Chamam me lírico - resigno-me e demonstro porquê - iª parte

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CHAMAM-ME LÍRICO! RESIGNO-ME E DEMONSTRO PORQUÊ (APETECE-ME ASSINAR ASSIM: HANS, ‘The Devoted Friend’)

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Livro de Ideias para Portugal - Iª Parte

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CHAMAM-ME

LÍRICO!

RESIGNO-ME E DEMONSTRO

PORQUÊ

(APETECE-ME ASSINAR ASSIM: HANS, ‘The Devoted Friend’)

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PREFÁCIO. A RAZÃO PARA ACEITAR QUE SOU UM LÍRICO.

AS IDEIAS QUE AINDA NÃO GERARAM PROJECTOS DE IMPLEMENTAÇÃO

Ideias para o Desenvolvimento do Turismo de Portugal

1982 – Cadeia de lojas „The Portuguese Offer‟

1993 – „O Inferno dos Cabritos‟; o „Arroz‟; o „Arroz de Feijão‟

2001 – Recuperação das Caldas de Arêgos

2003 – Mostra da Arquitectura Europeia, orientada para a hotelaria de qualidade

2007 – Criação de uma parceria de Casas de Turismo, rural ou de habitação, no

Douro Sul

Ideias para a Recuperação do Património familiar e a sua abertura a

turistas

1994 – Hotel de montanha no Monte da Carapuça

2004 – Solução para construção de suites autónomas na Casa da Torre da Lagariça

2007 – Exposições permanentes sobre „Comunicação Humana‟, „A vida nas Quintas,

antes da mecanização‟, e, „A Casa da Torre da Lagariça e o Romance de Eça‟

Ideias para a criação de empresas, ou aumentar o envolvimento das

Autarquias no desenvolvimento do emprego e da actividade em Portugal

1989 – Organização de um ninho de empresas a patrocinar

2004 – Interacção Universidades/Autarquias para actuar no emprego

2007 – Organização Política „Por Portugal - Partido Autárquico‟

2008 – Aproveitamento da Biomassa pelas Autarquias

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Ideias para a Construção de habitações com qualidade, conforto e

baixos custos de construção e manutenção

2002 – A „Janela Portuguesa‟, de madeira, para a renovação de centros urbanos.

2004 – Casa pré-fabricável com isolamento térmico durável.

2007 – Caixilharia em ferro para a Casa da Torre da Lagariça

Ideias para apoio ao desenvolvimento das pequenas empresas

Portuguesas, e a recuperação de activos humanos

2007 – My Staff, organização de empresa de serviços para pequenas empresas e

start-ups (leia-se empresas novas, com pouca capacidade financeira para criação

imediata de empregos indirectos – pessoal administrativo)

2007 – My Back-up, organização de base nacional de consultores técnicos, em

situação de inactividade involuntária

2008 – Sistema ReDE – sistema de gestão da actividade corrente das empresas,

desenvolvido a partir da conjugação de boas práticas verificadas nas empresas em

que prestei serviços, directamente ou como Consultor (anexo apresentação)

Ideia para a organização do trabalho em países industrializados

1993 – Redefinição do tempo de trabalho diário, individual, nos países

industrializados: pressupostos e vantagens da proposta

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IDEIAS PRODUZIDAS e PROJECTOS EM QUE PARTICIPEI,

QUE, AFINAL, TIVERAM RESULTADOS POSITIVOS…

1. Na AMBAR

a) Criação do sector de Tarefa, 1986

b) Criação de um Armazém Robotizado, 1989

c) Construção de uma garagem subterrânea, 1990

d) Criação de um Fundo de Pensões de Reforma, 1990

2. Quando fui viver para Nelas

a) O arranque e a salvação da JOHNSON CONTROLS

b) A reabilitação da casa de Algerás, 1992

c) A criação de uma fábrica de Caixilharia de Madeira, 1994

3. Na INCLASS

a) Preparar a organização como mãe de 3 empresas a criar: distribuição; marca

própria; logística.

b) Criação de sistema de Gestão de Pendentes.

c) Reorganização do Sector de Produção de Computadores e Servidores

4. Como amante do estudo de Janelas para a recuperação e da

construção orientada para o conforto

a) Espigueiros, Casa Principal e Piscina, na Lomba, 1998-2000

b) Janelas em ferro para Marnotos, 2004

5. As apostas, ganhas, em pessoas

Luís Cochofel (Hans, ‘The Devoted Friend’)

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Prefácio. A razão para aceitar que sou um lírico.

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1. Os apelidos com que me catalogaram.

Escrevo nestas páginas, na sequência de, ao apresentar a minha „Última

Ideia‟, ter recebido uma chamada telefónica, de uma das três únicas

pessoas que, tendo recebido aquele texto, me demonstraram que são de

facto gente interessada no que alguém, que os considera amigos, produz.

Até àquele momento só me tinham apelidado de quatro formas, que, pelas

diversas razões envolvidas, e que agora vi resumidas, não esquecerei:

1. No liceu, em 1973, no final do antigo 5º ano (corresponde ao actual

9º), uma professora de Português, pediu à turma, e já que tínhamos

passado três anos juntos, que partilhasse a sua opinião sobre a

característica fundamental e criasse um apelido para cada um dos

alunos: um ficou definido como „Sorridente‟, outra como „Fala-barato‟,

outro como „Vaidoso‟, outra ainda como „Estudiosa‟. Só para mim, não

foi possível uma definição tão sintética. Imaginem que a forma mais

simples em que podiam dizer o que pensavam de mim era esta: „Tem

momentos de lucidez!‟.

2. Em 1977, quando, para ajudar a minha vida escolar, era Delegado do

INATEL a jogos de Ténis de Mesa, de Voleibol e de Futebol, entre

trabalhadores, individualmente ou em representação das suas

empresas (ganhava, por jogo, 120 escudos!), fui confrontado com a

falta dos Juízes de Linha (agora Árbitros Auxiliares), para um jogo

no Campo dos Sonhos, em Ermesinde. Por não haver mais ninguém

disponível, e de acordo com os procedimentos previstos, tomei um dos

lugares e lá fui eu participar da arbitragem de um jogo de futebol.

Uma das equipas, da RAR, se não estou em erro, era treinada por um

profissional que se tornou conhecido mais tarde, em clubes da 1ª

divisão, professor João Mota, e era incomparavelmente superior ao

adversário (estou a fazer um juízo de valor, porque, antes de árbitro,

gosto mesmo é de futebol). Ora estava aquela equipa a ganhar por 5 a

0, e ganhou 6-1, quando eu marquei um off-side (agora, fora-de-jogo)

a um jogador da equipa que ganhava, que não chegaria, de facto, a

estar mais de 5 metros adiantado à defesa contrária no momento do

passe, quando, num momento de lucidez, provavelmente, ouço chamar-

me com um termo que envolve a minha mãe e que não repito aqui.

Quero, no entanto, deixar claro que a minha mãe, que, garanto eu por

todas as provas que de todas as formas sempre me deu, não tinha

nada a ver, nem com o título que lhe estavam a impor, nem com aquilo

que eu fiz ali: de facto, nunca fui com ela ao futebol e, tanto quanto

me apercebi nos momentos de lucidez que passei junto dela, ela não

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conhece as regras do jogo e, ainda menos, essa regra tão complicada

de fazer perceber às mulheres que é a da lei do fora-de-jogo, no

futebol inventado pelos ingleses.

3. Em 1980, começando a minha curta experiência como professor do

ensino público, em (ou na) Ponte de Sôr, recebi o apelido, dado por um

colega da Chança (também não esquecerei que Chança-Mata-Crato,

sendo certo que pude verificar o contrário: que Crato-Mata-Chança!),

de „Come-e-estraga’. Tratava-se da verificação do facto de que eu,

embora comesse como „um desalmado‟, só pesava 54 quilos, com aquele

1,70m de altura. Era magrito.

4. Em 1989, o Director de Coordenação da empresa em que trabalhava

como Gestor de Recursos Humanos, a propósito da minha avaliação de

desempenho, chamou-me, se calhar sem se aperceber, „Namorador‟.

Dizia ele que eu sou o tipo de pessoa que é capaz de ter uma ideia, ou

apoiar as ideias de outros, e, apresentá-las de tal forma apaixonada,

que consegue, quase imediatamente, apaixonar o seu interlocutor e

criar nele a vontade de a colocar em prática. Só que, a partir do

momento, em que sinta que o outro se tornou „dono‟ da acção que leva

à implementação da ideia, eu já estou a pensar noutra e em quem é

que vou apaixonar desta vez... Foi a primeira vez que o meu apelido se

cingia a uma única palavra, mas não fiquei convencido de que fosse

absolutamente abrangente.

A chamada telefónica, a que me refiro agora, começou, praticamente, com

este meu outro AMIGO a dizer-me: „És um LÍRICO!‟.

Pois bem, por muito que me doa, tenho que confessar que, após mais de 48

horas de análise da validade daquela afirmação, verifico que ela é

VERDADEIRA.

Assim, resignado perante a força da VERDADE, venho declará-lo por

escrito.

