do cólon ou do reto que pode se

tornar canceroso. Certos tipos de pólipos, chamados pólipos adenomatosos ou adenomas,

são os mais susceptíveis de se tornarem câncer, embora menos de 10% de adenomas

progridem para câncer. [33] Adenomas são comuns; cerca de um terço à metade de todos

os indivíduos acabará por desenvolver um ou mais adenomas. [3,54]

Cerca de 96% dos cânceres colorretais são adenocarcinomas, que evoluem a partir de

tecido glandular. [56] A grande maioria destes cânceres surge a partir de um pólipo

adenomatoso, que é visível através de uma imagem de raios-x.

A chance do pólipo se transformar em um câncer depende do seu tipo:

Pólipos adenomatosos (adenomas) são pólipos que podem se transformar em

câncer, por isso, são chamados de adenomas uma condição pré-cancerosa.

Pólipos hiperplásicos e pólipos inflamatórios, em geral, não são pré-cancerosos.

Mas acredita-se, atualmente, que alguns pólipos hiperplásicos podem se tornar pré-

cancerosos ou pode ser um sinal de ter um maior risco de desenvolver adenomas e

câncer, particularmente quando estes pólipos crescem no cólon ascendente.

Outro tipo de condição pré-cancerosa é chamada de displasia. A displasia é uma área

no revestimento do cólon ou do reto, onde as células parecem anormais (mas não como as

verdadeiras células cancerosas) quando visto sob um microscópio. Estas células podem se

transformar em câncer com o tempo. [39]

A displasia é geralmente vista em pessoas que tiveram doenças como a colite ulcerativa

ou Doença de Crohn há muitos anos. Ambas causam inflamação crônica do cólon.

As formas de câncer no intestino grosso podem crescer através do revestimento e na

parede do cólon ou do reto. Cânceres que invadem a parede também podem penetrar no

sangue ou nos vasos linfáticos, que são canais finos que retiram resíduos celulares e do

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fluido (Figura 3). As células cancerosas geralmente se espalham, primeiramente, em

nódulos linfáticos próximos, até o momento que entram na corrente linfática e atingem

outros órgãos.

Figura 3 – Desenvolvimento do pólipo e entrada na corrente linfática

2.4. DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL

Pacientes com doenças inflamatórias intestinais (DII) colite ulcerativa (CU) ou colite

de Crohn possuem maior risco de desenvolver câncer colorretal (CRC). Este aumento do

risco é mais provável resultar da inflamação crônica da mucosa gastrointestinal do que de

qualquer predisposição genética clara. A maioria dos cânceres colorretais, em geral,

desenvolve-se a partir de uma lesão precursora displásica. No câncer colorretal esporádico,

o precursor displásico é geralmente o pólipo adenomatoso (adenoma), um foco discreto de

neoplasia que normalmente é removido por polipectomia endoscópica. Entretanto,

pacientes com doenças inflamatórias intestinais desenvolvem lesões displásicas que podem

ser polipóide, plana, localizada, ou multifocal; esses são marcadores de inflamação de

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cólon e de risco aumentado para neoplasia, e muitas vezes indicam a necessidade de

remoção cirúrgica de todo o cólon e reto.

Estas diferenças na morfologia e comportamentos biológicos das lesões não apenas

tornam um desafio para triagem do câncer colorretal entre os pacientes com doenças

inflamatórias intestinais, mas também levantam a questão importante de como a

inflamação crônica contribui para o desenvolvimento do câncer colorretal. A progressão de

adenoma para carcinoma, que ocorre durante o desenvolvimento de um tumor colorretal

esporádico, sugere ser uma sequência: inflamação-displasia-carcinoma em casos de doença

inflamatória intestinal associada ao câncer. [60]

A inflamação crônica pode frequentemente predispor a transformação maligna. [59]

