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PATROLOGIA CETEP Prof. Márcio Ruben

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PATROLOGIA

CETEPProf. Márcio Ruben

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INTRODUÇÃO “Patrologia” – aparece pela primeira vez no

Sec. XVII Distinção entre Patrologia e Patrística

Patrologia = estudo histórico e literário de escritores cristãos antigos (vida e obra)

Patrística = realça o pensamento e a doutrina Jerónimo inaugura o género

“Patrologia” com a sua obra:De viris illustribus (393)

Segue de perto a História Eclesiásticade Eusébio de Cesareia

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INTRODUÇÃO Pais da Igreja

escritores eclesiásticos que se destacam pela doutrina ortodoxa

pela santidade de vida são reconhecidos pela Igreja como testemunhas da

tradição O termo “Pais” adquire sentido

mais preciso no Sec. IV.Foi aplicado àqueles que mantiverama fé e deixaram testemunho escritodesse facto (bispos ou presbíteros)

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INTRODUÇÃO Traços comuns entre os Pais da Igreja:

a) Doutrina ortodoxa (comunhão fiel com a doutrina da Igreja)b) Santidade de Vidac) Aprovação da Igreja (referência num Concílio)d) Antiguidade

Ocidente: Isidoro de Sevilha [636] Oriente: João Damasceno [750]

Escritores Eclesiásticos: Tertuliano, Orígenes,Eusébio de Cesareia

Doutores da Igreja:Ocidente: Ambrósio, Jerónimo, Agostinhoe Gregório Magno Oriente: Atanásio, Basílio,Gregório de Nazianzeno e João Crisóstomo

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PROGRAMA Primeiro período da Literatura cristã

Padres apostólicos Escritos anónimos

Confronto da fé cristã com a cultura greco-romana Apologistas

Primeiras heresias e inícios da teologia católica Heresias Reacção anti-herética Reflexão teológica

Idade de ouro da Patrologia No Oriente:

(Eusébio, Atanásio, Padres Capadócios, Crisóstomo, etc.) No Ocidente:

(Hilário, Ambrósio, Jerónimo, Agostinho) Fim da época patrística

No Ocidente:(Leão Magno, Pedro Crisólogo, Gregório Magno, etc.)

No Oriente:(Máximo Confessor, João Damasceno)

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INÍCIO DA LITERATURA CRISTÃ

Pais Apostólicos Clemente Romano Inácio de Antioquia Policarpo de Esmirna Pápias de Hierápolis

Escritos anónimos Carta do Pseudo Barnabé “Pastor” de Hermas Didaqué

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CLEMENTE ROMANO Bispo do final do séc. I Carta à Igreja de Corinto da parte da Igreja de

Roma Desentendimentos internos na Igreja de Corinto

motivam esta carta que apela à concórdia e à paz

Informações históricas de relevo Permanência de Pedro em Roma Viagem de Paulo à Península Martírio de Pedro e Paulo Perseguição de Nero

Primado da Igreja de Roma

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CLEMENTE ROMANO Hierarquia (discórdias no seio da Igreja)

A ambição e a inveja são as causas das dissenções (1-3) Remédios: humildade, obediência e humildade (6-36)

Disposições hierárquicas Cristo elegeu os Apóstolos. Os Apóstolos designaram os seus sucessores Os sucessores nomearam os seus continuadores

Exortação à submissão e à obediência (37-61) Conclusão contém oração pertencente

à liturgia romana A carta foi bem acolhida

Lida depois dos livros do NT Divulgada entre outras Igrejas

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INÁCIO DE ANTIOQUIA Bispo de Antioquia (Síria)

Encarcerado no tempo de Trajano (98-117) Na viagem até Roma passou por várias

comunidades Escreve as suas cartas

Desde Esmirna(recebido pelo bispo Policarpo) escreveu:

Às Igrejas de Éfeso, Magnésia, Trália e Roma Desde Tróade escreveu:

Às Igrejas de Filadélfia e Esmirnae ao bispo Policarpo

Mártir em Roma (110)

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INÁCIO DE ANTIOQUIA Nas cartas, Inácio aconselha, exorta e

convence Hierarquia: o bispo é pedra angular em cada Igreja O bispo preside à comunidade, ajudado pelos

presbíteros e diáconos (ver Mag 6,1-2) Esta concepção eclesiológica foi contestada

por muitos. Só assim se compreendea insistência de Inácio na união dentrode cada Igreja e na obediênciaaos legítimos pastores