E, para confundir, por ser um acto que exige alguma lucidez, passo a

explicar porque é que entendo que deve ser por escrito:

Acredito que aquilo que escrevemos é mais forte do que nós: podia só dar o

exemplo do acto de pagar, por cheque. A partir do momento em que

escrevemos a nossa identidade, leia-se assinamos, o cheque passou a

significar que, de facto, estamos a pagar o bem ou o serviço que adquirimos

ou a oferecer o que temos. Antes disso até podíamos ter prometido e

jurado que íamos pagar, mas só quando o escrevemos é que tal promessa se

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tornou real para quem esperava o dinheiro. Ah! Também é preciso entregar

o cheque ao destinatário! A mesma coisa se passa com isto que escrevo: só

será válido se eu entregar a alguém para ler… Também é preciso que o

cheque seja levantado pelo destinatário! É! E, também só se for

efectivamente lido é que o que escrevo pode servir a seja quem for.

Nota Explicativa - Para que serve, então a escrita

Vou, já agora, enriquecer, à custa de outros, este meu texto:

Em 1979, estudava eu Antropologia Cultural, no âmbito da licenciatura em

Filosofia, quando, um belo dia de Março, de manhã, dei por mim lúcido a

ouvir esta história, que, como as que a seguir vai encontrar, está,

provavelmente, transformada pelo meu cérebro sonhador:

Claude Lévi-Strauss, um dos mais profícuos antropólogos que o mundo

conheceu, teve, na floresta amazónica, a percepção clara do papel da

escrita, ao interpretar as perguntas e reacções de um chefe de tribo sobre

o que é que ele estava a fazer no fim de um dia de trabalho:

- Que sinais tão tortos são esses que estás para aí a fazer?

- São notas. Escrevo sinais que me lembram as palavras que dizemos, e que

identificam as coisas que vejo e de que não me quero esquecer.

- E só tu é que sabes decifrar isso?

- Não! No sítio de onde vim, e em muitos outros deste mundo, as pessoas

usam estes códigos para comunicar entre si!

- Comunicar? O que é isso?

- Bom, por exemplo, quando eu for embora, vou juntar outras pessoas que se

interessam pelas mesmas coisas que eu - o desenvolvimento das relações

entre seres humanos, a sua forma de organização, etc., - e vou-lhes dizer o

que é que vi aqui, baseando-me nestas notas que agora escrevo.

- Ah! E eles vão-te ouvir…quer dizer: tu vais falar, e eles vão estar calados a

ouvir… Ah!... Então, tu é que és o rei deles…

Um clarão apareceu aos olhos do antropólogo: eu, o REI!; mas…, Não! Não

sou nada disso! Eu mereço o respeito deles, porque sabem que esta é a

minha vida e que só eu é que estive aqui…Eu…? Rei…?

Mas o chefe da tribo ainda não se tinha calado. Abanava-o agora por um

braço e pedia-lhe:

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- Dê-me uma folha dessas e empreste-me esse pau-que-risca.

Tomadas as ferramentas necessárias (folha de papel e pau-que-risca),

gatafunhou (espero que estejam familiarizados com o termo, senão podem

usar: rabiscou; sarrabiscou; ou apostou à folha de papel alguns pequenos

riscos sem qualquer significado conhecido no mundo em que há escolas) uma

quantidade de palavras suas, e, tão prontamente quanto o fizera, convocou,

aos berros, uma reunião tribal.

Dois minutos depois, com Claude Lévi-Strauss à sua direita (o bom ladrão,

portanto), começou, para espanto e admiração, tais que os fez ajoelhar sem

que isso lhes fosse ordenado, dos seus súbditos, começou, dizia, a ler!

Ele, para além da divina ordem que o colocara como chefe daquela tribo,

estava de facto muito acima dos outros: tinha criado um código, sabia usá-

lo; só ele é que sabia!...

(Traduz-se para Português: „ele é que tinha os livros‟…!, ou seja, „ele é O que

risca‟…!, ou seja, ele é que mandava, ou seja, por último: ele é que detinha,

nas suas mãos, o PODER!)

Sim!, foi essa a conclusão tirada por Claude Lévi-Strauss: a escrita foi, na

sua origem, uma fórmula de definição de Poder.’

No início, e isto já é opinião minha, este poder estava alicerçado na

autoridade: usava o poder quem sabia, profundamente, do que estava a

falar. Hoje, como sabem, as leis são produzidas pela classe política…

Não garanto, mas tenho ideia de que as primeiras palavras escritas que se

conhecem correspondem a leis. Demonstração de Poder. Ainda que possam

ter sido escritas numa pedra, e sejam os Dez Mandamentos da Lei de

Cristo.

Estarei a dizer que tenho, neste momento, mais poder que vós? Não!:

O que escrevo tem é mais poder do que o que eu digo!

Posso negar que disse o que disserem que eu disse. Não poderei, nunca mais,

negar o que escrevo.

Desculpem-me este momento de lucidez e vamos voltar ao assunto:

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2. O Lírico

Como é que tudo isto se encaixa nesta demonstração de resignação que me

leva a confirmar, por escrito, que, „Sim!, sou um Lírico‟?

Um lírico é, no meu imaginário, alguém que:

a) „não tem os pés assentes na terra‟, que „está sempre na lua‟, de quem,

resumindo, se pode no máximo dizer que „Tem momentos de lucidez‟;

b) Por ter uma atitude de amante do que o cerca, que lhe promove a

noção de que deve servir os outros, na eventual falta de quem devia

providenciar a execução de uma qualquer tarefa, e que o pode levar a

ser visto pelo outros com a estranheza que lhes provoca o insulto que

inclui a sua mãe, embora, na maioria dos casos, ela seja alheia às

circunstâncias;

c) Não engorda. Nem fisicamente, nem na sua conta bancária… „Come, e

estraga‟!

d) É um eterno „Namorador‟: gosta tanto de namorar, que chega a recear

a consumação da sua paixão. Dedica-se a usar as palavras para, com

tais códigos, apaixonar os outros, como o fazem os Poetas, fingindo

que quer o que de facto quer, mas não consuma…

Todos queriam catalogar-me assim: LÍRICO!

Só agora é que alguém, imbuído de um grande poder de síntese, talvez

derivado da sua vida de jornalista, conseguiu descrever numa única palavra,

toda a minha essência!

3. A explicação para a ilustração da capa

Desde 1989, pintei umas quantas aguarelas, que até continuo a achar

bonitas, e dois ou três óleos, de que não gosto tanto.

Ajudam a ilustrar o meu lirismo, de facto:

Vêem-se paisagens, com mais ou menos verde, azul, vermelho e amarelo,

cores mais esbatidas do que sólidas, podem ver-se construções realizadas

pelo Homem, mas raramente se encontram figuras humanas! E dão a

sensação de quietude e paz. Pelo menos em mim, é o sentimento que

produzem. As pessoas, se as representasse, lembrar-me-iam emoções mais

fortes, que não é o que pretendo encontrar quando olho para uma pintura.

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Significa, provavelmente, que eu gosto do que os homens, e as mulheres,

constroem, mas, não os quero ver lá?

Não! O que acontece é que, fruto do tamanho e fiabilidade da minha caixa

de memórias, prefiro as „fotografias‟ das pessoas que guardo ali, dos

momentos que quis captar para sempre, e que, como sei que muitos que me

conhecem compreenderão, guardo activamente, para as rever sempre que

passo pelos sítios onde as captei, ou, porque, quando não me apetece olhar

para a realidade em que esteja no momento, sei que as posso ir ali buscar

para me deleitar com momentos bonitos que vivi.

4. Conclusão

De facto! SOU UM LÍRICO!

Passo a minha vida a sonhar e, imaginem só, a querer trabalhar para ajudar

o meu país, PORTUGAL, e as pessoas que nele vivem, a tornarem-se no

conjunto que as pessoas do resto do mundo olhem como o local e a sociedade

em que querem VIVER!

Resignado, confesso-me:

Sou um LÍRICO!

Apeteceu-me assinar „Hans „The Devoted Friend‟‟.

Para que o entendam, peço que leiam pacientemente o pequeno texto em que

Oscar Wilde(1) nos ofereceu esta personagem.

Sou, na verdade, Luís Cochofel. Luís Duarte Marques Cochofel, no Bilhete

de Identidade. Luís Duarte Marques Huet de Bacelar Sottomaior Pinto

Guedes Cunha e Abreu Leite Faria Castro de Sousa Pinto Negrão Cochofel,

no imaginário familiar. O Cocho, para os amigos de infância. Ou o Dr. Castro

Félix para o Sr. António, da Ambar, que assim me chamou quando, pela

primeira e única vez, me chamou pelo nome, no momento em que, de facto

emocionado, se despedia de mim, ao fim de nove anos de convívio e na

véspera da minha saída da empresa.

Português, filho da vontade de Egas Moniz, consumada pelo suposto filho do

Conde D. Henrique, D. Afonso Henriques, o Conquistador (ou seja, aquele

cuja acção transformou uma ideia num país autónomo de Castela e Leão.

Convém recordar aqui, para validar a força de tal feito, que outras

províncias de Espanha o tentaram, até hoje sem resultado).

Lírico, portanto!

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Escrevo, então estes textos, porque:

1. Num momento de lucidez, descobri que não tenho dinheiro, para pagar

as minhas contas, e

2. Sinto que devo avisar outros, que estejam tentados a seguir caminhos

de sonhador, como os que eu escolhi, para o perigo que tal conduta

não vê;

3. Sinto que devo declará-lo, de forma a que aqueles que conheci, e

principalmente os meus filhos, que são três (até para que percebam

que as suas mães, duas de três mulheres adoráveis, que amei e que

amo ainda ou de quem serei eternamente amigo, e que consumaram

comigo a paixão com que fui capaz de as envolver, não são culpadas,

mas, antes, vítimas, também, do meu lirismo trazido até à realidade),

se vierem a ler esta prosa, saibam quem é afinal este exemplar da

espécie humana com que tiveram que partilhar a sua vida,

4. Preciso de empregar o meu tempo, enquanto ser vivo, a produzir algo,

ainda que o resultado seja lírico, isto é, de pouca ou nenhuma valia

prática.

