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    CEU DE BRONZE

    LEANDRO BARBOSA

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    Mapa de Haddad1

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    O mapa ainda esta incompleto

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    Captulo I

    O GRANDE CARVALHO

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    stvamos todos sentados em volta da fogueira abaixo de um

    grande carvalho, a noite estava perfeita. Como uma silueta

    de uma linda mulher surgia na escurido s curvas

    delineadas da montanha apontadas pela luz da lua,

    reluzindo em tons azuis tornando a noite em um evento especial e

    nostlgico para mim. De sbito Danti me olhou com um sorrisodebochado passando a mo sobre sua barba ruiva e encrespada,

    dizendo:

    - Um bocado de po preto e um pouco de vinho cairia bem

    melhor do que os carinhos daquela velha, no Damon?

    Danti se referia a trs noites anteriores a ronda, onde em

    uma taberna eu me passei no vinho e acordei pelo amanhecer

    deitado ao lado de uma velha maluca desprovida dos dentes, que me

    disse confiantemente que eu havia a tomado como esposa.

    Olhei para ele com um olhar revoltado e falei:

    - At quando vais torturar minha alma com esta lembrana

    horrvel? Sua a culpa por me servir tantas taas de vinho!Danti com uma grande gargalhada e um sorriso no rosto

    respondeu:

    - Lembranas boas tm de ser trazidas a nossa memria

    meu caro Damon! Bem sei que a pior de suas memrias no so

    nada se comparadas as deste velho grisalho e rabugento, no

    Tamar?

    E

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    Com um olhar despreocupado Tamar tranava a sua barba,

    e como que de momento, olhou fixamente para Danti respondendo:

    - Sim meu querido e fedido jovem, to certo quanto o tempo

    em que no te banhas, eu posso dizer que dentre as pssimas

    memrias que possuo, uma das piores foi a noite que encontrei na

    taberna a sua gloriosa me, isso quando ainda nem eras nascido!

    Com a resposta de Tamar todos menos Danti seguramente,caram em gargalhadas enquanto ele levantou-se com a cara

    emburrada, e se enrolando nas peles de carneiro pegou o arco e

    disse:

    - Velho, eu ainda te corto a lngua! Vou dar uma olhada

    para ver como andam as coisas por ai! Saindo irado de nossa roda.

    Ao ver Danti sair gritei, com intuito de consol-lo:

    - No se perca por ai amigo, amanha samos antes do

    amanhecer!

    Ele emburrado nem olhou para traz, sendo que logo o vulto

    de Danti foi sumindo de diante da fogueira em meio escurido.

    Tamar olhou para mim sorrindo sarcasticamente, dizendo:

    - Ele tem de aprender a respeitar os meus cabelos

    branqueados, detesto estes jovens mancebos que acham que j

    sabem todos os segredos de todos os mistrios e no respeitam os

    ancies, um pouco de humildade vai lhe cair bem.

    Olhei para Tamar com o respeito que lhe era devido e disse;

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    - Grande verdade Tamar. A todos ns digo! Ainda mais os

    jovens, indiferente ao que aprendemos dos que nos ensinam,

    devemos reconhecer nosso lugar.

    Tamar era um dos guerreiros mais antigos que eu conhecia,

    embora muitas de suas histrias no fizessem nem meno

    grandeza de seus feitos, sabe-se que desde os tempos dos pais de

    meu pai ele j pegava na espada. Tamar foi amigo e companheiroem batalhas de meu avo, foi mentor nas artes de guerra de meu

    falecido pai e agora nesta ronda eu tinha o prazer de ter ele como

    companheiro, amigo e mentor. Embora j de avanada idade, ainda

    possua muita fora e negava-se a abandonar a vivncia e a

    Campnia dos soldados. Poucos se igualavam em habilidades com a

    espada como Tamar. Ele era um homem velho e muito solitrio,

    constantemente atormentado pelas ms lembranas. Do pouco que

    sabia sobre sua famlia, era que seus filhos mais velhos morreram

    em batalha lutando nas guerras de Haddad. Mas este fato parecia

    ser pequeno diante da dor que ele demonstrava sentir quando suas

    memrias eram assombradas pelas lembranas do dia em que os

    soldados arkhalamitas haviam assassinado sua mulher e filho

    menor durante a invaso de da grande cidade.

