CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO ... · A TCC é descrita como uma abordagem...
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CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM
TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
Shirley Santos Bomfim
PROTOCOLO DE DESENVOLVIMENTO DO PERFIL
PSICOLÓGICO PARA CANDIDATOS QUE DESEJAM
INGRESSAR NA ÁREA DA SEGURANÇA PÚBLICA
São Paulo
2018
Shirley Santos Bomfim
PROTOCOLO PARA DESENVOLVIMENTO DO PERFIL
PSICOLÓGICO DE CANDIDATOS QUE DESEJAM
INGRESSAR NA ÁREA DA SEGURANÇA PÚBLICA
Trabalho de conclusão de curso Lato
Sensu Área de concentração: Terapia Cognitivo-
Comportamental Orientadora: Profa. Dra. Renata
Trigueirinho Alarcon Coorientadora: Profa. Msc.
Eliana Melcher Martins
São Paulo
2018
Fica autorizada a reprodução e divulgação deste trabalho, desde que citada a fonte.
Bomfim, Shirley Santos
PROTOCOLO PARA DESENVOLVIMENTO DO PERFIL PSICOLÓGICO DE CANDIDATOS QUE DESEJAM INGRESSAR NA ÁREA DA SEGURANÇA PÚBLICA
Shirley Santos Bomfim, Renata Trigueirinho Alarcon, Eliana Melcher Martins –
São Paulo, 2019. 64 f. + CD-ROM Trabalho de conclusão de curso (especialização) - Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC). Orientadora: Profª. Drª. Renata Trigueirinho Alarcon Coorientadora: Profª. Msc. Eliana Melcher Martins 1 Crenças, 2. Pensamentos disfuncionais. I. Bomfim, Shirley Santos. II. Alarcon,
Renata Trigueirinho. III. Martins, Eliana Melcher.
Shirley Santos Bomfim
PROTOCOLO PARA DESENVOLVIMENTO DO PERFIL PSICOLÓGICO DE
CANDIDATOS QUE DESEJAM INGRESSAR NA ÁREA DA SEGURANÇA
PÚBLICA
Monografia apresentada ao Centro de
Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental
como parte das exigências para obtenção do título
de Especialista em Terapia Cognitivo-
Comportamental
BANCA EXAMINADORA
Parecer: __________________________________________________
Prof. _____________________________________________________
Parecer: __________________________________________________
Prof. _____________________________________________________
São Paulo, ___ de ___________ de _____
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos os candidatos que prestam concurso na área da
segurança pública e chegam inseguros e descrentes em seus sonhos e objetivos,
muitas das vezes permitindo que suas crenças e seus pensamentos disfuncionais os
limitem ou impeçam de transformá-los em realidade.
AGRADECIMENTOS
Aos diretores e professores do Centro de Estudos em Terapia Cognitivo -
Comportamental, pela dedicação e conhecimentos compartilhados, os quais nos
possibilitaram tornar profissionais mais competentes no mister da Psicologia.
Aos Diretores do curso Palestra Gratuita, Luciana Guerra Ligieri Sons e
Ronaldo Ligieri Sons, pela oportunidade de partilhar o conhecimento da terapia
cognitivo-comportamental, por meio de experiência com os candidatos do concurso
público na área de segurança pública.,
Aos colaboradores do Curso Palestra Gratuita que tiveram abertura, de forma
direta ou indireta, para conhecer a abordagem terapia cognitivo-comportamental e
aplicar esse conhecimento com os candidatos.
Ao meu esposo, Wendel, e aos meus filhos, Ruth, Pedro Henrique e Joao
Victor, que abdicaram seus preciosos momentos de lazer para estar em minha
companhia.
Aos meus familiares, de um modo geral, por compreender minha ausência e
transmitir a tranquilidade necessária para desenvolver este trabalho.
“Se nossos pensamentos forem simples e claros,
estaremos melhor preparados para alcançar nossos
objetivos”
Aaron Beck
RESUMO
Quantas vezes as pessoas deparam-se com a insegurança e consideram-se
incapazes de enfrentar um desafio? Essa postura tende a potencializar as
dificuldades e a alimentar a autodepreciação, o que determina, na maioria das
vezes, o foco no fracasso em detrimento do sucesso, talvez a realidade de muitos
indivíduos que possuem crenças disfuncionais. Nesse diapasão, este trabalho de
monografia teve como escopo o aprofundamento dos estudos sobre as influências
dos pensamentos disfuncionais como óbice ao enfrentamento dos problemas diários
e no comportamento e humor dos indivíduos. Também se preocupou com os
impactos desse objeto de apreciação na forma de percepção das conquistas diárias,
e a sua contribuição direta na altivez, na motivação e na capacidade de distinguir
pontos positivos. Para isso, utilizaram-se obras de autores como Beck (2013), Leahy
(2006) e artigos científicos para a realização de uma proposta de intervenção cujo
objetivo direciona-se ao trabalho com indivíduos baseado em um protocolo que visa
a auxiliar o candidato a desenvolver o perfil psicológico estabelecido para a seleção
dos concursos públicos realizados pela polícia militar do Estado de São Paulo.
Palavras-chave: Pensamentos disfuncionais, Crenças Limitantes, Cognitivo
Comportamental.
ABSTRACT
How many times have you found yourself saying, this is very difficult for me, imagine!
With so much to do, I will not be able to handle it, or else, I know this is too much for
me and I will certainly do or say something I should not. This, perhaps, is the reality
of many people who have dysfunctional beliefs. This work of monograph had as
objective to deepen how the dysfunctional thoughts hinder the way to face daily
problems and they influence in the behavior and the humor of the individuals,
harming the way to see daily conquests, affecting directly in the haughtiness, the
motivation and the power to perceive points positive. For this, works of authors such
as Beck (2013), Leahy (2006) and scientific articles were used for the realization of a
proposal of intervention was also made as an objective of working with individuals
based on a protocol that aims to help the candidate to develop the psychological
profile of the candidate to the vacancy of the public contest of the military police of
the State of São Paulo.
Keywords: Dysfunctional Thoughts, Limiting Beliefs, Cognitive Behavior.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11
2. OBJETIVO ............................................................................................................. 15
3. METODOLOGIA .................................................................................................... 16
4. RESULTADOS ...................................................................................................... 17
5. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 40
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 42
ANEXOS.....................................................................................................................44
11
1 INTRODUÇÃO
No mundo atual existe uma competição para ser o melhor a todo momento,
seja no âmbito familiar ou profissional, e, muitas vezes, é preciso ajustar-se a
parâmetros predefinidos, o que contribui para o crescimento da autocobrança interna
por resultados. A TCC é descrita como uma abordagem terapêutica estruturada,
diretiva, com metas claras e definidas, focalizada no presente. Seu objetivo principal
consiste em produzir mudanças nos pensamentos e no sistema de crenças dos
atendidos, buscando uma transformação emocional e comportamental duradoura.
Segundo Beck, o surgimento das crenças está associado às convicções que
os indivíduos criam nos primeiros estágios de desenvolvimento sobre o seu mundo,
outras pessoas e também sobre si mesmos. É uma tentativa de compreender o
ambiente em que está inserido e ordenar as experiências de forma compreensível,
com o propósito de operar adaptativamente. As diferentes ações consigo mesmo,
com os outros e com o mundo, levam o indivíduo a essas compreensões
particulares (BECK, 2013).
Já os pensamentos disfuncionais, ainda segundo Beck, são pensamentos que
surgem automaticamente após uma situação problema, afetam e desregulam o
humor e, consequentemente, o comportamento do indivíduo (BECK, 2013).
Esse fator determinante da personalidade exsurge como objeto de avaliação
da Polícia Militar do Estado de São Paulo por ocasião das contratação de novos
soldados, em que realiza uma seleção de pessoas as quais são submetidas a
avaliações divididas segundo Lei Complementar nº 1291 (2016) Art. 4º inciso IV:
Exames psicológicos, destinados à avaliação das características cognitivas e de personalidade do candidato para o desempenho adequado das atividades inerentes à carreira pretendida, de acordo com os parâmetros do perfil psicológico estabelecido para o exercício.
E o perfil psicológico exigido conforme edital do concurso público Nº DP-
3/321/17 (2017), anexo F assevera:
PERFIL PSICOLÓGICO DO SOLDADO PM DE 2ª CLASSE 1. Flexibilidade moderada – ausência de rigidez na conduta, no
limite em que não comprometa sua conduta no bom desempenho da função;
2. Disposição para o trabalho – capacidade para suportar longa exposição a agentes estressores, sem permitir que estes causem danos físicos ou mentais, sendo capaz de manter um bom nível de energia interna da qual o indivíduo dispõe para interagir com o meio;
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3. Capacidade de liderança – potencial para agregar as forças da comunidade, valendo-se de criatividade e proatividade, sem abdicar da autocrítica quem mantém o equilíbrio das ações;
4. Relacionamento interpessoal adequado – adequado nível nas relações humanas, estejam em conflito ou não, que permita aperceber-se do comportamento dos outros do mesmo modo em que consegue comunicar-se apropriadamente;
5. Inteligência – grau de inteligência geral (fator G) dentro de faixa mediana padronizada para a análise, aliado à receptividade para incorporar novos conhecimentos e reestruturar conceitos já estabelecidos, com potencial de memorização, a fim de dirigir adequadamente seu comportamento;
6. Fluência verbal – facilidade para manipular os termos linguísticos na expressão do pensamento, através da verbalização clara e eficiente, expressando-se com desembaraço, sendo eficaz na comunicação;
7. Resiliência – potencial para superar frustrações e reveses, valendo-se da aprendizagem das vivências para desenvolver melhor suas atividades, tornando-as mais produtivas.
CONTRAPERFIL PSICOLÓGICO DO SOLDADO PM DE 2ª CLASSE
1. Descontrole emocional – utilização do potencial emocional sobrepondo-se ao racional, comprometendo o comportamento, seja por impulsividade, ansiedade ou agressividade descontrolada;
2. Sinais Fóbicos – presença de sinais de medo patológico ou irracional, com dificuldade para manter o autocontrole;
3. Falta de domínio psicomotor – ausência de habilidade cinestésica, por meio da qual o corpo se movimenta com eficiência, atendendo com presteza as solicitações psíquicas e ou emocionais.
Diante das características evidenciadas no perfil pretendido, percebe-se que
os candidatos, ao passarem pela fase do exame psicológico, tendem a apresentar
um nível de ansiedade mais elevado. Em decorrência, cobram-se de maneira
excessiva, a ponto de gerarem emoções que os conduzem a se comportarem de
maneira disfuncional.