Espero que sejam felizes! Antes e, ainda mais, depois da eventual leitura do

que aqui deixo.

Acreditem que, fora quase todos os momentos de lucidez

(e as excepções são, aqui, claramente:

a) o momento da informação de que tinha gerado uma nova vida;

b) os momentos, únicos, apesar de serem em número superior à unidade,

em que nasceram os meus filhos;

c) a constatação de que eles foram capazes, sozinhos, de proferir esta

ou aquela expressão de agradecimento pela vida que lhes geraram;

d) alguns dos actos a que a paixão me levou, sejam eles actos de amor

físico, ou de consumação de ideias produzidas ou adoptadas;

e) ter assistido a vitórias do pequeno David de que aprendi a gostar, o

Futebol Clube do Porto, frente a Golias como aquele clube de

Munique;

f) ter, ao fim de quase 20 anos, dinheiro para poder comprar, com algum

à-vontade, o CD YESSONGS, da minha banda favorita;

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g) e a constatação de que é fantástico poder dizer „este AUDI A4 é uma

maravilha, e é meu!‟),

eu,

também:

SOU FELIZ!

Luís Cochofel, 10 de Outubro de 2008

(1) Oscar Wilde, „The Happy Prince and Other Stories‟, 1888, Penguin Popular Classics, Penguin Books

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AS IDEIAS QUE AINDA NÃO GERARAM PROJECTOS DE IMPLEMENTAÇÃO

Ideias para o Desenvolvimento do Turismo de Portugal

CADEIA DE LOJAS ‘THE PORTUGUESE OFFER’ – 1982

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Sentado a uma das pequenas mesas de um pequeno restaurante aqui no

Porto, na estreita rua do Almada, o „Chien qui fume‟ (o nome em francês dá-

lhe uma grandeza que está para lá de qualquer noção de medida conhecida),

a comer umas tripas – para além de estar no Porto, era quinta-feira -, vi-me

acompanhado por um „Senhor‟, de fato, camisa e gravata impecáveis, bem

barbeado e penteado, que se apresentou – era um hábito que este tipo de

restaurante ajudava a manter – como alto funcionário da Secretaria de

Estado do Turismo. Disse-me, entre outras coisas vindas do alto da sua

responsabilidade, que era necessário encontrar forma de fazer com que

mais turistas nos visitassem, e deixassem cá o seu dinheiro. Sonhador, eu,

embora na altura dedicado à substituição de etiquetas indicadoras dos

preços em caixinhas de medicamentos – trabalho repetitivo -, como

actividade profissional, ouvi, no alto da minha caixa de parafusos „ … Imagine all the people, sharing all the world… You may say I‟m a dreamer, but I‟m not the only one, I hope someday you will join us, and the world will be as one…‟. Ora, ali estava eu, um sonhador, com outro sonhador, que, acordado,

revelava o seu sonho. Poderia eu ajudar?

QUE PODEMOS ENTÃO FAZER PARA ATRAIR TURISTAS E O SEU

DINHEIRO?

ARGUMENTOS CONTRA PORTUGAL

Portugal não tem visibilidade a partir do exterior.

Portugal não tem riquezas naturais que chamem à atenção de ninguém.

É um país pequeno, na periferia da Europa, sem qualquer relevância

estratégica que o torne importante do ponto de vista político.

Temos cinco barreiras, importantes, entre nós e qualquer outro país:

preconceitos, com Espanha; a extensão de Espanha, para chegarmos aos

Pirinéus; Os Pirinéus; o oceano; a nossa língua, que não é melódica (compare-

se com o português do Brasil, ou de qualquer ex-colónia) e, por isso, provoca

rejeição à tentativa de compreensão pelos outros.

Os Portugueses, em média, são pobres, quando comparados com os

restantes europeus.

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ARGUMENTOS A FAVOR DE PORTUGAL

Cantado como „um jardim florido, à beira-mar plantado‟, dispõe de uma

simbiose entre paisagem e clima, que tornam agradável a vida humana que

aqui aconteça. Ainda por cima, as paisagens são debruadas a praia.

As pessoas são afáveis para com quem recebem (até podem bater-se, o

marido na mulher, ou a mulher no marido, mas são simpáticos para os

estranhos).

Embora os espanhóis tenham dito „a partir daqui não interessa: só há

pedras‟, dispomos de terrenos capazes de compor em qualidade e quantidade

qualquer mesa, ainda por cima, formando belas paisagens debruadas a praia

(eu sei que me estou a repetir! Até há quem diga que eu sou repetitivo.

Repetitivo!).

Os produtos naturais portugueses, ainda têm o gosto natural que esperamos

de produtos naturais (no outro dia, no Algarve, ouvi uma belga exclamar,

voltada para uma amiga inglesa – nem sei já o que é que me chamou a atenção

- surpreendida: „Oh my god! So this is how a melon should normally taste!...

It‟s not, only, chemical properties!... It REALLY is sweet… Want a bite? …

Oh, My GOD!‟)!

Como nos dedicamos a fazer coisas só para nós – leia-se: para nosso uso

exclusivo – até nos tornamos bons na produção de algumas coisas (veja-se,

aqui, que defendo o egocentrismo – o meu umbigo como centro do mundo)!

São exemplos as nossas sopas, as nossas variadas ementas de raiz popular –

de que o bacalhau e o cozido à portuguesa são apenas amostras -, as

confecções (o pai de um amigo meu foi, no outro dia, a Londres, e não

resistiu a trazer para os filhos, e para si próprio, as camisas mais bonitas e

macias que alguma vez tinha visto, que comprou num dos principais armazéns

do centro da cidade: quando a esposa se preparava para as lavar, disse-lhe

„não era preciso ir tão longe para comprares isto, de certeza!... As etiquetas

dizem made in Portugal…) e os sapatos.

Porque, gostando da riqueza que o ouro significa, e somos „pequeninos‟,

desenvolvemos o gosto pelo artesanato, que levou, pelo menos em Gondomar,

ao desenvolvimento da filigrana.

Somos trabalhadores, humildes, e desenrascados.

Demos novos mundos ao mundo, ou, se quisermos ser pragmáticos,

encontramos a direcção que os caminhos deviam ter para haver comunicação

entre os vários continentes.

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O QUE PODEMOS ENTÃO FAZER PARA ATRAIR TURISTAS E O SEU

DINHEIRO

Dizer isto, que eu enumerei como „ARGUMENTOS A FAVOR‟, não chega.

Precisamos de o fazer saber! De o demonstrar, ainda que à nossa escala,

pequenina.

De efabulação em efabulação, cheguei a esta ideia:

CRIAÇÃO DE UMA CADEIA DE LOJAS ‘THE PORTUGUESE OFFER’

Objectivo:

Desenvolver a vontade de conhecer „in-loco‟ este pequeno país, nos

habitantes do mundo industrializado.

Conteúdos a envolver:

1. Demonstrar os produtos naturais portugueses;

2. Demonstrar os produtos desenvolvidos em Portugal, para o bem-estar

físico e emocional das pessoas;

3. Dar a conhecer as nossas paisagens;

4. Relembrar a História do pequeno povo que descobriu o Mundo.

5. Metodologia a seguir:

Criar uma cadeia de lojas, centralizada pela Secretaria de Estado do

Turismo, a implantar nas zonas comerciais dos principais aeroportos dos

países industrializados – começando pelos europeus -, com o nome „THE

PORTUGUESE OFFER‟.

Nota: para rápida análise do interesse da iniciativa, apontaria países como a

França, a Alemanha e a Suíça, para a implantação das primeiras lojas.

Porquê? Tratando-se de países cravejados de trabalhadores portugueses, e,

no caso de, inicialmente, as lojas não serem procuradas por meros indígenas

de tais países, poderíamos ganhar alguma calma, na atitude de espera

paciente que a introdução de uma novidade estranha por vezes gera, dado

que teríamos, naqueles trabalhadores portugueses, clientes em número

suficiente para as ajudar a divulgar e as não deixar ir à falência.

Produtos a vender:

Produtos naturais: fruta e flores (chamo aqui a sua atenção, para responder

em antecipação a uma eventual dúvida do tipo ´Flores?! E será que este tipo

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acha que não há flores naqueles países?!?...‟, para o facto de que há muitos

reencontros em aeroportos que, em tantos casos, teriam as flores como um

símbolo da alegria por tal reencontro, e que, quantas vezes porque os

constrangimentos da gestão do tempo o implicam, não foi possível adquirir

noutro local e não são compradas, nem oferecidas, porque não se encontram

em aeroportos. Ah e elas podem ser frescas todos os dias, desde que haja

voos a partir de Portugal com essa frequência.)

