Ciência, tecnologia e sociedade Aula 8_ Pierre Bourdieu Os usos sociais da ciência profa. Maria...
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Ciência, tecnologia e sociedade
Aula 8_ Pierre Bourdieu Os usos sociais da ciência
profa. Maria Caramez CarlottoSCB 1° quadrimestre de 2015
Contexto do texto Palestra no INRA em 1997
INRA = EMPRAPA francesa, com pesquisa “pura” e “aplicada” que gostaria de refletir sobre o seu projeto institucional.
Para tanto, Bourdieu propõe que a instituição faça uma reflexão coletiva sobre si própria com a ajuda da sociologia (uma ciência da ciência)
Merton vs. Latour, Stengers e WinnerCiência autônoma vs. Ciência escrava
Desinteresse vs. InteresseUniversalismo vs. Contexto Autonomia vs. Submissão
Lógica vs. PolíticaComunidade vs. Indivíduo
Instituição vs. Prática
Sociologia de Bourdieu
O CONCEITO de campo como um microcosmo
relativamente autônomo
O campo como um microcosmo relativamente autônomo
O conceito de CAMPOÉ um universo intermediário onde se inserem os agentes e as instituições que produzem e reproduzem a ciência. É um universo social, mas com leis específicas que garantem uma
autonomia parcial ou relativa.
É essa lógica própria que garante uma capacidade de refratar ou retraduzir interesses.
Sociologia de Bourdieu O campo como um microcosmo relativamente autônomo
Efeito de refração ou tradução
Os diferentes graus de autonomia
O grau de autonomia não é o mesmo nas diferentes instituições, disciplinas ou áreas no interior da ciência e de suas instituições.
O custo da ciência (ex. fármacos) e a relação com os interesses econômicos (ex. economia) é um dos maiores fatores de definição do grau de autonomia.
Bourdieu x Merton
Se a noção de autonomia reaproxima Bourdieu e Merton, o
conceito de campo como um espaço hierarquizado e de luta os separa.
A ciência como um campo de luta Ao contrário do conceito de comunidade
científica (Merton), o conceito de campo é um instrumento que permite enxergar as disputas, os interesses conflitantes e as diferenças no interior da ciência e de suas instituições.
Mas esses interesses são sempre traduzidos em disputas propriamente científicas pela definição de verdades (teorias) e de regras para o funcionamento da ciência.
Illusio científica A illusio científica é a crença que todos os que fazem
ciência compartilham de que ela vale a pena, de que o jogo da ciência merece ser jogado, de que seus objetivos são dignos, importantes e interessantes.
Mas o ponto fundamental é que esse interesse é simultaneamente científico (a busca da verdade) e individual (a busca por prestígio).
Por isso as disputas no campo científico são sempre científicas e políticas ao mesmo tempo.
O trabalho de objetivação Isso porque quem tem a última palavra nas disputas
científicas é a realidade objetiva.
Por isso o que une os cientistas é a certeza de que todos buscam um “trabalho de objetivação” (descrever a realidade de forma realista).
É esse trabalho de objetivação das estruturas do campo científico que Bourdieu vai mobilizar “usar a ciência a favor da ciência e para o progresso dessa”.
O espaço dos pontos de vista
As diferentes visões sobre a ciência se explicam pelas posições objetivas que os atores, instituições e disciplinas ocupam no campo científico
Importância das hierarquias científicas de diferentes tipos.
A ciência como espaço hierarquizadoAssim, além de ser um campo de luta, a ciência é um campo de luta hierarquizado, por dois tipos de capital científico:
O capital institucional/temporal/políticoVs.
O capital científico puro/prestígio
A ciência como espaço hierarquizado
Capital científico
Autonomia
Capital institucional
Heteronomia
cientistas
Gestores da ciência
O estudo de caso de Bourdieu
INRA
Pesquisa pura vs. Pesquisa aplicada
Autonomia de ambas em função da proteção dada pelo Estado (Merton = instituições que garantem autonomia)
A objetivação permite essa reflexividade construtiva contra o falso radicalismo de Latour que nega a autonomia da ciência e, com isso, favorece a visão empresarial.
O estudo de caso de BourdieuINRA
Interesses comuns entre os pesquisadores puros e aplicados contra a hegemonia dos gestores da ciência
Em especial na definição da AVALIAÇÃO DA CIÊNCIA
Que define a progressão na carreira e a seleção de professores e pesquisadores
Conclusão A autonomia da ciência é a condição social para o
progresso da razão como visão objetiva e universal do mundo.
Ela não será jamais desinteressada, mas a ciência pode ajudar a compreender os interesses que regem a atividade científica ao iluminar as posições objetivas e como elas definem posições sociais.
Defender a autonomia tem um significado político, assim como defender a força da ciência (racionalismo).
