Cidades criativas
description
Transcript of Cidades criativas
Cidades Criativas 2010/2011
2 Desenho Urbano
“Conceito ainda; fluido para alguns é sinónimo de cidade global
integrada numa rede de serviços especializados, financeiros de alto
valor desencadeado pelas indústrias criativas; para outros é apenas
um lugar efervescente tolerante onde pontos de vista e culturas
diferentes se unem para criar um lugar que aproveita a criatividade
para gerar desenvolvimento socioeconómico.”
Susana Valente - quando questionada sobre cidade criativa, no âmbito do programa “O ciclo virtuoso das
cidades criativas”. Semanário “mu - mundo universitário”, Saúde e Educação, 1/8/2008.
Cidades Criativas 2010/2011
3 Desenho Urbano
Índice
Introdução .................................................................................................................... 4
A ideia de Cidades Criativas ................................................................................... 5
Cidades criativas .......................................................................................................... 6
O exemplo Internacional
Barcelona .................................................................................................................. 7
O exemplo Nacional
Porto ........................................................................................................................... 7
Conclusão ..................................................................................................................... 8
Caso da Covilhã ......................................................................................................... 8
Bibliografia .................................................................................................................... 9
Cidades Criativas 2010/2011
4 Desenho Urbano
Introdução
Actualmente as cidades são alvo de uma grande diversidade de desafios. O
crescimento populacional, o aumento da mobilidade, a intensificação dos processos de
urbanização, o acréscimo de núcleos de habitação desqualificada, a desorganização
dos usos do solo e o desperdício de recursos naturais, o desordenamento do território
e degradação ambiental, a reestruturação do tecido social em torno de novas formas
de sociabilidade, o aumento da criminalidade, do desemprego estrutural e pobreza,
compõem alguns sintomas dos problemas que as cidades enfrentam nos dias de hoje.
É ao nos depararmos com esta realidade e acrescentando também a questão das
mudanças climáticas que devemos reflectir sobre eles, num mundo em que a
interligação dos sistemas globais e locais são cada vez maiores, devemos encarar as
cidades, não como parte do problema mas como ingrediente fundamental da solução.
Reflectindo sobre esta problemática se colocam três questões: Como podemos criar
desenvolvimento sem deixar uma carga ecológica pesada para o planeta e em
simultâneo promover e até mesmo aumentar a qualidade de vida aos habitantes da
cidade? Como devemos interagir perante o desfio da globalização? Que tipo de
estratégia devemos tomar para desenvolver e adaptar ao mesmo tempo que
preparamos para enfrentar problemas futuros das cidades?
Perante estes desafios encontramos uma nova filosofia de desenvolvimento e
sustentabilidade das cidades, baseado na gestão de mobilidade sustentável, novas
propostas em termos de energias renováveis, das indústrias criativas e do seu papel
reformador em termos de dinamização do tecido económico, principalmente no que é
novas actividades económicas orientadas para a sustentabilidade que abordarei neste
trabalho sustentado na política de “Cidades criativas”:
Cidades Criativas 2010/2011
5 Desenho Urbano
A ideia de Cidades Criativas
Para entendermos o que é a criatividade no contexto urbano, temos antes de mais
compreender a cidade como um ser vivo, com uma localização geográfica, que
fisicamente esta demarcada por uma malha de redes viárias, administrativamente
autónomo, mas acima de tudo, em constante transformação. Portanto a cidade é um
aglomerado populacional, que através das suas relações físicas, sociais, culturais e
económicas, compõem a cidade; atribuindo-lhe um carácter único.
Compreender uma cidade exige entender a sua história, quer a nível identitário do seu
passado, quer as suas singularidades do presente, e vocações futuras. Invoca,
também, desvendar as relações entre as suas formas, percebendo as suas
fragilidades e potenciais. Assimilamos assim a sua natureza, factor que torna cada
cidade única. As cidades são fundamentais na economia de um País, é aqui que entra
o conceito de cidades criativas.
Para Richard Florida, os aglomerados urbanos que apostarem na criatividade serão
aqueles, que no quadro da economia
e no conhecimento, mais relevância
assumirão.
Esta aposta na criatividade, conforme
o autor menciona, consiste na atracão
de talento, na existência de
universidades e empresas inovadoras,
assentes sobre um pilar de tolerância.
