Ciclismo a Fundo Nº 36

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INDÚSTRIA Conheça em pormenor as novidades da Specialized e Cube para 2015 FESTIVAL BIKE Estivemos na maior feira nacional e damos-lhe a conhecer tudo, em exclusivo Testámos a bicicleta MAIS LEVE do MUNDO TREK Émonda SLR 10 UMA JORNADA PARA A VIDA MONT BLANC Competição Subida à Glória Performance Treino caseiro Granfondos Skyroad Aldeias do Xisto, Roma e Rio de Janeiro Nº36 I PVP 3,95€ (continente) Bimestral I dezembro / janeiro Rui e Ivo Oliveira ACOMPANHE-NOS NO Testes FUJI TRANSONIC 1.3 VIPER VERBIER GRUPO SHIMANO 105 5800 GPS GARMIN EDGE 1000 ÓCULOS OAKLEY RADARLOCK PATH VESTUÁRIO LOOK EXCELLENCE RESISTEX CARBON MEIAS COMPRESSPORT R2 + GRANDE ENTREVISTA Daniela Reis 5 601753 002225 00036 "EM 2015 REPRESENTAREI A EQUIPA FRANCESA DN17 POITOU CHARENTES" VEJA AQUI O VÍDEO DO TESTE TREK ÉMONDA SLR 10

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Revista Ciclismo a fundoDe periodicidade bimensal, a Ciclismo a fundo é uma publicação que incide sobre todos os temas relacionados com o apaixonante mundo do ciclismo, desde a vertente de competição até ao lazer. Em cada edição são abordados os últimos lançamentos da indústria, são testados os modelos mais pedidos pelos leitores e entrevistados os ciclistas mais carismáticos. Para além disso, esta publicação inclui reportagens de eventos nacionais e internacionais, dicas sobre treino, mecânica e saúde, bem como histórias do passado que são relembradas por quem as viveu.

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INDÚSTRIA Conheça em pormenor as novidades da Specialized e Cube para 2015

FESTIVAL BIKE Estivemos na maior feira nacional e damos-lhe a conhecer tudo, em exclusivo Testámos a bicicleta MAIS LEVE do MUNDO

TREK Émonda SLR 10

UMA JORNADA PARA A VIDA

MONT BLANC

CompetiçãoSubida à Glória

PerformanceTreino caseiro

GranfondosSkyroad Aldeias do Xisto, Roma e Rio de Janeiro

Nº36 I PVP 3,95€ (continente)Bimestral I dezembro / janeiro

Rui e Ivo Oliveira

ACOMPANHE-NOS NO

TestesFUJI TRANSONIC 1.3VIPER VERBIER

GRUPO SHIMANO 105 5800GPS GARMIN EDGE 1000ÓCULOS OAKLEY RADARLOCK PATHVESTUÁRIO LOOK EXCELLENCE RESISTEX CARBONMEIAS COMPRESSPORT R2

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GRANDE ENTREVISTA

Daniela Reis

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"EM 2015 REPRESENTAREI

A EQUIPA FRANCESA

DN17 POITOU CHARENTES"

VEJA AQUI

O VÍDEODO TESTE

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sumário

Novidades a caminho 2015 promete trazer bastantes novidades. Na competição, a Federação pretende promover o nosso país como destino para as principais equipas do pelotão internacional. Para tal, apoia um conjunto de provas na pré-época e no início da mesma, intercaladas com competições de nível superior. A ideia é que Portugal seja um local de estágio e de preparação para as grandes corridas do escalão World Tour. Por outro lado, no lazer, o mercado dos Granfondos irá crescer, algo que era expectável fruto da grande aceitação que este tipo de eventos tem recebido. Para além disso, os eventos que temos são de qualidade. Em terceiro lugar, 2015 marca uma nova era na indústria das bicicletas, vestuário e acessórios no nosso país com grandes e importantes alterações ao nível da importação e o surgimento de novas marcas nacionais (como a New Race, a Cinco Quinas e a Salvaggio, por exemplo). Para além disso, nota-se um crescimento sustentado no número de praticantes de ciclismo, um facto quase inédito no nosso país, tendo em conta as (poucas) estatísticas disponíveis. Contudo, a maior parte dos novos praticantes são do sexo masculino e acima dos 30 anos, o que preocupa os responsáveis das Escolas de Formação. Não estará na altura de incluir o ciclismo enquanto modalidade curricular no Plano de Atividades Desportivas na disciplina de Educação Física? Fica a dica. Em nome de toda a equipa da Ciclismo a fundo votos de um Feliz Natal e um próspero Ano Novo!

PS: Próxima edição: fevereiro / março 2015

Carlos Almeida PintoDiretor

» Editorial

» Sumário

03 Staff04 Noticiário 10 Diário Sérgio Paulinho12 Novidades Cube 201514 Novidades Specialized 201518 Teste Trek Émonda SLR 10 22 Teste Fuji Transonic 1.3 26 Teste Viper Verbier30 Reportagem: Festival Bike40 Minitestes44 Reportagem: SkyRoad Aldeias do Xisto

50 Reportagem: III Granfondo Campagnolo Roma52 Reportagem: I Volta São Paulo - Rio de Janeiro54 Grande entrevista: Ivo e Rui Oliveira58 Grande entrevista: Daniela Reis62 Reportagem: Haute Route66 Reportagem: Tour du Mont Blanc70 Performance: Treino específico74 Competição: Subida à Glória80 Cicloturismo

44 Reportagem

Skyroad Aldeias do XistoUma paisagem espectacular e um clima ameno foram a cereja no topo do bolo de mais um Skyroad

66 Aventura

Tour du Mont BlancQuando Nicolas Roux mete algo na cabeça, é difícil demovê-lo. 334 km, 5 subidas e 8000m de acumulado... É obra!

Membro

DiretorCARLOS ALMEIDA PINTO([email protected]) Jornalistas: Fernando Lebre e Magda RibeiroColaborações: José Morais, Luís Lourenço, Sérgio Marques, Rodrigo Baltazar, Ricardo Gouveia, Luis Duarte, António Santos, Daniela Reis e Sérgio PaulinhoRedaçã[email protected] Policarpo Anjos, nº 41495-742 CRUZ QUEBRADA/DAFUNDOTel: 214 154 500 – Fax: 214 154 501

ArteCoordenador: Miguel Félix Filipa Ferreira, Filipa Fonseca, Joana Prudêncio, Marina Gonçalves, Miguel Ferreira, Teresa CohenFotografia: João Carlos Oliveira, Pedro Lopese Rui Botas

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃOPresidenteVOLKER BREIDVice-Presidente e Administrador-DelegadoJOÃO FERREIRAVogalNORBERT LEHMANN Diretora-Geral ComercialCECÍLIA PINA PRATAPublicidadeCoordenador: Ricardo Marques [email protected]

MarketingJosé Clemente, Maria Teresa Gomes, Vera SantosAssinaturas e edições atrasadas: Sara TomásTel: 21 415 45 50 - Fax: 21 415 45 [email protected] Motor Presse Stuttargt GmbH & Co. KG.Presidents: Volker Breid / Norbert LehmannCEOs: Volker Breid / Henry AllgaierDirector Product development: Robert WiljanBusiness Development & Strategy / Licensing: Michael Trampert Edição, Redação e Administração Motor Press Lisboa Edição e Distribuição, S.A., Rua Poli-carpo Anjos, nº4, 1495-742 CRUZ QUEBRADA /DAFUNDO, com o capital social de 250 000 euros, registada no Registo Comercial de Cascais, nº 08613, cont. nº 502 561 408. Tel.: 21 415 45 00. Fax: 21 415 45 01. Publicação registada na Entidade Reguladora para a Comunicação Social sob o nº 125 468. Propriedade – Motor Press Ibérica, S.A. e Cruz Quebrada Media S.A. Impressão: Lisgráfica – Queluz de Baixo. Depósito Legal nº 122 996/98. Distribuição: Urbanos Press - Rua 1º de Maio, Centro Em-presarial da Granja, 2525-572 Vialonga Todos os direitos reservados. Em virtude do disposto no artigo 68º n.º 2, i) e j), artigo 75º n.º 2, m) do Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos artigos 10º e 10º Bis da Conv. de Berna, são expressamente proibidas a reprodução, a distribuição, a comunicação pú-blica ou colocação à disposição, da totalidade ou parte dos conteúdos desta publicação, com fins comerciais diretos ou indiretos, em qualquer suporte e por quaisquer meios técni-cos, sem a autorização da Motor Press Lisboa, S.A. da Motor Press Ibérica S.A. e da Cruz Quebrada Media S.A. ou da VI-SAPRESS, Gestão de Conteúdos dos Média, CRL.

Edição escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico

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Últimas da estrada

Branco domina edição limitadaA Schwalbe lançou a “White Edition” do pneu Iron-man, numa edição que estará limitada a somente 2000 exemplares que têm o branco como cor única. Desenvolvido exclusivamente para a prática de Triatlo, o Schwalbe Ironman é o pneu oficial das competições do WTC (World Triathlon Corporation). Com uma medida de 700x22c e um preço de venda ao público de 55,85 euros, o Ironman é o primeiro pneu de competição aprovado para pressão máxima de 11 bar. Estas pressões elevadas não são recomendadas para a maioria das estradas, mas nos segmentos de contrarrelógio com pisos alcatroados suavizados a maior pressão reduz a flexão e aumenta as vantagens em termos de resistência de rodagem. O perfil de elevada tração possui incisões aerodinâmicas laterais, que conferem a este pneu excelentes capaci-dades dinâmicas. Para informações adicionais contacte: [email protected].

Recordaro passado

A Trek alargou a sua rede de agentes autorizados no nosso país, contando agora com quatro novos pontos de venda. Na região norte esta marca norte-americana passa agora a poder ser também encontrada na loja LongusBike, em Valongo, e na FasaBikes, em Gaia. Já na região centro a Perna-longa, em Aveiro, é uma das mais recentes casas daquele reputado fabricante, o mesmo acontecendo com a SasBike, um novo espaço em Ponte de Sôr onde é possível encontrar a gama 2015 da Trek, assim como os restantes produtos das marcas Bontrager, Northwave e StarbluBike.

Novos Agentes Trek

Pelo quinto ano consecutivo, a marca francesa Le Coq Sportif associou-se ao L’Eroica, um evento cicloturístico que teve lugar em outubro, no interior de Itália, e que contou com três percursos com níveis distintos. Procurando recordar tempos antigos, o pelo-tão foi formado por bicicletas anteriores a 1987 e os participantes compareceram vestidos à época.A pensar nesta iniciativa a Le Coq Sportif reeditou o modelo Mérinos (as primeiras camisolas de lã desenhadas para o Tour na longínqua década de 50).

Quer ganhar uma camisola respeitante à Taça de Portugal feminina de 2014, autografada por Daniela Reis, única ciclista portuguesa a marcar presença na edição deste ano dos Campeonatos do Mundo? Para se habilitar a vencer basta enviar um mail para a nossa redação ([email protected]), até ao próximo dia 15 de janeiro, com uma frase que inclua as palavras “mulheres” e “ciclismo”. A mais original será a vencedora!

Exclusivo

Passatempo

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6 Ciclismo a fundo

Últimas da estrada

O ciclista português André Cardoso (à direita na foto) irá integrar as fileiras da equipa Cannondale/Garmin Pro Cycling na temporada de 2015.Esta formação, que resulta da união de forças entre a Cannondale e a Slipstream Sports, irá contar com um plantel composto por um total de 27 ciclistas oriundos de 14 países distintos.Entretanto, Tiago Machado (ao centro) passará a en-vergar as cores da Katusha, ao passo que Mário Costa irá rumar ao estrangeiro para se juntar na próxima época ao irmão, Rui Costa, e a Nelson Oliveira na Lampre/Merida. Por sua vez, a espanhola Caja Rural/Seguros RGA contratou o transmontano Ricardo Vilela e o catalão Eduard Prades, ambos ex-OFM/ Quinta da Lixa/W52, assim como José Gonçalves, dispensado da La Pomme Marseille.

Cardoso na Cannondale/Garmin em 2015

Foi recentemente publi-cado o livro “Em Memória de Eduardo Lopes-Glória e Drama de um Campeão de Ciclismo”, obra da autoria de

Eduardo Cunha Lopes, sobrinho do antigo ciclista Eduardo Lopes, e editado pela Bubok.

Contando com mais de 350 páginas, amplamente documentadas com fotografias, esta obra relata a odisseia do ciclismo nacio-nal nas décadas de 30, 40 e 50 e conta com prefácio de Artur Moreira Lopes, Marçal Grilo e Ana Santos.

Em memória de um campeão

Com apenas um contrarrelógio individual de 14 quilómetros, as tiradas de cariz montanhoso vão ter um papel preponderante na Volta à França de 2015. O crono surgirá na 1.ª etapa, em Utrech, na Holanda, havendo ainda um contrarrelógio por equipas na 9.ª tirada, de 28 quilómetros.Por sua vez, existirão oito chegadas em alto, divididas entre os Pirenéus e os Alpes.De referir que a edição do próximo ano rolará entre 4 e 26 de Julho.

Tour`15 apostana montanha

Para 2015, a SCOTT desenvolveu a tecnologia ITD ProTec em par-ceria com a Schoeller, com o in-tuito de aumentar a resistência do têxtil à abrasão causada por quedas a alta velocidade (os fios de carbono asseguram maior resistência à quebra e são antibacterianos). A mesma encontra-se disponível nos painéis dos ombros dos jerseys Scott RC Pro Tec e nas coxas dos calções. SCOTT RC Pro Tec.Mais informações em [email protected] ou www.scott--sports.com.

SCOTT RC ITD Pro Tec

Já se encontra disponível no mercado português o capa-cete Bontrager Velocis CE, réplica do design utilizado pela equipa do World Tour Trek Factory Racing e que é o mais leve e avançado capacete produzido até hoje por aquela marca.O Velocis CE conta com esqueleto compósito In-mold para uma maior integridade estrutural e diferentes possibilidades de ventilação, assim como com um sistema de ajuste Headmaster II, banda de apoio na testa Form Fit e esponjas antimicro-bianas AgION Fit que eliminam completamente os odores e providenciam canais de circulação do ar dentro do capacete. No seu tamanho S, este capacete pesa um total de 212 gra-mas, ao passo que no tamanho L leva a balança a apontar os 249 gramas. O seu preço de venda ao público é de 165 euros. Mais informações em www.bicimax.pt.

Velocis CE

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8 Ciclismo a fundo

Últimas da estrada

Abriu, no passado dia 8 de novembro, na cidade invicta, a mais recente concept store da KTM Bike Industries.Este espaço, situado junto à rotunda AEP, um dos locais de referência do Grande Porto, foi implementado pelo concessionário da marca, para os concelhos do Porto e Matosinhos, Bicicletas Coelho. Com cerca de 500m2, possui em stock permanente mais de 100 modelos de bicicletas distintos, que cobrem vários segmentos, desde as BTT e estrada, a bicicletas de cidade, cruisers, trekking, criança, etc. As gamas possuem preços que variam entre os 290 e os 8000 euros. Nesta loja é ainda possível encontrar artigos como calçado e têxtil especializado, além dos acessórios para a bicicleta. Está aberta de segunda a sábado das 9h30 às 13h e das 14h30 às 20h.

Nova concept store da KTM

» CITAÇÕES

“Este Tour é bom para mim, pelo menos no papel. Poucos quilómetros de contrarrelógio, muita montanha. A única coisa que me inquieta são os troços de pavé, porque não podemos ganhar a prova aí, mas podemos perder”O colombiano Nairo Quintana (Movistar) analisa o traçado do Tour de 2015, in Lusa

“Já o disse muitas vezes: o meu lugar é no Tour, ainda mais quando o percurso favorece o Nairo. Penso que podemos fazer uma boa dupla”Alejandro Valverde (Movistar), idem, ibidem

“Parece-me complicado. Vão estar corredores como o Contador, o Froome, o Quintana ou o Nibali. Alcançar esse feito todos os anos é difícil. Está longe de estar ganho, mas é preciso estar na batalha”O francês Jean-Christophe Péraud salienta a dificuldade de repetir o 2.º lugar no Tour, in Lusa

A BH Bikes lançou recentemente, dentro da coleção de 2015, o G6 Pro, o quadro mais aerodinâmico produzido pela empresa até aos dias de hoje. Faz uso do inovador sistema de travagem Direct Mount, que, com a sua dupla ancoragem, oferece uma potência e precisão superiores ao sistema tradicional. Com vista a melhorar a aerodinâmica, o travão traseiro localiza-se sob o eixo da pedaleira. Nota ainda para a ancoragem do desviador dianteiro que foi aperfeiçoada, a caixa de pedaleira é sobredimensionada BB386EVO de 86,5 mm, e a bateria dos grupos eletrónicos está integrada no interior do espigão do selim.Há sete montagens distintas. A mais económica surge equipada com Shimano 105, e tem um preço de 2.999 euros. Já a topo de gama inclui o grupo completo Dura Ace DI2 da firma japonesa, juntamente com as rodas ultraleves Lightweight Obermayer, por 11.999 euros.

O quadro mais aerodinâmico da BH

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Últimas da estrada

Depois de mais um Mundial con-cluído, surgia a última corrida da temporada: o Giro da Lombardia.

As duas semanas que distaram até à prova foram aproveitadas para recuperar, pois o final de época já me começava a pesar nas pernas. Ainda assim, queria fazer uma boa corrida para acabar bem o ano. Acabei por me sentir bem e por andar quase toda a prova em fuga. Na parte final cheguei mesmo a andar fugido a solo, mas fui apanhado na última subida. O desgaste acumulado era enorme e quando o pelotão me apanhou já não tive forças para o seguir. Terminei a quatro minutos do primeiro. Surgiu a seguir o período de des-canso, apesar de ter ainda treinado mais alguns dias para não parar por completo. Uma semana depois de ter terminado o Giro da Lombardia, vim a Portugal fazer a Subida à Glória. Foi uma experiência bastante engraçada, onde estive junto de velhas glórias do ciclismo. Quanto à corrida em si, foram somente cerca de 250m, mas bastante duros. Acima de tudo valia pela brincadeira e para estar junto de velhos amigos. Quando cheguei ao topo, e o speaker me apanhou, pensei “como é que agora vou responder às perguntas? Tenho o coração a sair pela boca”! Bom, lá fui respondendo devagar, mas por vezes até me faltava o ar... Voltei então para a Suíça, para estar umas boas semanas junto da família. Aproveitei para descansar e passear. Esta fase foi também utilizada para preparar a viagem ao Kilimanjaro, naquele que seria o primeiro estágio da equipa. Tive de comprar tudo novo: botas, mochilas, roupas...Quando chegou a hora de embarcar, questionámo-nos o que fazíamos nós ali! Uns estavam contentes, mas outros não. Foram quase 11 horas de viagem.

No primeiro dia, dormimos já a cerca de 3 mil metros de altitude. Foram quase 6h a caminhar até chegar ao destino, mas passaram-se bem. No segundo, subimos até aos 3900m para passar a noite (foram mais outras 6h de caminhada). Neste dia já me começou a doer a cabeça por causa da altitude. Para “ajudar”, a última hora foi superada debaixo de chuva. Na etapa seguinte subimos até aos 4600m, mas depois voltámos a descer para fazer uma adaptação à altitude. Foi uma jornada muito dura (foram sensivelmente três horas à chuva). A cabeça parecia que ia explodir com tantas dores mas ainda assim decidi continuar. Surgiu então um novo dia muito longo e duro. Seguimos até aos 4600m. Chegados a este ponto, tínhamos de descansar até à meia noite, para depois podermos atingir o cume. Decidi não continuar, porque tinha uma dor de cabeça imensa e febre. Os meus colegas atingiram entretanto o cume, e retornaram pela manhã. Quando os vi pensei “ainda bem que não fui”! Alguns traziam máscaras de oxigénio! Seguiu--se então a descida. No último dia foram cerca de 3 horas de caminhada para depois irmos para o hotel. Ao almoço tivemos uma refeição típica da Tanzânia e à tarde um churrasco. Chegado a casa, senti-me mal durante seis dias, em que estive com bastante diarreia. Temendo que tivesse contraído algum vírus, ao quinto dia fui ao hospital. Tinha apanhado uma gas-troenterite. Tomei então medicamentos e ao fim de dois dias estava melhor.Depois de tudo isto, foi tempo de começar a treinar para a nova época.

Sergio Paulinho(Ciclista da Tinkoff/Saxo)

PaulinhoSergio

O ciclista colombiano Nairo Quintana, vencedor da Volta a Itália e 2.º classificado no Tour em 2013, vai colaborar com a UNICEF em defesa das crianças

Rui Costa, terminou a época de 2014 na quarta posição do ranking do World Tour, o melhor lugar de sempre de um português

Os ciclistas Rui Costa e Ivo Oliveira foram distinguidos na Gala da Confederação do Desporto de Portugal, ao conquistarem, respetivamente, os prémios “atleta

A ciclista austríaca Christiane Koschier-Bitante foi atingida por três tiros, enquanto treinava em Itália, por um caçador que desferiu os disparos por engano

Após cinco anos de parceria, a Europcar anunciou que vai deixar de patrocinar a equipa de ciclismo francesa no final de 2015

Lance Armstrong, irradiado do desporto por doping, foi proibido pela federação norte-americana de ciclismo de participar num passeio organizado pelo ex-companheiro George Hincapie

TERMÓMETRO

Hot

Cold

Diário de

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A Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) irá ser a responsável pela organização da edição do próximo ano da Volta ao Al-garve, prova que rolará entre os dias 18 e 22 de fevereiro. Apesar de ainda não ser conhecido o percurso da prova, sabe-se que a mesma terá uma chegada em alto (no Malhão), um contrarrelógio individual de 20 km, uma etapa de média montanha e ainda duas tiradas para sprinters.

FPC organiza a “Algarvia”

O mapa da VoltaQuinze anos após a sua última aparição, Bra-gança volta a receber uma etapa da Volta a Portugal. Esta cidade transmontana irá ser palco de uma das chegadas da maior corrida nacional, que em 2015 rolará entre os dias 29 de julho e 9 de agosto. Segundo o presidente da Câmara Municipal de Bragança, Hernâni Dias, “este regresso da Volta ao município representa um indiscutível efeito propulsor das dinâmicas promocionais do concelho, na projeção da economia local e no entusiasmo dos adeptos da modalidade”. Entretanto sabe-se também que Lisboa aco-lherá, pelo segundo ano consecutivo, o términus da prova.

Depois do alemão Jens Voigt ter quebrado, a 18 de setembro, no ve-lódromo de Grenchen (Suíça) o re-corde da hora (após percorrer 51,115 quilómetros), foi a vez do austríaco Matthias Brandle (IAM Cycling) fazer

história, ao pedalar 51,850 quilóme-tros. O feito foi obtido no final do passado mês de outubro, em Aigle, no velódromo localizado dentro da sede da União Ciclística Internacional, também na Suíça.

Recorde da hora novamente quebrado

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12 Ciclismo a fundo

show roomCube - www.cube.eu

Pode não ser das marcas de bici-cletas que patrocina uma equipa World Tour, mas esta empresa germânica sabe o que faz. Os

seus quadros são de qualidade, as de-

corações são cuidadas e as montagens não dececionam. É assim a coleção 2015 da Cube que assenta em quatro pilares – a Litening, a Agree, a Peloton e a Aerium. Não existe uma pura bi-

cicleta aerodinâmica em carbono para granfondos, mas a Agree GTC devido ao tipo de construção do seu quadro é a bicicleta mais adequada para este tipo de eventos.

Qualidade germânicaA Cube tem na sua coleção 2015 argumentos para lutar de igual para igual com as principais marcas do mercado. Falta apenas no catálogo um modelo aerodinâmico para atacar as longas jornadas em plano, mas isso pode não ser uma lacuna. Quer saber porquê? Leia o resto.

Texto: Carlos Almeida Pinto Fotos: Cube

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AGREE GTC SLReconhecida pela sua qualidade de construção e leveza, a Agree na versão GTC é uma bicicleta surpreendente. O modelo SL, por exemplo, é o mais leve e vem de origem com transmissão Shimano Ultegra de 11 velocidades. Sendo uma bicicleta para longas distâncias, conjuga uma pedaleira compacta (50/34) com uma polivalente cassete (11/28) que permite fazer mesmo as subidas mais exigentes. A Agree vem equipada com uma forqueta Race em fibra de carbono, direção cónica (de modo a filtrar as vibrações e a manter uma condução precisa) e rodas Fulcrum Racing 55 LG. Para melhorar o conforto foram ainda montados uns pneus 25C da Schwalbe: os One em kevlar. Temos de tirar o chapéu à montagem: traz também componentes Syntace.

