Cida Fernandez
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Cida Fernandez
O que chamamos de desenvolvimento?
Crescimento da economia, da capacidade de consumo, da riqueza material
O Brasil hoje é a sexta economia mundial...Aumentou a capacidade de consumo das pessoas mais pobres...
E isso diminuiu a distância entre as desigualdades?Entre quem vive bem e quem vive mal? Entre os que condições de acesso à educação, saúde, lazer de qualidade e os que não tem?
O que leitura tem a ver com isso?
O desenvolvimento da capacidade leitora é fundamental para que as pessoas possam melhorar não só sua capacidade de gerar renda, de produzir riqueza, mas de intervir na sua realidade, de transformar o seu destino, o seu cotidiano, de opinar, de se expressar, de interferir na realidade.
“Historicamente a leitura tem sido um instrumento de poder e de exclusão social: primeiro nas mãos da Igreja, que garantia para si, por meio do controle dos textos sagrados, o controle da palavra divina; em seguida, pelos governos aristocráticos e pelos poderes políticos e, atualmente, por interesses econômicos que dela tentam se beneficiar” (CASTRILLON, Silvia. O Direito de ler. In: O direito de ler e de escrever . São Paulo: Pulo do Gato, 2011. p.16)
O mundo da escrita, é a porta para o mundo do acesso a direitos. Ler e escrever, é fundamental para “existir” na sociedade.
A literatura, em seu sentido mais amplo, tal como a defende Antonio Candido:
“todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos de folclore, lenda, chiste, até as formas mais complexas e difíceis da produção escrita das grandes civilizações”.
... cumpre um importante papel no desenvolvimento integral da pessoa, á medida em que supre a nossa necessidade de fantasia, permite o exercício da alteridade, nos ajudando a compreender quem somos e nos integrar ao universo, à sociedade, e ainda a incorporar o acumulo do conhecimento universal produzido pelos seres humanos.
O que a leitura literária, em especial, tem a ver com isso?
LITERATURA, CONSUMO E DESENVOLVIMENTO
O Desafio de transformar o valor da leitura, relacionado ao desenvolvimento humano
A perspectiva funcionalista
- a medição de leitores pela capacidade de consumo (compra de livros)- a medição pelo aumento da capacidade de produzir, de gerar riqueza
A BIBLIOTECA MORADA DE TODAS AS LITERATURAS
Informação é poder...
Círculos de Cultura – exercício da leitura – a raiz ficcional como alimento
Centros de Documentação – a luta por direitos – a resistência ao regime militar – anos 60, 70, 80
A Biblioteca como um lugar para o desenvolvimento das pessoas e de suas comunidades-acesso à informação e à cultura literária;-conhecimento e reconhecimento dos sujeitos sobre si mesmos e em sua interrelação com seus contextos (escola, família, comunidade, sociedade em geral)-Possibilidade de conhecer e explorar o seu potencial criativo e reflexivo, colocando em prática através da participação ativa na vida comunitária.
O que faz de um bibliotecário/a cidadão/ã, promotor do desenvolvimento?
“(...) o status e o papel do bibliotecário é revalorizado quando se aceita que seu trabalho supera o estritamente técnico-profissional e se reconhece que esse trabalho permite a outros transcender e melhorar sua condição humana”
(CASTRILLON, Silvia. Mudar é difícil, mas possível: o desafio ético e político do bibliotecário. In: O direito de ler e de escrever . São Paulo: Pulo do Gato, 2011. p. 40)
O papel do profissional para que a biblioteca e a leitura promovam o desenvolvimento
Quais os desafios que os bibliotecários/as encontram para exercer-se de fato enquanto cidadão/ãs?
- Herança de uma sociedade patriarcal e autoritária - História da profissão - Formação profissional
Quais as oportunidades que os bibliotecários/as encontram hoje para exercer-se cidadãos/ãs?
- Uma sociedade onde a democracia ainda está engatinhando, mas em franco desenvolvimento
- As pessoas, através da sua organização social, estão cada vez mais conscientes dos seus direitos e dos seus deveres, e lutando pelo direito estruturante à cultura escrita
- Políticas culturais e educacionais mais democráticas e participativas- Interse torialidade como uma premissa para a construção de políticas
públicas
Espaços potenciais para o exercício da cidadania e do desenvolvimento social
Bibliotecas públicas – estaduais, municipais e escolares – são espaços governamentais
Bibliotecas públicas – comunitárias – espaços não governamentais, conquistados e construídos pela sociedade organizada como estratégia e preencher o vazio deixado pelo Estado no cumprimento do seu dever
Bibliotecas num movimento por um país mais leitor
Bibliotecas, leitura, bibliotecários e desenvolvimento
Exigências de transformação nas práticas dos profissionais – profissionalismo x cidadania
Bibliotecário leitor, crítico e reflexivo Bibliotecário que registra e sistematiza suas práticas, refletindo sobre elas e
ressignificando o seu fazerBibliotecário curioso, pesquisador, explorador, buscador de novas atitudes e
soluçõesBibliotecário bem informado, para além do que passa a mídiaBibliotecário que não ache que a política é coisa de políticos
Bibliotecas, leitura e desenvolvimento
“(...) necessidade de que as bibliotecas sejam construídas a partir de projetos das próprias comunidades, que sirvam a seus propósitos, que se convertam em verdadeiros mecanismos de acesso à cultura letrada e portanto, que permitam democratizar esse acesso, o que significa chegar a toda a população e não de maneira quase exclusiva à escolarizada.” (CASTRILLON, Silvia. O Direito de ler. In: O direito de ler e de escrever . São Paulo: Pulo do Gato, 2011. p.25)
- Enxerga o “usuário” como parceiro- Enxerga para além do óbvio – a pesquisa escolar e o prazer literário- Enxerga a comunidade com todo o seu potencial de desenvolvimento- Provoca demanda onde ela ainda não é percebida- Vai além do que foi convencionado pela pobreza da destinação orçamentária
e descaso histórico com a coisa pública- Constrói com outros novas alternativas- Promove a auto-estima na comunidade como uma relação de amor e valor
de si e por si mesmo, logo com e pelos seus semelhantes- Compreende a educação como prática de liberdade
O novo fazer para fazer bibliotecário/a :
Imagens que podem dizer
“O real desafio é o da crescente desigualdade: o abismo que já separava os não alfabetizados dos alfabetizados tem se alargado ainda mais. Alguns nem sequer conseguiram chegar aos jornais, aos livros e às bibliotecas, enquanto outros correm atrás de hipertextos, correio eletrônico e páginas virtuais de livros inexistentes. Seremos capazes de criar uma política de acesso ao livro que incida sobre a superação dessa crescente desigualdade? Ou nos deixaremos levar pela voragem da competição e do lucro, mesmo que a própria idéia de democracia participativa pereça nessa tentativa?
(Emilia Ferreiro, citada por CASTRILLON, p. 15)
MUITO OBRIGADA!