Assim, contempla-se a necessidade de auxílio ao candidato, sobretudo, na
identificação das crenças específicas que provocam distorções cognitivas e
consequentemente emoções desreguladoras, os fatores determinantes de seu
comportamento inapropriado no momento em que precisa atender as exigências do
edital.
Verificou-se a possibilidade de trabalhar com estratégias e metas
experienciais, para que o candidato, apesar de suas crenças, capacite-se a
desenvolver uma reestruturação cognitiva, o que o permitirá relacionar-se com suas
emoções de forma adequada e aperfeiçoe suas habilidades para demonstrarem a
aptidão necessária ao serviço polícial militar.
A utilização da abordagem Cognitivo-Comportamental revela grande potencial
de eficácia com esse perfil de cliente, em virtude do empenho das técnicas
comportamentais voltados à avaliação dos pensamentos negativos e
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desreguladores, procedimento que possibilita um novo conhecimento ou
compreensão sobre as situações vividas e ainda não percebidas pelo cliente.
Assim como sugere Leahy
Acredito na hiperpratica ou hiperaprendizagem-, especialmente no que se refere a modificar hábitos de pensamentos que persistem durante anos. A vantagem na utilização de uma variedade de técnicas para testar ou contestar pensamento negativo é que o paciente terá técnicas alternativas para uso futuro (LEAHY, 2006, pág.20)
Acredita-se ser importante uma avaliação psicológica para identificar fatores
psicológicos cognitivos e ou de personalidade do candidato que indiquem um
prognóstico favorável ao desempenho das atividades relativas à função que o
concurso disponibiliza. A metodologia deve priorizar as características e as
respectivas dimensões descritas no perfil estabelecido pela instituição, além de
ajudar a compreender como as crenças e os pensamentos disfuncionais afetam o
humor e os comportamentos de candidatos à vaga do concurso da Polícia Militar do
Estado de São Paulo. A técnica induz o candidato a identificar os pensamentos
disfuncionais que tendem a associá-lo ao pessimismo e à incapacidade de alcançar
seu objetivo.
Nessa perspectiva, após identificar os pontos que o prejudica, este trabalho
visa a ajudá-lo a identificar as características psicológicas cognitivas e de
personalidade desfavoráveis no momento e oferecer-lhe condições para o mesmo
desenvolvimento das habilidades descritas acima, em consonância com as
exigências do edital.
Tendo em vista a necessidade de estabilidade nos contatos sociais,
preparação para lidar com situações vulneráveis e de extrema pressão, o que exige
personalidade estável, persistência, energia, valor moral suficiente para reagir diante
de obstáculos, posicionamento diante das dificuldades, autoconfiança e segurança
para tomar decisões, o terapeuta Cognitivo-Comportamental poderá ajudá-lo a
identificar quais crenças o impossibilitam de apresentar tais habilidades, de extrema
importância para a vida e para o cargo pleiteado
Portanto, o protocolo a ser seguido pelo terapeuta consiste na utilização de
técnicas que permitam o reconhecimento das emoções, a identificação dos
pensamentos disfuncionais, o que o permitirá ao candidato desenvolver uma
autorregulação e ações executivas que corrijam informações discrepantes e
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favoreçam o alinhamento dos seus objetivos com a expectativa da Polícia Militar e
da sociedade.
Haja vista que trabalhar os pensamentos disfuncionais pode ajudar o
candidato a alcançar “controle emocional” mais adequado e, levando em
consideração que descontrole emocional é uma característica do contra perfil do
candidato, o que poderá eliminá-lo do concurso, é possível focar na importância do
desenvolvimento de habilidades emocionais mais significativas e reguladoras para
lidar no dia a dia com situações de emergência e pressão, de modo a amealhar
benefícios a uma reação mais ajustada às exigências do ambiente.
Para isso foi proposto um projeto de intervenção composto de 11 sessões a
candidatos à vaga do concurso público da Polícia Militar do Estado de São Paulo.
15
2 OBJETIVO
O objetivo desse trabalho consistiu na elaboração de um protocolo de auxílio
ao candidato à vaga do concurso público da Polícia Militar do Estado de São Paulo,
que promova o ajuste do comportamento ao perfil psicológico estabelecido para o
exercício da profissão por meio da Abordagem Cognitivo-Comportamental.
2.1 Objetivos específicos
- Descrever pensamentos disfuncionais/erros cognitivos.
- Detalhar o protocolo, explicando cada técnica e sessão.
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3 METODOLOGIA
O presente trabalho visou a estabelecer um protocolo voltado ao
desenvolvimento de habilidades necessárias ao candidato que se inscreve no
concurso público na área da segurança pública e oferecer suporte para lidar melhor
com as dificuldades da vida pessoal e do dia a dia que possam estar relacionadas à
profissão.
O protocolo orienta-se numa proposta de intervenção, e importa técnicas e
formulários propostos pela abordagem Terapia Cognitivo-Comportamental. Já as
informações foram coletadas de artigos científicos: Scielo, Periodicos Capes e livros.
As palavras-chave para a busca contemplaram: pensamentos disfuncionais, crenças
e Cognitivo Comportamental.
Incluíram-se no trabalho livros e artigos relacionados com a terapia Cognitiva
Comportamental, Crenças e Pensamentos Disfuncionais, assim como processos e
exercícios que ajudam a trabalhar o humor e o comportamento de indivíduos.
Foram excluídos materiais não ligados a crenças e pensamentos
disfuncionais e avaliações expressivas da personalidade.
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4. RESULTADOS
O presente trabalho reuniu técnicas e métodos da terapia cognitivo-
comportamental de forma estruturada, indicando para candidatos ferramentas para
auxiliar indivíduos na fase psicológica do concurso da Policia Militar do Estado de
São Paulo.
A proposta de intervenção é baseada em onze (11) sessões
semiestruturadas, com a duração de uma (1) hora e trinta (30) minutos cada. A
estruturação das atividades estipula a passagem para a etapa seguinte a cada novo
estágio, o que possibilita a cada indivíduo desenvolver recursos para lidar com a
insegurança, frustração e a falta de controle emocional relacionadas ao concurso e
compreender o processo que envolve todo o comportamento dessa ação.
Para Beck, a terapia cognitiva fundamenta-se na noção de que o humor e o
comportamento do indivíduo são em grande parte determinados pelo modo como ele
estrutura o mundo. Pode-se considerar que os transtornos emocionais são causados
por construções cognitivas disfuncionais, e a sua revisão pode proporcionar uma
melhora clínica (BECK, 1997).
Para os terapeutas cognitivos, o termo cognição disfuncional está relacionada
a crenças rígidas, excessivas ou desajustadas mantidas pelo paciente. As premissas
da TCC constatam que, durante a vida de um indivíduo, este adquire e desenvolve
cognições sobre si próprio, sobre o que está a sua volta e o que está por vir, bem
como dá interpretações distorcidas a determinadas situações. Sendo assim, por
erros de pensamentos, chegam aos sofrimentos físicos, emocionais e por fim,
psicológicos. (BECK,1997). O medo da reprovação ou não se achar “perfeito” para o
perfil psicológico em um concurso público tão almejado pode ser o gatilho para ativar
as crenças disfuncionais.
As crenças na visão da psicologia cognitivo-comportamental têm extrema
importância para o desenvolvimento pessoal e social. Segundo Beck, o surgimento
das crenças está associado às convicções que os indivíduos criam nos primeiros
estágios de desenvolvimento sobre o seu mundo, outras pessoas e também sobre si
mesmos. É uma tentativa de compreender o ambiente em que está inserido e
ordenar as experiências de forma compreensível, com o propósito de operar
adaptativamente. (BECK, 2013).
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As diferentes ações consigo mesmo, com os outros e com o mundo, levam o
indivíduo a essas compreensões particulares.
As crenças são construídas de muitas maneiras, como por exemplo, da forma
que as pessoas são e foram inseridas, na forma que se internalizam as
experiências, através de exemplos de pessoas pelas quais possui estima. Tudo isso
pode criar e reforçar crenças já existentes (BECK, 1997).
As crenças disfuncionais, depois de ativadas e processadas, ocasionam uma
reação, que, de acordo com cada indivíduo, irá interferir na alteração do
comportamento e na emoção, causando mudanças emocionais e comportamentais
em função dos erros de pensamentos. Assim, de acordo com Beck (1997) e Whight
(2008), os principais erros cognitivos são:
Catastrofização – o indivíduo prevê negativamente o que irá acontecer, não
imagina outra possibilidade;
Adivinhação – o indivíduo antecipa o problema, o futuro será negativo;
Pensamento Absolutista - o indivíduo interpreta as situações nos extremos, de
forma polarizada, tudo mau ou tudo bom;
Desqualificar o Positivo – os resultados positivos por ele alcançados são
desqualificados, possui uma visão negativa sobre si próprio;
Rotulação – o indivíduo se rotula sem considerar a possibilidade de evidências
menos desastrosas;
Raciocínio Emocional – o indivíduo considera o fato de sentir algo
intensamente, ignora evidências contrárias;
Abstração Seletiva - o indivíduo dá atenção a detalhes negativos, não visualiza
o todo;
Leitura Mental – acredita saber o que os outros estão pensando;
Visão em Túnel – sempre possui conclusões negativas de determinada
situação, sem ter a evidência concreta do fato;
Imperativos – ideia fixa de seu comportamento.
Em situações distintas, a vivência pessoal com o acontecido promove um
entendimento equivocado e inapropriado da realidade, por meio de erros na forma
de enxergar a situação. Esse comportamento acarreta pensamentos cujo objetivo
seria atrapalhar a compreensão do fato, invalidar conceitos: os chamados
pensamentos disfuncionais, como sugere Beck, manifestações automáticas
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posteriores a uma situação problema, as quais afetam e desregulam o humor e,
consequentemente, o comportamento do indivíduo (BECK, 2013).
Conforme o desenvolvimento de crenças negativas, a vigilância afigura-se
uma preocupação fundamental, uma vez que, juntamente com os pensamentos
disfuncionais, podem estabelecer um circuito repetitivo. Exemplo, O indivíduo possui
a crença de desvalor, mas é bem capaz de se empenhar adequadamente para obter
bons resultados. Mesmo assim, tende a considerar que poderia ter apresentado um
resultado melhor em determinada tarefa. Diante dessa percepção errônea da
situação, é plausível o desenvolvimento de um processo de estagnação capaz de
intensificar, ainda mais, suas crenças de desvalor.