    Como maioria dos soldados, todos sabamos que a guerra

    era a nica forma de ascenso para camponeses como ns, embora

    trabalhssemos no campo desde a infncia, nos meses de solstcio

    ramos treinados nas artes do combate, pois sabamos que a guerra

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    era parte de nossa tarefa como servos do rei. A guerra para mim

    to antiga, que desde menino tenho as minhas primeiras memrias

    assombradas por varias histrias e eventos relacionados a ela.

    Foram vinte anos de guerra, e tenho por sorte no ter

    presenciado o pior dela, isso pelo fato de eu ser jovem demais e estar

    alistado em tempos de paz. J faz dois anos que o reino do norte

    Arkhal silenciou, e no investe em campanhas contra Haddad ereinos vizinhos, penso que parte disso se deve graas s alianas

    militares entre os trs reinos, fato que tornou possvel a resistncia

    aos bem armados exrcitos dos Arkhalamitas. A respeito de Arkhal

    ouvem-se muitos rumores negativos sobre um grande mau que se

    abateu por aquelas regies devido obsesso por poder de Athadara

    filho de Auhyn. Ele era conhecido como o esmagador, por ter na

    invaso de Haddad covardemente afrontado o grande rei Theorn.

    Neste dia ele posicionou sua carruagem diante das portas da cidade,

    e cruzou pela entrada passando por cima das mulheres e crianas

    que haviam sido capturadas, as esmagando apenas por escrnio e

    prazer pessoal.

    De tudo isso o que tenho por bom, que depois de tanto

    terror, Haddad esta livre e vivemos tempos de paz e tranqilidade.

    Como soldados os nossos deveres so na maioria das vezes servir de

    escolta aos recolhedores de tributos e cumprir trs vezes por ano

    com rondas nos limites de nossas terras. Amanh pelo entardecer

    creio que chegaremos aos limites do vilarejo de Hann. nosso

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    objetivo seguir com nossa jornada at a grande cidade de Mellid,

    finalizando nosso trajeto no acampamento de soldados que fica

    prximo da floresta de Urartu, uma pequena fortaleza que fica nos

    limites de Mellid.

    Despertamos logo antes do alvorecer, quando ainda nem se

    podia ouvir o barulho do canto dos pssaros matutinos pelas

    arvores, e nem as aves noturnas haviam se recolhido em seusrecantos sombrios, foi neste tempo que levantamos acampamento.

    Fui acordado aos gritos eufricos de Danti dizendo;

    - Vamos Damon, se no se levantar vai ficar aqui fazendo

    companhia as corujas! Coma um pouco de po antes de seguirmos

    viagem! Vou dar um pouco de gua para os cavalos.

    Logo levantei e me assentei em volta do braseiro que ainda

    queimava vivo, restante da fogueira da noite anterior, e percebi um

    pouco de carne que havia sobrado e a comi com o po que havia

    escondido de Danti em minha bolsa. Logo a minha frente estava

    Tamar junto a Darus recolhendo as panelas, e fechando as bolsas.

    Darus era nosso guia, ele tinha muita experincia em perseguio,

    parecia um lobo quanto a identificar rastros. Darus era alto e tinha

    longos cabelos negros que no combinavam em nada com seu rosto

    nada amigvel. Depois de Tamar ele era o mais velho e experiente

    de nosso pequeno grupo. Enquanto Tamar junto a Darus recolhiam

    as panelas, Sillie vinha recolhendo as bolsas, e as amarrando nos

    cavalos. Sillie era um fazendeiro que havia perdido suas terras por

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    causa da seca no vero, agora ele cumpria as rondas como forma de

    pagar suas dvidas, isso para no ter que dar seus filhos como

    escravos para quit-las.

    Como que em um instante Sillie olhou para mim e disse:

    - Vamos seu vadio, pelo menos recolha as nossas armas!

    E eu respondi;

    - Calma Sillie, estou comendo!Novamente Sillie me olhou com um olhar nervoso dizendo;

    - Podes comer e trabalhar, pois se no nos ajudar, sairemos

    muito tarde e no chegaremos a tempo na entrada de Hann!