Tal fato é ilustrado pelo aumento na incidência de câncer de intestino em pacientes com

doença inflamatória intestinal. [25] Os mecanismos subjacentes a esta transformação

parecem estar relacionados à resposta anômala do sistema imunológico do hospedeiro às

bactérias intraluminais, juntamente com certa predisposição à alterações genéticas. [67] O

papel da COX-2 é destacado por experimentos que demonstram que camundongos

geneticamente modificados deficientes no gene APC (polipose adenomatosa do cólon), o

qual é classificado como um gene supressor tumoral, quando tratados com um inibidor da

COX-2 ou se eles são COX-2 deficientes parecem ter uma menor taxa de formação de

pólipos. De fato, em alguns casos a regressão de crescimento do pólipo é notada. [36]

As distribuições de idade de adenomas e carcinomas mostram que a prevalência de

ambos aumenta com a idade. [38] Além disso, a distribuição geográfica dos adenomas

colorretais correlaciona-se bem com a distribuição de câncer colorretal em todo o mundo.

[66]

Vários estudos histopatológicos tem demonstrado uma associação entre adenoma e

carcinoma do cólon. Para além da sua distribuição anatômica, a proporção de adenomas foi

mostrada por conter focos carcinomatosos. [46]

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2.5. DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL x CÂNCER COLORRETAL

Diversas linhas de evidência indicam que a inflamação crônica é um fator de risco

para o desenvolvimento de câncer colorretal em pacientes com doença inflamatória

intestinal.[17, 29] O risco aumenta para o desenvolvimento de câncer colorretal quanto

mais longa for a duração da colite (Figura 4). O câncer colorretal é raramente encontrado

em pacientes que tiveram a colite por menos de 7 anos; depois, o risco aumenta a uma taxa

de aproximadamente 0,5% a 1,0% ao ano.

Figura 4 – Inflamação e Alterações Endoteliais

A extensão da colite é outro importante fator de risco, pois quanto mais superfície do

cólon está envolvida com a colite, maior o risco para câncer de cólon. No entanto, os

pacientes nos quais a inflamação está limitada ao reto não tem um aumento significativo no

risco de câncer.

O risco de CRC é muito maior entre o pequeno subconjunto de pacientes portadores de

doença inflamatória intestinal que também têm colangite esclerosante primária, uma

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condição idiopática caracterizada por inflamação crônica dos ductos biliares, o que

também predispõe a câncer do trato biliar.

Alguns estudos relataram que os medicamentos antiinflamatórios, particularmente a

mesalamina e possivelmente corticosteroides reduzem as chances de desenvolvimento de

displasia e câncer colorretal entre os pacientes com doença inflamatória intestinal.

Apesar das evidências relacionando inflamação crônica na patogênese do câncer

colorretal, poucos estudos tem investigado diretamente se o nível de inflamação

correlaciona-se com risco de câncer colorretal em pacientes com doença inflamatória

intestinal. Atividade da doença, medida de acordo para a frequência das exacerbações

sintomáticas, não se correlacionam com a incidência de câncer colorretal. No entanto, pode

ser mais preciso para estimar o grau de inflamação ativa com base em critérios

endoscópicos e / ou histológicos. [17,47]

CRC pode surgir em áreas de colite microscópica que são proximais às áreas de colite

bruta, suportando o conceito que a evidência histológica, ao invés da colonoscópica, da

inflamação é um melhor determinante do risco de câncer. Pacientes com a inflamação mais

severa, muitas vezes sofrem colectomia em estágios iniciais da doença porque não

responderam à terapia médica. Como tais pacientes não estão mais em risco para câncer de

cólon, o que pode dar a falsa impressão de que a colite grave não está associada com risco

aumentado de câncer colorretal. Pacientes nos quais a inflamação ativa se estabelece o

suficiente para evitar a colectomia em estágio inicial, são aqueles que permanecem em

risco para o desenvolvimento de câncer colorretal Assim, apesar da evidência de que a

inflamação ativa, medida histologicamente, é um fator de risco para câncer colorretal, a

maioria dos pacientes com doença inflamatória intestinal que desenvolvem câncer

colorretal tem inflamação quiescente crônica. [43]

