Ciclos biogeoquímicos Transferência de elementos químicos do universo abiótico ao biótico e...
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Ciclos biogeoquímicos •Transferência de
elementos químicos do universo
abiótico ao biótico e deste de volta ao
ambiente
•Principais ciclos:•Carbono (C)•Água (H2O)•Nitrogênio (N)•Fósforo (P)•Enxofre (S)

SOLOS e detritos 1580 -2190
VEGETAÇÃO470-655
OCEANOS40.000ROCHAS
65 500 000
ATMOSFERA750
Valores em Pg (1015g) ou bilhões de t de C
Ciclo do carbono global
PPB e R= 60
61,4
Mud
ança
s us
o da
terra
1,6
0,5
90
92
Combustível fóssil e produção
de cimento
5,5

Imagine agora o seguinte:
Entre a atmosfera e os oceanos os fluxos de C são +/- homogêneos (relação emissões x acúmulo de C) – assim como na litosfera (com ressalva às áreas extrativistas). *Escala de tempo de residência.
A biosfera apresenta a maior variabilidade: espacial e temporal.
12C 13C
Atualmente, a ciclagem de C (CO2, CO, CH4 e COV´s) entre os ecossistemas terrestres e a atmosfera tem sido objeto de constantes investigações, sobretudo devido às atividades humanas e mudanças climáticas
atmosfera oceanos biosfera/litosfera

Concentração e razões isotópicas do oxigênio e carbono do CO2 atmosférico na região de Barrow, Alaska, entre os anos de 1990 e 2000.
(anos)
(anos)
Queima de combustível fóssil
Mudanças no uso da terra
Em
issã
o an
ual p
/ atm
osfe
ra (
Pg
C)
Emissão anual de C para a atmosferapor ações antrópicas.

Porque usar isótopos estáveis em estudos ambientais?
1. Os isótopos identificam o elemento de interesse além de possuírem
características físicas e químicas apenas levemente diferenciadas.
2. A concentração do isótopo mais raro é muito pequena, sendo que
mudanças nestas concentrações não mudam as propriedades do
sistema.
3. A composição isotópica varia de forma previsível conforme o elemento
cicla pela biosfera
Os isótopos entram em cena p/ tentar responder a
algumas destas questões
Lembrando:

Biota influencia a composição isotópica e concentração de CO2 na atmosfera
Quanto mais perto do ecossistema, maior será a variabilidade destes parâmetros
ex: quanto + perto do solo, aumenta a [CO2](R solo e vegetação)
CO2
CO2
CO2
CO2
CO2
CO2

CO2 mol.mol-1 13C (0/00)
9:00h12:00h16:00h20:00h
9:00h12:00h16:00h20:00h
Flona Tapajós (Ometto et al. 2002)Fotossíntese (FS) ativa
Respiração (R) ativaPor que a variação dos valores de 13C do CO2 respirado pela floresta é o inverso da concentração?

Durante a R, os organismos (planta ou animal) utilizam um composto orgânico (ex: carboidrato) produzido anteriormente pela FS. O sinal isotópico do CO2 respirado dependerá da composição isotópica desse composto (rica em 13C ou 12C).
CO2
CO2
CO2
CO2
CO2
CO2
12C 13C

Vegetação
CO2
atmosferico Biosfera CHOFOTOSSINTESE
Supre grande parte da energia do planeta
LUZ
poro estomático
glicose
Oxidação H2O
Redução CO2
Energia solar

Vegetação
• PlantasC4Plantas C3
Plantas CAM
Não vamos estudar
Célula mesofilocloroplastos
Estômatos
Células da bainha
O fracionamento durante o processo de fotossíntese das C3 e C4, determinam o sinal isotópico do produto final

0
Ci
CaCO2
CO2
CO2
= 4,4 ‰ (a)
= 27,5‰ (b)
ci/ca:-relação entre a concentração do carbono interno e atmosférico
Fracionamento isotópico nas C3

As equações que regem estas relações são as seguintes:
a
i
c
caba ).(
Utilizando-se a notação delta (δ) teremos:
Farquhar et al. (1989)
13CCO2 – 13C planta
13CCO2 – 13C planta = a + (b-a).ci/ca
a
iAtmPlanta c
c).ab(aCC ---= 1313

