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Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de Análise das Demonstrações Contábeis: Abordagem Tradicional Integrada com Modelo Fleuriet Hurgor Kitzberger São Paulo 2003 Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE

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Centro Universitário Nove de Julho

UNINOVE

Proposta de Análise das Demonstrações Contábeis: Abordagem Tradicional Integrada com Modelo Fleuriet

Hurgor Kitzberger

São Paulo

2003

Centro Universitário Nove de Julho

UNINOVE

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Proposta de Análise das Demonstrações Contábeis: Abordagem Tradicional Integrada com Modelo Fleuriet

Hurgor Kitzberger

Orientadora: Profª Drª Ana Carolina Spolidoro Queiroz

Dissertação apresentada como parte das exigências para obtenção do título de Mestre Profissional em Administração.

São Paulo

2003

Kitzberger, Hurgor

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Proposta de análise das demonstrações contábeis : abordagem tradicional integrada

com o modelo Fleuriet / Hurgor Kitzberger.__ São Paulo : Centro Universitário Nove

de Julho, 2003.

113 p. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Centro Universitário Nove de Julho, 2003

Orientador: Ana Carolina Spolidoro Queiroz

1. Contabilidade 2. Demonstrações contábeis 3. Análise de balanço I. Centro

Universitário Nove de Julho – Mestrado Profissional II. Título.

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Banca Examinadora

Profª Drª Ana Carolina Spolidoro Queiroz

Prof. Dr. Clóvis Luís Padoveze

Prof. Dr. Gideon Carvalho de Benedicto

Dedicatória

À minha esposa Rosely, aos meus filhos

Anieli, Rodrigo, Rodolfo e José Augusto

pela compreensão e paciência que

tiveram durante a realização deste

trabalho.

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Agradecimentos

Ao Deus do meu coração e da minha compreensão

por me ter dado saúde, força e luz para realizar

este trabalho;

Aos meus pais, Augusto (in memoriam) e Maria

de Lourdes; a educação que vocês me deram,

permitiu-me chegar até aqui;

À minha família pela compreensão dos muitos fins

de semana e noites ausentes para efetivação do

curso ;

A minha orientadora Profª Drª Ana Carolina

Spolidoro Queiroz, pelo acompanhamento e

dedicação.

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Resumo

Proposta de Análise das Demonstrações Contábeis: Abordagem

Tradicional Integrada com Modelo Fleuriet

O entendimento das Demonstrações Contábeis, mais especificamente

o Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício são de

fundamental importância para toda a análise de balanços. Através do

entendimento da estrutura contábil das demonstrações é que se podem

desenvolver avaliações mais precisas das empresas. O processo de análise

requer conhecimentos sólidos da forma de contabilização e apuração das

demonstrações contábeis, sem os quais ficam seriamente limitadas as

conclusões extraídas sobre o desempenho da empresa. Os diversos aspectos

básicos dos objetivos da análise de balanços, as diferentes expectativas de

seus usuários e a descrição das técnicas científicas mais adotadas da análise

tradicional são evidenciadas neste trabalho. Michel Fleuriet e outros

desenvolveram um modelo de administração do capital de giro, que tem sido

denominado de Análise Financeira Dinâmica, que retoma o tema da liquidez e

seus indicadores, sugerindo uma abordagem nova e diferente da abordagem da

análise de balanço tradicional. Para desenvolver seu modelo, Fleuriet separa os

elementos do giro, classificando-os em dois tipos em relação ao seu

comportamento com o ciclo operacional, tais como: a) contas cíclicas, ou seja,

contas de natureza operacional;e b) contas erráticas, ou seja, as demais contas

do circulante. Nessa linha de raciocínio analisou-se o “Modelo Tradicional” e o

“Modelo Fleuriet”, e propõe-se o “Modelo Integrado” para análise das

demonstrações contábeis na administração e planejamento da empresa,onde

se utiliza elementos da metodologia desenvolvida por Fleuriet, dentro da

concepção tradicional da Análise de Balanços, complementando-se ainda o

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modelo assim desenvolvido com as abordagens do EBITDA e do método do

Valor Econômico Agregado – EVA.

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ABSTRACT

A PROPOSAL FOR THE ACCOUNT DEMONSTRATION: THE TRADITIONAL

APPROACH INTEGRATED WITH THE FLEURIET MODEL

The understanding of the account demonstrations, mainly the balance

sheets and the income statements, are of great importance in all balance analysis.

A more precise valuation can be made, through the understanding of the account

structure of demonstration. The analysis process asks for a very solid knowledge

about the accounting system and the finding out of these demonstrations. In fact,

without them, the conclusions about the performance of the organizations will be

seriously limited. The various aspects of the purposes from the balance analysis,

the different expectations and the description of the scientific techniques that are

used in the traditional methods of analysis, which are adopted in most of the cases,

are shown in this work. Michel Fleuriet and others developed a model, called

“Dynamic Financial Analysis”, for the administration of the turnover capital. This

model retakes the theme of profitability and its indicators, which suggests a new

and different approach from the traditional balance analysis. To develop his model,

Fleuriet separates the components of the turnover, classifying them in two groups,

according to its conduct referred to the operational cycle, which are: a) Cyclic

accounts, which are the operational ones; and b) Erratic accounts, which are all the

other accounts of the assets. Following this way of reasoning, in the work the

“Traditional Model” and the “Fleuriet Model” was analyzed, and an “Integrated

Model”, which uses some elements of Fleuriet methodology in the traditional

model, as well as the approaches from the EBITDA and EVA, is being proposed for

the analysis of the account demonstration, in order to help in organizations

planning and management.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................1 CAPÍTULO 1 – IDENTIFICAÇÃO DA ANÁLISE.................................6 1.1 O Balanço Patrimonial e sua Estrutura.........................................6 1.2 A Demonstração do Resultado do Exercício.................................9 1.3 Raciocínio Científico......................................................................12 1.4 Necessidade da Análise................................................................15 1.5 Limitações da Análise....................................................................17 CAPÍTULO 2 – ANÁLISE FINANCEIRA TRADICIONAL.....................20 2.1 Introdução......................................................................................20 2.2 Análise Vertical..............................................................................21 2.3 Análise Horizontal..........................................................................23 2.4 Indicadores Econômicos – Financeiros.........................................24 2.5 Conclusão de Análise....................................................................47 CAPÍTULO 3 – ANÁLISE DO MODELO FLEURIET............................52 3.1 Conceito do Modelo Fleuriet..........................................................52 3.2 As Quatro Variáveis.......................................................................53 3.3 O Efeito – Tesoura.........................................................................64 3.4 Conclusão de Análise....................................................................65

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CAPÍTULO 4 – INVESTIMENTOS......................................................69 4.1 Decisão..........................................................................................70 4.2 Meta do Planejamento...................................................................73 4.3 Custo de Oportunidade..................................................................75 4.4 Taxa Mínima de Retorno................................................................78 4.5 EBITDA - Lucro antes dos Juros, Impostos , Depreciações e Amortizações.......................................................80 4.6 EVA – Valor Econômico Agregado ou Adicionado

(Economic Value Added)..........................................................….82 CAPÍTULO 5 - MODELO INTEGRADO DE ANÁLISE CONTÁBIL DE BALANÇO......................................86 5.1 Modelos......................................................................................86 5.2 Painel de Indicadores Integrando o Método de Análise Tradicional e o Método de Fleuriet..............................................94 5.3 Aplicação Numérica....................................................................96 5.4 Contribuições..............................................................................99 CONCLUSÃO..................................................................................101 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................104 ANEXO ...........................................................................................108

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LISTA DE QUADROS

Quadro: Página

1 Esquema do Balanço Patrimonial 7

2 Esquema Geral da Demonstração de Resultados do Exercício 10

3 Análise das Demonstrações Contábeis e o processo

de tomada de decisão 13

4 Du Pont – retorno sobre o investimento - 31/12/x0 45

5 Du Pont – retorno sobre o investimento - 31/12/x1 46

6 Reclassificação de Balanço na abordagem dinâmica

do Modelo Fleuriet 55

7 Necessidade Líquida de Capital de Giro – exemplo 1 57

8 Necessidade Líquida de Capital de Giro – exemplo 2 58

9 Necessidade Líquida de Capital de Giro – exemplo 3 59

10 Necessidade Líquida de Capital de Giro – exemplo 4 60

11 Necessidade Líquida de Capital de Giro – exemplo 5 61

12 Modelo Fleuriet – Balanço Patrimonial 65

13 EBITDA 81

14 Aplicação Numérica do EVA 84

15 Modelo de Decisão 89

16 Painel Comparativo Modelo Tradicional/Modelo Fleuriet 91

17 Painel de Indicadores Integrando Análise Tradicional/Modelo Fleuriet 92

18 Painel de Indicadores Integrando Análise Tradicional/Modelo Fleuriet 96

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INTRODUÇÃO

Para o bom desempenho de uma organização, muitas vezes torna-se necessário uma visão mais aprofundada sobre os

resultados por ela obtidos, bem como de seu desempenho, de modo a se detectar os pontos fortes e fracos de seu processo operacional

e financeiro, objetivando propor alternativas de curso futuro a serem tomadas e seguidas pelos gestores. Assim sendo, seria possível

obter uma avaliação mais detalhada da situação da empresa, em todos aqueles aspectos desejados.

O procedimento mais utilizado para essa avaliação é feito através da análise das informações contidas nas

demonstrações contábeis. Nesse processo, o analista deve valer-se de uma série de cálculos matemáticos, traduzindo as demonstrações

contábeis em indicadores. Os indicadores buscam evidenciar as características dos principais inter-relacionamentos existentes entre o

balanço patrimonial, que apresenta uma visão estática e momentânea da empresa, e a dinâmica representada pela demonstração de

resultados.

Em 1986, na UNIMEP - Universidade Metodista de Piracicaba – São

Paulo, na disciplina Análise das Demonstrações Financeiras, quando se

discorria sobre a análise efetuada no Balanço Patrimonial e na Demonstração

do Resultado do Exercício, apresentava-se a metodologia tradicional, isto é,

começando-se através da análise vertical e horizontal, e posteriormente

calculando-se os indicadores econômico-financeiros (liquidez corrente, liquidez

seca, liquidez imediata e liquidez geral, endividamento e rentabilidade) . Esta

metodologia tem em seu bojo central os indicadores de liquidez, principalmente

o de liquidez corrente, que representa, em dado momento nas demonstrações

estáticas, a capacidade de pagamento da empresa, bem como a avaliação do

lucro do investimento, através do índice de rentabilidade do Patrimônio Líquido.

Desta forma, a análise contábil-econômica constitui-se num processo

de meditação sobre as demonstrações contábeis, objetivando a avaliação da

situação da situação da empresa, em seus aspectos operacionais, econômicos,

patrimoniais e financeiros, e conseqüentemente tornando-se importante

instrumento de gestão. Vale ressaltar que a análise das demonstrações

contábeis é comumente chamada de análise financeira ou de balanço, sendo

mais conhecida como análise de balanço. Neste trabalho as três expressões

citadas são igualmente utilizadas.

Ora, nos meios acadêmicos é comum o questionamento de que outra

metodologia melhor adaptar-se-ia na análise contábil–econômica, visando à

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avaliação da empresa. Assim sendo, partiu-se desta discussão genérica para

estabelecer o tema deste trabalho, voltado à comparação entre modelos de

análise das demonstrações financeiras passíveis de orientar o processo

decisório de uma organização.

Tendo este assunto amadurecido, aproveitou-se a oportunidade para

discutir nesta dissertação de mestrado outros modelos e alternativas de análise

existentes, tais como:

a) Modelo do Professor Fleuriet;

b) Análise de Investimentos;

c) EBITDA – Lucro antes dos Juros, Impostos, Depreciações e Amortizações

(Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization);

d) EVA – Valor Econômico Agregado ou Adicionado (Economic Value Added)

O modelo do Professor FLEURIET, também conhecido como modelo de necessidade de investimento em giro,

propõe-se a analisar o investimento em capital de giro e sua administração, a partir das informações obtidas através das

demonstrações contábeis.

A Análise de Investimentos tem sua idéia central focada no fluxo de caixa

descontado a uma taxa de atratividade. Os administradores estão continuamente

buscando ativos tangíveis e intangíveis que possam aumentar o valor de suas

empresas e resultar em uma valorização da riqueza dos acionistas. Elaborar a

Análise de Investimentos significa identificar oportunidades potenciais de

investimento, e atribuir valores a elas, de forma que a administração possa tomar

decisões acertadas.

EBITDA é um conceito de geração bruta operacional de lucro. Não considera resultados

não operacionais, e adiciona ao lucro operacional as depreciações e amortizações. Em

síntese, o EBITDA é o lucro operacional mais as depreciações e amortizações.

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EVA é um conceito de custo de oportunidade, ou lucro residual, que foi retomado

mais recentemente. O conceito de custo de oportunidade é um conceito tradicional da

teoria econômica, mas que nem sempre tem sido adotado em todas as empresas. Este

conceito significa, em linhas gerais, que há realmente valor adicionado à empresa, caso

o lucro líquido após o imposto de renda seja superior à um determinado custo de

oportunidade de capital. O custo de oportunidade de capital é considerado como o lucro

mínimo que a empresa deveria ter para remunerar adequadamente o investimento do

acionista.

Sendo assim, este estudo efetua a comparação entre dois modelos de análise, que podem

orientar o decisor da empresa:

a) modelo de análise tradicional;

b) modelo de análise do Professor Fleuriet.

Estes modelos são analisados em sua estruturação conceitual, aplicabilidade e

limitações, e posteriormente são comparados para a formulação de uma proposta de

modelo conceitual de análise contábil-econômica.

Tal proposta é apresentada de forma sistêmica ao final desta dissertação, quando são

descritas as etapas conceituais necessárias para sua operacionalização e incorpora as

vantagens da simulação de resultados a partir do Balanço Patrimonial e da

Demonstração de Resultados. Também, ao final, a aplicação numérica é feita no modelo

proposto mostrando seus pontos fortes e contribuições. Não se tem a pretensão de eleger

um modelo ideal. Tão pouco se tem a pretensão de que seja possível obter um modelo

auto-aplicável.

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O objetivo desta investigação, portanto, é o de propor um modelo

conceitual de análise contábil-econômica, que incorpore a simulação de

resultados a partir dos principais instrumentos de demonstrações financeiras.

Justifica-se esse objetivo por quanto acima comentado, isto é, pela necessidade

que as organizações mais e mais vem apresentando, de obterem dados que

não apenas mostrem uma fotografia estática de sua capacidade de pagamento

em um dado momento, mas sim de um instrumento que lhes permita avaliar

com razoável grau de certeza, a situação da empresa em todos os seus

aspectos, seus resultados e desempenho, e seus pontos fortes e fracos, no que

se refere a seu processo operacional e financeiro.

A metodologia utilizada foi a de pesquisa bibliográfica, uma vez que se procurou

relacionar os conceitos atuais sobre análise de balanço e modelos desenvolvidos com

essa finalidade através da consulta a livros, artigos e outros estudos que tratam deste

assunto. Procurou-se também associar um caráter exploratório ao estudo, propondo-se

linhas básicas para o desenvolvimento de modelos que poderão ser utilizados em estudos

futuros, relacionados à administração do capital de giro.

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CAPÍTULO 1

IDENTIFICAÇÃO DA ANÁLISE

1.1 O Balanço Patrimonial e sua Estrutura

A estrutura do balanço, na forma de sua exposição oficial, tem que

estar em concordância com a Lei 6.404/76, das sociedades anônimas. A

legislação foi estendida aos demais tipos de sociedades. Assim, temos hoje

uma padronização das demonstrações contábeis, de acordo com o artigo 179.

A legislação prevê as seguintes peças contábeis: Balanço Patrimonial,

Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados ou Demonstração das

Mutações do Patrimônio Líquido, Demonstração do Resultado do Exercício,

Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos e Notas Explicativas. O

Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício terão a maior

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atenção em nosso trabalho, em atendimento a finalidade desse estudo. As

contas agregadas têm a classificação, indicada no quadro 1, a seguir:

Quadro 01 - Esquema do Balanço Patrimonial

Ativo Passivo Circulante Circulante Realizável a Longo Prazo Exigível a Longo Prazo Permanente Resultados de Exercícios Futuros Patrimônio Líquido

De acordo com a Lei 6.404 de 15/12/76, no Ativo Circulante são classificados

os seguintes parâmetros:

- As disponibilidades, que compreendem o dinheiro em caixa, os depósitos

bancários à vista e títulos vinculados ao mercado aberto .

- Os direitos realizáveis nos doze meses seguintes à data do balanço, tais

como: a) contas de clientes, b) contas correntes, c) títulos a receber, d)

impostos a recuperar; e, e) quaisquer outros créditos.

- Os estoques de mercadorias, produtos acabados e em elaboração, e matéria-

prima.

- O valor das despesas já realizadas, mas que se refiram a exercício seguinte.

No Realizável a Longo Prazo, aborda-se:

- Quaisquer direitos realizáveis a prazos superiores a 12 meses e também os

créditos junto a empresas coligadas ou controladas, contas de diretores e de

acionistas.

No Ativo Permanente, classifica-se:

a) Investimentos

- As participações permanentes em outras sociedades.

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- Outros investimentos não classificável no ativo circulante e que não se

destinem à manutenção da empresa.

b) Imobilizado

- Os bens destinados à manutenção e à produção da empresa, como os

imóveis, máquinas, veículos, móveis e utensílios etc.

c) Diferido

- O valor das despesas já realizadas, mas que influirão no resultado de mais

um exercício, isto é, serão amortizadas em mais de um ano.

No Passivo Circulante, aborda-se:

- As obrigações em geral, vencíveis nos 12 meses seguintes a contar da data

do balanço.

No Passivo Exigível a Longo Prazo, coloca-se:

- As obrigações vencíveis a mais de 12 meses, também a contar da data do

balanço.

Em Resultados de Exercícios Futuros:

- As receitas referentes a exercícios futuros, diminuídas dos custos ou

despesas correspondentes.

No Patrimônio Líquido classifica-se:

a) O capital social, diminuído das parcelas ainda não realizadas;

b) As reservas de capital;

c) As reservas de reavaliação;

d) As reservas de lucros;

e) Os lucros acumulados;

f) Por dedução, os prejuízos acumulados;

g) Por dedução, as ações em tesouraria.

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1.2 A Demonstração do Resultado do Exercício (D.R.E)

A Demonstração do Resultado do Exercício, peça contábil de

fundamental importância para a análise de balanço, vem assim exposta,

conforme mostra o Quadro 2:

Quadro 02 – Esquema Geral da D.R.E.