    Ainda com o po na boca me levantei logo e fui colocando

    as armas adequadamente presas nos cavalos, enquanto Danti corria

    como um doido trazendo um cavalo ao qual havia levado at o

    riacho prximo ao acampamento. Logo que estvamos com tudo

    pronto, montamos em nossos cavalos e seguimos viagem. Esta era

    minha segunda ronda desde que chegara o tempo de me tornar

    soldado, a minha primeira havia sido mais curta, segui o caminho

    at o territrio de Sahs que eram quatro luas de tempo em todo o

    percurso. Quando chegou a meu conhecimento que Tamar estaria

    nesta ronda, logo me candidatei para estar nesta patrulha at

    Urartu. Esta viaje era a mais longa e temida de todas, pois

    levvamos em torno de nove luas para apenas chegar ao fim do

    percurso. Muitas eram as histrias que surgiam sobre este

    caminho, se dizia que fora os ladres e feras que habitavam nas

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    florestas, muitos que cruzaram as montanhas ficavam loucos e seus

    agrupamentos nunca voltavam completos. Por isso quando eram

    enviados os grupos, eles no passavam de cinco soldados. Em

    compensao aos temores, a ronda at Urartu era o que pagava

    mais peso em ouro, penso que isso se devia ao fato de que eram

    poucos os que acreditavam que voltariam para receb-lo.

    Agora diante de tal desafio j faziam quatro luas queestvamos de viagem pelo caminho em direo a nosso objetivo, e

    meu corao estava irrequieto e atormentado por um sentimento

    estranho ao qual nunca sentira em minhas poucas viagens. Percebi

    que pouco a pouco a emoo aventureira que me motivou, ia sendo

    substituda por uma sensao que me tirava paz causando-me

    uma inquietao curiosa. Danti o gordo ruivo que esteve comigo na

    minha primeira ronda at Sahs, embora fosse mais velho que eu,

    tinha muita simpatia por mim. Logo percebeu que eu estava com a

    expresso carregada, e resolveu me chamar ateno com a

    sutileza de um touro, me atirando um caroo de ma e dizendo:

    - Que cara de bunda de jumenta esta Damon? J com

    saudades de casa? Ainda nem tens mulher ou filhos e j ficas com

    esta cara de sofrimento, imagina a hora que escolher uma para

    esquentar a cama! Vai esquecer at seu prprio nome!

    Olhei para ele, com um sorriso esmaecido e disse:

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    - No sei amigo, sinto-me inquieto! Mas no consigo

    entender o porqu! Bem, penso que pode ser aquele pedao de

    carne de porco, acho que no me fez bem!

    Dante com um sorriso debochado respondeu;

    - Devias ter aproveitado o rabo da porca, esta a parte mais

    leve!

    Diante da declarao de Danti eu s podia rir, pois entendique ele a sua maneira queria me animar. Seguindo a nossa frente

    estava Tamar sempre atento, e percebendo nossa conversa gritou!

    - Danti para de perturbar o garoto, e fique atento! Olhe

    para as pedras ao cho!

    Eu e Danti ligeiramente olhamos e percebemos vrios

    rastros de sangue seco que se interrompiam em pequenas

    distncias. Danti olhou assustado para Tamar que seguia

    cavalgavando logo atrs de Sillie, este que h muito tempo j estava

    atento e cobrindo as costas de nosso rastreador Darus. Ele foi

    seguindo o rastro at uma encosta escarpada, que era coberta por

    um tnel natural de galhos secos contorcidos. Daruz com um olhar

    desconfiado voltou-se para traz com seu cavalo, e olhou para

    Tamar e perguntou:

    - Ento velho, vamos ver o que esta oculto nesta passagem,

    ou seguimos adiante em nosso caminho?

    Tamar que tambm estava desconfiado, disse:

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    - Bem rapazes, nossa funo descobrir e relatar qualquer

    evento estranho que suceda por estas bandas, ento sigamos para

    dentro da passagem e vejamos o que nos aguarda.

    Em seguida que entramos, j sentimos um cheiro terrvel de

    carne apodrecida, e quanto mais nos achegvamos para dentro da

    passagem, o cheiro se tornava ainda mais insuportvel.

    Seguimos cavalgando por um bom tempo at que chegamosa uma clareira que estava escondida pelas arvores que a

    circulavam. No meio dela havia um grande circulo alto de pedras

    fechadas como uma muralha. Tamar foi circulando com seu cavalo

    at que observou que no havia uma entrada naquele circulo, o

    cheiro daquele lugar era fortssimo e fedia a morte. Sobre o circulo

    de pedra era enorme a quantidade de corvos que voavam, e

    depressa descemos dos cavalos tentando descobrir do que se tratava.