Modificações bioquímicas e morfológicas da fotossíntese C3
reduz a atividade da Rubisco oxigenase
aumenta as taxas de fotossíntese
diminui fotorespiração
Fracionamento isotópico nas C4
= 4.4‰(a)
Hidratação do CO2 = -8‰ (25º C)(eb)
Carboxilação = 2‰(b4)
= -6‰(b4
*)
= 27,5‰ (b.)
*(diferente do b das C3, pois é uma parcela do C fixado)
C4 tem b4* + b.
= total de perda de CO2=0,37

As equações que regem estas relações são as seguintes:
Utilizando-se a notação delta (δ) teremos:
)(b4*+b -a . ci/caa
Segundo Farquhar et al. (1989) o termo (b4*+b -a) é desprezível ~ zero
13C= 13Catm-a
AtmPlanta (a-CC 1313 b4*+b -a . ci/ca)
assim sendo as plantas C4, tem pouca ou nenhuma influência do termo ci/ca
**o valor de varia de acordo com o ci/ca presente nas folhas e depende de espécie, condição ambiental, etc.

13C (‰)
Frequênci
a d
e e
spéci
es
-30 a -25‰ -15 a -12‰

Ex: variação isotópica do CO2 coletado ao longo do perfil da vegetação (FLONA do Tapajós) - gás coletado durante o período noturno
Altura (m)
13C
(0/ 0
0)

Ex: variação na concentração do CO2 coletado ao longo do perfil da vegetação (FLONA do Tapajós) - gás coletado durante o período
noturno
Altura (m)
CO
2 (
ppm
)
(*dados Yoko Ishida)

CO2
CO2
CO2
Mas, o que significam esses valores de 13C e de concentração encontrado na floresta?
Os tecidos vegetais tem um 13C médio de -28‰, logo o CO2 respirado no interior da floresta terá um 13C médio aproximado de -28‰, diluindo o valor atmosférico de -8‰, emitindo um C mais leve p/ atmosfera. Isto é:
Cfloresta= Catmosfera + Cbiogênico
A partir desta simples mistura, nasceu a técnica de Keeling Plot

Multiplicando-se a equação pelos respectivos valores de 13C teremos:
Cfloresta= Catmosfera + Cbiogênico
δ13Cf.[Cf ] = δ13Catm.[Catm] + δ13Cbio.[Cbio]
Obs: Cbio= (Cf-Catm), logo;
δ13Cf.[Cf ] = δ13Catm.[Catm] + δ13Cbio.[Cf-Catm]
δ13Cf = δ13Catm.[Catm]/[Cf ] + δ13Cbio.[Cf ]/[Cf ] + δ13Cbio.[Catm]/[Cf ]δ13Cf = δ13Catm.[Catm]/[Cf ] + δ13Cbio.[Cf ]/[Cf ] - δ13Cbio.[Catm]/[Cf ]
δ13Cf = δ13Catm.[Catm]/[Cf ] + δ13Cbio-δ13Cbio.[Catm]/[Cf ]
δ13Cf = δ13Cbio+(δ13Catm/δ13Cbio).[Catm]/[Cf ]
Comparando-se com uma equação linear: y = bx +aonde: y = δ13Cfloresta
a = δ13Cbiogênico
b = [Catmosfera] * (Catmosfera - δ13Cbiogênico)
x = 1/ [Cfloresta]
Y = a + b . x
**O Cbiogênico é comumente chamado de CR, pois é um C originado da Respiração

Neste exemplo, a respiração do ecossistema está liberando um C com
13C= -30,47‰
y = 8490,6x - 30,474R2 = 0,9715
1/[CO2]
d 13
C
Técnica de Keeling Plot
Ishida-2006
Na prática:
CO2
CO2
CO2
CO2

Valores de vários keeling plots realizados em diversos ecossistemas ao longo dos Estados Unidos e do Canadá. (Fonte: J. Ehleringer).

