CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO ... · da interligação do transtorno do pânico com...
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CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL
ROSANA PEREZ DE LIMA SILVA
A EFICÁCIA DA TCC NO TRANSTORNO DO PÂNICO
São Paulo
2017
ROSANA PEREZ DE LIMA SILVA
A EFICÁCIA DA TCC NO TRANSTORNO DO PÂNICO
Trabalho de conclusão de curso Lato Sensu
Área de concentração: Terapia Cognitivo-Comportamental
Orientadora: Profa. Dra. Renata Trigueirinho Alarcon
Coorientadora: Profa. Msc. Eliana Melcher Martins
São Paulo
2017
Fica autorizada a reprodução e divulgação deste trabalho, desde que citada a fonte.
SILVA, Rosana Perez de Lima A Eficácia da TCC no transtorno do pânico Rosana Perez de Lima Silva, Renata Trigueirinho Alarcon, Eliana Melcher Martins – São Paulo, 2017. 32 f. + CD-ROM Trabalho de conclusão de curso (especialização) - Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC). Orientadora: Profª. Drª. Renata Trigueirinho Alarcon Coorientadora: Profª. Msc. Eliana Melcher Martins 1 Terapia cognitivo-comportamental, 2. Ansiedade. 3. Transtorno do Pânico. I. Silva, Rosana Perez de Lima. II. Alarcon, Renata Trigueirinho. III. Martins, Eliana Melcher.
Rosana Perez de Lima Silva
A eficácia da TCC no transtorno do pânico
Monografia apresentada ao Centro de Estudos em
Terapia Cognitivo-Comportamental como parte das
exigências para obtenção do título de Especialista
em Terapia Cognitivo-Comportamental
BANCA EXAMINADORA
Parecer: ____________________________________________________________
Prof. _____________________________________________________
Parecer: ____________________________________________________________
Prof. _____________________________________________________
São Paulo, ___ de ___________ de _____
AGRADECIMENTOS
Gratidão eterna aos meus três amores que caminham ao meu lado sempre torcendo
e desejando o meu crescimento.
RESUMO
O presente trabalho descreve as principais técnicas utilizadas para o tratamento de
transtorno de pânico. O transtorno de pânico faz parte do grupo de transtorno de
ansiedade. A ansiedade em suas formas mais graves é um dos tipos mais comuns
de desordem psicológica. Para tratar de transtornos de ansiedade, a terapia
cognitivo-comportamental (TCC) é a indicação para um resultado breve e eficaz. A
prática clínica da TCC baseia se em um conjunto de técnicas bem desenvolvidas
que são usadas para formular planos de tratamento e adequar ao paciente. Segundo
a literatura pesquisada os resultados são positivos, mostrando a eficácia da TCC no
transtorno de pânico, ainda que alguns tratamentos sejam combinados com
psicofármacos.
Palavras-chave: terapia cognitivo-comportamental, ansiedade, síndrome do
pânico, transtornos de ansiedade e transtorno do pânico, reestruturação cognitiva.
ABSTRACT
This paper describes the main techniques used for the treatment of panic disorder.
Panic disorder is part of the Group of anxiety disorder. The anxiety in their most
serious forms is one of the most common types of psychological disorder. To treat
anxiety disorders, cognitive-behavioral therapy (CBT) is an indication for a brief and
effective result. The clinical practice of CBT is based on a set of well-developed
techniques that are used to formulate treatment plans and suit the patient. According
to the literature the results are positive, showing the effectiveness of CBT in panic
disorder, although some treatments are combined with psychiatric drugs
Keywords: cognitive behavioral therapy, anxiety, panic attacks, anxiety disorders
and panic disorder, cognitive restructuring.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8
2 OBJETIVO .............................................................................................................. 20
3 METODOLOGIA ..................................................................................................... 21
4 RESULTADOS ....................................................................................................... 22
5 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 28
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 30
8
1 INTRODUÇÃO
Cerca de uma em cada cinco pessoas já sofreu um ataque de pânico
inesperado, geralmente em épocas de muito estresse. Porém acredita se que a
síndrome do pânico afete em torno de 2% da população (FREEMAN; FREEMAN
2015 p.101).
A síndrome do pânico faz parte do grupo de transtorno de ansiedade. A
ansiedade em suas formas mais graves é um dos tipos mais comuns de transtorno
psicológico. E para tratar de transtornos de ansiedade, a terapia cognitivo-
comportamental (TCC) é a indicação para um resultado breve e eficaz. A prática
clínica da TCC baseia se em um conjunto de teorias bem desenvolvidas que são
usadas para formular planos de tratamento e empregar no paciente.
1.1 Um breve histórico da ansiedade
Até meados do século XlX a ansiedade não era um termo muito conceituado
ou compreendido como termo psicológico ou psiquiátrico. A explicação dada para as
sensações vividas pelo indivíduo, que hoje são compreendidas como crise de
ansiedade, era de serem consequências de fracassos morais, religiosos ou de
defeitos orgânicos e físicos. Profissionais influentes expunham os seus
pensamentos acerca do termo ansiedade e as definiam conforme suas crenças.