Artesanato de qualidade (da filigrana à „Rosa Ramalho‟, do camisolão de

pescador à renda de bilros);

Doces tradicionais: castanhas de ovos de Amarante, ovos-moles de Aveiro,

bolinhos de maçapão do Algarve, biscoitos de Singeverga, cavacas de

Resende, doces do Freixo, doces de Vouzela, pastéis de nata, compotas,

doces conventuais em geral, e outros que a memória não me traz ou que nem

sequer conheço;

Vinhos: Vinho do Porto, Vinho da Madeira, Moscatel de Favaios, Moscatel

de Setúbal, Vinhos Tintos, Vinhos Brancos, Vinho Verde, Aguardentes;

Literatura Portuguesa: obras de autores portugueses no original, e

traduzidas na língua do país que acolhe a obra, em Inglês e em Francês (já

que não podemos adivinhar de onde virá o comprador! Relembro que estamos

num aeroporto internacional);

Livros de Receitas Culinárias Tradicionais Portuguesas, igualmente

traduzidas;

Jornais e Revistas Portuguesas: aqui com o intuito, claro, de chamar os

portugueses residentes e os pôr a falar da loja, ajudando à sua divulgação.

Produtos a expor:

Oferta turística: informação sobre locais e hotéis; exposição de

fotografias das nossas mais belas paisagens – das Caldas de Arêgos ao Porto

Santo, do Algarve ao Minho, dos Açores às Serras da Estrela ou do Gerês;

Informação Histórica: mostra de gravuras e realce de pequenos textos

sobre as „Aventuras‟ Portuguesas;

Receitas Culinárias Portuguesas: eventualmente acompanhadas por

pequenas provas.

Artigos de Moda: eventualmente através de pequenas passagens de

modelos (caberia ao fabricante dos artigos decidir o que mostrar, e que

preços praticar, uma vez que teria que pagar à loja, pela utilização desta, um

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valor a fixar previamente, não dependente daquelas vendas. No máximo,

cada fabricante devia ficar limitado à utilização do espaço em 4 dias por

ano).

Empregados:

No mínimo 8 (oito). 4 (quatro) por cada turno.

Deve organizar-se o espaço da loja de tal modo que, no limite – leia-se: não

há clientes dentro da loja – não estejam à vista mais do que 2 funcionários

de cada vez – um disponível para o atendimento, e outro para a caixa (não

conheço nada tão negativamente indicador do que uma loja em que os

empregados têm que, para se manterem acordados, conversar uns com os

outros no meio do salão: até porque tal comportamento leva, normalmente, a

que, quando chega um cliente, quem fala não se sinta na obrigação de

interromper… deixando o cliente sentir que, afinal, não deve ser importante

vender aqueles produtos ali expostos).

Deve-se, em todo o caso, tentar ter, permanentemente disponível, pelo

menos, um destes funcionários. Sentir que somos esperados, e bem-vindos,

numa loja, será sempre visto como um óptimo cartão-de-visita. Deve, para se

avaliar a correcta dotação a manter por loja, registar-se o movimento de

clientes, e a sua distribuição média por hora, e, se possível por proveniência

de voos a entrar no aeroporto.

Já está! Uma ideia na rua.

Falta, agora, encontrar o „Senhor‟ que a provocou. Não tendo tempo - um

daqueles paradigmas em que eu naqueles tempos acreditava -, procurei

saber onde era a delegação do Porto da Secretaria de Estado do Turismo.

Havia um escritório ali mesmo, na Praça D. João I. Lá fui eu, deixar a ideia.

Num envelope.

Ainda deve estar no envelope.

Mesmo assim, falei na ideia com um „amigo‟. Disse-me qualquer coisa como:

„Oh! Achas que alguém vai querer saber de ideias de um miúdo…?‟

Devo ter encolhido os ombros e, depois de reparar nas horas, ido a correr

trabalhar, namorar ou para casa, jantar…

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‘O Inferno dos Cabritos’; ‘O Arroz’; ‘O Arroz de Feijão’

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Todos nós gostamos de comer, não é verdade?

Apesar de eu repetir, muitas vezes, „eu gosto é de lanchar!‟, estou certo de

que se perguntarem a seja quem for que comigo tenha privado, „o que é que

ele gosta mais de comer?‟ a resposta será, invariavelmente, „Arroz! Ele é um

arrozeiro…‟.

Esclareço que para mim, de facto, o arroz é a peça fundamental de uma

refeição, que não o lanche ou o pequeno-almoço, e que o resto é que é

acompanhamento.

Mas, em virtude da minha vida em sociedade (forma de dizer que não

cozinhei mais do que 2% das refeições quentes que comi), aprendi a gostar

de alguns desses acompanhamentos.

A ideia de criar um primeiro restaurante, a que chamaria „O Inferno dos

Cabritos‟ não se deveu, desta vez, a uma inspiração megalómana.

Tínhamos, eu e a Isabel - que viria, entretanto a transformar-se na mãe dos

meus dois filhos mais novos, o Gonçalo e a Francisca -, comprado a casa de

Algerás, e a título de inauguração da 1ª fase de reconstrução, convidamos

um conjunto de amigos que entretanto formáramos em Nelas.

Utilizamos, para um assado em grande, o forno da casa. Era um forno

enorme, onde cabia à-vontade uma vitela, ou três cabritos de uma só vez.

Tinha-nos sido apresentado como o forno comunitário da aldeia, onde, como

aliás comprovamos no dia em que vimos a casa pela primeira vez, se

preparavam, por exemplo, os folares da Páscoa de todos os habitantes da

aldeia que o quisessem fazer. Bem, era um forno enorme.

Agora, porque a Isabel, com a mudança do Porto para Algerás, tinha deixado

o emprego; porque ela até cozinha bem; porque não consegue estar quieta;

porque gosta de ganhar dinheiro; porque ia ficar sem utilização a „casa velha‟

– construção que antes servia de habitação, mas que, no nosso projecto de

renovação, não tinha ainda uma função prevista; porque o forno até

„trabalha‟ bem…

Porque não transformar a „casa velha‟ em sala de restaurante, agora que

Nelas está a receber tantos „estrangeiros‟ - virtude da expansão industrial –

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, e usar o forno como centro das operações. Sabe que o vinho da região é o

„Dão‟ e que este acompanha muito bem os assados?

Tenho que explicar porque é que daria o nome que escolhi a tal restaurante.

Se estou a trabalhar para estrangeiros, tenho que me precaver com as

limitações que algumas culturas impõem aos seus filhos: umas não deixam

comer carne de porco; outras não permitem a ingestão de produtos com

origem em gado vacuum, por exemplo.

Que eu saiba, não há, a não ser em circuitos vegetarianos, limitações quanto

ao cabrito.

Por outro lado, eu gosto muito de cabrito assado. Pronto, eu sei, pode

colocar-se a questão: „e se as pessoas não gostarem de cabrito?‟. Também

sei, até depois de ver a publicidade a uns chocolates suecos que eu adoro

(„Daim‟), que se pode responder como ali: „Não gosta de Daim? Não importa,

também há quem não goste de sexo…‟.

A ideia, em todo o caso, era a de vir a ter uma ementa com, pelo menos, três

alternativas ao cabrito assado.

Entretanto, a Isabel ficou grávida, ficou colocada numa Escola a cerca de

30 kms de casa, e arranjou um part-time de assistente de marketing de uma

pequena empresa de serviços de Nelas – confirmando-se assim o que eu dela

já sabia. Já não ficou foi espaço para restaurante algum!

Ficou a ideia, começaram, com mais intensidade as minhas viagens pela

Europa.

Na Alemanha, fosse onde fosse que eu estivesse, encontrava um „Churrasco‟

ou um „Maredo‟, restaurantes argentinos.

Em qualquer sítio onde fosse, esbarrava num „MacDonald‟s‟.

É fácil encontrar uma pizzeria, ou um „chinês‟ onde quer que seja.

Encontramos restaurantes gregos em cada canto.

De comida portuguesa, só encontrei um: em Antuérpia, mas, no dia em que lá

fui estava fechado.

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Renasce então a ideia: uma cadeia europeia de restaurantes de comida

portuguesa para gente com pressa e bom gosto, tudo ao mesmo tempo (se é

para gente com pressa…).

Será que „O Inferno dos Cabritos‟ é uma ideia aplicável? Para gente com

bom gosto, sim! Para gente com pressa, duvido!

Vamos lá a pensar noutro estilo que pudesse singrar… Arroz… na verdade, é

do que mais sinto a falta…

„Eu dou-te o Arroz‟, seria uma ideia gira: quem chegasse, esbaforido ou com

calma, podia escolher „n‟importe quoi‟ e o restaurante oferecia o arroz certo

para acompanhamento. Um apressado pediria uma salsicha alemã com

batatas fritas (à francesa ou à inglesa) e levava com o arroz de ervilhas;

outro, mais calmo, pediria um pouco de rost-biffe e levava com um arroz de

salpicão ou de feijão; outro, só com um bocadinho de pressa, pedia um filete

de pescada, e levava com um arroz de tomate, ou de polvo; e por aí fora…

Atenção, se eu disser eu dou-te, tenho que esperar que, sabendo disto,

qualquer Chico-esperto chegue aqui à sala, se sente e diga: „só quero o

arroz!‟… Ia-me ver na obrigação de dar, ou seja, de ter permanentemente a

sala cheia de gente que vinha comer de borla.

Mudemos, então, o nome a isto: „O Arroz‟ – Coma o que quiser, nós servimos-

lhe arroz para seu prazer…

A minha vida profissional em Nelas e seus arredores (incluo aqui Viseu,

Tondela, Santa Comba Dão, Tábua, Carregal do Sal, Seia, Gouveia,

Mangualde, Canas de Senhorim, as Caldas da Felgueira e Folgosinho),

implicaram muitas refeições fora de casa. Se há prato de que me não

esquecerei é do „Entrecosto em Vinha D‟Alhos com Arroz de Feijão‟.