Aspectos teológicos Condenação das primeiras heresias:

gnosticismo e docetismo Espiritualidade: união com Deus

e identificar-se com a própria vida de Cristo(Martírio)

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POLICARPO DE ESMIRNA Bispo e mártir (+- 155) Ireneu informa que Policarpo escreveu várias cartas

Apenas possuímos a carta aos filipenses Foi transmitida parcialmente em grego e na totalidade em latim

Combate o docetismo em Fil 7,1 (como Inácio já o fizera), de forma particular a Marcião

Apela à unidade: uma única Igreja de carácter universal (“católica”)

A notícia do seu martírio suscitou uma grande comoção entre os cristãos e originou o escrito “Martírio de Policarpo”

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PÁPIAS DE HIERÁPOLIS Bispo de Hierápolis (Turquia).

Terá vivido entre os anos 70 e 140 Segundo Ireneu escutou a pregação do apóstolo João

(Adv. Haer. V,33,4) e foi amigo de Policarpo Autor da obra desaparecida na sua quase totalidade:

“Exegese dos discursos do Senhor”,composta de cinco livros(conservam-se fragmentosem Ireneu e Eusébio).Obra redigida entre 130 e 140

Faz referências aos evangelhos de Mateuse Marcos. Não menciona nada sobre osde Lucas e João, nem mesmo sobreas cartas de Paulo

O testemunho de Eusébio sobre Pápiasé pouco favorável (Milenarismo)

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CARTA DO PSEUDO BARNABÉ Carta posterior ao ano 70 e anterior ao séc. II Atribuída ao apóstolo Barnabé por Clemente

de Alexandria Aparece com os escritos do NT.

Eusébio e Jerónimo retiram-na do cânone Este escrito divide-se

em duas partes distintas: Didáctica/polémica/doutrinária (1-17) Prática/moral (18-21)

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CARTA DO PSEUDO BARNABÉ Valor da revelação do AT

(prefiguração do NT) Exegese alegórica ou tipológica (muito

comum na Escola alexandrina). Condena a mentalidade judia pela sua interpretação literal da Escritura

Proclama a preexistência do Salvador na criação do Mundo

A Encarnação e a Paixão de Cristo são necessárias para a redenção e salvação do homem pecador

Exalta o baptismo porque nos torna filhos de Deus e torna-nos templos do Espírito Santo

Refere o Domingo como dia celebrativo para substituir o Sábado dos hebreus

Valor dos dois caminhos(vida/morte; luz/trevas; bem/mal) Proximidade com a Didaqué

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O “PASTOR” DE HERMAS O título grego apresenta apenas o termo:

O Pastor Do autor sabe-se apenas que era

um escravo cristão Alcançada a liberdade, dedica-se

ao comércio e constitui família.Os filhos denunciam-nocomo cristão

A composição da obraremonta à metade do séc. II

A obra estrutura-se em três secções: Cinco visões Doze preceitos/Mandamentos Dez parábolas

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O “PASTOR” DE HERMAS As quatro primeiras visões

(que constituem a primeira parte da obra)tratam, na sua essência, da Igreja

1ª - Uma idosa convida-o ao arrependimento 2ª - Entrega-lhe um livro para transcrever

(anúncio de perseguição à Igreja) 3ª - A idosa aparece rejuvenescida e aparece

uma torre em construção com pedras boas e más (santos e pecadores)

4ª - Aparece um monstro(símbolo das perseguições)

A quinta visão é o passo para a segunda parte da obra. O pastor aparece em figura de Anjo que ordena a Hermas que ponha por escrito tudo quanto ouviu e viu

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O “PASTOR” DE HERMAS Os doze preceitos enumeram as virtudes

a praticar Fé e temor de Deus Caridade Amor à verdade Continência Paciência

E os vícios a evitar Cólera e tristeza Falsos profetas Maus desejos, etc.

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O “PASTOR” DE HERMAS As parábolas transmitem conselhos

para o aperfeiçoamento da vida Os cristãos considerem-se

peregrinos na terra Ajudem os mais necessitados Mantenham-se

sempre vigilantes Façam sacrifícios

(um dos aspectos maissingulares desta obra)

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O “PASTOR” DE HERMAS Este escrito conheceu grande

divulgação entre os séculos II e V como texto de edificação espiritual, caindo no Ocidente posteriormente no esquecimento

Doutrinariamente falando é pouco desenvolvido Em matéria trinitária e

cristológica nem sempre aparecem concepções seguras

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DIDAQUÉ Escrito anónimo.