Brasão da USP
Tabela 11. Reitores da USP entre 1934 e 2014, com a respectiva unidade de vinculação
Reitor da USP Período Unidade de vinculação
Reinaldo Porchat 1934 - 1937 Faculdade de Direito
Lúcio Martins Rodrigues
1938 - 1939 Escola Politécnica
Domingos Rubião Alves Meira
1939 - 1941 Faculdade de Medicina
Jorge Americano 1941 - 1946 Faculdade de Direito
Antônio de Almeida Prado
1946 - 1947 Faculdade de Medicina
Benedito Montenegro 1947 - 1947 Faculdade de Medicina
Lineu Prestes 1947 - 1949 Faculdade de Odontologia
Miguel Reale 1949 - 1950 Faculdade de Direito
Luciano Gualberto 1950 - 1951 Faculdade de Medicina
Ernesto de Morais Leme 1951 - 1953 Faculdade de Direito
José Melo Morais 1954 - 1955 Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
Alípio Correia Neto 1955 - 1957 Faculdade de MedicinaGabriel de Teixeira Carvalho 1957 - 1960 Faculdade de Medicina Veterinária e
ZootecniaAntônio Barros de Ulhôa Cintra 1960 - 1963 Faculdade de MedicinaLuiz Antônio da Gama e Silva 1963 - 1969 Faculdade de Direito
Mário Guimarães Ferri* 1967 - 1968 Faculdade de Filosofia, Ciências e LetrasHélio Lourenço de Oliveira* 1968 - 1969 Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
Alfredo Buzaid 1969 - 1969 Faculdade de DireitoMiguel Reale 1969 - 1973 Faculdade de DireitoOrlando Marques de Paiva 1973 - 1979 Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia
Continuação Waldir Muniz Oliva 1978 - 1982 Instituto de Matemática e EstatísticaAntônio Hélio Guerra Vieira 1983 - 1986 Escola Politécnica
José Goldemberg 1986 - 1990 Instituto de FísicaRoberto Leal Lobo e Silva 1990 - 1993 Instituto de Física e Química de São
CarlosRuy Laurenti* 1993 - 1993 Faculdade de Saúde PúblicaFlávio Fava de Moraes 1993 - 1997 Instituto de Ciências BiomédicasJacques Marcovitch 1997 - 2001 Faculdade de Economia e AdministraçãoAdolpho José Melfi 2001 - 2005 Escola Superior de Agricultura Luiz de
QueirozSuely Vilela Sampaio 2005 - 2009 Faculdade de Ciências Farmacêuticas de
Ribeirão PretoJoão Grandino Rodas 2010 - 2014 Faculdade de Direito
Marco Antônio Zago 2014 - 2018** Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
Tabela 12. Unidades de ensino e pesquisa da USP hierarquizadas segundo o percentual de docentes em regime de dedicação exclusiva (2010)
Unidades de ensino e pesquisa Percentual de docentes em dedicação exclusiva (2010)
Faculdade de Direito 12,65%Faculdade de Medicina 42,16%Faculdade de Odontologia 48,05%Faculdade de Arquitetura e Urbanismo 60,00%Faculdade de Direito de Ribeirão Preto 61,53%Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade 69,02%Instituto de Psicologia 73,33%Escola Politécnica 75,87%Instituto de Relações Internacionais 83,33%Escola de Educação Física e Esportes 84,09%Escola de Comunicação e Artes 84,31%Universidade de São Paulo (total) 84,73%Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto 85,41%Faculdade de Odontologia de Bauru 85,47%Faculdade de Saúde Pública 86,46%Faculdade de Ciências Farmacêuticas 90,10%Escola de Artes, Ciências e Humanidades 94,26%Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de R.P. 94,31%Instituto de Química de São Carlos 94,33%Escola de Engenharia de São Carlos 95,02%Instituto de Ciências Biomédicas 95,10%Instituto de Matemática e Estatística 95,16%Instituto de Geociências 95,23%Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto 96,11%Faculdade de Educação 96,23%Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto 97,03%Instituto de Física de São Carlos 97,36%Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiróz 97,48%Escola de Enfermagem 97,59%Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto 97,79%Instituto de Física 97,93%Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 98,14%Instituto de Ciência Matemática e Computação de São Carlos 98,50%Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas 98,63%Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto 98,95%Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia 98,99%Instituto de Biociências 99,09%Escola de Educação Física e Esportes de Ribeirão Preto 100,00%Faculdade de Zootecnia Engenharia de Alimentos 100,00%Instituto Oceanográfico 100,00%Instituto de Química 100,00%
Unidades
Não frequentou a escola ou primário incomp.
Ens. Fund. Incomp.
Ens. Fund. completo
Ensino médio
incomp.
Ensino médio
completo
Ens. Superior incomp.