Bebendo vinho tinto, do Dão, de Vila Nova de Tázem. Inesquecível…

„O Arroz de Feijão‟ nada mais é do que a ideia nascida sob o nome „Eu Dou-te

o Arroz‟, limitando, o que do ponto de vista da gestão do esforço de

exploração é positivo, a este tipo de arroz „à portuguesa‟ a oferta de

acompanhamento de „n‟importe quoi‟.

Pela minha experiência, não se encontra esta forma de cozinhar o arroz

noutras culturas, daí poder colar as cores da nossa bandeira no reclame

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luminoso da „casa‟ e assim avisar os que não usam regularmente os

aeroportos internacionais, para o bom sabor da cozinha deste cantinho da

Europa, „…jardim florido, à beira-mar plantado…‟.

Acrescentar à lista de ofertas (a pagar), umas sopas de couves e uns

docitos seria fácil.

Conseguem imaginar o que é que ia acontecer ao que antes era pouco

apressado se experimentasse um „pudim Abade de Priscos‟ ou um bocadito

de „„pão-de-ló de Alfeizerão‟? Da próxima vez, provavelmente, escolhia a

salsicha alemã, para ter tempo para saborear, com a ilusão de que tem

tempo, a sobremesa.

E eles que venham, então! conhecer o sítio onde aquela gastronomia se

desenvolveu, e que deixem cá o seu dinheiro!

Será difícil?

Há, pelo menos, a ideia, e muitos desempregados em Portugal, que sempre

sonharam em abrir o seu restaurantezinho…

Agora, já estou a tornar-me megalómano. Paro por aqui.

Ou, se as condições o propiciarem, não pararei…

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Recuperação das Caldas de Arêgos – 2001-2007

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Começo, desta vez, por deixar, aqui abaixo, a carta que enviei a uma

empresa com interesse na construção, no turismo e até na banca, que julguei

ser uma das potencialmente mais interessadas numa ideia como esta:

TRANSFORMAR UMA ALDEIA TERMAL, UNIDA COM O RIO DOURO,

NO LOCAL DE REFERÊNCIA PARA QUEM TEM O DESEJO DE

REPOUSAR DE FORMA ACTIVA.

CRIAR UM POLO DE TURISMO SENIOR DE GRANDE QUALIDADE.

EIS, EM SÍNTESE, A IDEIA QUE PRETENDO EXPOR.

Julho de 2007

Caríssimos senhores,

Venho, conforme indico em „Assunto‟, apresentar-lhes uma ideia para

possível investimento pela V. Empresa.

Sei que corro o risco de parecer mais um alucinado que, não o sentindo, já

perdeu a noção do que é e do que não é possível nos dias de hoje. Sei,

também, que, se não fizer algo como isto, a ideia nunca passará desse seu

estado. Peço-lhes, portanto, que invistam os 15 minutos que pode levar a ler

o conjunto de informação contido nesta apresentação e, não sendo para isso

necessárias mais de duas palavras, me façam o favor de responder sobre o

Vosso interesse, ou a falta dele, pela ideia.

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As razões que me trouxeram até esta apresentação prendem-se com:

1. O facto de a (Empresa…) ser uma empresa Portuguesa;

2. O facto de pertencer a um Grupo sólido, com actividades tão diversas

como a Indústria, a Gestão de Espaços Comerciais e a Banca;

3. Ter introduzido o conceito de Studio Residence no mercado nacional,

e conhecer, como nenhuma outra, as necessidades de gestão de tais

espaços;

4. Ter a capacidade, financeira e de gestão de recursos, que garanta

que, uma vez começado, não vai deixar um projecto a meio;

5. Deter os contactos fundamentais de que carece uma ideia como a que

é apresentada, para que o conjunto de ofertas que se preconizam

possa ter alguma viabilidade e visibilidade.

A ideia de base está descrita no meu blog http://ideiaaregos.blogspot.com/,

mas, como compreenderão, há muitos detalhes (equipamentos hoteleiros a

renovar, zonas para criação de espaços comerciais, etc.) que não estão ainda

ali definidos. Penso, no entanto, que deixo ali o suficiente para tornar

apetecível uma Vossa visita ao local, o que, tenho a certeza, levará, de

imediato, ao reconhecimento de que aquela aldeia, ou recebe algum

investimento dinamizador, ou poderá vir a ser apenas um sítio-giro-no-

Douro-com-uma-Marina-fluvial.

Naturalmente, não ofereço esta ideia sem pedir nada em troca, e, dado que

gostaria de ficar ligado a tal projecto, envio o meu Curriculum Vitae para

poderem estudar uma forma de me integrar no seu processo de

desenvolvimento e implementação, caso venham a decidir-se pela sua

adopção.

Quereria, ainda, solicitar a análise da possibilidade de se tornarem em

Mecenas da Casa da Torre da Lagariça – „A Ilustre Casa de Ramires‟ de Eça

de Queiroz, classificada como Imóvel de Interesse Público, e, portanto,

abrangida pelo diploma que criou aquela figura -, de que sou co-proprietário,

e que carece de obras de restauro para continuar a oferecer-se como ponto

de interesse do turismo cultural da região onde se situam as Caldas de

Arêgos.

Na expectativa de uma resposta da Vossa parte sobre os assuntos

expostos, subscrevo-me, com a melhor consideração,

Luís Cochofel

91 946 25 96

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28

Ora, ainda não recebi as duas palavras que solicitei - nem por carta, nem por

email ou sms -, e que o silêncio indica = Não Interessa!

Pode parecer o contrário, mas ainda não desisti desta ideia. Até jogo no

EuroMilhões todas as semanas!

A ideia está, então, assim descrita no blog

(http://ideiaaregos.blogspot.com) que, para lhe dar contornos, criei. Refiro-

me a esta carta que aqui expus na rubrica Marketing 2:

Génese da Ideia

Nasci em Miramar, aqui junto ao Porto, mas, a quem me pergunta de onde

sou respondo que sou de Arêgos, das Caldas de Arêgos.

Foi lá que cresci, brinquei, comecei a conhecer pessoas, de todas as classes

sociais - do padre à mulher do caseiro, do industrial ao taxista -, foi lá que

conheci a pobreza e a opulência, foi lá que aprendi a diferença entre servir

e ser servido, foi lá que fui a primeira vez à escola.

Conheci as Caldas de Arêgos numa altura em que as termas funcionavam em

pleno, três meses por ano, os Hotéis e Pensões se enchiam de turistas das

mais diversas proveniências geográficas e sociais e havia sorrisos e bom

humor na face de todos.

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Depois veio a barragem - do Carrapatelo - e todas as transformações que

causou, desde a destruição do Hotel Parque ao abandono das Termas à sua

sorte. (Deve dizer-se aqui que, com o 25 de Abril, e a necessidade de

alojamento de retornados das nossas ex-colónias, a aldeia serviu de porto

de abrigo a muitas das famílias que, por não terem outro, ali foram alojadas

temporariamente. Tal utilização diminuiu a capacidade dos alojamentos

hoteleiros naquela que era a sua verdadeira vocação - servir turistas-

banhistas e a falta destes, assim originada, acabou por se revelar fatal:

deixou de haver capital para proceder à renovação da oferta hoteleira e,

aos poucos, deixou de haver turistas).

Mas, a influência da barragem não foi só negativa: de facto a aldeia de

Caldas de Arêgos ficou ainda mais bonita, com o leito do rio a dar-lhe uma

das pequenas baías mais belas que encontramos por esse rio acima, e

permitindo-lhe condições para ancoragem de barcos de todos os portes o

que nos trouxe até à construção de uma marina.

Vamos agora até ao ano 2000 e a um sítio tão distinto deste como próximas

são as suas características globais: Acabo de ver como tinham ficado as

primeiras seis casas para que tinha vendido caixilharias na Praia da Luz,

Lagos, e o Cliente vem dizer-me, satisfeito, 'Luís, acabamos de vender a 1ª casa: é para uma senhora Inglesa, de 78 anos, que a quer para vir viver os últimos anos da sua vida...'.

Extraordinário: quer vir VIVER os últimos anos da sua vida, e não, como por

cá tantas vezes se ouve, para morrer!

De que me lembrei então? De Arêgos, nos seus bons tempos, recheada de

gente com gosto por viver, e das pessoas que hoje estão fechadas nas suas

casas e que, como esta Inglesa, querem VIVER os últimos anos das suas

vidas. E a ideia que então me surgiu e que só hoje começo a passar para

palavras escritas foi:

Criar condições em Caldas de Arêgos para receber pessoas que aqui queiram

VIVER, dando-lhes todas as condições necessárias para que a sua VIDA

tenha sentido, outra vez.

Há muito trabalho pela frente, mas, como tentarei demonstrar nos próximos

textos, pode muito bem vir a ser uma ideia que ganha corpo e, então, VIDA.

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Ligação pessoal e familiar a Arêgos

A Casa da Torre da Lagariça, aqui representada numa das suas faces, é a

última das propriedades que pertenceram à minha bisavó - Brízida Huet de

Bacelar, que era quem vivia em Caldas de Arêgos e nos recebia durante

'temporadas' na sua Casa da Carreira - que ainda permanece na posse da

família.

Situada a cerca de onze quilómetros da aldeia, possui uma torre árabe,

construída antes de Portugal ser país - por volta do século X - e recebeu,

em 1538, o foral de Capitania-mor de Arêgos.