Já para o Professor António Câmara
(prémio pessoa 2006), o exemplo de
cidade criativa em Portugal, deve
consistir numa cidade capaz de explorar os factores que as diferenciam, devem
transformar-se em laboratórios vivos, espaços de aventura e experimentação, que
apostam no desenvolvimento de estratégias colaborativas (que mobilizem os cidadãos
e que tirem partido das tecnologias disponíveis).
Assim os aglomerados urbanos que apostarem na criatividade e nas industrias
criativas (inovadoras) serão aquelas que assumirão uma maior importância no quadro
económico e do conhecimento de um País. É nesta sequência de cidades criativas, tal
como desenhadas e perspectivadas por Charles Landry, desde os anos 90, que tem-
se afirmado autênticas, informais, vibrantes e com uma qualidade de vida
excepcionais.
Cidades Criativas 2010/2011
6 Desenho Urbano
Cidades criativas
Absorvendo estas ideias e sucedendo a uma tradução e contextualização do
mencionado anteriormente, “cidade criativa” é aqui entendida como uma cidade capaz
de transformar continuamente a sua estrutura socioeconómica, com base na
criatividade de seus habitantes, em uma aliança entre suas singularidades culturais e
suas vocações económicas. É nessa convergência de objectivos entre agentes e
sectores que se desenha uma estratégia comum, contínua, voltada para resultados
sociais, culturais e económicos.
Nasce assim o propósito elementar, que a criatividade urbana ande lado a lado com o
campo cultural, uma vez que o próprio território é um espaço cheio de significados.
Essa criatividade transcende a criação cultural em si, esta se refere ao modo de
pensar e criar, pretendendo-se que seja inovador, aberto, e sem preconceitos,
distinguindo-se do que é cultura, e criação apenas pelo valor estético, por muito
valoroso que evidentemente seja.
Todavia a discussão de “Cidade Criativa” não se centra no sentido estético da criação,
mas no reconhecimento de que a transformação urbana é desencadeada pelo
processo de criação. A criatividade estimula novas formas de governamento entre
público privado e sociedade civil; cria formas de financiamento alternativo (voltada
para capital de conhecimento e de industrias criativas); de inovações na gestão da
cidade; de valorização da criatividade, e procura por modelos colaborativos, nos quais
todos ganham.
No entanto é essencial perceber que transformações económicas, sociais das
dinâmicas urbanas, tornam importante considerar o território no qual as politicas
culturais e de desenvolvimento se localizam. Isto é considerando o princípio básico, de
que politicas, estratégias, modelos e acções adoptados por uma região ou cidade não
se devem aplicar ou simplesmente clonar de uma para outra, Cada região ou cidade é
única no mundo, cada uma tem de encontrar ou traduzir mediante o seu contexto
social, cultural e económico, procurando o seu próprio ideal de políticas voltadas para
o conceito de “Cidade Criativa”, passemos então a analisar um exemplo Internacional
e Nacional.
Cidades Criativas 2010/2011
7 Desenho Urbano
O exemplo Internacional
Barcelona – Assume hoje em dia um considerável destaque no panorama
internacional de cidades criativas, sendo reconhecida como cidade cultural por
excelência, epicentro de produção criativa e pólo de atracão de negócios e talentos, do
audiovisual á biotecnologia, mas para
que isto fosse possível Barcelona
investiu consistentemente em políticas
de recuperação de seu património
histórico, na promoção de sua imagem
no exterior e na construção ou
fortalecimento de seus equipamentos
culturais e espaços públicos. Com
efeito Barcelona se tornou num dos
destinos turísticos mais procurado
pelos europeus, como destino cultural
sólido a nível mundial, é nesta realidade que a cidade se encontra na união
harmoniosa de conhecimento, tecnologia, cultura e turismo, é sobre estes pilares que
a cidade se governa, se reinventado diariamente.