Seguindo esse conjunto de ideias da abordagem cognitivo-comportamental, a
psicoterapia precisará atuar sobre as crenças negativas e nos pensamentos
disfuncionais automáticos, deflagrados por uma situação especifica.
Dessa forma, esses pensamentos disfuncionais provocam alteração do
humor e consequentemente dos comportamentos, o que modifica a relação do
indivíduo com o seu meio. Nesse contexto, o maior objetivo do terapeuta é assistir
na reestruturação dessas distorções cognitivas.
Pensando ainda no concurso de soldado para a Policia Militar do Estado de
São Paulo, que determina a necessidade de diversas fases de avaliação do perfil do
candidato até a nomeação, alguns chegam alheios às exigências do concurso e
procuram a psicoterapia com o tempo exíguo para avaliar se possui o perfil descrito.
Desse modo, a psicoterapia breve poderia a ampliar as possibilidades de tratamento
desse individuo; pois, segundo Moreno & Carvalho, a efetivação do método está no
seu tripé, que são o foco, as estratégias e os objetivos preestabelecidos.
Destarte, a TCC, como uma abordagem focada no problema, já pode ser
considerada breve por natureza; visto que, em alguns relatos, alcançou-se o ganho
clínico entre 10 a 20 sessões. O terapeuta que utiliza a TCC precisa ser hábil em
perdurar o paciente interessado nas tarefas e nos objetivos do tratamento
(MORENO & CARVALHO, 2014). Para tanto, importa consignar que determinadas
ferramentas terapêuticas conseguem ofertar respostas satisfatórias, a partir do
emprego de procedimentos e comportamentos que possam ser desenvolvidos e ou
modificados.
Com isso, realizou-se um planejamento de trabalho para auxiliar candidatos
ao cargo de soldado da Policia Militar do Estado de São Paulo a desenvolver
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habilidades pessoais e profissionais que contribuíssem para a conquista de seu
objetivo.
4.1 Protocolo de atendimento das 11 sessões
A seguir encontra-se a demonstração do protocolo proposto para o
atendimento realizado pelo terapeuta TCC.
Quadro 1: Modelo de protocolo.
SESSÃO DETALHAMENTO
1.Entrevista inicial/compreensão da demanda
Entrevista inicial
Entendimento da demanda
Coleta de dados
Desenvolvimento de uma aliança terapêutica
Psicoeducar sobre o modelo cognitivo
Conceituação cognitiva
Levantamento de metas e objetivos do paciente
Enquadre/Regras e contrato
Feedback
2. Avaliação Psicológica Verificação do humor
Teste de personalidade
Teste cognitivo.
Feedback da sessão
3. Psicoeducação da ansiedade e do medo
Verificação do humor
Agenda
Psicoeducação das emoções
Material de apoio.
RPD 3 colunas (registro de pensamento disfiuncional)
Respiração diafragmática.
Exercício de casa/ monitoramento do humor/ conhecimento sobre o edital
4.Compreensão dos itens que
abordam o edital e conscientização
Verificação do humor
Agenda
Processo sobre a fase do edital (coletivo e da entrevista individual)
R.P.D 5 (Registro de pensamento disfuncional)
Treino de relaxamento
Material de apoio (Relaxamento de Jacobson)
5. Erros cognitivos
Verificação do humor
Agenda
Identificando os pensamentos automáticos e as emoções
Distorções cognitivas
Atividade para casa: monitoramento e registro dos pensamentos automáticos/ respiração diafragmática.
6.Desenvolvimento de hierarquia de medo
Verificação do humor
Agenda
Tarefa de casa
Fazer uma lista da hierarquia do medo com o cliente
Exercício de imaginação/ exposição mental
Desenvolvimento do cartão de enfrentamento respiração.
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7.Crenças pessoais/ pressupostos
Verificação do humor
Agenda: Temas e objetivos
Seta descendente para levantamento de crenças
Identificando crenças e pressupostos/ Identificação dos comportamentos de evitação e de segurança
Exercício de casa.
8. Flexibilizando das crenças/ novas regras e atitudes
Verificação do humor
Agenda: Temas e objetivos, Formulários para o treino de identificação e formulação das novas regras
Avaliação: Identificação e flexibilização de novas regras/ padrões de comportamentos
Análise de custo e benefício.
Exercício de casa.
Continuação da exposição gradual e metas com os desenvolvimentos das habilidades.
9. Resolução de problemas Verificação do humor
Agenda: Temas e objetivos
Resoluções de problemas e metas
Automonitoramento
Treino de habilidades Sociais
Atividade para casa
10. Assertividade Verificação do humor
Agenda: Temas e objetivos
Exercício de casa
Treinamento de assertividade pessoal.
Avaliação de exposição gradual
Avaliar junto com o cliente o seu processo terapêutico
Material de apoio.
Avaliar junto com o cliente o seu processo terapêutico.
Exercício de casa.
11. Prevenção de recaídas Checagem do humor
Agenda: Temas e objetivos
Exercício de casa
Prevenção de recaídas
Avaliação das habilidades adquiridas
Encerramento da sessão
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4.2 Detalhamento das sessões
Sessão 1. Entrevista inicial/compreensão da demanda
A entrevista inicial serve para avaliar as reações notórias que a paciente
manifesta, como ele se comporta diante disso, ocorrências desencadeantes da
ansiedade e do medo.
Entendimento da demanda
Investigar se são sintomas mais relacionados à reprovação ou se existem
outras questões ou controvérsias. Serve também para compreender os recursos que
o indivíduo possui para o enfrentamento de um novo concurso público, proceder a
um levantamento dos seus pontos fortes e das principais dificuldades do cliente.
Além disso, entender seu processo de aprendizagem, analisar pontos críticos do
paciente em relação ao fato de participar novamente da fase do psicológico da
polícia militar e quais habilidades a desenvolver.
Coleta de dados
Juntar dados a respeito da família, reprovações anteriores, histórico do
comportamento na fase escolar, relacionamentos do campo profissional e pessoal,
momentos marcantes, histórico de atividades físicas e hobbies. Conferir tais
informações sobre os comportamentos e o pensar do cliente.
De acordo com Kuyken, Padesky e Dudley, a anamnese dá ao psicólogo
subsídio ao investigar experiências ruins da história de vida do cliente que coincidem
nas dificuldades atuais. (KUYKEN, PADESKY & DUDLEY, 2010) (Anexo I)
Beck sugere a averiguação dos dados do cliente, se possível, de forma
antecipada (BECK, 2013).
Desenvolvimento de uma boa aliança terapêutica
Para a construção de uma boa aliança terapêutica, um ambiente acolhedor
revela-se essencial, com respeito à dor e às dificuldades do indivíduo, assim como,
segundo Bordin, o compromisso sobre metas preestabelecidas, o acompanhamento
de tarefas e o progresso de vínculos positivos (BORDIN, 1979 apud ARAÚJO &
LOPES, 2015).
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Psicoeducar sobre o modelo cognitivo
Este modelo trata-se de como percepção dos eventos influenciam as
emoções e os comportamentos das pessoas. Não se relaciona à situação por si só,
mas sim o modo como as pessoas interpretam uma situação. A terapia cognitiva
objetiva o alívio dos sintomas e promoção dos recursos por intermédio de
ferramentas que proporcionem autonomia ao indivíduo. Para Beck, essa
compreensão dentro do modelo cognitivo se mostra de muita importância (BECK,
2013).
Conceituação cognitiva
Investigar as hipóteses, avaliar a queixa inicial, articular questões para
desconsiderar outros diagnósticos de definir problemas. Todo conhecimento
adquirido na primeira sessão auxiliará como esboço na conceitualização cognitiva;
que, descrita de forma adequada, auxiliará sobremaneira no processo terapêutico,
pois dará ao terapeuta o direcionamento para a compreensão do caso e auxílio ao
paciente.
De acordo com Beck, uma conceitualização cognitiva apropriada que
demonstre a formulação do caso constitui-se um instrumento que orienta o trabalho
do terapeuta com o cliente (BECK,2013). Ela contribui para que o terapeuta
apresente a situação ao cliente, avalie os itens, esclareça de forma cooperativa
(conceituação de forma mais compreensiva). O passo a passo a ser seguido pelo
terapeuta também é facilitado (KUYKEN,PADESKY & DUDLEY, 2010) (Anexo II).
Levantamento de metas e objetivos do paciente
Planejar metas e objetivos para terapia é importante, porque facilita a
conquista de objetivos (WRIGHT, BASCO & THASE, 2008).
Enquadre /Regras e contrato
Para Wright, Basco, Thase, intervir psicoeducando o cliente dentro do
cognitivo-comportamental representaria um subsídio eficaz ao alcance dos
resultados. A demonstração de como será o trabalho, o reforço da importância do
uso de caderno da terapia para melhor estruturar o desenvolvimento de cada
sessão, assim como delimitação e alerta sobre atrasos e faltas e a importância dos
exercícios de casa são fundamentais (WRIGHT, BASCO & THASE, 2008).
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Feedback
Para Beck é necessário realizar ao final da primeira sessão um resumo sobre
os relatos do cliente. A elaboração deve privilegiar tópicos, com os principais
obstáculos que o paciente encontra, valorização dos pontos fortes e relato metas de
trabalho. Também é imperativo frisar a importância do trabalho colaborativo, ou seja,
a participação do terapeuta e do paciente sob as intervenções. Ele também reforça
que à medida que o paciente se desenvolve, torna-se capaz de oferecer o próprio
feedback (BECK. 2013).
Sessão 2. Avaliação Psicológica
Verificação do humor
Beck (2013) orienta que a conferição do humor seja feita de forma rápida e breve.
No inicio da sessão, o terapeuta procede à checagem de humor do paciente, por meio
de pergunta de como estaria o seu humor naquele momento. É uma investigação
emocional, exercendo o papel de mensuração para verificar se a terapia está sendo
efetiva.
Aplicação de teste de personalidade
Para uma melhor compreensão do cliente poderá ser realizada uma avaliação
psicológica com o objetivo de aprofundar sobre suas condições cognitivas e
comportamentais que serviram de base para o andamento do trabalho, composta de
um teste de personalidade e um cognitivo.
A Bateria Fatorial de Personalidade (BFP), que visa a “avaliar a personalidade
de indivíduos a partir do modelo dos Cinco Grandes Fatores (CGF) que são a
extroversão, socialização, neurocetismo e abertura a experiências”, pode ser o
instrumento utilizado (NUNES, HUTZ & NUNES, 2014).