Bénédict Morel (1809-1873) psiquiatra francês, afirmava que os sintomas de
ansiedade eram desencadeados por uma doença no sistema nervoso. Maurice
Krishaber (1836-1883) otorrinolaringologista húngaro, acreditava que a ansiedade
era causada por irregularidades cardiovasculares. E Moritz Benedikt (1835-1920)
professor de neurologia da Universidade de Viena, atribuiu a problemas no ouvido
interno as vertigens muitas vezes sentidas em ataques de pânico. O termo
“ansiedade” sofreu ascensão em 1895, com a publicação de um artigo de Sigmund
Freud (1856-1939), onde argumentou que a ansiedade deveria ser separada de
outras formas de doença nervosa (FREEMAN; FREEMAN, 2015 p.12).
9
A palavra ansiedade deriva de origem grega e dentre os inúmeros
significados está a definição de ‘’estar oprimido pelo sofrimento’’. Porém apesar de
ser uma palavra antiga, o conceito passou a ser pensado a partir do século XX. O
psiquiatra Aubrey Julian Lewis (1900 - 1975) observou em Phychological Abstracts
que três artigos acadêmicos sobre ansiedade foram listados em 1927, quatorze em
1931, trinta e sete em 1950 e duzentos e vinte em 1960 (FREEMAN; FREEMAN,
2015 p.11).
1.2 Definição de ansiedade
De acordo com o manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais
(DSM-IV, 1995), ansiedade é ‘’a antecipação apreensiva de um futuro perigo ou
infortúnio acompanhada de uma sensação de disforia ou de sintomas somáticos de
tensão. O foco de perigo antevisto pode ser externo ou interno.’’
Pode se compreender que a ansiedade é uma sensação de medo, de
inquietação, caracterizado por tensão ou desconforto que advém da antecipação de
perigo de algo desconhecido ou estranho. Avaliada até certo ponto como uma
reação natural do ser humano para que se adapte e reaja ante situações de medo
ou de expectativa, contudo a ansiedade torna se patológica quando alcança um
nível extremo e generalizado em que interfira no funcionamento saudável da vida
cotidiana do individuo (FREEMAN; FREEMAN, 2015).
Os sintomas da ansiedade são classificados em físico e cognitivo, no entanto
aparecem em conjunto (DSM-V, 2014).
Os sintomas Físicos são: batimento cardíaco acelerado, boca seca, cansaço,
sensação de sufocamento, inquietação, náusea, diarreia, tontura, vertigem, calores
ou calafrios, tensão muscular, transpiração, suor das mãos, urinação frequente. Os
sintomas cognitivos são: dificuldade de concentração, dificuldade para dormir,
irritabilidade, nervosismo, pensamentos frequentes de perigo, tensão, pensamento
de que algo terrível irá acontecer, medo de morrer (DSM-V, 2014).
1.3 Subtipos de transtornos de ansiedade
Foram realizadas alterações entre o DSM-IV e o DSM-V e dentre as alterações
constam os subtipos atuais de transtornos de ansiedade que passaram a ser:
10
Transtorno de ansiedade de separação (TAS)
O TAS é caracterizado como uma reação anormal a uma separação de
figuras de apego, separação esta que pode ser real ou imaginária e que interfere
significativamente nas atividades diárias e no desenvolvimento do indivíduo. Para se
enquadrar nos critérios diagnósticos do DSM, a ansiedade deve estar além do
esperado para o nível de desenvolvimento da criança, durar mais de quatro
semanas, ter inicio antes dos 18 anos de idade e causar sofrimentos significativos.
(DSM-V, 2014).
Mutismo seletivo
O mutismo seletivo é descrito como uma desordem psicológica mais
frequente nas crianças e é caracterizado pelo fracasso consistente para falar em
situações sociais específicas apesar de expressar se verbalmente em outras
situações (DSM-V, 2014)
Fobia específica
A característica essencial deste transtorno é que o medo ou ansiedade está
restrito a presença de uma situação ou objeto particular (DSM-V, 2014).
Ansiedade social
A característica principal do transtorno de ansiedade social é um medo ou
ansiedade acentuado ou intenso de situações sociais nas quais o indivíduo pode ser
avaliado pelos outros. Em crianças, o medo deve ocorrer em contextos com pares, e
não somente em interações com adultos. Quando exposto a situações sociais, o
indivíduo tem medo de ser avaliado negativamente (DSM-V, 2014).
Transtorno de ansiedade generalizada
O indivíduo tem dificuldade de controlar a preocupação e de evitar que
pensamentos preocupantes interfiram na atenção as tarefas a serem realizadas.
11
Existe enorme preocupação com circunstancias diárias da rotina de vida, família,
finanças e saúde (DSM-V, 2014).
Ansiedade devido a outra condição médica
As características essenciais do transtorno de ansiedade induzido por
substâncias e ou medicamentos são sintomas proeminentes de pânico ou ansiedade
que são considerados como decorrentes dos efeitos de uma substância (DSM-V,
2014).
Agorafobia
A característica essencial da agorafobia é o medo ou ansiedade acentuado ou
intenso desencadeado pela exposição real ou prevista a diversas situações (DSM-V,
2014)
Transtorno do pânico
O transtorno do pânico (TP) caracteriza se por ataques de ansiedade
frequentes e recorrentes. O DSM define o ataque de pânico como um período de
intenso medo ou desconforto no qual quatro ou mais dos seguintes sintomas se
desenvolvem inesperadamente (DSM-V, 2014).