O exemplo Nacional
Porto – Com o estudo de um Cluster de Industrias Criativas na Região Norte,
estimulado pela comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte e
dirigido pelo especialista Tom Fleming, a ideia de cidade criativa, passou a ser
discutida como elemento que poderia gerar um novo estimulo á cidade e á região, no
documento de Tom Fleming este considera que o porto tem potencial para se tornar
num pólo criativo de referência em
Portugal. A presença de uma das
maiores universidades do pais senão
a maior dividida em faculdades e
distribuídas pela cidade, com
capacidade para criar talentos
criativos e a existência de infra-
estruturas voltadas para as industrias
criativas, são alguns dos elementos
que realção o potencial da cidade. É
defendida assim á semelhança do
que se sucedera em Barcelona a criação de uma agência que auxilie a articulação
entre princípio públicos e privados ligados às indústrias criativas da cidade. “A criação
de benefícios fiscais ao investimento nas indústrias culturais, a criação de um fundo
regional de investimento que combine empréstimo, capital de risco e project finance”,
para que seja criado um ambiente propício ao crescimento de negócios criativos, estas
medidas visam tornar o porto numa cidade criativa por excelência, á semelhança de
outras cidades criativas europeias onde as indústrias criativas são entendidas como
um forte impulsionador do desenvolvimento económico.
Cidades Criativas 2010/2011
8 Desenho Urbano
Caso da Covilhã
A Covilhã é uma cidade de características muito próprias desde há séculos. Terra em
tempos da industria da lã e de descobridores quinhentistas, fica situada á porta da
Serra da Estrela o que lhe confere características únicas, porém não é uma cidade
aparentemente criativa, se a compararmos com os exemplos anteriores podemos
conferir que esta contém uma grande potencial, de facto esta já contém alguns
equipamentos capazes de criar talentos criativos, como a universidade, o Inatel e o
parque Urbis (estando este já situado fora da cidade), todavia falta lhe outros
equipamento voltados para as industrias criativas, falta equipamentos capazes de
promover a cultura regional e local como uma casa das artes ou uma casa da musica
que apesar de a cidade ter um conservatório, sendo único equipamento voltado para
estes talentos criativos é um degrado teatro. Contudo se esta enveredar pelo caminho
de medidas políticas no sentido da criatividade esta poderia tornar-se um pólo criativo
com algum relevo a nível nacional. Neste sentido com a criação de uma agência que
auxilie a articulação com os equipamentos já existentes, com a união entre o principio
publico e privado nas industrias criativas, medidas semelhantes às que estão a ser
praticadas noutras cidades do pais, e tendo em conta o potencial turístico da cidade,
esta poderia perfeitamente ser uma cidade capaz de criar desenvolvimento
socioeconómico a partir das industrias criativas.
Conclusão
Concluído podemos considerar que as cidades de hoje têm uma grande importância
como factores decisivos na economia e desenvolvimento do país, pois é nas cidades
que vive grande parte da população, o que as tornam um elemento fundamental para
a promoção e competitividade, da cidadania e da qualidade de vida.
Richard Florida quando se referiu a cidades criativas falou da importância daquilo a
que chamou de “segunda geração de políticas públicas”, que visam a criatividade e a
inovação urbana como aposta para atrair a fixação de talentos que possam gerar
criatividade e desenvolver investigação e produtos tecnológicos (universidades e
empresas inovadoras), sustentadas numa atitude tolerante, que valorize a diversidade
social e cultural.
Interpretando o conhecimento acerca de cidades criativas e aplicando á realidade da
Covilhã, propõem-se que esta se deva tornar num espaço vibrante onde dê gosto
viver, estudar e trabalhar, em particular pela qualidade dos espaços urbanos, pela
dinâmica artística e cultural, pela aposta no desenvolvimento tecnológico e pela
diversidade de negócios ligados á fileira cultural, tecnológica e urbana.
Com o conceito de cidades criativas prevê-se que estes sejam espaços vibrantes,
culturais, tolerantes, capazes de inovar e de se assumirem como parte da solução
para fazer frente a crises económicas e sociais num pais, através das indústrias
criativas capazes de gerar desenvolvimento e economia, como aconselha Charles
Landry, “Criatividade não é, apenas, a continua descoberta da novidade, mas,
também, a forma como lidamos convenientemente com o mais antigo”.
Cidades Criativas 2010/2011
9 Desenho Urbano
Bibliografia
http://www.mundouniversitario.pt, 28-9-2010
http://www.vimeo.com/2924299, 28-9-2010
http://www.garimpodesolucoes.com.br/downloads/ebook_br.pdf, 28-9-2010
http://www.capitalgainsmedia.com/features/rfdh0212.aspx, 14-10-2010, 21:15h.
http://www.22barcelona.com, 14-10-2010, 21:00h
Trabalho realizado por:
João Sá nº21799