Receita Operacional Bruta (-) Deduções (=) Receita Líquida Operacional (-) Custo das Mercadorias Vendidas (=) Lucro Bruto (-) Despesas Operacionais (=) Lucro ou Prejuízo Operacional (+/-) Receitas e Despesas não Operacionais (+/-) Correção Monetária do Balanço (=) Lucro ou Prejuízo antes do Imposto de Renda Contribuição Social (-) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social (=) Lucro Final

A receita bruta das vendas e serviços, é constituída pelo valor bruto

faturado. O faturamento representa o ingresso bruto de recursos externos

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provenientes das operações normais de venda a prazo ou à vista, no mercado

interno e externo, de produtos, mercadorias ou serviços.

As deduções ou devoluções, descontos e impostos, são valores

incidentes sobre as vendas.

A receita líquida operacional, que é a diferença entre os dois itens

anteriores.

O custo dos produtos, mercadorias e serviços vendidos, que

compreende todos os custos de produção de bens e serviços, aquisição de

mercadorias líquidas dos impostos recuperados.

O lucro bruto, que é o resultado da receita líquida operacional menos o

custo dos produtos, mercadorias e serviços vendidos.

As despesas com vendas, despesas financeiras (deduzidas as receitas

financeiras), despesas administrativas e outras despesas operacionais;

O lucro ou prejuízo operacional, que é o resultado do lucro bruto menos as

despesas operacionais

As receitas e despesas não operacionais, que compreendem resultados

eventuais, basicamente oriundos da alienação de ativos permanentes.

O saldo da conta de correção monetária do balanço, quando obrigatória

por lei. Esta obrigatoriedade está suspensa desde 31.12.95 pela lei 9.249/95

O lucro ou prejuízo antes do imposto de renda e contribuição social, que é

o resultado obtido antes da apuração dos impostos sobre o lucro.

A provisão para imposto de renda e contribuição social, que são os

impostos incidentes sobre o lucro líquido.

A participação (nos lucros) dos administradores, empregados e partes

beneficiárias; e contribuições para fundos de assistência ou previdência de

empregados.

O lucro ou prejuízo líquido do exercício que é o resultado final das

operações da empresa e lucro ou prejuízo por ação do capital social; que

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consiste apenas numa informação complementar para empresas constituídas

juridicamente como sociedade anônima, não sendo aplicável para outras

formas de pessoas jurídicas.

Esta estrutura, exposta na Lei 6.404/76, tem o caráter de atender o usuário

externo da informação contábil. Diante disto surge dois grupos de usuários da

informação: o interno que são os dirigentes da empresa e seus funcionários; o externo

que são os órgãos governamentais, os acionistas que não participam da administração, os

bancos, fornecedores e credores, e outros que desejam conhecer os dados da empresa

para futuras negociações; sintetizando: fornecedores interessados em liquidez,

rentabilidade, endividamento; clientes interessados em segurança no fornecimento;

bancos comerciais interessados em liquidez e endividamento; bancos de investimentos

interessados em situação futura, tendência; concorrentes interessados em eficiência,

pontos fortes e fracos; governo interessado em evolução setorial, tributação; dirigentes

interessados em instrumento para tomada de decisão; proprietários interessados em

crescimento do lucro, dividendos e valor do negócio; empregados interessados em

garantia do emprego e progresso profissional.

A informação contábil para uso interno e análise pode ser trabalhada com estrutura

diferenciada, objetivando maior visão analítica e adaptação à cada empresa. Em outras

palavras, o Balanço Patrimonial e a D.R.E. podem ser reclassificados obtendo-se assim

uma evidenciação mais precisa e adequada ao usuário interessado. São exemplos: a

conta duplicatas a receber apresenta as contas provisão para devedores duvidosos e

títulos descontados deduzidos do seu total; com a reclassificação a conta títulos

descontados vai para o passivo circulante, mostrando o total de recursos captados nessa

modalidade e fazendo parte do total de compromissos assumidos pela empresa. Após

este ajuste a conta duplicatas a receber fica espelhada apenas com a dedução da conta

provisão para devedores duvidosos; outro exemplo pode ser a reclassificação das

despesas e receitas financeiras, excluindo-as do lucro operacional, tratando-as como

itens distintos na D.R.E.

1.3 Raciocínio Científico

A análise de balanços baseia-se no raciocínio científico dentro de um

modelo de processo de análise. Um exemplo deste modelo pode ser

visualizado na Figura 01. Para a análise, a necessidade de compreender cada

item do balanço, tendo que decompô-lo nas partes que o formam, para melhor

interpretar seus componentes, mas tendo como referencial obter visão de

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conjunto de seu todo. Em outras palavras, interessa conhecer o aspecto

econômico e o aspecto financeiro.

O aspecto econômico considera a aplicação e rendimento de capital,

e o aspecto financeiro envolve somente a capacidade de pagamento e a

liquidez da empresa. A empresa possui três fontes de recursos para realização

de seus negócios: a) a captação de recursos próprios; b) as reinversões de

lucro; demonstradas no patrimônio líquido; c) as fontes de terceiros,

evidenciadas no passivo circulante e exigível a longo prazo.

Esses aspectos se entrelaçam e são integrados, razão porque a

análise de balanço é econômico-financeira.

Quadro 03 – Análise das Demonstrações Contábeis e o processo de tomada de

decisão.

Fonte: Adaptado de MATARAZZO (1987; p. 25).

Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Etapa 4

Escolha de

Indicadores

Comparação com

padrões

Diagnóstico ou

conclusões

Decisões

ANÁLISE

No processo de análise deve-se observar três etapas básicas: a)

escolha de indicadores, quando se determina o critério a ser utilizado no

processo de análise e quais serão os indicadores de medidas de desempenho;

b) necessidade de comparação com padrões, quando os dados encontrados

devem sofrer validação com padrões próprios, os construídos especificamente

para a empresa ou então com padrões do setor no qual ela atua; c) o

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diagnóstico, quando nesta fase ponderam-se as diferentes informações obtidas

em a e b, e chega-se a um diagnóstico que será apresentado na etapa “c”. O

processo de análise conforme indica FRANCO (1976; p. 91), é realizado através

das seguintes etapas:

1- Decomposição dos fenômenos patrimoniais em seus elementos mais

simples e irredutíveis (análise propriamente dita).

2- Determinação da porcentagem de cada conta ou grupo de contas em

relação ao seu conjunto (coeficientes).

3- Estabelecimento da relação entre componentes do conjunto (quocientes).

4- Comparação entre componentes do conjunto em sucessivos períodos

(índices)

5- Comparação entre componentes de diferentes conjuntos para

determinação de padrões”.

Também sobre este processo, ANTHONY (1976; pp.217-218),explica

que, em termos gerais, pode-se descrever o processo da análise como o de

comparar o que realmente aconteceu com um padrão. Um padrão é uma

medida do que deveria ter acontecido sob as circunstâncias prevalecentes.

Para decidir sobre os tipos de comparações úteis, precisamos considerar a

empresa como um todo – quais os seus objetivos – pois as comparações

pretendem, essencialmente, lançar luz sobre como a empresa realiza seus

objetivos.

1.4 Necessidade da Análise

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Os usuários necessitam da informação contábil, para formar opiniões e

tomar decisões concernentes ao negócio. Neste aspecto, entra em evidência a

necessidade de ordenamento sistemático e critério de padrões. A contabilidade

sai do processo de escrituração para o estudo das mutações patrimoniais. Os

cálculos matemáticos dos indicadores efetuados a partir do balanço patrimonial

e da demonstração de resultados, procuram auxiliar a evidência do

entendimento da situação da empresa.

Diante do exposto, o usuário interno ou externo da informação sente

necessidade cada vez maior de utilizar esta ferramenta que a contabilidade

coloca a sua disposição. Conforme coloca PADOVEZE (1997; p. 125), todos

os cálculos são então baseados no balanço patrimonial e na demonstração de

resultados. Em razão disso, fica evidente que o mais importante para o analista

financeiro não é saber calcular ou interpretar os indicadores, mas possuir um

conhecimento profundo dessas duas principais peças contábeis. Nesse sentido,

a análise de balanço, em teoria, poderia ser exercida sem os indicadores,

bastando o conhecimento aprofundado das demonstrações contábeis básicas.

Sabemos, entretanto, que tais indicadores e as técnicas de análise de balanço

agilizaram sobremaneira o processo de avaliação da empresa.

IUDÍCIBUS (1988; p. 19), assim se expressa sobre este tema: “A

necessidade de analisar demonstrações contábeis é pelo menos tão antiga

quanto a própria origem de tais peças. Nos primórdios da Contabilidade quando

se resumia, basicamente, à realização de inventários, já o “analista” se

preocupava em anotar as variações quantitativas e qualificativas das várias

categorias de bens incluídos em seu inventário”.

MATARAZZO (1987; pp. 27-28), por sua vez, comenta que a análise de

balanços tornou-se praticamente obrigatória em 1915 nos Estados Unidos.

Nesse ano, determinava o Federal Reserve Board (o Banco Central dos

Estados Unidos) que só poderiam ser redescontados os títulos negociados por

empresas que tivessem apresentado seu balanço ao banco, medida que

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consagrou definitivamente o uso de demonstrações financeiras como base para

a concessão de crédito.

Entretanto, as demonstrações financeiras na época não eram preparadas

adequadamente para os fins a que se destinavam. Não havia uniformidade nas

disposições e na terminologia, nem na classificação de rubricas.

Importante contribuição para a melhoria da forma de apresentação das

demonstrações financeiras foi feita pelo Federal Reserve Board, em 1918,

através de um livreto que incluía formulários padronizados para Balanço e

Demonstração de Lucros e Perdas, bem como um esboço de procedimentos de

auditoria e princípios de preparação de demonstrações financeiras.

Também conforme MATARAZZO (1987; p. 27), Alexander Wall,

considerado o pai da Análise de Balanços, apresentou em 1919, um modelo

através de índices, e demonstrou a necessidade de considerar outras relações,

além de Ativo Circulante e Passivo Circulante.

Alexandre Wall desenvolveu, posteriormente, em parceria com outros

autores, fórmulas matemáticas de avaliação de empresas, ponderando diversos

índices de balanço.

Tendo adotado o método de computar vários coeficientes, sentiam os

analistas a necessidade de padrões de referência que os auxiliassem em suas

avaliações.

Em 1923, afirmava-se no prefácio da obra “Financial and operating ratios

in management”, de James H. Biss, que em todos os ramos de atividades há

certos coeficientes característicos que podem ser obtidos através de médias.

A partir de 1931, a Dun & Bradstreet passou a elaborar e divulgar índices-

padrão para diversos ramos de atividades, nos Estados Unidos.

Em 1925, Stehen Gilman, realizando algumas críticas à análise de

coeficientes, propôs que fosse substituída pela construção de índices

encadeados que indicassem as variações havidas nos principais itens em

relação a um ano-base (iniciando o que se chama análise horizontal).

Page 26: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

Na década de 30, surgiu dentro da empresa Du Pont, de Nemours, um

modelo de análise da rentabilidade de empresa que decompunha a taxa de

retorno em taxas de margem de lucro e giro dos negócios, chamado análise do

ROI (Return on Investment).

Assim, em cerca de 40 anos, assentaram-se as bases das técnicas de

análise de balanços.

No Brasil, até 1968, a Análise de Balanços era ainda um instrumento

pouco utilizado na prática. Foi criada, nesse ano, a SERASA

(Centralização de Serviços dos Bancos S. A .), empresa que passou a operar

como central de Análise de Balanços de bancos comerciais.

1.5 Limitações da Análise

Existem limitações na análise das demonstrações financeiras decorrentes

da própria fonte utilizada. Para extrair informações confiáveis dos balanços é

imprescindível conhecer os procedimentos contábeis, a estrutura das

demonstrações financeiras, além de vivência prática.

As seguintes precauções devem ser tomadas, visando obter melhores

conclusões da análise: a) certificar-se de que as demonstrações financeiras

foram elaboradas segundo critérios contábeis homogêneos, para a seguir

proceder as classificações necessárias; b) trabalhar com um grupo de índices

compatível com a finalidade da análise, se para gerenciamento da capacidade

de pagamentos ou para aquisição de investimentos; c) inteirar-se das

peculiaridades da empresa e do seu ramo de negócios; d) realizar comparações

estatísticas, 3 anos, 4 anos e assim sucessivamente; e) complementar com

avaliação setorial em que se encontra a empresa. Em outras palavras,

Page 27: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

transformando os dados apresentados em informações para a tomada de

decisão, conforme PADOVEZE (1998; p. 41), que afirma que a informação é o

dado que foi processado e armazenado de forma compreensível para seu

receptor e que apresenta valor real ou percebido para suas decisões correntes

ou prospectivas. Dado é o registro puro, ainda não interpretado, analisado e

processado. Comunicação é o processo de transmissão de informação e de

compreensão que somente se efetiva mediante uso de símbolos comuns.

Resumindo, informação é o dado de forma a ser entendido pelo receptor. A

transferência de informação é a comunicação. GIL (1978; p.14), por sua vez,

relata que um sistema de informações tem que trabalhar dados para produzir

informações. Logo, o dado é a matéria-prima que o sistema de informação vai

trabalhar, enquanto que informação é o produto final do sistema de

informações, e deve ser apresentada em forma e conteúdo adequados ao

usuário.

Na análise de eficiência e produtividade, bem como de certas relações

que envolvem valores e quantidades, muitas informações úteis podem ser

extraídas. IUDÍCIBUS (1988; p. 183), coloca que, além das limitações já

comentadas, a análise realizada levando-se em conta apenas valores de

balanços e de outros demonstrativos contábeis tem ainda uma outra limitação

adicional, que é a de não utilizar quantidades ou unidades físicas, juntamente

com valores.

Informações em unidades físicas são freqüentemente tão ou mais importantes do que em

valores, ou pelo menos realçam a utilidade dos quocientes quando relacionados com

valores.

Adicionalmente, uma área que deve merecer uma análise à parte é a

de fluxo de capital de giro líquido e fluxo de caixa. A análise quantitativa e

qualitativa das fontes e usos de capital de giro líquido pode fornecer muitas

indicações úteis para otimizar a estrutura financeira de capital no médio e longo

prazo. Da mesma forma, uma análise do fluxo de caixa, principalmente o

Page 28: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

projetado, auxilia a desvendar os períodos em que se torna necessário reforço de

recursos de caixa ou em que devemos aplicar recursos ociosos.

As conclusões a serem extraídas dos quocientes calculados devem

ser as mais cuidadosas possíveis, aliando o conhecimento técnico e a

experiência do analista. Métodos estatísticos podem apenas auxiliar a

sensibilidade do analista a encontrar algumas pistas. Por outro lado, é bom

lembrar que a análise de balanços não é realizada apenas através de quocientes.

Comparações de balanços em várias datas, gráfico mostrando evolução de itens

em várias datas, estabelecimento de tendências, fazem parte do arsenal à

disposição do analista para orientá-lo na tomada de decisão, embora a análise

por quocientes seja, sem dúvida, a parte mais importante.

Page 29: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

CAPÍTULO 2

Análise Financeira Tradicional

2.1 Introdução

Tem no seu bojo principal a avaliação da situação econômica-

financeira da empresa, servindo-se da metodologia de medição sobre

demonstrações contábeis, levantando os pontos fortes e os fracos da empresa.

Os cálculos, seguindo a metodologia tradicional, são provenientes das

principais peças contábeis, o balanço patrimonial e a demonstração de

resultados.

Vemos então que, se os cálculos fossem realizados e já apresentados

nas demonstrações contábeis, a função de calcular não seria importante para o

analista contábil, mais sim em ter um conhecimento profundo das

demonstrações financeiras, sendo um “expert” nesse assunto.

Page 30: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

A análise tradicional compreende em linhas gerais, três grandes conjuntos

de indicadores: a análise vertical, a análise horizontal e os indicadores

econômicos – financeiros.

2.2 Análise Vertical

A análise vertical, também conhecida como análise de estrutura, e

utilizada na avaliação estrutural da empresa, determina o percentual de cada

item em relação ao total do Balanço Patrimonial ou a um valor principal da

Demonstração do Resultado do Exercício.

No balanço patrimonial determina a participação de cada elemento

patrimonial. Quando se fala em elemento patrimonial entende-se as rubricas

ligadas ao ativo e ao passivo. O cálculo é baseado no percentual de 100% (cem

por cento) para o total do ativo e para o total do passivo. Todos os itens estarão

em relação a esse percentual de cem por cento.

Na demonstração de resultados, a receita operacional líquida representa

100% (cem por cento) e os demais valores estarão em função desse

percentual. A análise vertical nesse demonstrativo evidencia a participação dos

custos, das despesas e do lucro ou prejuízo em relação ao parâmetro de

medição, com isso, medindo a lucratividade que é a relação vendas e lucros.

Se a análise é procedida dentro da empresa, proporcionará riquíssimas

informações para a tomada de decisão. A abertura dos custos, medindo a

participação de cada componente, em outras palavras, qual a relação da

matéria– prima com a mão–de–obra-direta e com os outros gastos de

fabricação, ou interpolando a tríade matéria–prima, mão–de–obra–direta e

Page 31: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

gastos gerais de fabricação. Esta análise aplicada às demonstrações

publicadas tange somente aos dados divulgados.

Esta análise é realizada para a demonstração contábil de uma

determinada data e deve ser completada com as outras análises, a análise

horizontal e a análise de índices, para que se possa compreender melhor a

situação da empresa. Para MATARAZZO (1987; p. 222), a análise vertical

baseia-se em valores percentuais das demonstrações financeiras. Já

IUDÍCIBUS (1998; p. 138), coloca que este tipo de análise é importante para

avaliar a estrutura de composição de itens e sua evolução no tempo. FRANCO

(1976; p. 118), por sua vez, afirma que a determinação da porcentagem de

cada elemento patrimonial em relação ao conjunto indica o coeficiente dos

diversos grupos patrimoniais, dando-nos assim idéia precisa de distribuição dos

valores no conjunto patrimonial. Ora, é importante saber a porcentagem de

cada grupo em relação ao total do patrimônio, pois, através desta análise, pode-

se aquilatar se há excesso de imobilização, insuficiência de capitais, ou de

disponibilidades, etc.

A análise vertical da demonstração de resultados de períodos sucessivos

pode fornecer uma boa base para demonstração de resultados projetados.

Entretanto, algumas limitações quando da mudança no processo tecnológico,

nos custos dos insumos, nos preços de venda, devem ser cuidadosamente

observadas quando se utilizam dados históricos.

Uma comparação muito utilizada é a comparação com concorrentes ou

empresas do mesmo setor.