    Danti preocupado analisava a parte superior da muralha

    com os olhos, pensando num meio de subir teve uma idia e me

    chamou e dizendo:

    - J que no h uma entrada, eu te fao um apoio Damon e

    v se consegue subir por esta parede!

    Darus que tambm tentava encontrar uma entrada olhou

    para Tamar e perguntou:

    - O que achas ser isso Tamar?

    Tamar com sua voz grave e rouca prontamente respondeu:

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    - Amigo, ouvi falar de algo semelhante h muito tempo, isso

    quando eu era mais jovem. Diziam que estas muralhas pedregosas

    eram lugares malignos dos cultos dos adoradores dos deuses da

    natureza, disso ainda muita coisa ouvi falar, sobre eles e seus altos

    de pedra, mas nunca havia visto e nem soube de algum que os

    tenha observado at agora! Pensava eu, que o seu culto havia sido

    extinto e no mais havia de seus altares em Haddad.Sillie que j no estava mais suportando estar naquele lugar,

    regurgitando se senta e diz:

    - No suporto este cheiro horrvel, prefiro aturar pelo resto

    da vida o cheiro de Dante a ter que sentir isso por mais tempo!

    Ao ouvir as reclamaes de Sillie, Tamar logo respondeu:

    - Fique tranqilo amigo, nossa funo saber do que se

    trata! E digo para voc, que o cheiro do campo ps uma batalha no

    se faz muito diferente deste!

    Eu que j no suportava mais a curiosidade, pedi a ajuda de

    Danti e dizendo:

    - Me de um apoio, que eu vou subir! Preciso saber o que

    tem ai dentro.

    Em seguida Danti se posicionou e eu subi em suas costas, e

    logo que encontrei uma pequena fenda, comecei a subir me

    apoiando pela parede at que me aproximei do topo. Quando

    coloquei minha mo na parte Superior das pedras senti minha mo

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    como que sendo molhada por gordura, quando a olhei, vi que era

    sangue e gritei para eles dizendo:

    - Tem sangue aqui!

    Sillie ouvindo o meu grito, indignado respondeu:

    - Que obvio! Pensei pelo cheiro que havia flores!

    Segui me apoiando at conseguir olhar para dentro, e digo,

    tive a viso mais horrvel que poderia ter presenciado em vida. Ocirculo de pedras era banhado por todos os lados com sangue

    apodrecido, ao meio havia um altar erguido, em cima dele havia

    pedaos de corpos espalhados. Eram todos como que se tivessem

    sido devorados por bestas do campo, em sua volta havia diversas

    ossadas e corpos de homens, mulheres e crianas apodrecendo.

    Quando vi aquela cena, fui tomado por um pavor to

    grande que escorreguei e resvalando no sangue podre vim a cair,

    despencando muro abaixo. Graas a proteo de Gibbor que abaixo

    de mim estava Danti olhando para cima, vindo amortecer minha

    queda, sendo que ca em cima dele.

    Danti que havia sido esmagado com minha queda se

    levantou esbravejando aos gritos:

    - Seu idiota, no tinha outro lugar para cair! Ai! Eu acho

    que arrebentei meu nariz!

    Eu estava completamente apavorado, olhei com os olhos

    esbugalhados para todos gritando:

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    - Este lugar amaldioado! Demnios pisam sobre este

    lugar, a corpos por todos os lados! a mesa de banquete dos

    demnios!

    Tamar assustado com minha descrio, falou;

    - Saiamos daqui! O que quer que esteja fazendo isso,

    possivelmente pode voltar e ns estamos em um pequeno grupo.

    Sillie que j estava a muito tempo desconfortvel comaquele lugar, foi o primeiro a subir em seu cavalo seguido por ns

    que rapidamente o acompanhamos a trote para fora daquele

    ambiente. Descemos uma colina, chegando logo beira de um

    riacho que estava prximo, sendo que eu nem havia descido de meu

    cavalo e logo pulei, gritando:

    - Que nojo! Meu Deus! Que imundice! Meu corpo esta

    imundo!