Preço: (gama Agree GTC) de 1450€ a 2250€ Peso: 7,7 kg (versão GTC SL)

AERIUMFabricada tendo como único intuito a luta contra o tempo, a Aerium foi produzida tendo as mais avançadas tecnologias na área da aerodinâmica no seu ADN. Para além disso, é ajustável à fisionomia do ciclista, fazendo com que se adapte a qualquer pessoa. A versão de topo SHPC respira integração em cada detalhe. Por isso está preparada para acomodar transmissões electrónicas e cada cabo está oculto de modo a maximizar a aerodinâmica e potenciar a beleza estética. A versão de topo traz o grupo Di2 Dura Ace, pedaleira em carbono FSA Metron, cockpit integrado Profile Aeria em carbono, rodas Reynolds Aero 72/90 e o exclusivo selim Fi:´zi:k Tritone carbon. Tudo isto montado num quadro cuja testa e selim podem ser configurados ao gosto do cliente.

Preço: de 1899€€a 7999€ Peso: 8.15 kg (versão Super HPC SLT)

LITENING C68 SLT Este modelo topo de gama na versão com a nova tecnologia de aplicação de carbono C68 vem equipado com o que de melhor existe no mercado: o grupo eletrónico Dura Ace Di2, as aerodinâmicas rodas Mavic Carbone 40 e os fiáveis componentes Syntace em carbono. O quadro pesa menos de 750 gramas, tem direção cónica, cablagem interna e sistema Press Fit.

Preço: (gama Litening C68) de 3399€ a 7999€ Peso: 6,4 kg (versão C68 SLT)

PELOTONEsta gama de entrada ganha um novo modelo e a sua geometria foi melhorada visando o aumento do conforto. Com quadro em alumínio superleve existe em quatro montagens diferentes: a SL (com uma mescla de Shimano Ultegra e 105, rodas Mavic Aksium), a Race (transmissão Shimano 105 e rodas Fulcrum racing 77), a Pro (grupo Shimano Sora e rodas Shimano R501) e a versão de base intitulada apenas… Peloton (Shimano Claris e rodas Cube RA 0.7 Aero). Destacamos que o quadro comum a estes modelos tem dupla espessura, geometria RMF (tubo superior mais comprido) e cablagem interna.

Preço: de 739€ a 1299€ Peso: 8,75 kg (versão SL)

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show room

14 Ciclismo a fundo

Specialized – www.specialized.com

A Specialized redesenhou o seu modelo de topo e fez importantes upgrades nas restantes gamas de bicicletas. Mas as grandes alterações residem nos acessórios e no calçado. Saiba nestas páginas o que de mais importante estiveram os engenheiros de Morgan Hill a trabalhar nos últimos tempos.

Texto: Carlos Almeida Pinto Fotos: Specialized

Rumo a 2015

Os dividendos obtidos pelo facto de a Specialized patrocinar duas equipas World Tour estão à vista. Dezenas de vitórias atestam isto

mesmo e por isso não houve grandes alterações em termos de geometria na vasta gama deste construtor mas sim um upgrade em termos de montagem e, obviamente,

uma nova estética. A Tarmac, o porta--estandarte desta empresa californiana, foi a excepção, mas há também outras duas novas bicicletas a ter em conta.

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dezembro 2014 / janeiro 2015 15

TARMACPara 2015, a Tarmac traça um

novo rumo. Esta é a primeira bi-cicleta concebida com o conceito Rider First Engineered, ou seja, é o primeiro modelo deste construtor a ser concebido tendo como premissas os dados antropométricos do ciclista em primeiro plano, e só depois a cinemática. Deste modo, cada ciclista (alto ou baixo terá uma bicicleta integralmente pensada para si. O que se pretende é simples: que um ciclista que use um quadro 49 tenha as mesmas sensações de um que usa 56, e vice versa. Isto implica que existem sete tamanhos de quadro, com diferentes especificações em

termos de construção (dado que um quadro 56 não leva os mesmos reforços de um 49, por exemplo), uniformizando a performance, e elevando a fasquia em termos de qualidade geral. A Tarmac foi desenvolvida em parceria com a McLaren, tendo este modelo sido alvo de testes e simulações (reais e em 3D) como a indústria deste sector nunca viu. Segundo os engenheiros que desenvolveram a versão 2015 da Tarmac, o novo modelo tem um “melhor comportamento dinâmico, melhor resposta à pedalada (rigidez do eixo), melhor comportamento vertical e melhor aerodinâmica” em comparação com a versão de 2014.

ALIASO mercado do ciclismo feminino tem

vindo a crescer paulatinamente e este mo-delo tem tudo para fazer sucesso. Trata-se de uma bicicleta para senhora que pode ser usada tanto para estrada como em provas de triatlo. O quadro foi desenhado por

mulheres ciclistas, para mulheres ciclistas e isso é visível na geometria específica, e na escolha de componentes. O quadro e a forqueta são em fibra de carbono Fact 10r. Para além disso, o espigão de selim pode ser invertido, maximizando a posição de condução caso se pretenda fazer triatlo…

ou estrada. O guiador tem uma dimensão específica para a anatomia feminina (tal como o comprimento do avanço) e é compatível com extensores de clip para triatlo. Também o selim foi desenhado para o público feminino tendo em conta as especificidades.

PNEU TURBOA grande novidade neste pneu de alta

performance é a introdução do composto Gripton que melhora a aderência, a du-rabilidade e o seu comportamento em condições adversas. Utilizando maiori-tariamente borracha sintética reforçada com dióxido de silício, o Gripton sofre menos perda de composto do que a bor-racha natural. Os compostos dos pneus Gripton têm menos atrito interno e me-nor variação de temperatura resultante da deformação, rolando mais frios, mais suavemente, e de forma eficiente. Mais importante ainda, são mais velozes.

LUVAS BG GRAILEstas luvas têm um

novo sistema de acol-choamento Body Geo-metry desenvolvido pelo Dr. Kyle Bickel. Basicamente deixam de ter os múltiplos painéis de gel junto ao nervo ulnar e ossos do carpo, passando a ter somente um bloco mesmo no centro da palma da mão. A marca alega que os seus estudos referem que deste modo “mantém o fluxo sanguíneo e distribui a pressão nos tecidos mais sensíveis reduzindo assim a dormência nas mãos”.

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16 Ciclismo a fundo

Rodas Roval Rapid CLX 40 Disc SCSA Specialized não podia ficar de fora do mercado dos travões de disco, por isso lançou as suas rodas topo de gama com 40 mm de perfil em carbono com cubos SCS. Haverá duas versões, uma tubular e outra para pneu (vulgo clincher). Estão preparadas para o sistema Center Lock e em termos de enraiamento, possuem três raios DT Swiss cruzados do lado do disco e radial do lado oposto na roda dianteira e um cruzado dos dois lados na traseira. O cubo dianteiro é em carbono e alumínio, já o traseiro foi integralmente construído em alumínio CNC, contendo ambas as rodas no seu interior rolamentos cerâ-micos. Estas Roval são montadas à mão.

show room

DIVERGEEsta bicicleta é uma grande aposta deste construtor.

Não se trata de uma bicicleta pura de estrada mas sim de um modelo polivalente que pode ser utili-zado em estradões de terra batida, corta fogos em bom piso e qualquer terreno que queira explorar. A sua geometria de endurance permite voltas longas e viagens e pode acomodar pneus até 35c, fazendo com que o conforto seja a prioridade. Como traz travões de disco mecânicos, o mau tempo não é um problema. A Diverge tem quadro em alumínio A1 Premium, forqueta em carbono com elastómero Zertz e transmissão de 9 velocidades Shimano Sora.

Specialized – www.specialized.com

SAPATOS ELITEA versão 2015 dos sapatos Elite possui um sistema de ajuste alicerçado em dois velcros e um aperto

micrométrico e destaca-se pela sola refletora que é visível em 360 graus. Os Elite incorporam a

tecnologia BG Fit e a sola é fabricada em nylon injetado.

SAPATOS EXPERT Aliando a tecnologia Body Geo-

metry, um aperto rotativo Boa e uma sola de carbono cuja qualidade é sobejamente reconhecida, estes sapatos pelas características que ostentam estão ao nível dos topo de gama. O revestimento é termo--moldado, o tecido é leve e de fácil limpeza/secagem, contendo ainda micro-perfurações para uma mais rápida eliminação do suor.

SELIM S-WORKS PHENOMEste selim difere dos demais pela sua traseira redonda. É

leve, devido aos carris em carbono Fact e o seu design tem as insígnias Body Geometry. O acolchoamento é feito através de espuma EVA. Este selim existe na medida 143mm e pesa 153g, contudo existe ainda a versão Expert com duas medidas disponíveis: 143 e 155mm. Esta versão tem carris ocos em titânio e pesa 248g na versão de 143mm e 254g na versão de 155. Quem pretende o mesmo design mas numa versão mais barata encontrará no Pnenom Comp uma boa opção, possuindo carris em Cr-mo.

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dezembro 2014 / janeiro 2015 17

SAPATOS COMPA versão Comp sofreu um importante

upgrade ao passar a contar com aperto Boa. Desta forma estes sapatos de entrada de gama aliam qualidade a um preço justo. Os Comp englobam a tecnologia Body Geometry, sola em nylon injetado, revestimento em pele sintética e pormenores refletores.

SAPATOS DEFROSTERPara os dias chuvosos, a marca lançou este mo-

delo sem costuras. Construídos com isolamento Thinsulate, têm um cano alto em neoprene de modo a manter os pés quentes. O tecido é térmico, impermeável e contém pormenores refletores. A sola, por sua vez, é produzida em nylon e o aperto

é feito com um aperto Boa. Um pormenor que não podemos deixar de destacar é o facto de o design se enquadrar para a utilização de meias grossas, desde modo não é necessário comprar um número acima. Como todos os sapatos desta marca, possui sola exterior e palmilha Body Geometry.

SAPATOS EMBERAs senhoras também não foram esquecidas no

que ao calçado para ciclismo diz respeito. Os Ember aliam a tecnologia Body Geometry presente nos sapatos, palmilhas e cunhas com um design e di-mensionamento específico para o mercado feminino. A sola é em nylon, tem ajuste Boa e a lateral do tornozelo é mais baixa do que o tradicional para maior conforto.

SAPATOS SPORT E SPIRITAApesar de ser um modelo de base,

o seu design está ao nível dos S--Works topo de gama de há alguns anos, mas a um preço bastante aces-sível. Como não podia deixar de ser a tecnologia BG Fit está presente, a sola contém nylon injetado, o aperto é realizado mediante a utilização de três fitas de velcro e no revestimento estão presentes elementos refletores para maior segurança.

A gama Spirita é a versão fe-minina do Sport, tendo as mesmas valências mas adaptado à fisionomia específica dos pés femininos.

LUVAS DEFLECT Pensadas para o inverno, as luvas Deflect existem em duas cores

(preto e amarelo neon), tendo como pontos fortes a sua capacidade térmica (corta-vento e respirável), sendo confortáveis e polivalentes. O tecido contém a tecnologia Wiretap que permite usar ecrãs táteis sem retirar a luva, a palma é resistente à água, tem o cano alto (zona do punho) e, como não podia deixar de ser, contempla bandas refletoras.

GUIADOR S-WORKS CURVA SHALLOW CARBONEste guiador em carbon (200g)

foi desenhado com o objetivo de melhorar o conforto e o controlo, sendo a grossura do mesmo adaptada à maioria das mãos. A parte dianteira é mais achatada de modo a acomodar duas guias de cabos e o aperto é sobredi-mensionado (31.8mm). O drop é de 123mm e o alcance de 75. Está disponível na medida 42 e 44.

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teste :: Trek Émonda SLR 10

18 Ciclismo a fundo

AVALIAÇÃO Performance: 5 | Qualidade/preço: 5 | Periféricos: 5 | Rodas: 4,8 | Global: 5

Preço: 13.299€

A mais leve de sempre

VEJA AQUI

O VÍDEO DO TESTE

Page 19: Ciclismo a Fundo Nº 36

dezembro 2014 / janeiro 2015 19

Com origem no verbo francês “émonder”, que significa des-pojar ou podar, a designação desta nova bicicleta da norte

americana Trek não é desprovida de sentido. Os engenheiros deste cons-trutor tinham como intuito produzir uma nova gama ultraleve, eliminando todo o compósito que estivesse a mais, mas sem comprometer em termos de performance. A Émonda é fruto de um projeto que durou perto de 30 meses e que conduziu ao fabrico desta nova plataforma que inclui diferentes mon-tagens, sendo o modelo que testamos o mais leve e exclusivo. Cada milímetro desta nova bicicleta foi pensado de forma a existir sempre um compro-misso entre a matéria prima e a esté-tica, a funcionalidade e a performance e o resultado está à vista.

CONSTRUÇÃO MANUALOs requisitos da marca eram bem

claros e as metas a que se propunham foram atingidas com números que parecem impossíveis para quadros em série.

Segundo o responsável pelo desen-volvimento da Émonda, Ben Coats, a ideia base era construir de raiz uma bicicleta completa (isto é, cada com-ponente deveria ser da própria casa e desenhado com o intuito de integrar este modelo), já que a marca detém o "know-how", e só depois concentrar-se nos detalhes do mesmo. O design é minimalista, imperando linhas sóbrias e poucos ou nenhuns malabarismos estéticos ou até fórmulas “light” como escoras da grossura de lápis para que se atinjam as metas propostas. Na verdade, a Émonda SLR 10 utiliza o exclusivo carbono OCLV - super resis-tente e leve - com um eixo BB90, tal como os modelos de topo da Madone e Domane.

Os pré-requisitos da marca não se ficam apenas pela leveza do mo-delo mas também pela condução e versatilidade do mesmo por forma a proporcionar melhores resultados em

qualquer tipo de situação ou piso. A proposta neste sentido passa igual-mente por causar sensações marcantes a cada pedalada e para isso a marca contou com a parceria da equipa Trek Factory Racing e da Bontrager na ob-tenção de input´s valiosos por parte de atletas como Bob Jungels, Frank Schleck ou Markel Irizar. O feedback foi tão produtivo que a marca fez dezenas de modificações no molde com o objetivo de proporcionar uma excelente performance em primeiro lugar, e uma leveza fora de série em segundo. Todo este processo foi feito em Waterloo, nos EUA, onde a Trek tem uma fábrica e foi logo decidido que a construção deste modelo seria manual e que cada modelo que saísse da fábrica teria garantia vitalícia. Sur-preendente, não é?

Para garantir que a meta (perfor-mance e peso) era atingida, a marca recorreu igualmente ao reputado fa-bricante germânico de acessórios em carbono Tune, o qual tem merecido boas pontuações no que à qualidade e leveza dos seus produtos diz respeito. O selim, rodas tubulares e chavetas nesta Émonda são deste fabricante. Mas há mais componentes ultraleves nesta bicicleta e dignos de registo. Por exemplo, o guiador/avanço Bontrager XXX totalmente em carbono, que é 75g mais leve do que um conjunto separado avanço e guiador (duas pe-ças). Para além disso é mais rígido. Ao nível de travagem a marca recorre mais uma vez à tecnologia da casa com a utilização de mandíbulas de travão Bontrager Speed Stop de montagem direta no quadro, permitindo assim assegurar uma redução do peso em 35g por pinça sem contudo diminuir a capacidade de travagem que, segundo a marca, aumenta com a utilização deste sistema.

A nível da transmissão a escolha recaiu no leve e fiável grupo Sram RED na versão compacta (50/34) com 22 andamentos. A geometria deste modelo situa-se entre a Domane e a Madone

- de onde, inclusive, a marca retirou alguns traços -, não sendo tão nervosa como a Madone, nem tão “relaxada” como a Domane.

Quanto ao resultado na balança, o quadro apresenta uns impressionantes 690g (como referência, cerca de 187g menos que a Cannondale Super Six Evo Black Label) e a forqueta 280g. E se compararmos dentro da própria Trek (com o mesmo nível de equipamento), a Émonda completa pesa menos 336g do que a Madone 7 Series e menos 608g do que a Domane 6 Series. Realmente impressionante.

NO TERRENOOs 4.65 kg deste modelo são sem

dúvida alguma um marco na cons-trução de modelos em série. É certo e sabido que uma bicicleta tão leve pode estar associada apenas a subidas mas a Émonda surpreende ao agarrar-se bem ao solo quando utilizada em ter-renos mais irregulares como a calçada portuguesa ou mesmo estradas com asfalto degradado. Por ser tão leve imaginámos à priori que a Émonda iria ter um comportamento bizarro neste tipo de piso, saltando com a trepidação da calçada, mas passou-se exatamente o contrário. Aliás, não causa qualquer sensação de insegurança ou descon-trolo – o que por vezes pode acontecer neste segmento de pesos pluma.

Subir é um prazer, não só pelo reduzido peso, mas também porque a rigidez da zona sobredimensionada do eixo pedaleiro canaliza toda a potência da pedalada para o solo fazendo com que que se sinta uma resposta direta e imediata, visível sobretudo quando pedalamos em pé ou fazemos acele-rações e mudanças de ritmo.

A escolha de acessórios prima pela leveza e a utilização dos aros Tune pode causar a sensação de torção do quadro, embora essa mesma torção seja notória apenas a nível das rodas fazendo, inclusive, com que as mesmas rocem os calços de travão assim que pedalamos em potência fora do selim.

Qualquer adjetivo será insuficiente para classificar a nova proposta da Trek… A Émonda SLR 10 é pura e simplesmente a bicicleta de série mais leve do mundo com um peso de apenas 4.65 kg num tamanho 56. Mas como se comporta na estrada? Leia e tire as suas próprias conclusões.

Texto: Luís Lourenço e Carlos Almeida Pinto Fotos: Pedro Lopes Ciclista: Luís Lourenço

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20 Ciclismo a fundo

Quadro: Carbono P2T 10

Forqueta: Carbono P2T 10 T4

Transmissão: Sram Red 22

Rodas: DT Swiss RRC32T

Peso: 4,95 kg

Rival: Focus Izalco Max 0.0

Não faltam componentes exclusivos nesta bicicleta: mandíbulas Bontrager, guiador/avanço numa única peça e o levíssimo selim Tune

A nível de performance este modelo é talvez o mais completo que tivemos oportunidade de testar

Preço: 9.499€

Opiniãodo ciclista

O ciclista que procura a supra sumo da leveza encontrará na Émonda SLR 10 a única bicicleta no mundo que confere esse pergaminho mas também um cui-dado notório ao nível da performance, qualidade de construção e rigor na escolha dos componentes.

Luís Lourenço

MelhoramentosCiclistas mais pesados poderão não achar o selim Tune confortável. Mas lá está: depen-de do gosto de cada um.

:: Trek Émonda SLR 10teste

Page 21: Ciclismo a Fundo Nº 36

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A decoração discreta esconde uma máquina

que mais do que ser super leve, é performante e

equilibrada

Ficha técnicaQuadro: Trek carbono OCLV 700

Forqueta: Trek Carbono OCLV 700

Direção: Cane Creek ERA 1-1/8” - 1.5”

Manípulos: Sram Red 22 11v

Mudanças: Sram Red 22 11v

Travões: Bontrager Speed Stop

Pedais: Não incluídos

Eixo Pedaleiro: Press Fit BB 90

Alavancas Sram Red dos pedais:

Cremalheiras: Sram Red compacto 50/34

Cassete: Sram X-Glide 1190 11-25 11v

Corrente: Sram Red 22

Avanço: Bontrager XXX em Carbono

Guiador: Bontrager XXX em Carbono

Selim: Tune Komm-Vor Plus em carbono

Espigão de selim: Bontrager SLR Ride Tuned Carbon

Rodas: Tune Skyline em carbono (tubular)

Tamanhos: 50, 52, 54, 56, 58, 60 e 62

Pneus: Vittoria Crono CS Tubular 700x22c

Peso: 4.65 kg em tamanho 56 (sem pedais)

Preço: 13.299 euros

Importador: Bicimax – www.bicimax.pt

Site: www.trekbikes.com

KO » Preço» O selim não é o mais consensual

» Peso» Periféricos » EstéticaOKA rolar e descer, a Émonda revelou-

-se uma agradável surpresa, com o seu cockpit curto a permitir retirar o máximo partido das curvas, mas deixe que lhe diga que curvar nesta bicicleta requer alguma habituação pois qualquer toque no guiador ou no travão terá uma resposta direta por parte da bicicleta. A sua capacidade de travagem é notável tanto em piso seco como em molhado, fruto dos calços específicos para carbono. Nesse campo também ajudam as mandíbulas Bontrager que, para além de leves, têm uma “mordida” potente e homogénea.

No que toca ao preço, é sem dúvida elevado para um comum mortal mas a qualidade tem um preço e aqui paga-se (e bem) por isso. Mas não se esqueça de que estamos a falar da bicicleta mais leve do mundo (nem os profissionais a podem usar em competição por ser mais leve do que o limite mínimo UCI), para além disso é fabricada à mão nos EUA, tem garantia vitalícia e na sua construção foram usadas as mais avançadas tecnologias.

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22 Ciclismo a fundo

teste :: Fuji Transonic 1.3

AVALIAÇÃO Performance: 4,5 | Qualidade/Preço: 4 | Periféricos: 4 | Rodas: 3,7 | Global: 4,05

Na sua construção, os enge-nheiros da Fuji utilizaram muitos dos ensinamentos e tecnologias de construção na

área do aerodinamismo obtidos após os testes feitos no túnel de vento com a bicicleta Norcom Straigth (a impo-nente máquina de contrarrelógio deste construtor). Isso é visível em vários pormenores da Transonic, com especial destaque para o tubo vertical, escoras e espigão de selim.

QUADROOlhando para esta Transonic saltam-

-nos logo à vista os detalhes padrão de uma bicicleta “aero”. Foi desenhada com zonas massivas de intersecção dos tubos com o objetivo de otimizar a rigidez. Exemplo disso são as enormes e assimétricas escoras e centro pedaleiro PF30 para uma eficiente transferência de energia. As curvas do tubo vertical (ao redor da roda traseira) exemplifi-cam bem quais são as atuais tendências neste tipo de bicicletas aerodinâmicas.

A integração do tubo diagonal, forqueta e testa do quadro cria uma área muito “clean”, maximizando a passagem do fluxo de ar. O espigão do selim é em forma de gota de água, sendo a superfície frontal áspera para evitar que escorregue pelo tubo verti-cal. Já o aperto, no tubo horizontal, é integrado, e quanto a nós, não é dos

mais práticos quando necessitámos de fazer ajustes, devido ao seu difícil acesso com uma chave sextavada.

Grande destaque desta Fuji é o facto de ambos os travões serem direct--mount, permitindo usar, por exemplo, pneus com 28mm ou mais e rodas de carbono com um aro mais pronunciado. A travagem é também mais potente.

EQUIPAMENTOA transmissão que equipa esta Fuji

Transonic está em total consonância com o quadro. O fantástico Shimano Dura-Ace 9000 mecânico de 11 ve-locidades vem aumentar ainda mais o nível desta máquina. Além do seu aspeto sólido e robusto, todo o seu funcionamento é suave e preciso. A marca japonesa não desiludiu e a fasquia foi mais uma vez elevada. Todos os restantes componentes, à exceção da caixa de direção – são da marca da casa. O avanço é um Oval 3D 7050 em alumínio e o guiador um 910 em carbono, ambos de 31,8mm. O espigão do selim é um Transonic Aero em carbono. O selim é o Oval R700, o qual considerámos o elo mais fraco desta bicicleta. As rodas, um misto de alumínio e carbono, são as 950F da Oval com 18 raios na roda dianteira e 24 na traseira. A Transonic traz pneus Vittoria Rubino Pro Slick que com o piso seco mostraram grande eficiência,

porém com chuva ficaram um pouco aquém do desejado. Apesar de os peri-féricos não serem de topo, o peso desta bicicleta é bastante aceitável – 7,28 kg (sem pedais em tamanho M).

COMPORTAMENTOEsta Transonic revelou ser uma bici-

cleta muito polivalente, quer estejamos apenas a rolar com os amigos quer o intuito seja mais aplicar um ritmo de competição. Tem uma grande veloci-dade de reação à saída das curvas ou em mudança de velocidade e a rolar denota todo o seu potencial fruto do design aerodinâmico. É claramente um quadro rígido e o controlo é to-tal, sente-se mesmo que nos podemos inclinar nas curvas mais apertadas ou rotundas com toda a confiança, muito ajudado pela irrepreensível segurança de travagem. Em piso mais irregular/degradado ou acidentado não é a mais confortável mas não chegou a deixar passar em demasia as desagradáveis vibrações. Roladora nata, as sensações em alta velocidade foram as melhores, tal como a condução. Tendo em conta que é uma bicicleta aero, nas subidas não comprometeu.