2.6. AINEs

Os agentes antiinflamatórios não-esteroidais (AINEs) estão entre os agentes

terapêuticos mais amplamente utilizados no mundo inteiro. Na atualidade, existem mais de

50 AINEs diferentes no mercado.

Praticamente todos os AINEs disponíveis no momento atual, sobretudo os "clássicos",

podem apresentar efeitos indesejáveis significativos, particularmente no indivíduo idoso.

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Os agentes mais recentes apresentam menos reações adversas, que também são menos

graves.

Existem dois tipos de enzimas ciclooxigenase: a COX-1 e COX-2. A COX-1 é uma

enzima constitutiva expressa na maioria dos tecidos, incluindo as plaquetas circulantes.

Desempenha um papel de manutenção no corpo e está envolvida na homeostasia tecidual.

A COX-2 é induzida nas células inflamatórias quando estas são ativadas, e, nesse aspecto,

as citocinas inflamatórias primárias - a interleucina-1 (IL-1) e o fator de necrose tumoral α

(TNF-α) são importantes. Por conseguinte, a COX-2 é responsável pela produção dos

mediadores prostanóides da inflamação. Os AINEs tradicionais de uso corrente são, em sua

maioria, inibidores das isoenzimas, apesar de variarem quanto ao grau de inibição de cada

uma delas. [62]

Já está bem definido que a ação antiinflamatória dos AINEs está principalmente

relacionada à inibição da COX-2, e que, quando utilizados como agentes antiinflamatórios,

seus efeitos indesejáveis - particularmente os que afetam o trato gastrintestinal - decorrem,

em grande parte, da inibição da COX-1. Compostos com ação seletiva sobre a COX-2 já

estão em uso clínico, e existem outros em fase de desenvolvimento. Espera-se que esses

inibidores da COX-2 poderão transformar a abordagem do tratamento das condições

inflamatórias. [26]

As substâncias como os AINEs reduzem principalmente os componentes da resposta

inflamatória e imune em que os produtos da ação COX-2 desempenham uma função

significativa: vasodilatação; edema (através de uma ação indireta: a vasodilatação facilita e

potencializa a ação de mediadores, como a histamina, que aumentam a permeabilidade das

vênulas pós-capilares); dor. [27]

A principal ação dos AINEs consiste em inibir a atividade de metabolização do ácido

araquidônico da COX. (Figura 4) Rang & Dale

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Figura 5 – Cascata do Ácido Araquidônico e Ação dos AINEs

As ciclooxigenases são enzimas bifuncionais que apresentam duas atividades distintas:

a ação principal, que produz PGG2, e uma ação de peroxidase, que converte a PGG2 em

PGH2. Ambos os inibidores da COX-1 e da COX-2 inibem apenas a reação principal de

ciclooxigenação. Tanto a COX-1 quanto a COX-2 estão associadas à membrana, e cada

uma delas consiste num longo canal que termina numa curva, sendo o canal mais largo na

COX-2. A abertura do canal é, em grande parte, hidrofóbica. O ácido araquidônico penetra

no canal é enrolado na curvatura e tem dois oxigênios inseridos e um radical livre extraído,

resultando no anel de 5 carbonos característico das prostaglandinas [21].

Uma explicação simplificada do efeito dos inibidores das enzimas COX é a seguinte.