Pertence ao período pós-apostólico.Hipótese: final séc. I ou entre 140-150

Didaqué – doutrina, ensinamento.Título completo: Doutrina do Senhor aos gentios por meio dos doze apóstolos

O único manuscrito existentefoi descoberto em 1873

Divide-se a obra em três secções distintas: Parte moral (I-VI):

“Teoria dos dois caminhos” Liturgia sacramental (VII-X):

Baptismo e Eucaristia(finaliza com uma Oração Eucarística)

Vida comunitária (XI-XV) A última parte caracteriza-se

pela sua escatologia (XVI) A segunda vinda do Senhor está eminente

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DIDAQUÉ Aspectos importantes:

Recitação do Pai Nossotrês vezes ao dia

A mais antigaOração Eucarísticaaté agora conhecida

Confissão dos pecadosantes do convite eucarístico

Hierarquia:Bispos, Sacerdotes e Diáconos Mas também apóstolos,

profetas e doutores

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PATROLOGIA

Confrontação da Fé cristãcom a cultura greco-romana

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OS APOLOGISTASRAZÃO DE SER DA LITERATURA APOLOGÉTICA DO SÉC. II

Apologia discurso pronunciado em defesa própria perante os tribunais públicos

Apologética metodologia e literatura inspirada na defesa de doutrinas filosóficas e, de forma particular, da religião cristã

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OS APOLOGISTASRAZÃO DE SER DA LITERATURA APOLOGÉTICA DO SÉC. II

Literatura motivada pelas acusaçõescontra os cristãos:

Calúnias e violências populares Ateísmo e ódio contra o género humano Antropofagia e incesto Origem das calamidades públicas

Objecções dos intelectuais Cristianismo como subversor

dos valores tradicionais Persecuções organizadas

Ilegalidade – “Não é lícito ser cristão” Não reconhecimento do Imperador

como Deus “Superstição nefasta”, digna de castigo

(Cornélio Tácito) Uma religião nova e perigosa”

(Gaio Suetónio) Cristianismo – uma religião formalmente proibida

Incredulidade e cepticismo

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OS APOLOGISTASRAZÃO DE SER DA LITERATURA APOLOGÉTICA DO SÉC. II

Aspecto negativo ou polémico: denúncia e crítica dos costumes pagãos

Aspecto positivo: convencer da validade da doutrina cristã. Contacto com a filosofia (platonismo médio)

A defesa do cristianismo assentana inconsistência do fundamento jurídico

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MELITÃO DE SARDES Informações a partir de Eusébio e Jerónimo

Eusébio – HE V,24,2-8 Jerónimo – De viris illustribus 24

As suas obras perderam-se, restando apenas alguns fragmentos Sobre a Páscoa, sobre a vida dos Profetas,

sobre a Igreja, sobre o baptismo Em 1940 descobre-se e publica-se

uma Homilia pascal que denota um vastoconhecimento teológico,baseado em sólidos fundamentosbíblicos e litúrgicos

Cristologia Preexistência de Cristo como Deus Mistério da Encarnação Eficácia redentora da paixão e morte do Salvador

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JUSTINO O maior apologista grego do séc. II Nasceu na Jordânia nos inícios do séc. II.

Pais pagãos.Viveu em Éfeso onde se dedicou ao estudo da Filosofia

Os diversos sistemas filosóficos não o satisfizeram.Conclui que a alma não pode obter toda a verdadee a contemplação de Deusapenas com as suas forçassem a Revelação de Deus

Em Roma abre uma escola.Morre mártir por volta dos anos 163-167

Eusébio fala de oito obras.Possuímos apenas três: Apologia I e II Diálogo com Trifão o judeu

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JUSTINO I Apologia:

dirigida ao Imperador em defesa dos homensodiados e perseguidos injustamente 1ª Parte: Cariz apologético.

Defende os cristãos de calunias infundadas (cc. 4-17) 2ª Parte: Procura dar uma ideia exacta do cristianismo.