Em suma, a Fuji criou uma bicicleta muito útil para ciclistas que desejam uma bicicleta rápida que tanto é adequada para o dia a dia como para competição pura.

Estreada no Tour de France deste ano pela equipa NetApp-Endura, a Transonic é a primeira bicicleta aerodinâmica da Fuji para etapas em linha. Vamos ver como se comportou durante o teste.

Texto: Rodrigo Baltazar Fotos: Pedro Lopes Ciclista: Rodrigo Baltazar

Aerodinâmicaem estado puro

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Preço: 3.799€

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24 Ciclismo a fundo

O aperto do espigão de selim não é de fácil acesso/ajuste

As rodas Oval de perfil alto ajudam a manter a aerodinâmica do conjunto

Atingir altas velocidades nesta Transonic é tarefa fácil

Quadro: Advanced Grade Composite carbono

Forqueta: Advanced-Grade Composite carbono

Transmissão: Shimano Ultegra Di2 11 v

Rodas: Giant P-SLR 0 Aero

Peso: 7,45 kg*

*peso anunciado pela marca

Rival: Giant Propel Advanced Pro 0

Preço: 4.699€

Opiniãodo ciclista

Rápida, rígida, estável e aerodinâmica são os adjetivos para descrever esta Transonic. Roladora nata, foi com al-guma facilidade que atingimos grandes velocidades. É equilibrada a descer e a curvar.

Rodrigo Baltazar

MelhoramentosPodemos considerar o selim o elo mais fraco deste conjunto.

:: Fuji Transonic 1.3teste

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A Transonic tem claramente alguns pormenores que

derivam da Norcom (a bicicleta de contrarrelógio

deste construtor)

Ficha técnicaQuadro: Carbono C10 de alto módulo

Forqueta: FC – 330 monocoque em carbono

Direção: FSA, 1 1/8” – 1 1/2”

Manípulos: Shimano Dura-Ace 9000 STI 11V

Mudanças: Shimano Dura-Ace 9000 STI 11V

Travões: Shimano Dura-Ace 9000 Direct Mount

Pedais: Não incluídos

Eixo Pedaleiro: Praxis

Alavancas: Shimano Dura- Ace 9000

Cremalheiras: Shimano Dura-Ace 9000 52/36

Cassete: Shimano Dura-Ace 9000, 11-25, 11 v

Corrente: Shimano Dura-Ace 9000, 11 v

Avanço: Oval Concepts 713, 3D 7050 alumínio, 31,8mm

Guiador: Oval Concepts R910, Carbono, 31,8mm

Selim: Oval Concepts R700

Espigão selim: Transonic Aero carbono

Rodas: Oval 950F carbono/ alumínio para pneu

Pneus: Vittoria Rubino Pro Slick, 700x23mm

Tamanhos: 46, 49, 52, 54, 56, 58 e 61cm

Peso: 7,28 kg (tamanho M s/ pedais )

Preço: 3.799 euros

Importador: Iberciclo – 234 741 777

Site: www.fujibikes.com

KO» Não podemos deixar de referir que o selim não está à altura do resto do equipamento

» Condução e performance» Rigidez» Estética» Rodas de perfil alto

OK

Page 26: Ciclismo a Fundo Nº 36

26 Ciclismo a fundo

teste :: Viper Verbier Shimano 105

AVALIAÇÃO Performance: 3 | Qualidade/Preço: 4 | Periféricos: 3,6 | Rodas: 3,5 | Global: 3,5

Preço: 1598,89€

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Conhecida como uma das subidas mais difíceis da Volta a França, a escalada até ao topo do Verbier foi testemunha de algumas das

melhores batalhas de sempre, consa-grando campeões como Alberto Contador. Por isso, foi sem surpresa que a marca Viper batizou uma das suas gamas com o nome da localidade suíça. Desconhecida da maioria dos portugueses, a Viper tem como principais atributos a construção em carbono das suas bicicletas, utili-zando fibras unidirecionais de forma a maximizar a rigidez, e principalmente o facto de ser comercializada exclusi-vamente pela loja online ProBikeShop (www.probikeshop.pt).Testar bicicletas de marcas relativamente desconhecidas, suscita quase sempre o instinto aventureiro que há em nós. Quer seja numa volta de treino em que andamos sozinhos, ou numa saída em grupo, apresentar uma montada diferente do habitual pode jogar contra nós – se a bicicleta se comportar mal ou (Deus nos livre) se for feia – ou jogar a nosso favor – caso a decoração e prestações sejam invejáveis. Felizmente, a Verbier revelou pertencer ao segundo grupo.Começando exatamente pela decoração, a Verbier apresenta um vistoso padrão vermelho/preto/branco. Sendo o quadro predominantemente lacado a branco, vão aparecendo laivos de preto no tubo horizontal e forqueta. O vermelho é maio-ritariamente aplicado no tubo diagonal, enfatizando a marca a branco. Sem ser deslumbrante, a pintura de guerra esco-lhida para esta Viper é bastante agradável, sendo reforçada por uma qualidade de acabamentos boa. Já a escolha de peri-

féricos deixou-nos um pouco confusos. Optando pela segurança do novo grupo Shimano 105 5800, que passa a vir com uma cassete de 11 relações, foi-nos en-viada uma bicicleta com guiador, avanço e espigão de selim da própria marca, e não com componentes Ritchey como anunciado no site da Probikeshop. Devido provavelmente à escassez de material, esta aparente troca não prejudica o com-portamento da bicicleta, mas desvaloriza um pouco o modelo.

AGRESSIVA E COMPETENTELogo nas nossas primeiras saídas com a Verbier, ficou bem patente o seu caráter sólido. Equipada com umas resistentes rodas Shimano RS10, calçando uns igual-mente robustos e polivalentes pneus Sch-walbe Lugano, de medida 23c, a Verbier depressa nos convenceu como roladora, com o quadro em carbono a filtrar de forma assertiva as vibrações do rola-mento. Com a transmissão de potência assegurada pelo rígido triângulo traseiro, assente em escoras sobredimensionadas, a manutenção da velocidade é fácil, mesmo quando a estrada empina ligei-ramente. Outro ponto a favor é a posição agressiva. Com uma testa baixa e um tubo horizontal relativamente comprido, o corpo vai numa posição mais alongada e aerodinâmica, ideal para cortar o vento e atingir velocidades superiores.É só quando o gradiente aumenta, que as lacunas de um quadro pesado – 8,4 quilogramas na balança da Ciclismo a fundo (peso da bicicleta completa sem pedais) - e umas rodas com massa a mais nos são reveladas. Sem capitular, a Verbier parece mastigar cada peda-

lada, progredindo a custo e sem brilho. Aqui, um dos principais culpados é o peso excessivo das rodas RS10, muito boas para utilizar nos meses de inverno, com chuva e frio, mas pouco à-vontade quando a pendente ganha dois dígitos de percentagem. Curiosamente, a posição agressiva que tanto beneficia a Verbier no plano, torna-se desconfortável nas subidas, mesmo com as mãos na parte de cima do guiador, demasiado fino para garantir uma pega firme. Em descida a Verbier volta a ganhar alento, brindando a coragem do ciclista com um instilar de confiança só possível graças a uma frente rígida e incisiva.Melhorando significativamente a relação preço/qualidade, a escolha dos periféricos Shimano 105 é bastante acertada. De funcionamento fiável, com a opção das 11 velocidades, e travões de mordida inicial sensível e comunicativa, o popular grupo nota bem a herança da tecnologia dos grupos que se lhe posicionam acima. Confortável e igualmente bem decorado, o selim Selle Italia X 1 Flow apenas perde por estar aplicado num espigão em alumínio de medida 31,6mm. Uma dimensão bastante popular no BTT, mas que numa bicicleta de estrada neutraliza o amortecimento necessário ao conforto em longas tiradas.Agressiva na decoração e na oferta de equipamento, a Viper Verbier 105 convenceu-nos pela sua capacidade a rolar e destreza a descer. Mas também por ser uma escolha acertada para quem procura pela primeira bicicleta com qua-dro em carbono. Uma verdadeira cobra do asfalto, pronta a atacar qualquer percurso com gosto.

Com a sua decoração exuberante, equipamento bem escolhido e quadro em carbono, a Viper Verbier apresenta-se como uma séria candidata ao coração dos ciclistas portugueses. Ideal para quem quer experimentar o carbono ou a polivalência das 11 velocidades.

Texto: Ricardo José Gouveia Fotos: João Carlos Oliveira Ciclista: Ricardo José Gouveia

Cobrado asfalto

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28 Ciclismo a fundo

:: Viper Verbier Shimano 105teste

O selim pode ter a designação Viper mas foi construído pela Selle Italia

O guiador tem um drop pronunciado e é demasiado fino

A geometria agressiva desta Viper pode não ser do agrado de todos mas o preço e a decoração convencem

Ficha técnicaQuadro: Carbono monobloco

Forqueta: Carbono

Direção: FSA ACB 1”1/8

Manípulos: Shimano 105 5800

Mudanças: Shimano 105 5800 11v

Travões: Shimano 105

Pedais: Não incluído

Eixo pedaleiro: Shimano 105

Alavancas pedais: Shimano 105 5800

Cremalheiras: Shimano 105 50/34

Cassete: Shimano 105 5800 11/28

Corrente: Shimano 105 5800

Avanço: Viper 80mm alumínio

Guiador: Viper alumínio

Selim: Selle Italia X 1 Flow

Espigão de selim: Viper 31,6mm alumínio

Rodas: Shimano RS 10

Tamanhos: 50, 53, 56, 59

Pneus: Schwalbe Lugano 700 x 23c

Peso: 8,4 kg (M, sem pedais)

Preço: 1598,89 euros

Importador: ProBikeShop

Site: www.probikeshop.ptKO » Diâmetro do espigão de selim» Peso total

» Grupo Shimano com 11 velocidades» Decoração apelativa» Qualidade de construção

OK

Quadro: Carbono Fact 8r

Forqueta: Carbono Fact

Transmissão: Shimano Sora

Rodas: Axis 1.0

Peso: Não divulgado

Rival: Specialized Roubaix SL4

Preço: 1.525€

Opiniãodo ciclista

Competitiva na gama de preço prati-cada, a Viper Verbier é uma proposta bastante tentadora para quem pela primeira vez procura um modelo em carbono. Bem equipada e com aca-bamentos de qualidade, a bicicleta vendida em exclusivo na loja virtual ProBikeShop só perde na escolha de uma geometria tão agressiva de qua-dro, pouco recomendada a quem se inicia na modalidade.

Ricardo Gouveia

MelhoramentosNão havendo nada a fazer acerca do diâ-metro escolhido pela Viper para o espigão de selim, este pode sempre ser mudado por um moldado em carbono. Dadas as propriedades elásticas do material compó-sito, o conforto seria beneficiado, e o peso também.

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30 Ciclismo a fundo

show roomFestival Bike 2014

PONTAPÉ NA CRISEUm número acrescido de expositores, associado a um aumento no número de visitantes comparativamente a 2013, atestam o sucesso do XI Festival Bike. Entre 17 e 19 de outubro, a maior feira nacional animou o CNEMA, em Santarém, e deixou sinais de que a indústria das bicicletas se apresta a viver tempos de prosperidade. O futuro, esse, começa agora!

Texto: Fernando Lebre Fotos: Luís Duarte

Abimota Alexandre DiasA Associação Nacional das In-dústrias de Duas Rodas, Ferragens, Mobiliário e Afins voltou a demons-trar que a indús-tria das bicicletas é uma verdadeira ciência.

A norte-americana Rock Machine foi rainha e senhora deste espaço. Fa-zendo da fibra de carbono uma amiga de todas as horas, o modelo Race Ri-der 1300 é o topo de gama desta marca. Se quiser que esta bicicleta faça parte da sua coleção saiba que terá de despender 2790 euros.

Altis

Com grande tradição no pelotão nacio-nal, a marca portuense está de regresso às origens assinalando os seus 65 anos de vida com a gama Prolite Invictus. Enfatizando as sete vitórias daquela empresa na Volta a Portugal, estava ainda em exposição a bicicleta Altis com que Venceslau Fernandes venceu a prova maior do ciclismo nacional em 1984. Casco, Weed, Nalini, Polar, Zefal, Sigma ou Sidi são outros dos fabricantes de renome a figurarem no vasto reportório da empresa nortenha.

Desde fevereiro que esta empresa tem a seu cargo a representação da Bicycle Line. Outra das marcas ali em destaque é a italiana Salice. Os óculos 011 deste fabri-cante, modelo utilizado recentemente por Rui Costa, foram objeto de muita curiosidade.

Aporsports

Foi concorrido o outlet levado a cabo pela Bikezone. Neste stand, a Assos assumiu papel principal. Na retina ficou-nos também a camisola interior Skinfoil 5/7 e Skinfoil 6/7, assim como o gel Skin Repair preparado para fazer face às incómodas assaduras que por vezes surgem nas zonas endógenas.

Bikezone

Page 31: Ciclismo a Fundo Nº 36

dezembro 2014 / janeiro 2015 31

Biciway

Bicimax Brompton

Bicibike

Berria

A marca apresentou um novo sistema de esta-cionamento de uso partilhado com impressão a laser, em vez da tradicional impressão digi-tal, permitindo ganhos ao nível da inserção de publicidade e diminuindo os riscos de vandalismo. Em foco esteve também o Urban Fix, equipamento que venceu recentemente um prémio de Inovação e Equipamento e que já comporta pressão até 12 bars.

Todos os diálogos giravam em torno da Trek Émonda, com a marca-norte americana a apresentar ao mercado uma bicicleta com um peso pluma (4.650 kg). A Émonda SLR 10 é o pináculo de toda a coleção e colocou muitos consumidores a sonhar, não obstante o seu preço: 13.299 euros. A nível de acessó-rios, o capacete Velocis CE com as cores da equipa Trek Factory Racing, da Bontrager, e os sapatos Extreme Tech Plus da Northwave, modelo utilizado por Rui Sousa na Volta a Portugal, tiveram boa aceitação.

A Lapierre Aircode, utilizada pela equipa gaulesa Française des Jeux na mais recente edição da Volta a França, foi rainha e senhora no espaço da Bicibike.

Uma exposição permitiu conhecer o processo de construção dos quadros da marca onde se destaca a fibra de carbono TeXtreme, também utilizada por escuderias de Fórmula 1. Os fãs da Efapel/Glassdrive deliciaram-se com o modelo Belador 2.0 SL utilizado pela equipa ao longo de 2014. Com 25 meses de vida e a ambição de aumentar a sua implementação nas lojas nacionais, os responsáveis da Berria apostam também na Falcon 2 como arma para cativar o grande público.

Bike CenterCom um peso de 470 gr, e tendo os triatletas como público-alvo, o Aero-light BHB-58 é uma das apostas da BBB para 2015. A marca apresenta ainda novas cores ao nível das fitas de guiador (na imagem), com o fúcsia e o azul--marinho a estarem em voga. Já no que concerne à Sensa, as atenções recaem nas

cativantes linhas da Calabria. Menção ainda para as rodas RFC 55 Elite da Supra, marca de acessórios da Sensa. Concebidas em carbono, contam com 20 raios sapim CX Delta pretos à frente e 24 atrás. O peso da roda dianteira é de 730 gr, com a roda traseira a pesar 910 gr.

Bike4UsAs mais recentes criações das afamadas MS-Tina e Rudy Project puderam ser encontradas neste espaço.

BikeserviceCom um Granfondo composto por 163 quilómetros e um Mediofondo constituído por 106, neste espaço foi apresentado o Douro Granfondo`15, agendado para 3 de maio. Neste stand anunciava-se ainda a edição inaugural da Subida da Boavista, evento que a 13 de junho animará a vila do Gerês e an-tecipará o III Gerês Granfondo, aprazado para o dia seguinte.

Biketreino

A Biketreino apresentou em Santarém um novo serviço de biomecânica, para que o ciclista adquira a bicicleta mais condizente com as suas características morfológicas, retirando assim as melhores performances da mesma.

A Brompton, uma das mais conhecidas e conceituadas marcas de bicicletas dobráveis, apresenta uma vasta e apelativa linha de cores para o próximo ano.

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32 Ciclismo a fundo

show room

Canyon

Ciclismo a fundo e BIKE Magazine

Cinco Quinas

Castanheira & Castanheira

CBK

Após quatro anos de ausência, o regresso da Canyon foi saudado em Santarém. Os amantes da competição não perderam a oportunidade de ver de perto a Aeroad SLX 7.0, resultado final da renovação implementada na linha Aeroad e que resulta do feedback oferecido por Joaquim “Purito” Rodriguez. Com os Granfondos em voga, não suscitou estranheza que a Endurace CF 9.0, delineada para oferecer conforto em longas quilometragens, tenha igualmente sido dos modelos mais procurados naquele stand.

O Festival Bike voltou a ser uma ocasião privilegiada para trocarmos ideias com os nossos leitores e parceiros. Lançámos campanhas especiais de assinaturas, vendemos produtos de “merchandising” e fomos responsáveis pela realização de aguerridas partidas de matraquilhos. Gostámos de estar consigo!

Esta nova marca portuguesa conta com de-sign nacional, embora o processo de fabrico tenha lugar em Itália. Durante os três dias do certame, o modelo Black despertou bastante atenção ao nível do vestuário. Muitos foram também aqueles que provaram a Flap Jack, barra energética de aveia, disponível em 11 sabores e com um pvp de 1.30 euros.

Esta firma vive um período de investimento e isso ficou patente no imponente espaço ocupado no Festival Bike. A Revelator Prestige DI2, fabricada em liga de nano-carbono premium, conta com o estatuto de topo de gama da KTM para 2015 e fez furor em Santarém. Em foco esteve igualmente a Revelator Sky, concebida para enfrentar as exigências dos Granfondos. A empresa minhota possui agora também no seu catálogo a polaca Kross, marca de bicicletas que se destina a um mercado de iniciação, com preços bastante convidativos.

Esta marca faz da conceção de rodas a sua especialidade, e a série Speed comprova que não deixa os seus créditos por mãos alheias. Feitas à mão, possuem uma estrutura em carbono, mas contam com um reforço interior em alumínio na zona de travagem, que não é visível à vista descoberta. Com 18 raios à frente e 21 atrás (14 do lado direito e 7 do lado esquerdo), o preço da série Speed varia entre os 730 e os 820 euros, sendo comercializada com raios nas seguintes cores: vermelho, branco, azul e preto. Esta fabri-cante comercializa igualmente quadros e componentes.

Festival Bike 2014

Ciclo CoimbrõesDisponível em preto, amarelo e branco, e pesando 230 gramas no tamanho L, o capacete Mavic Cosmic Ultimate foi um dos polos de atração da Ciclocoimbrões neste certame. Concebida com recurso à tecnologia ACE, utilizada pela NASA, também a BMC Team Machine SLR 01 e o grupo Force CX1 da Sram, propício para os amantes de ciclocrosse, ou as novas fitas de guiador da Selle Italia, foram tema de conversa.

Cofides “O que é nacional é bom!” A frase é velhinha, mas aplica-se bem à Cofides. A jersey X10 e os calções Evo, decorrentes do tra-balho desenvolvido em parceria com a equipa LA Alumínios/Antarte, serão os baluartes da linha de estrada em 2015.

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Compressport

Decathlon

Cycling Sports Group

Dahon

Coluer

Na Compressport destacava-se uma camisola interior com a tecnologia On-Off, em que milhares de alvéolos se abrem ou fecham consoante a expansão ou a inibição da caixa torácica durante o esforço físico. Em períodos de maior intensidade de esforço, em que a caixa torácica aumenta, os alvéolos abrem, permitindo uma maior respiração da pele e o consequente arrefecimento do corpo. Já quando a intensidade de esforço diminui os alvéolos fecham e formam uma camada que impede a redução da temperatura corporal.

Gostámos de provar a barra energética Choco Cereals da Aptonia, marca de nutrição da Decathlon. Disponível em cinco sabores: avelã, coco, frutos silvestres, banana e laranja, custa 1.99 euros (caixa com 5 unidades). Com um pvp inferior a 80 euros, também o rolo de treino Hometrainer In’ride 300 esteve em foco. No que concerne às bicicletas, a B’Twin Mach 700 e a Triban 500 cativaram novos fãs pela sua relação preço/qualidade.

A GT Grade Carbon 105, que permite uma utilização multifacetada para além da con-vencional volta de estrada, concedeu um ênfase adicional à coleção da GT. Também a extensa gama da Cannondale, com particular realce para a nova Synapse com travões de disco, não deixou indiferentes os aficionados deste fabricante. De igual modo, a Fabric marcou presença neste stand, com o selim Scoop a deixar-nos boa impressão. Do mesmo modo, a linha de vestuário da Sugoi cativou a atenção pelo seu estilo descontraído, criativo e irreverente.

A Vitesse D8 é o modelo mais vendido da marca em Portugal e foi a “menina bonita” daquele espaço. Ao nível das novidades, a EEZZ D3 e a MUSL, com dez velocidades e um design desportivo, demonstraram porque são cada vez mais os portugueses que veem nas bicicletas dobráveis não só um instrumento de lazer, mas também um útil veículo de transporte.

A Coluer vai ganhando paulatinamente uma maior relevância no mer-cado nacional. No Festival Bike, as atenções direcionaram-se para a nova Top Chrono 50 que apresenta uma geometria mais racing, sendo desenhada para o mundo da alta competição. Também a Powerbar, que tinha em destaque a nova wafer Energize bar com sabores de chocolate e de iogurte de framboesa, assim como a Catlike, passam a ser representadas no nosso país por esta empresa.

As atenções recaíram na nova versão da Cor-ratec CCT PRO, evolução da bicicleta com que Gustavo Veloso venceu a Volta a Portugal e que apareceu na feira fazendo uso do novo grupo Dura Ace. No naipe de importações desta empresa surge agora também a marca Vittoria, com o modelo Triathlon, ao nível dos sapatos, e o V-500, no que concerne aos capacetes, a deixarem otimistas os respon-sáveis da DMaker.

DMaker

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34 Ciclismo a fundo

show roomFestival Bike 2014

Iberciclo

FPCUB

OFM/Quinta da Lixa, LA Alumínios/Antarte, Banco Bic/Carmim, Efapel/Glassdrive e Centro de Ciclismo José Maria Nicolau aproveitaram a ocasião para um estreitar de relações com os adeptos. Ao longo dos três dias do certame vários foram os atletas destes conjuntos pre-sentes em sessões de autógrafos. O vencedor da Volta a Portugal Gustavo Veloso foi dos mais requisitados.

A feira escalabitana foi o mote para um olhar mais atento sob a vasta gama da Fuji. Como não podia deixar de ser, a Altamira, que teve grande eco em Portugal por ter sido a máquina escolhida pela equipa NetApp/Endura - onde pontificam Tiago Machado e José Mendes - para enfrentar algumas das principais competições do calendário internacional, esteve em plano de evidência.

Como é hábito, a Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores da Bicicleta apro-veitou o XI Festival Bike para dar a conhecer as suas atividades e captar novos associados. Esta entidade foi ainda responsável por uma pedagógica sessão de esclarecimento intitulada “A Bicicleta e o Novo Código da Estrada”.

Festka

Lima e Limão

A Festka foi apresentada ao público português na feira de Santarém. Esta marca checa pretende voltar a trazer o aço à linha da frente, não possui quadros em stock com medidas standartizadas e baseia o seu conceito numa total customização das bicicletas produzidas tanto ao nível da geometria como da pintura, levando a que cada bicicleta criada se destine a um utilizador específico.

ElicaA Elica tem agora a seu cargo a comercialização da marca Con-trolTech. Respetivamente com um peso de 186 e de 220 gr, e com conceção em carbono, os guiadores Tux e EXL deixam antever uma boa aceitação por parte do público nacional. Já no que concerne à Look, e embora a famosa 695 continue a figurar no catálogo daquele fabricante, as atenções deverão centrar-se na nova 795. Ao nível dos acessórios os pedais Kéo 2 Max Blade prometem não deixar ninguém indiferente.

O certame assinalou o lançamento oficial da iDee Cork, nova pulseira de cortiça daquele fabricante, num projeto desenvolvido em parceria com a empresa Amorim Cork. A sobriedade e carácter único deste modelo deverão transformá-lo no cartão-de-visita da iDee em mercados emer-gentes como o angolano ou o brasileiro.

iDee

As bicicletas da checa Superior, da Carrera e da Merckx abrilhan-taram este stand. A empresa trouxe ainda ao certame as mais recentes novidades da Bont, Fast Foward (na imagem) e Briko.

