Charge
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Ana BeatrizIsis CavalcanteLívia Priscilla
Monique Martins
Charge
HistóricoO Origem: França, vem da palavra charger.
O No Brasil: século XIX com Manuel de Araújo Porto Alegre, que cria a revista Lanterna Mágica.
O 1º momento de amadurecimento da charge na segunda metade do século XIX: política como objeto e eficácia do discurso situado em um contexto social.
Manuel de Araújo (1837)
A CampainhaQuem quer; quem quer redigirO Correio Oficial! Paga-se bem. Todos fogem? Nunca se viu coisa igualO CujoCom três contos e seiscentosEu aqui´stou, meu senhorHonra tenho e probidadeQue mais quer d´um redator?
O 2º momento de desenvolvimento da charge nos últimos anos da Monarquia: forte oposição à política imperial.
O Ângelo Agostini (Revista Ilustrada): abolição da escravatura e proclamação da República.
O 1896: Publicação de charges em jornais, através de Julião Machado, chargista português.
O No início do século XX, começa-se a criar personagens: Zé Povo e Jeca Tatu.
O Neste momento, a charge passa por um processo de despolitização, conservando-se desta maneira até a década de 30.
O Último momento de amadurecimento da charge na década de 30, através de Guevara: instrumento de crítica política.
O Contexto econômico: Brasil passa por crise, com a economia frágil e dependente da exportação de café.
O Guevara reduz o texto verbal, aproximando-se da oralidade.
O A charge intensifica seu traço e expõe sua verdade para que o leitor construa sentido nas representações das ações do sujeito real através de um personagem diferente dele, mas que com ele se identifica.
CaracterísticasO A “charge se constitui realidade inquestionável no
universo da comunicação, dentro do qual não pretende apenas distrair, mas, ao contrário, alertar, denunciar, coibir e levar à reflexão” (AGOSTINHO, 1993).
O “Satirizar um fato específico, tal como uma ideia, um acontecimento, uma situação ou pessoa, em geral de caráter político, que seja de conhecimento público”. (FONSECA, 1999).
O A agressividade, presente na charge, incita o leitor a se conscientizar e assumir uma atitude crítica diante do texto.
O A charge é uma crítica temporal, desta forma, seu texto envelhece rápido. Há, no entanto, alguns casos em que a charge é republicada.
O Estabelece uma relação discursiva entre o chargista e o leitor.
O Antes de fazer rir, a charge tem a função de fazer refletir, “a charge é um desenho de humor que estrutura sua linguagem como reflexão e crítica social” (TEIXEIRA, 2005).
O Constrói-se por meio da intertextualidade e recria a realidade utilizando-se do humor, da crítica, da sátira e da ironia.
O Tenta ser fiel aos seguintes propósitos: reproduzir a realidade independente da razão, produzir uma verdade independente da realidade e incorporar o humor como linguagem.
O Representa em uma única imagem: a narração de um fato, a descrição de um problema e uma opinião satírica sobre a temática.
O “A crítica e o desejo de denunciar, de revolver e analisar as ordens instituídas são marcadas por um humorismo de caráter subversivo” (MIANI, 2002).
O “Os efeitos de sentido da charge são ocasionados pela simultaneidade dos movimentos opostos, mas justapostos, que possibilitam um riso de zombaria sobre nossa atualidade social, política e econômica” (NERY, 2002).
O A linguagem da charge está em comunicação constante com os acontecimentos políticos e sociais, mas mantêm relação com o passado, é ideologicamente influenciada.
O “a charge acaba sendo uma espécie de ‘editorial gráfico’ (...) e por vezes ela atingiu o status de grande meio de expressão” (MARINGOGI, 1996)
O “a charge como toda configuração visual, expressa e transmite ideias, sentimentos e informação a respeito de si própria, de seu tempo ou a respeito de outros lugares e outros tempos” (SOUZA, 1986).