2.3 Análise Horizontal

A análise horizontal, também titulada como análise de evolução, calcula o

delta (variação) de um período para outro ou de vários períodos em relação a

Page 32: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

outro período-base. Esta variação é medida em termos de percentuais ou série

de números índices. A oscilação de crescimento ou diminuição de um

determinado elemento terá reflexo em outro elemento. Por exemplo, no balanço

patrimonial, se na conta caixa / bancos houve uma diminuição de

disponibilidade, poderá ter havido um aumento nas aplicações financeiras ou

uma redução no ativo circulante; na demonstração de resultados um aumento

nos custos poderá indicar um aumento nas vendas e uma redução nos

estoques de produtos acabados.

Na análise horizontal nominal considera-se o resultado puro do delta,

como ele se apresenta de um período para o outro, sem descontar os efeitos da

inflação do período que estamos considerando para análise. Na análise

horizontal real, após o cálculo desconta-se a inflação do período, sendo que a

taxa de desconto pode ser considerada a divulgada pelos órgãos oficiais ou a

taxa interna da empresa. Outro critério de análise horizontal real pode ser

obtido transformando os dados das demonstrações contábeis em moeda

estrangeira, que seja significativa para os períodos considerados.

A análise horizontal das contas das demonstrações contábeis, balanço

patrimonial e demonstração de resultado, mostra as variações que ocorrem em

valores monetários ou em valores relativos num determinado período de tempo.

Enquanto que o balanço patrimonial e a demonstração de resultados,

refletem a situação numa determinada data, a análise horizontal enfatiza as

modificações que ocorreram nas contas durante o período.

A avaliação das modificações das contas poderá ser realizada através da

comparação com: a) variações históricas da própria empresa; b) taxas de

crescimento da economia; c) taxas de crescimento do setor ao qual pertence a

empresa; d) variações nas contas idênticas das demonstrações contábeis de

concorrentes próximos. MATARAZZO (1987; p. 223), coloca que a evolução de

cada conta mostra os caminhos trilhados pela empresa e as possíveis

tendências.

Page 33: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

Baseia-se na evolução de cada conta de uma série de demonstrações

financeiras em relação à demonstração anterior e/ou em relação a uma

demonstração financeira básica, geralmente a mais antiga da série. Segundo

IUDÍCIBUS (1988; p. 134), a finalidade principal da análise horizontal é denotar

o crescimento de itens dos balanços e das Demonstrações de Resultados (bem

como de outros demonstrativos) através dos períodos, a fim de caracterizar

tendências.

2.4 Indicadores Econômicos – Financeiros

Tradicionalmente, o mais importante é avaliação do significado de

cada quociente, relacionando com os grupos do balanço e da demonstração de

resultados. De acordo com MATARAZZO (1987; p. 96), “um índice é como uma

vela acesa num quarto escuro”.

Índice é a relação entre contas ou grupo de contas das

Demonstrações Financeiras, que visa evidenciar determinado aspecto da

situação econômica ou financeira de uma empresa. Assim sendo, “a análise de

balanços encontra seu ponto mais importante no cálculo e avaliação do

significado de quocientes, relacionando principalmente itens e grupos do

Balanço e da Demonstração do Resultado”. (IUDÍCIBUS, 1988, p. 145).

O objetivo é mostrar a posição atual da empresa e de posse desse quadro,

à administração pode projetar plano para o futuro, realçando os pontos fortes e

fracos. “A característica fundamental dos índices é fornecer visão ampla da

situação econômica ou financeira da empresa” (MATARAZZO, 1987; p. 96).

A utilização de quocientes, tem como finalidade absorver tendências e

comparar com os padrões criados pela empresa ou então comparar com os

padrões dos setores, que são divulgados através de publicações técnicas.

Page 34: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

No gerenciamento interno, a análise deve ser periódica, isto é, mês a mês,

para que a administração concentre os esforços corretivos.

Para que o administrador financeiro possa planejar suas atividades,

precisa conhecer o ambiente econômico, político e social, podendo afetar nas

operações da empresa, os seus pontos fortes e os fracos. Os pontos fortes

devem ser identificados a fim de que possa tirar certas vantagens para a

empresa, no meio onde atua. Por outro lado, as fraquezas devem ser

analisadas para que ações corretivas sejam tomadas, em tempo hábil,

objetivando a melhoria da performance da empresa. De acordo com

MATARAZZO (1987; p. 96), os índices servem de medida dos diversos aspectos

econômicos e financeiros das empresas. Assim como um médico usa certos

indicadores, como pressão e temperatura, para elaborar o quadro clínico do

paciente, os índices financeiros permitem construir um quadro de avaliação da

empresa.

Um dos principais instrumentos para se avaliar certos aspectos do

desempenho passado, presente e futuro da empresa é a análise de índices

financeiros, calculados basicamente a partir das contas do balanço patrimonial

e da demonstração de resultados.

A análise das demonstrações financeiras de uma empresa pressupõe, de

início, definir o ponto de vista sob o qual se está examinando a empresa. Cada

tipo de análise tem um propósito ou utilidade que irá determinar as diferentes

relações a serem enfatizadas na análise.

O analista pode, por exemplo, ser o gerente de um banco comercial que

deve decidir sobre a concessão de um empréstimo de curto prazo para uma

firma. Nestas condições ele está principalmente interessado na liquidez da firma

e portanto, deve enfatizar os índices que medem a liquidez e a atividade.

IUDÍCIBUS (1988; p. 179), relata que a análise de balanços tem auxiliado os

gerentes de crédito na tarefa de decidir se vale a pena ou não conceder

créditos a seus clientes.

Page 35: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

Por outro lado, os credores a longo prazo (bancos de investimento,

bancos de desenvolvimento) devem dar mais ênfase ao potencial de lucro e na

eficiência operacional do que na liquidez. Do mesmo modo, os investidores,

acionistas, estão geralmente interessados na eficiência e rentabilidade de longo

prazo.

A administração da empresa está, naturalmente, interessada em todos os

aspectos da análise financeira.

Para obtenção de recursos, tanto a curto como a longo prazo, a

apresentação de índices favoráveis representa segurança para os credores,

bancos, fornecedores, acionistas e outros, e para a empresa.

Ademais, trata-se de um instrumento de grande utilidade para avaliação

periódica do desempenho da empresa.

A determinação dos índices financeiros é realizada através do quociente

entre contas, parciais ou totais, do balanço patrimonial entre si e entre contas

do balanço patrimonial e contas da demonstração de resultados.

Para o cálculo dos índices financeiros ser possível, e os seus resultados

terem significado, é necessário que tanto as contas do balanço patrimonial

como da demonstração de resultados sejam enquadrados numa forma

padronizada permitindo comparações. Cada uma das contas precisa ser

claramente identificada e analisada para fins de enquadramento. “O primeiro

passo para a análise é a padronização” (MATARAZZO, 1987; p. 92),.

Além disso, deve-se comparar demonstrações financeiras

correspondentes às mesmas datas, evitando-se possíveis efeitos distorcidos

devido a sazonalidade das operações da empresa.

Calculados os índices, é necessário avalia-los. A avaliação é realizada

através de comparações com índice médio do setor ou então com séries

históricas da empresa. IUDÍCIBUS (1988; pp. 174-175), considera que já tivemos

oportunidade de realçar a importância das comparações. O assunto, todavia, é

Page 36: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

tão crítico que volta-ses a ele. Como se vê,, qualquer análise de balanços de

terminada empresa deveria ser comparada com:

a) série histórica da mesma empresa;

b) padrões previamente estabelecidos pela gerência da empresa;

c) quocientes análogos de empresas pertencentes ao mesmo ramo de

atividade, bem como as médias, medianas e modas dos quocientes do

setor;

d) certos parâmetros de interesse regional, nacional ou mesmo internacional”.

Alguns dos índices médios do setor são fornecidos por publicações

especializadas anuais tais como: Revista Conjuntura Econômica, Revista

Exame, Serasa etc.

A avaliação dos índices financeiros periódicos indica se a empresa

está operando conforme planejado, além de servir de base para o planejamento

das operações futuras.

Pode-se classificar os índices financeiros sob quatro aspectos

básicos:

a) índices que medem a liquidez;

b) índices que medem a lucratividade e rentabilidade;

c) índices que medem a atividade;

d) índices que medem o endividamento.

Índices que medem a liquidez

Geralmente, a primeira preocupação do analista é a liquidez. Terá a

empresa capacidade de saldar suas obrigações a curto prazo? Embora, para se

fazer uma análise completa da situação de liquidez seja necessário o uso do

orçamento de caixa, a simples análise dos índices, resultante das relações

entre os elementos do ativo circulante e passivo circulante, fornece rapidamente

Page 37: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

a situação de liquidez da empresa. MATARAZZO (1987; p. 111), considera que

muitas pessoas confundem índices de liquidez com índices de capacidade de

pagamento. Os índices de liquidez não são índices extraídos do fluxo de caixa

que comparam as entradas com as saídas de dinheiro. São índices que, a partir

do confronto dos Ativos Circulantes com as Dívidas, procuram medir quão

sólida é a base financeira da empresa. Uma empresa com bons índices de

liquidez tem condições de ter boa capacidade de pagar suas dívidas, mas não

estará, obrigatoriamente, pagando suas dívidas em dia em função de outras

variáveis como prazo, renovação de dívidas etc. “Seguindo a trajetória de

nossas pesquisas chegamos à conclusão de que a teoria da liquidez é de

natureza fundamental. O reconhecimento, portanto, de um estado de liquidez,

não pode estar baseado em fórmulas empíricas, mas, sim rigorosamente

científicas” (SÁ, 1965; p. 119).

Índices que medem a lucratividade e rentabilidade

A lucratividade pode ser considerada como o resultado líquido medido em

termos de lucro, de um conjunto de diretrizes e decisões administrativas

durante um certo período de tempo.

Os índices de lucratividade indicam a eficiência da gestão administrativa

da empresa. Para IUDÍCIBUS (1988; p. 159), de maneira geral, portanto, deve-se

relacionar um lucro de um empreendimento com algum valor que expresse a

dimensão relativa do mesmo, para analisar quão bem se saiu a empresa em

determinado período.

Índices que medem a atividade

Estes índices indicam com que eficiência a empresa utiliza os recursos

disponíveis, tais como: ativo total, estoques, duplicatas a receber etc.

IUDÍCIBUS (1988; pp. 153-154) afirma: “Estes quocientes, importantíssimos,

representam a velocidade com que elementos patrimoniais de relevo se

renovam durante determinado período de tempo. Por sua natureza têm seus

resultados normalmente apresentados em dias, meses ou períodos maiores,

Page 38: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

fracionários de um ano. A importância de tais quocientes consiste em expressar

relacionamentos dinâmicos - daí a denominação de quocientes de atividade

(rotação).”

Índices que medem o endividamento

Indicam a relação entre as obrigações, passivo exigível e o patrimônio

líquido ou ativo total. Conforme coloca IUDÍCIBUS (1988; p. 151), “Estes

quocientes relacionam as fontes de fundos entre si, procurando retratar a

posição relativa do capital próprio com relação ao capital de terceiros.”

Damos a seguir as fórmulas para obtenção dos principais indicadores.

Medidas de liquidez:

1) Índice de liquidez corrente = ILC

Ativo Circulante

ILC = ---------------------------------

Passivo Circulante

Ativo Circulante = caixa e bancos (disponível); duplicatas a receber, títulos a

receber, contas a receber, estoques.

Passivo Circulante = contas a pagar, títulos a pagar a curto prazo, empréstimos

e financiamentos, salários a pagar, impostos a pagar.

O ILC mede a capacidade da empresa de saldar os seus compromissos a

curto prazo.É, segundo MATARAZZO (1987; p. 114), quanto a empresa possui no

Ativo Circulante para cada Cr$ 1,00 de Passivo Circulante.

2) Índice de liquidez seco – ILS

Ativo Circulante (-) Estoque

Page 39: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

ILS = ------------------------------------------------------

Passivo Circulante

O ILS também mede a capacidade da empresa em saldar os seus

compromissos a curto prazo, porém sem os estoques. Subtrai-se o estoque do

Ativo Circulante porque se considera que é o item do realizável a curto prazo

menos líquido em relação aos demais itens do Ativo Circulante. Por outro lado,

é mais provável a ocorrência de perdas por obsolescência ou deterioração, no

caso de liquidação da empresa. De acordo com MATARAZZO (1987; p. 119),

este índice é um teste de força aplicado à empresa; visa medir o grau de

excelência da sua situação financeira. De um lado, abaixo de certos limites,

obtidos segundo os padrões do ramo, pode indicar alguma dificuldade de

liquidez, mas raramente tal conclusão será mantida quando o índice de Liquidez

Corrente for satisfatório. De outro lado, o índice de liquidez seca conjugado com

o índice de Liquidez Corrente é um reforço à conclusão de que a empresa é um

atleta de liquidez.

3) Índice de liquidez geral – ILG

Ativo Total (-) Ativo Permanente

ILG = ---------------------------------------------------------

Passivo Total (-) Patrimônio Líquido

Este índice representa a relação entre os ativos circulante e realizável a

longo prazo e os exigíveis circulante e a longo prazo mais a conta resultados de

exercícios futuros. Indica a relação entre as contas do ativo e do passivo,

excluído o patrimônio líquido. O ILG deve ser utilizado para medir e evitar o

excessivo endividamento da empresa. “Representa quanto a empresa possui

no Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo para cada Cz$ 1,00 de dívida

total.” (MATARAZZO 1987; p. 112).

Page 40: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

Este indicador deve ser analisado com muito cuidado, tendo em vista que

o perfil do endividamento financeiro de longo prazo das empresas é muito

diferenciado, bem como o custo financeiro dessa dívida.

Medidas de lucratividade:

1) Margem líquida = ML

Lucro Líquido após IR

ML = ------------------------------------------------- x 100

Receita Operacional Líquida

A ML indica o resultado final das operações da empresa. É de

interesse para os credores e acionistas. Este índice varia com o setor em que

opera a empresa e com o comportamento da economia em geral. IUDÍCIBUS

(1988; p. 160), diz que este quociente, apesar dos esforços constantes para

melhorá-lo, comprimindo despesas e aumentando a eficiência, apresenta-se

baixo ou alto de acordo com o tipo de empreendimento.

2) Retorno sobre o ativo total – RAT

Lucro Líquido após IR

RAT = ---------------------------------------- x 100

Ativo Total

Indica a eficiência global da administração quanto à obtenção de

lucros com seus ativos. É de grande interesse para a administração da

empresa. A taxa de retorno sobre o ativo total pode também ser obtido pela

multiplicação da margem líquida pela rotação do ativo total. MATARAZZO (1987;

p. 125), coloca que este índice mostra quanto a empresa obteve de Lucro Líquido

Page 41: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

em relação ao Ativo. É uma medida do potencial de geração de lucro da parte

da empresa.

Margem líquida x giro ativo total =

L.L. após IR Receita Operacional Bruta

= ------------------------------------ x ---------------------------------------

Receita Operacional Bruta Ativo Total

Este índice deve também ser analisado com cuidado, uma vez que o mais

adequado é a relação lucro operacional, líquido dos impostos, sobre o ativo

total.

3) Retorno sobre o patrimônio líquido dos acionistas = RPL

Lucro Líquido após IR (-) Dividendos Preferenciais

RPL = ---------------------------------------------------------------------------- x 100

Patrimônio Líquido (-) Capital de Ações Preferenciais

Este índice indica o ganho dos proprietários de ações ordinárias, em

relação ao patrimônio líquido, ele é considerado o principal indicador de

sensibilidade. É de grande interesse dos portadores de ações ordinárias da

empresa. MATARAZZO (1987; p. 127), afirma que o papel do índice de

Rentabilidade do Patrimônio Líquido é mostrar qual a taxa de rendimento do

Capital Próprio. Essa taxa pode ser comparada com a de outros rendimentos

alternativos no mercado, como a Caderneta de Poupança, OTN, CDB, RDB,

Letras de Câmbio, ações, aluguéis e de outras empresas; com isso se pode

avaliar se a empresa oferece rentabilidade superior ou inferior. Matarazzo,

inclusive, considera-o como o indicador definitivo de rentabilidade.

Page 42: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

4) Lucro por ação - LPA

Lucro Disponível aos Acionistas Comuns

LPA = ---------------------------------------------------------------

Número de Ações Ordinárias Emitidas

Representa o ganho para cada ação ordinária emitida. É de interesse

para os acionistas atuais e potenciais e para a administração da empresa.

5) Dividendos por ação = DPA

Dividendos Pagos

DPA = -------------------------------------------------------

Número e Ações Ordinárias Emitidas

É de interesse dos acionistas comuns e para a administração da

empresa, no sentido de atrair acionistas atuais ou potenciais para aplicar na

mesma.

Medidas de atividades:

1) Giro do ativo total = GAT

Receita Operacional Bruta

GAT = ---------------------------------------------

Ativo Total

Mede a eficiência da administração quanto à utilização do ativo total,

circulante, realizável a longo prazo e permanente. Um baixo índice de rotação

do ativo total revela a existência de um investimento excessivo em ativos e, ou

um baixo nível de vendas. Para IUDÍCIBUS (1988; p. 157), este quociente de

Page 43: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

atividade expressa quantas vezes o ativo ”girou” ou se renovou pelas vendas.

Pode ser desdobrado numa série de subquocientes, tais como: Vendas / Ativo

Circulante, Vendas / Ativo Permanente etc. No numerador, podemos utilizar

vendas brutas ou, como variante, vendas líquidas.

2) Rotação de estoques = RES

Custo das Mercadorias Vendidas

RES = ------------------------------------------------------

Estoque Médio

Mede a eficiência com que a empresa administra os seus

investimentos em estoque. Este índice deve ser o mais alto possível, com risco

mínimo da falta de estoque. Um índice de rotação pequeno indica excesso de

estoques, representando em circunstâncias normais, um investimento oneroso

para a empresa. Os estoques podem ser subdivididos em produtos acabados,

produtos em elaboração, matérias primas e secundárias e materiais diversos.

“Este quociente, muito divulgado, procura (mensurado pelo custo das vendas)

representar quantas vezes se “renovou” o estoque por causa das vendas”

(IUDÍCIBUS, 1988; p. 154).

3) Período dos estoques = PME

Saldo Médio Estoques

PME = -------------------------------------------- x 360

Custo Mercadorias Vendidas

É o número médio de dias que ficam os estoques na empresa. A

manutenção deste exige capital de giro para financiá-lo. Desta forma, quanto

maior o estoque em número de dias, maior necessidade de recursos possui a

empresa.

Page 44: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

4) Rotação de duplicatas a receber = RDR

Vendas Anuais a Crédito

RDR = -----------------------------------------------------

Saldo Médio Duplicatas a Receber

É o número de vezes que as duplicatas são convertidas em caixa, por

ano. Mede a liquidez das duplicatas. Quanto maior a rotação, maior a liquidez.