É esta condição, e o facto de, conjuntamente com a minha Mãe e os meus

quatro irmãos, ser dela co-proprietário, que me faz usá-la com símbolo para

esta ideia.

Também ela precisa de reencontrar a VIDA que em tempos teve e que, acho

eu como muitos outros, tanto merece.

A sua permanência na família deve-se, principalmente, ao amor por ela do

meu Pai, Gonçalo Cochofel, que era, também, um apaixonado pelas Caldas de

Arêgos.

Devo fazer saber, aqui, que a casa também está ligada com a cultura

Portuguesa, já que foi nela e na família que se baseou o romance de Eça de

Queirós 'A Ilustre Casa de Ramires'.

Julgo que a VIDA da casa estará dependente daquilo que as Caldas de

Arêgos vierem a ser: um exemplo de gosto pela VIDA ou um fantasma do

passado.

O que se pretende com estes textos será encontrar os argumentos que

venham a possibilitar reacender as condições que fizeram da Região um

símbolo de desenvolvimento e alegria.

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O potencial jaz todo nas condições naturais do sítio. Falta encontrar a

vontade de estudar soluções e as pôr em marcha.

A Ideia em traços gerais

Aldeia de Turismo Sénior: Preparar a aldeia para se tornar num pólo de

interesse para pessoas que acabaram a sua vida activa e pretendam VIVER a

sua vida num ambiente em que as actividades de lazer estão ligadas a

aspectos culturais, mantendo-as activas e em relação com uma comunidade

que as faz sentir vivas e importantes.

Objectivo: Criar as condições para fixar uma clientela que, passando ela a

viver em Caldas de Arêgos, promova a visita regular de familiares mais

novos, que, por gostarem do que vêem e sentem, vão ser turistas ocasionais

ou de fim-de-semana, agora, mas vão querer ser os clientes do futuro.

Projecto:

Alojamento: Reabilitar os espaços que se dedicavam ao turismo das Termas

- Hotéis, Pensões e Residenciais - de modo a que os novos turistas se sintam

em casa: criar apartamentos ou suites residenciais que possibilitem o

aluguer por períodos alargados (prever alugueres anuais, semestrais e

trimestrais), e criar novos equipamentos de raiz nas casas que as famílias

de Arêgos deixaram de utilizar.

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Animação:

Criar - e aqui começo a atrever-me a identificar a sua localização: na zona

da Avenida das Tílias - um espaço multi-actividades, tipo FNAC, com espaço

para a leitura, exposições de pintura e fotografia, um salão de chá, e uma

área de fórum, que junte as pessoas de forma agradável, para ouvir um

pouco de música, ver um filme, uma peça de teatro, um pouco de fado,

participar em debates...

Criar uma empresa de roteiros turísticos que ofereça, a preços acessíveis,

programas do tipo: viagem pelo rio Douro; roteiro queirosiano, de 'Tormes'

à 'Ilustre Casa de Ramires'; visita à serra, incluindo passeios pelas aldeias

mais isoladas e almoço em restaurante de gastronomia tradicional; visita ao

Porto, com uma viagem de barco e outra de comboio; visita a Lamego e a

Viseu; visita a quintas produtoras de Vinho do Porto; roteiro através dos

elementos deixados pelos romanos na região; roteiro à volta do nascimento

de Portugal, do milagre de Cárquere à relação entre D. Afonso Henriques e

Egas Moniz; entre outras.

Criar as condições para a existência de espaços que promovam a formação

em música, pintura, e desportos fluviais orientadas principalmente para

adultos.

Criar condições, na zona da marina, para a realização de espectáculos de

maior envergadura, desde a apresentação de orquestras a bandas de rock,

até à exibição de peças de teatro, espectáculos de circo ou a organização

de passagens de modelos.

Criar condições para a existência de um conjunto de lojas comerciais que

abranjam a oferta normal para uma localidade com vida, tendo o cuidado de

criar regras claras quer quanto ao número de lojas por tipo de actividade,

quer em termos da utilização do espaço físico da aldeia.

Estruturas humanas:

Criar uma escola de formação com duas valências fundamentais: uma

dedicada aos serviços de hotelaria e turismo, percebendo-se desde logo que

a oferta turística se dirige não apenas a clientes Portugueses; uma outra

dedicada à assistência na saúde a adultos, dado ser este o cliente-alvo.

Criar, eventualmente a partir da Câmara Municipal, uma entidade de

coordenação da actividade da aldeia.

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Estrutura física:

Manter, renovando o que está degradado, a traça original da aldeia naquilo

que é o seu núcleo, criando regras para as novas construções que não

venham a por em causa a noção de equilíbrio que a aldeia ainda mantém.

Ressalvo aqui que sou a favor da apresentação da nova arquitectura, e, que

serão sempre bem-vindas peças arquitectónicas inovadoras, elas também,

capazes de chamar públicos diversos.

Criar condições para a diminuição, ou a inexistência, de tráfego automóvel

no interior da aldeia: criar uma variante à estrada nacional, zonas de

estacionamento e um serviço de transporte entre tais parques e o centro da

aldeia.

Naturalmente, o acesso à estrada actual deve ser permitido a transportes

de utilidade pública, veículos de mercadorias - em horários definidos - e a

residentes com cartão de acesso.

Como conseguir tudo isto:

Antes de nada, é necessário convencer as pessoas de que as Caldas de

Arêgos já estiveram próximas daquilo que se pode imaginar que seria a

aldeia depois da animação que descrevi atrás: de facto, nos anos 60, o Hotel

Parque funcionava como catalisador de tantas actividades como as que

descrevi e Arêgos vivia feliz.

Depois, é preciso dar a conhecer a sua existência aos seus potenciais

clientes, bem como criar as condições para encontrar os empreendedores

que lhe podem dar corpo e nela encontrem o seu rumo e a alegria de fazer.

Por fim, será necessário encontrar os meios que permitam transformar

todos os sonhos e ideias em factos.

Nos próximos textos abordarei, então, a minha opinião sobre:

Marketing promocional;

Procura e 'recrutamento' de empreendedores;

Fontes de financiamento.

(Nota: se, entretanto, tiver dado com este texto e não conheça ainda as

Caldas de Arêgos, convido-o/a a dar por lá uma volta, num destes dias de

Primavera: espero que se apaixone!)

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Experiência

Uma ideia pode ser como uma ilha: Apesar de sujeita a pressão por todos os

lados, está lá, tem corpo, gera vida.

Marketing – I

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O Verão, é, por natureza, o melhor período do ano para 'demonstrar' as

Caldas de Arêgos. A temperatura é boa, não há vento, que os montes em

frente à aldeia não o permite, há gente bem-disposta em quase todo o lado

da aldeia.

Marketing 2

Hoje, decidi enviar esta ideia a uma empresa. Porquê? Porque julgo que

reúne todas as condições para ser o agente ideal para dinamizar um

processo global de desenvolvimento da ideia:

1. desenvolveu um conceito de habitação do tipo que eu defendo que deve

ser criado nas Caldas de Arêgos, para utilização por quem, já reformado,

prefere Viver do que ficar enterrado vivo numa casa para idosos;

2. está ligada a Centros Comerciais activos, de muito boa qualidade,

conhecendo bem as necessidades dos vários públicos, e mantendo entre os

seus clientes marcas de grande prestígio e dinamismo;

3. pertence a um grupo, todo ele capaz de ser agente do projecto - com

participação em empresas que vão desde a banca até a uma empresa de

turismo;

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4. é uma empresa portuguesa.

Naturalmente, espero ter, pelo menos, uma resposta à apresentação que fiz,

nem que se trate de um simples 'sem interesse'.

Também naturalmente, vou continuar a pensar em soluções que possam

permitir que a ideia ganhe vida, independentemente da apresentação de

hoje.

Obs. O software de estatísticas de visita que adicionei a este Blog, e no

qual inibi a contagem das minhas próprias visitas, dá-me conta de que este

tem sido visitado todos os dias a partir de Portugal e recebeu dois

visitantes situados, um, nos Estados Unidos, e o outro no Brasil. Quanto a

estes não espero comentários, mas gostava de ver o seu comentário ao que

exponho, nem que seja a dizer 'idealista!' ou pior do que isso. A minha

motivação, como a de toda a gente, alimenta-se de sinais e de críticas.

Obrigado.

Marketing 3

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Dado que estou sem notícias, nem comentários, em vez de criar um texto,

vou hoje deixar aqui links para outros textos e informações que envolvem as

Caldas de Arêgos e a Casa da Torre da Lagariça, que encontrei aqui, no

oceano digital, e que, de uma forma ou de outra, me motivam a desenvolver a

ideia:

http://postitnalinhadotempo.wordpress.com/2007/01/

http://www.vacationstogo.com/cruise_port/Caldas_de_Aregos__Portugal.c

fm

http://jn.sapo.pt/2006/08/06/etcetera/afonso_henriques_deixou_marca_

la.html

http://www.geocities.com/caldas_de_aregos/

http://www.tecnetkb.com/portugal/28163.html

http://www.roche.pt/emagrecer/guias/bemestar/local_bemestar_18_13.cf

m

http://www.ocomboio.net/PDF/conto-joao-cidade-online.pdf

http://jn.sapo.pt/2007/03/07/norte/douro_ganha_segunda_maior_marina

_jun.html

http://www.dodouro.com/noticia.asp?idedicao=123&idseccao=1234&id=4630

&action=noticia

http://www.european-spas-health-resorts.com/town/portugal/aregos/

http://www.travel-images.com/view.shtml?portugal-vi22.jpg

http://patinadora.zip.net/ (faça: Edit » Find » e digite: arêgos, para o texto

sobre um fim de semana em Caldas de Arêgos)

http://desnorte.blogspot.com/2005/05/lugares-80.html

http://www.amigosdomindelo.pt/ecoturismo/resende.htm

http://pausresende.blogspot.com/2005_12_01_archive.html (faça: Edit »

Find » Torre da Lagariça, para ver o texto relacionado)

http://ecoturimindelo.blogspot.com/2006/12/o-ano-2006-ecoturismo.html

(faça: Edit » Find » Torre da Lagariça, para ver o texto relacionado)

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Os vossos comentários também serão fonte de motivação. Não se

envergonhem de ser idealistas, por favor.