Aplicação de Teste cognitivo
Outro instrumento poderia ser o Teste de Inteligência Geral Não Verbal (TIG-
NV) que visa a avaliar a capacidade de concentração, aprendizagem, conhecimento
formal, orientação espacial, comportamento visomotor, memória de reconhecimento,
memória operacional, percepção e flexibilidade cognitiva. Este permite identificar os
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tipos de raciocínios errados e os processamentos envolvidos nas execuções de
tarefas (TOSI, 2008).
Feedback da sessão
Após a aplicação e correção dos instrumentos de avaliação, realiza-se com o
candidato uma devolutiva em que se pontuam as habilidades a ser mais bem
trabalhadas e uma breve psicoeducação sobre a importância do aprimoramento de
tais habilidades a fim de promover desenvolvimento pessoal e profissional.
Sessão 3. Psicoeducação da ansiedade e do medo
Verificação do humor
Agenda
Beck cita a importância de definir a prioridade dos problemas a serem
discutidos no dia com a participação do cliente. A abordagem terapia cognitiva
apresenta uma estrutura central que privilegia um processo terapêutico com
começo, meio e fim predefinidos de forma parcial em relação à duração, às metas e
aos objetivos, entretanto condicionado ao que se pretende atingir como resultado
final.
Nesse aspecto, o uso da agenda é fundamental desde o primeiro
atendimento, para manutenção de registros das várias demandas que o paciente
traz. Esse cuidado permite a concentração das ações naquelas que serão
aprimoradas, amadurecidas e tratadas ao logo do planejamento terapêutico até os
resultados obtidos durante cada avaliação das sessões e exclusivamente os
registros das sessões entre um e outro atendimento. (BECK, 2013)
Essa agenda deve ser elaborada pelo terapeuta e cliente, visando aos temas
da sessão do dia. O uso da agenda física ou digital do registro da informação facilita
o planejamento e a definição e verificação de metas enquadradas nas atividades
concernentes aos trabalhos previstos.
Também possibilita a otimização dos procedimentos e o uso eficaz do tempo,
de modo que a cada novo encontro o terapeuta tenha acesso ao que o paciente
registrou da aplicação de suas tarefas e como alcançou os resultados ou por que
deixou de conquistá-los. O registro, o trato e especialmente os avanços facilitam o
26
feedback dado por parte do terapeuta, o que representa a revisão do planejamento
anteriormente estabelecido.
27
Psicoeducação das emoções
O terapeuta psicoeduca o paciente por meio de questionamentos, tais como:
o significado do medo, a compreensão do paciente sobre ansiedade, as
características da manifestação, a visão em relação ao medo e à ansiedade, a
reação diante disso. O processo requer ainda a incitação do paciente a se
aprofundar mais a respeito de suas reações e seus comportamentos diante do medo
e da ansiedade.
Material de apoio
A utilização de imagens, ilustrações e outros materiais que proporcionem a
compreensão a abordagem é de extrema importância no processo de
psicoeducação (Simonetti,2017) (Figuras 1 e 2).
FIGURA 1. Técnica do Acalme-se. Rangé (1995)
Figura 2. Técnica do Acalme-se. (RANGÉ 1995)
28
RPD de três colunas (Registro de pensamento disfuncional)
É utilizado para identificar os pensamentos que se manifestam na mente do
paciente em determinada situação, considerando-se esses pensamentos
disfuncionais. A técnica da flecha descendente também possibilitam a identificação
das crenças centrais do paciente, ponto de origem das emoções e dos
comportamentos disfuncionais (BECK,1997). (Anexo III)
Respiração diafragmática
Denomina-se respiração diafragmática a realizada com o diafragma levando o
ar rico em oxigênio até o abdômen. Essa técnica consegue aumentar
significativamente a capacidade dos pulmões e permite a oxigenação de todo o
corpo, inclusive o cérebro (GREENBERGUER &PADESKY, 2017).
No momento em que o paciente se sente tenso e ou estressado, pode ser
realizada a respiração diafragmática para aliviar a tensão e ou estresse. A prioridade
é restabelecer o equilíbrio e o relaxamento e interromper o mecanismo de luta e fuga
provocada muitas das vezes pelo medo e pela ansiedade decorrente da imposição
de um determinado desafio.
Greenberguer e Padesky evidenciam a importância do treinamento do cliente
focado a diminuir o nível de ansiedade por meio da respiração diafragmática, em
face da garantia de promoção de um estado de bem-estar (GREENBERGUER &
PADESKY, 2017).
Exercício de casa/ monitoramento do humor/ conhecimento do edital
O terapeuta do modelo cognitivo-comportamental apropria-se do uso de
tarefas de casa, cujo objetivo principal é o ensaio e uso de todas as ferramentas que
também são ensinadas fora do consultório. O uso da agenda auxilia o paciente no
treinamento das técnicas e agiliza o processo terapêutico. As tarefas realizadas
podem ser Registro diário de pensamentos disfuncionais, Plano Semanal de
Atividades Diárias, etc.
Beck instrui que o exercício de casa é importante para o bom
desenvolvimento do cliente e de suas sessões de terapia (BECK, 2013). Em relação
ao objeto dessa TCC, o conhecimento dos itens propostos do edital do concurso
vigente na fase da avaliação psicológica ajuda o cliente a nortear-se no que diz
respeito ao perfil de um soldado 2ªclasse.
29
Sessão 4. Compreensão dos itens do edital/ conscientização.
Verificação do humor.
Agenda: Pautas a serem discutidas no dia e os objetivos dos trabalhos.
Processo sobre a fase psicológica do edital (coletivo e entrevista
individual).
No início do trabalho/sessão, é importante assimilar a forma como os
aspectos psicológicos em pauta são compreendidos pelos clientes. Considerando
que, às vezes, essa compreensão é disfuncional/distorcida, faz-se necessário
relacioná-la tanto às exigências do perfil psicológico da polícia militar quanto ao
cotidiano do indivíduo.
O reconhecimento tanto das facilidades quanto das limitações possibilitará o
direcionamento de uma abordagem mais produtiva, que impeça a generalização de
tais limitações com comparações decorrentes da idealização construída a partir da
relação entre o perfil e a realidade.
Um exemplo recorrente é o cliente distinguir em uma pessoa da família a
figura do policial e se excluir desses atributos. A ação do terapeuta é desconstruir as
influências dessas reações inflexíveis, demonstrando que a não correspondência
das características não significa a desqualificação para atender o processo seletivo.
Considerando a forma que a PM discorre acerca dos principais aspectos
intimidantes dentro da visão dos candidatos, podem ser destacados os pensamentos
disfuncionais correspondentes a cada variável latente, os quais são comumente
estimulados pelo ambiente, ou seja, situações de emergência e pressão.
Assim descreve aquela instituição:, Capacidade de Liderança como o
“potencial para agregar as forças da comunidade, valendo-se de criatividade e
proatividade, sem abdicar da autocrítica quem mantém o equilíbrio das ações”
(CONCURSO PM/SP, 2018, p. 58); Relacionamento Interpessoal Adequado,
considerando seu “nível nas relações humanas, estejam em conflito ou não, que
permita aperceber-se do comportamento dos outros do mesmo modo em que
consegue comunicar-se apropriadamente” (CONCURSO PM/SP, 2018, p. 58);
Descontrole Emocional, abrangendo Ansiedade, Agressividade e Impulsividade,
sendo requerida a “utilização do potencial emocional sobrepondo-se ao racional,
30
comprometendo o comportamento, seja por impulsividade, ansiedade ou
agressividade descontrolada” (CONCURSO PM/SP, 2018, p. 58).
A construção do perfil projeta o candidato no exercício da função de policial
militar, que, em razão dela, se deparará com situações de manifestação em que
será preciso utilizar recursos emocionais, como saber identificar a emoção que está
vivenciando, e também avaliar como deve agir.
Podemos utilizar a psicoeducação como ativo que oriente a conduta cliente
para lidar com as emoções e os pensamentos. O trabalho consiste em desmitificar
as diversas fases da avaliação, esboçar como acontece a primeira fase da avaliação
psicológica, que é o “coletivo da Policia”, explicar como se realiza a entrevista
individual. Ressalta-se que as orientações devem promover estímulos positivos os
quais possibilitem ao candidato arregimentar os recursos de que dispõe, as
qualidades e o autoconhecimento
Com isso, pretende-se a reestruturação dos pensamentos, que podem assim
ser remodelados/recolocados de forma realista com base nas potencialidades
existentes no aluno, afastando-as da premissa de que se deve ser “perfeito”
conforme as expectativas previamente desenvolvidas por este ou por outrem.
RPD5 de cinco colunas (Registro de pensamento distorcido)
O RPD (registro dos pensamentos disfuncionais) faz parte de uma das
técnicas da terapia cognitiva comportamental. Segundo Beck, o objetivo é direcionar
a conduta do indivíduo para a identificação e análise consciente dos seus
pensamentos, suas emoções e seus comportamentos conflituosos. Isso possibilitaria
ao paciente pensar em respostas adaptativas em relação às suas cognições
negativas e assim se tornar seu próprio terapeuta, que consegue lidar com seus
conflitos. (BECK, 2013)
A identificação e modificação dos pensamentos distorcidos são expostos
através de um formulário onde o paciente registra os pensamentos distorcidos
ocorridos frente a uma determinada situação. Pode ser dado como atividade de
extensão para casa. As colunas apresentam os seguintes itens: situação,
pensamento automático, emoção, reações corporais e comportamento (Anexo IV).
Treino de relaxamento
31
Wright, Basco e Thase pontuam que essa técnica contribui sobremaneira para
o treinamento e a educação do cliente no que concerne à conquista de um estado
de relaxamento gradual e profundo. Consiste em notar o nível da tensão do corpo,
classificado de zero a dez. Pede-se ao cliente que contraia a musculatura e depois
relaxe dos pés à cabeça. Ao final, solicita-se que avalie o nível de relaxamento do
corpo (WRIGHT, BASCO & THASE, 2008).
É preciso regularidade no treino para verificação da eficácia e comprovação
dos benefícios.
Material de apoio
Técnica de relaxamento de Jacobson (JUNQUEIRA, 2006)
Sessão 5. Erros cognitivos
Verificação de humor
Agenda
Identificando os pensamentos automáticos e as emoções
Inicia a sessão com a leitura de um texto que fala sobre o pensamento
automático distorcido (KNAPP, 2004) (Anexo V). Ao final pede ao paciente que
relate o que entendeu do texto e como ele associa com o RPD que realizou. Com
ajuda do terapeuta, o cliente faz levantamentos sobre as evidências encontradas
tanto favoráveis quanto desfavoráveis.