5) Período médio de cobrança = PMC

Duplicatas a Receber

PMC = ----------------------------------------- x 360

Vendas Anuais a Prazo

Representa o número médio de dias que a empresa está recebendo

as duplicatas resultantes das vendas a prazo. Este resultado deve ser

comparado com o prazo concedido pela empresa, para se determinar o número

de dias de atraso nos recebimentos. Para melhor análise das duplicatas em

atraso deve-se distribuí-las em função de períodos de atraso, trinta, sessenta,

noventa e acima de noventa dias, por exemplo. MATARAZZO (1987; p. 210),

afirma que a precisão dos índices de prazos médios está diretamente ligada à

uniformidade das vendas e compras. Se a empresa tem vendas e compras

aproximadamente uniformes durante o ano, os índices de prazos médios

calculados a partir dos dados do Balanço e da Demonstração do Resultado

refletirão satisfatoriamente a realidade. Agora, se as vendas e/ou compras

Page 45: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

flutuarem, tiverem picos e vales ou concentração em determinadas épocas do

ano, os índices de prazos médios poderão estar completamente distorcidos.

6) Rotação de duplicatas a pagar = RDP

Compras Anuais a Prazo

RDP = -------------------------------------------------------------

Média dos Saldos de Duplicatas a Pagar

Representa o número de vezes que as duplicatas a pagar são

convertidas em caixa, por ano.

7) Período médio de pagamento = PMP

Saldo Médio de Duplicatas a Pagar

PMP = ------------------------------------------------------- x 360

Compras Anuais a Prazo

É o número médio de dias que a empresa está pagando, em média, os

seus fornecedores. Geralmente, quando a empresa está com problema de

baixa liquidez, o PMP é superior aquele concedido pelos fornecedores.

Medidas de cobertura – endividamento:

1) Índice de endividamento = IE

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Exigível Total (1)

IE = --------------------------------------

Ativo Total

(1) passivo circulante (+) exigível a longo prazo (+) resultado de exercícios

futuros.

Mede a capacidade da empresa em saldar os seus compromissos com

terceiros, no caso de uma eventual liquidação. Quanto menor o índice, menor o

seu endividamento. MATARAZZO (1987; p. 99) ressalta que os índices desse

grupo mostram as grandes linhas de decisões financeiras, em termos de

obtenção e aplicação de recursos. “Este quociente é um dos mais utilizados

para retratar o posicionamento das empresas com relação aos capitais de

terceiros” (IUDÍCIBUS, 1988; p. 152

2) Índice de endividamento – IE

Exigível Total

IE = ------------------------------------

Patrimônio Líquido

É uma outra maneira de medir o endividamento da empresa.

Estabelecer a relação entre as dívidas totais, passivo, e o patrimônio líquido.

3) Índice de empréstimo de longo prazo / patrimônio líquido = IEP

Empréstimo a Longo Prazo

IEP = -----------------------------------------------

Patrimônio Líquido

Relaciona os recursos fornecidos por credores de longo prazo, com

recursos fornecidos pelos proprietários da empresa. Uma administração

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financeira eficiente, normalmente toma empréstimos de longo prazo para

financiar os investimentos em ativo imobilizado e, ou capital de giro adicional,

aumento de produção.

4).. Índice de cobertura de juros = ICJ

Lucro antes dos Juros e IR

ICJ = ----------------------------------------------

Despesa Anual de Juros

Mede a capacidade da empresa de cobrir os juros, juros mais correção

monetária ou variação cambial, com maior ou menor margem de segurança em

função e lucro antes do pagamento dos juros e do imposto de renda.

Quadro Du Pont Modificado

É um gráfico destinado a mostrar as relações entre o retorno sobre o

investimento, a rotação dos ativos, e a margem de lucro.

O quadro Du Pont mostra na primeira parte os ativos: estoques, valores a

receber, disponível, permanente, totalizando-os por categoria, e divide as

vendas pelos ativos totais (investimentos) para encontrar o número de vezes

que gira os ativos.

Na parte de baixo o quadro detalha a margem de lucros sobre as vendas.

Quando dividimos o lucro operacional pelas vendas, descobrimos o percentual

de lucro em relação às vendas.

A rotação dos ativos vezes a margem de lucros é chamada de equação Du

Pont, que é, uma fórmula que fornece a taxa de retorno sobre os ativos

multiplicando-se a margem de lucro pelo giro total dos ativos, de acordo com

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WESTON e BRIGHAM (2000; p. 64). Este quadro está apresentado a seguir

nas páginas 45 e 46.

A seguir apresentamos dados dentro de um exemplo numérico de balanço

patrimonial e demonstração do resultado do exercício:

Balanço Patrimonial 31.12.X0 AV% 31.12.x1 AV% AH% Ativo ATIVO CIRCULANTE 5.527 48,0 6.912 55,1 25,0 Caixa/Bancos 1 - 1 - - Aplicações Financeiras 777 6,7 1.596 12,7 105,4 Contas a Receber de Clientes 1.620 14,1 2.005 16,0 23,7 Estoques 3.124 27,1 3.303 26,3 5,7 Outros 5 - 7 - 40,0 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 6 0,1 8 0,1 33,3 Depósitos Judiciais 5 - 7 0,1 40,0 Incentivos Fiscais 1 - 1 - - PERMANENTE 5.990 52,0 5.634 44,9 (5,9) Investimentos 200 1,7 230 1,8 15,0 Imobilizado Líquido 5.790 50,2 5.404 43,1 (6,7) Diferido - - - - - Ativo Total 11.523 100,0 12.554 100,0

Passivo 31.12.X0 AV% 31.12.x1 AV% AH% PASSIVO CIRCULANTE 2.723 23,6 3.446 27,4 26,5 Fornecedores 460 4,0 679 5,4 47,7 Salários e Encargos a Pagar 200 1,7 265 2,1 32,5 Contas a Pagar 100 0,9 121 1,0 21,0 Impostos a Recolher s/ Merc 460 4,0 475 3,8 3,3 Impostos a Recolher s/ Lucros 100 0,9 72 0,6 (28,0) Adiantamento de Clientes 3 - 5 - 66,7

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Empréstimos 1.200 10,4 1.649 13,1 37,4 Dividendos a Pagar 200 1,7 180 1,4 (10,0) EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 4.800 41,7 4.838 38,5 0,8 Financiamentos 4.800 41,7 4.838 38,5 0,8 PATRIMÕNIO LÍQUIDO 4.000 34,7 4.270 34,0 6,8 Capital Social 4.000 34,7 4.000 31,9 - Reservas de Capital - - - - - Reservas de Reavaliação - - - - - Reservas de Lucros / Lucros Acumulados - - - - - Lucro do Período 270 2,2 - Passivo Total 11.523 100,0 12.554 100,0 8,9

Demonstração de Resultados 31.12.X0 AV% 31.12.x1 AV% AH% RECEITA OPERACIONAL BRUTA 23.787 127,6 23.883 127,6 0,4 (-) Impostos na Vendas (5.150) (27,6) (5.170) (27,6) 0,4 RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 18.637 100,0 18.713 100,0 0,4 CUSTO DOS PROD. VENDIDOS 14.707 78,9 15.123 80,8 2,8 LUCRO BRUTO 3.930 21,1 3.590 19,2 8,7 DESPESAS OPERACIONAIS 2.260 12,1 2.444 13,1 8,1 LUCRO OPERACIONAL I 1.670 9,0 1.146 6,1 (31,4) Receitas Financeiras Aplicações 46 0,2 166 0,9 261 Desp Financeiras com Financ 552 3,0 590 3,2 6,9 Outras Despesas Financeiras 88 0,5 76 0,4 (13,6) LUCRO OPERACIONAL II 1.076 5,8 646 3,5 (40,0) Resultado Não Operacional (19) (0,1) (2) - (89,5) LUCRO ANTES DOS IMPOSTOS 1.057 5,7 644 3,4 (39,1) Impostos sobre o Lucro 317 1,7 194 1,0 (38,8) LUCRO LÍQUIDO 740 4,0 450 2,4 (39,2) AV= Análise Vertical AH = Análise Horizontal

Ativo Operacional

31/12/X0 31/12/X1 Ativo Total 11.523 12.554 (-) Investimentos em Controladas (200) (230) (-) Aplicações Financeiras (777) (1.596) (-) Fornecedores (460) (679) (-) Salários e Encargos a Pagar (200) (265) (-) Contas a Pagar (100) (121) (-) Impostos a recolher sobre mercadorias (460) (475) (-) Impostos a recolher sobre Lucros (100) (72) (-) Adiantamento de Clientes (3) (5)

9.223 9.111

Demonstração das Mutações Patrimoniais 31/12/X1

Patrimônio Líquido Inicial 4.000 Lucro Líquido 450 Dividendos Propostos (180) Patrimônio Líquido Final 4.270

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Índices Financeiros 31/12.X0 31/12.X1

Medidas de Liquidez

1- ILC 5.527 : 2.723 = 2,03 6.912 : 3.446 = 2,01

2- ILS (5.527 – 3.124) : 2.723 = 0,88 (6.912 – 3.303) – 3.446 = 1,05

3- ILG (11.523 – 5.990) : (11.523 –4.000) = 0,74 (12.554 – 5634) : (12.554 – 4.270) = 0,84

Medidas de

Lucratividade

1- ML 740 : 18.637 = 3,97% 450 : 18.713 = 2,40%

2- RAT 740 : 11.523 = 6,42% 450 : 12.554 = 3,58%

3- RPL 740 : 4.000 = 18,59% 450 : 4.270 = 10,54%

4- LPA 740 : 2.000 = 0,37 450 : 2.000 = 0,23

5- DPA 296 : 2.000 = 0,15 180 : 2.000 = 0,09

Medidas de Atividades

1- GAT

(vezes)

18.637 : 11.523 = 1,62 18.713 : 12.554 = 1,49

2- RES

(vezes)

14.707 : 3.124) = 4,71 15.123 : 3.303 = 4,58

3- PME

(dias)

(3.124 : 14.707) x 360 = 76 (3.303 : 15.123) x 360 = 78

4- RDR

(vezes)

23.787 : 1.620 = 14 23.883 : 2.005 = 11

5- PMC

(dias)

(1.620 : 23.787) x 360 = 24 (2.005 : 23.883) x 360 = 30

6- RDP

(vezes)

9.950 : 460 = 21 9.901 : 679 = 14

7- PMP (460 : 9.950) x 360 = 16 (679 : 9.901) x360 = 24

Page 51: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

(dias)

Medidas de Cobertura –

Endividamento

1) IE

(Sobre o

Ativo

Total)

{(2.723 + 4800) : 11.523} x 100 = 65,29% {(3.446 + 4.838) : 12.554} x 100 = 65,99%

2- IE

(Sobre o

Patrimôni

o Líquido)

{(2.723 + 4800) : 4.000} x 100 = 188,08% {(3.446 + 4.838) : 4.270} x 100 = 194,00%

3- IEP (4.800 : 4000) x 100 = 120,00% (4.838 : 4270) x 100 = 113,30%

ICJ

(Medidas

de

Cobertura

Juros)

1.670 : 552 = 3,03 1.146 : 590 = 1,94

Análise de Rentabilidade do Investimento

Por ser a preocupação maior de qualquer usuário, já que o foco das

empresas com fins lucrativos exigem a remuneração do capital investido, esta

análise tem sido objeto de muitos estudos, e tem ensejado a criação de

modelos bastante analíticos.

Os quadros 4 e 5, a seguir, apresentam um modelo básico, adaptado

de WESTON e BRIGHAM (2000; p. 64):

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Quadro 4

Du Pont – retorno sobre o investimento – 31/12/x0

RETORNO SOBRE O INVESTIMENTO

VENDAS

18.637,00

ESTOQUES ATIVO

3.129,00 CIRCULANTE

VALORES A RECEBER 5.527,00 ( : ) ROTAÇÃO

1.620,00 1,62

DISPONÍVEL ( + ) INVESTIMENTO

778,00 TOTAL

11.523,00

PERMANENTE ATIVO %

5.990,00 NÃO CIRCULANTE RETORNO

REALIZÁVEL L.P. 5.996,00 SOBRE O

6,00 INVESTIMENTO

( X ) 9,35

VENDAS

18.637,00

CUSTO PROD.VENDIDOS LUCRO OPERACIONAL

14.707,00 ( - ) 1.076,00

DESPESAS DE VENDAS

1.130,00 TOTAL DO CUSTO %DO LUCRO

DESPESAS FINANCEIRAS DAS VENDAS OPERACIONAL E OUTRAS E DESPESAS ( : ) EM RELAÇAO

594,00 17.561 ÀS VENDAS

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DESPESAS 6,00

ADMINISTRATIVAS

1.130,00

VENDAS

18.637,00

Quadro 5

Du Pont – retorno

sobre o investimento

- 31/12.X1

RETORNO SOBRE O INVESTIMENTO

VENDAS

18.713,00

ESTOQUES ATIVO

3.310,00 CIRCULANTE

VALORES A RECEBER 6.912,00 ( : ) ROTAÇÃO

2.005,00 1,49

DISPONÍVEL ( + ) INVESTIMENTO

1.597,00 TOTAL

12.554,00

PERMANENTE ATIVO %

5.634,00 NÃO CIRCULANTE RETORNO

REALIZÁVEL L.P. 5.642,00 SOBRE O

8,00 INVESTIMENTO

( X ) 5,14

VENDAS

18.713,00

CUSTO PROD.VENDIDOS LUCRO OPERACIONAL

15.123,00 ( - ) 646,00

DESPESAS DE VENDAS

1.222,00 TOTAL DO CUSTO %DO LUCRO

DESPESAS FINANCEIRAS DAS VENDAS OPERACIONAL E OUTRAS E DESPESAS ( : ) EM RELAÇAO

500,00 18.067,00 ÀS VENDAS

DESPESAS 3,00

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ADMINISTRATIVAS

1.222,00

VENDAS

18.713,00

Nota: Despesas Operacionais por falta de informações assumiu-se que 50%

são despesas de vendas e 50% despesas administrativas, para os dois

períodos.

O quadro Du Pont, mostra as relações entre o retorno sobre o

investimento, a rotação dos ativos e a margem de lucros.

A posição inferior do quadro (análise de 31/12.x1), detalha as margens de

lucros sobre as vendas. Quando se divide o lucro operacional pelas vendas,

descobre-se que 3,00%, menos os impostos incidentes, de cada unidade de

venda fica para os acionistas. Ao se multiplicar o giro pelo investimento obtém-

se 5,14%, que representa a taxa de retorno sobre o investimento.

2.5 Conclusão de Análise

A teoria clássica de finanças entende que na estruturação do balanço para

fins da gestão financeira o ativo é visto como investimento da empresa e o

passivo como as fontes de financiamentos, a parte dos acionistas considerada

como capital próprio e a parcela dos empréstimos como capital de terceiros.

Nesta conceituação teórica, não haveria necessidade de pagamento das fontes

de financiamento, e sim, apenas de sua remuneração.

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Porém, dentro da abordagem financeira clássica, a gestão da liquidez da

empresa é uma função primordial, pois o dilema liquidez x rentabilidade é um

dos focos da gestão tradicional de finanças. O pressuposto para a gestão da

liquidez está no sentido de que o capital de terceiros é de fora da empresa, e

não é da empresa, e, consequentemente, deve ser pago. Portanto, os

indicadores de liquidez são necessários e devem ser utilizados da melhor

forma gerencial possível.

O capital de terceiros, além disso, é instrumento para alavancagem

financeira, além de fonte de financiamento. Ele é utilizado para mais lucros para

os detentores do capital próprio, os acionistas, esses sim, da empresa.

Portanto, no conceito clássico, a empresa tem donos, e os supridores de capital

de terceiros são tratados como entidades exógenas à empresa. A função

financeira de liquidez deve sempre verificar se haverá capacidade de

pagamento aos emprestadores de capital, sob pena de que a empresa possa

incorrer em inadimplência financeira. Os juros pagos aos emprestadores são

considerados custos fixos que devem ser otimizados objetivando maior

rentabilidade dos acionistas ou donos do capital próprio, e portanto, criando

maior valor da empresa.

O fundamento para o empreendimento é o monitoramento de sua

rentabilidade. A possibilidade de a empresa entrar em problemas de liquidez

está totalmente ligada à sua capacidade de geração de lucros. Tendo

capacidade de geração de lucros, a empresa terá naturalmente capacidade de

solver seus compromissos, isto porque, os ganhos serão maiores que os

gastos.

Ainda assim, poderá ser argüido que, se os ganhos forem imobilizados,

tanto como ativos fixos, como ativos de giro, poderá haver a falta de liquidez.

Obviamente que isso é possível de acontecer no mundo real. Porém, isso

também decorre de uma incorreta avaliação dos ativos. Partindo do

pressuposto que só se deve avaliar os ativos individualmente pelo método de

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fluxo futuro de benefícios, o valor a ser aceito como ativo é o valor de

rendimentos que dele se pode esperar.

Os indicadores de liquidez, e, paralelamente, os de endividamento, são

dados de importância para os analistas das demonstrações contábeis,

principalmente quando para análise da situação de clientes, fornecedores e

concorrente, para fins de análise de crédito e verificação da situação dos

empreendimentos do setor.

Contudo, os indicadores de liquidez devem ser analisados sob o conceito

de avaliação dinâmica, que por sua vez, alinhado com o conceito de fluxos

futuros. Analisando a empresa sob fluxos futuros de resultados,

automaticamente incorpora-se a avaliação da liquidez dentro de um horizonte

temporal de longo prazo, e, portanto, em linha com a estratégia da empresa e o

processo de criação de valor.

Não há dúvida de que a liquidez de curto prazo deve ter o monitoramento

constante dos gestores econômicos da empresa. Porém, o mais importante

para qualquer entidade é o foco de longo prazo, e nesse sentido, a

incorporação dos conceitos de lucro econômico e valor da empresa decorrente

de fluxos futuros traz vantagens adicionais na análise da liquidez.

Na avaliação do Balanço Patrimonial do exemplo apresentado, o ativo

apresentou uma pequena alteração estrutural, com a participação do

permanente ficando menor que a participação do ativo circulante. O valor

absoluto do ativo permanente diminuiu em 19x1 em relação à 19x0,

basicamente porque as novas aquisições de imobilizados foram em valor

inferior ao total da depreciação lançada como despesa no ano.

Este fato, aliado à um aumento geral do passivo circulante, com o

aumento do endividamento financeiro e dos passivos de funcionamento,

permitiu que as aplicações financeiras de 19x1 tivessem um aumento de

105,4%, aumentando sua participação no total do ativo, apesar do lucro de

19x1 ter sido menor do que o lucro do ano anterior. Os demais itens do ativo

circulante também tiveram um aumento de participação na estrutura do ativo.