Critérios Diagnósticos - A __________________________________________________________ 1. Palpitações, coração acelerado, taquicardia. 2. Sudorese. 3. Tremores ou abalos. 4. Sensações de falta de ar ou sufocamento. 5. Sensações de asfixia. 6. Dor ou desconforto torácico. 7. Náusea ou desconforto abdominal. 8. Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio. 9. Calafrios ou ondas de calor. 10. Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento). 11.Desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sensação de estar distanciado de si mesmo). 12. Medo de perder o controle ou “enlouquecer”. 13. Medo de morrer. __________________________________________________________ Critérios diagnósticos B, C e D
12
__________________________________________________________ B. Pelo menos um dos ataques foi seguido de um mês (ou mais) de uma ou de ambas as seguintes características: 1. Apreensão ou preocupação persistente acerca de ataques de pânico adicionais ou sobre suas consequências (p. ex., perder o controle, ter um ataque cardíaco, “enlouquecer”). 2. Uma mudança desadaptativa significativa no comportamento relacionada aos ataques (p. ex., comportamentos que têm por finalidade evitar ter ataques de pânico, como a esquiva de exercícios ou situações desconhecidas). C. A perturbação não é consequência dos efeitos psicológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou de outra condição médica (p. ex., hipertireoidismo, doenças cardiopulmonares). D. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental (p. ex., os ataques de pânico não ocorrem apenas em resposta a situações sociais temidas, como no transtorno de ansiedade social; em resposta a objetos ou situações fóbicas circunscritas, como na fobia específica; em resposta a obsessões, como no transtorno obsessivo-compulsivo; em resposta à evocação de eventos traumáticos, como no transtorno de estresse pós-traumático; ou em resposta à separação de figuras de apego, como no transtorno de ansiedade de separação). (DSM-V, 2014)
As crises de pânico não são eventos exclusivos do TP e ocorrem com
frequência concomitante a outros transtornos de ansiedade, em outros transtornos
psiquiátricos e em pessoas saudáveis. Portanto a avaliação detalhada da história
clínica é essencial para definir se há comorbidades que possam desencadear a crise
(DSM-V, 2014)
Em artigo pesquisado, Salum, et al (2009) afirmam que o diagnóstico
diferencial é um dos pontos chave na avaliação de um paciente ou cliente, pelo fato
da interligação do transtorno do pânico com outros problemas que se assemelham
fisiologicamente e cognitivamente a uma crise do pânico e apresenta em seu artigo
um modelo de protocolo de investigação clínica para o diagnóstico da crise. A
seguir, a figura 1 representa este modelo de protocolo de investigação clínica para
diagnóstico da crise. Abaixo será apresentado um modelo e investigação clinica para
o diagnóstico da crise de pânico.
13
Figura 1 - Modelo de investigação clínica para diagnóstico da crise de pânico
. Fonte: Salum; Blaya; Manfro (2009).
14
1.4 Teorias cognitivas
O behaviorismo influenciou algumas das estratégias mais eficazes para tratar
os problemas de ansiedade, no entanto no século XX as percepções começaram
mudar com o aparecimento da chamada revolução cognitiva. O cognitivismo tinha
por objetivo identificar e compreender os processos básicos a partir dos
pensamentos. O behaviorismo havia se recusado a estudar pensamentos porque
não são observáveis. (FREEMAN; FREEMAN, 2015 P.35)
A nova abordagem foi sintetizada no Cognitive Psychology, publicado por
Ulric Neisser (1928-2012) em 1967. Tinha por objeto de estudo:
Todos os processos pelos quais os estímulos sensoriais são transformados, reduzidos, elaborados, armazenados, recuperados e usados [...] Termos como sensação, percepção, imagem, retenção, memória, resolução de problemas e raciocínio, entre muitos outros, referem se a estágios ou aspectos hipotéticos de cognição (FREEMAN; FREEMAN, 2015 PÁG.35)
Os psicólogos cognitivos usaram como metáfora um ‘’computador’’ para
explicar e representar as informações sensoriais como sendo recebidas pelo cérebro
e então processadas por meio de uma série de redes da mesma forma assim como
se baseiam os sistemas de um computador. O cognitivismo passou a ser uma
tendência dominante na psicologia, passou se a incluir e compreender que a forma
como o indivíduo receba e avalie uma determinada situação irá ou não influenciar
completamente o seu comportamento. (FREEMAN; FREEMAN, 2015)
Aaron Tenkim Beck, o precursor da terapia cognitivo-comportamental,
descobriu que indivíduos com ansiedade tem a forte tendência em apresentar um
sistema de crenças prejudiciais a respeito de si mesma, do outro e do mundo e este
sistema de crenças é construído conforme as experiências vividas pelo indivíduo, e
afirma que as emoções e os comportamentos do indivíduo são influenciados pela
interpretação de um evento vivido. O modo como o indivíduo sente está associado
ao modo como ele interpreta e pensa sobre uma situação, sendo a sua resposta
emocional intermediada por sua percepção. (FREEMAN; FREEMAN, 2015 p. 37)
A seguir, figura 2 demonstrando o Modelo Cognitivo-comportamental proposto
por Aaron Beck ( WRIGHT; BASCO; THASE, 2008 P. 17)
15
Figura 2 - Modelo cognitivo-Comportamental.