Equipas

A conhecida marca de suplementação aproveitou a ocasião para dar a conhecer a sua vasta gama de produtos, mas foi simultaneamente responsável por um animado concurso de rolos apresentado pela bela e mediática Daniela Macário, iniciativa que trouxe uma animação extra ao evento.

Gold Nutrition

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LPL

Kombina

Loja da Visão

A Cube e a Thule permanecem como cabeças de cartaz. Na Cube a grande novidade para 2015 é a linha Agree GTC. Vocacionada particularmente para os utilizadores de lazer, esta gama privilegia o conforto em detrimento de uma postura mais “racing”, com um intervalo de preços que varia entre os 1450 e os 2250 euros. Realce ainda para a topo de gama Litening, que conta com a tecnologia C68 e que, graças à nanotecnologia, utiliza uma liga de carbono que recorre a uma menor utilização de resina. A feira de Santarém permitiu ainda conhecer as criações da Thule Chariot, resultado da aquisição da marca canadiana por parte da Thule.

A gigante Merida teve honras de destaque no stand da loja Kombina. Uma edição especial de apenas quinze unidades da Reacto Team, alusiva ao título mundial alcançado por Rui Costa, fez as delícias dos colecionadores. Também a Time Warp, especialmente vocacionada para o Triatlo, nos encheu as medidas. Só foi pena não termos cerca de 10 mil euros ali à mão…

Indicando um peso inferior a 20 gr quando colocado na balança, estes Oakley Radarlock XL, edição especial da Volta a França, fizeram furor neste espaço. Fazendo uso de lentes polari- zadas concebidas com recurso à tecnologia Plutonite, que lhe permitem suportar pan-cadas leves até 200 km/h e aguentar impactos fortes até 10 kg, este modelo especial distingue-se ainda por uma estética onde sobressaem símbolos alusivos às diferentes classificações existentes no Tour.

Publ

icida

de

dezembro 2014 / janeiro 2015 35

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36 Ciclismo a fundo

show roomFestival Bike 2014

ÓrbitaEm primeiro plano esteve a Super 2, exemplar pertencente à nova frota de bicicletas de uso par-tilhado e que dispõe de uma autonomia de 40 a 50 km consoante o tipo de terreno em que se move. Em plano de destaque estiveram igualmente o tandem Sintra e a Eurobici, uma bicicleta dobrável a quem a cor preta com autocolantes dourados concedem um bonito aspeto vintage.

Nutrimania

Pacto

Pinarello

Olympia

Dividindo a sua produção entre a Bélgica e Portugal, a Nutrimania apresentou uma va-riada gama de produtos, demonstrando que está no bom caminho para alcançar a sua grande meta: oferecer produtos de nutrição de boa qualidade a um preço convidativo.

Contando com travões de disco hidráulicos e 7,9 kg de peso, a Leader foi em 2013 galardoada com o prémio de Inovação e De-sign na Expobici em Pádua, tendo merecido honras de destaque no stand da Olympia. Também a Otto 4 Nove, bicicleta pensada para o mundo da competição com um quadro que em pouco ultrapassa os 800 gr de peso, e a Ikon, foram alvo do olhar atento dos visitantes que se deslocaram àquele espaço.

MSC

Onda

Com enfoque no mundo da competi-ção, os pneus Relix, Relix TT e Rouler foram dignos repre-sentantes da marca Maxxis no espaço da MSC bikes.

Next GenerationA Abus é uma marca de referência para a empresa de Águeda e os modelos Tec-Tical (capacete utilizado pela Radio Popular/Boavista na temporada finda), assim como o In-Vizz foram a imagem de marca daquele fabricante neste certame. No espaço da Next Generation também a DT Swiss ocupava lugar de destaque, com particular realce para as rodas RC 38 tubular e para as R24. Também a marca de produtos energéticos e suplementos Nutrixxion figura no lote da Next Generation.

Na área reservada à Onda a grande novi-dade era a presença de bicicletas da belga Thompson, agora também comercializada pela empresa detentora daquela marca e que apresenta sugestões bastante interessantes ao nível dos modelos de entrada de gama.

Esta marca de vestuário nacional apresentou a coleção outono-inverno Klimatik, com te-cido térmico e impermeável para fazer face às agruras das condições meteorológicas mais exigentes. De forma a adaptar-se ao mundo da alta competição, o conjunto de jerseys conta com uma versão em manga curta e outra em manga comprida. Em 2014 a Pacto continuará a equipar as formações Banco Bic/Carmim e Louletano/Dunas Dou-radas, entre outras.

Os adeptos da equipa Sky não desperdiçaram a hipótese de ver de perto a Dogma F8, máquina de elite com que Chris Froome e companhia atacaram a temporada de 2014 e que foi alvo de exame na edição n.º 35 da Caf. Para as bolsas mais e menos abonadas, em Santarém foram ainda objeto de observação as gamas FP Team, Razha, Marvel e Prince. Nos capacetes, destaque para o Kask Protone. Com um peso de 250 gr, disponível nos tamanhos M e L e em seis cores distintas, foi usado pela Sky no Tour e na Vuelta.

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dezembro 2014 / janeiro 2015 37

Polisport

Raiz da Aventura

Rock Tape

Skyroad

Prototype

A recente aquisição da marca de porta-bebés Bobike permitiu aos visitantes do Festival Bike testemunharem “in loco” as criações deste fabricante holandês. Na memória ficou-nos o modelo Junior, capaz de transportar crianças até 35 kg de peso. Ao nível dos bidons realce também para o novo Anti Microbial, dono de uma nova tecnologia que lhe permite conservar líquidos no seu interior durante 24 horas, com total ausência de bactérias.

Montadas no nosso país, as rodas New Race foram uma agradá-vel surpresa. No seu amplo catálogo realce para as Tubular 50. Com aro de carbono e portadoras de cubos New Race Evo1 com rolamentos em inox, utilizam 20 raios Sapim CX-Ray à frente e 24 atrás, pesando 1405g o par. Estão disponíveis com cepos de 11 velocidades e para as levar para casa terá de despender 1095€euros. No leque de importações da Raiz da Aventura figuram ainda a Stan’s NoTubes e a Essax.

Criadas com o intuito de prevenir ou curar lesões, assim como de mi-nimizar a fadiga muscular, os apreciadores das fitas Rock Tape tiveram a possibilidade de testar as potencialidades daquele produto. O ciclista Hugo Sabido tem sido um colaborador desta marca e voz ativa no desenvolvimento dos seus produtos. Esta fita Tatoo (na foto) é a mais vendida no nosso país.

Com 20 raios à frente e 24 atrás, as rodas ProTour AL assumiram papel relevante. Com aro em alumínio e cubos Prototype Speed, estas rodas de gama económica foram idealizadas para treinos longos, possuindo capacidade para su-portar extensas quilometragens. Têm um peso de 1550g por par e um pvp de 490 euros. A bicicleta utilizada pelo paraciclista Telmo Pinão e o líquido selante CH3, dis-ponível em embalagens de 75ml, 150ml, 500ml e 5l, foram outras das atrações deste expositor.

SalvaggioUma situação de desemprego levou Jorge Ribeiro a trazer ao de cima a sua veia de em-preendedor e colocar a sua vasta experiência na área têxtil ao serviço da Salvaggio, marca nascida em 2011 e da qual é proprietário. Com linhas bem conseguidas, conjugadas com algumas cores da moda, esta é uma marca a seguir de perto nos anos vindouros. Ana Rita Valido é uma das suas embaixadoras.

Na feira de Santarém foram anunciadas as datas da próxima edição do Granfondo Skyroad Serra da Estrela e do Granfondo Skyroad Aldeias do Xisto. O primeiro conquistará o ponto mais alto de Portugal Continental a 12 de julho, ao passo que o Granfondo Aldeias do Xisto decorrerá a 13 de setembro.

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38 Ciclismo a fundo

show roomFestival Bike 2014

Sociedade Comercial do Vouga

O novo grupo 105 da Shimano, agora com 11 velocidades e com tecnologia inspirada nos grupos Ultegra e Dura-Ace, concentrou atenções. Entre as atrações da marca nipónica esteve também o sapato R321, topo de gama daquele fabricante. A nível de vestuário, o trekking e a bicicleta urbana parecem estar no topo das prioridades da Pearl Izumi, que apresenta agora novos padrões com um rol de cores onde pontificam o laranja, o verde, o azul e o preto. Este espaço encheu-se ainda para assistir ao lançamento da câmara CM-1000.

Specialized

O stand da gigante norte-americana elucidava o ano de vitórias vivido pela marca, estando expostas as bicicletas do triatleta Gómez Noya, do vencedor do Tour Vincenzo Nibali, assim como a máquina com que Alberto Contador levou a melhor na Vuelta. As senhoras que têm o Triatlo como desporto de eleição também não terão ficado indiferentes à nova Alias. O ano de 2015 assinala igualmente o lançamento da gama de luzes Flux com foco retangular, permitindo salvaguardar as questões de segurança com muito estilo à mistura.

Speedsix

Spiuk

Stand Jasma

Montadas à mão em Espanha, as Speed Six Evo foram o cartão-de-visita desta marca. Com 20 raios Sapim CX Ray à frente e 24 atrás e um peso por par de 1300g, estas rodas procuram conciliar aerodinâmica, rigidez e conforto. Os cubos podem ser adquiridos em preto, branco ou vermelho, e as cabeças dos raios estão disponíveis nas cores preta e vermelha.

O sapato 16 RC é apontado como sério candidato a “best seller” em 2015. Possuindo um desenho ergonómico e dinâmico e uma cobertura Termo mol-dável de fácil limpeza que lhe oferece leveza e resistência, o 16 RC conta com sola em fibra de carbono RLX2, cabos de kevlar reforçados e um tacão traseiro substituível, o que lhe permite aumentar a sua longevidade. Disponível entre o n.º 38 e 47, este sapato tem um peso de 470g no tamanho 42.

Ali brilhou a extensa coleção Scott para 2015. Pensada essencialmente para os Ironmans, mas autorizada pela UCI a disputar contrarrelógios nas provas do World Tour, a Scott Plasma 5 fez furor, tendo sido muitos os visitantes que não resistiram ao desejo de guardar fotografias dela para a posteridade. No Stand Jasma puderam ainda ser vistas as principais novidades de marcas como a Cateye, Fizik e Syncros.

Silincode®SOS

Estas pulseiras contam com um código QR onde estão contidas informações vitais do seu utilizador e que podem permitir um socorro mais eficaz em caso de acidente.

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Tecnocyle

Os seguidores da Radio Popular/Boavista puderam ver “in loco” a Focus Izalco Max Team, integralmente equipada com o grupo Dura-Ace, com que as panteras irão atacar a estrada na temporada de 2015. Tal como a formação boavisteira, também a francesa AG2R fará uso desta máquina, com a diferença que os gauleses terão ao seu dispor uma versão equipada com Campagnolo Super Record. No Festival Bike estiveram ainda a Cervélo R2, assim como a nova P5 destinada aos amantes de Triatlo e Ironman (Triatlos de Longa Distância). Verso Bike

Esta firma de Leiria colocou pela primeira vez sob o olhar do público lusitano a espanhola Polo and Bike. Três modelos mereceram realce: CMNDR, Greyhound e a Williamsburg.

O modelo Supreme Tech da Jorbi, que pudemos ver ao longo do ano ao serviço da Banco BIC/Carmim e da Louletano/Dunas Douradas, foi dos modelos mais procurados. Em homenagem aos feitos recentes con-quistados na pista, a Jorbi apresentou em primeira mão a Velodromo, máquina vocacionada para a competição em pista e que será utilizada pelos atletas da Seleção Nacional. Também a marca Race On é propriedade desta empresa, apostando numa diversificada gama de Estrada e BTT, produzindo componentes, acessórios e vestuário.

Vieira e Graça

Este fabricante encontra-se a fazer uma aposta transversal nos diferentes segmentos, mas ficou-nos na retina a linha citadina da marca que tão bons frutos lhe tem dado no mercado espanhol e dinamarquês. Neste particular, realce para o modelo Malibu, com quadro em alumínio, roda 26 e forqueta com suspensão. Pode ser uma opção bastante válida para uma visita turística por algumas das nossas principais cidades.

WRC-Conor

Zip Vit

O Festival Bike voltou a ser uma montra privilegiada para que esta conhecida marca de produtos de nutrição apresentasse ao público as suas mais recentes novidades ao nível de suplementação e produtos vitamínicos.

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40 Ciclismo a fundo

:: mini-testes

Contacto: Desafios do Mundo, Lda – 219 141 097 | Site: www.compressport.pt

Contacto: Oakley | Site: pt.oakley.com

Estas meias possuem zonas de diferente compressão, sendo mais forte sobre os gémeos para aumentar o aporte

de oxigénio aos músculos e estabilizar os mesmos aumentando a sua eficácia. A grande vantagem de usar estas meias durante a prática de ciclismo reside no facto de melhorarem o retorno venoso para o coração através de um impulso criado por uma ação muscular mais eficiente dos gémeos, ocasionando um aumento da capacidade de resistência do atleta. Esta compressão seletiva reduz signifi-cativamente a acumulação de toxinas nos músculos, a ocorrência de caibras, bem como a fadiga muscular, permitindo manter um ritmo de treino/competição muito maior e mais contínuo. No caso específico destas R2, as mesmas são feitas num material ultraleve. Na parte superior e inferior existe uma banda mais elástica e flexível fazendo com que a transição de compressão seja mais gradual, evitando

Em 1986 LeMond venceu a Volta a França, dando início à revolução. Hoje, passados 30 anos desde a sua

estreia no desporto, a Oakley continua a inovar no mundo das óticas, mantendo--se firme nos princípios revolucionários que lhe trouxeram tanta notoriedade.Partilhando a ribalta com os Eyesha-des, Razor Blades, Jacket e Frogskins, o popular modelo Radarlock foi um dos escolhidos pela Oakley para celebrar a efeméride, apresentando uma série de novidades que tivemos a oportunidade de experimentar. Os óculos Oakley Radar-lock Path “Edição 30 Anos” distinguem-

problemas de circulação. Muito simples e eficazes, são fáceis de pôr e tirar, o que nem sempre acontece com roupa de compressão. Para além disso ajudam a manter o músculo numa temperatura ideal. Outro dos efeitos benéficos é, sem dúvida, após o exercício, promovendo uma melhor recuperação. A remoção do ácido lácteo e toxinas dos músculos é muito mais rápida permitindo ter novamente as pernas “frescas” sem sentir a rigidez muscular do esforço. Podem ser também usadas para fins medicinais (pessoas com problemas de circulação ou em situações pós-operatórias ou até mesmo no dia a dia com o intuito de reduzir a sensação de cansaço ou pernas inchadas). Confessamos que até em viagens de avião de 8 ou mais horas as usámos. Estão disponíveis em 10 cores e em quatro tamanhos com base na circunferência da parte posterior da perna/ gémeos e no comprimento da perna. Nota: devem ser apenas lavadas à mão.

-se desde logo pela estética. Lacada em branco, com apenas três riscas de cor a embelezar o topo junto ao olho direito, a leve armação moldada em plástico “O Matter” segura na perfeição as eficazes lentes de geometria elipsoidal, ao mesmo tempo que disponibiliza a tecnologia “Switchlock” de rápida troca de lentes através da simples abertura da armação num dos seus cantos. Idealizado com a prática do desporto em mente, bastante sólido e robusto, o modelo Radarlock depressa revelou a sua valia nas nossas voltas de bicicleta. A adaptação ao con-torno do rosto é perfeita, sem qualquer

KO » Nada a assinalar

» Conforto» Qualidade de construção » Ajudam na recuperação e remoção do ácido lácteo» Reduzem o risco de lesões » Fáceis de pôr e tirar

OK

KO» Comprimento das hastes» Ventilação das lentes» Preço

» Qualidade das lentes» Troca rápida das lentes» Caixa rígidaOK

Preço: 35 €

Preço: 249 €

Meias de descanso Compressport R2

Óculos

Oakley Radarlock Path “Edição 30 Anos”

problema de fixação junto das correias do capacete, e a proteção dos olhos bem conseguida. E tudo isto com a opção en-tre as lentes Fire Iridium, mais refletivas, e as Black Iridium, indicadas para tempo mais nublado. Graças ao seu tratamento hidrorrepelente, andar com os Oakley à chuva é igualmente eficaz. Incluindo a caixa rígida “Soft Vault”, dois pares de lentes resistentes aos raios UV, com as cores Fire Iridium e Black Iridium, um saco de transporte e dois tamanhos de almofadas para o nariz, esta edição perfila-se como sendo de colecionador, mas exige ser utilizada.

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dezembro 2014 / janeiro 2015 41

Contacto: Elica – 218 160 290 Site: www.lookcycle.com

KO » Preço elevado

» Conforto» Respirabilidade» DesignOK

Preço: 199,90 €Preço: 179,90 €

Nem só de bicicletas e pedais é feito o universo de produtos da marca francesa Look. O vestuário é um dos pilares desta empresa, sempre com a preocupação

em oferecer um design muito próprio e vanguardista. Nesta gama de roupa para ciclismo está presente o carbono Resistex, o qual regula a temperatura e dispersa a transpiração. O tecido possui um corte anatómico visando maximizar a performance, sendo o conforto uma das principais carac-terísticas. Este tecido Resistex é um material anti estático e tecnologicamente desenvolvido para minimizar descargas eléctricas por parte do músculo e desta forma retardar o aparecimento da fadiga. As suas propriedades promovem igualmente a circulação sanguínea reduzindo os índices de acido láctico e, segundo a marca, reduz inclusive o batimento cardíaco em cerca de 4bpm. Outra das vantagens deste tipo de composto são os elevados níveis de proteção UV. O almofadado é anatómico, confortável e fabricado com tecnologia 3D para um perfeito suporte ergonómico e uma maior liberdade de movimentos. Por sua vez, a jersey contém três bolsos nas costas, sendo que o central possui um fecho para permitir uma maior segurança no que diz respeito ao transporte de telemóvel, dinheiro, chaves de casa, etc. Na dianteira tem um fecho integral assimétrico e deslocado da maçã-de-adão – de modo a não feri-la quando se fecha na totalidade -, bem como um pequeno bolso frontal também com fecho. Esta jersey possui diferentes camadas de tecido (incluindo um mais compressivo) de modo a manter o corte anatómico. Na nossa opinião, o conjunto é sem dúvida uma oferta de topo tal como tudo o que o fabricante gaulês coloca no mercado. Ambas as peças são bastante confortáveis, anatómicas e respiráveis. Mesmo após o uso continuado as suas características so-bressaem e mesmo depois de contínuas lavagens não houve descoloração ou degradação do almofadado. O seu design apelativo acompanha as tendências de mercado, já o preço sai fora do espectro de algumas bolsas.

Jersey e calção

Look Excellence Resistex Carbon

Publ

icida

de

jersey

calção

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42 Ciclismo a fundo

:: mini-testes

Onovo grupo 105 5800 adota tecnologias patentes nos seus grupos de topo Dura-Ace e Ultegra, como as 11 velocidades, cabos anti-atrito e manetes com regulação de alcance.

Durante mais de 3000 km tivemos a oportunidade de testar este grupo, e ficámos agradavelmente surpreendidos. Pela primeira vez no grupo 105, o desviador traseiro 5800 (41€) passa a mo-vimentar 11 velocidades. Fazendo parelha perfeita com a nova cassete 5800 (43€), e corrente HG600 (23€) com um peso de apenas 267 gramas e uma nova cobertura anti-atrito “Sil-Tec”, o desviador revela um funcionamento homogéneo em qualquer situação, com uma ação rápida e toque mecânico agradável. Embora esteja disponível nas relações 12-25 e 11-32, acabámos por testar a mais comum 11-28 e não nos arrependemos. Capaz na maioria das situações, esta acaba por ser o canivete Suíço das transmissões, com desmultiplicação suficiente mesmo para as subidas mais exigentes. À frente, o desviador dianteiro (27€) ostenta um braço mais longo e um novo mecanismo de mola, mais permissivo no ajuste. Este acabou por se revelar o elo mais fraco do grupo, requerendo alguma atenção em termos de afina-ção. No entanto, nunca deixou de apresentar um funcionamento rápido e preciso, respondendo prontamente aos movimentos das ergonómicas manetes (194,90€). Por seu lado, os excelentes cranks de 172,5mm e o pedaleiro com andamentos 52/36 (133€), pesando 754 gramas no total, premeiam pela robustez e solidez do conjunto. Adaptada do grupo Dura-Ace, o sistema de quatro braços do crank permite uma fácil adaptação das combinações de andamentos 53/39 e 50/34, sem necessidade de mudar as alavancas. Os pedais em carbono (82€) revelaram ser tão leves (140g cada um) quanto eficazes, possibilitando uma entrega de potência sem mácula num corpo de baixa manutenção.

KO» Resistência da cobertura» Funcionamento do desviador dianteiro

» Qualidade e acabamento geral» Peso dos componentes

OKContacto: Sociedade Comercial do Vouga – 234 601 500Site: www.scvouga.pt

Grupo

Shimano 105 5800 Preço: 543.90 €

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dezembro 2014 / janeiro 2015 43

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Preço: 499 €

Desde a apresentação do primeiro Edge, a gama dedicada ao ciclismo de estrada e BTT tem vindo a ser melhorada, com o acrescento de funcionalidade, sendo o Garmin Edge

1000 a mais recente dessas evoluções. Baseado na conetividade com o telemóvel, estreada pelos modelos Edge 510 e 810, o novo Edge 1000 sublima a integração entre o aparelho de GPS e a Internet, apresentando em tempo real informação sobre segmentos cronometrados, meteorologia, chamadas recebidas, alertas de email e sms (desde que emparelhado via Bluetooth com um telemóvel compatível) e partilha nas redes sociais, ao mesmo tempo que serve como aparelho de navegação com mapas incluídos. É igualmente compatível com sensores Ant+.Equipado com um excelente ecrã tátil a cores de três pole-gadas, sensível à luminosidade, o Garmin 1000 foi feito para tomar proveito da área disponível, com toda a informação a ser apresentada de forma eficaz e simples. A navegação fica a cargo do sistema dos mapas Garmin Cycle gratuitos, que incluem dados de elevação, pontos de interesse e possibilitam pesquisa de endereços. Novidade no Edge 1000, é a capacidade de criar até três rotas diferentes. Substituindo o Edge 500 que normalmente equipa a nossa bicicleta, o Edge 1000 começou timidamente a explanar as suas mais-valias. Mas depois de carregadas as informações obtidas no site Garmin Connect, a situação inverteu-se, com as funcionalidades online a suscitar cada vez mais interesse, nomeadamente, a comunicação de segmentos e os tempos registados em anteriores passagens por nós mas também por outros utilizadores. Ativada auto-maticamente, esta informa-nos, em tempo real, da localização dos percursos registados no site Garmin Connect, ao mesmo tempo que revela quanto estamos a perder (ou ganhar) para os nossos adversários. E tudo isto sem precisarmos sequer de tocar no ecrã. Pesando 115 gramas, e equipado com uma bateria recarregável de iões de lítio, o Edge 1000 nunca foi além das 11 horas de tempo de funcionamento. Um pouco aquém das 15 horas anunciadas, mas mesmo assim suficiente para uma utilização típica em estrada. Traz um prático suporte para o guiador e o carregamento apenas pode ser feito via USB, já que não inclui carregador de parede.Fácil de utilizar, e com uma integração com o telemóvel bem trabalhada, o Edge 1000 é um aparelho para quem gosta da competição virtual tão na moda, mas que não dispensa a navegação na bicicleta e os ecrãs personalizáveis.

Contacto: Garmin | Site: www.garmin.com

GPS

Garmin Edge1000

KO » Limitado a sensores Ant+» Ausência de carregador de parede» Tamanho

» Conexão ao smartphone» Qualidade do ecrã» Facilidade de personalizaçãoOK

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:: Skyroad Aldeias do Xisto

44 Ciclismo a fundo

MoinhosA edição deste ano do Skyroad Aldeias do Xisto repetiu a receita que tantos elogios lhe trouxe em 2013, presenteando todos os que se aventuraram com bastante dificuldade e beleza. E com a meteorologia a ajudar, o sucesso deste granfondo foi assegurado.