Fatores ambientais afetando a
composição isotópica das plantas

1. Intensidade luminosa:
a) baixa: plantas tendem a compensar mantendo os estômatos mais abertos. Daí a relação ci/ca tende a 1 (um).
b) alta: plantas tendem a manter os estômatos mais fechados, Daí a relação ci/ca fica menor q 1 (um).
(a) (b)
Mean Mean±SE Mean±SD
13C
org
anic
(0 / 0
0)
2003
-40
-38
-36
-34
-32
-30
-28
-26
wet s eas on
2004
under m idd le top-40
-38
-36
-34
-32
-30
-28
-26
dry s eas on
under m idd le top
(dados Yoko Ishida)

2. Variação na fonte de CO2:
- Há casos em que a variação isotópica das
Plantas é regida pelas fontes de CO2 atm.
- Rio acima, o C produzido biogenicamente
(-27‰) durante a noite, fica em contato com a vegetação por mais tempo durante a manhã, atrasando o rompimento da camada limite (devido estar mais longe dos oceanos), dando mais tempo útil p/ plantas utilizarem um C mais empobrecido. Em conseqüência, os valores de 13C são mais leves do que os localizados rio abaixo.
C3
C4
Distância da Vargem Grande (km)

3. Disponibilidade hídrica
# mesmo raciocínio utilizado no item 1, é aplicável aqui. Ou seja, quanto maior for a disponibilidade de água no sistema para as plantas, os estômatos tendem a ficar mais abertos (a) e vice e versa (b).
(a) (b)
-31
-30
-29
-28
-27
jan/0
3
mar
/03
mai/
03jul
/03
set/0
3
nov/
03
jan/0
4
mar
/04
mai/
04jul
/04
set/0
4
nov/
04
13 C
R(0 / 0
0)
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Pre
cipi ta
ção (m
m)
(dados Yoko Ishida)
tropical
deserto-20
-24
-28
-32
-34
-36
13C
(‰
)
(somente C3)

C4
C3
Composição isotópica do
solo

-12
-14
-16
-18
-20
-22
-24
-26
-28
-30
-32
13C
(‰
)
0 100 200 300 400 500 600 800 1000
Vegetação C4
Vegetação C3
Distância dos transectos (m)
gramíneas transição floresta
* O solo tende a ter uma composição isotópica similar a cobertura vegetal presente

folha serapilheira tronco solo
13C
(‰
)
(adaptado de Martinelli et al., 1994)
* Variabilidade na composição isotópica , provavelmente reflexo da variação existente no 13C da vegetação
presente é devido ao fracionamento durante a fixação da matéria orgânica da vegetação no solo.

Variação isotópica de
acordo com a profundidade
do solo:

Geralmente observa-se que nas frações mais
grossas do solo se acumulam restos vegetais da
cobertura vegetal atual, e na fração mais fina acumula-se
a matéria orgânica trabalhada, geralmente de origem
microbiana.
Através de datação feita por 14C, demonstrou-se
que as frações silte/argila são geralmente as mais
antigas em um solo.
Esse padrão de comportamento causa diferenças
interessantes entre solos sob diferentes coberturas
vegetais
δ13C nas frações granulométricas do solo

Fração Vegetação antiga Vegetação atual Referência
Vegetação Floresta -30‰ Cana - 12‰ Vitorello et al. (1989)
Areia grossa -28.2‰ -18.7‰
Argila fina -24.4‰ -20.9‰
Vegetação Floresta -30.5‰ Pasto -11.2‰ Desjardin et al. (1994)
Areia grossa -28.9‰ -18.0‰
Argila fina -26.5‰ -21.0‰
Vegetação Savana -12.9‰ Flor -28.3‰ Martin et al. (1990)
Areia grossa -12.7‰ -25.3‰
Argila fina -14.1‰ -15.0‰

Modelo de mistura – Solo
BA
BPA
C t z C %
A + B = 1 (A.A) + (B.B) =
P
Ct – carbono totalz – prof. Do perfilP – densidade do soloC% - porcentagem de carbono

Prof. (cm) Ct (t/ha)
%C4 %C3 Ct-C4(t/ha)
Ct-C3(t/ha)
0-10 18.2 52 48 9.5 8.7
10-20 11.5 26 74 8.4 9.8
Massa de carbono (Ct) nas respectivas profundidades, contribuição
da planta C4 (%C4) e planta C3 (%C3) e massa de carbono
oriunda de plantas C4 (Ct-C4) e planta C3 (Ct-C3) em um sistema
floresta-pastagem na Amazônia