Fonte: WRIGHT; BASCO; THASE, 2008 P. 17)
O indivíduo avalia a relevância dos acontecimentos internamente e essas
avaliações estão associadas as reações emocionais, essas reações estão
associadas aos tipos de crenças que traz desde a sua infância sobre si mesmo,
sobre os outros e sobre o mundo. As crenças são entendimentos fundamentais e
profundos que podem ser consideradas como verdades absolutas e esta
compreensão pode construir e alimentar pensamentos automáticos, os pensamentos
automáticos são comuns a todas as pessoas entretanto podem se tornar
disfuncionais. Tais pensamentos são chamados de distorções cognitivas. (WRIGTH;
BASCO; THASE, 2008)
A seguir, figura 3 demonstrando o Modelo Cognitivo-comportamental proposto
por Aaron Beck com exemplo de um paciente com fobia social (WRIGHT; BASCO;
THASE, 2008 P. 18)
16
Figura 3 - Modelo cognitivo-Comportamental: Exemplo de um paciente com
fobia social.
Fonte: WRIGHT; BASCO; THASE, 2008 P. 18)
O modelo descrito na figura 3 demostra um exemplo de pensamento
disfuncional ou distorção cognitiva e o resultado comportamental desta situação. E
assim são os pensamentos disfuncionais, o sujeito recebe uma informação, esta
informação recebida é compreendida conforme as suas crenças que despertam uma
emoção e esta emoção resulta em um comportamento.
1.5 Terapia Cognitivo-comportamental
O objetivo da terapia cognitivo-comportamental é incentivar o
desenvolvimento e a aplicação de processos adaptativos de pensamento, desta
forma ocorrerá a reestruturação cognitiva, pois o sujeito passará a contestar
pensamentos automáticos e se tornará apto a modificar um pensamento e obterá
como resultado pensamentos e comportamentos adequados para cada situação.
Este trabalho se desenvolve por meio de técnicas que auxiliará o paciente neste
processo. Dentre as técnicas utilizadas é importante que o paciente primeiramente
compreenda que os pensamentos criam sentimentos. A partir deste reconhecimento
inicial é dado ao paciente exercícios que irá possibilitar o reconhecimento de seus
pensamentos disfuncionais. São utilizados formulários que podem ser preenchidos
juntamente com o terapeuta em sessão e após explicação ser dado ao paciente
17
como tarefa de casa. Algumas das técnicas utilizadas pelo terapeuta cognitivo-
comportamental são: Como os pensamentos criam sentimentos; Técnica ABC;
Pensamentos versus Possíveis Fatos, Avaliação das Emoções e Crenças; Registro
do Grau de Crença no Pensamento; Categorização das Distorções Cognitivas; seta
descendente e outros. (LEAHY, 2008).
A seguir, exemplos de algumas distorções cognitivas (LEAHY, 2008):
Leitura mental: A pessoa acha que sabe o que os outros estão pensando e
não considera outras possibilidades mais prováveis. Por exemplo: “Ele acha
que sou um fracasso”.
Advinhação do futuro: A pessoa prevê o futuro negativamente sem
considerar outros resultados mais prováveis. Por exemplo: “Seria horrível se
eu fracassasse”, “Vou ser reprovado no exame” ou “Não conseguirei o
emprego”
Catastrofização: Quando o sujeito aumenta a gravidade das coisas,
transformando uma dificuldade em uma impossibilidade, e uma situação difícil
em uma catástrofe. Por exemplo: “Meu namorado não atende o celular, deve
estar com outra”
Rotulação: Atribuição de traços negativos a si mesmo e aos outros. Por
exemplo: “Sou indesejável” ou “Ele é uma pessoa imprestável”. Esses rótulos
são abstrações que levam à raiva, ansiedade, frustração e baixo amor
próprio.
Desqualificação dos aspectos positivos: O sujeito afirma que as
realizações positivas, suas ou alheias, são triviais e que o positivo não conta.
Por exemplo: “Eu fiz bem aquele projeto, mas isso não significa que eu seja
competente; eu apenas tive sorte. ”
Filtro negativo: Sujeito foca quase exclusivamente os aspectos negativos e
raramente nota os positivos. Por exemplo: “Veja todas as pessoas que não
gostam de mim”.
Supergeneralização: Sujeito percebe um padrão global de aspectos
negativos com base em um único incidente. A pessoa tira uma conclusão
18
negativa radical que vai muito além da situação atual. Exemplo: “Nessa
escola não tenho amigos, assim como era no colégio anterior.
Pensamento dicotômico: Pensamento preto e branco, polarizado é tudo ou
nada, é 8 ou 80: A pessoa vê uma situação em apenas duas categorias em
vez de em várias alternativas. Exemplo: “Se eu não for um sucesso total, eu
serei um fracasso. ”
Afirmações do tipo “deveria”: Sujeito interpreta os eventos em termos de
como as coisas devem ser, em vez de simplesmente concentrar-se no que
elas são. Por exemplo: “Eu deveria me sair bem. Caso contrário, serei um
fracasso”.
Personalização: Atribui a si mesmo culpa desproporcional por eventos
negativos e não consegue ver que certos eventos também são provocados
pelos outros, quando a pessoa guarda para si mesmo a inteira
responsabilidade sobre um evento que não está sob seu controle. Por
exemplo: “Eu não cuidei bem do meu filho, por isso ele está internado no
hospital”.