Leahy cita que o questionamento socrático é de extrema importância para
afrontar os pensamentos e as crenças disfuncionais (LEAHY, 2006). (Anexo VI)
Distorções cognitivas
Apresentar um texto a respeito das distorções cognitivas (Anexo VII). É
importante checar se o cliente entendeu o conteúdo, estimular comparações dos
seus pensamentos automáticos do seu RPD com os pensamentos automáticos do
texto lido.
Alguns pensamentos podem surgir no RPD do paciente: “Eu não irei
conseguir ser apto”. Segundo Leahy, esses pensamentos estão relacionados aos
erros do tipo previsão do futuro e catastrofização. Os textos e o RPD são dados ao
cliente como atividade de extensão da terapia. O entendimento e a compreensão
32
desse assunto facilitarão na confrontação das situações problema, pois com a
pratica haverá uma modificação na organização do pensamento distorcido (LEAHY,
2006).
Atividade para casa
Monitoramento e registro dos pensamentos automáticos/ respiração
diafragmática.
Sessão 6. Desenvolvimento de hierarquia de medo
Verificação do humor
Agenda
Tarefa de casa
Fazer uma lista da hierarquia do medo com o cliente
É preciso fazer uma lista de situações ameaçadoras com o cliente, em escala
de zero a dez, onde zero são situações menos ameaçadoras e dez as mais
ameaçadoras, que visa identificar e classificar o nível de medo do cliente. Leahy cita
que os pontos importantes nesta técnica são a identificação das situações mais
adversas, a facilidade do entendimento da escala, entre outros (LEAHY, 2011).
Exercício de imaginação/exposição mental
Leahy expõe que na exposição imaginária é pedido ao cliente imaginar uma
situação a qual desencadeia sentimentos nocivos. Essa técnica pode ser unificada
com o debate socrático. (LEAHY, 2011).
Desenvolvimento do cartão de enfretamento
Confeccionar um cartão de enfrentamento voltado para o experimento
comportamental, realizado da seguinte maneira: pede-se ao cliente que monte um
cartão, em papel cartão ou bloco de notas de seu próprio celular, descrevendo o
pensamento automático disfuncional de um lado e do outro uma resposta adaptativa
comportamental, criam-se estratégias de enfrentamento e, por último, instruções
para motivação. Finaliza-secom exercício de relaxamento (BECK, 1997).
Respiração diafragmática
33
Sessão 7. Crenças pessoais/ pressupostos
Verificação do humor
Agenda: temas e objetivos. Identificar a crença que envolve os
comportamentos e reestruturar os pensamentos.
Seta descendente para levantamento de crenças
Segundo Leahy, o terapeuta cognitivo-comportamental recepciona uma
situação que a pessoa trouxe no dia da sessão ou em sessões anteriores que gerou
um incômodo, identifica o pensamento automático que ela gera, ou seja, o terapeuta
faz o registro de pensamento diário (RPD) juntamente com o paciente.
A seta descendente tende a investigar o significado dos pensamentos
disfuncionais e possibilita encontrar as crenças centrais. Exemplo: Eu não vou
conseguir passar na fase do psicológico! O terapeuta deverá perguntar, o que
significa não conseguir passar? E se de fato isso for verdade o que isso diz respeito
ao cliente? Que eu nunca vai ser um policial militar e é um fracassado! “É um
Incompetente”.
É de extrema importância que o terapeuta esclareça ao paciente que essa
técnica se trata de crenças centrais, ou seja, ideias mais rígidas que ele tem sobre si
mesmo, as quais podem gerar desconforto; entretanto, a despeito de aparentarem
verdades, podem ser refutadas. A seta descendente auxilia nas descobertas das
crenças subjacentes, podendo atingir níveis mais profundos (LEAHY, 2006). (Anexo
VIII)
Identificando crenças e pressupostos/ Identificação dos
comportamentos de evitação e de segurança
Realiza-se uma psicoeducação com o cliente sobre o que são crenças
intermediárias, pressupostos, comportamentos de evitação e de segurança, como:
evitar lugares em que haja pessoas desconhecidas, não falar em público, tomar
decisões etc. Leahy (2011) explana a relevância de identificar comportamentos de
evitação e segurança e ilustra reações a situações que causam comportamentos
evitativos e de insegurança.
É de extrema importância que o terapeuta escolha avaliar e trabalhar
situações e comportamentos que o cliente traz nas sessões. Explicar que a
34
identificação e interrupção dos padrões de comportamentos evitativos é o que vai
garantir o trabalho do desenvolvimento das habilidades relacionadas a estes. É
possível focar também na identificação dos comportamentos de segurança, que são
aqueles que dão alivio ao executar e que reasseguram o sentimento de não
catástrofe ao realizá-los.
Por exemplo: o pensamento de que só consegue ir a uma festa se tiver na
companhia de um amigo, mesmo já tendo total controle de ir sozinho, somente para
reassegurar que desta forma esteja totalmente seguro. Tal atividade retroalimenta as
crenças centrais. Beck (2007) indaga sobre a importância de o terapeuta ajudar o
cliente a identificar e trabalhar a relação entre as crenças centrais, intermediárias e
estratégias comportamentais.
Exercício de casa
Iniciar as sessões pelas atividades solicitadas na sessão anterior, dividindo o tempo
para cada atividade, juntando a integração das atividades no processo terapêutico,
dividindo o tempo para cada uma. A pauta da agenda ajuda a estruturar a sessão.
Sessão 8. Flexibilização das crenças
Verificação do humor
Agenda: Temas e objetivos, Formulários para o treino de identificação e
formulação das novas regras.
Avaliação: Identificação e flexibilização de novas regras/ padrões de
comportamentos
Segundo Beck, o terapeuta trabalha juntamente com o paciente uma situação
especifica, usando o RPD básico, evidências etc. Utiliza-se o debate socrático para
o levantamento de regras e pressupostos, ou seja, levanta–se com o
comportamento de evitação de segurança e trabalha com o paciente novas regras e
comportamentos mais funcionais, focando no objetivo da terapia.
É possível que o terapeuta possa usar outros materiais para identificação e
modificação de crenças e padrões, como debate socrático, exame das vantagens e
desvantagens, planilhas das crenças entre outros (BECK, 2013).
35
4.2.30 Análise de custo e benefício
A técnica análise de custo-benefício é uma das técnicas que auxilia no
processo de flexibilização das crenças. Essa técnica fornece uma tabela dividida em
duas colunas para preencher as vantagens e desvantagens. Através dela é possível
avaliar com o cliente qual o custo-benefício de manter as regras e os padrões
antigos. Leahy (2006) relata que, após o paciente relatar os pensamentos, é
realizada uma avaliação das evidências, que possibilita verificar com o paciente os
custos e os benefícios de manter pensamentos, crenças antigas. (LEAHY, 2006)
(Anexo IX).
Exercício de casa
Preencher os formulários dos novos pressupostos e experimentos voltados
para o questionamento das crenças. Novos desafios, em seu dia a dia, como:
interagir com pessoas que não fazem parte do seu cotidiano, flexibilização de tarefas
rotineiras, como: lavar louça, roupas, arrumar o quarto etc. (avaliar com o cliente
atividades não muito fáceis, mas também não muito difíceis e todas conforme o
desenvolvimento da etapa do cliente nas partes técnicas e emocionais).
Continuação da exposição gradual e metas com os desenvolvimentos
das habilidades
Aproveitar o tema para continuar trabalhando a exposição gradual e levantar
novas metas com o desenvolvimento das habilidades faltantes. Checar novamente a
lista de passos, o nível de ansiedade e medo e avaliar a possibilidade de novos
experimentos.
Sessão 9. Resolução de problemas
Verificação do humor
Agenda: tema e objetivos
Exercício de casa
Resoluções de problemas e metas
Resolução de problemas - é importante que o paciente consiga verificar a
existência de distorções cognitivas que impossibilitam a busca e a tentativa de
alternativas saudáveis. Ainda, é fundamental a construção de estratégias e recursos
36
que podem facilitar e auxiliar no enfrentamento da situação problemática (BASSO &
WAINER, 2011):
“Será que não haveria outras formas de lidar com essa situação”?;
“Que empecilhos poderemos encontrar”?;
“Haveria algum recurso disponível que pudesse nos auxiliar nesse
momento”?.
Basso e Wainer diz que resolução de problemas são estratégias terapêuticas
essenciais que podem auxiliar o candidato do concurso a produzir uma resposta
saudável, utilizando mecanismos e comportamentos que possam ser apreendidos e
ou modificados. (BASSO & WAINER, 2011)
Automonitoramento
O terapeuta ajuda o paciente a aumentar a capacidade de adquirir
consciência de seus processos cognitivos, onde a identificação e o monitoramento
dos comportamentos inadequados e indesejáveis permitem o desenvolvimento do
autocontrole (PEREIRA & MATTOS, 2011).
Treino de Habilidades Sociais
Utilizando a ferramenta THS, o terapeuta ensina e aumenta novas habilidades
cognitivas, como o automonitoramento, as habilidades verbais e, principalmente,
comportamentais, para que o candidato consiga perceber o ambiente e lidar melhor
com ele (CABALLO, 2003).
Atividade para casa
Execução do experimento comportamental/ registo do RPD
Sessão 10. Assertividade
Verificação do humor
Agenda: Temas e objetivos
Exercício de casa
37
Iniciar a sessão relatando como foi o experimento comportamental. Aproveitar
o RPD para trabalhar possíveis crenças centrais e intermediárias, identificações de
padrões e modificação.
Treinamento de assertividade pessoal
O terapeuta pode abordar o tema sobre assertividade, procedendo a uma
psicoeducação sobre comportamentos passivos, agressivos e assertivos, usando
vídeos, imagens entre outros. Cabalo salienta que é fundamental ajudar paciente a
compreender a diferença de comportamentos não assertivos, assertivos e
agressivos. O terapeuta deve sempre focar na situação que o paciente está trazendo
para estruturar uma associação com os tipos de comportamentos apresentados para
definir em comportamento o paciente denota estar enquadrado. (CABALLO, 2003).
Avaliação da exposição gradual
Avaliar com cliente a exposição gradual e a necessidade de novas metas e
desafios em relação aos seus relacionamentos interpessoais e enfrentamentos.
