Cidade Antiga e Clássica -...
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Introdução
Do VI ao IV século a.C., todo o Oriente Médio foi unificado pelo IMPÉRIO PERSA, que se
estendeu do Egito até o Vale do Indos e cujo centro político concentrava-se na região
onde atualmente se encontra o Irã.
A partir de então, iniciou-se o processo de helenização com o avanço de Alexandre, o Grande, que disseminou os ideais gregos e culminou com a afirmação e a ascensão do
IMPÉRIO ROMANO, no século I d.C.
Até o século V a.C., toda a região do IMPÉRIO PERSA gozou de um longo período de paz e
administração uniforme, permitindo a circulação de homens, mercadorias e idéias de uma extremidade a
outra (Benévolo, 2001).
Império Persa (c. 490 aC)
PERSÉPOLIS, a cidade-palácio dos reis persas,
reunia a combinação dos modelos arquitetônicos dos
vários países do império, segundo um rígido esquema
cerimonial, marcado pela exatidão racional e pela
ortogonalidade compositiva.
A religião persa tinha como livro sagrado o Avesta, de
autoria atribuída a Zaratustra, que dispensava
templos e defendia uma crença na vida extraterrena e na imortalidade da alma.
Persépolis (518-331 aC, atual Irã)
Eram estas as características das CIDADES ANTIGAS do Oriente Próximo:
Localização estratégica, derivada de condicionantes naturais (clima, fertilidade do solo, proximidade com rios, etc.) e da afirmação simbólica (sede de poder, de riqueza e de proteção militar);
Inexistência de um conceito unitário de planejamento urbano, resultando em uma planimetria irregular e um traçado espontâneo predominante;
Segregação nítida entre o recinto da cidade e o campo, devido à muralha, mas completa dependência entre ambos;
Apesar da variedade, os palácios, os templos e as principais moradias apresentavam forte configuração geométrica e simetria axial;
Imponência das edificações que representavam o poder e a presença de uma avenida monumental destinada a desfiles triunfais e cortejos religiosos.
Criada por volta de 3000 a.C., MOHENJO-DARO,
situada no Vale do Indos (Paquistão), possuía duas zonas distintas: a alta e a
baixa, apresentando traçado mais regular do que se apresentava nas
cidades primitivas.
Identificam-se três ruas principais orientadas no sentido Norte-Sul e outra perpendicular a elas, que cortam pequenas ruelas que constituem núcleos
mais primitivos.
Parque arqueológico deMohenjo-Daro (Paquistão)
Vale do rio IndosCivilização que floreceuentre 2600 e 1800 aC.
Mohenjo-Daro
O traçado uniforme da cidadela de MOHENJO-
DARO e as ruínas de construções em ladrilho(cerâmica artesanal) e
adobe (tijolos de barro cru) apontam para uma
civilização emergente, cuja cidade já apresentava preocupações com a
pavimentação de ruas e com o escoamento das
águas, assim como balneários públicos
(Goitia, 2003).
Mohenjo-Daro
Principalmente a partir do século XX a.C., as civilizações do EXTREMO ORIENTE e também da AMÉRICA PRÉ-COLOMBIANA desenvolveram-se, criando suas próprias cidades, as quais seriam ditadas tanto por novas condições geográficas como por características culturais e religiosas distintas das demais cidades do Médio Oriente.
Rub al Khali (Shiban, atual Iêmen)
Na América do Norte, os assentamentos
urbanos mais antigos são Pueblo Bonito (900 dC) e Mesa Verde (1200
dC), além de outras construções também
localizadas no Canyonde Chaco, New Mexico.
O rigor do deserto fez com que os aposentos também se tornassem
subterrâneos, feitos em pedra e barro, com aproveitamento dos
ventos nas moradias. Casa
Pueblo Bonito (900 dC, N. Mexico)
A maior das 09 (nove) edificações de PUEBLO BONITO tem a forma de um “D” e provavelmente
contava com 05 (cinco) andares e mais de 650 aposentos. Distribuídas em semi-círculo, as
moradias foram aumentando de número com o passar do tempo, criando um grande complexo.
Cidade de Pueblo Bonito(900 dC, N. Mexico EUA)
Cidade oriental
No EXTREMO ORIENTE – que abrange a Índia, a Indochina, a China e o Japão –, a
civilização urbana começou mais tarde do que a zona compreendida entre o
Mediterrâneo e o Golfo Pérsico (Oriente Médio), por volta de 2000 a.C.
Isto ocorreu devido às diferenças geográficas (territórios tropicais), às opções
econômicas de agricultura (plantações extensivas) e às diretivas culturais (preceitos
religiosos) (Jellicoe & Jellicoe, 1995).