Page 57: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

A estrutura do passivo evidencia apenas uma pequena mudança do perfil

da dívida, pois parcela do endividamento de longo prazo foi transferida para o

curto prazo.

Na avaliação da Demonstração de Resultados o ano de 19x0 apresenta

custo dos produtos vendidos médio de 78,9% da receita líquida, aumentando

para 80,8% em 19x1. A causa foi que o pequeno aumento da vendas de um

ano para outro, de 0,4%, não permitiu uma boa diluição dos custos fixos

industriais, que aumentaram em valor absoluto.

As despesas operacionais, administrativas e comerciais, também tiveram

um aumento do valor absoluto em 19x1, e passaram a representar 13,1% da

receita líquida de vendas, contra 12,1% do ano anterior. Com isso, a margem

operacional, que era de 9,0% m 19x0, passou a 6,1% em 19x1, prejudicando o

resultado da empresa. Os demais itens não sofreram alteração significativa, e o

lucro líquido após os impostos, sobre as vendas líquidas, caiu de 4,0% em

19x0, para 2,4% em 19x1.

Na avaliação da análise horizontal do balanço patrimonial e da

demonstração de resultados, tem-se a considerar as variações de crescimentos

de contas a receber maiores que as variações do total das vendas que

decorrem de ajuste de política de crédito. O mesmo acontece com as variações

de fornecedores e contas a pagar, que decorrem de ajustes de prazo e

pagamento.

O imobilizado teve uma variação negativa de 5,9% tendo em vista que o

total bruto aumentou 8,4% enquanto que a depreciação acumulada aumentou

em 43,0%, provocando uma redução no conjunto do imobilizado de 6,7%.

No passivo, o aumento de empréstimos de curto prazo, na ordem de

37,4%, decorre de contabilização de juros e novos empréstimos superiores às

amortizações. O aumento do patrimônio líquido de 6,8% se deu em virtude da

retenção de lucros, resultados não distribuídos de R$ 270.075,00.

A análise horizontal da demonstração de resultados indica um aumento da

receita de vendas de 0,4%. O custo das vendas aumentou 2,8%. Como não se

Page 58: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

tem o detalhamento desta rubrica não é possível afirmar se foi exclusivamente

decorrente de aumento dos insumos ou de redução dos preços de venda.

As despesas operacionais aumentaram na média 8,1%, pois são na

maioria custos fixos que tiveram reajustes, principalmente mão de obra. Com

isso, o lucro operacional caiu em 31,4% e o lucro líquido teve uma queda de

39,1%. Portanto, a avaliação final é que o resultado do ano de 19x1 foi

comprometido pelo pouco aumento das vendas e pelo aumento geral dos

custos fixos, provocando queda de margem e de rentabilidade.

Em resumo, reconhecer-se-á prontamente que determinados

aspectos da posição financeira ou das operações têm, para alguns grupos

interessados, maior significação do que outros aspectos. Em geral, estão todos

interessados na capacidade da empresa em solver seus compromissos, à

medida que se vencem, em produzir um lucro razoável com as operações.

Estes dois aspectos de uma empresa são às vezes designados como fatores de

solvência e lucratividade. Uma empresa que não pode atender a suas

obrigações para com os credores no tempo devido provavelmente

experimentará dificuldades em obter crédito, o que conduzirá a uma diminuição

de sua lucratividade. Da mesma forma, uma empresa cujos lucros são

comparativamente menores que os de seus competidores provavelmente estará

em posição de obter créditos. Além de ter em mente esta inter-relação de

solvência e lucratividade, é importante reconhecer que a análise dos dados

históricos é útil para prever seu desempenho futuro.

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CAPÍTULO 3

ANÁLISE DO MODELO FLEURIET

3.1 Conceito do Modelo Fleuriet

A obra Análise de Balanços para Controle Gerencial, de JOSÉ LEÔNIDAS

OLINQUEVITCH e ARMANDO DE SANTI FILHO, em consonância com a obra

de Michel Fleuriet, Ricardo Kehday e Georges Blanc, publicada pela Fundação

Dom Cabral em 1978, apresentam um modelo alternativo de análise de

balanço. Fleuriet e outros desenvolveram um modelo de administração de

capital de giro, que tem sido denominado de Análise Financeira Dinâmica,

retomando o tema da liquidez e seus indicadores, sugerindo uma abordagem

nova e diferente da análise de balanço tradicional, com enfoque no giro e na

liquidez.

Page 60: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

Michel Fleuriet ressalta que a inadequação da visão tradicional da liquidez

decorre de sua condição de indicador estático. Segundo FIORAVANTI (1999;

p. 14), os conceitos de liquidez, utilizados na análise contábil tradicional,

pressupõem uma visão estática da empresa, podendo muitas vezes traduzir

uma falsa imagem da situação de solvência de curto prazo, principalmente

porque desconsideram, na dinâmica operacional, a convivência de contas de

naturezas bastante distintas, tanto no Ativo Circulante quanto no Passivo

Circulante. Isto significa que ao terem seus resultados determinados pela

divisão entre totais de Ativos e Passivos Circulantes, tanto o numerador da

fórmula quanto o denominador refletem um conjunto de contas que reagem de

forma bastante distinta ao ritmo de operações da empresa.

3.2 As Quatro Variáveis

Para desenvolver seu modelo, Fleuriet classifica o balanço patrimonial em

quatro variáveis: NLCDG – Necessidade Líquida de Capital de Giro, T –

Tesouraria, LP – Longo Prazo e CDG – Capital de Giro. A idéia básica é

fornecer um modelo completo e fechado sobre a situação econômico-financeira

da empresa, sendo possível por intermédio dele, evidenciar os principais

problemas que afetam o equilíbrio empresarial, bem como identificar medidas

que seriam necessárias para corrigir a situação, sugerindo uma abordagem

nova e diferente da análise de balanço tradicional.

A variável NLCG – Necessidade Líquida de Capital de Giro, obtida da

reclassificação das contas do Ativo Circulante e do Passivo Circulante,

expressa a necessidade de recursos que a empresa apresenta para manter o

giro dos negócios.

Page 61: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

Para desenvolver seu modelo, Fleuriet separa os elementos do giro,

classificando-os em dois tipos em relação ao seu comportamento como o ciclo

operacional: a) contas cíclicas, ou seja, contas de natureza operacional; b)

contas erráticas, ou seja, as demais contas do circulante.

As contas cíclicas são as que se relacionam diretamente com o ritmo

operacional, refletindo, em seus saldos, o nível de operações fins da empresa e

as contas erráticas são aquelas cujos saldos evoluem sem qualquer relação

com o ritmo das operações podendo, portanto, ser zerados quando a empresa

estiver desempenhando normalmente suas atividades.

As contas cíclicas relevantes são: duplicatas a receber de clientes,

estoques, despesas pagas antecipadamente, no ativo; duplicatas a pagar de

fornecedores, obrigações tributárias incidentes sobre o faturamento, obrigações

trabalhistas, no passivo. As contas erráticas relevantes são: caixa, bancos,

aplicações financeiras, mútuas como controladas e coligadas, outras contas

correntes, no ativo; financiamentos bancários, títulos descontados, provisões de

impostos sobre o lucro, mútuos com controladas e coligadas, outras contas a

pagar, no passivo.

Considerando as naturezas diferentes das contas do giro, há uma

reclassificação do capital circulante: as contas cíclicas são classificadas como

giro, e, consequentemente, o total dos ativos cíclicos menos os passivos

cíclicos indica a Necessidade de Capital de Giro. As demais contas, de caráter

financeiro e não vinculadas às operações são denominadas de contas de

Tesouraria, e só com essas é que se deveria calcular a liquidez empresarial e a

capacidade de solvência da empresa no curto prazo.

Quadro 6 – Reclassificação de Balanço na abordagem

dinâmica do Modelo Fleuriet

BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE Contas Cíclicas Contas Cíclicas

Page 62: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

Dupls. Receber - Clientes Dupls. Pagar – Fornecedores

Estoques Salários/Contas a Pagar Contas Erráticas Impostos a Recolher Caixa/Bancos/Aplic.Financeiras

Contas Erráticas

Outros realizáveis Empréstimos REALIZÁVEL A LONGO PRAZO

EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

Incentivos Fiscais Empréstimos PERMANENTE PATRIMÔNIO LÍQUIDO Investimentos Capital Social Imobilizados Reservas e Lucros

Retidos Diferidos

Entretanto, por outro lado, encontram-se as contas erráticas que são as

demais contas do circulante. A expressão errática vem da característica de que

o seu valor contém caráter de aleatoriedade, porque não têm uma relação

proporcional às alterações das vendas ou da produção. Elas se alteram apenas

a determinados momentos, esporádicos, quando há necessidade de suprimento

de capital para aplicações no giro ou quando há excedentes de recursos

financeiros no ativo circulante. As principais contas do ativo, caixa, bancos,

aplicações financeiras, e outros valores a receber. O passivo é: empréstimos,

duplicatas descontadas, distribuição e resultados e impostos sobre o lucro.

A variável T – Tesouraria, também obtida da reclassificação das contas do

Ativo (caixa, bancos, aplicações financeiras) mais os outros valores realizáveis

de curto prazo e Passivos Circulantes (empréstimos de curto prazo), indica a

folga financeira da empresa (quando positiva) ou, quando negativa, a utilização

de recursos de terceiros de curto prazo para financiar as atividades. A

“tesouraria” relaciona os ativos circulantes erráticos com os passivos circulantes

erráticos não compreendendo os valores a receber de clientes nem os

estoques, nem utiliza no passivo circulante as obrigações decorrentes do giro

das operações.

Page 63: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

A variável LP – Longo Prazo, obtida pela diferença dos saldos das contas

do realizável a Longo Prazo e do Exigível a Longo Prazo, expressa fontes de

recursos de longo prazo financiando as atividades da empresa (quando

positiva) ou aplicações de recursos no longo prazo (quando negativa).

A variável CDG – Capital de Giro, obtida pela diferença das contas do

Patrimônio Líquido e do Ativo Permanente, indica o montante de recursos

próprios disponíveis para financiar outras atividades que não as aplicações em

ativos fixos (quando positiva) ou a indisponibilidade de recursos próprios para

financiar as imobilizações (quando negativa).

Esses conceitos podem ser melhor visualizados nos exemplos seguintes:

Quadro 7 –

Necessidade Líquida de Capital de Giro – exemplo 1

Exemplo 1

NLCG 4.000

T 800

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CDG 4.800

Não possui operações de longo prazo.

Análise: a empresa possui recursos próprios suficientes para a imobilização

(CDG positivo), para suas necessidades de capital de giro (CDG > NLCDG) e

ainda para manter uma folga financeira (T positiva). Assim, temos:

CDG = NLCDG + T ou 4.800 = 4.000 + 800

Quadro 8 –

Necessidade Líquida de Capital de Giro – exemplo 2

Exemplo 2

NLCDG 4.000

T - 800

CDG 3.200

Não possui operações de longo prazo.

Análise: a empresa possui recursos próprios para imobilização (CDG positivo),

mas insuficientes para a cobertura das necessidades de capital de giro

Page 65: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

(NLCDG < CDG), utilizando-se de recursos de terceiros de curto prazo (T

negativa) para suprir esta falta. A utilização de tais recursos corresponde a 20%

da necessidade de capital para o giro dos negócios ( | T | DIVIDIDO POR

NLCDG).

Neste caso temos:

CDG + | T | (1) = NLCDG ou

CDG = NLCDG – T ou

3.200 = 4.000 – 800

Quadro 9 –

Necessidade Líquida de Capital de Giro – exemplo 3

Exemplo 3

NLCDG -800

T 400

LP -500

CDG 100

Análise: a empresa possui recursos para imobilização (CDG positivo) e não tem

necessidade de recursos para o giro dos negócios (NLCDG negativo). Além

disso, possui grande folga financeira. Grande parte dos recursos obtidos do giro

dos negócios (NLCDG negativa), bem como uma parcela dos recursos próprios

disponíveis (CDG positivo), estão aplicados em operações de longo prazo (LP

negativo). Neste caso temos:

Page 66: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

| NLCDG | + CDG= | LP| + T ou

| 800 | + 100 = | 500 | + 400

Quadro 10 –

Necessidade Líquida de Capital de Giro – exemplo 4

Exemplo 4

NLCDG 2.500

T - 500

LP 1.800

CDG 200

Análise: a empresa possui recursos para imobilização (CDG positivo), mas

insuficientes para a cobertura de toda a necessidade de capital de giro (NLCDG

> CDG). Recorre a fontes de curto e a fontes de longo prazo para suprir a

insuficiência de recursos próprios. Neste caso temos:

CDG + LP + | T | = NLCDG ou

CDG + LP = NLCDG - T ou

200 + 1.800 = 2.500 - 500

Page 67: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

Quadro 11 –

Necessidade Líquida de Capital de Giro – exemplo 5

Exemplo 5

NLCDG 4.500

T - 5.000

CDG - 500

Não possui operações de longo prazo

Análise: a empresa não possui recursos próprios sequer para a imobilização,

financiando, inclusive, parte dela com recursos de curto prazo (CDG negativo).

As necessidades de capital de giro são totalmente financiadas com recursos de

curto prazo (T negativa). Assim, temos:

| T | = NLCDG + | CDG | ou

| 5.000 | = 4.500 + | 500 |

Page 68: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

Como pode ser observado nesses exemplos, apresentados nos

quadros de 07 a 11, a primeira preocupação na análise das quatro variáveis

enfoca a disponibilidade ou não de recursos próprios para financiar as

atividades. O endividamento oneroso surge da falta de tais recursos. Sempre

que a variável CDG – Capital de Giro apresentar um valor inferior à variável

NLCDG – Necessidade Líquida de Capital de Giro, a empresa recorre ao curto

prazo – Tesouraria negativa – ou ao longo prazo - LP- Longo Prazo positivo.

Utilizar-se-á para aplicação do modelo, os dados do exemplo numérico

apresentado no anexo. Analisando especificamente o período de 31.12.x1, tem-

se:

NLCDG = Necessidade Líquida de Capital de Giro igual a R$ 3.812,00; T –

Tesouraria negativa em R$ 346,00; Ciclo Financeiro de 57 dias, assim

decomposto: estoques 49 dias; clientes 30 dias; fornecedores 10 dias; impostos

a recolher 8 dias e salários e encargos sociais 4 dias. Assim: 49 (+) 30 = 79, 79

(-) 10 (-) 4 (-) 8 (=) 57 dias.

O ciclo financeiro é de 57 dias, assim, a necessidade de capital para o giro

dos negócios corresponde ao faturamento em torno de 2 meses. Este período é

a pratica da decomposição do ciclo financeiro.

Se for comparada a evolução da variável NLCDG encontra-se acréscimo

de R$ 291, assim calculado: NLCDG em 31.12.x1 de R$ 3.812,00 menos

NLCGD em 31.12.x0 de R$ 3.521,00. Para manter o andamento dos negócios,

em decorrência das diversas políticas praticadas foi necessária uma geração de

recurso nesse valor.

Para análise da geração de recursos e comportamento da variável CDG –

Capital de Giro, utilizar-se-á o modelo a seguir, demonstrativo do Capital de

Giro.

Page 69: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

CDG – Capital de Giro em 31/12.x0

Patrimônio Líquido........................................................ 4.000

(-) Ativo Permanente..................................................... 5.990

(1.990)

Fontes de Recursos em 31/12.x1

Caixa Gerado pelas Operações

Lucro Operacional......................................................... 646

(+) Depreciação............................................................. 1.081

1.727

CDG – Capital de Giro em 31.12.x1

Patrimônio Líquido......................................................... 4.270

(-) Ativo Permanente.................................................... (5.634)

(1.364)

Faz-se, agora, a comparação das duas variáveis, evolução da variável

NLCDG – Necessidade Líquida de Capital de Giro, que expressa a necessidade

adicional para manter o giro dos negócios, foi de R$ 291,00; a evolução da

variável CDG – Capital de Giro, que se constitui na principal fonte de recursos

na empresa, foi de R$ 1.727,00 proveniente pelos recursos gerados pelas

operações, o ciclo financeiro de 57 dias foram mais do que suficientes para

atender ao crescimento das necessidades determinadas pelo negócio.

Os recursos gerados pelas operações foram de R$ 1.727,00 e o

crescimento das necessidades de capital de giro foi de R$ 291,00, tem-se um

excedente de R$ 1.436,00, (R$ 1.727,00 (-) 291,00), aplicados na tesouraria.

3.3 Efeito – Tesoura

Page 70: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

O “efeito–Tesoura” provem do desequilíbrio econômico-financeiro, onde

fica evidenciado a necessidade de recursos para o giro crescendo mais do que

os recursos próprios disponíveis, obrigando a empresa a recorrer ao

endividamento junto às instituições financeiras. Segundo OLIQUEVITCH e

SANTI FILHO (1987; p. 119), tendo em vista que no Brasil as fontes de longo

prazo são escassas, a grande maioria das empresas endivida-se no curto

prazo, tornando extremamente vulnerável a situação econômico-financeira.

“Quando a NLCDG dimensionar-se maior que o valor dos RPR (Recursos

Próprios Realizáveis), e esta defasagem (ou desajuste financeiro) aumentar em

períodos subsequentes, configura-se uma clara tendência ao desequilíbrio

econômico-financeiro que, entretanto, poderá ser atenuado pela existência de

recursos líquidos de longo prazo (variável Longo Prazo positiva), financiando a

defasagem em sua totalidade, ou parcialmente” (FIORAVANTI, 1999; p. 40).

O efeito–tesoura é a tendência desse desequilíbrio, e através da análise

do comportamento das variáveis NLCDG e CDG deve-se buscar suas causas.

Causas essas que podemos evidenciar: crescimento das vendas com baixa

rentabilidade; imobilização excessiva; distribuição excessiva de lucros;

descontrole no ciclo financeiro; prejuízos etc.

O efeito-tesoura ocorre quando a empresa financia a maior parte do

investimento operacional em giro através de curto prazo não renovável

automaticamente, como são as operações de financiamento que integram o

passivo circulante oneroso. Neste caso, o saldo de tesouraria apresenta-se

negativo e com taxa de crescimento superior à do investimento operacional em

giro.

3.4 Conclusão de Análise

Page 71: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

O modelo de Michel Fleuriet enfatiza os aspectos de liquidez, ou seja,

pensa a firma como uma entidade dinâmica, que cresce com a economia do

país, e acumula experiência operacional na sua área específica de ação, com

capacidade financeira de resgatar seus compromissos no prazo, ao mesmo

tempo que injeta recursos no seu ativo econômico.