Regresso

Antes de nada, quero pedir desculpas aos visitantes frequentes deste meu

blog, por ter estado tanto tempo afastado.

Outras razões, do foro da minha vida profissional, têm-me impedido de vir

aqui, para complementar a ideia.

Tampouco hoje, trago novidades minhas.

Trago, antes, um pequeno texto de Teixeira de Pascoaes, que, creio, e

apesar de se focar no território que de Arêgos fica a Norte, nos ajudará a

todos - e naturalmente que vos incluo, porque vos sinto 'com' a ideia -, a

manter a atenção e a vontade de fazer, para aquela que é a Nossa Aldeia:

'...É na região de Entre Douro e Minho que o Portugal de terra se mostra em

alto e nítido relevo. É ali, portanto, que devemos estudar a Paisagem como

fonte psíquica da raça(...). O doloroso drama transmontano e o bucólico idílio

Page 39: Chamam me lírico - resigno-me e demonstro porquê - iª parte

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minhoto, fundem-se, na região do Tâmega, numa paisagem original que é o

próprio busto panteísta do génio dos Lusíadas(...). A reflexão da paisagem no

homem é activa e constante. A paisagem não é uma coisa inanimada; tem uma

alma que actua com amor ou dor sobre as nossas ideias ou sentimentos,

transmitindo-lhes o que quer que é da sua essência, da sua vaga e remota

qualidade que, neles, conquista acção moral e consciente. ...' (in Arte de Ser

Português, Op. cit., pp. 69-71)

Lembro ainda que este autor definiu, em Unamuno e Portugal, assim os

Portugueses:

'...o português é um ser indefinido ainda, ou antes, um ser que tem vivido

fora da sua forma própria, fora do seu corpo; e o seu progresso dever-se-á

fazer no sentido de encontrar o corpo que, por natureza da sua alma, lhe

compete. ...' (in Unamuno e Portugal, A Águia, ano I, 1ª Série, nº 8 de 1 de

Abril de 1911),

que leio como a indicação do caminho para dar corpo à minha ideia, para a

qual, feliz, encontrei já tantos adeptos.

Nota: os vossos comentários são bem-vindos. Se não os quiserem publicar

online, enviem-mos para [email protected] . Obrigado.

Não voltei, entretanto, a escrever no blog. Falta concretizar alguma coisa

sobre a qual falar.

Independentemente de tudo, acredito que esta ideia, melhorada e

desenvolvida por outros, com ou já sem a minha participação, seria

excelente para o Turismo no Douro, e para o desenvolvimento de Arêgos, do

Concelho de Resende, e de todas as aldeias de Portugal e do mundo que a

vierem a adoptar.

Sonho com isto, acordado, TODOS os dias da minha vida!

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Mostra da Arquitectura Europeia, orientada para a hotelaria de

qualidade

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Estamos em 2003. Ainda não consegui ter uma única ideia que me ajude a

propiciar os meios para efectuar a recuperação da casa de família que o meu

pai nos deixou em S. Cipriano.

Percebe-se que é através do Turismo que esta região pode gerar riqueza.

Percebe-se, portanto, que só juntando sinergias, será possível obter algum

resultado.

Olho à volta e vejo o que se vai fazendo: Uma renovação de um Hotel, uma

meia dúzia de projectos de turismo rural e outros de turismo de habitação,

não integrados.

Sendo o meu objectivo primeiro, aquela recuperação, continuo a pensar que

de nada valerá fazer tais obras se não houver à sua volta um conjunto de

pontos de interesse que tornem inesquecível a sua visita ou a estadia de

seja que turista for por estas paragens.

Do legado do meu pai sobra, ainda, o terreno que era destinado a pasto do

gado da quinta e à recolha de lenha para os vários fogões.

Tem uma exposição solar interessante, sul-poente, e não está embarrilado

por construções. Tem uma geografia que, embora não seja plana, permite a

construção desafogada (em espaço próprio e em vistas) de elementos

dispersos.

Há uns anos, como se vai poder ler em outra peça, sonhei com um Hotel de

Montanha para aqui.

Agora, porque junto experiências a tal sonho, começo a imaginar aqueles 3,5

hectares a serem utilizados para receberem 35 diferentes propostas de

suite de hotel, desenhadas por outros 35 arquitectos, oriundos de 35

outros países.

Cada qual com seu pequeno jardim, podendo ser alugados por turistas, todos

integrados num conjunto, visitável, que demonstre a proposta arquitectónica

do futuro imediato, para hotéis de qualidade.

Que visitantes espero? Os que hoje vão a Bilbao, só para ver o Guggenheim,

ou a Paris e a Colónia, para ver a Torre Eiffel e a Catedral; Os responsáveis

pela construção de novos hotéis; Os arquitectos de todo o mundo. Chega.

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Como é que isto me pode ajudar a encontrar financiamento para a

recuperação e manutenção do património familiar? Se eu „oferecer‟ o

terreno, em troca de serviços e materiais, penso que será possível.

O que proponho, então?

Estudar, com os arquitectos envolvidos – escolhidos estes em concurso a

levar a cabo pelas ordens de arquitectos de cada país – os materiais

principais a utilizar nas várias construções;

Negociar, com cada empresa fornecedora de tais materiais, uma comissão,

que lhes garante a exclusividade no que se refere aos seus produtos no

conjunto da obra, e que será paga, em dinheiro ou na aplicação efectiva do

produto na Casa da Torre da Lagariça, à instituição a formalizar para a

gestão de tal património familiar.

Colher, através da figura de mecenato cultural, fundos de empresas com

interesse em se associarem ao projecto, pela visibilidade que tal lhes

poderá proporcionar.

Manter, na sociedade anónima a constituir para a gestão do conjunto

turístico a criar, uma quota que permita efectuar a continuamente

necessária manutenção da casa.

Pode parecer, aqui chegados, que o meu interesse é apenas particular. Não

é! Claro que quero ver recuperada a Casa da Torre. Mas, como em outras

ideias por mim produzidas se poderá provar, isso não será interessante, se,

à volta daquela, não houver VIDA.

A VIDA de que aqui falo é composta de gente da terra, que trabalha e se

diverte, e de turistas, que só quero divertidos e satisfeitos.

De todas as ideias que tive até aqui, esta foi, provavelmente a que recebeu

menos palavras para a descrever.

Mais do que de palavras, ela carece de actos e de um envolvimento que sinto

não lhe poder dar.

Vou deixá-la de quarentena.

Voltarei!

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Criação de uma parceria de Casas de Turismo, rural ou de habitação, no

Douro Sul

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Adoro, como se pode ver em tantos exemplos que aqui deixo, aquele trecho

do Douro que circunda a pequena aldeia que considero „a minha terra‟: Caldas

de Arêgos.

Tenho a sorte de ter amigos que conseguiram dar corpo à recuperação de

material edificado, e criar condições para a sua exploração turística.

Um deles, cuja casa fica na margem norte do rio, meia dúzia de quilómetros

acima de Santa Marinha do Zêzere, tendo-me convidado para passar ali um

fim-de-semana (eu tinha desenhado as janelas e portas para a reconstrução

de uma antiga pequena edificação de apoio agrícola, e, tendo a recuperação

concluída, ele entendeu que devia ser eu a primeira vítima do funcionamento

de tal elemento construtivo – as portas e janelas ficaram impecáveis e o

conforto que produzem, para além da sua relação estética com o edificado

surpreenderam-me, pela positiva, até a mim…), juntou àquele convite o de

um almoço com dois parceiros com que se preparava para unir esforços no

sentido de aumentarem, por sinergia, a visibilidade das suas ofertas

turísticas e, como consequência esperada, as probabilidades de procura.

Tratava-se de juntar três quintas, para oferecer Roteiros turísticos

baseados nas habitações que cada um deles desenvolvera para acomodação

de pessoas e no espólio natural, cultural e religioso que as circunda.

Procurava-se, naquele almoço, concretizar ideias que orientassem o

projecto.

Claro que eu não consegui deixar de participar.

Foram geradas ideias que levaram à formulação dos três programas que a

seguir se transcrevem.