Texto: Ricardo José Gouveia Fotos: Organização

reportagem

de ventode ventode ventode ventode vento

:: Skyroad Aldeias do Xisto

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Aqui não sobrevoam aviões. Apenas se erguem torres eólicas, que tomam proveito da altitude e (principalmente) do vento que nos acompanha

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reportagem :: Skyroad Aldeias do Xisto

Misturando-se com o baru-lho dos pneus 23c a rolar no asfalto agreste, o sopro vai-se tornando cada vez

mais intenso à medida que ganho al-titude. A custo tento manter o ritmo da pedalada, enquanto procuro no ho-rizonte a razão de tamanho ruído; uma vibração cadente que se assemelha ao trabalhar dos motores a jato. Mas aqui não sobrevoam aviões. Apenas se erguem torres eólicas, que tomam proveito da altitude e (principalmente) do vento que nos acompanha montanha acima, como uma mão que nos empurra suavemente para baixo, limitando ainda mais o ritmo imposto nos pedais. A subida do Açor, a primeira dificuldade do dia, leva muitos à dúvida. Com 50 quilómetros nas pernas, a inclinação e o vento contrário castigam o corpo, mais preocupado em percorrer a distância que ainda falta do que em ganhar segundos no desafio do Strava. Sem o conhecimento do percurso afinado, valho-me dos postos de abastecimento, e imagino a preocupação que a organização teve em os colocar de forma a dar ânimo aos que deles dependem. Ainda me faltam cerca de 100 quilómetros para terminar, e já sonho com as longas bancadas dispos-tas junto à estrada, servidas pelos muitos voluntários que voltaram a responder afirmativamente ao desafio e repletas de bolinhos, fruta e água. Verdadeiros oásis no meio das montanhas, estes postos voltaram a cumprir com as necessidades dos participantes.

REFORÇO POSITIVOPara a edição deste ano, a organização optou por repetir algumas das principais dificuldades, que tão fortemente carac-terizaram o Skyroad Aldeias do Xisto, uma prova dividida entre o Mediofondo com 95 quilómetros de distância e mais de 2000 metros de acumulado, e o Gran-fondo com 168 quilómetros de distância e mais de 4100 metros de acumulado. A começar pela Subida do Açor, 8,2 quilómetros a 7,8 por cento de pendente média e rampas a 12 por cento, passando pela subida da Barragem de Santa Luzia, um monstro de 1,58 quilómetros a 11,8 por cento de pendente média e rampas a 21 por cento, e a subida de Pampilhosa da Serra, uma longa dificuldade (5,3 quilómetros) com uma pendente média de 6,7 por cento e rampas a 20 por cento. Partilhadas pelas duas distâncias, a subida de Picha, 10,2 quilómetros a 3,5 por cento de pendente média e rampas a 7,4 por cento, e a subida de Castanheira de Pêra, 12,8 quilómetros a 3,8 por cento de pendente média e rampas a 5,9 por cento, terminavam a prova.Valendo-me das leves rodas Shimano C24, tomo o pulso a cada subida com cautela, antecipando a distância. Mas nada me prepara para a famosa parede de empedrado, que se estende à saída da Pampilhosa da Serra. Mais de 20 por cento de inclinação pare-cem encaminhar a bicicleta para um alado topo imaginário, exigindo uma determinação de ferro. Com golpes de

dor a encher-me as pernas, só por uma questão de orgulho é que não desmonto, enfrentando os populares que aplaudem com uma genuína cara de esforço.Convenço-me então de que o pior já passou, e concentro-me na cadência da pedalada e no percurso que se revela. Relaxando mais uma vez em cima da bicicleta, dou por mim de novo a tentar memorizar a deslumbrante paisagem, convertendo muros naturais de xisto em prosa que me dá alento. O fim está quase à vista, e volto à com-panhia de meia dúzia que ainda teimam em pedalar com gosto. Os últimos 18 quilómetros a descer servem de bálsamo para as pernas, exigindo apenas a con-centração que parecia esvaída.No final de um dia bastante longo e duro, foram cerca de 1000 os atletas que terminaram dentro do tempo máximo estipulado. Um dia que certamente ficará na memória de todos, não só pela dificuldade como também pela extrema beleza natural proporcionada pela região centro. Na minha memória, a dureza desvanece cada vez que me lembro das verdejantes paisagens e solidariedade das pessoas que aplau-diam sempre que passávamos à sua porta, brindando cada um dos “ciclistas” como heróis que teimam em desbravar as estradas que eles próprios palmilham diariamente. Com a certeza que, em 2015 haverá mais dificuldades e montanhas para ultrapassar.

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Para além de todos os que alcançaram os seus objetivos pessoais, os grandes vencedores do Granfondo Skyroad Aldeias do Xisto foram João Moreira (Pedalsempre/Movenotícias/Solintellysys), com o tempo de 5h15’39’’, seguido de Nuno Inácio (Viveiros Vitor Lourenço) e de Duarte Figueiredo. No Mediofondo o atleta David Pacheco (Ama/Martos/HRV/Bfour) seria o mais rápido, com o tempo de 2h50’44’’, seguido de Emanuel Duarte (One Bike Team) e de António Ferreira (Vertentebike/Interprev). No sector feminino, Celina Carpinteiro (CC Ouriquense) foi a grande vencedora no Granfondo enquanto Célia Janeiro seria segunda.

Heróis da serra

Apoio:com apoio de

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reportagem :: Skyroad Aldeias do Xisto

Demonstrando grande entusiasmo e atenção ao detalhe, a organização dos eventos Skyroad já anunciou as datas para os seus eventos em 2015. Tendo como principal preocupação a logística pessoal dos atletas, mas também dos seus acompanhantes, pela primeira vez os eventos Granfondo Serra da Estrela e Granfondo Aldeias do Xisto serão realizados ao domingo, e não ao sábado como tem sido a regra até agora.O primeiro no calendário será o Skyroad Serra da Estrela, a realizar no dia 12 de julho. O Granfondo terá uma distância de 144 quilómetros, com mais de 4600 metros de acumulado, enquanto o Mediofondo terá 72 quilómetros, com mais de 2700 metros de acumulado. O Skyroad Aldeias do Xisto, a realizar no dia 13 de setembro, levará os atletas a percorrer 168 quilómetros, com mais de 4100 metros de acumulado, no Granfondo, enquanto no Mediofondo serão percorridos 95 quilómetros com mais de 2000 metros de acumulado.

Skyroad com datas para 2015

48 Ciclismo a fundo

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Majestosa, a barragem de Santa Luzia proporcionou um dos momentos de maior beleza do Skyroad Aldeias do Xisto

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50 Ciclismo a fundo

Festa na

Como reza o provérbio “não há duas sem três” e quase 5000 cicloturistas de 34 países voltaram a inundar de cor a capital italiana e seus arredores, numa nova edição de um autêntico “Colosseo” das duas rodas. Foram 123 quilómetros plenos de glamour, e não isentos de dificuldades, que fizeram as delícias de todos os que tiveram a oportunidade de viver “in situ” uma cidade que está em crescendo no universo dos pedais. Texto: Alejandro Villalobos Fotos: Sportograf e A.V.

:: IIII Granfondo Campagnolo Romareportagem

“Cittá Eterna”“Cittá Eterna”“Cittá Eterna”

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dezembro 2014 / janeiro 2015 51

Mais um ano, e já somamos três, a histórica “Cittá Eterna”, Roma, viveu e des-frutou do seu “Giro” de Itália

cicloturista particular. Durante o fim de semana de 10 a 12 de outubro, foi foco de atenção e destino de milhares de ci-cloturistas e acompanhantes provenien-tes de todos os pontos geográficos do mundo, até dos nossos antípodas, com o propósito do III Granfondo Campagnolo Roma 2014. Uma bela e entusiasmante “cavalcata” (passeio) que ao longo de 123 quilómetros transitou por algumas das principais artérias da cidade e que foi ganhando altura e pulso após abandonar o Lago Albano e entrar nos singulares e idílicos enclaves de Rocca di Papa ou Rocca Priora, antes de se dirigir à chegada junto às históricas Termas do Imperador Caracala.Assim que aterrámos na capital do país transalpino e depois de deixarmos tudo no “albergo”, fomos respirar a magia que se vivia na “Expo Village”, situada, nesta altura, nas históricas Termas do Impera-dor Caracala. Ali tivemos a oportunidade de saudar os velhos gladiadores do pedal, como o ex-profissional da Mercatone Andrea Tonti, que deliciou todos com o seu peculiar gracejo “andaluz” (nota de redação, a sua esposa é da Andaluzia, Espanha) e o presidente desta compe-tição “il signor avvocato” (advogado) Gianluca Santilli, juntamente com outros membros do staff como Anna Valerio, sempre “in boca al lupo” em temas como os meios de comunicação, entre outros. Um par de “cappucinos” entre cum-primentos, com a música de fundo da exibição de spinning e de uma orquestra, que atraiu numerosos curiosos e todos os participantes na recolha de dorsais junto ao Pacco Gara e do chip da praxe.Já à noite, nova visita aos donos da pizzaria “Gli Artisti”, para degustar um prato de pasta artesanal e um rico tira-misú de sobremesa, antes de rumarmos ao hotel para descansar antes da jornada que se avizinhava.

AMANHECE NA VÍA DEL FORO IMPERIALFaltam dez minutos para as 7 da ma-

nhã e a Vía dei Fori Imperiali é um forno, com a temperatura muito alta. As grades vão enchendo-se e desfilam algumas celebridades como o piloto de Fórmula 1 Giancarlo Fisichella, que este ano disse “não ter treinado pouco” mas sofreu para concluir o percurso inserido na “grupetta”, Guido Improtta (Mobilidade e Transportes), o presidente da Federação italiana, Renato di Rocco, e o sacerdote

espanhol José Xavier Lizárraga. Com pontualidade britânica (nação

estrangeira com maior representação) ocorreu a saída, com 15ºC e o sol des-pertando timidamente no horizonte.

Teleguiados por um grupo de ciclistas do Giro de Itália de Época e com um ritmo mais calmo do que em 2013 para “saborear” e tirar fotos de passagem junto do “Colosseo”, Piazza Venezia, Teatro Marcello… e sair da urbe romana pela empedrada Vía Appia Antica na direção a Ciampino e ao Lago de Albano. Um lugar que em época estival convida a um banho refrescante.

Os “capos” foram, então, tomando as rédeas do assunto e o ritmo elevava-se cada vez mais… Superada a primeira subida, Rocca di Papa, e o descanso imediato, o pelotão dirigiu-se a Velletri para se encaminhar para o equador da prova, junto à ascensão a Vetta Macere. Os quilómetros avançavam e enquanto a grande maioria se esquecia das pulsa-ções, da velocidade e dos Watts, o oposto se processava na parte “nobre” do grupo. Na subida a Rocca Priora (o teto do dia, com 743 metros) separou-se o trigo do joio, e dois valentes, Alfonso Falzarano (Velo Club Maggi 1906) e Luciano Men-caroni (Asd Cicli Copparo), destroçaram as ilusões de triunfo de todos, e fizeram caminho com força e determinação para jogar a vitória da corrida.

Numa “volata” (sprint) que foi lan-çada a 200 metros da chegada, Alfonso reeditava o seu triunfo da primeira edição. Completava o pódio Sansoni a mais de 3 minutos.

A conta-gotas foram chegando os ciclistas nas Termas de Caracalla. Seguiu-se a festa, com a tradicional “Pasta Party”, onde tudo eram gestos de alegria e onde se comentava uma magnífica experiência a pedal num local emblemático não só a nível do turismo como também do ciclismo e que convida a todos para a sua quarta edição em 2015…

Assim não tenham dúvidas e vão fazendo planos …

Dados da prova:Data: 12 de outubroPercurso: 123 km, 1972 metros de desnívelParticipantes: 4800 e 35.000 visitantes na Expo Village

Classificação masculina:1.º Alfonso Falzarano (Velo Club Maggi 1906) - 3:13.33 (38,13 km/h)2.º Luciano Mencaroni (Asd Ciclo Copparo, Ancona) a 4”3.º Giacomo Sansoni: a 3´25”

Classificação feminina:1.ª Claudia Gentili- 3:29.36 (35,21km/h)

Este é um daqueles Granfondos que recomendamos participar pelo menos uma vez na vida, pela paisagem, história e convivência com algumas caras conhecidas do desporto mundial

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52 Ciclismo a fundo

:: 1.ª Volta São Paulo - Rio de Janeiro Route Bikereportagem

“Samba a pedal”

O amor-próprio e a febre ciclista do amigo Claudio Capellano, fundador da Route Bike, deram origem a esta nova viagem por

etapas, da qual desfrutámos no Brasil. Esta teve o beneplácito de um verdadeiro profissional do “Tour”, a “vecchia” gló-ria do pedal, o ex-profissional italiano Claudio Chiapucci, “Il Diavolo”.

COMEÇA O BAILE!São Paulo foi o ponto de encontro

com os organizadores e uma vintena de ciclistas provenientes de diversas partes do mundo. Depois de uma curta viagem, chegámos a Bertioga, local onde começou a 1.ª etapa, com final em Maresias. Findo um rápido café e um sumo, foi hora de saudar o responsável pelo evento, o sr. Cappellano e uma das suas companheiras de estrada, Cecília Rocha Mendes, que se desfez em atenções para connosco, assim como para com cada um dos participantes, como o “pro” Pellegrini,

o gaulês Charles Desmartis e um amigo português. Às 8h da manhã partimos de Bertioga, na costa paulista. Dez quilóme-tros “doces”, sem grande desnível, para tonificar os músculos e nos habituarmos ao calor e à humidade da costa, antes de superarmos um “muro” de apenas 350 metros, mas com uma inclinação de 20%! Pedalámos num contínuo sobe e desce, rodeados de pequenas praias que despertavam a curiosidade e que ofere-ciam algumas “armadilhas” verticais de puro terror, como a que padecemos após Boiçucanga (2,4 km a 17%). O calor e a humidade (30ºC), juntamente com as dificuldades do terreno, deixaram todos em sérios problemas físicos. Contudo, a chegada junto da costa em Maresias foi a idílica e merecida recompensa.

No dia seguinte, foi hora de “cerrar os dentes”. Os primeiros 30 km, “minados” de subidas e com o céu a ameaçar uma chuva que felizmente não castigou, foram um pequeno teste. Mas o deus Éolo foi

A paixão pelo ciclismo e a importância dada à logística resultaram na 1.ª edição da Route Bike, uma boa proposta cicloturística de seis dias, que levou a “serpente multicolor”a desfrutar de um belo traçado, desde terras paulistas ao topo do Cristo Rendentor do Corcovado…Texto: Alejandro VillalobosFotos: Cecília Rocha Mendes

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dezembro 2014 / janeiro 2015 53

A visão dos participantes

Charles Desmartis (França) “O ciclismo aqui é muito diferente da Europa. Há poucas estradas para circular com segurança. Mas a qualidade do asfalto é muito boa, as paisagens são excelentes e há percursos para todos os gostos”.

Márcio Andrade: (São Paulo, Brasil) “É indescritível a sensação de participar num evento deste tipo, tanto a nível desportivo como turístico. Circulámos todo o tempo com um belo pano de fundo do mar azul celeste e do verde da selva atlântica”.

"Pedalámos num contínuo sobe e desce, rodeados de pequenas praias que despertavam a curiosidade e ofereciam armadilhas” verticais de puro terror

benévolo e empurrou todos a caminho de São Sebastião, com as suas bonitas praias e florestas naturais. De ali até Ubatuba foi um belo passeio, capitaneado por Chiapucci, o preparador Helio Souza e o representante da Orbea, Celso Anderson.

CHEGANDO AO RIOO terceiro episódio conduziu-nos de

Ubatuba, localidade que celebra o seu Granfondo através de uma ampla estrada repleta de densa vegetação, até Paraty, no Estado do Rio de Janeiro. Seguiu-se uma refeição ligeira no centro desta histórica cidade colonial.

O quarto dia, com final em Angra dos Reis, foi curto mas intenso. Apenas 55 km, feitos a voar (38 km/h)! Apesar do forte ritmo, todos subimos ao “pódio” numa das típicas churrasqueiras, com carnes fabulosas e cervejas “estupidamente geladas”, para nos prepararmos para a quinta etapa – a mais dura – com a Serra do Piloto pelo meio. Partimos 70 ciclistas de Mangaratiba, e logo que arrancámos deparámo-nos com 9,5 km a 4%. No entanto, em Rio Claro esperava-nos um saboroso e refrescante protagonista: um coco gelado. Retomámos a marcha e já com um perfil favorável chegámos ao Hotel na Barra da Tijuca.

FIM DE FESTA NO CORCOVADOA última parte deste “pastel carioca”

partiu da Barra da Tijuca em direção ao sul, passando pela vila de San Conrado, para concluirmos, pouco depois, na praia de Leblon. Num ápice atravessá-mos a Lagoa Rodrigo de Freitas, junto do popular Cristo. Uma vez no Jardim Botânico, chegou a parte mais “feia”: os 4,5 km a 9,1% de Dona Castorina, pelo Parque Nacional da Tijuca, antes da Vista Chinesa e da Mesa do Imperador. Uma breve paragem no caminho e a escalada a Sumaré. Quatro quilómetros, a 5%, sem trânsito, num ambiente natural de singular beleza, entre a montanha e o mar. De um dos seus limites podemos ver a Ponte Rio – Niterói, que une as

DadosData: 4 a 9 de novembro de 2014Contactos: [email protected] e [email protected] Etapas: 04/11 1 ª: Bertioga-Maresias: 70 km, 615 mts desnível05/11 2ª: Maresias-Ubatuba: 103 km, 1251 mts desnível06/11 3ª: Ubatuba-Paraty: 84 km, 1000 mts desnível07/11 4ª: Paraty-Angra dos Reis: 55 km, 501 mts desnível 08/11 5ª: Angra-Rio de Janeiro: 84 km, 1900 mts desnível09/11 6ª: Rio (Cristo do Corcovado): 65 km, 1750 mts desnível

duas cidades, e na parte inferior, o es-tádio Maracanã. Passam os quilómetros e chegamos ao Hotel Paineiras, na base do Corcovado. Começa a hora da ver-dade e as preces. Eram 2.1 km a 9% de inclinação para chegar aos 680 metros de altitude e poder honrar e rezar ao emblema do Rio de Janeiro. A imagem do Cristo Redentor, com a sua imensidão (38 metros!) mostra com os seus bra-ços abertos a cidade do Rio. É uma das principais atrações turísticas do Brasil e um local de peregrinação obrigatório para todo o crente.

Já no hotel, e depois de uma sucu-lenta refeição, despedimo-nos dos nossos companheiros da Route Bike até ao ano que vem, ao ritmo de samba na célebre praia de Copacabana, que já tem a areia a arder para combinar próximos encon-tros cicloturistas num dos oásis turísticos mundiais!

A ORGANIZAÇÃO“O Brasil é um país com pouca cultura

ciclista, mas desde há três anos que co-locámos todo o nosso coração e trabalho em prestar um bom serviço para que todos possam desfrutar com segurança. Escolhemos estradas com bom asfalto, com pouco trânsito, com belas paisagens e com uma ou outra subida para subir as pulsações e animar os participantes. Em 2015 teremos uma edição em novembro, ainda que estejamos a ponderar uma opção em fevereiro, já que os ciclotu-ristas europeus querem escapar ao frio de inverno. Vir ao Brasil seria uma boa aposta, coincidindo com o Carnaval”.

Page 54: Ciclismo a Fundo Nº 36

MÁQUINA DO TEMPO

Ivo conquista o bronze na corrida por pontos do Campeonato do Mundo

Agosto2013Rui é vice-Campeão da Europa de Scratch

Julho2013

As parecenças físicas não são o único pormenor que Ivo e Rui Oliveira partilham. O mesmo gosto e talento pelo ciclismo tornaram-nos num raro caso de sucesso, facto comprovado pelas medalhas que ambos já arrebataram nos maiores palcos internacionais. Com apenas 18 anos, estes gémeos prometem dar ainda muito que falar...

Texto: Magda Ribeiro Fotos: UVP/FPC

Sintonia...perfeita!

Nome: Ivo OliveiraData de nascimento: 05/09/1996Naturalidade: Vila Nova de GaiaPeso: 69 kgAltura: 1.86 mCategoria: Júnior

Hobbies: Rui OliveiraData de nascimento: 05/09/1996Naturalidade: Vila Nova de GaiaPeso: 67 kgAltura: 1.82 mCategoria: Júnior

Reflexo

54 Ciclismo a fundo

grande entrevistaIvo e Rui Oliveira

Page 55: Ciclismo a Fundo Nº 36

É um cidadão ner-vo-so, essa criatura dia 5 de M 50 aio de 1989 sentada à sua secretária na baixa 100 lisboeta. Tem 31 anos, um emprego

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É um cidadão ner-vo-so, essa criatura dia 5 de M 50 aio de 1989 sentada à sua secretária na baixa 100 lisboeta. Tem 31 anos, um emprego

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MÁQUINA DO TEMPO

Ivo sagra-se Campeão da Europa de perseguição individual

julho2014Rui é 3.º no Campeonato da Europa de Scratch

julho2014

Naturais de Vila Nova de Gaia, e irmãos do ciclista profis-sional Hélder Oliveira, Rui e Ivo iniciaram-se no ciclismo

com apenas 7 anos mas desde cedo as suas pedaladas deram a indicação de que a apetência para a modalidade era inata. Depois de passarem pela Escola de Ciclismo Arca de Noé e pela Escola de Ci-clismo Venceslau Fernandes, os gémeos transitaram para o Clube de Ciclismo da Bairrada. Foi precisamente neste con-junto que, enquadrados no Velódromo Nacional de Sangalhos, descobriram uma nova paixão: o ciclismo de pista, vertente na qual arrebataram títulos inéditos não só para si como também para o país. A nossa revista foi conhecer melhor estas duas novas "coqueluches" do ciclismo português e (porque não?) mundial!

Já alguma vez foram rivais em competição?Ivo Oliveira: Não, nunca fomos. Corremos sempre juntos.

Como será se um dia tiverem de correr por equipas rivais?Rui Oliveira: Sinceramente não con-sigo imaginar essa situação. Acho que os dois juntos somos mais fortes, mas se um dia as coisas se proporcionarem de forma a que isso aconteça, teremos de aceitar.

Preferem estrada ou pista? Porquê?IO: São duas vertentes de que gosto muito e já não conseguia fazer uma sem a outra.RO: Também não consigo escolher entre as duas. Ambas entraram no meu mundo para ficar.

Ainda assim, pretendem especiali-zar-se em alguma específica? IO: Nas duas.RO: Nesta fase pretendo ir aperfei-çoando as duas vertentes, onde tenho muito a crescer. Só daqui a uns anos decidirei em qual me vou especializar.

Têm a ambição de fazer carreira no ciclismo?IO: Sim, cada vez mais.RO: Também.

Quais são as grandes metas que pretendem alcançar?IO: Conseguir chegar aos Jogos Olímpicos. Penso que é o maior sonho de qualquer atleta.RO: Gostaria muito de um dia repre-sentar o país nos Campeonatos do Mundo de Elites e também nos Jogos Olímpicos. Para além disso, gostava de correr Clássicas como Paris-Roubaix, Tour de Flandres, Montreal, Quebec, e clara-mente a Volta a França.

O que diz Ivo sobre Rui:"É um bom companheiro e trabalha muito bem em equipa. O defeito é ser chato às vezes"

O que diz Rui sobre Ivo:"É uma pessoa trabalhadora, humilde e prestável. O maior defeito penso que é ser muito teimoso"

O terceiro irmão...

Há já algum tempo que esta família Oliveira dá que falar na modalidade. Antes dos gémeos terem despontado para o ciclismo, já Hélder, o irmão mais velho, pedalava no pelotão na-cional, um facto que teve um peso enorme para que os mais novos lhe seguissem "as pedaladas": "Vê-lo sair para treinar ou a competir na Volta a Portugal apaixonou-nos ainda mais pela modalidade. Também o facto de o nosso pai na altura estar à frente da equipa profissional Madeinox foi importante para este nosso gosto", diz-nos Ivo Oliveira. Não é por isso de estranhar que ambos apontem o irmão Hélder, que na última época correu pela OFM/Quinta da Lixa, como um ídolo para eles.O ciclismo está, de facto, enraizado nesta família e por isso todos pro-curam dar o seu contributo para o sonho destes três irmãos: "Penso que somos uns sortudos! Temos uma família fantástica que nos apoia nos bons e (principalmente) nos maus momentos. É com eles que muitas vezes desabafamos quando estamos em competições fora do país. São o nosso conforto", confessa-nos Rui.

dezembro 2014 / janeiro 2015 55

Page 56: Ciclismo a Fundo Nº 36

MÁQUINA DO TEMPO

Ivo torna-se Campeão do Mundo de perseguição individual

agosto2014Ivo é 3.º no Campeonato

da Europa no Omniumjulho

2014

A PISTA EM PORTUGAL

Foi fundamental a construção do velódromo de Sangalhos para a vossa entrada no ciclismo de pista?IO: Sim, sem dúvida. Sem aquela infraestrutura era impossível treinar e competir para chegar onde chegámos.RO: Claramente! Se não fosse o Veló-dromo Nacional de Sangalhos eu nunca teria começado no ciclismo de pista.