Atribuição de culpa / Síndrome da Vítima : Se concentra na outra pessoa
como fonte de sentimentos negativos e se recusa a assumir a
responsabilidade da mudança. Por exemplo: “Estou me sentindo assim agora
por culpa dela” ou “Meus pais são a causa de todos os meus problemas”.
Comparações injustas: Interpreta os eventos em termos de padrões
irrealistas, comparando-se com pessoas que se saem melhor do que você e
concluindo, então, que é inferior a elas. Por exemplo: “Ela é mais bem-
sucedida do que eu”
Orientação para o remorso: Fica preso à ideia de que poderia ter se saído
melhor no passado, em vez de pensar no que pode fazer melhor agora. Por
exemplo: “Eu poderia ter conseguido um emprego melhor se tivesse
tentado””.
E se…? Sujeito faz uma série de perguntas do tipo “e se…” alguma coisa
acontecer, e nunca fica satisfeito com as respostas. Por exemplo: “E se eu
perder o emprego”? Essa distorção gera muita ansiedade.
Raciocínio emocional: Deixa os sentimentos guiarem a interpretação da
realidade. A pessoa pensa que algo deve ser verdade porque “sente” (em
19
realidade, acredita) isso da maneira tão convincente que acaba por ignorar ou
desconsiderar fatos e evidências. Exemplo: “ Eu sei que eu faço muitas
coisas certas no trabalho, mas eu ainda me sinto como se eu fosse um
fracasso.”
Incapacidade refutar: Rejeita qualquer evidência ou argumento que possa
contradizer os pensamentos negativos. Por exemplo, quando pensa “Não sou
digna de amor”, rejeita como irrelevante qualquer evidência de que as
pessoas gostem de você. Consequentemente, o pensamento não é refutado.
Após a psicoeducação, que é a apresentação do modelo cognitivo e a
apresentação dos erros cognitivos, inicia-se com o paciente ou cliente o trabalho de
reestruturação cognitiva juntamente com técnicas que atendam a necessidade do
paciente para que o trabalho ocorra de maneira eficaz.
Após a apresentação do transtorno de pânico e da TCC, esse trabalho visa
fazer uma revisão bibliográfica buscando compreender como a TCC tem sido
utilizada para tratamento desse transtorno e sua eficácia.
20
2 OBJETIVO
Esse trabalho tem como objetivo uma breve revisão bibliográfica sobre a
eficácia da terapia cognitivo-comportamental no tratamento do transtorno do pânico.
.
21
3 METODOLOGIA
Para a realização deste trabalho foram realizadas leituras de artigos e livros
para verificar a contribuição da terapia cognitivo-comportamental frente ao
tratamento da síndrome do pânico.
As bases de dados pesquisadas foram a plataforma Google acadêmico,
Scielo e livros de autores de referência.
Para a pesquisa de artigos foram utilizadas palavras chaves como: terapia
cognitivo-comportamental, ansiedade, síndrome do pânico, transtornos de
ansiedade e transtorno do pânico e reestruturação cognitiva.
Foram excluídos os artigos que fugiam do tema proposto que é referente à
eficácia da terapia cognitivo-comportamental no transtorno do pânico e materiais
publicados em línguas diferentes do português.
22
4 RESULTADOS
Foram escolhidos 9 (nove) artigos sendo 1 (um) referente a descrição das
técnicas utilizadas na abordagem TCC e 8 (oito) referente a revisão de literaturas. A
TCC é constituída de inúmeras técnicas auxiliares e eficazes para serem
direcionadas ao paciente, entretanto deve ser realizada uma estratégia
personalizada e adequada a necessidade de cada um. Os artigos lidos constituíram
a apresentação de algumas técnicas direcionadas ao tratamento para o paciente
com TP (transtorno do pânico) dentre os resultados pôde se perceber a unanimidade
sobre os resultados positivos em relação a da abordagem cognitivo-comportamental.
No artigo de Salum, Blaya & Manfro (2009) destaca-se uma pesquisa
envolvendo cerca de 1700 pacientes com TP (transtorno do pânico) com ou sem
comorbidade agorofóbica, o artigo não relata idade ou sexo do público alvo,
entretanto cita que foram realizadas cerca de 21 sessões randomizadas a qual
foram efetivados tratamento combinado com o uso de antidepressivos e
psicoterapias. Dentre as psicoterapias, os autores citam que houve uma aparente
vantagem para as técnicas baseadas nos preceitos cognitivos comportamentais.
As contribuições do artigo de Rangé (2008) mencionam um protocolo criado
pelo autor. Este protocolo foi nomeado como: “Vencendo o Pânico: Programa de
Tratamento Multicomposto Específico para o Transtorno de Pânico e Agorafobia”.
Este é constituído de 8 sessões de tratamento cognitivo-comportamental, para ser
utilizado passo a passo. Inicialmente o programa era utilizado individualmente,
entretanto passou a ser utilizado também em grupos com resultados satisfatórios
para ambos.