Os cristãos acreditam na imortalidade da alma.As profecias da Sagrada Escriturasão verdadeira revelação de Deus (cc. 18-60)

Descreve finalmente as práticas cristãsdo baptismo, da Ceiae a culto dominical (cc. 61-67)

II Apologia:continuação da primeira Apologia

Importa mais aos cristãos a verdade que a vida.Os justos sempre sofreram perseguiçõescomo forma de chegarem ao prémio prometido por Deus-

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JUSTINO Diálogo com Trifão: redigido por volta do ano 160

Substituição do Antigo pelo Novo Testamento.A lei mosaica tinha um carácter transitório,preparando a vinda de Cristo (cc. 9-47)

Carácter messiânico de Cristomanifestado nas teofanias do AT,onde aparece a sua divindadee preexistência (cc. 48-108)

Os gentios têm vocação para formaro autêntico povo de Deus (cc. 109-142).Trifão manifesta desejo de se baptizar

Importância concedida à Filosofia Logos spermatikós:

sementes do verbo (II Apol. 10,2) Justino fala-nos do baptismo e da Ceia

Baptismo – I Apol. 61-62 Ceia – I Apol. 65-67

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PATROLOGIA

As primeiras heresiase os inícios da teologia

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AS PRIMEIRAS HERESIAS Gnosticismo

Origem: questão complexa. Oriente e Grécia Presente na cultura helénica e romana.

Podemos falar de uma gnose pagã, judaica,judaico-cristã e cristã

Foi no cristianismo que o gnosticismo encontrouum terreno favorável para o seu desenvolvimento

Elementos do gnosticismo Confrontação entre

o mundo espiritual e a matéria A criação é resultado não do Deus da luz

e da bondade, mas de um demiurgo Antropologia tripartida:

homens pneumáticos, psíquicos e hílicos (matéria) Salvação através da gnose (conhecimento revelado) O homem reconhece-se estranho

e estrangeiro neste mundo

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AS PRIMEIRAS HERESIAS Marcionismo

Marcião nasceu na parte meridional do Mar Negronos finais do séc. I ou inícios do II.Chega a Roma por volta do ano 140.Em 144 é excomungado.Morre em 160.

A lei mosaica foi suprimidae anulada por Cristo

O Deus do hebreus era justo,mas rigoroso

O Deus revelado por Cristoé bom e compassivo

A Igreja aceitando o Deus do ATafasta-se do caminho de Jesus

Cristologia (docetismo):Jesus apareceu entre os homensde forma imprevista e misteriosa

Difundido pela Itália, Gália, África, Grécia, Egipto e Ásia Menor

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AS PRIMEIRAS HERESIAS Montanismo

Montano deu origem a esta seitapor volta dos anos 155-160,conhecendo uma grande difusãopela Ásia Menor e pela África romana

O montanismo nasceu no seio da Igreja.Montano, convertido em neófito,dedicou-se a profetizare a pregar o fim iminente do mundo

No início da Igreja os carismáticoseram tidos muito em conta

Montano professavauma vida de renúncias: jejuns e abstinência.Proibia as segundas núpcias

Fez cortes significativos nos evangelhos Repudiava a hierarquia

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REAÇÃO ANTI-HERÉTICA Ireneu de Lyon

Originário da Ásia Menor.Nasceu por volta do ano 130 a 140.Conviveu com Policarpo

Na sua viagem para a Gáliapossivelmente passou por Roma

Em 178 é eleito bispo do Lyonpara substituir Fotino mártir em 177

Morreu nos inícios do séc. III Das obras que escreveu, chegaram até nós:

Desmascaramento e refutação da falsa gnose(Adversus haereses = Contra as heresias)

Demonstração da pregação apostólica O Adversus hereses combate

principalmente o gnosticismo A Demonstração é uma obra mais didática.

Descoberta em 1904 numa tradução armena

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INÍCIOS DA TEOLOGIA Escola de Alexandria

Fundada por Panteno.Inicialmente foi escola pedagógica.Por volta do ano 200 torna-senum centro de estudos filosóficos e religiosos

Atinge o seu máximo prestígio com Clemente e Orígenes Clemente de Alexandria

Nasce em Atenas entre 145-150.Viaja pelo sul de Itália, Síria e Palestina.Chega a Alexandria e assumea direcção da Escola de Alexandria,após a morte de Panteno.Morre antes de 215-216

Obras: Protréptico – exortação dirigida aos gregos Pedagogo – Cristo é o verdadeiro mestre Strómata – Miscelânea. Cristianismo e cultura pagã.