O chargistaO “[...] falemos, primeiramente, do chargista, esse
desconhecido. Ele tem que ser uma pessoa capaz de se indignar com a situação política do seu país, do mundo. Tem que ser contra tudo isso que está aí, politicamente, socialmente, comportalmente. O chargista tem que ser contra, por exemplo, o político brasileiro e a sociedade brasileira, que se comportam muito mal. Eles têm muita coisa para criticar: a hipocrisia, o exibicionismo, a mentira, a inversão de valores, a falta de dignidade etc. Tem que, a seu modo, denunciar o que vê de errado, torto. Charge é guerra! Sempre foi assim, desde a invenção da imprensa. No tempo da ditadura, o inimigo nesta guerra era mais visível. Hoje, ele fica meio enrustido. Tem gente boa que, muitas vezes, está do lado do inimigo e nem percebe” (Ziraldo, 2007).
Diferença entre charge, cartum, quadrinho e tira
O A charge é um desenho humorístico, acompanhado ou não de texto verbal; com ou sem legenda ou balão, espécie de releitura de um acontecimento; geralmente veiculado pelos meios de comunicação, especialmente a imprensa.
O Normalmente, critica um fato ou acontecimento especifico, explorando temas sociais, econômicos e, sobretudo políticos.
O Segundo o dicionário Aurélio: “representação pictórica, de caráter burlesco e caricatural, em que se satiriza um fato especifico, em geral de caráter politico e que é do conhecimento publico.”
O A charge é um todo orgânico, não apresenta caráter narrativo sequencial. Exige uma contextualização, o leitor deve estar sempre atualizado com os últimos acontecimentos.
O Tematização de um fato cotidiano, um acontecimento atual, comportando, critica, humor, mordacidade, sarcasmo, ironia, focalizado por meio de caricatura.
Historias em quadrinhos
O As historias em quadrinhos tem origem nos Estados Unidos e foram denominadas de comics (cômicos; humorísticos).
O São narrativas contadas em quadrinhos ou vinhetas, que empregam palavras e imagens ou apenas imagens. Inicialmente eram em tabloide, mas reduziram-se para o formato de tiras, ou seja, para narrativas com dois ou três quadrinhos, assumindo sintetismo e instantaneidade inexplorados na comunicação.
Mauricio de Souza, escritor e desenhista da Turma da Mônica
Tiras diáriasO Surgiam então as tiras diárias. É uma
narrativa curta, de caráter cômico humorístico, composta de 3 ou quatro quadrinhos ou vinhetas.
O Geralmente é descontextualizada, sem uma datação, portanto esta sempre atualizada, fato que lhe confere dimensão universal.
O As tiras e charges tem caráter gráfico-anedótico. Palavras e imagens com o desejo de despertar o riso assemelham-se a uma anedota construída apenas com palavras de fundo cômico humorísticas.
Mafalda, tira escrita e desenhada pelo cartunista argentino Quino.
CartumO O cartum é uma espécie de anedota
gráfica sobre os mais diferentes comportamentos humanos.
O De modo geral, explora situações atemporais e universais, que podem ocorrer em qualquer lugar e qualquer época.
Cartum de José Pires, do blog Jota Brasil Limpeza
O humor da charge política no jornal
O “A charge é parte desses ‘penduricalhos’ que o jornal apresenta como material de opinião. Não é a toa que ela sempre esta nas paginas de editoriais, a pagina nobre. A charge acaba sendo uma espécie de ‘editorial gráfico.” (Maringoni, 1996)
O A charge possui uma unidimensionalidade, que não lhe permite ficar no “mas-contudo-todavia”. Ou é contra ou a favor.
O Para se fazer humor é preciso haver cumplicidade com o publico. Ninguém ri da piada que você conta se não existe um código prévio entre você e os seus ouvintes. Muitas vezes, este código está baseado no mais repugnante dos preconceitos, mas o vinculo deve existir.
O A existência de um código permite que se associem acontecimentos que a primeira vista não possuem ligação nenhum. Esse código cultural e emocional tem características universais e também particularidades locais.
O A charge envolve mais um componente nesse código com o publico: o tempo. Por ser datada a charge é perene. Ela pode ficar como um registro de uma época, mas a graça dificilmente permanece.
O Cartum x ChargeO Alguns cartunistas conseguem em seu
trabalho captar mais o espirito de uma época do que se limitar ao registro do fato do dia. Neste caso, não temos mais a charge politica, mas a critica de costumes e ela adquire uma característica mais duradoura.
O uso dos signos imagético e verbal na charge
O A linguagem é formada por signos, que são entidade psíquica com duas faces: uma imagem acústica e um conceito. (Saussure, 2004)
O Signo = significante + significado
O signo imagético na imagem
O Manifestação de caráter visual da capacidade textual do homem, que pode ser expressa por meio de linhas, de superfícies escuras e hachura e que variam em diferentes formas.