Essa região quente e úmida, isolada do resto
da Ásia pelas montanhas do Himalaia e regada por rios inconstantes, devido
ao clima de monções, permitiu o
estabelecimento de populações numerosas em planícies irrigáveis
(favoráveis ao cultivo do arroz), circundadas por
montes em que permaneceram
habitantes incultos e nômades não-civilizados. Sudeste Asiático
(Extremo Oriente)
Tal organização econômica permitiu a formação de grandes
Estados unitários, onde a classe dirigente era composta por aqueles que concentraram
em suas mãos um enorme excedente que garantia as
condições de sobrevivência.
Estabeleceu-se um contraste fundamental: ao Norte, as
montanhas hostis e desconhecidas, de onde
vinham ventos frios, animais selvagens e povos inimigos; e, ao Sul, a planície cultivada, o
mar e o calor. Grande Muralhada China (c. 210 aC)
Desde o início, a relação entre poder, prosperidade e virtude dominou a cultura oriental, que sempre
buscou assegurar a paz e a harmonia social através da mediação entre os princípios opostos do YIN e do YANG (o frio e o calor, a sombra e a luz, o descanso
e a atividade, o feminino e o masculino, etc.).
Cidade Proibidade Beijing (1406-1420 dC)
YIN
YANG
Por esta razão, os assentamentos urbanos orientais
deveriam garantir o justo EQUILÍBRIO
entre o Norte e o Sul, mantendo à distância
os perigos do primeiro, refreando em
canais as águas que desciam dos altiplanos
e transformando-as em elemento de vida
no Sul.
N
Esquema ilustrativo dacidade ideal chinesa
No EXTREMO ORIENTE, a ordem latente do universo
tornou-se uma ordem visível, geométrica e arquitetônica, que se expressaria em suas
cidades, onde:
Os eixos de simetria ligavam a cidade aos pontos cardeais (o “universo celeste”);
Os muros imprimiam na cidade uma forma regular e a defendiam dos inimigos;
A multiplicidade dos espaços e dos edifícios revelava a complexidade das funções civis e religiosas, com seu minucioso cerimonial (Benévolo, 2001).
Cidade ideal de Zhou
A CIVILIZAÇÃO CHINESA nasceu às margens dos rios Amarelo (Huang-He) e Azul (Yang-Tsé-Kiang),
sendo sua tradição cultural codificada após a unificação do império no século III a.C.,
permanecendo substancialmente a mesma em toda a sua história, apesar das crises e das revoluções
políticas e religiosas, além da invasão mongol.
Império Chinês
As regras urbanísticas e de construção chinesas formaram-se na era Chu(1050-350 a.C.), sendo transmitidas até hoje.
As CIDADES ORIENTAISnasceram como refúgio,
residência estável da classe dirigente (sacerdotes, guerreiros e técnicos)
temporariamente capaz de acolher a população
camponesa do distrito circundante (Ferrari, 1991).
armazéns
mercado
Vias principais
Vias secundárias
Muralha
Templo ancestrais
Casas príncipes
Comandantes
MODELO DE CIDADECHINESA IMPERIAL
1 2
PALÁCIO
IMPERIAL
1 Estábulos do governo
2 Depósitos do governo
N
As CIDADES CHINESASeram rigorosamente
quadradas e compostas por dois cinturões de muros:
um interno, que encerrava a cidade habitada; e um
externo, que rodeava um espaço vazio de hortas e
pomares.
As regras foram descritas pelo literato Meng-Tsi (372-
289 a.C.), empregando a unidade de medida
urbanística denominada LI, que corresponde a cerca de
530 m.Cidade de Chang
(Dinastia Tang)
Esquema daCidade IdealChinesa
Segundo sua grandeza, de acordo com Benévolo (2001), as antigas cidades chinesas podiam ser de 03 (três) categorias:
TSCHENG: cidade menor, cujo cinturão interno teria perímetro de 1 li e externo de 3 li, podendo chegar a 7 li;
JI: cidade intermediária, com cinturão interno de 7 li e externo de 11 li;
TU: cidade maior com cinturão interno de 11 lie externo de 14 li.Categorias de cidades chinesas
TSCHENG
J I
TU
Os ambientes individuais ou coletivos da cidade chinesa conservavam sua forma regular e simétrica,
mas o conjunto urbano adquiria um aspecto irregular devido às características do local. O
paisagismo tornava-se então o elemento vinculador.
canal
N
Casa chinesa em pátios
Essas regras repetiam-se tanto nos CONJUNTOS
MONUMENTAIS (palácios do imperador) como nos
edifícios e espaços para a vida privada, buscando a
harmonia do ambiente cósmico.
Algumas capitais imperiais da China – como Chang-Na, Hang-Chu e BEIJING
(que recebeu vários nomes, como Ki-Yen e
Chung-Tu, além de Pequim) – chegaram a superar um milhão de
habitantes.
Cidade de Beijing