Quadro 12 – Modelo Fleuriet – Balanço Patrimonial

APLICAÇÕES FONTES

Contas erráticas

do ativo

Caixa e Bancos Financiamentos

a curto prazo

Contas erráticas do

passivo

Contas cíclicas

do ativo

Clientes e

Estoques

Fornecedores Contas cíclicas do

passivo

Contas

permanentes do

ativo

Imobilizações Instituições

Financeiras e

Patrimônio

Contas permanentes

do passivo

Neste modelo as contas cíclicas, sejam ativas ou passivas, não devem

fazer parte da liquidez. A liquidez da empresa é exclusivamente decorrente do

seu saldo de tesouraria, representado pelas contas erráticas. Assim sendo,

passa-se a entender a capacidade de pagamento da empresa sob um aspecto

mais profundo e realístico, não enviesando os fundamentos de liquidez e

necessidade de investimentos no giro.

Comparando a liquidez tesouraria e o índice de liquidez imediata, verifica-

se que a fórmula difere apenas na aplicação do denominador, a primeira

(liquidez tesouraria) expressa as contas cíclicas do passivo, a segunda

(liquidez imediata) trata o passivo circulante como um todo. Portanto, diante

desta divergência no tratamento dos elementos do denominador, IUDÍCIBUS

Page 72: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

(1988; p. 147), evidencia: “No denominador, dívidas que, embora de curto prazo,

vencerão em 30, 60, 90, 180 e até 365 dias. Assim, a comparação mais correta

seria com o valor presente de tais vencimentos, ou colocando-se no

denominador o valor que pagaríamos se nos dispuséssemos a pagar as dívidas

de curto prazo hoje, de uma só vez. Provavelmente obteríamos um desconto.

Este quociente já teve uma importância maior, quando a existência de mercado

financeiro e de capitais era restrita. Hoje, sem desprezar-se certo limite de

segurança que irá variar de acordo com a natureza do empreendimento, com o

tamanho da empresa e o “estilo” da administração, sem dúvida que, na

verdade, se procura ter uma relação disponível/passivo corrente a menor

possível, em cada data. É claro que não podemos correr o risco de não contar

com disponibilidades quando as dívidas vencerem. Todavia, o orçamento de

caixa é o melhor instrumento para prever ou prevenir tais acontecimentos.

Devemos lembrar, por outro lado, que disponível ocioso perde substância

líquida quando nos encontramos em período de inflação”.

A composição dos elementos do denominador da fórmula deve ser

analisada convenientemente antes de sua aplicação, diante disto concordamos

com a classificação denominada de contas erráticas.

No formato Fleuriet, as contas cíclicas representam aquelas fontes e

aplicações que giram e se renovam ao ritmo da produção da firma (comprar,

fabricar e vender).

O endividamento neste modelo tem pouco significado, visto que a

classificação dos financiamentos a curto prazo como passivo errático

representa uma fonte de recurso esporádico, sendo pouco provável a

renovabilidade destes financiamentos. Colocam no mesmo lugar os recursos

dos acionistas e dos banqueiros, pelo que enfatiza a responsabilidade social

dos bancos na permanência da instituição, considerando como fonte

permanente de fundos. Mas por outro lado, a responsabilidade dos dirigentes

de fazer a empresa produzir recursos suficientes para suas operações.

Page 73: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

Assim, julga-se oportuno analisar a liquidez na abordagem MM

(Modigliani e Miller), na qual a estrutura de capital da empresa difere

significativamente da abordagem tradicional (clássica). Ela parte do

pressuposto de que em mercados perfeitos é irrelevante a estrutura de capital,

e, consequentemente a política de dividendos. Conforme Modigliani e Miller (in:

BREALEY e MYERS, 1992, p. 395) mostram, a política de dividendos não é

relevante nos mercados de capitais perfeitos. A sua proposição estabelece que

uma empresa não pode alterar o valor total dos seus títulos, através da simples

repartição dos seus fluxos de tesouraria em diferentes correntes: o valor da

empresa é determinado pelos seus ativos reais e não pelos títulos que emite.

Dentro das condições de mercados de capitais perfeitos, haveria

abundância de capital. Portanto, os investidores estariam dispostos a correr os

mesmos riscos dos tradicionais proprietários. Dentro dessa linha, alguns pontos

podem ser levantados, como premissas da abordagem MM:

a) não há donos na empresa;

b) não é relevante a fonte de capital; todas têm uma remuneração,

cuja diferença é apenas de nome (juros, prêmios, dividendos);

c) não há risco financeiro (todos são identicamente fornecedores de

capital);

d) portanto não há alavancagem financeira que possa maximizar o

valor da empresa;

e) há apenas o risco do negócio (risco não sistemático).

Dentro desta abordagem, não havendo risco financeiro, não há, portanto, problemas de

liquidez, já que todos os investidores estão dispostos ao mesmo risco da empresa. Não

há diferença entre capital de terceiros e capital próprio, já que todos são considerados

investidores.

Em resumo, dentro da abordagem Modigliani e Miller não há porque

calcular índices de liquidez.

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As empresas são analisadas e avaliadas na sua relação de capital próprio

versus capital de terceiros, e o objetivo tem sido a maximização do valor da

empresa, sob a ótica do patrimônio líquido contábil (ou do capital próprio) que é

de propriedade de seus acionistas.

Diante da análise realizada nos modelos, entende-se que é possível

incorporar os conceitos do Modelo Fleuriet com a análise tradicional, para o que

desenvolveu-se um Modelo Integrado, apresentado no capítulo 5.

Page 75: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

CAPÍTULO 4

INVESTIMENTO

Os dois modelos de análise financeira são importantes e, como já se pode

verificar preliminarmente, eles se complementam.

Outrossim, novos conceitos têm sido apresentado nos últimos anos, os

quais entende-se devam fazer parte definitivamente do conjunto de indicadores

de análise financeira ou contábil.

Basicamente esses novos conceitos centram-se na rentabilidade do

investimento, a incorporação do conceito de custo de oportunidade do capital e

o conceito de avaliação econômica da empresa pelos fluxos futuros de

benefícios (fluxos de lucro, fluxos de caixa ou fluxo de dividendos).

Apresenta-se a seguir os fundamentos e conceitos que julga-se serem

necessários para complementar a metodologia de análise contábil.

4.1 Decisão

Page 76: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

A decisão de investir é de natureza complexa, porque muitos fatores,

inclusive de ordem pessoal, entram no cenário. Todavia, é necessário que se

desenvolva um modelo teórico mínimo para explicar e prever essas decisões.

Portanto, deixa-se de lado, a pretensão de desenvolver um modelo completo

para a decisão de investir. “O processo de administração pode ser visualizado

como o esforço administrativo global em dado empreendimento, envolvendo a

tomada de decisões, a aplicação de determinadas técnicas e de certos

procedimentos e a motivação de indivíduos ou grupos no sentido da

consecução de objetivos específicos.” (WELSH, 1979; p. 19).

A principal idéia que surge é a decisão de investir, dependente do retorno

esperado: quanto maiores forem os ganhos futuros que podem ser obtidos de

certo investimento, tanto mais atraente esse investimento parecerá para

qualquer investidor, assim temos, na decisão de investir os recursos de capital

que são aplicados e que produzem receitas, custos e lucros.

Depara-se nesse momento com uma questão de suma importância: como

avaliar os ganhos futuros de certa alternativa de investimento? Farão todos os

investidores potenciais iguais avaliação dos ganhos futuros de certos

investimentos? Essas perguntas levam a concluir que, estando os agentes

econômicos inseridos de forma diferenciada no cenário econômico, farão

avaliações distintas de uma mesma oportunidade e investimento.

Mais importante do que isso, os ganhos futuros não são certos, embora,

em alguns casos, como na aquisição de títulos da dívida pública, possam ser

considerados quase certos. Então, existem dois fatores atuando em sentidos

opostos: os retornos esperados do investimento que atraem o investidor e o

risco que o afasta. WESTON e BRIGHAM (2000, p. 155), referem-se ao risco

como um perigo; exposição à perda ou ao dano. Assim, risco refere-se à

possibilidade de que algum acontecimento desfavorável venha a ocorrer.

Page 77: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

Os ganhos futuros podem ser avaliados diferentemente por gestores

distintos, mas é necessário adicionar que o risco de certa alternativa pode

receber diferentes avaliações e que, sobretudo, os gestores assumem atitudes

diferenciadas diante do risco.

Para elucidar um pouco mais essa questão, é necessário explicar um

pouco melhor a natureza do risco associado à decisão de investir. A primeira

observação a ser feita é de quanto melhor for o nível de informação do gestor

tanto menor será o nível a que estará sujeito . No extremo, se fosse possível

ante ver com segurança o futuro, a partir do conhecimento perfeito das forças

que atuam nos ambientes interno e externo do projeto, a decisão de

investimento seria tomada sem risco. Para WESTON e BRIGHAM (2000; p. 660) o

risco empresarial é definido como sendo a incerteza inerente a projeções de

futuros retornos sobre ativos (ROA), ou de retornos sobre o patrimônio líquido

(ROE), se a empresa não utiliza dívida, e constitui o fator determinante mais

importante da estrutura de capital.

O projeto de investimento, em sentido amplo, pode ser interpretado como

um esforço para elevar o nível de informação a respeito de todas as

implicações, tanto desejáveis quanto indesejáveis, para diminuir o nível de

risco. Melhor dizendo, o projeto de investimento é uma simulação da decisão de

investir, o que se apresenta OPORTUNIDADE – PROJETO (estudos,

pesquisas, análises e avaliações) – DECISÃO. Conforme coloca WELSH (1979;

p. 420): “Há várias razões pelas quais a alta administração deve elaborar um

orçamento formal de investimento em ativos fixos. Os objetivos mais

importantes desse programa orçamentário são:

1- Planejamento – Permite o planejamento adequado de despesas de capital.

2- Coordenação – Permite a coordenação adequada de despesas de capital no

que diz respeito a:

a. Necessidades de financiamento – exigência de caixa e recursos

financeiros.

b. Investimento total em operações.

Page 78: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

c. Vendas em potencial.

d. Lucros em potencial.

e. Retorno do investimento.

f. Posição financeira da empresa.

3- Controle – Permite o controle de (1) numerosos investimentos de pequeno

valor e (2) custos de investimentos mais importantes”.

Quando se menciona risco de forma genérica, está-se, na verdade,

utilizando linguagem pouco precisa, porque não se está fazendo distinção entre

duas situações significativamente diferentes: (1) situação de risco – em que os

eventos possíveis e suas probabilidades de ocorrência são conhecidos; (2)

situação de incerteza – em que não se sabe quais são os eventos possíveis, ou

não se conhecem suas probabilidades de virem a ocorrer.

Os projetos de investimento, geralmente, conseguem apenas melhorar a

tomada de decisão, diminuindo o nível de incerteza. De qualquer forma, a

avaliação da situação de risco, em si, constitui importante informação para a

tomada de decisão. “Os modelos de decisão dentro da teoria contábil podem e

devem atender às necessidades gerenciais sobre todos os eventos

econômicos, para qualquer nível hierárquico dentro da empresa” (PADOVEZE,

1998; p.128).

4.2 Meta do Planejamento

Em geral, a decisão de investir envolve imobilização de apreciáveis

quantidades de capital em ativos reais de pouca ou nenhuma liquidez, por

períodos de tempo relativamente longos.

Os métodos de avaliação das oportunidades de investimento, como é

lógico, baseiam-se na comparação da magnitude do investimento, ou seja, do

Page 79: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

dispêndio de capital, com os ganhos líquidos esperados durante certo período

de tempo.

Os projetos, por sua natureza, diferem muito quanto à vida estimada.

Determinados projetos de infra-estrutura costumam ter vidas estimadas

superiores a 10 anos. Isso quer dizer que para avaliar tais projetos é

necessário prever os custos e receitas relevantes para a próxima década. Isso

parece muito problemático, pois estimar custos e receitas para daqui dez anos

parece uma tarefa totalmente impossível. Porém, se é verdade, quanto mais

adiante no tempo se buscam estimar custos e receitas, mais imprecisas serão

as estimativas; é também verdade, quanto mais distantes no tempo estiverem

tais custos e receitas, menores serão seus impactos sobre a avaliação que se

faz hoje da oportunidade de investimento. Observa-se facilmente isso quando

se examina o valor atual de uma receita ou de um desembolso futuro, temos:

valor atual (VA), valor futuro (VF), taxa de juros (R) e número de períodos de

tempo (N). Para WESTON e BRIGHAM (2000; p. 201), uma das ferramentas mais

importantes na análise do valor do dinheiro no tempo é a linha de tempo, que é

empregada para nos ajudar a visualizar o que está acontecendo com um

problema em particular e, assim, montar o problema para solução. Ainda

segundo estes mesmos autores, o valor futuro (FV) é a quantia para a qual um

fluxo ou uma série de fluxos de caixa se expandirá por um dado período de

tempo quando composta a uma determinada taxa de juros. E finalmente,

sempre segundo WESTON e BRIGHAM (2000; p. 209), “valor presente (PV) é

o valor hoje de um fluxo ou de uma série futura de fluxos de caixa”.

Por outro lado, as empresas também se diferenciam substancialmente

umas das outras quanto às políticas de investimento. Essas diferenças surgem

em decorrência dos ramos no qual atuam, de fatores ligados à história de cada

empresa, da forma como cada empresa está constituída, dos padrões de

administração adotados e, sobretudo, da capacidade financeira e das

estratégias de médio e longo prazo.

Page 80: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

Pode-se concluir, a decisão quanto ao horizonte de planejamento é

influenciada tanto por fatores ligados à natureza dos projetos de investimento,

quanto por fatores relacionados a características das empresas. A mesma

empresa pode admitir meta de planejamento diferente do usual para certo

projeto, assim como projetos idênticos podem ser analisados sob meta de

planejamento diferente, por empresas distintas.

A decisão quanto ao horizonte de planejamento é influenciada tanto por

fatores ligados à natureza dos projetos de investimento, quanto por fatores

relacionados a características das empresas. A mesma empresa pode admitir

meta de planejamento diferente do usual para certo projeto, assim como

projetos idênticos podem ser analisados sob meta de planejamento diferente,

por empresas distintas.

De modo geral, a meta de planejamento será tanto mais curta quanto

menor for a vida útil dos ativos fixos envolvidos e quanto menor for a

capacidade financeira da empresa. Isso se deve ao fato de as empresas

dependerem em grande escala de capital de terceiros e estarem sujeitas à

maior margem de risco e, por isso, tenderem a emprestar menor importância

aos ganhos potenciais que se distanciam no tempo. As pequenas e médias

empresas em sua maioria, tendem também a ser mais suscetíveis a mudanças

na conjuntura econômica, encurtando drasticamente seu horizonte de

planejamento em situações de turbulência e alto risco. “O planejamento

financeiro é a projeção de vendas, lucros e de ativos baseada em estratégias

alternativas de produção e de marketing, bem como a determinação dos

recursos necessários para alcançar essas projeções.” (WESTON e BRIGHAM,

2000; p. 343).

Os ganhos futuros influenciam menos a decisão de investir, tanto à medida

que se distanciam no tempo, como à medida que se eleva a taxa de juros à

qual são descontados. Essa taxa de juros é a taxa mínima de retorno, ou taxa

mínima de atratividade.

Page 81: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

4.3 Custo de Oportunidade

O conceito de custo de oportunidade é geral e aplica-se não somente às

decisões de investimento.

Sobre o assunto, os autores a seguir fazem os seguintes comentários.

Para SANTOS (1995; p. 11), custo de oportunidade é a expressão monetária do

benefício sacrificado por uma entidade por ter investido seus recursos numa

alternativa de ação ao invés de em outra. WONNACOTT e WONNACOT (1994;

p. 802), consideram esse custo como “o montante de recurso podendo render

no melhor de seus usos alternativos. A alternativa que é preterida quando algo

é produzido”. Já para MOCHÓN MORCILLO e TROSTER(1994; p. 12), o custo

de oportunidade de um bem ou serviço é a quantidade de outros bens ou

serviços que se deve renunciar para obtê-lo.

Considere-se, primeiramente, um contexto determinante, sem risco.

Admita-se sendo possível ordenar todas as oportunidades relevantes de

aplicação do capital disponível de acordo com alguma medida do ganho

associado a cada uma delas.

Se a decisão for a melhor possível, essa ordem será rigorosamente

seguida, de forma às oportunidades contempladas serem as primeiras da

ordenação, ou seja, as mais lucrativas. Nesse caso, não se pode falar de custo

de oportunidade, ou pelo menos de custo de oportunidade positivo, uma vez

que a última oportunidade escolhida apresenta ganho pelo menos igual ao da

primeira não escolhida.

Porém, se por exemplo, a segunda oportunidade for selecionada sem a

primeira ou seja, estar-se-á incorrendo em perda de oportunidade de obter

maiores ganhos. Nesse caso, haverá custo de oportunidade positivo,

Page 82: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

equivalente à diferença entre os ganhos deixados de ser obtidos e os que

realmente o são.

Podemos, imaginar que se possa construir uma ordenação da

oportunidade de investimento de forma segura significa fazer abstração da

realidade. Já se mencionou que as oportunidades de investimento diferem

entre si não apenas quanto aos ganhos associados, mas também quanto ao

nível de risco de cada uma. E mais, onde o termo genérico risco engloba

situações absolutamente diferentes, situações em que o nível de conhecimento

é suficiente para estabelecer os resultados possíveis e suas probabilidades e

situações em que essas probabilidades não são conhecidas, ou mesmo sequer

os resultados possíveis são conhecidos.

SOUZA (1997; p. 22) diz: “Então, adicione-se à ordenação anterior o nível

de risco associando às oportunidades de investimento. Sejam risco 1, risco

2,...., risco n esses níveis de risco. Mantendo-se a ordenação segundos os

ganhos, ganho 1, ganho 2..., ganho n, certamente os níveis de risco não

resultarão ordenados. Agora, a melhor alternativa é a de apresentar a melhor

combinação de ganhos e risco. Como, então, determinar essa melhor

alternativa se os gestores encaram o risco de forma diferenciada?”.

A ordenação anteriormente mencionada pode ser modificada. Isso pode

ser feito através do desenvolvimento do projeto de investimento para cada

oportunidade, ou de estudos, pesquisas, análises e avaliações adicionais, se o

projeto já existe. O desenvolvimento e o aprimoramento do projeto que resultem

em alteração de novas oportunidades, e, portanto, dêem origem a uma nova

ordenação das oportunidades.

Primeiramente, admita-se, ser possível o aprimoramento máximo dos

projetos de investimento. Esse é o caso analisado anteriormente, onde a

escolha da combinação ótima de ganhos e risco dependerá de características

pessoais do gestor.