Carvalho, Freire & Nardi, (2008) discorrem em seu artigo um estudo de
comparação de 3 (três) grupos submetidos ao tratamento de pânico com a terapia
cognitivo-comportamental e exposição virtual (grupo I) e outro grupo com terapia
cognitivo-comportamental sem a experiência de exposição virtual (grupo II) e, por
último, um grupo submetido a um número reduzido de sessões com e sem a
exposição virtual (grupo III). Verificou se que em ambos os grupos de tratamento
houve redução significativa dos ataques de pânico, entretanto o grupo I submetido a
exposição virtual alcançou o resultado positivo em 8 sessões, o outro grupo II
alcançou também resultados positivos após 12 sessões. E por ultimo, destaca-e o
23
grupo III, este grupo foi submetido a 4 sessões de TCC com exposição virtual e 12
sessões sem exposição virtual e o resultado foi satisfatório. Destaca-se a efetividade
do tratamento em longo prazo no grupo que não obteve exposição virtual.
Yano, Meyer & Tung (2003) realizaram uma revisão bibliográfica sobre os
modelos de tratamento para o TP e enfatizaram que o terapeuta deve reforçar ao
paciente a importância de praticar diariamente as técnicas aprendidas no setting
terapêutico para que ele domine tais técnicas e as utilize de maneira segura, correta
e eficaz quando se fizer necessário. Esta ideia também é encontrada no artigo de
Montenegro (2002) que narra que a auto aplicação das técnicas é essencial para o
sucesso do tratamento e para a manutenção da melhora clínica a longo prazo.
Sobre o tratamento combinado da TCC com fármacos:
Estudos realizados no Brasil demonstraram que os pacientes reduziram significativamente o uso de antidepressivos (AD): de 61 (95%) pacientes que o utilizavam antes da TCC, 45 (75%) continuavam o uso após um ano de terapia. Por outro lado, um acompanhamento de 48 pacientes demonstrou que 44(93%) estavam utilizando AD antes da TCC e somente 26 (55%) continuaram utilizando a medicação durante o acompanhamento...(MANFRO; HELDT; CORDIOLLI; OTTO, 2008)
O TP pode ser ou não acometido por comorbidades, a comorbidade mais comum
relatada nos artigos lidos é a agorafobia. Breschi e Castro (2013) em sua revisão
bibliográfica obtiveram como foco a interferência do transtorno de personalidade no
tratamento de pânico e descreveram que dentre as terapias, a TCC é um dos
tratamentos mais indicados para pacientes com diagnósticos comórbidos, porém a
literatura sugere que a terapia tenha uma intervenção mais prolongada.
É importante esclarecer que para iniciar um tratamento há todo um processo
estrutural a ser seguido para que se inicie a aplicabilidade de qualquer técnica. As
sessões da TCC são estruturadas, é indispensavelmente importante estabelecer
uma ligação de confiança e rapport com o paciente. Apresentar e explicar o modelo
cognitivo da terapia, informar e educar o paciente sobre o seu transtorno, coletar
informações adicionais sobre as dificuldades do paciente (questionar se o paciente
faz uso de medicações, álcool, drogas), verificar as expectativas do paciente,
desenvolver uma lista de metas, esclarecer que será um trabalho colaborativo,
definir as dificuldades e promover esperança afirmando ao paciente que a TCC é o
tratamento adequado para melhorar o quadro atual do paciente (BAERÉ, 2008).
24
Tabela 1. Técnicas e resultados no tratamento do Transtorno de Pânico
AUTOR/ANO MÉTODO DA PESQUISA TÉCNICAS CITADAS RESULTADOS
Montenegro Revisão bibliográfica Exposição Interoceptiva A TCC do TP produz inumeros beneficios
2002 Reestruturação Cognitiva para a grande maioria dos
Relaxamento Muscular pacientes, reduzindo
Respiração Diafragmatica significativamente
Teste de Hipóteses os sintomas clinicos
Yano, Meyer & Tung Revisão bibliográfica Relaxamento Muscular Resultado eficaz, porém quando há
2003 Treino Respiratorio comorbidades como a depressão ou
Exposição agorafobia o tratamento combinado
RPD com psicofámacos é mais indicado
Reestruturação Cognitiva
Carvalho, Nardi & Rangé Revisão bibliográfica Treino respiratório Verificou se na maioria dos estudos
2008 Comparação entre Reestruturação Cognitiva a eficácia das duas terapias
Terapia Cognitiva (TC) Relaxamento Progressivo
e Terapia Cognitiva Exposição
Comportamental (TCC)
Rangé Contribuição de A.C.A.L.M.E.SE Os resultados foram satisfatorios porem
2008 pesquisadores para Treino Respiratório o treino de assertividade e relaxamento
desenvolvimento RPD muscular foram ajustados
integrativo Reestruturação Cognitiva
de um programa Bibliotecaterapia
de tratamento
Breschi & Castro Revisão bibliográfica Respiração Diafragmatica Resultado satisfátorio para comparação
2013 Reestruturação Cognitiva entre Terapia Psicodinâmica e TCC ,
Exposição entretanto o artigo sugere que seja
Prevenção realizado uma intervenção mais longa
quando o Transtorno do Pânico for
comórbido com Transtorno de
Personalidade
Baere Revisão bibliográfica Respiração Diafragmatica Há evidencias da eficácia da TCC
2015 Relaxamento
Exposição In Vivo quando
há agorafobia comórbida
RPD
Seta Descendente
A.C.A.L.M.E.SE
Salum, Blaya & Manfro Revisão Narrativa Respiração Diafragmatica A TCC foi considerada pelos autores
2009 Reestruturação Cognitiva a terapia com resultados mais
Exposição In Vivo consistentes para o TP
Manfro, Heldt, Revisão bibliográfica Respiração Diafragmatica Consideram que a TCC é uma
Cordiolli & Otto Reestruturação Cognitiva modalidade eficaz tanto para terapia
2008 Exposição In Vivo de 1º linha como uma estratégia para
pacientes que não respondam
a medicações
Carvalho, Freire & Nardi Proposta de realidade Imagem virtual Constatou se a necessidade de proto
2008 virtual no tratamento de colos de tratamento padronizados.