Os AINEs tradicionais bloqueiam ambas as enzimas à meia-distância do canal através de

ligação de hidrogênio de uma arginina polar na posição 120. Os AINEs atuam, em sua

maioria, de modo reversível, principalmente através da exclusão do araquidonato. [69]

A diferença crucial entre as duas enzimas COX reside na posição 523; nessa posição, a

COX-1 apresenta uma isoleucina volumosa, enquanto a COX-2 tem uma valina – uma

molécula menor que produz uma lacuna, dando acesso a uma bolsa lateral. Acredita-se que

essa bolsa lateral constitua o sítio de ligação dos agentes COX-2-seletivos, que, em geral,

são capazes de atravessar o canal e interagir com a bolsa. Esse aspecto de sua estrutura

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parece constituir a base de seletividade pela COX-2: podem ser muito volumosos para

encaixarem no canal da COX-1 [63].

Em geral, a inibição da COX-1 é instantânea e competitivamente reversível. A

inibição da COX-2 depende do tempo, isto é, seu efeito aumenta com o tempo. Figura 4

Rang & Dale

Figura 6 – Diferença Estrutural entre COX-1 e COX-2

Se a inflamação crônica é a principal causa de câncer colorretal em pacientes com

doença inflamatória intestinal, portanto, suprimindo a inflamação deve-se reduzir o risco

de colite associada ao câncer. No entanto, estudos não demonstraram que os agentes

antiinflamatórios mais comumente usados para tratar as doenças inflamatórias intestinais

tenham efeitos quimiopreventivos contra o câncer. Os efeitos quimiopreventivos dos

compostos derivados da mesalamina (como por exemplo, sulfassalazina e mesalazina)

foram principalmente investigados em análises secundárias e produziram resultados

conflitantes. Em uma revisão sistemática, Velayos et al concluíram que a mesalamina tem

efeitos quimiopreventivos contra o câncer colorretal e a displasia, mas este estudo utilizou

definições heterogêneas de exposição a mesalamina e comparou diferentes desenhos de

estudos (caso-controle, retrospectivo de coorte, análises secundárias) [61] Outros estudos

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que investigaram os efeitos da inflamação na formação da displasia e câncer colorretal não

observaram, efeitos quimiopreventivos independentes dos medicamentos derivados da

mesalamina. Portanto, não é claro se as terapias baseadas na mesalamina são capazes de

evitar a displasia do cólon e câncer colorretal. [44]

Os efeitos anticancerígenos da mesalamina que foram relatados podem ser mediados

por sua capacidade de remover moléculas que causam dano oxidativo à mucosa. Por

exemplo, mesalamina impede a degradação do gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase após

a exposição ao hipoclorito, o mais forte oxidante produzido por neutrófilos. Outros

medicamentos usados para tratar a Doença Inflamatória Intestinal, tais como

metilprednisolona, 6-mercaptopurina, ou metronidazol, não tem a capacidade da

mesalamina de “limpar” as espécies reativas de oxigênio e as de nitrogênio. A

administração retal de mesalamina em pacientes sem doença inflamatória intestinal induziu

apoptose seletiva nas células tumorais, mas não em células epiteliais normais. [6]

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3. OBJETIVO GERAL

Partindo do princípio que o câncer de cólon e reto desenvolve-se a partir de uma

doença inflamatória intestinal, o objetivo deste trabalho é revisar a literatura sobre o uso

dos AINEs como forma de tratamento e/ou prevenção do câncer de cólon.

3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Avaliar a eficácia do tratamento:

com inibidores não-seletivos da COX;

com análogos do ácido 5-amino salicílico (5-ASA);

com inibidores seletivos da COX-2;

4. DISCUSSÃO

4.1. AINES

Evidências indicam, claramente, que os AINEs tem um efeito protetor contra o câncer

colorretal, no entanto, as mais baixas doses eficazes, duração do tratamento, populações-

alvo e os efeitos sobre sobrevivência não foram definidos ainda. [13] Vários estudos

clínicos, epidemiológicos e observacionais tem mostrado que os AINEs podem proteger

contra o câncer colorretal e, substancialmente, reduzir a sua incidência. [15,22]

Há boas evidências, a partir de estudos randomizados, que a ingestão diária de aspirina

previne pólipos colorretais [10] e reduz o risco, em longo prazo, de câncer colorretal.