Aplicações práticas dos Isótopos Estáveis
1. Adulteração de Vinhos
2. Adulteração do Mel
3. Dieta Alimentar
4. Rastreamento e origem de drogas

UVas = -28 o/ooCana de açúcar = -12 o/oo
Vinho = -27 o/oo Cachaça = -11
o/oo
Fermentação
??

y = 1.45x - 41.6
R2 = 0.93
- 30
- 28
- 26
- 24
- 22
- 20
9 10 11 12 13 14 15
y = 1.10x - 38.6
R2 = 0.96
- 30
- 28
- 26
- 24
- 22
- 20
9 10 11 12 13 14 15
Conteúdo de álcool (%)
13C
(o/ o
o)
- 29
- 28
- 27
- 26
- 25
- 24
- 23
- 22
0 20 40 60 80 100
Control Rep#1 Rep#2 Rep#3
Horas após o início da fermentação
13C
-álc
ool (o
/ oo)
9% pura uva
9% uva + 3% açúcar
13C
(o/ o
o)

Valores de 13C de amostras de uva, mosto, vinho padrão eleaborado pela Embrapa e vinhos nacionais agrupados conforme o tipo do vinho.
13C (‰)
Média Desv.-pad. N
Uva -26.7 0.6 11
Mosto -27.8 0.4 10
Vinho padrãoEmbrapa
-27.5 0.6 12
Tinto seco -23.4 2.0 109
Tinto demi-sec -23.7 1.1 11
Tinto suave -23.5 1.5 21
Branco seco -22.3 2.1 39
Branco demi-sec -21.3 2.9 10
Branco suave -21.5 2.3 40
Rose suave -21.2 2.9 10
Espumante Brut -20.5 1.2 18
Espumante Asti -19.4 2.9 4
Espumante Demi-sec -18.3 1.3 8
Espumante Doce -15.1 2.1 3

13C (o/oo)
Nú
me
ro d
e o
bs
erv
aç
õe
s
Eu ro p a
-29 -27 -25 -23 -21 -19 -17 -15 -1302468
101214161820222426
C an ad á
-29 -27 -25 -23 -21 -19 -17 -15 -13
EU A
-29 -27 -25 -23 -21 -19 -17 -15 -1302468
101214161820222426
B rasi l
-29 -27 -25 -23 -21 -19 -17 -15 -13
Distribuição de valores de δ13C de amostras de cervejas produzidas em países da Europa, no Canadá, Estados Unidos e Brasil. Adaptado por Brooks et al. (2003).

-30
-25
-20
-15
-10
-5
0
Brandyinternacional
Brandy nacional Conhaque-de-gengibre
13C
(o/ o
o)
Média e desvio padrão dos valores de δ13C de amostras de brandies elaborados em outros países (internacional) e no país (nacional) e de amostras de conhaque de gengibre.

O mel vem das plantas C3
O que vem da cana de açúcar (C4) não é mel
X
(mas muita gente vende como se fosse...)
amostras
13C
(‰
)
-14-15-16-17-18-19-20-21-22-23-24-25
Maioria das amostras eram de origem C4
Poucas amostras eram mel puro....

8.5
9.0
9.5
10.0
10.5
11.0
11.5
12.0
-22 -20 -18 -16 -14
13C (o/oo)
15N
(o/ o
o)
Americanos
Brasileiros do sudeste
Santarém-PAFlona
Santarém-PAvárzea
C4 PLANTSC3 PLANTS
++ proteína animal
-- proteína animal

8.5
9.0
9.5
10.0
10.5
11.0
11.5
12.0
-22 -20 -18 -16 -14
13C (o/oo)
15N
(o/ o
o)
“A natureba”
“Os devoradores”

Moral da história:
Nunca confie:a. numa vovó vendendo mel “puro” na feira...b. ou pessoas que juram de pé junto que não comem carne vermelha ou que só comem verdura!!c. muito menos tomar uma branquinha pensando que é vinho ou champagne!!
Você pode estar levando
por