    Enquanto me limpava nas guas correntes do riacho, ouvi a

    voz de Tamar a me chamar:

    - Jovem, venha aqui!

    Assim que sai do lago estavam os quatro, Tamar, Sillie,

    Darus e Danti, assustados comentando o acontecido! Danti me com

    uma expresso de enojo me olhou e disse:

    - Estava com muita sede, mas prefiro morrer a beber gua

    deste riacho agora!

    Fiquei revoltado pelo comentrio de Danti e indignado

    respondi:

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    - Se tens nojo da gua que corrente, imagines o que ter

    aquela imundice sobre o corpo!

    Sillie como que interrompendo nosso dialogo chama nossa

    ateno e diz:

    - Que maldio esta que anda acontecendo por estas

    bandas, temos que voltar e relatar isso a nossos superiores!

    Tamar ao que ouvia o comentrio de Sillie, prontamenterespondeu:

    - importante antes de tudo chegarmos a nosso destino

    primeiro, pois estamos prximos aos limites de Hann, e imagino que

    o que presenciamos apenas uma parte do que anda acontecendo

    por estas bandas. L em Hann conseguiremos apoio e provises para

    que com tranqilidade possamos ver que deciso se tomar em

    relao a isso.

    Darus com um olhar srio, coloca a mo sobre o ombro de

    Tamar e diz:

    - Ajamos como que no sabemos nada deste lugar e sigamos

    logo em nosso caminho at Hann, l procuraremos coletar mais

    informaes sobre o que anda sucedendo.

    Tamar que procurava acalmar o nervosismo de todos, e

    tentando parecer no estar abalado diz:

    - Bem amigos, subamos em nossos cavalos, sem parada e

    poucas palavras, vamos seguir pela estrada do vale, e creio que em

    breve chegaremos Garganta que abre caminho a vila de Hann,

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    acredito que antes do anoitecer, e se no demorarmos, haver

    grandes possibilidades de chegarmos a nosso prximo destino.

    Todos concordaram unanimemente com a palavra de Tamar, e

    seguimos a trote rpido tomando o caminho em direo a Hann.

    Enquanto partamos pelo caminho, eu sentia meu corao

    como que sendo apertado em uma tenso cada vez maior. Este

    incmodo ia se tornando mais pesado de acordo com a proximidadede Hann. Seguimos em direo ao vale de Indsor, tambm

    conhecida como a porta de Hann, descendo pelas encostas

    pedregosas do ancio, tambm conhecida por este nome devido s

    muitas histrias que contavam sobre aquele lugar. Mas o que se

    sabe que um velho eremita vendedor de panelas escorregou e caiu

    do alto da encosta, e muito tempo depois foi encontrado morto por

    pastores nas pedras abaixo da ladeira. Alguns dizem que foram os

    espritos que mataram o velho, outros que foram demnios que

    habitam nos cumes, mas para mim o velho caiu por estar bbado.

    Depois do presenciado, ningum ousava falar uma palavra,

    todos estavam calados e apavorados pelo que havamos visto no

    circulo de pedras. Quando j se havia passado um bom tempo do

    caminho em silencio, Danti ousou romper com ele dizendo:

    - Amigos! Tenho algo a dizer, e acredito ser muito

    importante para todos:

    - Diga! Falou Tamar.

    - Estou com muita fome! Respondeu Danti!

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    Subitamente aquela afirmao foi como que se

    magicamente fosse quebrado aquele sentimento fnebre em nosso

    corao e todos camos em gargalhadas!

    - Danti, logo ns vamos parar e comer alguma coisa, mas

    antes disso precisamos atravessar logo esta estrada, pois sabemos

    que tal lugar perigoso para os cavalos, e vamos ter que caminhar

    conduzindo-os a p. - Respondeu Tamar;Chegando entrada da encosta, descemos dos cavalos e um

    a um fomos cruzando pelas laterais da montanha de Indsor.

    Enquanto subamos pela encosta olhei para baixo e vi que era uma

    viso assustadora, falo isso pela altura! No saia de minha cabea a

    lembrana do velho que cara por elas, me levando a pensar ser

    aquela uma das mortes mais dolorosas possveis para um homem, a

    verdade era que eu detestava grandes alturas. Sillie percebendo meu

    nervosismo, com um olhar debochado falou:

    - Meu jovem nunca sonhou em voar? Esta uma

    oportunidade de conhecer o segredo do corao dos pssaros!