[22,51] A ingestão diária de aspirina reduz a incidência de câncer colorretal após um

período de cerca de 8-10 anos e reduz a mortalidade após um período de tempo similar,

consistente com a latência esperada antes da manifestação clínica de um efeito prévio na

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carcinogênese. [49] No entanto, a análise do acompanhamento de dados a partir de 51

ensaios de aspirina versus controle mostrou que a aspirina reduziu a mortalidade de todos

os cânceres depois de apenas cinco anos, com reduções no número de mortes ainda

anteriores a esse período do câncer colorretal e outros cânceres com sítio primário

desconhecido, sugerindo um efeito em cânceres que já estavam presentes, embora ocultos.

[50]

Acompanhando os resultados de três grandes estudos de ingestão diária de aspirina

versus controle na prevenção de eventos vasculares, com duração média de 4 anos ou mais,

os resultados mostraram, previamente, que a aspirina reduziu 20 anos a mortalidade

causada por câncer em 20-30%. [49]

A aspirina reduziu a incidência de câncer em mulheres. Apesar do número de cânceres

nos órgãos do sistema reprodutor feminino ser pequeno, observa-se uma tendência para

menos mortes e uma redução significativa nos eventos fatal ou não fatal a partir de três

anos em diante. [5]

4.2. Mesalazina

Os objetivos da terapia medicamentosa na doença inflamatória intestinal são a indução

e manutenção da remissão, atingir a cicatrização da mucosa, evitar a intervenção cirúrgica

e diminuir a probabilidade de desenvolver câncer como resultado da inflamação crônica.

Mesalazina, também conhecida como mesalamina ou Ácido 5-aminossalicílico (5-

ASA), é útil no controle da inflamação ativa, mantendo remissão e para quimioprevenção.

Tem a vantagem de ser, geralmente, bem tolerada e segura para uso em longo prazo com

dosagem flexível, por isso é o tratamento de primeira linha para doença inflamatória

intestinal. [57]

O mecanismo de ação da mesalazina como um agente antiinflamatório é muito

variado. Ela parece atuar localmente na mucosa do cólon reduzindo a inflamação através

de uma variedade de processos antiinflamatórios. Diversos potenciais alvos da ação da

mesalazina tem sido propostos. A hipótese atual é que o 5-ASA ativa uma classe sintética

de receptor nuclear. [19]

O receptor ativado pelo proliferador de peroxissoma (PPAR)-gama é um receptor

chave que medeia o efeito da terapia medicamentosa com mesalazina no tratamento da

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doença inflamatória intestinal reprimindo vários genes-alvo, como o fator nuclear B,

transdutores de sinal e ativadores da transcrição. Tem um papel na regulação da inflamação

intestinal e é altamente expresso no cólon, onde as células epiteliais e macrófagos são as

principais fontes celulares deste receptor nuclear. PPAR-gama também está envolvido na

proliferação celular, apoptose e na modulação da produção de citocinas e efeitos

antitumorigenicos. Portanto, PPAR-gama pode formar a base para estratégias

quimiopreventivas contra o câncer colorretal. [52]

No entanto, mecanismos adicionais de ação da mesalazina tem sido descritos. Estes

incluem a inibição de mediadores da lipoxigenase e ciclooxigenase, a interleucina-1,

interleucina- 2 e fator de necrose tumoral-alfa (TNF-α). A mesalazina também tem sido

reconhecida como um potente antioxidante eliminando os radicais livres. [31]