O Contexto intraicônico;O Contexto intericônico;O Contexto extraicônico.
A caricaturaO Recurso presente na maioria das
charges de jornais impressos;O São fundamentais para produzir
efeitos de sentido gerados por todo conjunto da charge: o texto imagético e verbal;
O Apresenta exagero nas características de um individuo, valorizando ou ridicularizando traços mais marcantes.
O signo verbal na charge
O Estratégia que completa algo ou se contrapõe a algo;
O Dá-se pela forma de texto (fala do personagem) ou pela forma de para texto (fala do enunciador);
O Onomatopeias, legendas, falas e palavras destacadas podem transmitir ironia, critica e sentimentos diversos.
O Intertextualidade e ironia.
A multimodalidade na charge
O Configuração dos significados de diferentes formas;
O Os textos multimodais utilizam mais de um modo de elaboração da mensagem. Portanto, a charge é multimodal porque o conteúdo presente nela é veiculado por meio de texto, de imagem e de desenho.
O Na charge, só o desenho pode ser multimodal, pois nele esta presente diferentes cores, tamanhos, símbolos e expressões dos personagens.
O A multimodalidade torna a charge mais ativa e nada enfadonha;
O Ironia e bom humorO A interação de imagens e de
palavras dá abertura ao leitor para a construção de ideias, de opiniões e de conclusões.
A charge e a ação social no espaço sociocultural
O Tem o propósito de provocar a reflexão sobre assuntos de destaque na sociedade;
O Contém um complexo ideológico de seu autor e da sociedade
O O leitor precisa observar, através de seus traços, uma denuncia, o humor e uma critica.
Republicação de charges
O A charge sempre mostra um fato do cotidiano;
O Textos temporaisO Para uma charge ser republicada é
preciso retratar uma ação que se reflete.
Charges virtuaisO As charges vem se adaptando a
evolução tecnológica dos meios de comunicação;
O É a confirmação de que os gêneros se adequam as condições sociohistóricas e as possibilidades tecnológicas;
O É o mesmo gênero, mas utiliza diferentes suportes, como animação e som.
Dialogismo e polifonia na charge
O O dialogismo representa a interação entre o “eu” e o “tu” no texto e traz, em si, a perspectiva de outra voz;
O Todo enunciado possui, ao menos, duas vozes. Qualquer enunciação mantém um diálogo com outras enunciações, ou seja, não há enunciação pura;
O Há duas maneiras de inserir o discurso do outro no enunciado:
O 1) De forma clara(discurso objetivo) – aspas, negação, DD ou DI.
O 2) Internamente dialogizado. Não há separação nítida entre 1ª e 3ª pessoa e é apresentado por paródia ou polêmica clara.
Polifonia
O Define-se pela convivência , em um mesmo espaço, de uma multiplicidade de vozes e consciências independentes.
IroniaO É a afirmação de algo diferente do que se deseja
comunicar. Não dá ao texto o sentido completo para significar o oposto do que se diz.
O O chargista não quer opinião dele seja aceita como verdade, mas quer levar o leitor à crítica, à reflexão e ao humor.
O A ironia é um dos principais elementos da charge. É um instrumento de denúncia, geralmente de situações políticas e econômicas.
O Às vezes, a ironia é mal interpretada ou nem sequer percebida.
João Montanaro, chargista da Folha de São Paulo.
Simon Taylor, chargista do site de notícias Jornale.
Amarildo Lima, chargista do Jornal A Gazeta do Espírito Santo.
Ivan Cabral, chargista e artista gráfico da TVU/UFRN
Zé Dassilva, chargista do Diário Catarinense
Camaleão, site Jararé Banguela
Retirado do site HumorTadela
Retirado do Jornal O Povo, 2011
Ivan Cabral, retirado do site Sorriso Pensante
Bier, O golpe de 64
Latuff, 2010
Charge de Fortuna, publicado Correio da Manhã em 07/10/1966
Latuff, 2008
Newton Silva, 12 de novembro de 20011
Vasco J., 2005
Cleyton, Jornal O Povo, 20/05/2009
Newton Silva, retirado do site do autor.