Page 83: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

A situação real enfrentada pelo gestor, entretanto, é mais complexa.

Convém lembrar que o desenvolvimento e o aprimoramento de projetos

envolvem despesas e demandam tempo.

Com relação aos recursos alocados para o desenvolvimento ou o

aprimoramento de projetos, pode-se pensar, teoricamente, em otimização na

margem segundo o raciocínio. As atividades de busca de informação devem

prosseguir até o ponto em que o custo marginal da busca igualar o ganho que

se espera obter com o uso da informação. É evidente, não há forma imediata de

medir essas variáveis, e essa regra não pode ser traduzida em procedimento

prático, a não ser de forma grosseiramente aproximada.

Ainda, há de se acrescentar, a busca de informação para o

desenvolvimento e o aprimoramento de certo projeto de investimento demanda

tempo. Se os recursos de capital disponíveis para investimento não puderem

ser aplicados a curto prazo, ou, mesmo podendo, não for possível obter com

esse tipo de aplicação a remuneração mínima deseja, o tempo, por si,

representará perda.

A maior perda pode não ser essa, uma vez que, enquanto se elaboram

atividades de desenvolvimentos e aprimoramento do projeto de investimento,

podem ocorrer mudanças no ambiente de atuação da empresa, incluindo

regulamentação, atuação de concorrentes e descobertas tecnológicas. Essas

mudanças podem inviabilizar totalmente o investimento ou significar substancial

diminuição dos ganhos inicialmente projetados, mas também podem tornar

evidente que o projeto não obteria êxito.

4.4 Taxa Mínima de Retorno

Page 84: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

A taxa mínima de retorno é a taxa de desconto imposta a qualquer ganho

futuro por não estar disponível imediatamente. Sua importância não pode ser

exagerada, pois é evidente de planejamento, pode mostrar-se viável ou

inviáveis dependendo da taxa mínima de retorno à qual são descontados os

ganhos futuros líquidos. De acordo com WESTON e BRIGHAM (2000; p. 537).

se os dois projetos têm um custo de capital ou taxa exigida de retorno de 10%,

então a regra da taxa interna de retorno indica que, se os projetos são

independentes, ambos deveriam ser aceitos – espera-se que ambos ganhem

mais do que o custo de capital necessário para financiá-los.

A primeira idéia é a taxa mínima de retorno utilizada na avaliação de certo

projeto; ela deve ser tanto maior quanto maior for o risco envolvido. Isso, ainda

intuitivamente correta, é metodologicamente indesejável, pois deveria ser

cotejado com os níveis de risco envolvidos, sendo os valores presentes obtidos

com base em certa taxa mínima de retorno ou a taxa interna de retorno.

SOUZA (1997; p. 26) destaca: “Outra idéia que pode surgir é a taxa

mínima de retorno ser inversamente relacionada com o tempo de maturação do

investimento. Essa idéia também é inadequada, porque a distribuição dos

ganhos no tempo é levada em conta através do expoente do denominador, no

cálculo do valor presente”.

A taxa mínima de retorno, à medida que as empresas que possuem

estratégias de médio e longo prazo a serem observadas estarão menos

suscetíveis às flutuações de curto prazo do mercado financeiro. Ou seja, o

custo de oportunidade do capital tende a ser estável para empresas com

planejamento de longo prazo, enquanto tende a flutuar de acordo com o

mercado financeiro na ausência de planejamento de longo prazo.

Pode-se concluir que a taxa mínima de retorno é a taxa de juros que deixa

de ser obtida na melhor aplicação alternativa quando há emprego de capital

próprio, ou é a melhor taxa de juros que tem de ser paga quando recursos de

terceiros são aplicados.

Page 85: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

Empresas com pequeno aporte de capital, não conseguem tornar efetivo

um largo horizonte de planejamento; dependem mais estreitamente do mercado

financeiro e, então, têm taxa mínima de retorno estabelecida

preponderantemente por fatores externos, entre os quais se destaca a

conjuntura do mercado financeiro. Por outro lado, grandes empresas,

financeiramente sólidas e com grande capacidade de autofinanciamento,

podem estabelecer metas de longo prazo de ganhos sobre o capital investido,

constituindo o que se denomina taxa mínima de juro própria. Nesse caso, são

principalmente fatores internos à própria empresa os determinantes da taxa

mínima de retorno.

SOUZA (1997; p. 27) fala sobre o assunto nos seguintes termos:

“Pequenas empresas, com pequeno aporte de capital, não conseguem tornar

efetivo um largo horizonte de planejamento; dependem mais estreitamente do

mercado financeiro e, portanto, têm taxa mínima de retorno estabelecida

preponderantemente por fatores externos, entre os quais se destaca a

conjuntura do mercado financeiro”.

É preciso, entretanto, observar que novamente o nível de informação

desempenha papel central. Variações no nível de conhecimento tanto do

ambiente externo, incluindo possíveis fontes de financiamento e suas condições

de acesso, prazos e custos, quanto do ambiente interno da empresa, ou seja,

da situação financeira atual e futura, geralmente implicam variações na taxa

mínima de retorno.

4.5 Lucro antes dos Juros, Impostos (sobre o lucro), Depreciações e

Amortizações EBITDA ( Earnings Before Interest, Taxes,

Depreciation and Amortization)

Page 86: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

Ultimamente, vêm ocorrendo diversas maneiras de reorganizar os

negócios através de fusão, cisão, incorporação etc. Vamos ficar somente com

essas três modalidades, por estarem elencadas no texto da lei das sociedades

anônimas.

Mas o fator presente é o da avaliação da empresa como um todo, não

avaliando somente seu ativo tangível e a capacidade de gerar resultados

positivos no curto prazo, mas também medindo o “Goodwill” (ativos

intangíveis), intrínseco na empresa negociada. Por outro lado os proprietários

devem querer saber o valor do seu negócio, mesmo que não pretendam realizar

nenhuma dessas modalidades de negócios, apenas para saber sua posição no

mercado.

Quando se fala em avaliar um negócio, vem em mente a atribuição de

valores monetários aos ativos de uma empresa . Contudo também não devem

ser esquecidos os itens não explícitos na contabilidade, difíceis de medir por se

tratar de ativos intangíveis.

O EBITDA está ligado ao conceito de caixa gerado pelos ativos

operacionais, aonde temos as vendas menos o CMV/CPV (custo das

mercadorias vendidas/custo dos produtos vendidos) igual ao lucro bruto menos

as despesas operacionais igual ao lucro operacional que vem a ser o EBITDA,

menos juros, impostos, depreciação é igual ao lucro líquido.

Mostrando sua aplicação, usa-se os demonstrativos apresentados na

revista IOB, caderno de Temática Contábil e Balanços, bol. 6/98.

Quadro 13

EBITDA

Vendas 1.200.000

Page 87: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

CMV (720.000)

Lucro Bruto 480.000

Despesas Operacionais (240.000)

EBITDA 240.000

Verifica-se que o EBITDA deste demonstrativo é de R$ 240.000,

significando que os ativos foram capazes de gerar esse potencial de dinheiro.

Partindo desse valor, lucro operacional ou EBITDA pode-se usá-lo para avaliar

a empresa, da seguinte forma: a) multiplica-se o EBITDA por um certo

multiplicador (que vem a ser a taxa de retorno esperada); b) adiciona-se o valor

das aplicações financeiras; c) diminui-se, dessa importância, o valor das dívidas

de financiamento; d) chega-se ao valor do patrimônio líquido da empresa para

efeito de negociação.

Supondo que o multiplicador fosse 4, ter-se-ia o valor patrimonial da

empresa na seguinte forma:

a) EBITDA (240.000) x 4 960.000

b) Mais Aplicações Financeiras 110.171

c) Menos Dívidas Bancárias -348.000

d) Valor da Empresa 602.171

Concluindo, pode-se integrar o fluxo de caixa e verificar que o dinheiro

entrado na empresa é genuinamente oriundo das negociações operacionais e

após o pagamento dos dividendos, o saldo disponível foi investimento em

aplicação financeira, como podemos verificar no balanço de 31/12/01.

Page 88: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

4.6 EVA – Valor Econômico Agregado ou Adicionado (Economic

Value Added)

Segundo KASSAI, SANTOS e ASSAF NETO (1999; p. 178), o conceito

de Economic Value Added (EVA), apesar de ter se popularizado nesta década,

na verdade não é uma novidade nos meios acadêmicos e empresariais. David

Ricardo, em seus tratados de econômica, já em 1823 tratava da riqueza da

empresa dessa forma, considerando o valor econômico agregado.

Pode-se traduzir o EVA como custo de oportunidade, o qual é o lucro

mínimo que a empresa deveria ter para remunerar adequadamente o

investimento do acionista. Melhor dizendo, se o acionista aplicasse seu dinheiro

em outro negócio, teria no mínimo aquele rendimento. Portanto, valor agregado

só pode ser considerado quando o lucro obtido pelo acionista, é maior que um

rendimento mínimo de mercado.

O EVA pode ser aplicado tanto para a rentabilidade do ativo total, quanto

para a rentabilidade do acionista. Diante de sua aplicação surgem dois

parâmetros a serem definidos: a) qual taxa de desconto a adotar?; b) qual o

valor do investimento? Quanto a que taxa descontar, pode-se buscar

indicadores no mercado financeiro, e dentro da cesta de indicadores temos:

taxa de rendimento de aplicação em poupança; taxa de juros de longo prazo

(TJLP); taxa de juros de títulos do governo norte-americano etc.

O valor do investimento pode ser considerado o ativo operacional líquido,

assim calculado (Ativo Total menos Investimentos, menos Aplicações

Financeiras, menos Fornecedores, menos Salários e Encargos a Pagar, menos

contas a Pagar, menos Impostos a Recolher e menos Adiantamento de

Cliente); o valor contábil do ativo; o valor econômico da empresa (goodwill) etc.

A fórmula para aplicação do EVA é a seguinte:

Page 89: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

EVA = NOPAT – C% (TC)

Onde:

NOPAT = Lucro Operacional Líquido Após os Impostos

C% = Custo percentual do Capital

TC = Capital Total

Dá-se a seguir um exemplo de aplicação do EVA para análise de

rentabilidade.

Aplicação numérica – custo de oportunidade 6% aa.

Quadro 14

Aplicação Numérica do EVA

31.12X0 31.12.X1

Lucro Operacional 1.582 1.070

(-) Imposto sobre o lucro (40%) 632 428

= Lucro Operacional Líquido dos Impostos (A) 950 642

Ativo Operacional:

Ativo Total 11.523 12.554

(-) Investimentos 200 230

(-) Aplicações Financeiras 777 1.596

Page 90: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

(-) Fornecedores 460 679

(-) Salários e Encargos a Pagar 200 265

(-) Contas a Pagar 100 121

(-) Impostos a Recolher s/ Merc. 460 475

(-) Impostos a Recolher s/ Lucros 100 72

(-) Adiantamento de Clientes 3 5

= Ativo Operacional (B) 9.223 9.111

Custo de Oportunidade – (6% x B) (C) 553 546

Valor Econômico Adicionado (A – C) (D) 397 96

Rentabilidade Adicional (D / B) (E) 4,3% 4,4%

Nesta aplicação numérica verifica-se que em 31.12.X0 houve um valor

adicionado de R$ 397,00 e em 31.12.X1 de R$ 96,00 representando

respectivamente uma rentabilidade adicionada de 4,3% e 1,0 %.

Page 91: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

CAPÍTULO 5

MODELO INTEGRADO DE ANÁLISE CONTÁBIL DE

BALANÇO

5.1 Modelos

O foco principal deste capítulo é a formulação de um modelo

conceitual de análise contábil de balanço. Para isso, evidencia-se a ênfase

dada ao modelo Tradicional e ao modelo Fleuriet. São apresentados o Painel

de Indicadores Econômico – Financeiros Fleuriet e o Painel de Indicadores

Econômico–Financeiros Tradicional, complementados com novos indicadores

de geração e análise de rentabilidade.

SANTOS (1995; p. 17 - 18), diz que diversos modelos são utilizados no

estudo e na compreensão de vários fenômenos da realidade. Permitem o

entendimento das características básicas de objetos reais através da

Page 92: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

representação simplificada de seus aspectos relevantes. Conseqüentemente,

pode-se simular, pelo modelo, eventuais resultados e conseqüências de

fenômenos, sistemas ou objetos, através da manipulação de suas variáveis

principais. MIRANDA (1985; p. 42-8) enumera as seguintes vantagens na

utilização de modelos corporativos na gestão empresarial:

a) permitem a experimentação;

b) têm finalidade pedagógica;

c) são um sistema de referência;

d) permitem a simulação computacional;

e) facilitam a comunicação empresarial;

f) têm maior capacidade preditiva;

g) transformam experiências e conhecimentos pessoais em patrimônio da

empresa;

h) podem ser utilizados como elementos de controle da previsão.

SANTOS (1995; pp.45-47), comenta que diferentes tipos de modelos

de decisão poderão compor o banco de modelos do decisor, conforme a natureza

da situação decisória, alguns modelos serão mais apropriados do que outros. O

tipo mais adequado dependerá da natureza matemática ou não das variáveis

envolvidas, dos objetivos do decisor, do grau de controle exercido sobre as

variáveis de decisão e do nível de certeza associado com o ambiente da decisão.

Considerando estas observações, de acordo com KOTLER (1993; p. 160-

5), os modelos de decisão poderiam ser classificados em três tipos, segundo sua

natureza:

Page 93: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

Modelos de decisão de simulação São modelos que permitem a

formulação e avaliação de alternativas,

antes da implementação de qualquer

uma delas. O decisor pode criar

cenários futuros possíveis e testar

alternativas, procurando responder

questões do tipo o que acontecerá se

....?. Como exemplo, temos alguns

modelos contábeis; como o orçamento

e a análise custo-volume-lucro.

Modelos de decisão de otimização Estes modelos são estruturados,

geralmente por relações matemáticas,

para selecionar uma única alternativa

ótima, tendo como orientação a

função-objetivo do decisor. Essa

análise matemática é processada por

métodos sistemáticos de solução,

conhecidos por algoritmos. Como

exemplo, temos as técnicas de

programação linear.

Modelos de decisão heurísticos São aqueles que através de rotinas,

geralmente computadorizadas,

permitem encontrar uma solução

satisfatória. A heurística é um conjunto

de regras de decisão que eliminam

alternativas inadequadas para solução

de problemas complexos. Por

exemplo: um analista, desejando

selecionar a melhor cidade para sediar

um novo projeto industrial, pode

consultar um banco de dados de

Page 94: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

cidades e aplicar a heurística com

gerenciadores de banco de dados, do

seguinte modo: “Considerar as cidades

com mais de 50.000 habitantes e com

renda per capita superior a $ 5.000

anuais”.

Por outro lado, os modelos de decisão também poderiam ser classificados

de acordo com a técnica utilizada na sua elaboração e manipulação,

independentemente de sua finalidade. Sendo assim, seriam enquadrados como

Modelos de decisão conceituais, Modelos de decisão gráficos, Modelos de

decisão matemáticos.

Quadro 15 - Modelo de Decisão

Modelos de decisão

conceituais

O relacionamento entre as

variáveis são descritos na

forma de prosa

Como exemplo: Modelos

de comportamento do

consumidor.

Modelos de decisão

gráficos

Utilizam-se de símbolos

para descrever um modelo

verbal.

Como exemplos:

Fluxogramas, Diagramas

de caminho crítico,

Diagramas de análise

casual, Diagramas de

árvore de decisão.

Modelos de decisão

matemáticos

Utilizam-se da matemática

para relacionar as

variáveis do problema

Como exemplos:

Programação matemática

linear e não-linear, Cálculo

diferencial, Matriz de

resultados, Teoria de jogos

e outros modelos

Page 95: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

derivados da pesquisa

operacional

As premissas para construção do Modelo Integrado são:

Análise Tradicional

- Enfoca a liquidez de forma muito simples, sem se ater profundamente, na

questão da característica de fixidez (ou de investimento necessário) dos ativos

circulantes.

- Enfoca a rentabilidade de investimento com ênfase adequada; porém não

considera normalmente, o enfoque de ativo operacional.

Modelo Fleuriet

- Enfoca a liquidez de forma adequada.

- Oferece subsídios para gestão do capital de giro (como investimento e não

como ativos passíveis de utilização para pagamento de dívidas de curto

prazo).

- Enfatiza, com propriedade, a figura de NLCG, mas não finaliza o modelo com

a análise de rentabilidade.

Proposta

- Incluir no modelo proposto a NLCDG

- Incluir no modelo proposto a Liquidez de Tesouraria.

- Fleuriet leva a considerar o investimento como “ativo operacional” NLCG +

AP (ativo permanente)

- Nova forma de análise de rentabilidade.

- Incorporar novos conceitos (EVA e EBITDA)

Quadro 16

Painel Comparativo Modelo Tradicional/Modelo Fleuriet

Page 96: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

Análise Tradicional Modelo Fleuriet

Análise Vertical e Horizontal

Indicadores de Liquidez Tesouraria – Liquidez

Endividamento LP – Longo Prazo

Atividade NLCDG

Rentabilidade

A seguir apresentamos o modelo integrativo dos indicadores da Análise

Tradicional e o Modelo Fleuriet, complementados com os indicadores de análise

de geração de lucro e rentabilidade (EBITDA, EVA).

Quadro 17

Painel de Indicadores Integrando Análise Tradicional / Modelo Fleuriet

Bloco 1 – Capacidade de Pagamento: Bloco 2 – Atividade:

Tesouraria – Liquidez Prazo Médio de Recebimento (dias)

Liquidez Corrente Prazo Médio de Pagamentos (dias)

Endividamento Giro do Estoque

NLCDG – Necessidade Líquida de Capital

de Giro

Page 97: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

Bloco 3 – Rentabilidade: Bloco 4 – Adicional

Margem Operacional Bruta

Margem Operacional Líquida

Rentabilidade do Ativo – Bruta Investimentos

Custo do Capital de Terceiros EBITDA

Rentabilidade do Patrimônio Líquido EVA

O painel comparativo Análise Tradicional/Modelo Fleuriet mostra os

pontos focados na análise tradicional e análise Fleuriet. Da Tradicional a ênfase

na Análise Vertical e Horizontal, nos Indicadores de Liquidez, no

Endividamento, Atividade e Rentabilidade; do Modelo Fleuriet foca na

Tesouraria – Liquidez, LP. Longo Prazo e Necessidade Líquida de Capital de

Giro.

Neste modelo, a Tesouraria–Liquidez compara-se com a Liquidez

Imediata, se considerarmos o denominador da fórmula ajustado nos parâmetros

do passivo errático. Também a variável LP – Longo Prazo equipara-se com o

Endividamento – LP , considerado como fonte constante de recursos.