Na vossa opinião, os resultados que ambos conseguiram até agora têm feito crescer a competição de pista no nosso país?IO: Penso que sim. Apesar de a adesão não ser a desejada, julgo que, com estes resultados, há mais ciclistas a querer

competir e conhecer a pista. Espero sinceramente que cada vez apareçam mais atletas.RO: A competição de pista no nosso país tem vindo a aumentar gradual-mente e acredito que os nossos feitos têm alguma influência nisso... As pes-soas começam a ver a pista com outros olhos e mais a sério. Antes viam apenas como uma brincadeira e uma pequena preparação para a estrada. Ainda assim, na minha opinião é ainda muito escasso a nível de Elites. Mais atletas do pelotão deveriam aderir!

Que características necessita de ter um ciclista para que se possa impor na pista?IO: Precisa de ser rápido e ter boa

grande entrevista :: Ivo e Rui Oliveira

A um passo do título europeu

Em 2013, Rui Oliveira esteve muito perto de se sagrar Campeão Europeu de Scratch, na pista de Sangalhos. Acabou por arrebatar uma medalha de prata, algo que considera um triunfo: "Penso que me faltou alguma experiência nessa altura. Tinha realizado apenas uma corrida internacional para esse Europeu e por isso fui mais na expectativa para ver o que conseguia. Ter-me sagrado vice-campeão europeu foi uma vitória para mim", diz-nos o atleta cuja disciplina favorita em pista é Madison: "É a mais louca e a que mais gosto de realizar. É uma junção de sofrimento e de adrenalina inexplicáveis. Sinceramente acho que esta vertente deveria ser incluída nos Jogos Olímpicos".

técnica. Além disso necessita de saber ler uma corrida e, claro, gostar do que está a fazer.RO: Depende, porque, parecendo que não, a pista está "dividida". Existem os atletas de sprint e os de endurance. No meu caso falo só de endurance, porque é aí que estou focado. Para se impor na pista é preciso, antes de mais, gostar verdadeiramente da essência dela. Também é necessário ter técnica, velocidade e resistência. É ainda fundamental ter concentração e saber ler uma corrida.

AS PRÓXIMAS PEDALADAS

Alguma vez pensaram chegar onde (já) chegaram?IO: Sinceramente não, mas depois de ter trabalhado durante estes anos todos sabia que podia estar com os melhores. Ainda assim nunca pensei sagrar-me Campeão do Mundo.RO: Também não. Nunca tinha pensado chegar a este patamar, em termos europeus e mundiais. Mas com o trabalho árduo que tem sido feito comecei a achar possível chegar mais longe.

56 Ciclismo a fundo

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Rui e Ivo conquistam o bronze no Campeonato do Mundo de Madison

agosto2014Rui é 3.º no Campeonato do Mundo de Scratch

agosto2014

É certa a vossa saída da equipa da Bairrada? Já podem confirmar para onde irão? RO: Sim, é certa a saída mas não podemos ainda anunciar o nome da nova equipa.

Alguma vez, numa prova, engana-ram os comissários em relação à identidade?IO: Mesmo sem querer já enganámos, por sermos tão parecidos.

Paralelamente ao ciclismo estu-dam. Pretendem tirar algum curso superior? Qual?IO: Neste momento tenho o 12.º ano concluído, com o curso profissional de gestão e programação de sistemas

informáticos. Pretendo seguir um curso superior, provavelmente na área de desporto. RO: Acabei também o 12.º ano, no curso de programação informática. Não ingressei este ano na faculdade, mas será um objetivo fazê-lo.

Finalmente, qual é o segredo do vosso sucesso?IO: O trabalho e o sacrifício. Todo o trabalho que temos realizado em conjunto com o selecionador Gabriel Mendes, com o nosso treinador Henri-que Queiroz e com toda a Federação.RO: Como aprendi com o meu selecio-nador Gabriel Mendes, o segredo é a regra dos três T's: Trabalho, Trabalho, Trabalho.

Ivo e Rui nasceram à 1 hora da manhã do dia 5 de setembro de 1996. O primeiro pesava 2130 gramas e o segundo 1990 gramas. Hoje em dia, Ivo continua a ser o mais "pesado" (com 69 kg contra os 67 do irmão) e ainda o mais alto (tem mais 4 cm).

O título mundial

Ivo Oliveira viveu, em agosto deste ano, o momento mais alto da sua carreira, ao sagrar-se, na Coreia do Sul, Campeão Mundial de perseguição individual na categoria de Juniores. Tal triunfo permitiu-lhe vestir uma das camisolas mais desejadas do ciclismo: a arco-íris: "Só ainda tive a oportunidade de a envergar em treino, mas posso dizer que é uma sensação de enorme responsabilidade e orgulho".Este feito, somado ao título de campeão europeu, que ganhou igualmente este ano na Anadia, catapultaram o nome deste jovem que viu o seu empenho ser agradecido na mais recente Gala do Desporto: "Fiquei muito feliz. É o reconhecimento pela excelente época que tive. Ter essa distinção, perante os melhores atletas nacionais, é motivante", salienta.

São momentos como este que ficam para a história da família Oliveira... e do país

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Foi a única representante feminina de Portugal no Campeonato do Mundo de Ponferrada, em Espanha, e em 2015 estrear-se-á no pelotão internacional, vestindo a camisola da francesa DN17 Poitou/Charentes e concretizando um sonho que há muito a acompanhava. Daniela Reis vive um período de ouro e o seu cativante sorriso de menina jamais deixa esmorecer a ambição de uma ciclista destemida.

Texto: Fernando Lebre Fotos: Rui Botas

“Em 2015 representarei a DN17 Poitou/Charentes”

:: Daniela Reis

No final da última época, Daniela Reis deu que falar: ela foi a única representante portu-guesa nos Campeonatos do

Mundo. O orgulho sentido por envergar a camisola das quinas contrastou, porém, com a sensação de que há ainda um enorme caminho para percorrer para que possa "lutar com as mesmas armas" de quem faz parte do pelotão internacio-nal. Ainda assim, o salto que agora irá dar para o estrangeiro transmite-lhe a confiança de que as próximas pedaladas na modalidade poderão ser agora mais sólidas e que o sonho de ser ciclista permanece incólume!

O que significou para ti representar Portugal nos Campeonatos do Mundo, sobretudo tendo em conta o facto de o nosso país há tantos anos não contar com uma participante feminina?Marcar presença nos Mundiais foi um marco muito importante para a minha evolução enquanto atleta. Aprendi bastante. Senti um orgulho enorme em envergar a camisola de Portugal numa competição daquele nível. Só tive pena de ser a única ciclista nacional presente, pois gostava que outras atletas tivessem a possibilidade de experimentar a at-mosfera única daquela prova. Fui para a competição bastante nervosa. Cerca de dois meses antes da realização dos Mundiais comecei a ter dificuldades em adormecer, pois a ansiedade começou a apoderar-se de mim.

Que balanço fazes da tua participação na prova?Para mim significou o concretizar de

um sonho, mas esperava ter tido uma melhor prestação desportiva. Treinei muito e cheguei aos mundiais num bom momento de forma. A questão é que as outras participantes eram na sua maioria atletas profissionais, com muitos quilómetros nas pernas e experiência acumulada. A minha melhor forma física fica muito aquém da delas. Foi uma experiência espeta-cular, mas senti que ainda tenho muito que trabalhar para conseguir chegar ao fim de um Mundial na companhia das melhores do mundo. Contudo, continuo a alimentar esse sonho.

A MAGIA DO MUNDIAL

O que mais te marcou nesta compe-tição?O ambiente é totalmente diferente do vivido nas provas nacionais. Eram imensas atletas, e a estrada estava repleta de adeptos que não se cansa-vam de apoiar os ciclistas. Aplaudiam o último classificado com a mesma intensidade com que o faziam ao líder da corrida. Foi uma sensação indes-critível. A participação nos Mundiais aumentou ainda mais a minha paixão pelo ciclismo e o meu desejo em seguir a profissão de ciclista.

O que mudou na tua vida com a participação nos Campeonatos do Mundo?Penso que, pelo facto de ter sido a única representante portuguesa, me tornei mais conhecida para os adeptos do ciclismo. Senti isso principalmente ao nível da minha página do Facebook,

na qual o meu número de amigos subiu imenso. Apesar de ter sido última no contrarrelógio e de ter sido forçada a desistir na prova de fundo recebi imensas mensagens de carinho e isso foi algo que me deixou muito feliz e me dá muito alento para continuar.

Que significado teve para ti com-petires com algumas das melhores ciclistas do mundo?Foi muito bom, pois sinto que me permitiu crescer enquanto ciclista. Só tive pena que na competição de fundo os comissários nos tivessem dado tão pouca margem e nos tivessem forçado a abandonar a corrida. Não havia o perigo de as ciclistas atrasadas serem dobradas e gostava que nos tivessem deixado acabar. Fiquei com a mágoa de não me terem deixado chegar ao fim, pois esse era o meu grande objetivo. Na altura fiquei muito triste. No dia seguinte tirei uma fotografia com a Marianne Vos! (risos)

De forma a preparares-te convenien-temente para os Mundiais, decidiste deixar o teu emprego. Por que razão tomaste essa decisão?Trabalhava numa charcutaria e o horário ocupava-me o dia quase todo, deixando-me pouco tempo para treinar. Então decidi que se me queria preparar para os Mundiais teria de abandonar o meu emprego.

Foi uma decisão muito difícil de tomar?Foi dificílima e tomada por iniciativa pessoal. Por vezes interrogo-me acerca

58 Ciclismo a fundo

entrevista

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Nome: Daniela da Conceição Alexandre ReisData de nascimento: 06/04/1993Hobbies: Passear na praia, ver televisão, andar de patins e jogar futebolComida favorita: Bacalhau com natas e cozido à portuguesaBebidas prediletas: Água e colaLivro preferido: "Prometo falhar", de Pedro Chagas FreitasBanda de eleição: U2Alcunha: “Dany”

Reflexo

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entrevista :: Daniela Reis

do que irei fazer na vida se não conseguir concretizar a ambição de me tornar ciclista profissional. Mas na altura senti que tinha de me preparar seriamente para ir para o Campeonato do Mundo e que não o conseguiria fazer estando a trabalhar. Entre optar por seguir este sonho ou continuar a trabalhar e um dia mais tarde arrepender-me por não ter tentado segui-lo decidi arriscar. Prefiro que o ciclismo corra mal se tiver de correr e procurar ou-tro emprego do que ficar a matutar "e se um dia eu tivesse sido ciclista profissional"?...

A tua família aceitou bem a decisão?Os meus pais sabiam que o meu trabalho não era compatível com a

vida de ciclista e viam que eu andava exausta para conseguir conciliar as duas vertentes. Como eles têm a noção de que o ciclismo é a minha grande paixão apoiaram-me. Estou satisfeita com a decisão que tomei. Espero em 2015 começar a trabalhar em part-time em outras funções.

O que achas que ainda te falta para poderes rodar ao nível das melhores do mundo?Falta-me experiência e realizar qui-lómetros em competições onde elas marquem presença, pois a treinar sozinha ou a competir somente em Portugal não conseguirei evoluir muito mais, por melhor que seja o meu programa de treino. Falta-me competir a alto nível.

“A participação nos Mundiais aumentou ainda mais a minha paixão pelo ciclismo”

MÁQUINA DO TEMPO

Sagra-se Campeã Nacional de Contrarrelógio2011Celebra a primeira vitória ao ganhar o 20.º Circuito do concelho de Palmela2010

SONHO CUMPRIDO

Na próxima temporada irás cumprir o sonho de representar uma equipa estrangeira? Sim. Em 2015 representarei a equipa francesa DN17 Poitou Charentes. É a formação satélite da Poitou/Charentes.Futuroscope.86. Assinei contrato válido por uma temporada. Contactaram-me pela primeira vez no Campeonato da Europa e colocaram-me a possibilidade de os representar em 2015. A seguir ao Campeonato do Mundo voltaram a contactar-me e chegámos a acordo.

O que mais te atraiu neste novo projeto?O facto de ter a possibilidade de disputar um calendário mais preenchido e competitivo. A equipa dá-me também a possibilidade de poder continuar a parti-cipar nas provas do calendário nacional. Consoante a minha prestação poderei, ou não, ser chamada para representar a formação principal em algumas provas. Sinto que esta nova aventura poderá ser um passo muito importante na minha carreira. Correr no estrangeiro é um objetivo que perseguia há muito.

O que irá mudar no teu quotidiano com esta nova aventura? Vou andar entre cá e lá. Irei deslocar--me ao estrangeiro para disputar provas e realizar estágios com as minhas restantes companheiras e continuarei a treinar em conjunto com os Juniores da minha atual equipa, a Acreditar/AC Malveira. Tenho de agradecer ao meu ainda diretor desportivo Hélder Miranda por me dar essa possibilidade, pois é, sem dúvida, muito melhor do que estar a treinar sozinha.

Como é que nasceu a tua paixão pelo ciclismo?Sempre adorei praticar desporto. Quando era miúda comecei no BTT com o meu pai. Muitas pessoas achavam que eu tinha jeito e incitavam-me a dedicar-me ao ciclismo de estrada no ACD Milharado, equipa localizada na minha área de residência. Um dia o sr. Manuel Martins, que era o responsável da equipa e que infelizmente já faleceu, veio ter comigo e desafiou-me a

60 Ciclismo a fundo

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experimentar.

Como encaras o atual momento do ciclismo feminino no nosso país?Existe ainda um longo trabalho a realizar, mas tem evoluído bastante nos últimos anos. A Federação Portuguesa de Ciclismo tem apostado mais no ciclismo fe-minino, pois tem levado as ciclistas a realizarem estágios, assim como a participarem em corridas no estrangeiro e isso é muito bom. Penso que se estão a reunir condições para que daqui a alguns anos possamos ter em Portugal um pelotão feminino muito maior do que acontece atualmente.

UMA RIVALIDADE ESPECIAL

No pelotão português tens alguma rival especial?A Celina Carpinteiro. É uma brilhante atleta e tem uma excelente capacidade para ler a corrida. Normalmente perco sempre com ela ao sprint. É ela quem me dá mais dores de cabeça. (risos) Admiro-a muito. Para além disso é uma amiga.

Tens algum ídolo?O meu maior ídolo é o meu pai.

Até hoje, qual foi a equipa que repre-sentaste que mais te marcou?A ACD Milharado. Foi lá que comecei e onde me ensinaram as regras básicas do ciclismo. Por mais anos que passem relembrarei sempre aquelas pessoas. O falecimento do sr. Manuel Martins foi o pior momento que já vivi no ciclismo. Era ele que me acompanhava e, de um momento para o outro, senti-me deso-rientada. Penso nele muitas vezes e quis continuar a praticar ciclismo também como forma de o homenagear.

Tens cuidados para que o facto de praticares ciclismo não te faça perder a tua feminilidade?Não existem razões para que uma ci-clista perca o seu lado feminino. Lá fora grande parte das ciclistas maquilham-se antes da corrida. Quando não estou equipada, gosto muito de usar vestidos e de andar de salto alto.

Vence a Taça de Portugal e representa Portugal nos Mundiais2014Vice Campeã Nacional de Fundo2013

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62 Ciclismo a fundo

Uma monumental coroa de espinhosJá imaginou percorrer as mesmas montanhas da Volta a França, do Giro ou da Vuelta e ter o mesmo tipo de apoio que os profissionais auferem? Na Haute Route isso é possível, e nós estivemos lá.

Texto: Nuno Henrique Luz Fotos: Manu Molle

:: Haute Route Triple Crownreportagem

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Em 2015 a Haute Route Triple Crown vai inverter o percurso:

começa nos Pirenéus e acaba nos Dolomitas. Decorre entre as

últimas duas semanas de agosto e a primeira de setembro

Um ciclista amador quando acaba de ver na televisão uma etapa do Giro, do Tour ou da Vuelta sonha naturalmente com aque-

las montanhas, aquelas subidas impo-nentes, aqueles cenários dos Dolomitas, dos Alpes, dos Pirenéus. Aquele apoio logístico com os carros amarelos da Ma-vic também ajuda, claro. Hoje em dia já é possível percorrer essas estradas e tendo esse apoio enquanto amadores, ao parti-cipar na Haute Route Triple Crown. Para além disso a organização disponibiliza massagens, bem como eletroestimulado-res da Compex e os respetivos técnicos para os aplicar devidamente, à nossa espera logo após o final de cada etapa, para devolver tão rapidamente quanto possível um mínimo de operacionalidade a pernas muito massacradas pelos mais de três mil metros de desnível positivo ultrapassados diariamente.

Tratado o aspeto físico, o apoio me-cânico está ali mesmo à mão, é apenas uma questão de entregar a bicicleta no carro-oficina da Mavic. O alojamento é feito em hotéis ou, pontualmente, em bungalows de estâncias de esqui ou em parques de campismo do Guia Michelin. A cereja no topo do bolo é ter aquelas estradas, aqueles percursos inteiros à disposição, marcados, policiados, com os abastecimentos apropriados pelo cami-nho e com equipas completas no terreno, de mota e a pé, a garantir que durante centenas, milhares de quilómetros dia após dia o asfalto pertence a cem por cento às bicicletas e os carros perdem toda e qualquer prioridade no seu próprio terreno de jogo.

Neste evento participam ciclistas vindos de todo o mundo e com muitas

histórias para contar à mesa, seja ela a das massagens, do Compex, do almoço ou do jantar. É sabido que Deus está nos pormenores, e neste caso o “Altíssimo” subcontratou os melhores, a OCSport, uma organização cujos fundadores antes de montarem a Haute Route ajudavam a pôr de pé a Volta à França.

MAIOR DO QUE UM GRAND TOUROs números por si só já dão a medida

do desafio que foi a primeira Haute Route Triple Crown, que se realizou entre as últimas semanas de agosto e a primeira de setembro. Factos: três semanas, 2700 quilómetros, 60 mil metros de subidas (por comparação com os 49 mil do Tour deste ano), zero etapas planas, 21 etapas com médias diárias superiores a três mil metros de desnível acumulado e um dia de descanso durante toda a prova. Facto suplementar não irrelevante: três conjun-tos montanhosos de seguida – Dolomitas, Alpes e Pirenéus.

Cada semana incluía ainda um con-trarrelógio – nos Dolomitas o Passo Stelvio, nos Alpes o Alpe d'Huez e nos Pirenéus o Tourmalet. Isto é: estamos a falar de um condensado do Giro, do Tour e da Vuelta, com os melhores cenários e as subidas historicamente mais reconhe-cidas e difíceis de cada uma das provas.

A OCSport chama à Haute Route Tri-ple Crown o evento mais duro do mundo para ciclistas não profissionais e isto não é um exagero promocional. Aliás, o adjetivo “duro” é curto para descrever a experiência de estar lá dentro, diaria-mente, como esteve o autor destas linhas. Penoso, agonia, impossível, desconforto físico extremo, amanhã já não vai dar – eu começava antes por aqui para dar

uma ideia da experiência vivida durante aquelas três semanas.

Vista em mais detalhe, a HR Triple Crown consiste em três eventos con-secutivos, cada um com 20 mil metros de subidas e distâncias entre os 700 e os mil quilómetros: a Haute Route Dolomitas-Alpes Suíços, a HR Alpes e a HR Pirinéus. Podemos inscrever-nos individualmente em cada um, como fi-zeram cerca de 1200 ciclistas em 2014; em dois deles (os chamados Iron Riders); ou fazer as três semanas sem parar (a Triple Crown propriamente dita). Pensem num granfondo tipo Gerês ou Lousã e multipliquem por 21 dias non stop.

Neste último formato, dos tais 1200 participantes nas Haute Routes este ano, apenas 12 (ou um por cento) arriscaram a Triple Crown. E desses 12, dois eram portugueses, o Sérgio Costa, um triatleta de Ironmans que é também um ciclista fortíssimo, e este vosso amigo. Feitas as contas finais, nove completaram o desafio, entre eles o Sérgio (que ficou em segundo) e eu (que, digamos assim, não fiquei em segundo, mas um pouco mais abaixo).

DOLOMITAS: VAI SUBIR... E SUBIRO ponto alto da Triple Crown, para

além da magnitude da coisa, são obvia-mente as grandes subidas – quase 60 no total. Na primeira semana, que nos levou de Veneza (cenário improvável ainda que majestoso para o arranque de uma prova de ciclismo) a Genebra, cruzámos, muitas vezes com as pernas bambas e vontade de chorar ao fim de horas de esforço, topos como o Passo Giau, o Bordoi, o Tonale, a Gavia, o Stelvio (perto dos 2800 metros de altitude e com um tempo par-

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64 Ciclismo a fundo

reportagem :: Haute Route Triple Crown

ticularmente miserável), o Oberalppass, o Furkapass, Crans-Montana e o Pas de Margins, entre outros.

Escusado será dizer, do outro lado as descidas eram a condizer. Algumas - atendendo a que o São Pedro desa-bou sobre a HR Dolomitas com todas as suas forças de frio e chuva – foram neutralizadas, por razões de segurança e paz de espírito geral de organizadores e participantes.

Desta primeira semana sobram como principais memórias de superação pessoal a subida até aos 2236 metros do Passo Giau; a dor suprema da escalada até à Gavia (2652 metros); o braço de ferro impiedoso contra os três adversários temíveis que eram a distância (21 km), o mau tempo e a altitude (quase 2800 metros) do Passo Stelvio; e a descida do Julierpass, feita sob um temporal que levou à desistência, nesses 25 km, de dezenas de participantes.

Este último dia, em especial, não foi bonito: vi homens de barba rija quase em posição fetal, encostados nas bermas e debaixo de árvores, de olhar suplicante aos céus e a tremerem descontrolada-mente, como se em epilepsia de frio. Eu,

apesar de a certo ponto já não sentir nada, simplesmente não parei – se o fizesse, acho que dali não saía mais. A Haute Route Dolomitas-Alpes Suíços foi de longe a mais dura pelos sete dias mais penosos que vivi (e vi) em cima de uma bicicleta.

ALPES: A MONTANHA É QUE MANDAA semana seguinte, nos Alpes, ligava

Genebra a Nice. O tempo melhorou, as altitudes eram um pouco menores, a vida sorria-nos, sobretudo nas primeiras etapas. Os cols com os topos a perder de vista iriam-se suceder-se – Colom-bière, Croix-Fry, Cormet de Roselend, Courchevel, Alpe d'Huez, Parquetout, Festre, Mont Ventoux – mas nesta altura, se as pernas andavam sempre no limite, a carapaça mental ia endurecendo, o que ajudava a encarar as dificuldades. Claro que lá no fundo sabíamos que nas montanhas a meteorologia é apenas um palpite e as coisas podem mudar a qual-quer momento. Aconteceu no terceiro dia, na etapa Courchevel-Alpe d'Huez. Nessa manhã, os deuses do clima local acordaram seriamente mal dispostos.

Considerando que se tratava do dia mais longo da semana, com 4650 metros de subidas concentrados em 137 quiló-metros, à partida sentia-se um ponto de interrogação coletivo sobre como é que as coisas iam correr. Correram mal para todos, mesmo para aqueles a quem correram bem simplesmente por terem chegado ao fim; e correram ainda pior para os mais de 40 ciclistas que entre o Col de la Madeleine e o Col du Glandon foram obrigados a entrar no carro-vassoura. Quer num quer no outro destes dois topos, mas em especial no segundo, o temporal tornou-se medo-nho, ao ponto de no Glandon o vento quase nos bloquear a subida e no alto a organização nos mandar descer sem demoras, pois as condições iam tornar aquele troço altamente perigoso.

A seguir à já referida etapa número cinco dos Dolomitas, este foi o dia de maior sacrifício – e correspondente mistura de satisfação e alívio ao cortar a meta – de toda a Triple Crown. Ao pé daquilo, o contrarrelógio Alpe d'Huez acima foi uma brincadeira de crianças. Uns dias depois, porém, a interminável subida do Mont Ventoux doeu e não

Fazer o Haute Route Triple Crown não é para todos. Mesmo assim há

quem arrisque e participe com uma preparação

desajustada. No fundo estamos a percorrer as mesmas estradas

diabólicas que Nibali, Froome e Contador

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Receber a medalha de Finisher é apenas simbólico. Na verdade, ficam guardadas na memória muitas horas de sofrimento e uma enorme sensação de superação pessoal

Nuno Luz (foto em baixo) foi um dos lusos presentes

"Vi homens de barba rija quase em posição fetal, encostados nas bermas e debaixo de árvores, de olhar suplicante aos céus e a tremerem descontroladamente"

foi pouco, o terço inicial ainda mais do que os seis quilómetros finais através das famosas paisagens carecas, lunares.