DOURO - A ROTA DO SAGRADO

O percurso das ordens religiosas

Acompanhe as visitas degustando os vinhos do DOURO

Programa

1º dia - PORTO

Partida para as Quintas - transporte ----------------------------------200,00

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Jantar nas quintas --------------------------------------------------------15,00

Dormida + peq. almoço ----------------------------------------------------31,00

2º dia

A ORDEM DE CISTER – transporte ------------------------------------250,00

* Convento e Igreja de S. João de Tarouca

* Ponte e Torre de Ucanha

* Casa do Paço – degustação -----------------------------------------------2,50

* Quinta de Santa Cruz – almoço -----------------------------------------17,50

* Lamego – a Sé e o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios

* Quinta da Pachêca – degustação

* Quinta da Massôrra – jantar -------------------------------------------12,50

Regresso às quintas – chá c/ bolinhos -------------------------------------2,50

Dormida + peq. almoço ----------------------------------------------------31,00

3º Dia

A ORDEM DE S. DOMINGOS – transporte ---------------------------250,00

* Convento de Ancêde

Regresso ao Porto

* Igreja de S. Francisco ---------------------------------------------------2,50

* Ribeira – aperitivo

* Cais de Gaia – almoço ----------------------------------------------------15,00

* Visita às Caves do Vinho do Porto

Preço custo unitário do transporte ( 20 p.) -----------------------------35,00

“ “ “ resto do programa ------------------------------------129,50

Comissão por pessoa ------------------------------------------------------15,00

Preço total de venda por pessoa ---------------------------------------179,50

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DOURO - O ROMÂNICO, O BARROCO E O CONTEMPORÂNEO

Visite a arquitectura românica mais emblemática da região. O testemunho

do Barroco. A surpreendente intervenção contemporânea de Siza Vieira

Acompanhe as visitas degustando os vinhos do DOURO

Programa

1º dia

PORTO

Partida para as Quintas - transporte-----------------------------------200,00

Jantar na Casa do Lavrador -----------------------------------------------12,50

Dormida + p. a --------------------------------------------------------------31,00

2º dia

O românico e o barroco – transporte------------------------------------250,00

* Igreja e convento de S. João de Tarouca -------------------------------0,00

* Ponte e Torre de Ucanha -------------------------------------------------0,00

* Casa do Paço – visita ao Museu do Espumante e aperitivo --------------2,50

* Quinta de Santa Cruz – almoço ------------------------------------------17,50

* Palácio de Mateus (Vila real) ---------------------------------------------7,00

* Quinta da Pachêca – degustação -----------------------------------------0,00

* Quinta da Massôrra – jantar --------------------------------------------12,50

Regresso às quintas – dormida, chá + p. a. --------------------------------33,50

3º Dia

O contemporâneo – Álvaro de Siza Vieira

* Marco de Canavezes: Igreja de Santa Maria – prémio PRITZKER 1992,

“o Nobel da arquitectura” -, oferta de livro -----------------------------5,00

* Piscina das marés e casa chá da Boa Nova

* Porto: Museu de Arte Contemporânea – Casa de Serralves ------------2,50

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Almoço em Serralves ------------------------------------------------------15,00

Preço de custo unitário do transporte----------------------------------- 35,00

“ “ “ do resto do programa ----------------------------------139,00

Comissão p/ pessoa --------------------------------------------------------15,00

Preço total de venda por pessoa --------------------------------------189,00

DOURO - Na rota dos escritores

EÇA DE QUEIROZ / TEIXEIRA DE PASCOAES / MIGUEL TORGA

Conheça as casas, as fontes de inspiração, os locais dos romances destes

três notáveis escritores.

Acompanhe as visitas degustando os vinhos do DOURO

Programa

1º dia - PORTO

Partida para as Quintas, transporte -----------------------------------200,00

Jantar na Casa do Lavrador ----------------------------------------------12,50

Dormida + peq. almoço ----------------------------------------------------31,00

2º dia

Dedicado a Eça de Queiroz, transporte --------------------------------250,00

* Santa Maria de Cárquere -------------------------------------------------1,00

* Torre da Lagariça – visita e aperitivo -----------------------------------5,00

* Serra da Gralheira – almoço --------------------------------------------15,00

* Tormes – Fundação Eça de Queirós -------------------------------------3,00

* Quinta da Massôrra – degustação ---------------------------------------0,00

Regresso às quintas e jantar ---------------------------------------------15,00

Dormida + peq. almoço ----------------------------------------------------31,00

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3º Dia

Dedicado a Teixeira de Pascoaes e Miguel Torga

Transporte ---------------------------------------------------------------250,00

* Amarante: Gatão – Casa de Teixeira de Páscoas -----------------------3,00

* Vila real - Quinta de S. Martinho – aperitivo e almoço ----------------15,00

* Galafura

* Régua - Quinta da Pacheca – degustação

* Quinta de Santa Cruz – jantar -----------------------------------------17,50

Dormida + peq. almoço ----------------------------------------------------31,00

4º Dia

Regresso ao Porto, transporte ------------------------------------------200,00

* Livraria Lello

* Casa do Infante ----------------------------------------------------------2,00

* Ribeira – aperitivo + Cais de Gaia – almoço -----------------------------15,00

* Visita às Caves do Vinho do Porto

Preço custo unitário do transporte --------------------------------------45,00

“ “ “ resto do programa ---------------------------------197,00

Comissão p/ pessoa -------------------------------------------------------20,00

Preço total de venda por pessoa ---------------------------------------262,00

Com os programas prontos e testados – os proprietários das quintas

fizeram, em conjunto, os vários trajectos, medindo tempos de deslocação e

permanências, para verificar a sua exequibilidade -, faltava agora encontrar

uma agência de viagens que estivesse potencialmente interessada neste tipo

de oferta turística, e, confirmando-se aquele interesse, partir para a

apresentação formal do projecto.

Não demorou muito até se encontrar um interessado. A „Rural Viagens‟,

como o próprio nome indica, orienta a sua actividade, exactamente, para

este tipo de oferta turística, estando relacionada com agências de viagens

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de outros países da Europa dedicados ao mesmo objecto. Conheci a agência

e o seu dono, por ser, este, amigo de um amigo meu, que, sabendo o que eu

procurava, mo apresentou. Cinco minutos chegaram para, de imediato, se

mostrar interessado na ideia.

Conseguido o desígnio de encontrar um potencial difusor deste produto, ou

produtos se quisermos, marcou-se uma visita deste às quintas que se previa

virem a oferecer as suas instalações para turistas, para que avaliasse a

qualidade de espaços e serviços ali oferecidos, e um almoço na „Casa do

Lavrador‟, em Baião, para que não só visse, mas sentisse, os efeitos que os

seus futuros Clientes iam poder experimentar.

Uma vez que o, neste caso a, representante de uma das quintas resolveu

começar por discutir, ali, abertamente, o facto de estarmos a oferecer uma

comissão „tão alta‟ àquele potencial difusor, fez com que eu me tenha

esquecido da ementa daquele dia. (Sei, no entanto, que o que quer que tenha

sido estava excelente, tal como sei que já lá comi um „cozido à portuguesa‟ e

um assado de carnes, que me faz crescer água na boca, sempre que, como

agora, recordo tal „restaurante‟).

As consequências daquele acto, com certeza reflectido, foram: o

desmantelar da parceria; o desinteresse do potencial difusor; a sua visita

ter sido menos demorada do que o inicialmente previsto.

Continuo a acreditar que, só com trabalho sério, na base, e espírito de

verdadeira cooperação, poderemos desenvolver seja o que for neste canto

da „Europe‟s West Coast‟.

Quando, numa das primeiras histórias deste livro, digo que defendo o

egocentrismo, não defino qual o conceito que de tal atitude tenho. Acho que

vale a pena fazê-lo agora:

EGOCENTRISMO Vs EGOÍSMO

Defendo o egocentrismo, enquanto forma de estar que esteja regida pelos

seguintes princípios:

- Se eu estiver num lugar plano, sem barreiras à minha volta, e olhar para o

céu, o centro da abóbada celeste, e, portanto, do universo, sou eu;

- O centro de mim mesmo é o meu umbigo (ver desenhos de Leonardo da

Vinci e Le Corbusier);

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- Tudo o que quero, no desenvolvimento da minha vida, é que, o que me

rodeia, esteja a favor do bem-estar daquele centro, isto é, de mim e do meu

umbigo;

- Tenho, para isso, que perceber que seja o que for que esteja junto a mim,

segue o mesmo princípio – quero dizer: que sente que o universo gira à sua

volta e quer que tudo o que o rodeia o faça em seu benefício;

- Para podermos ter uma existência rica e agradável temos, eu e todas as

entidades vivas que me rodeiam, que proceder de tal forma que, com as

nossas acções, todos ganhemos, dando lugar a harmonia activa (permanente

conjugar de esforços, para que a vida na terra seja agradável para todas as

entidades que receberam a oportunidade de a partilhar);

- Preocuparmo-nos com a melhoria da qualidade de vida dos outros vai,

portanto, ter como resultado a melhoria da satisfação do meu umbigo!

Confesso, portanto: EU SOU EGOCÊNTRICO!

Ser egoísta, por oposição, parte dos mesmos princípios (eu sou o centro do

universo e quero que tudo à minha volta me beneficie), mas altera-se no

momento em que se esquece dos outros e quer tudo SÓ PARA SI.

E, o que é que acontece quando duas entidades querem a mesma coisa, mas

não a pretendem partilhar?: os códigos humanos têm uma palavra para o

descrever = GUERRA.

Tenho a certeza que, mesmo que aparentemente um ganhe e o outro perca,

ambos perdem, de facto! E perdem todos os não envolvidos directamente na

querela, também.

O que é que isto tem a ver com este episódio?

Sei lá, apeteceu-me escrever isto… (ou terá sido um momento de lucidez?).