transtorno de panico Considerou a TCC a modalidade
psicoterapeutica mais estudada no
transtorno do pânico e demosntrou
eficácia
25
A tabela 1 sintetiza os artigos lidos, onde se descreve as técnicas utilizadas e
os resultados obtidos em relação ao manejo terapêutico. Abaixo, são descritas
algumas das técnicas citadas nos artigos explicadas segundo WRIGHT, BASCO &
THASE (2008):
Exposição In Vivo – Consiste na confrontação com o estímulo que suscita
medo no paciente. Os aspectos positivos dessa técnica são modelar
maneiras eficazes de controle da ansiedade, confrontação com os medos,
fornecer psicoeducação de maneira oportuna e modificar cognições
catastróficas. Esta técnica, inicialmente, deve ser realizada no setting
terapêutico e após é direcionada como tarefa de casa.
Relaxamento Muscular – Ensina se ao paciente a liberar a tensão muscular
de todo o corpo. A medida que o corpo vai relaxando, o sentimento subjetivo
de ansiedade vai gradativamente diminuindo. Para este exercício, é realizada
uma indução de relaxamento e solicitado para que o paciente pratique este
exercício como tarefa de casa.
Treino Respiratório – O paciente é instruído a respirar rápida e
profundamente para que provoque hiperventilação, após é solicitado para
respirar lentamente até recobrar o controle da respiração normal. Este
exercício evoca as sensações do ataque de pânico e tem por objetivo
amenizar os temores catastróficos. O paciente aprende que a hiperventilação
provoca sensações desagradáveis e que a partir do momento que tem o
controle da respiração, os sintomas serão amenizados.
Respiração Diafragmática – Nesta técnica o paciente concentra o ar no
músculo que fica à altura do estômago (diafragma) fazendo com que a barriga
estufe ao puxar o ar e volte ao normal quando soltar, a respiração deve ser
realizada lentamente em uma contagem de cerca de quatro segundos para
inspirar e cinco segundos para expirar. Este exercício restaura o relaxamento
auxiliando o paciente no autocontrole.
Reestruturação Cognitiva – A reestruturação cognitiva ocorre
gradativamente após o paciente reconhecer os pensamentos disfuncionais
que serão listados a partir do treino de registro de pensamentos (RPD) e do
reconhecimento da categorização de tais pensamentos. A partir deste
exercício de reconhecimento o paciente aprenderá a testar a veracidade de
26
determinado pensamento a partir do treino de teste de hipóteses que consiste
em fazer com que o paciente perceba a probabilidade e possibilidade real de
realização de determinado pensamento.
Exposição Interoceptiva – Esta técnica consiste em reproduzir as
sensações físicas que desencadeiam o ataque de pânico. Os exercícios
utilizados para evocar tais sensações são: hiperventilação, girar em uma
cadeira giratória, segurar a respiração para eliciar tontura, correr sem sair do
lugar induzindo pensamentos catastróficos. Este exercício tem a finalidade de
treinar o paciente para enfrentar os sintomas de forma controlada e assim ser
capaz de lidar com uma crise.
Seta Descendente – Esta técnica tem a finalidade da correção de
pensamentos catastróficos, por meio de questionamentos contínuo chega se
ao significado central de um pensamento.
A.C.A.L.M.E–SE – Esta técnica proposta por Rangé (2008) representa um
passo necessário para o manejo adequado de uma situação percebida como
ameaçadora. Os significados deste acrônimo são : Aceite, Contemple, Aja,
Libere, Mantenha, Examine e Sorria. Aceite a sua ansiedade, Contemple as
coisas em sua volta, Aja como se, Libere o ar dos pulmões, Mantenha os
passos, Examine seus pensamentos e Sorria você conseguiu.
Referente às técnicas agregadas ao tratamento do TP, há muita semelhança
nos artigos estudados, foi citada a técnica de reestruturação cognitiva em 7 (sete)
estudos, relaxamento muscular, respiração diafragmática, exposição interoceptiva, e
exposição in vivo em 4 (quatro) estudos e as outras técnicas em 3 (três) ou menos
artigos (TABELA 1).
O uso de psicofármacos pode ser necessário quando uma crise for muito
intensa ou prolongada ou, quando necessário, se o TP for acompanhado de alguma
comorbidade. Neste caso o paciente é medicado pelo psiquiatra e segue com a
terapia normalmente, e passa se a um tratamento combinado (MANFRO; HELDT,
CORDIOLLI; OTTO, 2008).