Verdadeira gnose cristã em oposição à falsa gnose pagã

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INÍCIOS DA TEOLOGIA Orígenes

Nasceu em Alexandria entre 183 e 185 Aluno de Clemente Dedicou-se bastante cedo ao ensino

(instrução aos catecúmenos) Viajou por vários lugares do Império Romano

Roma por volta 212 Em 231, durante uma viagem à Síria e Palestina,

foi ordenado sacerdotecontra a vontade do seu bispo

Expulso de Alexandria,fixa residência em Cesareia (Palestina)

Funda uma Escola Sofreu as perseguições de Décio.

Morre em Tiro no ano 253 ou 254

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INÍCIOS DA TEOLOGIA Obras

Hexapla – apresentação do AT em seis colunas(texto hebraico em caracteres hebraicos;texto hebraico em caracteres gregos;quatro versões, entre as quais a da Setenta)

Contra Celso – escrito de carácter apologético,onde refuta o filósofo platónico Celso.Este escrito data do ano 248.Orígenes defende que entre os cristãosnão faltam homens de vasta cultura.

Os princípios – exposição dos fundamentos da fé cristãnum tratado orgânico e completo.A obra chegou até nós numa tradução latina de Rufino.

4 Livros: Deus na distinção das três pessoase os seres celestes, os anjos e demónios;o mundo material e o homem;o livre arbítrio e, por fim,a Sagrada Escritura e a sua interpretação.

A debilidade da sua teologia está na sua distinção do Mistério Trinitário (Subordinacionismo) Abuso do alegorismo na interpretação da Escritura Apocatástase

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A TEOLOGIA AFRICANA Nasce no Ocidente uma literatura latina cristã

Em Roma a língua oficial continua o grego,mas na África romana o latim é a língua comum

Tertuliano Nasceu em Cartago entre 150 e 160.

Pais pagãos Formação esmerada,

provavelmente orientada para a dialéctica Formou-se em Direito Conhecedor profundo do grego A conversão ter-se-á dado pela heroicidade

dos mártires e pela leitura da Bíblia Em Roma exerceu advocacia

e terá sido ordenado sacerdote Adere ao montanismo Morre por volta do ano 200

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A TEOLOGIA AFRICANA Obras

Ad nationes (Aos pagãos) escrito em 197.Defende o cristianismoe condena a imoralidade do paganismo

Apologético – obra de grande importância.Dirigida às autoridades.Descobre-se um autor versado no direitoonde defende o cristianismo

De praescriptione haerecticorum(A prescrição dos hereges)– Tertuliano defende o direito da Igreja Católicaà legitima possessão das Sagradas Escrituras,herdadas dos Apóstolos,contra os heréticos (gnósticos)

O que melhor o distingue como apologistaé o ter estabelecido na defesa do Cristianismoas bases do direito

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A TEOLOGIA AFRICANA

Cipriano Nasceu em Cartago em 210 onde sempre residiu Teve uma excelente formação cultural A sua conversão ao cristianismo

ocorreu por volta do ano 245 Foi eleito como sucessor do bispo Donato em 248 As perseguições que a Igreja sofreu

produziram muitos “lapsi”,ou seja, apóstatas.Cipriano manteve-se firme nas suas posições:“Fora da Igreja não há salvação”.

Outro problema que surgiua partir das perseguições foio da validade do sacerdócio administradospelos hereges e pelos excomungados

Cipriano considerava-os inválidose exigia que se repetissem

Morre mártir em 258

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A TEOLOGIA AFRICANA Em dez anos de intenso episcopado,

Cipriano deixou-nos treze breves tratadose perto de oitenta cartas

Ad Donatum (A Donato)– descreve a sua felicidade por ter recebido o baptismo

De lapsis (Os apóstatas)– Denuncia os cristãos que renegaram a fédiante das persecuções.Exige confissão para a readmissão.

De unitate Ecclesiae (A unidade da Igreja)– Obra inspirada para combater as divisõessurgidas no seio da Igreja

Homem de ação, Cipriano deixou-noso testemunho de uma fé segura.Legou-nos aquilo a que hoje chamaríamos eclesiologia.Uma eclesiologia onde a unidade da Igreja se baseiana pessoa, na função e na autoridade do bispo.