Cesário Verde Meu
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POÉTICA DE CESÁRIO -ESCOLAS LITERÁRIAS
Tendência realista/naturalista:
movimento deambulatório do poeta pelas ruas dacidade;
descrições do real, donde se destacam os quadros doquotidiano em que as humildes profissões surgempoetizadas;
a questão social (a poesia intervém criticamente); o meio é determinante no comportamento do
indivíduo (“Determinismo”, segundo Taine – “Nevroses”); método analítico/crítico de Taine “que não condena
nem perdoa, mas que constata e explica”.
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POÉTICA DE CESÁRIO -ESCOLAS LITERÁRIAS
Tendência impressionista: valoriza a impressão pura, imediata, não intelectualizada, com o
seu caráter fragmentário e fugaz; apresenta primeiro a sensação (a cor, a luz, o movimento) e só
depois se refere ao objeto;
técnica descritiva assente na adjetivação expressiva, nas imagense comparações originais, nas sinestesias, nas hipálages, no usoexpressivo do advérbio.
Tendência surrealista:
a sua “visão de artista” leva-o a transfigurar a realidade, surgindoCesário como um poeta-pintor que ”Num Bairro Moderno” , transforma metaforicamente a cesta de legumes e frutos numcorpo humano
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CONTEÚDOS TEMÁTICOS Poetização do real – objetividade/subjetividade Em Cesário assiste-se constantemente à passagem do objetivo para o
subjetivo, de modo que ele capta as impressões do quotidiano:
quer com objetividade e pormenor quer com subjetividade, porque:
a expressão da realidade objetiva é profundamente conotativa, comum discurso entrecortado por frases exclamativas, ricas desubjetivismo, com uma linguagem a relatar as impressões pessoais dasrealidades objetivas e observadas;
as sensações transformam-se em imagens, tendo Cesário o poderfazer brotar poesia do que há de mais trivial e menos poético;
a sua imaginação transfiguradora transpõe a realidade numa outra.
Ex: Num Bairro Moderno; Cristalizações; Sentimento de um
Ocidental III,
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CONTEÚDOS TEMÁTICOS
Dimensão social denúncia das circunstâncias sociais injustas
(“Contrariedades” ); crítica às acentuadas desigualdades sociais
(“O sentimento dum ocidental” ); tomada de posição do sujeito poético pelos
desfavorecidos, vítimas da opressão socialda cidade;
Um certo anticlericalismo; algum sentimento de decadência e
vencidismo coletivo
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Binómio Cidade/Campo A vida na cidade é caracterizada como doentia, entediante,opressiva, vazia.“O sentimento Dum Ocidental” / “Cristalizações” / “Num Bairro Moderno”
É no campo que o sujeito poético encontra o equilíbrio, os
afetos, a liberdade, a vitalidade e uma forma de harmonia com aNatureza, que restituem ao indivíduo a dimensão humana enatural que a cidades lhes tira.
“Nós”
Nota: também na cidade surgem imagens e sugestõescampestres, como que a lembrar a vocação do ser humano para
uma vida harmoniosa e natural, que só no campo se encontra eque a cidade desumaniza. Estes apontamentos do campo nacidade enfatizam a crítica social e a oposição campo/cidade epodem ser entendidos como o convite à fuga para o campo.
Num Bairro Moderno
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Conteúdos TemáticosImagética Feminina
Positivamente, porque relacionada com o campo e seus valoressalutaresA mulher anjo – visão angelical, reflexo de uma entidade divina,símbolo de pureza campestre, com traços de uma beleza angelical,frequentemente com os cabelos loiros, dotada de uma certafragilidade “Nós”, “De Tarde” ; A mulher regeneradora – mulher frágil, pura, natural, simples,representa os valores do campo na cidade, que regenera o sujeitopoético e lhe estimula a imaginação “Num Bairro Moderno”; mulher oprimida – tísica, resignada, vítima da opressão social urbana,humilhada, com a qual o sujeito poético se sente identificado ou por
quem nutre compaixão – “Contrariedades” “Nevroses” ;A mulher como símbolo da sociedade –as “burguesinhas” e asvarinas de “O Sentimento dum Ocidental”mulher como objeto do estímulo erótico: vista enquanto estímulodos sentidos carnais, sensuais, como impulso erótico - atriz de“Cristalizações”
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Linguagem e estilo
Inovação poética a busca da perfeiçãoformal;
valorização poética do vocabulário
quotidiano e coloquial; uso de estrangeirismos da época; utilização
do adjetivo e do advérbio em combinação
com a pontuação expressiva; uso original de comparações e metáforas
transfiguradoras.