Segundo OLINQUEVICH e SANTI FILHO (1987; p. 158), a variável LP –

Longo Prazo indicará a existência de fontes de financiamento de longo prazo

(quando positiva) financiando as atividades da empresa ou aplicações líquidas

(quando negativa) de longo prazo. Nas empresas brasileiras esta variável

geralmente é inexpressiva. FLEURIET e BRASIL (1979; p. 21 e 39), comentam:

“Vimos que uma das mais importantes fontes de fundos que financiam as

operações correntes de produção e comercialização são os empréstimos a

longo prazo, um dos componentes do CDG. São recursos que propiciam uma

potente alavanca para o crescimento da empresa, desde que, evidentemente,

Page 98: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

preencham alguma condições. ...As contas permanentes do passivo incorporam

não só o patrimônio, mas os financiamentos a longo prazo, de forma a

representar um conjunto de fontes permanentes que irão financiar o ativo

econômico da empresa.”

Diante disso, Fleuriet considera como não cíclicos o realizável de longo

prazo e o exigível de longo prazo de forma aglutinativa ao permanente (ativo) e

ao patrimônio líquido (passivo). Desta forma, essas contas compõem a variável

CDG – Capital de Giro (Patrimônio Líquido menos Ativo Permanente). Esta

sistemática pode ser considerada como sendo calculada de forma inversa, visto

que no sistema tradicional é tratado como a diferença do ativo circulante e

passivo circulante. Sobre esse assunto, FIORAVANTI (1999; p. 27) coloca que,

ao classificar as contas do Balanço Patrimonial como cíclicas, erráticas ou não

cíclicas, o “Modelo Fleuriet” é estruturado pelo cálculo de três variáveis que

abrangem, na totalidade, a situação patrimonial retratada no balanço.

Entretanto, apesar dos méritos contidos na referida classificação, uma

análise mais exigente sobre a formação de fundos e a aplicação de recursos

em uma empresa, requer um tratamento de forma diferenciada, em destaque,

do Realizável a Longo Prazo e do Exigível de Longo Prazo em relação ao

universo das contas não cíclicas ou não circulante.

Finalizando, contrapondo Atividade e NLCDG – Necessidade Líquida de

Capital de Giro, “Fleuriet”, considera essa variável como operacional,

ressaltando o nome ativo cíclico e passivo cíclico, tendo como principal se a

empresa possui ou não necessidade de fundos alternativos para o

financiamento de seu ciclo operacional.

Na NLCDG – Necessidade Líquida de Capital de Giro temos a variável

positiva e a variável negativa, quando positiva indica que a empresa tem

necessidades de capitais para financiar o giro dos negócios. Quando negativo

indica que a empresa não necessita de recursos para financiar o giro dos

negócios.

Page 99: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

Na Análise Tradicional tem-se o exposto em outras formas, como os

quocientes de atividade que representam a velocidade com que o ativo

circulante e o passivo circulante se renovam durante determinado período, com

seus resultados apresentados em dias, meses, ano etc. IUDÍCIBUS (1988; pp.

153-154), coloca: “A importância de tais quocientes consiste em expressar

relacionamentos dinâmicos – daí a denominação de quociente de atividade

(rotação) – que acabam, direta ou indiretamente, influindo bastante na posição

de liquidez e rentabilidade”.

5.2 Painel de Indicadores Integrando o Método Tradicional e Fleuriet

A integração do modelo de decisão de simulação está integrado em quatro

blocos:

Bloco 1 – Capacidade de Pagamento. Esses indicadores possibilitam uma

avaliação da capacidade da empresa em saldar as suas dívidas, a partir do

confronto do Ativo Circulante e Passivo Circulante (considerar a composição de

cada fórmula). Se os índices de liquidez forem bons, a empresa possui

condições de ter boa capacidade de pagar suas dívidas. Isso não significa que

ela está pagando suas dívidas em dia em função de outras variáveis, que

podemos citar, renegociação de dívida, prazo e outros.

No entanto, poderia parecer que, quanto maior o índice, maior a

segurança da empresa. Porém, apesar disso ser válido do ponto de vista do

credor, deixa de sê-lo, referente à habilidade do administrador.

Bloco 2 – Atividade. Esses indicadores mostram a eficiência operacional da

empresa, que envolvem comparações entre receitas auferidas e a contrapartida

de diversas contas patrimoniais. Assim, é de interesse saber quantos dias a

Page 100: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

empresa demora para receber suas vendas, qual o prazo médio de

pagamentos, a rotação do estoque e qual a necessidade de capital de giro, o

que vem refletir as políticas da empresa em relação ao fluxo de caixa e a

corrente contínua das atividades operacionais.

Bloco 3 – Rentabilidade. Os índices de lucratividade mostram as margens de

lucro da empresa, e poderemos compará-las em diversas modalidades, tais

como padrões internos, e, estatisticamente aos períodos passados e futuros.

Objetivando o binômio lucratividade e rentabilidade, essa relação afere-se a

posição da empresa junto ao setor e o comportamento das alternativas de

investimento.

Nesta evidência, a empresa tem por objetivo alcançar lucros, e remunerar

seus acionistas. Portanto, temos margem operacional bruta, margem

operacional líquida, rentabilidade do ativo – bruta, custo do capital de terceiros

e rentabilidade do patrimônio líquido.

Bloco 4 – Adicional. Este ponto enfatiza a complementação do modelo de

decisão de simulação tratado: Investimentos, EBITDA e EVA. Neste adicional

deparamos com a questão de como avaliarmos os ganhos futuros de certa

alternativa de investimentos. Farão todos os investidores potenciais igual

avaliação dos ganhos futuros de certos investimentos? Essas perguntas levam

a concluir que, estando os agentes econômicos inseridos de forma diferenciada

no cenário econômico, farão avaliações distintas de uma mesma oportunidade

de investimento. Com o EBITDA, avaliar a empresa como um todo, não

avaliando somente seu ativo e a capacidade de gerar resultados positivos, já

que o EBITDA está ligado ao conceito de caixa gerado pelos ativos

operacionais. O EVA, ou custo de oportunidade representa o lucro mínimo que

a empresa deveria ter para remunerar adequadamente o investimento do

acionista. Se o acionista aplicar seu dinheiro em outro negócio, teria no mínimo

aquele rendimento. Portanto, valor agregado só pode ser considerado quando

o lucro obtido pelo acionista, é maior que um rendimento mínimo de mercado.

Page 101: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

5.3 Aplicação Numérica

Quadro 18

Painel de Indicadores Integrando Análise Tradicional /Modelo Fleuriet

31.12.X0 31.12.X1

Bloco 1 – Capacidade de Pagamento:

Tesouraria – Liquidez

Para cada Unidade Monetária

-725

0,52

-309

0,84

Liquidez Corrente 2,03 2,01

Endividamento 1,88 1,94

Bloco 2 – Atividade:

Prazo médio de Recebimento (dias) 25 30

Prazo médio de Pagamentos (dias) 17 25

Giro do Estoque 4,7 4,6

NLCDG – Necessidade Líquida de Capital de Giro 3.529 3.775

Bloco 3 – Rentabilidade:

Margem Operacional Bruta 5,80 3,40

Margem Operacional Líquida 4,0 2,4

Rentabilidade do Ativo – Bruta 9,30 5,10

Custo do Capital de Terceiros 9,20 9,10

Page 102: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

Rentabilidade do Patrimônio Líquido 18,50 10,50

Bloco 4 – Adicional

Investimentos

Lucro Líquido / Ativo Operacional

8,0% 4,9%

EBITDA

Lucro Operacional

(+) Depreciações

(=) EBITDA (A)

Ativo Operacional Líquido (B)

Rentabilidade de Caixa (A / B)

1.582

1.053

2.635

9.223

28,6 %

1.070

1.082

2.152

9.111

23,6%

EVA = Valor Econômico Adicionado

Lucro Líquido (-) Custo de Oportunidade 6%

Rentabilidade Adicional

397

4,3 %

96

1,0 %

Na análise de liquidez mais uma vez verifica-se o aspecto segurança

prevalecendo sobre o risco, medindo a capacidade de pagamento nesse período

analisado. Pois, enquanto os índices de liquidez corrente em 31.12.x0 e 31.12.x1

eram de 2,03 e 2,01 respectivamente; a liquidez de tesouraria de 0,52 e 0,84;

considerando a relação entre circulantes erráticos e passivos erráticos.

A renovação dos estoques permanece praticamente na mesma velocidade

de rotação 4,7 e 4,6; no entanto na relação recebimento e pagamento, foi

reduzido em 3 dias o prazo de pagamento, mostrando uma maior necessidade

liquida de capital de giro em torno de $ 246,00.

O retorno sobre o investimento teve uma redução de 3,1%, o qual pode

ser comparado com outra alternativa de investimento. O elemento de ligação é o

valor das vendas envolvendo a margem de lucro sobre vendas e o giro do ativo,

assim, para retomada de 8%, de 31.12.x0, podemos:

a) aumentar o volume vendido;

Page 103: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

b) diminuir os custos;

c) aumentar o preço de venda;

d) diminuir o ativo operacional.

O EBITDA produziu redução de 5,0% na capacidade operacional de

geração lucro/caixa da empresa, levando-se em conta esse impacto convém um

redimensionamento do seu ativo operacional.

O valor econômico adicional, EVA, considera-se o custo de oportunidade

de 6%, no período 31.12.x0 e 31.12.x1 obtendo-se respectivamente 4,3% e

1,00% de rentabilidade adicional; embora se verifique essa adicionalidade, a

redução da mesma foi na ordem de 3,3%.

A empresa em análise, embora forte em capacidade de pagamento, deve

redimensionar a administração da rentabilidade que envolve a margem de lucro

sobre vendas; como pontos de verificação cita-se:

a) volume de vendas;

b) custos;

c) preço de vendas;

d) volume de recurso aplicado no ativo operacional.

5.4 Contribuições

Este estudo contém uma proposta conceitual, baseada em premissas

orientadoras e estruturada sistemicamente, para a construção de modelo de

decisão de análise de balanço, que possa apoiar os gestores empresariais na

Page 104: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

formulação de análise, mensuração econômica e avaliação das conseqüências

de alternativas encontradas, procurando otimizar esta decisão através da escolha

da melhor opção que satisfaça seus objetivos.

A base de informações são as demonstrações contábeis, com ênfase

para o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultados.

A importância do tema também é ressaltada pelas novas realidades que

as empresas estão enfrentando no ambiente de negócios, inclusive com reflexos

em sua organização interna.

As maiores contribuições do trabalho centram-se em :

a) considerar que os dois modelos de análise financeira existentes, Análise

Tradicional e o Modelo Fleuriet, não são excludentes, e, sim, ao contrário, se

complementam;

b) verificar as principais fragilidades conceituais dos dois modelos existentes,

reforçando-as com a adoção do modelo integrado;

c) complementar os dois modelos com uma visão atualizada e mais profunda

para a análise e geração de lucros e da mensuração da rentabilidade

gerencial e dos acionistas.

Esse modelo não apresenta a meta final da análise contábil-econômica,

mas, o despertar da contabilidade saindo do processo de escrituração para o

estudo das mutações patrimoniais.

Finalmente, este trabalho é de natureza interdisciplinar, pois busca

agregar conceitos e vários ramos de conhecimento, dentro os quais, destacam-

se: os conceitos de contabilidade gerencial, as teorias econômicas e de

administração.

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CONCLUSÃO

A Análise de Balanço ou Análise Financeira se constitui num dos

instrumentos mais importantes no processo de Gerenciamento Contábil. É

comum o conceito de Análise de Balanço das Demonstrações Contábeis de

outras empresas, através de Balanços publicados.

Entende-se que as técnicas de Análise de Balanço são importantes

para o conhecimento econômico-financeiro de outras empresas, notadamente

concorrentes e fornecedores. Porém, o mais importante do instrumento de

Análise de Balanço é a sua utilização internamente pela empresa, utilizando-a

como sistema de informação.

Também não se julga importante a visão de Análise de Balanço

apenas com relação aos relatórios contábeis publicados. A grande utilidade

dessa ferramenta, técnica de análise de balanço, é o acompanhamento mensal

dos indicadores escolhidos. Através desse acompanhamento, e da tendência que

os mesmos irão evidenciar, ter-se-á seguramente uma visão real das operações

e do patrimônio empresarial, e poder-se-á tomar medidas corretivas do rumo dos

Page 106: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

negócios, se as conclusões do acompanhamento analítico dos indicadores assim

o exigir.

Na aplicação da técnica de análise de balanço pode-se extrair muitos

indicadores para possibilitar a análise. Porém, entende-se, que os indicadores a

serem calculados através do Sistema de Informação Contábil devem se restringir

à quantidade mínima possível, sob pena de a análise financeira mensal se tornar

muito prolixa.

Esses indicadores deverão ser escolhidos pela controladoria da

empresa, já que em princípio a Análise de Balanço é o de acompanhamento em

nível global da empresa.

Os indicadores escolhidos deverão ser claros e todos os usuários do

sistema de informação contábil deverão estar plenamente familiarizados com a

sua composição e entendimento.

Um aspecto relevante dos indicadores é o potencial cultural que eles

provocam quando de seu acompanhamento adequado. O usuário, mesmo aquele

que não é profundo conhecedor das técnicas contábeis, tendo conhecimento do

significado dos indicadores, rapidamente atentam para sua validade, através do

acompanhamento dos relatórios mensais.

A eficiência do sistema de informações contábeis de uma empresa é

fundamental para a análise das demonstrações contábeis, pois quanto mais

deficiente o sistema contábil da empresa, menor o grau de confiabilidade nas

informações contidas em suas demonstrações contábeis.

A análise do “Modelo Tradicional” das demonstrações financeiras

geralmente se inicia com o cálculo da análise vertical e da análise horizontal, e de

uma série de índices financeiros destinados a revelar os aspectos relativos das

potencialidades e fraquezas de uma empresa, em comparação com outras

companhias do mesmo setor, e a mostrar se a posição da empresa melhorou ou

não com o tempo. Incorporou-se no bojo da análise o quadro Du Pont destinado

a mostrar a margem de lucros sobre as vendas, o índice e rotação dos ativos e o

Page 107: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

uso de capital de terceiros que interagem para determinar a taxa de retorno sobre

as ações.

O modelo Fleuriet denominado de análise financeira dinâmica, retoma

o tema da liquidez e seus indicadores, sugerindo uma abordagem diferente da

análise de balanço tradicional. O fundamento encontra-se em reclassificar os

elementos patrimoniais do Circulante em dois tipos de contas: contas erráticas e

contas cíclicas.

São consideradas contas cíclicas do circulante, tanto do ativo quanto

do passivo, quando os elementos patrimoniais que essas contas representam

têm uma movimentação física e, conseqüentemente, em valor, que mantém

alguma relação com as atividades operacionais da empresa.

Essas contas acompanham o movimento operacional da empresa. Se

a produção aumenta, essas contas tendem a aumentar. Se a produção diminui,

essas contas tendem a diminuir. O mesmo acontecerá com as vendas. Essas

contas se alteram quando as vendas se alteram.

Essas contas representam o cerne do giro empresarial. Dependendo

da estrutura de produção, políticas de financiamento das vendas e administração

dos estoques, essas contas evidenciam uma necessidade constante de

aplicações de recursos pelas empresas.

Propõe-se, portanto, o “Modelo Integrado Análise Tradicional/Modelo

Fleuriet”, abrigando a inclusão de: NLCDG – necessidade líquida de capital de

giro, a liquidez de tesouraria, o conceito de ativo operacional, a nova forma de

análise de rentabilidade e finalizando com a incorporação dos conceitos EVA e

EBITDA. Entende-se que a sua aplicabilidade fortalece os aspectos relativos ao

processo de planejamento, execução, controle e decisão dentro das

organizações.

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Page 112: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

Anexo

1- MODELO DE RECLASSIFICAÇÃO DO CIRCULANTE

Ativo Circulante

Aplicações de Capital de Giro

31.12.x0 31.12.x1

Clientes 1.620 2.005

Estoques 3.124 3.303

4.774 5.308

OUTRAS CONTAS DO AC

Disponibilidades e Aplicações 778 1.597

Outros Créditos 5 7

Soma 783 1.604

Total do Ativo Circulante 5.527 6.912

FONTES DE CAPITAL DE GIRO

Fornecedores 460 679

Adiantamento de Clientes 3 5

Salários e Encargos Sociais 200 265

Impostos a Recolher 560 547

Soma 1.223 1.496

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OUTRAS CONTAS DO PC

Outras Contas a Pagar 100 121

Dividendos e Participações 200 180

Empréstimos 1.200 1.649

Soma 1.500 1.950

Total do Passivo Circulante 2.723 3.446

2- APURAÇÃO DA NLCDG – Necessidade Líquida de Capital de Giro

Aplicações de Capital de Giro (-) Fontes de Capital de Giro

= NLCDG

31.12.x0

4.744 – aplicações

(1.223) – fontes

3.521 – NLCDG

31.12.x1

5.308 - aplicações

(1.496) - fontes

3.812 – NLCDG

3- APURAÇÃO DA TESOURARIA – T

Outras Contas do AC (-) Outras Contas do PC

= Tesouraria – T

31.12.x0

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783 AC

(1.500) PC

(717) Tesouraria – T

31.12.x1

1.604 AC

(1.950) PC

(346) – Tesouraria – T

CICLO FINANCEIRO

NLCDG / VENDAS BRUTAS* x Nº De Dias do Período

*receita operacional bruta (-) vendas canceladas

31.12.x0

3.521 / 23.787 x 360 = 53 dias

31.12.x1

3.812 / 23.883 x 360 = 57 dias

DECOMPOSIÇÃO DO CICLO FINANCEIRO

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Estoques

31.12.x0

3.124 / 23.787 x 360 = 47 dias

31.12.x1

3.303 / 23.883 x 360 = 49 dias

Clientes

31.12.x0

1.620 / 23.787 x 360 = 24 dias

31.12.x1

2.005 / 23.883 x 360 = 30 dias

Impostos a Recolher

31.12.x0

560 / 23.787 x 360 = 8 dias

31.12.x1

547 / 23.883 x 360 = 8 dias

Fornecedores

31.12.x0

460 / 23.787 x 360 = 6 dias

679 / 23.883 x 360 = 10 dias

Adiantamento de Clientes

31.12.x0

Page 116: Centro Universitário Nove de Julho UNINOVE Proposta de ...

3 / 23.787 x 360 = 0

31.12.x1

5 / 23.883 x 360 = 0

Salários e Encargos Sociais

31.12.x0

200 / 23.787 x 360 = 3 dias

31.12.x1

265 / 23.883 x 360 = 4 dias