Avaliar junto com o cliente o seu processo terapêutico
Analisar junto com o paciente o seu processo terapêutico e dar o feedback
sobre isso. Se o terapeuta perceber demanda, falar sobre a necessidade de mais
sessões ou abertamente falar do encerramento das sessões e o quanto o paciente
se desenvolveu com a terapia, frisando os próximos temas que serão trabalhados.
Exercício de casa
Exercício de assertividade relacionado à forma como o paciente lida no dia a
dia com a pessoas e ou situações e a revisão do caderno de terapia, pedindo para o
paciente pontuar as principais técnicas que ajudaram no seu desenvolvimento.
Sessão 11. Prevenção de recaídas
Checagem de humor
Agenda: Temas e objetivos
Exercício de casa
Prevenção de recaídas
38
O terapeuta deverá psicoeducar o paciente quanto à prevenção de recaídas,
dando explicação de como funciona o método. Deve destacar que é normal sentir
medo, reagir com comportamentos de evitação ou de segurança e passar por
algumas dificuldades em algum momento.
É imperativo esclarecer que a terapia está encerrando, mas possivelmente
novos problemas aparecerão. Entretanto, o que fará diferença é como lidar com as
dificuldades, qual percepção terá dessas situações, quais pensamentos
provavelmente o fará sentir medo, ansiedade, insegurança, entre outros.
Também constitui uma das responsabilidades do terapeuta pontuar para o
paciente a importância de identificar a emoção e ou sentimento no momento de
determinada situação. Destacar que representa uma oportunidade de identificar os
primeiros sinais da recaída, uma emoção forte, uma reação corporal estranha ou um
comportamento de esquiva.
O terapeuta faz um check list com o paciente dos possíveis sinais de
advertência, considerando as reações corporais, os pensamentos disfuncionais e os
comportamentos de fuga e esquiva. Pode-se realizar também uma lista de técnicas
que foram primordiais para trabalhar o enfrentamento do relacionamento
interpessoal, da liderança, do controle das emoções, da ansiedade, da
agressividade e da impulsividade.
Beck relata os métodos de como deve ser realizada a prevenção de recaídas.
Primeiramente, dividem-se os problemas em partes menores; depois, é necessário
um Brainstorm para buscar a soluções dos problemas. Logo após isso identificam-
se, testam-se e modificam-se os pensamentos automáticos e as crenças, usando o
registro de pensamentos. Monitoram-se e programam-se atividades, realizam-se
exercícios de relaxamento e usam-se técnicas mais eficazes, criam-se tarefas ou
situações de evitamento (BECK,2013).
Avaliação das habilidades adquiridas
Retomar com o paciente como o iniciou o processo terapêutico, como foi o
decorrer das sessões e como está finalizando o processo. O terapeuta deverá levar
para a sessão os RPDs, a conceituação cognitiva e o caderno de sessão do
paciente.
39
Encerramento da sessão
Avaliar e verificar e validar os pontos fortes do paciente, as habilidades
desenvolvidas e as metas atingidas, ou seja, valorizar o crescimento pessoal do
paciente.
40
5. DISCUSSÃO
As crenças e os pensamentos disfuncionais podem atrapalhar a finalização e
aprovação de todas as etapas do edital do concurso da Polícia militar. A fase do
exame psicológico tornou-se sinônimo de estresse, medo, e provoca assim
ansiedade e insegurança nos candidatos os quais precisam concorrer com diversos
outros candidatos ao número de vagas autorizadas pelo Estado.
O medo e a ansiedade podem ser inerentes ao ser humano, disparados
diante de determinados estímulos, mas também podem ser aprendidos, seja pela
imitação de outro indivíduo ou através de experiências traumáticas(...) A fobia
específica é mantida pelo processo de evitação, que consiste no afastamento do
objeto temido, o que gera a manutenção do medo, caracterizada por emoções como
medo e ansiedade em altos níveis e por um longo tempo. É uma sensação de
perigo eminente, associada às reações fisiológicas instantâneas (LEAHY 2011, p.
49, 53).
Existe um paralelo entre os pensamentos disfuncionais e os comportamentos
de medo e insegurança que pode levar os candidatos a não adquirir habilidades que
atendam ao perfil psicológico do concurso.
Boa parte dos candidatos que se sentem inseguros e com medo, são
candidatos que já passaram por reprovações anteriores, estão excedendo o limite de
idade para entrar para soldado da polícia militar.
Nesse sentido, a TCC, descrita como uma abordagem terapêutica
estruturada, focal, direta, breve, com metas claras e definidas, que objetivam
principalmente produzir mudanças nos pensamentos e nos sistemas de crenças dos
indivíduos, buscando uma transformação emocional e comportamental duradoura,
possui um papel contributivo real para o alívio dos sintomas decorrentes da
frustração, do medo, da ansiedade e da insegurança do candidato ao concurso
público da PM de um modo geral.
É importante contribuir para que sejam ampliados os limites da TCC, que
pode auxiliar a melhorar a habilidade de enfrentamento e “controle emocional” dos
candidatos ao concurso da PM.
41
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O propósito deste trabalho é proporcionar ao candidato do concurso público
para ingresso na Policia Militar recursos para que este desenvolva habilidades que
lhe darão condições de fazer parte da instituição, sobre a efetividade de uma nova
forma de intervenção por parte dos profissionais da TCC.
Diante disto, o escopo deste trabalho foi promover ao candidato maiores
recursos para o desenvolvimento de habilidades que podem beneficiá-los a se
enquadrar no perfil psicológico da Policia Militar por meio da utilização de um
protocolo de atendimento.
Esta proposta visa à autoestima do candidato e ao melhor enfrentamento das
disfunções comportamentais, considerando uma reestruturação cognitiva para que
este venha cessar suas limitações, considerando que estas podem impedi-lo de
alcançar seu objetivo.
42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BECK, J.S. Terapia Cognitiva para Desafios Clínicos. O que fazer quando o básico não funciona. Porto Alegre: Artmed. 2007
BECK, J. S. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
CABALO, V.E. Manual de Avaliação e Treinamento de Habilidades Sociais. Editora:Santos. 2003.
GREENBERGER, D.; PADESKY, C.A. A Mente Vencendo o Humor: Mude como
Você se Sente, Mudando o Modo como Você Pensa. 2. ed. Porto Alegre: Artmed.
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LEAHY, R. L. Técnicas de Terapia Cognitiva: manual do terapeuta. Porto Alegre: Artmed, 2006.
LEAHY, R. L. Livre de Ansiedade. 1.ed. Porto Alegre: Artmed. 2011.
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MORENO, A. L.; CARVALHO R. G. N. Terapia cognitivo-comportamental breve para sintomas de ansiedade e depressão. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas. Vol. 10. nº2, 2014. Disponível em http://www.rbtc.org.br/detalhe_artigo.asp?id=199. Acessado em 18 set 2018 às 15:50
NUNES, C. H. S. da S; HUTZ, C. S; NUNES M. F. O. Bateria Fatorial de Personalidade-BFP: Manual Técnico. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2014.
RANGÉ, Bernard (Org). Psicoterapia Comportamental e Cognitiva: Pesquisa, Prática, Aplicações e Problemas. Vol. 1. São Paulo: Editoria Livro Pleno, 2001
RANGÉ, B. P. (Org.). Psicoterapia comportamental e cognitiva de transtornos psiquiátricos. Campinas: Editorial Psy.1995
SÃO PAULO. Lei Estadual nº 1291, de 22 de julho de 2016. Dispõe sobre a Lei de Ingresso na Policia Militar do Estado de São Paulo. Disponível em:
43
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1291-22.07.2016.html. Acesso em: 14 set. 2018 às 13:30
SÃO PAULO. Diário Oficial Poder Executivo, Seção I, Vol. 127 – Nº 184 – São Paulo, 2017. Disponível em: https://documento.vunesp.com.br/documento/stream/MjY1ODg4. Acessado em 14 set. 2018 às 13:35 TOSI, S. M. V. D. TIG-NV: Teste de inteligência Geral Não-Verbal: Instrumento de para avaliação psicológica e neuropsicológica: manual. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2008.
WRIGHT, J.H.; BASCO, M. R.; THASE M.E. Aprendendo a Terapia Cognitiva Comportamental: Um guia ilustrado. Porto Alegre: Artmed, 2008.
44
ANEXO
ANEXO I
Formulário de auxílio à coleta de dados
(KUYKEN W.; PADESKY C.A.; DUDLEY R. 2010)
Seus dados pessoais:
Nome:
Estado Civil:
Data de Nascimento: _ Religião:
Sexo: Data:
Ocupação:
Suas Dificuldades e Objetivos
Por favor, liste resumidamente as três dificuldades principais que o levaram a
procurar ajuda.
1-
2-
3-
Por favor, diga o que você quer conseguir com a terapia.
Você e sua Família
1- Qual o seu local de nascimento?
2- Por favor, dê alguns detalhes sobre o seu PAI (se souber)
Qual a idade dele atualmente?
Se ele não está vivo, com que idade morreu?
Qual é, ou era a ocupação dele?
Por favor, conte alguma coisa sobre seu pai, seu caráter ou personalidade, e o seu
relacionamento com ele.
3. Por favor, dê alguns detalhes sobre sua Mãe (se souber)
Qual é a idade dela atualmente?
Se ela já não está viva, com que idade morreu?
Que idade você tinha quando ela morreu?
Qual é, ou era, a ocupação dela?
Por favor, conte alguma coisa sobre sua mãe, seu caráter ou personalidade e o seu
relacionamento com ela.
_
4. Se houver algum problema no seu relacionamento com seus pais, por
favor, descreva o(s) mais importante(s).
O quanto isso o incomoda atualmente?(por favor, circule)
Em absoluto- Um pouco- Moderadamente - Muito - Não poderia ser pior
5. Seus irmãos e irmãs (se souber)
Quantos filhos, incluindo você, há na sua família?
Por favor, dê seus nomes e outros detalhes listados abaixo. Inclua você, e comece
pelo mais velho. Inclua também meio-irmãos, filho de padrasto ou madrasta ou
outras crianças adotadas por seus pais e indique quem são elas.
Nome Ocupação Idade Sexo Comentários
Por favor, descreva as relações com seus irmãos, se são benéficas ou
problemáticas para você.
6. Como era o clima geral na sua casa?
7. Houve alterações importantes, por exemplo, mudanças ou outro evento
significativo, durante a sua infância ou adolescência?
Inclua alguma separação da família. Por favor, dê as idades aproximadas e detalhes.