No artigo publicado por Manfro, Heldt, Cordioli & Otto (2008) descreve que a
TCC é uma modalidade eficaz ao tratamento de pacientes com TP também com um
tratamento combinado com a terapia farmacológica. Reafirma a eficácia das técnicas
de relaxamento.
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Carvalho, Freire & Nardi (2008) descrevem tratamento do TP a partir de
tratamento com realidade virtual, neste estudo submeteram pacientes comorbidos
com agorafobia que foram expostos a treinos de relaxamento em 10 (dez) cenários
virtuais diferentes. Testaram a eficácia de um tratamento para TP com agorafobia de
um grupo com exposição virtual e outro grupo somente com TCC, ambos os grupos
melhoraram significativamente, porém a longo prazo a efetividade do grupo que não
teve acesso virtual foi maior.
Rangé (2008) propõe o protocolo vencendo o pânico, este protocolo é
constituído de 8 (oito) sessões. A primeira sessão inicia se com o estabelecimento
de rapport e entrega de informes contendo todas as informações a respeito do TP,
em seguida as sessões seguem com as técnicas da TCC (a.c.a.l.m.e-se,
hiperventilação, treino respiratório, respiração diafragmática, RPD, relaxamento,
habituação interoceptiva)
A efetividade da terapia cognitivo-comportamental está no emprego das
técnicas, todos os artigos estudados citam técnicas em comum, não há limitação
para o uso das técnicas para o tratamento do transtorno do pânico, todas são
ferramentas que possibilitam o autocontrole de um paciente para que este elimine ou
controle a possibilidade de sofrer repentinamente uma crise de pânico. A partir da
reestruturação cognitiva, técnica que o paciente se habituará a praticar, o paciente
modificará as suas crenças irracionais e as substituirá construindo assim uma nova
realidade adequando se e sentindo se aliviado e liberto.
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5 DISCUSSÃO
A eficácia da TCC está no emprego correto e colaborativo das técnicas
mencionadas pelos autores. Todas as técnicas mencionadas são de suma
importância para o tratamento de TP, entretanto a própria reestruturação cognitiva é
que livrará o paciente de todo o sofrimento vivido e sentido.
Referente às técnicas agregadas ao tratamento do TP, a técnica mais
prevalente foi a reestruturação cognitiva, seguida de relaxamento muscular,
respiração diafragmática, exposição interoceptiva e exposição in vivo, que
apareceram na mesma frequência.
Em muitos casos, o uso de psicofármacos juntamente com a TCC é
necessário para um tratamento mais eficaz. Destaca-se também a utilização de
realidade virtual juntamente com a TCC como tratamento para TP.
A literatura sobre a TCC especificamente correlacionada ao TP em português
é escassa, fazendo assim que esta revisão tenha sido um pouco dificultosa, porém
muito produtiva, pois os resultados de cada artigo reforçam a eficácia do trabalho
terapêutico desenvolvido com a abordagem cognitivo-comportamental que era o
objetivo do presente trabalho.
Uma limitação desse trabalho foi a busca de artigos somente em português
em poucas bases de dados. Para uma revisão mais completa, faz-se necessária
uma pesquisa mais abrangente, com palavras-chave em outras línguas,
especificamente o inglês.
29
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A terapia cognitivo-comportamental constitui-se uma abordagem bastante
eficaz para o tratamento de transtornos de ansiedade.
O objetivo do presente trabalho era de confirmar por meio da leitura de artigos
a posição dos autores em relação ao tratamento específico do transtorno do pânico
com a TCC. Segundo a literatura pesquisada os resultados são positivos, trazendo a
eficácia da TCC no transtorno de pânico, ainda que alguns tratamentos sejam
combinados com psicofármacos.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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LEAHY, Robert L. Técnicas de terapia cognitivo-comportamental – Manual do terapeuta. Porto Alegre: Artmed, 2008
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SALUM, Abrahão Giovanni; BLAYA, Carolina; MANFRO, Gisele Gus. - Transtorno do pânico – Revista psiquiatr. Rio Grande do Sul [on line]. 2009, Vol.31, n.2, pp.86-94 ISSN 0101-8108 <http://dx.doi.org/10.1590/S0101-81082009000200002>
YANO, Yuristella; MEYER, Sonia B; TUNG, Teng C. - Modelos para o tratamento do transtorno do pânico - Rev. Estudos de psicologia, 2003, vol. 20, n3, pp 125-134 ISSN 1982-0275 <http://dx.doi.org/10.1590/S0103-166X2003000300009>
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ANEXO
Termo de Responsabilidade Autoral
Eu, Rosana Perez de Lima Silva afirmo que o presente trabalho e suas
devidas partes são de minha autoria e que fui devidamente informado da
responsabilidade autoral sobre seu conteúdo.
Responsabilizo-me pela monografia apresentada como Trabalho de
Conclusão de Curso de Especialização em Terapia Cognitivo-comportamental, sob o
título “A eficácia da terapia cognitivo-comportamental no transtorno do pânico”,
isentando, mediante o presente termo, o Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-
Comportamental (CETCC), meu orientador e coorientador de quaisquer ônus
consequentes de ações atentatórias à "Propriedade Intelectual", por mim praticadas,
assumindo, assim, as responsabilidades civis e criminais decorrentes das ações
realizadas para a confecção da monografia.
São Paulo, __________de ___________________de______.
_______________________
Assinatura do (a) Aluno (a)