PIRENÉUS: PEDALAR COM A CABEÇAChegados a Nice, duas das três Haute

Routes da Triple Crown estavam feitas. O desafio agora era de pernas mas era muito de cabeça também. Por esta al-tura, alguns “triple riders” tinham já sucumbido ao percurso e ao cansaço mental, mas sobretudo a este último. Encontrar a motivação para arrastar a carcaça, a bike e toda a tralha inerente a quase um mês fora de casa até à partida da Haute Route Pirenéus, em Barcelona, não foi tarefa fácil. Mas chegados a esta fase apodera-se de nós uma teimosia e um desejo tais de não desistir e chegar ao fim que esse empurrão invisível da vontade, convertido depois em im-prevista força nas canetas, fez-nos

avançar uma pedalada atrás da outra e acabou por nos transportar, sabemos lá bem como, até ao final em Anglet, junto a Biarritz. Port de Pailhères, Ax 3 Domaines, Col de Menté, Peyresourde, Tourmalet de um lado, Tourmalet do outro lado em contrarrelógio, Soulor, Aubisque, Col d'Ahusquy, Col d'Ipseguy – tenho-os a todos gravados para sempre nas pernas, sobretudo o d'Ahusquy, uma autêntica via dolorosa para um pelotão apanhado desprevenido por uma subida e um calor positivamente assassinos. Mas também tenho, concluída a Triple Crown, e olhando agora para trás, uma sensação indescritível de realização pessoal, de ter conseguido levar ao fim um dos projetos mais ambiciosos, na bicicleta ou fora dela, em que já me meti. A Triple Crown, se foi em muitos momentos uma coroa de espinhos, foi também uma experiência irretocável.

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66 Ciclismo a fundo

:: Tour do Mont Blancaventura

Nicolas Roux empreendeu uma das aventuras mais duras da sua vida: percorrer o impiedoso Mont Blanc em solitário. Será que conseguiu? Nesta edição publicamos a versão pura e dura deste francês.

Texto: Nicolas Roux Tradução: Carlos Almeida Pinto Fotos: Mavic

Superação humana

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68 Ciclismo a fundo

5hO alarme tocou. É hora de levantar-me

para o longo dia que se inicia. Desço para tomar o pequeno-almoço ainda meio ensonado. Um grande começo para o des-conhecido, esperam-me 334 km, mais de 8000 metros de acumulado de subida e um dia stressante.

5H30 Estou nos preparativos finais: a esco-

lha de roupa para as primeiras horas, um olhar para a minha bicicleta (Canyon CF SLX) para ver se está tudo bem, verificar a pressão nos pneus… E finalmente estou pronto. Vou à rua verificar a temperatura e ver a paisagem que, diga-se desde já, é muito bonita. A temperatura é a ideal e à minha porta está o Jacques, mecâ-nico da Mavic, prontíssimo para me dar assistência nesta dura jornada.

6HAcabei de partir. O meu objetivo é

percorrer o pico mais alto da Europa: o Mont Blanc. Primeiro vou descer em direção a Megève com o nascer do sol e sob o olhar do majestoso Mont Blanc. Maravilhoso…

6H40Passei na cidade onde nasci: Megève.

A minha família estava lá para me apoiar e nesta fase as pernas pareciam estar frescas. Rumei a Chamonix onde se encontrava a primeira subida do dia: o Col des Montets. Seguiu-se Forclaz, o terrível cume de Champex e ainda atingi o ponto mais alto do dia, o Col du Grand Saint Bernard com os seus 2.469 metros. A subida correu bem, segui a um bom

ritmo, tendo chegado a este ponto com 5h40 de viagem, ou seja, com 25 minu-tos de avanço sobre o tempo que tinha estimado. Parei cerca de 15 minutos para comer arroz com bacon e vestir roupa seca antes de começar a longa descida para Aoste (40 km).

13HAo chegar ao Vale de Aoste rumei a

Petit Saint Bernard. Este vale foi um dos mais difíceis de gerir, devido ao vento e às condições climatéricas. Passada uma hora a percorrer este vale (35 km), mentalizei-me que teria de aumentar o rimo na ascensão a Petit Saint Bernard e foi nessa altura que vi a minha esposa e os meus filhos à minha espera para me dar o merecido alento para a última parte do meu desafio. Absorvi a energia deles e continuei, mais forte e mais confiante do que nunca.

14HNesta fase estava a 5 km do topo e o

vento era cada vez mais forte, tornando--se muito difícil manter a minha velo-cidade. Quando finalmente cheguei ao topo de Petit Saint Bernard, o vento era terrível, tempestuoso, e a descida que se seguia não era possível fazer a uma velocidade superior a 50 km/h.

MAIS NOVIDADES...Após algum desalento cheguei ao

início da subida para Cormet de Roe-seland. Percebi logo que o meu avanço se tinha esfumado. A subida ao Cormet foi terrível, com um vento muito forte e a fadiga a tornar tudo ainda pior. No topo do Cormet a tempestade aguardava--me. Mas ainda havia uma surpresa na descida: a estrada tinha acabado de ser arranjada… com cascalho!

A subida para Hauteluce e Les Sai-sies também foi terrível. A temperatura caiu para quatro graus centígrados, o granizo e o vento não paravam, e nesse momento entrei em hipotermia. Durante vários quilómetros parecia que estava a pedalar num túnel pois não tinha força nem conseguia pedalar mais. Alimentei--me e recuperei o ânimo e após algum tempo decidi que estava mesmo na hora de prosseguir caminho e terminar esta jornada sozinho no Mont Blanc em 12h10.

O recorde do Tour do Mont Blanc não foi batido, mas esta é uma aventura humana, que eu tenho que reviver com todas as pessoas que estiveram lá durante todo o dia: o Jacques e o meu pai que me seguiram no carro amarelo da Mavic, a minha esposa e os meus filhos que foram lá para me motivar e me deram coragem, o Christophe, o Nico, o Loris e a equipa de filmagens e fotógrafos que partilharam estas emoções.

Tive um dia maravilhoso, que me permitiu ir buscar energias onde eu nunca pensei que existissem no meu corpo e na minha mente. Obrigado à Mavic pelo apoio durante este desafio e espero compartilhar novos momentos com vocês nos próximos anos.

"Parei cerca de 15 minutos para comer arroz com bacon e vestir roupa seca antes de começar a longa descida para Aoste (40 km)"

:: Tour do Mont Blancaventura

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"A temperatura caiu para quatro graus centígrados, o granizo e o vento não paravam, e nesse momento entrei em hipotermia"

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70 Ciclismo a fundo

treino :: Performance

Para possuir um bom acondicionamento físico não necessita de investir largos minutos do seu tempo ou mesmo o dinheiro que lhe faz falta. Basta, para tal, treinar com o próprio peso do seu corpo, realizando esta atividade em casa ou ao ar livre. Veja como!

Texto: Pedro Maia Fotografia: Rui Botas

“O ginásio é caro e/ou não tenho tempo”! Esta é uma das afirmações que oiço (vezes sem conta)

quando explico aos meus alunos as vantagens de ter uma atividade física complementar ao treino de ciclismo, seja ele de estrada ou BTT.

Não existe uma atividade física com-pleta. Todas elas se regem por objetivos concretos e é óbvio que temos que treinar para os alcançar. No entanto, e devido à especialização e ao uso continuado dos mesmos gestos técnicos, por vezes sur-gem desiquilibrios provocados por essas mesmas atividades. Isto para não falar de limitações congénitas ou adquiridas ao longo da nossa vida, que nos vão tornar

Mais forte, mais funcional

derna, muitos participantes vão ao ginásio para se “entreter” e não para treinar. O uso, sobretudo, de máquinas tornou-se quase uma obsessão. Muitas vezes vejo “atletas” a fazer cardiofitness num si-mulador de escadas durante meia hora e depois observo-os a entrar no elevador para subir ao primeiro andar do ginásio… Já outros decidem faltar ao treino porque não havia estacionamento por perto…

O termo Calisténicos evoluiu das palavras gregas Kalos e Thenos, o que, grosso modo, quer dizer “a beleza da força”. Era utilizado para feitos de força corporal fora do vulgar. Hoje em dia chamam-se Calisténicos os exercícios leves executados com altas repetições, próprios do aquecimento e das aulas de grupo, distorcendo claramente o que se pretende com este género de treino.

No entanto, o treino com o peso cor-poral orientado para o ciclismo é uma das melhores formas para aumentar o controlo e os reflexos quando se pedala, seja na estrada, seja fora dela. Também tem como particularidade desenvolver a nossa força estrutural e funcional, o que nos tornará mais equilibrados, reduzindo assim a suscetibilidade de lesão presente na modalidade. Pode ser feito por qual-quer pessoa capacitada para o fazer, em qualquer lugar e a qualquer hora (e sem utilizar aparelhos sofisticados).

menos capacitados e, ao mesmo tempo, mais suscetíveis a lesão.Contrariamente ao que muita gente pensa, para se obter resultados - em termos de acondicio-namento físico - não é obrigatório fre-quentar um ginásio onde exista o último “grito” de máquinas de musculação e cardiofitness.

Quero deixar marcado que não tenho qualquer objeção em relação ao treino em ginásio, usando esse tipo de aparelhos! Pelo contrário. Penso que é um dos sítios ideais para a atividade em si. Mas se, por falta de tempo e/ou de possibilidades financeiras, não puder frequentar uma infraestrutura do género, existe uma so-lução que se resume muito simplesmente a treinar com o próprio peso do corpo, seja em casa, seja ao ar livre. Assim temos o problema resolvido.

Este género de treino é universal e tem uma longa história. Quem é que já não fez flexões de braços, elevações na barra, agachamentos e muitos outros exercícios só com o peso do corpo? Já na antiguidade tanto os atletas gregos e espartanos como os gladiadores romanos, passando pelos cavaleiros medievais e mais recentemente pelos “homens fortes” - os culturistas e powerlifters da velha guarda -, todos eles utilizavam o peso corporal como forma de acondicionamento e exibição. Com o aparecimento da cultura do Fitness mo-

O spinning é uma boa opção para o aquecimento antes dos exercícios

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FASES DE TREINO

Cada treino está formatado da seguinte maneira:

Aquecimento: Uma das fases mais importantes do treino e por vezes descurada. Tem como objetivo preparar o nosso sistema musculo-esquelético e cardiovascular para a atividade mais intensa que se segue.

Treino do CORE: Vamos utilizar movimentos corporais fluí-dos, usando os braços e as pernas de forma a proporcionar ao corpo diferentes estímulos. Estes irão criar um desafio aumentado ao CORE, de tal forma que a transferência para o ciclismo é perfeita.

Treino de Força: Nesta fase vamos fazer 7 exercícios com o peso do corpo, utilizando a técnica de treino em circuito. Fazemos 2 a 3 circuitos, com descanso de 30 a 60 segundos entre exercícios (conforme a capacidade).

Treino Cardiovascular: Se no dia em que fizer treino com-plementar não tiver treinado ciclismo, poderá fazer também um segmento cardiovascular.

De salientar que todos estes exercícios são perfeitamente seguros e contribuem para atingir os objetivos propostos. Esta seleção não inclui exercícios que possam ser considerados contraindicados, mas quem os executa é que pode ser contraindicado para os fazer. Como tal, é conveniente que consulte o seu médico assistente, de forma a despistar alguma patologia que seja limitativa. Mesmo que isso aconteça, existem modificações não tão traumatizantes e que vão ajudar a cumprir o que se pretende. Apesar da descrição ser o mais minuciosa possível, poderão surgir dúvidas. Como tal, deverá procurar ajuda de um profissional de Fitness qualificado.

AQUECIMENTO

Poderá executar os exercícios descritos na edição de junho/julho de 2014 da revista Ciclismo a fundo.

TREINO DO CORE

- Urso- Símio- Chutos ao lado

TREINO DE FORÇA

TREINO DO CORE

Urso1- Inicie com as mãos e os pés apoiados no chão. Afaste os ombros dos ouvidos e mantenha uma postura do tronco neutra, com os abdominais ativados. 2- Comece a caminhar com os pés e com as mãos em oposição.3- Faça entre 5 a 15 “passos” e depois recue, voltando à posição de partida.

Chutos ao lado1- Em quatro apoios, com as mãos e as pontas dos pés apoiados no chão, e os joelhos sem tocarem o solo.2- Levantando a mão e braço, rode para o lado e dê um chuto com a perna do lado oposto.3- Volte à posição inicial e repita para o lado oposto.4- À medida que vai evoluindo, pode fazer o movimento seguido para um lado e para o outro.

Símio1- Comece com as mãos e os pés apoiados no chão, na posição de cócoras. Debruce-se sobre as mãos, fazendo um apoio mais forte sobre estas e sobre os ombros.2- Desloque as mãos para a frente e “agarre” o chão, alongando os cotovelos e ativando os dorsais no processo.3- Impulsione-se para a frente, com um pequeno salto. Repita este padrão 15 -> 15 repetições, antes de inverter o movimento, voltando à posição de partida.

TREINO EM CIRCUITO

Exercícios Séries x Repetições Flexões de braços com remada 2-3 x 5 -> 20 Remada com corda 2-3 x 5 -> 20 Agachamento “assimétrico” 2-3 x 5 -> 30 Peso morto “assimétrico” 2-3 x 5 -> 15 Elevação de joelhos 2-3 x 5 -> 20 Ponte de glúteos - marchando 2-3 x 3 -> 15 Caminhar com as mãos 2-3 x 10-60 seg/ 3->15

*Faça o circuito 2 ou 3 vezes, recupere 30 -> 60 segundos entre exercícios

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72 Ciclismo a fundo

treino

Peso morto “assimétrico” 1- Comece com os seus pés colocados à distância da largura das ancas e em alternância como na imagem, simulando como se estivesse em pé nos pedais. Mantenha o peso do corpo sobre o pé da frente, empurrando o calcanhar para o chão. O calcanhar da perna de trás eleva-se no movimento.2- Mantendo o calcanhar sempre no chão, faça uma ligeira flexão dos joelhos. Depois, sempre com o peso sobre o calcanhar, debruce o seu tronco para baixo, trazendo a anca em conjunto com o resto do tronco, levantando-se, posteriormente, até à posição inicial. Faça o número de repetições aconselhado, mudando entretanto de perna.3- É muito importante não se debruçar para trás, nem usar a perna que fica atrás para ajudar no movimento. Esta perna serve só para equilibrar e não para ajudar no movimento.

Agachamento “assimétrico” 1- Comece com os pés colocados à distância da largura das ancas e em alternância como na imagem, simulando como se estivesse em pé nos pedais. Mantenha o peso do corpo sobre o pé da frente, empurrando o calcanhar para o chão. O calcanhar da perna de trás eleva-se no movimento.2- Mantendo o calcanhar sempre no chão, faça o agachamento até que a coxa desse lado fique paralela ao solo. Depois, sempre com o peso sobre o calcanhar, levante-se até à posição inicial. Faça o número de repetições aconselhado e posteriormente mude a perna.3- É muito importante não se debruçar para trás, nem usar a perna que fica atrás para ajudar no movimento. Esta perna serve só para equilibrar e não para ajudar no movimento.

Remada com corda 1- Arranje uma corda grossa e macia, que não magoe as mãos (ou então pode usar luvas).2- Prenda a corda a algo imóvel e teste se está bem presa.3- Segure na corda e coloque-se na posição que está na figura. Mantendo o corpo praticamente sempre com a mesma postura, desloque-se para cima num movimento de remada. Se quiser aumentar a intensidade, coloque os pés mais para a frente.

TREINO DE FORÇA

Flexões de braço com remada 1- Apoie as mãos no chão e afaste-as à distância da largura do seu guiador. Coloque os ombros sobre os pulsos. Ative os glúteos e os abdominais, afastando os ombros dos ouvidos.2- Comece o movimento fletindo os cotovelos e levando o peito na direção ao chão, mas sem o tocar. Mantenha o corpo em “prancha”, com o tronco em posição neutra durante todo o exercício.3- Mantendo as musculaturas ativadas, volte à posição inicial. Quando alongar os cotovelos, mantenha a posição e puxe um braço, levando o cotovelo em direção ao teto. Depois levante o outro e realize o número de repetições aconselhado.

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Como otimizar o seu treino de força

É óbvio que quanto mais fortes formos, mais facilmente controlamos a bicicleta e os trilhos e estamos mais aptos para “absorver” impactos em caso de queda. No entanto, como já tenho afirmado, devemos usar o treino de força como ciclistas e não como culturistas!- Vá para o ginásio com atitude para treinar a sério. Não existe outra forma de atingir objetivos.- Tem que acreditar naquilo que faz. Assuma que vai ter resultados com o treino, senão nem vale a pena ocupar assim o seu tempo. Tenha Fé!- Concentre-se naquilo que está a fazer. Não se limite a executar os movimentos. Seja perfec-cionista. Compreenda o que se pretende com esses movimentos e que grupo muscular é que está a ser mais solicitado.- Seja consistente. Dê tempo ao tempo e so-bretudo seja assíduo. Vale mais fazer sempre o suficiente, do que muito só às vezes.- O mais importante do treino é a recuperação, tanto durante como após a atividade. Se não recupera convenientemente entre séries e exercícios não vai ter capacidade de cumprir o esquema proposto. Se fizer o mesmo entre treinos, o mais certo é chegar a um ponto de estagnação ou mesmo de sobretreino. Assim como no treino com a bicicleta, faça uma periodização, ou seja, depois de 4 semanas consecutivas de treino, descanse uma semana.- À medida que vamos treinando, geralmente concluímos que temos um “lado” do corpo mais forte do que o outro, sobretudo durante os exercícios unilaterais. Para colmatar este aspeto, dê sempre prioridade ao lado menos forte e depois repita com a mesma carga e repetições no mais forte. Se o desequilíbrio for muito significativo, o melhor será procurar um instrutor, pois ele, melhor que ninguém, fará as modificações que achar necessárias.- Se tiver dores, procure a razão. A dor, es-pecialmente nas articulações, não é normal nem aceitável. Primeiro avalie a forma como está a fazer o exercício, já que se existe dor é porque algo está errado. Tente descobrir e corrija o que tiver que ser corrigido, pois se continuar com dor poderá torná-la crónica. Por vezes, baixando as cargas e concentrando-nos mais sobre a técnica resolve-se o problema. Se não, um diagnóstico mais preciso terá que ser feito e, nesse caso, vai ter que se dirigir ao seu médico assistente.

Muito bem, temos as ferramentas, aprendemos a usá-las e agora é só metermos mãos à obra e tornarmo-nos ciclistas mais fortes e funcionais.Nota: A Ciclismo a fundo agradece à Gimnica a cedência do

espaço, assim como do material para a realização da sessão de fotos que ilustra este artigo.

Caminhar com as mãos 1- Coloque-se em quatro apoios, sustido pelas mãos e joelhos.2- Comece a “caminhar” com as mãos para a frente, o mais longe que lhe for possível. Depois regresse à posição inicial. Mantenha os abdominais ativados durante todo o movimento.3- Posteriormente regresse atrás, fazendo o movimento oposto.

Ponte de glúteos – marchando 1- Comece deitado de costas no chão, com os calcanhares apoiados abaixo dos joelhos e com os pés afastados com a distância da largura das ancas. Eleve as ancas o mais alto que lhe for possível, contraindo ao máximo os glúteos.2- Mantendo as ancas estabilizadas, eleve lentamente uma perna e traga o joelho na direção ao peito. Volte depois à posição inicial e repita com a outra perna para completar uma repetição.3- Mantenha a flexão dos joe-lhos consistente, com os calca-nhares bem apoiados no chão. Depois de algumas repetições verifique se as ancas continuam na posição de extensão.

Elevação de joelhos 1- Deite-se de costas, com as mãos ao lado do corpo. Coloque a cabeça, a região dorsal, lombar e o coxis, bem apoiados no chão. “Esmague” o chão com as suas mãos, mantendo a coluna lombar contra o chão, de forma a ativar o CORE.2- Devagar, eleve as pernas dobrando os joelhos, mas tendo o cuidado de manter todas as regiões apontadas, “esmagadas” contra o chão, e eleve os joelhos até onde conseguir manter a postura descrita.3- Lentamente volte à posição inicial, parando antes dos pés tocarem o chão. Faça um compasso de espera de dois segundos e repita o número de séries prescritas.4- Não use balanço neste movimento – eleve e baixe lentamente as pernas, com uma pausa tanto no início como no fim do movimento.

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74 Ciclismo a fundo

competição :: Subida à Glória

Luta épica e emotiva no passado; prova entusiasmante e descontraída no presente. A Subida à Glória reuniu no passado dia 11 de outubro cerca de 130 participantes, que, num impulso, procuraram não só desafiar-se numa dura ascensão como também viver na primeira pessoa uma autêntica festa do ciclismo. Sim, houve muito mais para além da competição...

Texto: Magda Ribeiro Fotos: Luís Duarte

competição

aos vencedores!GLÓRIAaos vencedores!

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“Foram dezenas, centenas, porventura milhares, os entusiastas que acorreram à afamada Calçada do

Elevador da Glória, uma rampa que har-moniosamente une a baixa pombalina de Lisboa ao Bairro Alto. Uma vez mais, as corridas de bicicletas viajaram até ao meio urbano, indo de encontro ao povo, aquele cujas parcas posses não permitem o lugar cativo num velódromo, mas que, ainda assim, nutre semelhante afeto pelas reluzentes máquinas a pedal. E assim, de chapéu em riste, todos soltaram «urras» aos valorosos pedalistas que garbosamente subiram os 265 metros da rampa, en-frentando com bravura o declive médio superior a 17%. Sem surpresa, o recorde

foi novamente batido! Conduzindo uma bicicleta de pouco mais de 15 kg, Al-fredo Luís Piedade chegou ao topo em 1.05 minuto, um tempo assinalável e só ao alcance dos melhores!”: Este seria o relato que faríamos da nossa presença na Subida à Glória, se ali tivéssemos marcado presença em 1924. Passaram-se, de facto, 90 anos. Hoje os tempos são outros. As bicicletas tornaram-se significativamente leves e ganharam uma estética mais ae-rodinâmica; o vestuário é menos formal, despojado do primor de outrora. Ainda assim, as fachadas dos prédios continuam a ter um olhar privilegiado sobre aquela dura subida que diariamente é percorrida pelo Ascensor da Glória (popularmente conhecido como o Elevador da Glória),

inaugurado em 1885. Sendo esta uma zona viva como outrora, facto é que nos últimos dois anos ganhou um folgo ex-tra, com a reedição de uma prova que se organizou no passado mas que continua a ter a mesma emotividade no presente.

A CUMPLICIDADE DOS IRMÃOSO rosto não engana. As semelhanças são notórias e por isso muitas são as vezes em que as pessoas se dirigem a um, pensando estar a falar com o outro. “Já está melhor da lesão”? A questão é endereçada por um adepto a Nuno Sabido, que, de sorriso nos lábios, responde: “Eu sou o irmão do Hugo, que também anda por aqui”. Este é mais velho e também em tempos pedalou no pelotão luso. Agora comentador da

Na Subida à Glória juntaram-se gerações diferentes numa festa do ciclismo nacional

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76 Ciclismo a fundo

competição

modalidade na TVI24, não perdeu a opor-tunidade para experimentar este desafio. Já o profissional da LA Alumínios/Antarte não irá pedalar, ainda a contas com a tal lesão: “O ano passado terminei nos 10 primeiros. Tive boas sensações mas os últimos 25 metros custam muito a passar”, confessa-nos. Hoje irá ficar de fora. Contudo solicitámos-lhe que nos explicasse qual a melhor técnica para ultrapassar a dureza da prova: “Como o piso está molhado, o ideal é o ciclista ir sempre sentado”. Elucidados sobre o assunto, fomos então assistir à partida de Nuno. Mas não éramos os únicos. Hugo, claro está, posiciona-se estrate-gicamente um pouco adiante, a fim de captar o instante da partida do seu irmão. De telemóvel em punho, e de coração pal-pitante, não consegue prender um sorriso que lhe enche toda a cara. Como que de um reflexo de espelho se tratasse, Nuno, já em cima da bicicleta, torna visível a mesma expressão no rosto. A sintonia é genuína... A partida foi dada! Ao fim de 55.216 segundos, Nuno Sabido chega lá acima. Alguns minutos após concluído o esforço, o cansaço é ainda visível. Todavia, o sorriso continua estampado na cara: “A minha tática (aqui só para nós) era partir relativamente calmo e só acelerar depois da curva. Mas não fui capaz. Cheguei àquele ponto a sofrer imenso e depois nem sequer olhei para o risco de meta. Queria apenas chegar. Vim cá sobretudo para desfrutar e me divertir. Foi isso que aconteceu”.