8. Houve mais alguém que tenha sido importante para você durante a sua
infância, (p.ex. avós, tias/tios, amigo da família, etc.)?Em caso positivo, você poderia
nos contar alguma coisa sobre ele (a)?
9. Alguém na sua família já recebeu tratamento psiquiátrico?
Sim ( ) Não ( ) Não tenho Certeza ( )
10. Alguém na sua família tem história de doença mental, álcool ou abuso de
droga?
Sim ( ) Não ( ) Não tenho Certeza ( )
Em caso positivo, preencha:
Membro da Família Lista de problemas psiquiátricos,
com álcool ou drogas.
11. Algum membro de sua família já morreu por suicídio? S/N
Em caso positivo, qual seu grau de parentesco com essa pessoa?
Sua Educação
a) Por favor, conte-nos alguma coisa sobre sua escolaridade e educação.
b) Você gostava da escola? Houve algum sucesso ou dificuldade em particular?
Quais foram os mais importantes?
O quanto isso o incomoda? (circule)
Em absoluto Um pouco Moderadamente Muito Não poderia ser pior
Sua História Laboral
1. Que atividade ou papel principal desempenha atualmente?
2. Por favor, conte-nos alguma coisa sobre sua vida laboral passada, incluindo
os empregos e treinamentos que fez.
3. Houve dificuldades particulares? Quais foram as mais importantes?
Experiências de Acontecimentos Perturbadores
1. Às vezes acontece coisa às pessoas que são extremamente perturbadoras- coisas
como estar em uma situação de ameaça de vida, como um desastre importante,
um acidente muito grave ou um incêndio; ser agredido fisicamente ou estuprado;
ou ver outra pessoa ser morta, muito ferida ou ficar sabendo de algo terrível que
aconteceu a alguém próximo a você.
Em algum momento durante a sua vida, este tipo de coisas aconteceu com você?
a) Em caso negativo, por favor, marque aqui.
b) Em caso positivo, por favor, liste os eventos traumáticos.
Descrição Breve Data (mês/ano) Idade
Caso tenha sido listado algum evento: Às vezes as coisas ficam voltando em
pesadelos, flashbacks ou pensamentos dos quais, você não consegue se livrar. Isso
já aconteceu a você?
Sim ( ) Não ( )
Em caso negativo: E quanto a ficar muito perturbado quando você esteve em uma
situação que lhe fez lembrar-se de uma dessas coisas terríveis?
Sim ( ) Não ( )
2. Você alguma vez passou pela experiência de abuso físico quando criança?
Sim ( ) Não ( ) Não tenho Certeza ( )
3. Você alguma vez passou pela experiência de abuso físico quando adulto?
Sim ( ) Não ( ) Não tenho Certeza ( )
4. Você alguma vez passou pela experiência de abuso sexual quando criança?
Sim ( ) Não ( ) Não tenho Certeza ( )
5. Você alguma vez passou pela experiência de violência sexual, incluindo encontros
amorosos ou conjugais?
Sim ( ) Não ( ) Não tenho Certeza ( )
6. Você alguma vez passou pela experiência de abuso emocional ou verbal quando
criança?
Sim ( ) Não ( ) Não tenho Certeza ( )
7. Você alguma vez passou pela experiência de abuso emocional ou verbal quando
adulto?
Sim ( ) Não ( ) Não tenho Certeza ( )
Seu Parceiro e Sua Família Atual
1. Sobre o (s) seu(s) parceiro (s)
a) Por favor, descreva brevemente relacionamento(s) anterior(es) importante(s),
em ordem cronológica. Inclua o tempo que durou e por que você acha que
o(s) relacionamento(s) terminou.
Você tem um parceiro atualmente? Em caso positivo, qual a idade dele/dela?
Qual é a ocupação dele/dela?
Há quanto tempo vocês estão juntos?
c) Por favor, conte-nos alguma coisa sobre seu parceiro (a), seu caráter ou
personalidade e o seu relacionamento com ele/ela. O que você gosta nesta
relação?
d) Se houver problemas no relacionamento com o seu parceiro, por favor,
descreva o (s) mais importante (s).
O quanto isso lhe incomoda atualmente? (circule)
Em absoluto Um pouco Moderadamente Muito Não poderia ser pior 2. Como é sua vida sexual? Você tem alguma dificuldade em sua vida
sexual? Em caso positivo, por favor, tente descrevê-la.
O quanto isso lhe incomoda atualmente? (circule)
Em absoluto Um pouco Moderadamente Muito Não poderia ser pior
Sobre seus filhos (se souber)
a) Se você tiver filhos, liste-os por ordem de idade. Por favor, indique algum filho de
casamento (s) anterior (es) e filhos adotados; indique quem eles são.
Nome Ocupação Idade Sexo Comentários
b) Por favor, descreva seu relacionamento com seus filhos. Se houver alguma
dificuldade com seus filhos, por favor, descreva a (s) mais importante(s).
O quanto isso lhe incomoda atualmente?(por favor, circule).
Em absoluto Um pouco Moderadamente Muito Não poderia ser pior
Sua História Psiquiátrica
1. Você já foi hospitalizado por algum motivo emocional ou psiquiátrico?
Sim ( ) Não ( )
Em caso positivo, preencha o seguinte:
Data Nome do Hospital Razão para
hospitalização
Foi
útil?
2. Você já recebeu tratamento psiquiátrico ou psicológico ambulatorial?
Sim ( ) Não ( )
Em caso positivo, preencha o seguinte:
Data Nome do Profissional Razão para tratamento Foi
útil?
S/N
S/N
3. Você está tomando alguma medicação por motivos psiquiátricos?
Sim ( ) Não ( )
Em caso positivo, preencha o seguinte:
Medicação Dosagem Frequência Nome do médico que
prescreveu.
4. Você já tentou suicídio?
Sim ( ) Não ( )
Em caso positivo, quantas vezes você tentou suicídio?
Data
aproximada
O que exatamente você fez
para se machucar?
Você foi
hospitalizado?
Sua História Médica
1. Quem é seu clínico geral?
Nome
Endereço do Clínico
2. Qual foi a última vez que você fez um check up?
3. Você foi tratado pelo seu clínico geral ou foi hospitalizado neste último
ano? Sim ( ) Não ( )
Em caso positivo, por favor, especifique.
4. Houve alguma mudança na sua saúde geral neste último ano?
Sim ( ) Não ( )
Em caso positivo, por favor, especifique.
5. No momento você está tomando alguma medicação não–psiquiátrica ou
drogas de prescrição? Sim ( ) Não ( )
Medicações Dosagem Frequência Razão
6. Você já teve ou tem uma história de (marque todos os que se aplicam)
Derrame-S/N Febre Reumática S/N Cirurgia Cardíaca S/N
Asma S/N Sopro Cardíaco S/N Ataque Cardíaco S/N
Tuberculose S/N Anemia S/N Angina S/N
Úlcera S/N
Hipertensão ou
Hipotensão S/N
Problemas de tiroide
S/N
Diabete S/N
Você está grávida ou acha que pode estar? Sim ( ) Não ( )
Você já teve ataques, acessos, convulsões ou epilepsia? Sim ( ) Não ( )
Você tem prótese de válvula cardíaca? Sim ( ) Não ( )
Você tem alguma condição médica atual? Sim ( ) Não ( )
Em caso positivo, por favor, especifique:
Você tem alergia a alguma medicação ou alimento? Sim ( ) Não ( )
Em caso positivo, por favor, especifique:
História de Uso de Álcool e Drogas
1. O seu uso de álcool já lhe causou algum problema? Sim ( ) Não ( )
2. Alguém já lhe disse que o álcool lhe causava algum problema ou reclamou
sobre o seu comportamento de beber? Sim ( ) Não ( )
3. O seu uso de drogas já lhe causou algum problema? Sim ( ) Não
( )
4. Alguém já lhe disse que as drogas lhe causavam algum problema ou
reclamou sobre o seu uso delas? Sim ( ) Não ( )
5. Você ficou “viciado” em alguma medicação prescrita ou já tomou mais do
que deveria? Sim ( ) Não ( )
Em caso positivo, por favor liste essas medicações:
6. Você já foi hospitalizado, entrou em programa de desintoxicação ou esteve
em algum programa de reabilitação por problemas com alguma droga ou
álcool?
Sim ( ) Não ( )
Em caso positivo, quando e onde você foi hospitalizado?
Seu Futuro
1. Por favor, mencione alguma satisfação particular que você obtém com a sua
família, sua vida laboral ou outras áreas que são importantes para você.
2. Você poderia nos contar alguma coisa sobre seus planos, esperanças e
expectativas para o futuro.
3. Por favor, você poderia nos contar como se sentiu preenchendo este
questionário.
ANEXO II
RESUMO - Diagrama de Conceituação Cognitiva - (BECK 2013)
Terapeuta:
Nome:
Data / /
Queixa inicial:
HD:
Eixo DSM V:
Dados relevantes da infância
(Quais experiências contribuíram para o desenvolvimento e manutenção da crença
central?).
Crenças Centrais
(Qual é a crença mais central sobre si mesmo?)
Crenças intermediárias
Estratégias Comportamentais
(Quais comportamentos o ajudam a lidar com a crença?)
Situação 1
Qual foi a situação
problemática?
Situação 2 Situação 3
Pensamentos
Automáticos
O que passou por sua
cabeça?
Pensamentos
Automáticos
Pensamentos
Automáticos
Significado
O que o pensamento
automático significou para
ele?
Significado Significado
Emoção
Que emoção esteve
associada ao
pensamento?
Emoção Emoção
Comportamento
O que o cliente fez então?
Comportamento Comportamento
ANEXO III
Registro de Pensamentos Automáticos – RPD3
(BECK,1997)
Paciente Data / /
REGISTRO DE PENSAMENTOS DISFUNCIONAIS (RPD 3)
Data/ Hora
1. Situação 2.Pensamento Automático 3. Emoção
1- Que evento real desencadeou a emoção?
1-Que pensamento ou imagem passou pela sua cabeça?
1- Qual a intensidade (0 a 100%) da emoção?
ANEXO IV
Registros de Pensamentos Disfuncionais – RPD5
(BECK, 2013)
Paciente Data / /
Instrução: Quando você perceber o seu humor mudando, pergunte a si mesmo “O que está passando pela minha cabeça agora?” e, assim que possível, anote o pensamento ou imagem mental na coluna Pensamento Automático.
REGISTRO DE PENSAMENTOS DISFUNCIONAIS (RPD 5)
Data/ Hora
1. Situação 2.Pensamento Automático
3.Emoção 4. Reações corporais
5.Comportamento
2- Que evento real desencadeou a emoção?