Sendo a inflamação crônica a causa principal do câncer colorretal em pacientes com

doença inflamatória intestinal, logo foi pensado que, com a supressão da inflamação,

deveria haver a diminuição do risco de ocorrência de câncer associado à colite. No entanto,

estudos não demonstraram que os medicamentos antiinflamatórios mais comumente

utilizados para tratar a doença inflamatória intestinal tem efeitos quimiopreventivos contra

o câncer. [20] Os efeitos quimiopreventivos dos compostos de mesalamina (sulfasalazina e

mesalamina) tem sido principalmente investigados em post-hoc, análises secundárias, e

produzido resultados conflitantes. Em uma revisão sistemática, Velayos et al concluíram

que a mesalamina tem efeitos quimiopreventivos contra o câncer colorretal e displasia

(odds ratio = 0,51), mas este estudo utilizou definições heterogêneas de exposição a

mesalamina e comparou estudos de diferentes projetos (caso-controle, coorte retrospectiva,

secundário análises). Outros estudos que investigaram os efeitos de inflamação na

formação de displasia e câncer colorretal não observaram efeitos quimiopreventivos de

medicamentos baseados na mesalamina. [53,61] Portanto, não é claro se as terapias

baseadas na mesalamina previnem a displasia do cólon e o câncer colorretal.

Os efeitos anticancerígenos de mesalamina que tem sido relatados podem ser

mediados pela sua capacidade em eliminar moléculas que causam dano oxidativo para a

mucosa. Por exemplo, mesalamina previne a degradação de gliceraldeído-3-fosfato

desidrogenase após exposição ao hipoclorito, o mais forte oxidante produzido pelos

neutrófilos. [44] A administração retal de mesalamina em pacientes sem doença

inflamatória intestinal induziu apoptose seletivamente nas células tumorais, mas não em

células epiteliais normais circundantes. [6]

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Mesalamina pode também inibir a ativação de β-catenina em células epiteliais do

cólon (a qual promove a neoplasia do cólon), independente dos seus efeitos

antiinflamatórios. [4]

Os compostos baseados na mesalamina podem também afetar o ciclo celular; a

sinalização pelo fator de necrose tumoral alfa (TNF-α); a atividade do fator de transcrição

nuclear (NF-κB) e a atividade antimicrobiana. [41]

4.3. COX-2

O metabolismo do ácido araquidônico produz mutagenes. Alguns subprodutos da

oxidação de ácido araquidônico tal como o malondialdeído são altamente reativos

quimicamente e formam adutos com DNA. A capacidade demonstrada das enzimas COX

em ativar uma variedade de agentes carcinógenos ambientais e alimentares indica um papel

potencial para a COX na ativação de via de aromáticos e aminas heterocíclicas e

hidrocarbonetos policíclicos em sítios extra-hepáticos durante estágios precoces ou tardios

da carcinogênese. [68]

A primeira evidência ligando COX-2 a carcinogênese surgiu de estudos sobre o câncer

colorretal. [18] O papel da COX-2 é realçado por experimentos que demonstram que

camundongos geneticamente deficientes no gene APC, quando tratados com um inibidor

de COX-2, ou mesmo se forem deficientes de COX-2, parecem ter uma menor taxa de

formação de pólipos. Realmente, em alguns casos a regressão do crescimento dos pólipos é

notada. [36]

O mecanismo de como a superexpressão de COX-2 conduz para alterações

carcinomatosas eventuais ainda necessita ser determinado plenamente, no entanto, há

evidências que sugerem que atua através de numerosos mediadores dowstream. A COX-2

converte o ácido araquidônico em prostaglandinas (PG) primariamente PGG2, que é

regulada por PG sintases específicas para produzir, pelo menos, cinco moléculas

estruturalmente relacionadas: PGE2, PGD2, PGF2α, PGI2 e tromboxano A2 (TXA2). Estudos

sobre os efeitos dowstream da COX demonstraram que a PGE2 desempenha um papel

crucial na carcinogênese. Este é acreditado pela ação da PGE2 em seus receptores, que

medeiam a proliferação celular e a promoção de angiogênese. [14,64]

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A partir do momento da descoberta que os agentes quimioterápicos e a terapia com

radiação melhoram a expressão da proteína COX-2 em células cancerosas humanas, que

por sua vez resulta na resistência à terapia, logo cogitou a importância em determinar se os