    Aproveite!

    Eu logo respondi!

    - No vs penas sobre meu corpo e nem asas em minhas

    costas! Dos pssaros s quero agora velos em espetos a rodear em

    brasas!

    Danti logo se atinou ao ouvir que nosso assunto era comida

    e gritou dizendo:

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    - Concordo plenamente com Damon! Uma pombinha agora

    seria uma tima resposta dos cus para acalmar a fria que

    consome o meu interior!

    Darus que sempre seguia a frente de nosso grupo ao ouvir o

    nosso assunto comentou com Tamar:

    - Este homem s pensa em comer, seria bom ele aprender a

    conter toda esta fome, pois no sabemos o que nos aguarda nestevilarejo, isso quando l chegarmos.

    - Com certeza Darus, bom agora que cruzemos rpido por

    este lugar! Respondeu Tamar.

    Chegamos ao topo da estrada, uma parte afunilada de onde

    podamos a distncia vislumbrar uma linda viso diferente da

    sequido pedregosa do inicio da encosta. Era uma viso

    deslumbrante do vale para qual estvamos seguindo, de longe podia

    se observar os animais e arvores e um lindo bosque que era cortado

    pela estrada principal.

    Darus foi como de costume seguindo a frente, sempre atento

    descendo cuidando para que ns atrs tivssemos o caminho seguro

    de qualquer imprevisto. Em um momento na descida ele teve que se

    distanciar razoavelmente de ns, que vnhamos logo atrs

    mantendo uma distancia segura, para que os cavalos no ficassem

    arredios, vindo a causar perigo no caminho. Em uma parte do

    declive onde havia uma curva da estrada, Darus levantou os olhos e

    viu sobre os galhos de uma arvore ressequida, uma jia com um

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    rubi amarelo rarssimo que estava amarrado em um dos seus

    galhos. Puxando o seu cavalo pelas rdeas se aproximou e

    estendendo a mo arrancou a pedra do galho. Com um gesto

    desconfiado olhou para traz vendo se estava sendo observado e

    observando que ainda estvamos distncia, escondeu a pedra

    dentro de suas vestes pondo-a em uma pequena bolsa de tecido que

    levava amarrada em baixo do colete de couro duro. Em seguidaveio Tamar e vendo Darus, nem desconfiou do que se passara e

    continuou seguindo seu caminho como que nada houvesse

    acontecido.

    No demoramos muito para atingir o fim do caminho da

    encosta e todos demonstravam estar felizes por chegar. Darus

    voltando-se para Tamar que era o lder de nossa expedio e disse:

    - Tamar logo vai estar esta anoitecendo, e o caminho se

    estendeu mais do que prevamos! No seria melhor acamparmos

    por aqui e pela manha sairmos em direo a Hann, falo isso porque

    no sabemos o que nos aguarda naquela vila, e se chegarmos noite

    a situao pode nos complicar!

    - verdade Darus! Respondeu Tamar. - Meninos, vamos descer

    nossas coisas, pois ficaremos esta noite por aqui, J esta ficando

    tarde e todos esto com fome. Precisamos recolher madeira para

    fogueira e ver se encontramos alguma caa para nossa refeio, falo

    isso porque da carne que tnhamos Damon comeu o que sobrara.

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    Ao ouvir o que Tamar havia falado, soltei uma grande risada e

    respondi:

    - por Certo que j que me culpas pela pouca carne, ento me

    encarrego da caa, visto que percebi que a mesma tambm farta

    por aqui!

    Darus e Sillie arriaram seus cavalos em arvores e logo foram

    abrindo as bolsas e montando nosso acampamento. Danti tratou depegar as bolsas de couro e ir busca de gua para ns e para os

    animais. Enquanto Tamar recolhia a madeira, eu sa em direo ao

    bosque em busca de caa.

    Na entrada do bosque marquei o meu caminho, e fui entrando

    floresta adentro. Como uma raposa segui a espreita por entre as

    arvores na esperana de encontrar um coelho, codorna ou galinha

    silvestre. Em minha mente, e tambm pelo tamanho de minha fome,

    pensava que minha sorte estaria em encontrar um javali. Falo isso se

    for um javali jovem e solitrio, pois nenhum homem em s

    conscincia gostaria de encontrar uma alcatia de javalis, seria

    melhor encontrar uma ursa roubada dos filhotes do que uma

    malhada de javalis. Caminhei por um longo tempo at que

    encontrei alguns coelhos e os cacei com arco, e conforme os caava

    os amarrava pelas orelhas em meu sinto.