Ens. Superior completo
↓
Das quais, com pós-
graduação
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto 0,0% 2,5% 3,3% 4,9% 13,9% 5,7% 69,7% 9,8%
Faculdade Arquitetura e Urbanismo 1,3% 4,6% 1,3% 2,6% 15,0% 6,5% 68,6% 11,1%
Instituto de Psicologia 2,7% 1,4% 6,8% 4,1% 11,0% 5,5% 68,5% 4,1%
Faculdade de Medicina 0,8% 5,3% 2,7% 3,8% 14,4% 8,7% 64,3% 8,0%
Faculdade de Direito 2,3% 3,8% 4,5% 1,7% 19,2% 4,9% 63,5% 7,2%
Escola Politécnica 0,9% 4,7% 3,2% 2,9% 15,1% 11,1% 62,2% 6,4%
Faculdade de Saúde Pública 4,0% 0,0% 0,0% 4,0% 14,0% 16,0% 62,0% 8,0%
Faculdade de Odontologia de Ribeirão 0,9% 7,1% 2,7% 3,6% 19,6% 8,0% 58,0% 1,8%
Instituto de Biociências 0,0% 8,8% 1,4% 6,1% 14,2% 12,2% 57,4% 9,5%
Faculdade de Ciências Farmacêuticas 0,7% 6,2% 5,5% 4,8% 18,5% 8,9% 55,5% 2,1%
Escola de Comunicação e Artes 1,6% 10,9% 3,6% 4,9% 15,9% 7,6% 55,5% 7,3%
Escola de Engenharia de São Carlos 0,3% 9,2% 5,4% 4,1% 16,9% 9,2% 54,9% 6,4%
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz 1,2% 5,8% 4,3% 4,9% 21,9% 8,8% 53,2% 4,9%
Faculdade de Odontologia 2,7% 6,8% 4,1% 2,7% 23,0% 9,5% 51,4% 4,7%
Universidade de São Paulo (total geral) 3,5% 9,4% 4,7% 4,3% 17,8% 8,9% 51,3% 5,4%
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade 3,5% 8,2% 5,0% 3,3% 17,2% 11,5% 51,3% 5,8%
Faculdade de Odontologia de Bauru 2,0% 3,9% 2,9% 3,9% 28,4% 7,8% 51,0% 2,9%
Instituto de Física de São Carlos 2,9% 8,7% 2,9% 5,8% 14,5% 14,5% 50,7% 7,2%
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia 4,2% 8,4% 6,3% 2,1% 20,0% 8,4% 50,5% 8,4%
Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão 1,5% 9,2% 4,6% 9,2% 20,0% 6,2% 49,2% 3,1%
Escola de Educação Física e Esportes 1,7% 6,0% 7,8% 6,9% 20,7% 9,5% 47,4% 4,3%
Instituto de Geociências 3,6% 12,7% 5,5% 5,5% 18,2% 10,9% 43,6% 3,6%
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão 4,7% 7,0% 4,7% 5,6% 24,3% 10,3% 43,5% 2,8%
Instituto de Ciências Matemáticas e Computação 3,0% 11,3% 4,4% 4,9% 20,7% 12,3% 43,3% 2,5%
Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos 4,2% 8,3% 4,2% 8,3% 22,2% 9,7% 43,1% 5,6%
Instituto de Química 3,9% 10,5% 6,6% 6,6% 19,7% 10,5% 42,1% 3,9%
Faculdade de Economia, Administração e Cont. de Ribeirão 4,5% 16,7% 3,8% 5,1% 23,1% 6,4% 40,4% 5,8%
Instituto de Matemática e Estatística 6,9% 15,4% 7,4% 6,9% 18,9% 4,9% 39,7% 3,4%
Instituto de Astronomia, Geociências e Ciências Atmosféricas 3,8% 11,3% 5,7% 7,5% 24,5% 7,5% 39,6% 3,8%
Instituto de Química de São Carlos 0,0% 18,8% 5,8% 2,9% 23,2% 11,6% 37,7% 1,4%
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 8,5% 17,0% 6,1% 5,0% 20,0% 8,4% 35,0% 4,4%
Instituto de Física 8,6% 19,6% 8,3% 4,6% 17,5% 7,1% 34,4% 4,0%
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto 7,2% 18,6% 10,3% 10,3% 13,4% 7,2% 33,0% 1,0%
Faculdade de Educação 9,4% 12,6% 11,8% 7,1% 20,5% 7,1% 31,5% 1,6%
Instituto de Física de São Carlos 14,4% 26,7% 7,8% 8,9% 14,4% 3,3% 24,4% 1,1%
Escola de Enfermagem 7,0% 19,0% 10,0% 15,0% 25,0% 5,0% 19,0% 5,0%
Tabela 13. Unidades hierarquizadas pelo percentual de ingressantes em 2000 cuja mãe realizou o ensino superior completo
Questionário socioeconômico da Fuvest (2000)
Questão "Qual o grau de instrução mais alto que sua mãe obteve?"