UM “MANO A MANO”Um a um, os participantes iam dando início à sua aventura, de olhos postos nas dificuldades, ao mesmo tempo que escutavam os incansáveis incentivos de quem assistia, e sorviam o aroma das castanhas que eram assadas a poucos metros do local de partida. Os sentidos estavam bem apurados!Apesar de a competição ser, nesta fase, a solo (cada participante procurava fazer o melhor tempo possível), certo é que existiam duelos bem particulares. Tivemos conhecimento de um: Telmo Pinão versus José Poeira. De um lado um atleta do ciclismo adaptado, do outro o selecionador nacional de estrada. Foi precisamente o primeiro que confessou à nossa revista o “mano a mano” que estava prestes a acontecer: “Hoje estou preparado para dois desafios. Por um lado quero chegar lá acima. Por outro quero ganhar ao nosso selecionador” (risos). E como em qualquer competição digna de tal nome, nada como colocar pressão sobre o adversário: “O professor (n. r.

José Poeira) já está a aquecer nos rolos e só começa a prova daqui a uma hora! Eu arrancarei daqui a duas, mas apenas irei aquecer meia hora”!, confessava, por entre sorrisos.Quem acha que levou a melhor neste de-safio? Se respondeu Telmo, acertou em cheio! Por uma “unha negra” o competidor de Montemor-o-Velho saiu vencedor, com o tempo de 1:37.153 minuto, ao passo que José Poeira gastou 1:38.538 minuto. Por um escasso segundo, o Campeão Na-cional de Paraciclismo em C2 cumpriu na perfeição os dois objetivos a que se tinha proposto.

GERAÇÕES QUE SE CRUZAMMuitos foram os nomes que ajudaram – e que continuam a auxiliar - a escrever a história do ciclismo português. A Su-bida à Glória serviu de mote para juntar várias gerações da nossa modalidade, transformando este num evento onde o passado se encontra intimamente ligado ao presente e está já de mãos dadas com o futuro. Assim, foi possível ver no mesmo palco, realizando igual desafio, promes-sas como Pedro Preto e António Barbio, profissionais da atualidade como Tiago Machado e Sérgio Paulinho, corredores que marcaram os anos 90 como Joaquim Gomes e Serafim Vieira ou ainda nomes de peso dos anos 80 como Paulo Ferreira e Alexandre Ruas.Neste salutar embate geracional, ora os

mais novatos, ora os mais experientes, todos iam dando o seu melhor e, no fundo, o seu contributo para esta festa da bicicleta. Assim, se pelas 20h58 par-tia o sportinguista Leonel Miranda, um minuto depois era a vez do boavisteiro Rui Sousa. A Ciclismo a fundo falou com ambos. Vestindo orgulhosamente a camisola “verde e branca” - a mesma que envergou, enquanto profissional, entre 1965 e 1975 – Leonel Miranda, de 70 anos, confessou-nos: “Esta prova esteve muitos anos parada e por isso não a cheguei a fazer no meu tempo. Ainda assim existiam outras competições semelhantes. Cheguei a ser Campeão de Rampa em Vila Franca de Xira. Hoje em dia continuo a pedalar mas não é este tipo de treinos, por isso custou um bocadinho, até porque não há tempo para os músculos aquecerem. Não vim aqui para fazer um bom resultado, mas antes para recordar outros tempos”. Finalizaria o seu esforço a solo em 2:36.006 minu-tos. Num outro plano de veterania, Rui Sousa (Radio Popular/Boavista), de 38 anos, salientou-nos a relevância deste espetáculo velocipédico: “É de louvar este tipo de iniciativas. Uma vez mais o ciclismo é falado e isso é uma mais-valia. Igualmente importante é este contacto que existe entre os ciclistas e o público. Todos estão felizes por participar na festa”, evidenciou. Quanto a objetivos, o 2.º classificado da Volta a Portugal

"A minha tática (aqui só para nós) era partir relativamente calmo e só acelerar depois da curva. Mas não fui capaz." (Nuno Sabido)

:: Subida à Glória

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procurou “dar apenas o meu contributo para este espetáculo. Há quase um mês que não ando de bicicleta e por isso não estou minimamente preparado”. Contudo, o 33.º lugar (com 1:00.106), não deixava enganar: o ciclista minhoto ainda “está para as curvas” e, neste caso, para as subidas mais duras do nosso país!

ROSTOS ANÓNIMOSAntónio, Manuel, Juan?... Desconhecemos o seu nome. Porventura também ele já não o guarda na memória, tantos são os anos em que, provavelmente, as pessoas deixaram de se dirigir a si, clamando o seu nome de batismo. No dia-a-dia, deambula pelas ruas de Lisboa, de olhar muitas vezes distante, erguendo na mão direita a caneca com que pede a esmola que lhe serve de sustento, e às costas a mochila onde guarda os pertences de uma vida. Esta noite, tudo é diferente.

Com os braços pousados em cima de um muro, e a caneca esquecida na mão, está focado nas bicicletas e no esforço de quem tenta contrariar, com toda a garra, as dificuldades inerentes à subida. Ele é apenas um rosto anónimo na multidão, tal como desconhecidos são muitos dos que tentam, sobretudo, desafiar-se a si próprios. De bigode (falso) em riste, e com um equipamento digno de tempos mais remotos - que lhe valeram o “prémio originalidade” -, Carlos Sacramento foi um deles. Já Luís Amaral, de 36 anos, foi outro. Acompanhado por amigos, compareceu ao evento munido de uma bicicleta desdobrável, pouco adequada para esta “luta” mas totalmente apro-priada para uma noite diferente, de puro prazer: “A minha bicicleta torna este um desafio ainda maior. Vim apenas pela piada. Nem sei se consigo chegar ao topo. Estas iniciativas são muito importantes

para chamar a atenção para as bicicle-tas. Põem as pessoas a pensar que este é um meio de transporte viável para as grandes cidades no futuro. Espero que Lisboa caminhe nesse sentido”. E sim, Luís Amaral conseguiu chegar ao cume, ao fim de 1:51.108 minuto.

A HORA DAS DECISÕES!A espaços, a chuva ia dando o ar da sua graça, ora a conta-gotas, ora com alguma intensidade. É um facto que este poderia ser um pretexto para afastar alguns dos adeptos que se encontravam dispostos por toda a rampa mas, na verdade, apenas teve o condão de mostrar que este era um desafio que ninguém queria perder. A competição entusiasmava o público e todos queriam saber o nome do vencedor.Não foi preciso aguardar muito para, ainda assim, as apostas começarem a re-cair em Ricardo Marinheiro, o vencedor do

Recordes da GlóriaMasculinos1910 Pedro José de Moura (1:23 min)1913 Alfredo Piedade (1:10 min)1924 Alfredo Piedade (1:05 min)1925 João Borges *1926 Alfredo Piedade (55 s)2013 Ricardo Marinheiro (39,77 s)2014 Ricardo Marinheiro (36,686 s)

Femininos2013 Ana Azenha (1:06 min)2014 Vanessa Fernandes (1:01 min)* registo desconhecido

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Reportagem: Nuno Castro Freitas

TERMINA LONGA LIGAÇÃO COM A SPECIALIZED

Emanuel Pombo assina pela GT Bicycles

MOUNTAIN KING COMPETITION

Braço de ferro com a montanha

O atleta madeirense Emanuel Pombo irá representar a GT Bicycles na temporada de 2014. Será ao serviço deste conjunto que o vice-campeão nacional de Downhill irá lutar pela conquista dos principais títulos nacionais, assim como tentar obter prestações meritórias na Taça do Mundo daquela variante da modalidade.

“Por vezes são necessárias mudanças na carreira. Em 2014 terei um projeto renovado, com uma imagem ainda mais ativa e objetivos específicos. A adaptação às novas bikes tem sido bastante positiva”, referiu o atleta natural da Calheta. Também Ignacio Gimenez, Gestor de Marketing da Cycling Sports Group, demonstrou a sua satisfação: “Estamos muito orgulhosos pelo ingresso do Emanuel na nossa equipa. É um grande atleta e tem demonstrado estabilidade e muito profissionalismo ao longo da sua carreira desportiva. Com esta parceria

pretendemos fortalecer a nossa presença em Portugal”, confidenciou.

Este acordo significa o fim da ligação de Emanuel Pombo com a Specialized, marca com a qual conquistou sete títulos de campeão nacional, entre outros resultados de vulto: “Em 2014 vou estar ligado a outro projeto, mas quero agradecer desde já todo o apoio e profissionalismo da Specialized Portugal ao longo destes anos. A mudança faz parte da nossa vida, mas não posso esquecer toda a ajuda que me deram. Tive muitos momentos felizes e que irei recordar para sempre”, confidenciou o corredor insular.

No corrente ano Emanuel Pombo utilizará os seguintes modelos GT Bicycles:

Estrada: GTR Elite CarbonDirt/4X: La Bomba 1.0Enduro: Force Carbon ProDownhill: Fury World Cup

A empresa Activesports Eventos&Turismo leva a cabo este ano a “Mountain King Competition”, iniciativa composta por quatro etapas e que terá como denominador comum a montanha.

Apelando ao espírito de sacrifício e de superação dos atletas participantes, e oferecendo como recompensa muita adrenalina e satisfação, esta iniciativa tem arranque marcado para o próximo dia 23 de fevereiro, data em que terá lugar a prova de resistência de Unhais da Serra. Por sua vez, a classificação final só ficará sentenciada no fim de semana de 27 e 28 de setembro, com a disputa da grande Travessia da Serra da Estrela.

Poderás saber mais acerca deste desafio se consultares os seguintes endereços na internet: www.facebook.com/activesports, ou www.activeway.pt.

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78 Ciclismo a fundo

ano passado. O motivo era simples: logo na primeira subida o atleta batia, uma vez mais, o recorde! Se em 2013 tinha cumprido o trajeto em 39,77s, esta noite acabaria por gastar menos três segundos (36,68s). Mas as contas, definitivamente, não es-tavam fechadas: Ivo Oliveira e Pedro da Mota Preto haviam conseguido marcas que dariam para recorde, não fosse o facto de Marinheiro se ter antecipado. Ivo subia em 39,660s e Pedro em 39,662s! Independentemente do resultado que con-seguiria, o Campeão Mundial de Juniores na perseguição individual, Ivo Oliveira, assumia estar entusiasmado por participar na prova: “É a primeira vez que marco presença mas estou a gostar. É muito bonita. Irei dar tudo o que tenho, tal como o faço em todas as competições em que participo. Tenho alguma velocidade e isso pode ajudar”.O quarto mais rápido da noite era Rafael Reis, com 40,79s. Para o ciclista da equipa Banco BIC/Carmin/Tavira, a estratégia era a mesma da de Ivo: “Tem de ser com tudo! São poucos metros e por isso não há tempo para táticas. O ano passado estava um pouco doente e cheguei atrasado à partida. Este ano vou tentar dar o meu melhor mas sobretudo quero divertir-me e tentar não me aleijar” (risos).Estes quatro disputariam as meias-finais, em sistema de “knockout”. Marinheiro levava a melhor sobre Reis e Preto aca-baria por chegar à frente de Oliveira.Chegados à final, o ciclista da Bairrada sofria uma queda logo na primeira fase, facilitando ainda mais a vida do atleta do Marinheiro Training Systems/Suplementos Marinheiro.com, que assim triunfava pelo segundo ano consecutivo. Anteriormente, na luta pelo 3.º e 4.º posto Rafael Reis havia sofrido um percalço nos carris e Ivo ganhava com algum à-vontade. Estava encontrado o pódio.Em menor número, mas com igual bra-vura, o setor feminino catapultou para primeiro plano, desde logo, Vanessa Fernandes, que não sendo a famosa triatleta portuguesa, partilha o mesmo nome e, por certo, a mesma apetência para o desporto. A ciclista da Associação

Palavra aos vencedores

Ricardo Marinheiro“Sabia que este ano não era fácil ba-ter o recorde mas dei tudo por tudo. Queria estabelecer um novo, porque o que fica na história são os recordes e quanto mais baixos eles forem, mais anos perduram. Fiz muitas séries perto de casa, numa subida semelhante a esta, a fim de me preparar da melhor maneira possível. Para o ano há mais”.

Vanessa Fernandes“Não tenho treinado muito por me encontrar em final de época, mas na verdade as minhas adversárias também o estão. Vim a esta prova sobretudo com o intuito de me divertir. Em relação a resultados, partia com o objetivo de passar à ronda seguinte e fazer talvez pódio. Fiquei um pouco surpreendida com este resultado, mas muito contente e concretizada”.

"Fiz muitas séries perto de casa, numa subida semelhante a esta, a fim de me preparar" (Ricardo Marinheiro)

20 Kms de Almeirim foi a mais veloz, com o tempo de 1:01.366 minuto, con-seguindo, desde modo, um resultado melhor do que Ana Azenha (1:06 minuto) no ano passado. Já a uma dis-tância considerável, Ilda Pereira (BTT Torcatense Casa Myze Quer) era 2.ª (1:08.847m), a espanhola Maria Jesus Barros (CC Spol) era 3.ª (1:12.038m) e Daniela Reis (Acreditar/AC Malveira) finalizava na 4.ª posição (1:12.476m).À semelhança dos homens, também aqui ocorreram meias-finais. Vanessa Fernandes levou a melhor diante de Daniela Reis. No entanto, esta última não trouxe más recordações do evento: “Foi espetacular sentir o apoio do pú-blico. Gostava que as provas femininas tivessem ambientes semelhantes a este. É uma sensação fantástica”.No outro duelo, Ilda impunha-se diante de “Chuss” e passava à final.Vanessa acabaria por confirmar o triunfo diante da competidora de Guimarães e sagrava-se a vencedora feminina, ao passo que Daniela Reis arrebatava o 3.º lugar.No jardim de São Pedro de Alcântara, após uma “aberta” da chuva, Ricardo Marinheiro e Vanessa Fernandes viviam no pódio o seu momento de Glória, pois a subida que ostenta este nome, tal como no passado, havia sido novamente conquistada!

competição :: Subida à Glória

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80 Ciclismo a fundo

A crise que, de há alguns anos a esta parte, se instalou em Portugal, tem sido responsá-vel pela estagnação de muitas

áreas no nosso país. Uma delas é o ci-cloturismo, modalidade que movimenta milhares de amantes das bicicletas. Muitos cicloturistas, passando por di-

ficuldades económicas, privaram-se de participar nos convívios que se realizam pelos quatro cantos da nação. Do mesmo modo, inúmeras equipas ficaram “pelo caminho”, vários apoios cessaram e mui-tos eventos – alguns deles históricos do cicloturismo nacional – deixaram de se realizar nos últimos dois anos. Ainda

assim, contrariando todo este cenário, há eventos que vão resistindo à crise, e cujo sucesso está para continuar.

Neste sentido, falamos do “Mega Passeio” Lisboa/Santarém, que na sua 7.ª edição, realizada a 19 de outubro, teve uma participação massiva, batendo todos os recordes anteriormente estabelecidos.

Se no ano passado o pelotão rumou ao Festival Bike, em Santarém, incorporando 1400 unidades, este ano, superando as mais otimistas espectativas, ele chegou à cidade escalabitana com 1700 participantes! Um número recorde, que deixa em todos uma certeza: este bem-sucedido evento está para durar!

Texto e fotos: José Morais

O sucesso continua!

:: 7º Mega Passeio Lisboa/Santarémcicloturismo

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dezembro 2014 / janeiro 2015 81

Paulo Lopes

Jorge Rodrigues

“Pertenço à equipa dos Estrelas da Amadora e há já vários anos que marco presença neste passeio. Na minha opinião, esta foi a melhor edição. Houve muita entreajuda e foi espetacular o trabalho realizado pelo grupo de motards, em parceria com a organização. Estão todos de parabéns. Este é sem dúvida um passeio de referência. O número de participantes foi muito animador”.

“Faço um balanço muito positivo desta iniciativa que vai crescendo de ano para ano. Já não é a primeira vez que participo. O trajeto é excelente para treinar e conviver. Cada vez mais os participantes começam a tomar consciência das regras de trânsito e por isso correu tudo bem. Ando assiduamente de bicicleta e faço parte do Núcleo Sportinguista da Golegã”.

52 anos

38 anosA CONCENTRAÇÃOOrganizado pela Federação Portu-

guesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB), em parceria com a Ciclismo a fundo, e inserido em mais um Festival Bike, o evento contou com um total de 1587 inscritos. Se o nú-mero, por si só, era superior ao de 2013, certo é que foi engrossando ao longo do trajeto. Aqui e acolá, entusiastas das duas rodas acabaram por se juntar ao extenso pelotão, estimando a organi-zação que, no seu todo, o passeio tenha ultrapassado os 1700 participantes. Este é um facto que não só revela o interesse que as pessoas demonstram por ele, como também que aos repetentes do convívio se vão juntando muitos outros que agora fazem a sua estreia.

Mas, antes de entrarmos em balan-ços, comecemos pelo início. A concen-tração, tal como já é hábito, decorreu no Parque Tejo, junto ao Rio Trancão. Marcada para as 7 horas, bem cedo começaram a chegar os participantes, que procuravam, sem stress de última

hora, confirmar a inscrição e levantar a pulseira que daria acesso direto ao Festival Bike. Do mesmo modo, todos iam recebendo o abastecimento, com-posto por maçãs e águas. Ultimados os preparativos, estava eminente a hora de partida!

A PRIMEIRA FASEA partida foi dada pelas 8h30. O

dia estava excelente e a temperatura amena, com o sol a brindar todos logo pela manhã. Tudo se proporcionava para uma bonita pedalada e, claro, um excelente passeio de cicloturismo. A primeira fase do trajeto não apresentava dificuldades de maior. Até à Azambuja, o percurso era bastante rolante, algo que dava uma ajuda à mescla de parti-cipantes, de ambos os sexos e de todas as idades. Assim, em passada regular, a caravana espalhou animação pelas várias localidades que foi superando. Bobadela, S. João da Talha, Póvoa de Santa Iria e Alverca foram as primeiras terras a ser visitadas pelo grupo. Para

«Para termos uma real dimensão da extensão do pelotão, basta dizermos que quando a cabeça do mesmo entrava em Alverca, a cauda ainda rolava no Forte da Casa»

A concentração decorreu, uma vez mais, no Parque Tejo

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82 Ciclismo a fundo

termos uma real dimensão da extensão do pelotão, basta dizermos que quando a cabeça do mesmo entrava em Al-verca, a cauda ainda rolava no Forte da Casa, a cerca de seis quilómetros de distância. Seguiu-se Alhandra no mapa do evento, e à passagem por Vila Franca de Xira a extensão da “serpente colorida” continuava a ser considerá-vel, com a cauda desta a estar a cerca de quatro quilómetros da frente. Já a caminho do Carregado foi reduzida a velocidade, de modo a compactar um pouco o pelotão (que acabava por se estender, inevitavelmente, devido à dimensão considerável que tinha). Chegou então, como já referimos, a Azambuja. Os aplausos ocasionais das populações locais iam dando um ânimo extra a um pelotão que, paulatina-mente, ia aumentando as suas fileiras. Ainda faltava uma parte significativa do percurso, mas o ânimo continuava em alta!

A CAMINHO DE SANTARÉMSe até a este ponto os participantes

haviam gozado de acalmia, o certo é que, de seguida, iria surgir aquela que seria a fase mais difícil mas, si-multaneamente, mais desafiante. A

primeira dificuldade assomou, deste modo, na subida para o Cartaxo. Se os mais bem preparados não encontravam aqui dificuldades de maior, os menos bem preparados esforçavam-se para acompanhar o grupo. Afinal de contas, ninguém queria perder o “comboio”.

Ultrapassado este desafio, o pelotão rumou ao Vale de Santarém, tomando, posteriormente o caminho para San-tarém. Até chegar a esta cidade os participantes tiveram de superar uma nova subida, já na reta final do pas-seio. O destino, como se sabe, era o CNEMA, local a que os cicloturistas chegaram, de modo compacto, pelas 12h15, após terem percorrido os cerca de 70 quilómetros que ligaram a partida da chegada. Todos haviam conseguido superar o trajeto.

COMENTANDO O PASSEIOO Festival Bike é, sem dúvida, um

dos eventos mais importantes em final da época ciclística. O mais relevante

certame da bicicleta em Portugal é invadido por muitos amantes das bi-cicletas, que provêm de todas as partes do país, a fim de visitarem ou partici-parem nos mais diversos eventos que ali se realizam. O “Mega Passeio” é, de facto, um deles. Inserido no programa do Festival Bike, é uma das iniciativas que mais gente leva até Santarém, e que divulga o certame ao longo do percurso.

Terminou assim mais um Mega Passeio, cujo balanço é positivo. O mesmo continuará a ter “pernas para andar”, pelo menos enquanto existir a feira das bicicletas, a qual, pelo sucesso que continua a ter, deverá ser realizada por muitos mais anos, algo benéfico para o mundo das bicicletas.

Para o sucesso desta iniciativa houve um grande trabalho de bas-tidores, com a divulgação a ocorrer vários meses antes. Mais tarde, todo o apoio logístico não faltou, estando envolvidas neste trabalho muitas pes-soas que desenvolveram esforços nas inscrições e confirmação das mesmas, na distribuição das entradas para a feira ou ainda na entrega de abaste-cimentos. Por fim - algo fundamental – não pôde ser descurada a segurança

de toda a caravana. Este ano o acom-panhamento foi feito pela Brigada de Trânsito da GNR (um excelente trabalho realizado pelos três batedores envolvidos), assim como pelo Grupo de Motard do Ocidente (que, com 10 motos, deu um apoio incansável à longa caravana) e pela organização (que este ano se fez acompanhar por três viaturas, um carro vassoura e uma mota).

Nota ainda para salientar, neste balanço, a participação da equipa LA Alumínios, que na frente da cabeça do pelotão alegrou o mesmo.

Este é um passeio que tem crescido de ano para ano, com o número de participações sempre a aumentar. Para 2015 fica a promessa de continuar a superar tudo e todos. Parabéns à or-ganização e a todos os participantes. Da nossa parte, fica também o com-promisso de voltarmos a estar presen-tes. Até lá ficam os votos de bons passeios, boas pedaladas.

Ricardo Morais

“É a segunda vez que participo neste passeio. Vim com a minha equipa do Team 31 Manique. Foi mais uma boa experiência, apesar de ter sofrido um furo pelo caminho. Há sempre aspe-tos a melhorar neste tipo de eventos. Julgo que, por exemplo, se o carro da frente tivesse um andamento um pouco mais controlado todos ficaríamos a ganhar. Ainda assim foi um passeio muito agradável”.

39 anos

José Manuel Caetano*

“Enquanto continuar o Festival Bike, este passeio está para durar. Temos tido um incremento de ano para ano, algo que, para nós, é muito positivo. Acredito que se as condições económicas do país melhorarem, e se mantivermos a qualidade do evento, ele irá crescer ainda mais. Aproveitámos o certame para realizar uma sessão de esclarecimento sobre as novas alterações ao Código da Estrada. Tivemos uma boa adesão, tanto por parte de ciclistas como de automobilistas”.

* Presidente da FPCUB

Organizador

Este ano o acompanhamento foi feito pela Brigada de Trânsito da GNR, assim como pelo

Grupo de Motard do Ocidente que, com 10 motos, deu um apoio incansável à longa caravana.

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VINCENZO NIBALI / 56CM ALBERTO CONTADOR / 54CM

COMO É QUE A NOVA TARMAC VENCEU 2 GRAND TOURS, CONQUISTOU 16 VITÓRIAS EM ETAPAS DE GRAND TOUR E SAGROU-SE CAMPEÃ DO MUNDO? CLARO QUE FOI PRECISO O ENVOLVIMENTO DE GRANDES CICLISTAS,MAS TAMBÉM A TECNOLOGIA RIDER-FIRST ENGINEERED™ QUE DESENVOLVE CADA TAMANHO DE QUADRO DE FORMA INDEPENDENTE BASEANDO-SE NO STRESS PROVOCADO PELAS FORÇAS DE CADA CICLISTA NO MUNDO REAL. ISTO SIGNIFICA QUE O 56 DE VINCENZO NIBALI DESCE E TREPA EXATAMENTE COM A MESMA PERFORMANCE DOS 54 DE ALBERTO CONTADOR E MICHAL KWIATKOWSKI. 7 QUADROS, 1 OBJETIVO – PERFORMANCE COMPLETA. DESCOBRE PORQUE É QUE OS MELHORES CICLISTAS DO MUNDO CHAMAM À NOVA TARMAC “MY COMPLETE RACE BIKE.” SPECIALIZED.COM/RIDER-FIRST

MICHAL KWIATKOWSKI / 54CM

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