1-Que pensamento ou imagem passou pela sua cabeça?
1- Que emoção (tristeza, ansiedade, raiva etc...) você percebeu?
1-Que tipo de reações percebeu no corpo? (suor nas mãos, coração acelerado)
1-O que você fez? Qual foi a sua ação?
2-Tentou executar mais rápido? Fugiu da situação? Evitou?
ANEXO V
Ansiedade: Como identificar e lidar com seu pensamento automático
disfuncional? (KNAPP, 2004)
Muitas pessoas que estão depressivas e/ ou ansiosas têm uma maneira
tendenciosa e negativa de pensar sobre as coisas.
Buscam constantemente identificar ameaças ou perigos. Quando outra
pessoa apenas pensaria “Ah, esse problema seria algo menor caso acontecesse”, o
ansioso poderia pensar se tratar de algo horrível.
Chamamos esses pensamentos negativos que ocorrem espontaneamente de
“pensamentos automáticos”.
Eles parecem plausíveis no momento, mas podem também refletir uma
maneira tendenciosa de pensar.
Umas das primeiras coisas que você pode fazer para lidar com seu modo
negativo de pensar é identificar seus pensamentos disfuncionais. Por exemplo,
digamos que você esteja em uma festa e perceba que está se sentindo ansioso.
Você começa a ter os seguintes pensamentos negativos:
As pessoas pensarão que sou um imbecil;
Seria horrível se alguém pensasse assim;
Eu não suportaria;
Devo ser um idiota;
Não há nada aqui para mim.
Bem, seu pensamento disfuncional está funcionando plenamente.
Constantemente que as pessoas que tendem à ansiedade e à depressão têm
maneiras de pensar que são típicas- que chamamos de distorções cognitivas. Isso
simplesmente significa que você tende ao pensamento negativo.
ANEXO VI
Debate Socrático/ com Exames de Evidências - (LEAHY, 2006)
Quais são as evidências?
Quais são as evidências que apoiam essa ideia?
Quais são as evidências contra essa ideia?
Existe uma explicação alternativa?
Qual é o pior que poderia acontecer? Eu poderia superar isso?
O que é o melhor que poderia acontecer?
Qual é o resultado mais realista?
Qual é o efeito da minha crença no pensamento automático?
O que eu deveria fazer em relação a isso?
O que eu diria (a um amigo) se ele ou ela estivesse na mesma
situação?
ANEXO VII
Distorções Cognitivas – (LEAHY, 2006)
Podemos categorizar seus pensamentos negativos em estilos específicos.
Por exemplo, se você pensa que alguém pensa que você é entediante (mas você
não tem provas direta disto), o que está acontecendo é a leitura da mente. Observe
a lista abaixo e veja se você está usando alguma dessas maneiras distorcidas de
pensar:
a) Catastrofização
Pensar que o pior de uma situação irá acontecer, sem levar em consideração
a possibilidade de outros desfechos. Acreditar que o que aconteceu ou irá acontecer
será terrível e insuportável. Eventos negativos que podem ocorrer são tratados
como catástrofes intoleráveis, em vez de serem vistos em perspectiva.
Exemplos:
Perder emprego será o fim da minha carreira.
Eu não suportarei a separação da minha mulher.
Se eu perder o controle, será meu fim.
b) Raciocínio emocional
Presumir que sentimentos são fatos. “Sinto, logo existe”. Pensar que algo é
verdadeiro porque tem um sentimento (na verdade, um pensamento) muito forte a
respeito. Deixar os sentimentos guiarem a interpretação da realidade. Presumir que
as reações emocionais necessariamente refletem a situação verdadeira.
Exemplos:
Eu sinto que minha mulher não gosta mais de mim.
Eu sinto que meus colegas estão rindo nas minhas costas.
Sinto que estou tendo um enfarto, então deve ser verdadeiro.
Sinto-me desesperado, portanto, a situação deve ser desesperadora.
c) Polarização (pensamento tudo-ou-nada, dicotômico)
Ver a situação em duas categorias apenas, mutuamente exclusivas, em vez
de um continuum. Perceber eventos ou pessoas em termos absolutos.
Exemplos:
Deu tudo errado na festa.
Devo sempre tirar a nota máxima, ou serei um fracasso.
Ou algo é perfeito, ou não vale à pena.
Todos me rejeitam. Tudo foi uma perda de tempo total.
d) Abstração seletiva (visão em túnel, filtro mental, filtro negativo)
Um aspecto de uma situação complexa é o foco da atenção, enquanto outros
aspectos relevantes da situação são ignorados. Uma parte negativa (ou mesmo
neutra) de toda uma situação é realçada, enquanto todo o restante positivo não é
percebido.
Exemplos:
veja todas as pessoas que não gostam de mim.
A avaliação do meu chefe foi ruim (focando apenas um comentário negativo e
negligenciando todos os comentários positivos).
e) Adivinhação
Prever o futuro. Antecipar problemas que talvez não venham a existir.
Expectativas negativas estabelecidas como fatos.
Exemplos:
Não irei gostar da viagem.
Ela não aprovará meu trabalho.
Dará tudo errado
f) Leitura mental
Presumir, sem evidências, que sabe o que os outros estão pensando,
desconsiderando outras hipóteses possíveis.
Exemplos:
Ela não está gostando da minha conversa.
Ele está me achando inoportuno.
Ele não gostou do meu projeto.
g) Rotulação
Colocar um rótulo global, rígido em si mesmo, numa pessoa ou situação, em
vez de rotular a situação ou o comportamento específico.
Exemplos:
Sou incompetente.
Ele é uma pessoa má.
Ela é burra.
h) Desqualificação do positivo
Experiências positivas e qualidades que conflitam com a visão negativa são
desvalorizadas porque “não contam” ou são triviais.
Exemplos:
O sucesso obtido naquela tarefa não importa, porque foi fácil.
Isso é o que esposas devem fazer, portanto, ela ser legal comigo não conta.
Eles só estão elogiando meu trabalho porque estão com pena.
i) Minimização e maximização
Características e experiências positivas em si mesmo, no outro ou nas
situações são minimizadas, enquanto o negativo é maximizado.
Exemplos:
Eu tenho um ótimo emprego, mas todo mundo tem.
Obter notas boas não que dizer que eu sou inteligente, os outros obtêm notas
melhores do que as minhas.
j) Personalização
Assumir a culpa ou responsabilidade por acontecimentos negativos, falhando
em ver que outras pessoas e fatores também estão envolvidos nos acontecimentos.
Exemplos:
O chefe estava com a cara amarrada, devo ter feito algo errado.
É minha culpa.
Não consegui manter meu casamento, ele acabou por minha causa.
k) Hipergeneralização
Perceber num evento específico um padrão universal. Uma característica
específica numa situação específica é avaliada como acontecendo em todas as
situações.
Exemplos:
Eu sempre estrago tudo.
Eu não me dou bem com mulheres.
l) Imperativos (“deveria” e “tenho - que”)
Interpretar eventos em termos de como as coisas deveriam ser, em vez de
simplesmente considerar como as coisas são. Afirmações absolutistas na tentativa
de prover motivação ou modificar um comportamento. Demandas feitas a si mesmo,
aos outros e ao mundo para evitar as consequências do não cumprimento dessas
demandas.
Exemplos:
Eu tenho que ter controle sobre todas as coisas.
Eu devo ser perfeito em tudo que faço.
Eu não deveria ficar incomodado com minha esposa.
m) Vitimização
Considerar-se injustiçado ou não entendido. A fonte dos sentimentos
negativos é algo ou alguém, havendo recusa ou dificuldade de se responsabilizar
pelos próprios sentimentos ou comportamentos.
Exemplos:
Minha esposa não entende meus sentimentos.
Faço tudo pelos meus filhos e eles não me agradecem.
n) Questionalização (E se?)
Focar o evento naquilo que poderia ter sido e não foi. Culpar-se pelas
escolhas do passado e questionar-se por escolhas futuras.
Exemplos:
Se eu tivesse aceitado o outro emprego, estaria melhor agora.
E se o novo emprego não der certo?
Se eu não tivesse viajado, isso não teria acontecido.
ANEXO VIII
Seta Descendente (LEAHY,2006)
Nome Data / /
Situação (PA):
O que isso significa ou diz a (seu) respeito ou de você?
Se isso for verdade, o que isso diz sobre você ?
O que isso significa ou diz a (seu) respeito ?
O que isso significa ou diz a (seu) respeito (do outro) (do
mundo) ?
ANEXO IX
Analise de custo-benefício (LEAHY,2006)
Nome Data / /
Depois de listar os custos e os benefícios da crença, faça um circulo em torno do mais significativos. Porque esses custos ou benefícios são importantes? Você poderia contestar sua visão da importância desses custos e benefícios? Qual seria a crença alternativa mais adaptada? Como você poderia fazer uma analise de custo-benefício dessa crença?
Crença:
Custos Benefícios:
Resultados: Custos= Benefícios=
Custos-Benefícios=
Conclusões:
ANEXO X
Cartão de enfrentamento (BECK,1997)
Pensamento Automático:
“Não vou conseguir falar de mim na entrevista”
Resposta Adaptativa:
“Já falei antes com outras pessoas e consegui. Se falei antes posso falar
novamente. Se falei anteriormente posso falar novamente”.
“E se caso eu não conseguir falar tudo que pensei, conseguirei falar o
necessário”.
Termo de Responsabilidade Autoral
Eu Shirley Santos Bomfim, afirmo que o presente trabalho e suas
devidas partes são de minha autoria e que fui devidamente informado da
responsabilidade autoral sobre seu conteúdo.
Responsabilizo-me pela monografia apresentada como Trabalho de
Conclusão de Curso de Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental, sob
o título “PROTOCOLO PARA DESENVOLVIMENTO DO PERFIL PSICOLÓGICO
DE CANDIDATOS QUE DESEJAM INGRESSAR NA AREA DA SEGURANÇA
PÚBLICA”, isentando, mediante o presente termo, o Centro de Estudos em Terapia
Cognitivo-Comportamental (CETCC), meu orientador e coorientador de quaisquer
ônus consequentes de ações atentatórias à "Propriedade Intelectual", por mim
praticadas, assumindo, assim, as responsabilidades civis e criminais decorrentes
das ações realizadas para a confecção da monografia.
São Paulo, __________de ___________________de______.
_______________________
Assinatura do (a) Aluno (a)