COXIBs (agentes que bloqueiam seletivamente a COX-2) aumentam a

quimiosensibilidade e radiossensibilidade das células tumorais. Estudos pré-clínicos

mostraram que o celecoxib potencializou os efeitos da radioterapia [12] e um tratamento de

associação entre celecoxib com oxalipatin teve efeitos sinérgicos sobre a inibição do

crescimento do tumor em camundongo com um modelo de xenoenxerto de câncer de cólon

humano. [70] Tratamento mais interessante, combinado com S1 (uma droga fluoropirizina

oral) e um COXIB reprimiu mais eficazmente a metástase hepática de células de câncer

colorretal do que sozinhos num modelo de camundongo nude de metástases do fígado. [58]

As prostaglandinas derivadas da COX-2 estão envolvidas numa variedade de

processos patológicos, incluindo a doença inflamatória intestinal e o câncer colorretal.

[7,64] Vários estudos tem tentado identificar quais das prostaglandinas estão diretamente

envolvidas na doença inflamatória intestinal e no câncer colorretal. Várias linhas de

evidência tem demonstrado que a PGE2 medeia os efeitos pró-inflamatórios e pró-tumorais

da COX-2 na doença inflamatória intestinal e no câncer colorretal. [8]

Uma pesquisa recente determinou que a PGE2 é um mediador chave da doença

inflamatória intestinal. Em um modelo experimental para a doença inflamatória intestinal,

PGE2 parece ter um efeito duplo. Elevados níveis de PGE2 exacerbam o processo

inflamatório. [55] Por outro lado, a sinalização por PGE2 é necessária para suprimir

sintomas da colite e proteger a mucosa de possíveis danos através da manutenção da

integridade da parede intestinal epitelial, presumivelmente através do reforço de

sobrevivência epitelial e regeneração. [30]

Apesar da PGE2 ser também importante na manutenção da função de barreira

gastrointestinal e sua integridade, a sua produção elevada dentro da mucosa gastrointestinal

provavelmente contribui para a patogênese do câncer. [16] Sendo a PGE2 a mais abundante

prostaglandina encontrada no câncer colorretal humano, ela desempenha um papel

predominante na promoção do crescimento do tumor colorretal. [48] Estudos recentes

demonstraram que o tratamento com PGE2 aumentou drasticamente os adenomas tanto no

intestino grosso, quanto no delgado, reforçando a incidência e multiplicidade de tumores

no cólon. [32] Atualmente, vem se evidenciando a importância da PGE2 por promover o

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crescimento do tumor colorretal por estimulação: da angiogênese, da invasão celular, do

crescimento celular e da sobrevivência. [65]

A expressão aumentada de COX-2 em tecido de câncer colorretal está relacionada com

a metilação da região promotora, que pode estar associada à perda da expressão gênica. [9]

A expressão de COX-2 em tecido de cólon normal, também foi significativamente maior

em pacientes com tumores de alta expressão de COX-2. Isso aponta para a possibilidade,

que a mucosa ou o tecido do cólon inteiro podem ser alterados como um fenômeno geral

em pacientes com certo tipo de tumores de cólon; o que pode ser resultado da ativação

inflamatória de algum tipo de flora bacteriana. [1]

A expressão aumentada de COX-2 tem sido observada não só em células cancerosas,

mas também em macrófagos ou outras células não cancerosas na região do tumor. [2] Na

verdade, a inflamação é considerada como uma possível iniciadora do câncer colorretal,

mas não é necessária para promover o seu crescimento. Portanto, a expressão de COX-2

predominante nas células inflamatórias estimularia o uso de inibidores seletivos da COX-2

como uma maneira quimiopreventiva. [24]

Associações entre inibidores seletivos da COX-2 com a radioterapia tem também

mostrado um efeito sinérgico sobre o crescimento e o desenvolvimento tumoral in vitro.