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Linguagem e Estilo Marcas da estrutura narrativa (prosaísmo) – espaço, tempo,
ação e personagens; utilização, por exemplo, do P. perfeito – característica do momento narrativo – e do P. imperfeito – característica do momento descritivo);
Rigor formal (versos decassilábicos ou alexandrinos – 12
sílabas métricas – e quadras ou quintilhas com rima e métricadefinidas) – ( influencia do parnasianismo - gosto pela forma,métrica);
Vocabulário preciso, concreto, prático - linguagem corrente;
Predomínio da coordenação; Conjugação perifrástica (“Ia passando”; hei de ver”);
Adjetivação (dupla, tripla,...)
Expressividade do advérbio; Diminutivos.
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Linguagem e estilo – recursosestilísticos
Assíndeto (as ideias não são ligadas por nenhumaconjunção, conferindo – lhes um ritmo mais violentoe agressivo
Ironia Comparação Metáfora Sinestesia Estrangeirismos/ Empréstimos Hipálage Gradação Enumeração Antítese
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Linguagem e Estilo Assíndeto (as ideias não são ligadas por nenhuma conjunção,
criando um ritmo mais violento e agressivo
Ironia
Comparação
Metáfora Sinestesia
Estrangeirismos
Hipálage Gradação •
Adjetivação
Enumeração
Antítese
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A Débil
Eu, que sou feio, sólido, leal,A ti, que és bela, frágil, assustada,
Quero estimar-te sempre, recatadaNuma existência honesta, de cristal.
Sentado à mesa dum café devasso,Ao avistar-te, há pouco, fraca e loura,Nesta Babel tão velha e corruptora,
Tive tenções de oferecer-te o braço.
E, quando socorreste um miserável,Eu, que bebia cálices de absinto,Mandei ir a garrafa, porque sintoQue me tornas prestante, bom, saudável.
"Ela aí vem!" disse eu para os demais;E pus-me a olhar, vexado e suspirando,O teu corpo que pulsa, alegre e brando,Na frescura dos linhos matinais.
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Via-te pela porta envidraçada;E invejava, — talvez que não o suspeites! -Esse vestido simples, sem enfeites,Nessa cintura tenra, imaculada.
Ia passando, a quatro, o patriarca.Triste eu saí. Doía-me a cabeça.Uma turba ruidosa, negra, espessa,Voltava das exéquias dum monarca.
Adorável! Tu, muito natural,
Seguias a pensar no teu bordado;Avultava, num largo arborizado,Uma estátua de rei num pedestal.
Sorriam, nos seus trens, os titulares;E ao claro sol, guardava-te, no entanto,
A tua boa mãe, que te ama tanto,Que não te morrerá sem te casares!
Soberbo dia! Impunha-me respeitoA limpidez do teu semblante grego;E uma família, um ninho de sossego,Desejava beijar sobre o teu peito.
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Com elegância e sem ostentação,Atravessavas branca, esbelta e fina,Uma chusma de padres de batina,E de altos funcionários da nação.
"Mas se a atropela o povo turbulento!Se fosse, por acaso, ali pisada!"De repente, paraste embaraçada
Ao pé dum numeroso ajuntamento.E eu, que urdia estes fáceis esbocetos,
Julguei ver, com a vista de poeta,Uma pombinha tímida e quietaNum bando ameaçador de corvos pretos.
E foi, então, que eu, homem varonil,Quis dedicar-te a minha pobre vida,A ti, que és tênue, dócil, recolhida,Eu, que sou hábil, prático, viril.