    Depois de muito tempo caando, havia capturado apenas cinco

    coelhos e pensei que seria bom conseguir alguns vegetais para fazer

    deles um bom ensopado. Comecei a caminhar por uma parte do

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    bosque onde havia uma caverna, olhei para o alto e vi pelo ton

    alaranjado do cu que o sol comeava a se por e pensei:

    - Se eu no voltar agora enquanto ainda dia, no escuro

    capaz de que eu me perca.

    Na esperana de ainda encontrar mais alguma caa resolvi

    voltar por outro caminho, que no era o mesmo pelo qual havia

    vindo. Seguindo por ele eu cheguei a uma parte do bosque ondehavia muitas flores, uma espcie de jardim natural em meio ao

    bosque. As cores alaranjadas do cu unidas com as cores das flores

    faziam daquele lugar um espetculo especial criado pelo Senhor dos

    cus Gibbor!

    Admirando o lugar segui caminhando por entre as arvores que

    cercavam aquele espao, como que de surpresa vi um movimento

    que me pareceu estranho surgindo por entre as arvores em direo

    ao centro do lugar. Logo que vi a agitao me escondi deitado ao

    cho fiquei a observar algo que se mexia por entre as arvores e

    flores. Rastejando segui por entre as arvores at que encontrei um

    bom lugar para observar. Escondi-me atrs de uma pedra e fiquei a

    observando a espera, para ver do que se tratava.

    De sbito vi brotar do meio das arvores uma pequena bruma

    negra que percorria sobre a superfcie do lugar, em meio a ela

    surgia como que caminhando sobre a bruma uma donzela cujos

    cabelos eram vermelhos como o sangue, vestindo um vestido azul

    escuro como o cu de uma noite sem lua, em uma aparncia muito

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    macabra. Ela possua sobre os braos um vu negro que se

    movimentava sobre o seu corpo de forma como se tivesse vida

    prpria. No pude observar o seu rosto, pois parecia no me ser

    permitido por mais que tentasse. Ela estava distante e eu

    inocentemente acreditei que ela estava ali para ver a beleza do final

    da tarde. Fiquei atento e escondido a fim de ver se havia mais

    algum prximo e me pus a vasculhar com os olhos eu noencontrei sinal de nada. Aquilo que estava a assistir era to

    misterioso e assustador que me permiti por alguns segundos me

    descuidar do que estava a minha volta. De sbito ouvi um barulho

    de galhos se quebrando prximo onde eu estava ao cho.

    Rapidamente me ergui Assustado olhando para traz vi que se

    tratava apenas de um pequeno pssaro que espalhava as folhas ao

    cho a procura de galhos que com seu bico levava em direo ao

    todo das arvores.

    Senti meu corao disparado com o susto, mas o pior no foi o

    assombro com o pssaro, mas sim que no mesmo instante em que

    me movi fui descoberto por aquele ser medonho que

    assustadoramente no instante que me descobriu soltou um grito

    horripilante, estridente e ensurdecedor como o de um animal feroz.

    O Grito era to forte que me desnorteou como uma bebedeira de

    vinho, levando-me em um ato de desespero a sair correndo mata

    adentro sem saber para qual direo estava correndo.

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    Eu Corri sem olhar para traz como nunca havia corrido em

    toda minha vida, segui me cortando por entre os galhos e espinhos,

    mas no parei por um instante. Depois de muito tempo correndo,

    tropeando e caindo como que por muita sorte cheguei ao local ao

    qual havia marcado como entrada de minha caada. Mesmo

    aliviado por ter encontrado o lugar de onde havia sado, continuei

    Nervoso e eufrico Seguindo pela estradinha. Depois de caminharpor certo tempo, como que por um milagre pude ver a distncia a

    fumaa do acampamento. Quando a vi sai novamente correndo em

    direo a meus amigos com uma sensao de alvio no corao,

    como se a Companhia deles fosse a grande diferena diante daquele

    demnio em corpo de mulher que havia encontrado na mata.

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