Um estudo investigou se SC-236, um inibidor seletivo de COX-2, potencializa a eficácia

antitumoral da radiação. Camundongos portadores de sarcoma nas patas traseiras foram

tratados diariamente durante 10 dias com SC-236 (6 mg/kg). SC-236 inibiu o crescimento

tumoral por si próprio e também potencializou o efeito de irradiação do tumor. [35]

A superexpressão de COX-2 está claramente associada com a carcinogênese em

muitos tipos de câncer, mas uma ligação causal ainda precisa ser demonstrada. O recente

uso de inibidores seletivos da COX-2 na terapia anticâncer tem demonstrado resultados

promissores, mas que ainda requerem confirmação adicional. A COX-2 é um alvo para a

terapia anticâncer mas, mais do que apenas um alvo, a COX-2 é também um sinal que

aponta para a chave do processos de carcinogênese A inibição da COX-2 pode fornecer

uma terapia muito significativa para uma grande proporção dos pacientes. [24]

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4.4. Angiogênese

O crescimento de tumores sólidos e a formação de metástases dependem da geração de

novos vasos sanguíneos. As células tumorais produzem inúmeros fatores que garantem o

crescimento dos vasos sanguíneos. Alguns fatores conhecidos que promovem a

angiogênese são o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), fator de crescimento

de fibroblastos básico (bFGF) e fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF). As

prostaglandinas derivadas da COX-2 contribuem para o crescimento do tumor por indução

de angiogênese que sustentam o crescimento e a viabilidade celular do tumor. A COX-2 é

expressa dentro da neovasculatura tumoral humana, bem como nas células neoplásicas

presentes no cólon, mama, próstata e biópsia de câncer de pulmão. [23]

Os efeitos proangiogênicos de COX-2 são mediados principalmente por três produtos

do metabolismo do ácido araquidônico: TXA2, PGI2 e PGE2. As ações proangiogênicas

destes incluem: (1) produção de VEGF, (2) promoção de germinação vascular, a migração

e a formação do tubo (3); reforço da sobrevivência celular endotelial; (4) indução de

metaloproteinases de matriz; (5) a ativação de angiogênese mediada por receptor do fator

de crescimento epidérmico e (6) supressão da produção de interleucina- 12. [34]

A inibição seletiva da atividade da COX-2 tem sido mostrada por suprimir a

angiogênese in vitro e in vivo. Evidências recentes sugerem um papel da COX no processo

de angiogênese. Num modelo de rato de angiogênese, foi observado que a formação de

vaso sanguíneo da córnea foi suprimida por celecoxib, mas não por um inibidor de COX-1.

[42] Migração endotelial e angiogênese da córnea são similarmente inibidas por um

antagonista do receptor de TXA2, SQ29548. Um agonista do TXA2, U46619, reconstitui

tanto a migração e as respostas à angiogênese estando a COX-2 inibida. Estes resultados

identificam o TXA2 como um produto da COX-2 que funciona como um intermediário

crítico da angiogênese. [11]

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5. CONCLUSÃO

A partir da revisão da literatura sobre o uso dos AINEs como forma de tratamento e/ou

prevenção do câncer colorretal, podemos concluir que eles são efetivos no combate à

inflamação – a causa primária do câncer colorretal, quando utilizados em uma terapêutica

em longo prazo.

Em relação às classes dos AINEs, podemos concluir que, dentre os inibidores não-

seletivos da enzima COX, a aspirina tem sido usada com sucesso na prevenção do câncer

colorretal em longo prazo. A Mesalazina, apesar de ser uma nova terapia medicamentosa,

seus resultados recentes sugerem que há um efeito quimiopreventivo, pelo combate efetivo

à inflamação. Os inibidores seletivos da COX-2 tem demonstrado resultados promissores,

mas que ainda requerem confirmação adicional.

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